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Criminalidade Ambiental em Angola

Tito Agostinho Muanha Coxi

Uíge, Dezembro 202


Índice
Introdução_______________________________________________________________1
CAP. I. CRIMES AMBIENTAIS ENQUADRAMENTO__________________________2
1. Conceituação______________________________________________________2
2. Causa da criminalização ambiental_____________________________________3
CAP. III- REGULAMENTAÇÃO DA CRIMINALIDADE AMBIENTAL_____________3
1. Responsabilização por danos ao ambiente_________________________________3
2. A tutela penal dos crimes contra o ambiente________________________________4
2.1.Fabrico, importações e comércio de armas ou explosivos (art. 253º)______________4
2.2.Caça Proibida (art. 254º)_______________________________________________5
2.3.Pesca proibidas (art. 255º)______________________________________________5
2.4.Danos em árvores (art. 476º)____________________________________________5
2.5.Dano por meio de assuada, substancia venenosa ou corrosiva ou violência para com
as pessoas (art. 478º)__________________________________________________6
2.6.Danos em animais (art 479º)____________________________________________6
3. O inexistente quadro sancionatório (penal e administrativo) geral_______________6
4. Tutela do crime contra o ambiente a luz da Lei 6-A/04 de 8 de Outubro_________7
4.1.Crime de Danos Causados aos Recursos Biológicos e ao Ambiente Aquáticos ____7
4.2.Crime de Desobediência_______________________________________________8
4.3.Concurso de Crimes e Infracções________________________________________8
4.4.Conhecimento do Crime (ver artigo 265º)_________________________________9
CAP.III-CRIMINALIDADE AMBIENTAL A LUZ DO NOVO CÓDIGO PENAL EM
ESTADO DE VATIO______________________________________________________9
1. Criminalidade ambiental desenhada aos tipos de crimes de perigo comum_______9
1.1.Incêndio, inundações, explosão e outras condutas particularmente perigosas________9
1.2.Fabrico, aquisição ou posse de substâncias explosivas, tóxicas e asfixiantes_________10
1.3.Fabrico, tráfico, detenção e alteração de armas e munições proibidas______________10
1.4.Agressão ao ambiente (art. 282º)__________________________________________11
1.5.Poluição_____________________________________________________________11
1.6.Propagação de doença, praga, animal nocivo ou planta daninha__________________12
2. Criminalidade ambiental desenhada aos tipos de crimes contra mercados e a economia_12
2.1. Exploração e tráfico ilícito de minerais (art. 473.º)___________________________12
3.Responsabilidade penal das pessoas colectivas (art. 9º)__________________________12
Conclusão_______________________________________________________________13
Referência Bibliográfica____________________________________________________14
Introdução

O presente trabalho insere-se no âmbito do Direito Penal substantivo1 e como já referido tem
como objecto a criminalidade ambiental em Angola, curando de responder a dois problemas
fundamentais: Primeiro problema: em que consiste a criminalidade ambiental? Segundo
problema: quais os crimes regulamentados em que na qual o agente se relaciona? Dentro
destes e mais, procurando responder fundamentalmente as seguintes questões, no tocante ao
enquadramento da criminalidade ambiental, bem como a quanto a regulamentação do mesmo
bem com a visão do novo Código Penal. São, portanto, estas e outras questões que merecerão
uma análise profusa e minuciosa neste trabalho.
O objectivo deste trabalho de carácter científico é proceder a análise do mundo crime
ambiental isto é dos crimes ambientais à luz do Código Penal angolano em vigor e da
legislação penal complementar pertinente1 e inerente ao tema, pez embora os danos
ambientais serem responsabilizados civil, administrativa e penalmente;
Destacando-se a acaçá proibida, danos em árvores, crime de danos causados aos recursos
biológicos e ao ambiente aquáticos, crime de desobediência, fabrico, aquisição ou posse de
substâncias explosivas, tóxicas e asfixiantes, agressão ao ambiente dentre outra.

