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Direito do urbanismo e do ambiente

Índice
Definição de Direito do Urbanismo:.............................................................................................2
Características:.........................................................................................................................2
Considerações finais.................................................................................................................2
O que são as leis de base?............................................................................................................3
Lei de bases do ordenamento do território.................................................................................3
Lei de bases da política do ambiente...........................................................................................4
Ambiente no Mundo:...................................................................................................................4
Objetivo da lei:.........................................................................................................................5
Direito do ordenamento do território..........................................................................................6
Direito do urbanismo VS ordenamento do território...................................................................6
Obrigações do Estado em matéria de Direito do Ambiente.........................................................6
Princípio da sustentabilidade.......................................................................................................7
Princípio da tipicidade..................................................................................................................8
Estrutura do sistema de gestão territorial....................................................................................9
Programas territoriais..............................................................................................................9
Planos municipais.........................................................................................................................9
Hierarquia dos instrumentos de gestão territorial.....................................................................10
Lei de bases do ordenamento do território............................................................................10
Princípios gerais das políticas (art.3º da lei nº31/2014).........................................................10
Lei dos solos...............................................................................................................................10
Pressupostos de legitimidade da expropriação por utilidade publica........................................11
Competências em matéria de elaboração dos planos municipais entre camara municipal e a
assembleia municipal.................................................................................................................11
Regulamentos municipais de urbanização e edificação.............................................................11

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Definição de Direito do Urbanismo:
Atualmente pode afirmar-se que o direito do urbanismo representa uma disciplina
jurídica com normas jurídicas dispersas, mas que já detém institutos e princípios
próprios.

Direito e Urbanismo

Pode definir-se como um conjunto


A urbanização das cidades criou de medidas do estado destinadas
problemas urbanos que a organizar os espaços habitáveis,
necessitam de correções, o que se de modo a proporcionar melhores
daria mediante a urbanização, condições de vida ao homem na
com a ordenação dos espaços comunidade.
habitáveis de onde nasceu o
urbanismo como técnica e ciência. Pode também afirmar-se que o
urbanismo compreende o
diagnostico dos problemas das
cidades e a avaliação dos meios
mais para solucionar.

O urbanismo, é o elemento de importante transformação das cidades, promovido


através de atividades próprias destinadas a aplicar os seus princípios e a realizar os
seus fins.

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Características:
 Disciplina que pretende exercer uma atividade de harmonização dos conflitos
que advém do uso e ocupação do solo, através de ponderação dos interesses aí
identificados.
 Disciplina caracterizada por uma função publica
 Disciplina que tem como instrumento principal de atuação o plano urbano
Considerações finais
O urbanismo constitui uma ciência que estuda a nova organização das cidades, a fim
de solucionar os principais problemas decorrentes da crescente urbanização
experimentada nos últimos seculos, principalmente a partir da Revolução industrial.
Dessa necessidade de organizar o espaço habitável surgiu o Direito do urbanismo, para
legitimar as intervenções do poder publico na propriedade e na cidade, com o objetivo
de garantir a supremacia do interesse coletivo.
Constitui, portanto, o direito do urbanismo, disciplina que intenta transpor os
problemas urbanos para o campo da juridicidade
O direito do urbanismo está diretamente ligado ao direito de propriedade. Este objeto
de proteção e de disputa ao longo da história do mundo ocidental, passa por memento
de “coletivização”, o que significa que o seu conteúdo não mais se justifica pela
atividade que proporciona a um individuo, o proprietário, mas a toda a sociedade.

O que são as leis de base?


São leis da Assembleia da República que podem surgir de propostas do governo
(porque não tem competência)

Autarquia local ≠ Câmara Municipal

O município é o ator principal, as esta limitado na sua ação.