1
Tudo porque, tendo em conta o conceito de crime tipificado no art. 1º do CP, restringe o crime ao facto
voluntário declarado punível pela lei penal. Aqui abre-se parênteses legislação penal complementar, mas se
olvidando da responsabilidade civil e sanções administrativas.
CAP. I. CRIMES AMBIENTAIS ENQUADRAMENTO

3. Conceituação
A utilização dos componentes ambientais2, incluindo o seu recurso, reciclagem, protecção e
conservação quando produz um impacto ambiental negativo, isto é quando ocorre mudança
para pior, especialmente com efeitos no ar, na terra, na água, na biodiversidade e na saúde
das pessoas, resultante de actividades humanas, ameaça o meio ambiente. Este, enquanto
alicerce do desenvolvimento sustentável, da paz e da segurança.
A criminalidade ambiental vem se expandindo vastamente e ameaçam cada vez mais não
somete a vida selvagem, como ecossistemas em sua integralidade, modos de vida
sustentáveis e fontes de renda de governos.
Embora não haja uma definição de criminalidade ambiental universalmente acordada, tendo
em atenção o conceito de crime3 entendemos que o termo abarca atividades ilegais
prejudiciais dos infratores ao meio ambiente que visam beneficiar indivíduos, grupos ou
empresas através da exploração, danificação ou roubo de recursos naturais, incluindo crimes
graves e o crime organizado transnacional, puníveis pela lei penal.
Pelo que, será um crime ambiental todo e qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos
que compõem o ambiente: diversos elementos que integram o ambiente e cuja interacção
permite o equilíbrio, incluindo o ar, a água, o solo, o subsolo, os vivos e todas as condições
socio-económicas que afectam as comunidades, por violar direitos protegidos, todo crime é
passível de sanção (penalização), que é regulado pela lei Penal.
Contudo, os crimes ambientais já não se restringem apenas aos ícones da vida selvagem e às
espécies raras de madeira – tornaram-se parte integrante da rede global de crime organizado
transnacional.
Os crimes ambientais também incluem crimes corporativos no setor florestal, exploração e
venda ilegal de ouro e outros minérios, pesca ilegal, tráfico de resíduos tóxicos e produtos
químicos e o uso da riqueza gerada por recursos naturais de forma ilícita para apoiar grupos
armados não estatais e terroristas.

2
Lei nº 5/98 de 19 de Junho (Lei de Base do Ambiente) define Componentes Ambientais no seu glossário
anexos nº 6 como sendo os diversos elementos que integram o ambiente e cuja interacção permite o
equilíbrio, incluindo o ar, a água, o solo, o subsolo, os vivos e todas as condições socio-económicas que
afectam as comunidades, são também designados correntemente por recursos naturais.
3
Todo o facto voluntário declarado punível pela lei penal, nos termos do art. 1º do CP
4. Causa da criminalização ambiental
Angola apresenta uma grande diversidade ecológica, devido à sua extensão territorial,
variação fisiografia, diversificação climática e geológica e posição central entre as duas
maiores divisões faunísticas e florestais da região etiópica e uma rica rede hidrográfica
servida por numerosos rios4.
Apesar de não haver ainda um grave problema no desequilíbrio do ecossistema, Angola
apresenta já situações que merecem preocupação no domínio ambiental. São os casos, a título
exemplificativo, da exploração mineira e particularmente dos diamantes, da poluição
marítima, ou ainda da exploração pesqueira5
Grosso modo, no discorrer da CRA, no seu art. 39º, nº 1 e 2, podemos extrair as causas na
qual fundamentam a criminalização do ambiental em diversos planos que são:
 No direito de todos viverem num ambiente sadio e não poluído;
 No dever todos de o defenderem e preservarem;
 Na necessidade do Estado adoptar as medidas necessárias à protecção do ambiente e
das espécies da flora e da fauna em todo o território nacional;
 Na necessidade à manutenção do equilíbrio ecológico;
 Na necessidade à correcta localização das actividades económicas e à exploração e
utilização racional de todos os recursos naturais,
Estas causas fundamentais são entendidas do ponto de vista da sua imprescindível
importância, engendradas no quadro do verdadeiro alicerce do desenvolvimento sustentável,
da nossa saúde, da segurança alimentar, das nossas economias e do respeito pelos direitos
das gerações futuras e da preservação das diferentes espécies.
Os ecossistemas garantem o fornecimento de água potável e ar puro, bem como o
aprovisionamento de alimentos e o bem-estar físico e mental. Os recursos naturais
igualmente proporcionam meios de subsistênica, empregos e receitas governamentais, as
quais podem ser canalizadas para a educação, a saúde, o desenvolvimento e a criação de
modelos de negócio sustentáveis

4
Maurício Cysne e Teresa Amador, Direito do Ambiente e Redacção Normativa: teoria e prática nos países
lusófonos, pdf

5
id
CAP. III- REGULAMENTAÇÃO DA CRIMINALIDADE
AMBIENTAL
5. Responsabilização por danos ao ambiente
A Lei Fundamental angolana prevê a responsabilização dos infractores de normas de
protecção do ambiente ao nível mais grave (o penal). O artigo 39º, nº.3 da CRA utiliza a
expressão pune os actos…, fórmula que, embora não signifique automática e exclusivamente
uma injunção de criminalização, deixa a ideia de que se não trata, nem de mera
responsabilidade civil, nem de responsabilidade administrativa (desde logo porque a
contravenção é aplicada pela Administração, reclamando porventura outro verbo menos
intenso).
Por seu turno, a Lei de Base do Ambiente aponta para uma tripla vertente de
responsabilização: a responsabilização civil6 ; a responsabilização penal7; a contravencional
(administrativas).
O Código Penal tipifica e sanciona alguns actos como os crimes art. 253º, art. 254º, art. 255º
contra a propriedade (art. 476), o emprego de substancias venenosas ou corrosivas com vista
à destruição de animais pertencentes a outrem ou ao Estado (art. 478), os danos contra
animais (art. 479) ou ainda a caça ilícita (art. 254).8
No entanto, a Lei 6-A/04 de 8 de Outubro, assentam a sua eficácia coerciva sobre os crimes
contra o meio aquático nos seus os artigos 262º a 265º – além da exigência de sansões
administrativas9 de reparação civil.

6. A tutela penal dos crimes contra o ambiente

O mundo do crime ambiental10 em Angola, pode ser feita igualmente, com base na aplicação
do actual Código Penal.

6
Cf. os artigos 23º, 27º e 28º da LBA
7
Cf. artigo 29º, da LBA, incluindo nesta disposição a responsabilização contravencional
8
Maurício Cysne e Teresa Amador, Direito do Ambiente e Redacção Normativa: teoria e prática nos países
lusófonos, pag. 26
9
vejam-se os artigos 231º a 261º
10
Tudo que tem haver com o crime e seu autor.
6.1. Fabrico, importações e comércio de armas ou explosivos (art. 253º)
O art. Código Penal, pune com pena de prisão maior de 8 a 12 anos sem prejuízo da agravação
que lhe possa competir por cumplicidade em qualquer crime desta natureza aquele agente
que fabricar, importar, ou vender, ou subministrar, ou guardar qualquer mecanismo, tendente
a determinar explosão, que possa servir na destruição de pessoas ou de edifícios,
Ao que, sem licença de autoridade administrativa, fabricar, ou importar, ou vender, ou
administrativa quaisquer armas brancas ou de fogo, e bem assim aquele que delas usar sem
a mesma licença ou sem autorização legal, será condenado a prisão de até seis meses e multa
de correspondente.11
Com a mesma pena serão condenados os agentes sitos anteiormente, a quem tiver sido caçada
a respectiva licença e que, não obstante, dela continuem usado como sem tivesse em vigor.
A simples detenção na casa de residência ou do detentor, ou em outro local, será punida, com
multa de 8 dias a um mês. Aos preceitos, não se compreende as armas que devem ser
consideradas como objetos de arte e de ornamentação, mas tem todo caso, armas serão
apreendidas e perdidas a favor do Estado.

6.2. Caça Proibida (art. 254º12)


Aquele que caçar, nos meses em que pela postura municipais, ou pelos regulamentos de
administração pública for proibido o exercício de caça, ou que, nos meses que não forem
defesos, caçar por modo proibido pelas mesmas posturas ou regulamentos, será punido com
a prisão de 3 a 30 dias, e multa correspondente e proibido com as mesmas penas, só a
requerimento do possuidor, aquele que entrar para caçar em terras muradas ou valadas, sem
consentimento do mesmo possuidor.

11
Ver o artido123º e seguintes do diploma legislativo nº3778, de 22 de novembro de 1967, no B.O. nº
140(Regulamento de armas e munições).
12
Ver o artigo 41, da lei nº 9/89, de 11 de dezembro, (lei dos crimes contra a economia) e o regulamento de
caça, aprovado pelo diploma legislativo nº 2873 de 11 de dezembro de 19757 (B.O). Aquele primeiro diploma
encontra-se hoje substituído pela lei nº 6/99, de 3 de setembro que revogou aquele art. 41º. E foi, por sua vez,
revogado pela lei nº 13/03, de 10 de Junho.
6.3. Pesca proididas (art. 255º13)
Será punido com as mesmas penas ao que efetuarer pesca proibida, isto é nos mares defesos
pelas posturas municipais ou regulamentos da administração; ao que pescar com rede
varredoura, ou de malha mais estreita que a que for limitada pela câmera municipal, ou pescar
por qualquer outro modo proibido pelas mesmas posturas ou regulamentos; e ao que lançar
nos rios ou lagos, em que qualquer tempo do ano, trovisco, barbasco, coca, cal, ou outro
algum material com que se no peixe mata.