O direito de propriedade não é um direito absoluto, tem imites e sofre restrições de afirmação e
garantias constitucionais. Se for de interesse publico, há poder de expropriar (o interesse publico
sobrepõe-se)

Lei de bases – Assembleia da República

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Decreto-lei- Governo
Art.65º / 4 e 5 CRP- Habitação e urbanismo
Art. 66º CRP- Ambiente e Dualidade devida (palavra-chave- participação dos cidadãos)

Lei de bases do ordenamento do território


 Dividir competências do estado e das autarquias
 Reforço dos planos territoriais: plano diretor municipal (incide sobre todo o
território); plano de urbanização (incide sobre uma parte desse território);
plano de pormenor (quando é necessário; Ex: zonas históricas)
Plano de Diretor municipal para os particulares
As identidades publicas têm de olhas para o plano nacional e regional e, só depois
para o municipal.
Regime do uso do solo- o que deve ser destinado a solo urbanizado. O objetivo do
legislador é não urbanizar mais.
O legislador distingue:
 Planos: opções e ações concretas (art. 38º n.1 al. b) da lei de bases- Ex:
planos territoriais)
 Programas: medidas abstratas (art.38º n.1 al. a) da lei de bases- Ex: planos
sensoriais)
Art. 46º da lei de bases- vinculação
O provedor de justiça recomenda a entidade competente para legislar ou recusar a lei-
não são decisões vinculativas pois são recomendações
A entidade competente não deve ignorar esta recomendação.
Art. 46º/2 da lei de bases- os participantes estão vinculados diretamente e
imediatamente
O legislador dá o prazo de três anos para a adaptação destas normas. No entanto, as
legislações dos PDMS estão atrasadas, existindo vários municípios sem estes planos
adaptados.

Nota: A lei de bases estabelece as bases e tudo o que estiver abaixo deve estar regulado.

Normas Relevantes (alterações na lei importantes)


Lei de bases em relação à questão do solo (art. 20º/1) está regulado no PDM
Regime do uso do solo (art.9º) vinculado exclusivamente no PDM
Art. 55º da lei de bases- regula operações urbanísticas que não respeitam os
instrumentos de organização; o legislador abre o espaço para que as matérias sejam

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trabalhadas, para que estas fiquem legais. Assim leva a que o direito de urbanismo seja
revisto- art.81º e ss.

Lei de bases da política do ambiente


O ambiente como objeto de regulação autónoma do direito, começou na metade do
séc. xx relacionando-se com o ambiente Romano, a terra, o recurso e os sistemas
rurais.
A designação consciência ecológica surge apos grandes desastres ambientais

Está relacionado
Ambiente no Mundo: com
1- No mundo político, o governo adotou várias
medidas para a prevenção do ambiente, por exemplo, através da criação de
partidos políticos verdes ou da adoção de políticas publicas.
2- O universo económico, em que o principal objetivo é encontrar o equilíbrio
entre a eficácia económica com o impacto ambiental. Tem vindo, nos dias de
hoje, a ganhar grande admiração, a fiscalidade verde, o ambiente tem vindo a
ter a sua posição no mundo económico, onde até já se criou taxas, como é o
caso das compras de sacos de plástico no mercado português.
O objetivo primordial a nível internacional, em especial atenção na europa e
ainda mais precisamente em Portugal.

Princípio do
desenvolvimento
sustentável
Foram adotadas um conjunto de tratados e convenções
técnico e científico aliado hoje à tecnologia e à economia de forma a obter-se
crescimento económico e crescimento no emprego e das condições de vida.
A Multigovernança deve-se ter em atenção para se conseguir ultrapassar os problemas
enfrentados nos dias de hoje, sendo exigida a cooperação internacional seja em
diversos estados, seja entre várias organizações regionais, mas não esquecendo o
papel mobilizador que as organizações não governamentais (ONG) também assumiram
esse domínio.
A educação ambiental tem um papel fundamental onde deve institucionalizar a ideia
de consciência ecológica sobretudo os altos níveis de representação política de forma

A lei das bases define as bases da política de ambiente em cumprimento com o disposto no
art.9º e 66º da CRP.

O âmbito desta lei é precisamente definir as bases da política de ambiente.

a permitir uma gestão sustentável do planeta.