6.4. Danos em árvores (art. 476º14)


Será condenado na prisão de 3 a 30 dias e multa até 1 mês aquele que cortar ou destruir
qualquer árvore frutífera ou não frutífera, ou enxerto pertencente a outrem, ou a mutilar ou a
danificar, de modo que a faça parecer, se for mais do que uma árvore ou enxertos, a pena será
imposta multiplicada pelo número das árvores ou enxerto destruídos, contado que não exceda
ao máximo da prisão e multa correspondente.
Se a árvore ou árvores eram plantadas em lugar público, em estrada, caminho público ou
concelhio, as penas serão em dobro sem nunca excederem ao máximo da prisão e multa.

6.5. Dano por meio de assuada, substancia venenosa ou corrosiva ou


violência para com as pessoas (art. 478º)
O art, 478º enfatiza de a destruição ou danificação de efeitos ou propriedades móveis, ou de
quaisquer animais pertencentes a outra pessoa, ou Estado, que se cometer voluntariamente:
1.º. Em assuada;
2.º. Empregando substâncias venenosas ou corrosivas;
3.º. Com violência para com as pessoas;
A estres, são punidos com prisão maior de 2 a 8 anos

6.6. Danos em animais (art 479º)


Finalmente, o agente que voluntariamente matar ou ferir alguma besta cavalar, ou de tiro ou
de carga, ou alguma cabeça de gado vacum, ou de rebanho, fato ou vaca, pertencente a outra

13
Ver o artigo 41º da Lei n. º 9/89, de 11 de dezembro (Lei dos crimes a Economia). O art. º 41 foi, como se
referiu na anterior, revogado pela Lei n. º 6/99 estra última Lei, por sua vez, revogada pela lei nº 13/03.
14
Este artigo tem de ser interpretado em conjugação com o artigo 42.º da Lei 9/89, de 11 de dezembro que
também prevê o corte ilegal de árvores queimadas. Ver Lei n. º 6/99, de 3 de setembro, que substitui a Lei n. º
9/89 e já não prevê como crime contra economia o corte ilegal de árvores queimadas. A Lei n. º 6/99 foi,
entretanto, revogada pela Lei n. º 13/03, de 10 de Junho.
pessoa, ou qualquer animal doméstico das espécies referidas, pertencente a outra pessoa, será
condenado em prisão de 1 mês a 1 ano e multa correspondente.
A pena é agravada no caso em que o crime for cometido em terreno de que seja propriedade,
rendeiro ou colono o dono do animal, e impondo-se o máximo no caso em que concorra
escalamento ou outra circunstância. O procedimento judicial pelo crime previsto nestes
termos depende de participação do ofendido.