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Objetivo da lei:
Definir ou visar a efetivação dos direitos ambientais;
Pode-se fazer através da promoção do desenvolvimento sustentável,
suportada na gestão adequada do ambiente, em particular dos ecossistemas e dos
recursos naturais.
Isto vai contribuir para uma sociedade de baixo superbono, uma economia verde
nacional e eficiente da utilização dos recursos com uma progressiva melhoria da
qualidade de vida dos cidadãos.

Nota: A professora Carla Amado Gomes destaca que o ambiente é um caminho entra a
visão utilitarista e a visão eco centrista pura

O ambiente não se protege por si só e é também um instrumento para o bem-estar. O


ambiente deve ser preservado porque é uma condição para a sobrevivência dos seres
humanos, os quais por sua vez, são parte integrante.
O enquadramento legal é muito vasto. Diversos autores identificam mais de mil
instrumentos internacionais na proteção do ambiente, nas suas várias vertentes e não
podendo abortá-las, vamos mencionar algumas de caracter internacional, mas
centralizado naquilo que é a lei de bases da política ambiental de Portugal (lei19/14 de
14 de abril).
O quadro legislativo de Portugal na proteção do ambiente é diverso.
O enquadramento constitucional e os devidos desenvolvimentos encontram-se na lei
de bases.
Atualmente a questão ambiental enfrenta graves problemas, desde logo, sofre com a
falta de diversificados mecanismos, que façam cumprir os ditos tratados internacionais
como é o caso do tratado de Paris adotado em 2015, ou outros documentos de igual
relevância.

Nota: a transversalidade na área do ambiente é inegável, o ambiente não vive por si só

O ambiente interage com as outras áreas do conhecimento.

Direito do ordenamento do território

Componente física ou espacial (ordenamento do espaço)


Componente económica (desenvolvimento económico)
Ordenamento do território:

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Atividade pulica subordinada ao direito (concessão ampla de estado de direito que
abrange todas as atividades de entidades publicas);
Função coordenadora de várias atividades (correção de desigualdade)
Função especializadora, uma expressão territorial (localização das atividades)

Direito do urbanismo VS ordenamento do território


Disciplinas jurídicas próximas; atividades materialmente distintas
O urbanismo é como um prolongamento do “ordenamento do território”
O urbanismo aplica-se ao nível da “Urb” (ordenamento racional da cidade). Já o
Ordenamento do território à escala nacional/regional (manutenção de equilíbrios
regionais)
Os objetivos prosseguidos são mais amplos no ordenamento de territórios.
As eficácias dos respetivos instrumentos jurídicos são vinculativas para entidade
publicas e particulares no urbanismo, e vinculativos apenas para entidades publicas no
caso do ordenamento do território.

Obrigações do Estado em matéria de Direito do Ambiente


A defesa da natureza e do ambiente e a preservação dos recursos naturais a par com
m correto ordenamento do território surgem na CRP como uma tarefa fundamental do
Estado (art.9º al. e).
Já em matéria mais circunscrita de direitos do ambiente (e qualidade de vida), incumbe
ao Estado, por meio de organismos próprios e com o envolvimento e participação dos
cidadãos, garantir uma serie de tarefas, nomeadamente aquelas concretamente
identificadas nas diversas alíneas do nº2 do art.66º da CRP.
Contudo, J.J. Gomes Canotilho e Vital Moreira assumem essas obrigações do Estado
(ou tarefas) em três pontos:

 A preservação dos espaços naturais de maior valor (criação de reservas e


parques naturais; defesa dos rios e lagos, das costas e ilhas, etc.…)
 O ordenamento do espaço territorial e disciplina na utilização dos recursos
naturais (ordenamento da implantação urbana e industrial e a exploração
agrícola, e florestal, etc.)
 A intervenção nos espaços ambientalmente degradados (regeneração de rios
poluídos, recuperação de bosques devastados, recuperação de áreas urbanas
degradadas, etc.)