7. O inexistente quadro sancionatório (penal e administrativo) geral


O ordenamento jusambiental angolano segue uma abordagem fragmentária da repressão, na
medida em que não consagra um regime unitário dos crimes e das contravenções,
pulverizando os tipos pelos diplomas sectoriais.
Se, no plano contravencional, as complexidades inerentes aos regimes de autorização
administrativa podem justificar soluções segmentadas, já no plano penal, desde logo pela
sensibilidade do valor máximo da liberdade que se encontra em jogo, faria porventura mais
sentido desenhar tipos mais padronizados, como por exemplo, crime de dano à
biodiversidade, crime de dano à água, crime de dano ao solo…. Será exigível a via penal?
Desde logo, a CRA parece impô-la, ainda que deixando ao legislador ordinário o essencial
teste da proporcionalidade. Será necessária (também) a via contravencional? Ela pode ser
uma boa solução para infracções menores, de carácter procedimental (por exemplo, não
apresentação de relatório de monitorização; não prestação atempada de informação sobre
emissões), as quais o princípio da interferência mínima desaconselharia punir pela via penal.
A conjugação das duas vias afigura-se o melhor modelo.
Por um lado, a via contravencional apresenta as vantagens da celeridade (por ser aplicada
pela Administração), da possibilidade de cumulação de sanção pecuniária com sanção
acessória, do alcance de situações negativas, mas não tão graves que justifiquem a privação
da liberdade, revelando, em contrapartida, as desvantagens da ineficácia (quando as multas
são tão baixas que compensem aos infractores pagar para infringir), da maior proximidade
com o infractor e da tentação da tolerância.
A via penal, por seu lado, confere maior dignidade ao bem jurídico ambiente, na medida em
que veicula a aplicação de sanções que envolvem uma censura social agravada, com privação
da liberdade ─ mas tem a desvantagem da morosidade (pois a condenação só pode ser
emanada pelo poder jurisdicional) e, em sistemas que não contemplem extensões de
incriminação de pessoas colectivas, deixa escapar os maiores poluidores, que são empresas.
Numa sociedade como a angolana, em que a sensibilização para a imperiosidade da protecção
do ambiente é ainda muito fraca, a incriminação não parece ser o melhor caminho, salvo em
domínios em que os autores tenham capacidade de discernir a gravidade da actuação (por
exemplo, no âmbito da actividade petrolífera, de mineração, ou de pesca industrial). Já a via
contravencional parece ser mais adequada, pois vai contribuindo para a afirmação do bem
jurídico ambiente sem impor a sanção mais pesada.
Importante seria contemplar a possibilidade, neste domínio contravencional, de remir o
pagamento da contravenção por trabalho a favor da colectividade e/ou pela frequência de
acções de sessões de educação ambiental, para arguidos objectivamente destituídos de um
grau de sensibilidade suficiente para assimilar a lesividade da conduta (ou, numa linguagem
mais técnica, sem consciência da ilicitude).

8. Tutela do crime contra o ambiente a luz da Lei 6-A/04 de 8 de


Outubro
O Titulo V, no seu capitulo II, Secção II com dos crimes, tipifica alguns crimes contra o
ambiente, na qual temos:
8.1.Crime de Danos Causados aos Recursos Biológicos e ao Ambiente Aquáticos
(Artigo 262º)
O nº.1 deste artigo, classifica o crime de dano aos recursos biológicos aquáticos e ao
ambiente aquático quando aquele que, nas águas angolanas realizar actividade de pesca com
granadas, explosivos ou produtos tóxicos; actividade de pesca em parques nacionais ou
reservas naturais integrais; capturar as espécies constantes das listas aprovadas pelo
Governo nos termos do n.º 1 do artigo 70º.15; e efectuar descargas ou o desembarque de
qualquer objecto ou substância que possa causar dano grave aos recursos biológicos ou ao
equilíbrio ecológico. A estes crimes, são puníveis com a pena de prisão nos termos do
numero 2 deste mesmo artigo.

15
As listas de espécies de recursos biológicos aquáticos raras e/ou em extinção, nos termos do art. 70 nº1,
sendo proibidas: a) a sua captura intencional ou a tentativa de captura; b) qualquer acto que vise ou de que
previsivelmente resulte, a morte de exemplar ou que de qualquer modo cause dano ao exemplar; c) a
compra e venda, a exposição para venda, a exportação, importação ou o processamento de exemplares das
espécies referidas neste artigo.
8.2. Crime de Desobediência
Nos termos do art. 263º, praticam o crime de desobediência aqueles que procederem em
contravenção das medidas acessórias da suspensão previstas nas alíneas d), e), f), g) e h) do
n.º 1 do artigo 238º.16 e das medidas de coação previstas17 no n.º 1 do artigo 254º que lhes
tenham sido aplicadas, a é punível com pena de prisão até um ano.

8.3. Concurso de Crimes e Infracções


Não falando de um crime, o art. 264º. fala-nos do concurso existente entre um crime e uma
contravenção no âmbito da respeitiva lei.
Assim em caso de concurso entre um crime e infracções administrativas, o tribunal que
julgar o crime pode também aplicar as multas e as medidas acessórias estabelecidas na
presente lei, salvo se as entidades competentes as tiverem já aplicado ou existir processo
administrativo de transgressão pendente.
No que toca as transgressões administrativas elas não são punidas as condutas qualificadas
como crimes nesta secção. Em consequência são aplicáveis aos crimes, medidas acessórias
previstas no artigo 238º e o disposto na alínea a) do artigo 240º em caso de condenação.
Ora, se o réu for absolvido pelo crime, mas houver prova de que foi praticada uma infracção
administrativa, o juiz da causa pode, sem prejuízo do disposto da parte final do n.º 1, aplicar
a multa e as medidas acessórias correspondentes em conformidade com a presente lei.

8.4. Conhecimento do Crime (ver artigo 265º)


O nº. 1 deste artigo diz de que no caso agentes de fiscalização que, no exercício das suas
funções, surpreenderem os autores dos crimes de dano aos recursos biológicos aquáticos e
ao ambiente aquático e de desobediência ou em qualquer outra disposição legal, em
flagrante delito, devem, na medida das suas possibilidades, levantar auto de notícia, proceder
ao apresamento da embarcação de pesca, tratando-se do exercício de pesca e a detenção do

16
Estas suspensão são: a interdição do exercício da profissão em Angola, pelo período de três
meses a dois anos, ao capitão da embarcação; a revogação do certificado de pesca ou a sua
suspensão pelo período de um a seis meses, aos proprietários ou armadores da embarcação;
a revogação da concessão ou a suspensão dos direitos de pesca, pelo período de seis meses a
um ano, aos respectivos titulares; a revogação, suspensão da licença ou alvará do
estabelecimento ou instalação de aquicultura, ao respectivo titular, pelo período de um a dez
meses; e a proibição do exercício da pesca pelo período de um a três meses, aos pescadores
em regime de subsistência.
17
Estas medidas são: a suspensão do exercício da profissão em Angola ao capitão da
embarcação; a suspensão do certificado de pesca da embarcação; a suspensão da licença de
pesca; a proibição da saída da embarcação do porto de Angola onde se encontra ou para onde
foi conduzida; e a suspensão da licença do alvará do estabelecimento ou instalação de
aquicultura.
autor do crime, apresentando-o ao tribunal, com jurisdição na área do porto para onde a
embarcação foi conduzida, competente para o julgar em processo sumário, se for caso disso.
Diferente, quando não havendo flagrante delito, incumbe ao organismo do Ministério
competente encarregado da fiscalização e inspecção das actividades de pesca participar o
crime ao Ministério Púbico ou ao organismo de investigação criminal competente,
remetendo-lhe os elementos e provas que tiver em seu poder.
Entretanto, tanto os agentes de fiscalização como os serviços competentes de Inspecção e
Fiscalização do Ministério competente podem realizar diligências e ordenar medidas de
coacção urgentes de instrução, com vista a preservação das provas e do pescado ou produtos
dele derivados, da embarcação, carga, instrumentos, equipamentos e bens existentes a bordo.
CAP.III-CRIMINALIDADE AMBIENTAL A LUZ DO NOVO
CÓDIGO PENAL EM ESTADO DE VATIO
Diferente da abordagem do CP e vigor, o novo CP traz uma abordagem diferente e mais
eficaz daquilo que são a criminalidade ambiental, por um lado desenhado aos tipos de crimes
de perigo comum, por outro lado aos tipos de crimes contra mercados e a economia.

2. Criminalidade ambiental desenhada aos tipos de crimes de perigo


comum
1.7. Incêndio, inundações, explosão e outras condutas particularmente
perigosas18
Verifica-se a punição ambiental nº. 1 do art. 277º, a quem: Provocar incêndio, pondo fogo a
edifício, construção, meio de transporte, floresta, moita, arvoredo, seara ou campo; Provocar
inundação, explosão, desprendimento de solos ou desmoronamento ou desabamento de
edifício ou construção; Emitir radiações ou libertar substâncias radioactivas, gases tóxicos
ou asfixiantes e pelos modos descritos, puser em perigo a vida, a integridade física de alguma
pessoa ou património alheio de valor consideravelmente elevado, nos termos da alínea a) do
artigo 391.º com pena de prisão de 2 a 12 anos e de 1 a 5 anos, se o perigo a que se refere o
for causado por negligência do agente.

1.8. Fabrico, aquisição ou posse de substâncias explosivas, tóxicas e


asfixiantes (art. 278.º)
No intuito da manutenção da paz, a lei penal é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos a
quem fabricar, adquirir ou, por qualquer meio ou título, ceder, importar, transportar,
comercializar ou, simplesmente, detiver substâncias ou materiais radioactivos, explosivos ou
incendiários, gases tóxicos ou asfixiantes ou substâncias próprias para o seu fabrico, em
violação das disposições legais ou em desobediência às prescrições das autoridades
competentes. No caso em que essas condutas essas condutas se destinarem à execução do
crime previsto19, a pena aplicável é de prisão de 2 a 6 anos.

18
Ver artigo 277.º do novo CP

19
Nos termos do art. 277º do novo CP
1.9. Fabrico, tráfico, detenção e alteração de armas e munições
proibidas
Com base ao n.1 do art 279º é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos quem fabricar,
importar, exportar, adquirir a qualquer título, transportar, vender, ceder, distribuir, fizer
depósito ou armazenar, comercializar, mediar negócio ou participar nele ou, simplesmente,
detiver armas classificadas como material de guerra, armas de fogo ou suas partes, peças ou
munições proibidas em violação das disposições legais ou em desobediência às prescrições
das autoridades competentes, estabelecidas de acordo com aquelas disposições,
Com a mesma pena, o nº. 2 pune a quem: a) Fabricar, importar, exportar, adquirir a qualquer
título, transportar, vender, ceder, distribuir, fizer depósito ou armazenar, comercializar,
mediar negócio ou participar nele ou simplesmente detiver armas ou engenhos ou suas partes,
peças ou munições proibidos destinados a projectar, libertar ou difundir os materiais ou
substâncias a que se refere o n.º 1 do artigo anterior, em violação das disposições legais ou
em desobediência às prescrições das autoridades competentes estabelecidas de harmonia com
as mesmas disposições;
b). Alterar as características de armas ou engenhos ou as suas partes, peças ou munições
proibidas.
Com pena de prisão de 6 a 12 anos o nº. 3 pune a quem fabricar, importar, exportar, adquirir
a qualquer título, transportar, vender, ceder, distribuir, esconder, fizer depósito,
comercializar, mediar negócio ou intervier nele ou simplesmente detiver armas, engenhos ou
suas partes, peças ou munições capazes de produzir explosão nuclear, em violação das
disposições legais ou em desobediência às prescrições das autoridades competentes
estabelecidas de harmonia com as mesmas disposições. Com a mesma pena é punido quem
alterar engenho, armas ou munições proibidas de modo a transformá-las em engenhos, armas
ou suas partes ou munições capazes de produzir explosão nuclear. No caso se o agente
abandonar voluntariamente a sua actividade, afastar ou fizer diminuir consideravelmente o
perigo por ela provocado, impedir que o resultado que a lei quer evitar se verifique ou auxiliar
concretamente na recolha de provas decisivas para a identificação ou a captura de outros
responsáveis a pena pode ser atenuada ou não ter lugar a punição.

1.10. Agressão ao ambiente (art. 282º)


A quem agredir o ambiente, desrespeitando os preceitos normativos impostas pelas
autoridades competentes, criando perigo de extinção de uma ou mais espécies animais ou
vegetais eliminando exemplares da fauna ou da flora, de extenção de espécies da fauna ou da
flora legalmente protegidas, destruindo ou deteriorando o seu habitat natural punido com
pena de prisão de 1 a 5 anos.
Com a mesma pena, o novo CP pune a quem, em violação dos preceitos das leis e
regulamentos ou das prescrições impostas pelas autoridades competentes, de acordo com
aqueles preceitos adquirir, alienar, transportar ou, simplesmente, detiver espécies da fauna
ou da flora legalmente protegidas; e impedir a renovação de um ou mais recursos do subsolo
ou criar o perigo do seu esgotamento.
O novo CP pune também, com pena de prisão de 2 a 12 anos a quem lançar para o ambiente
quaisquer fontes, dispositivos, substâncias ou materiais radioactivos ou os depositar no solo
ou no subsolo, no mar, em rios, lagos ou outras massas de água, sem estar autorizado, nos
termos legais, autorizado e não observar as medidas de proteção e segurança específicas
legalmente exigíveis pelas autoridades competentes, de acordo com a lei ou regulamentos
em vigor. No caso em que estes factores são devidos à negligência do agente, a pena é de
prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias, no caso dos n.os 1 e 2, e de prisão até 5 anos, no
caso do n.º 3.

1.11. Poluição
Nos termos do art. 283º., quem em desconformidade normativa, não se olvidando das
imposições, limites e condicionamentos determinados pelas autoridades competentes,
contaminar ou poluir as águas, os solos ou o ar ou, por qualquer forma, deteriorar as
propriedades destes componentes ambientais, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com
a de multa até 360 dias. Se, com a conduta, o agente perigar a vida ou a integridade física de
qualquer pessoa, património alheio de valor consideravelmente elevado, nos termos da alínea
a) do artigo 391.º20, ou bens de natureza cultural ou artística, a pena de prisão é de 2 a 7 anos.
é aplicável se a conduta descrita no n. º 1 causar às propriedades do ar, da água e do solo, à
fauna ou à flora danos substanciais. Assim, se o dano ou perigo atender ao dolo do agente, a
pena é de prisão até 2 anos ou de multa até 240 dias; se a conduta for negligente, a pena é de
prisão até 1 ano ou de multa até 120 dias.
Os danos são substanciais sempre que impeçam, com efeito duradouro, a utilização de uma
componente ambiental; causem a destruição generalizada da flora e da fauna da área em que
a poluição ocorreu ou tiverem impacto nocivo duradouro sobre a conservação das espécies
ou do respectivo habitat. Estes efeitos e o impacto são duradouros sempre que possam
perdurar, no mínimo, por 2 anos.

1.12. Propagação de doença, praga, animal nocivo ou planta daninha21


Por ultima, a novo CP pune com pena de prisão até 5 anos a quem propagar doença, praga,
animal nocivo ou planta daninha e, por via da propagação, criar perigo efectivo de dano para
um número elevado de animais alheios, domésticos ou úteis ao homem ou para culturas,
plantações, moitas ou florestas de outrem, de elevada extensão.

20
O valor é consideravelmente Elevado, quando exceder 500 vezes o do salário mínimo mensal da função
pública, no momento em que o facto for praticado;
21
Nos termos do art, 284º do novo CP
Ora, se o perigo for devida a negligência do agente, a pena é de prisão até 2 anos ou de multa
até 240 dias e 1 ano ou de multa até 120 dias se as condutas anteriormente descritas no mesmo
forem devidas a negligência do agente. O número e a extensão consideram-se elevados,
sempre que ultrapassarem 250 animais ou 50 hectares, respectivamente.

2. Criminalidade ambiental desenhada aos tipos de crimes contra


mercados e a economia.
2.1. Exploração e tráfico ilícito de minerais (art. 473.º)
Sem prejuízo do disposto em legislação especial o agente infrator comete crime, punível com
prisão até 5 anos, a prospecção, pesquisa, exploração, extracção, compra, venda, dação em
pagamento, de metais ou de pedras preciosas não transformadas, sem a competente licença
ou autorização.
A actividade de prospecção, pesquisa e avaliação, exploração e tráfico ilícito de minerais
estratégicos, assim como a simples posse ou mera detenção ilícitas, extracção ou furto é
punível, nos termos da legislação mineira.

3.Responsabilidade penal das pessoas colectivas (art. 9º)


Diante da criminaliladade ambiental, pessoas colectivas, com excepção do Estado e das
organizações internacionais de direito público, são susceptíveis de responsabilidade criminal.
Conclusão
Contudo, pez embora subsumida a criminalidade ambientais ao facto voluntário declarado
punível pela lei penal e legislação penal, é a alteração adversa das características do ambiente
e inclui, entre outras, a poluição, a desertificação, a erosão e o desflorestamento causadas por
pessoa, quer seja física ou jurídica provocando um impacto negativo no ambiente, para pior,
especialmente com efeitos no ar, na terra, na água, na biodiversidade e na saúde das pessoas,
resultante de actividades humanas.
Referência Bibliográfica
Legislativa:
Constituição da Republica de A
Código penal vigente
Novo Código penal em vacatio
Lei 6-A/04 de 8 de Outubro (Lei Dos Recursos Biológicos Aquáticos)
Lei nº 5/98 de 19 de Junho (Lei de Base do Ambiente
Lei nº 6/99, de 3 de Setembro (Lei Das Infracções Contra A Economia
Lei n. º 9/89, de 11 de Dezembro (Lei dos crimes a Economia).
Doutrinaria:
Maurício Cysne e Teresa Amador, Direito do Ambiente e Redacção Normativa: teoria e prática nos
países lusófonos

Uma Avaliação PNUMA-INTERPOL de Resposta Rápida, O Aumento Dos Crimes


Ambientais
Carla Amado Gomes, O desafio da proteção do ambiente em Angola
Dicionário de Língua Portuguesa
Dicionário Jurídico

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