Princípio da sustentabilidade
Numa tentativa de síntese, podemos dizer que a sustentabilidade, por si só, assenta
em duas premissas:
 Assegurar mecanismos de compensar, no futuro as perdas do presente

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 Trazer os interesses futuros à ponderação da tomada de decisões no presente

A sustentabilidade deve impor:

 A taxa de consumo de recursos renováveis não seja maior que a taxa de regeneração
 Os recursos não renováveis devem ser utilizadas em termos de poupança
ecologicamente racional, de fora que as futuras gerações possam também,
futuramente, dispor destes (princípio da eficiência, princípio da substituição ecológica,
etc.)
 Os volumes de poluição não possam ultrapassar quantitativa e qualitativamente a
capacidade de regeneração dos meios físicos e ambientais.

Estas exigências encontram apoio no art.3º/1 alíneas a),b) e c) da lei 31/2014, de 30 de


maio (princípios gerais)

Com referências:

À solidariedade Intra e intergeracional, ao dever de reposição ou de compensação de


danos ou à utilização racional e eficiente dos recursos naturais e culturais, bem como a
sustentabilidade ambiental e financeira das opções anotadas pelos programas e planos
territoriais.

Princípio da tipicidade
No direito do urbanismo e do ordenamento do território português vigora o princípio
da tipicidade dos instrumentos de gestão territorial.
O ordenamento jurídico português está concebido, neste âmbito do urbanismo e do
ordenamento do território, como um conjunto articulado de instrumentos de gestão
territorial (instrumentos de planeamento) tipificamente identificados pelo legislador
quer quanto ao seu conteúdo quer quanto aos respetivos efeitos, quer ainda, quanto
ao procedimento da sua elaboração. Estes instrumentos destinam-se a ser utilizados
pela administração em função da finalidade que pretenda atingir. Neste sentido e de
acordo com o referido princípio, a administração não pode elaborar os planos que
entender, mas apenas aquelas que a lei prevê como um modo típico.
Finalidade:

Evitar a proliferação de instrumentos de gestão territorial e urbanística dispersos com


o risco de serem desconhecidos dos seus destinatários.
Fundamentação:

Artigos 26º e 38º da lei 31/2014, de 30 de maio (lei de bases/2014, art.2º/2 e 5)

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Com o desenvolvimento nos arts.30 e seguintes, todos do decreto-lei nº80/2015, de 14
de maio (RJIGT)
Direito de Participação e de informação
Esta informação e esta participação resultam do direito administrativo em Portugal.
É uma norma geral, mas que o setor do ambiente tem um valor reforçado. Assim, a
informação e participação obrigam ao envolvimento dos cidadãos nas políticas
ambientais privilegiando a divulgação e partilha de dados, o incentivo de uma cultura
transparente de responsabilidade na busca de um elevado grau de respeito ambiental
pela comunidade ambiental ao mesmo tempo deve assegurar aos cidadãos o direito
pleno na elaboração r no acompanhamento da aplicação das políticas ambientais.
Direito de participação- art.7º do DL 80/2015(RJIGT)- garantias dos particulares
Provedor de justiça- queixa e recomendações (não vinculativa) - art.3º,24º e ss da lei
nº9/91, de 9 de abril
Direito da ação popular- lei 83/95 de 31/8
Queixa ao ministério- lei nº68/2019 de 27/08, art.4º als .f) e h) - atribuições ao
ministério publico com poder vinculativo
Acesso à informação
Lei nº 26/2016, de 22/08- lei de acesso aos documentos administrativos
Comissão de acesso aos documentos administrativos (CADA)- entidade administrativa
independente (AR)
Lei de bases:
Art. 3º, 6º 49º e 76º importantes

Estrutura do sistema de gestão territorial


A política de ordenamento do território e de urbanismo assenta no sistema de gestão
territorial, que se organiza, num quadro de interrogação coordenada, nos âmbitos
nacional, regional, intermunicipal e municipal e que se concretiza através dos
instrumentos de gestão territorial correspondentes, salientando a diferenciação entre
programas e planos territoriais.
Programas:
Estabelecem o quadro estratégico de desenvolvimento territorial e as suas
diretrizes programáticas ou definem a incidência espacial de políticas nacionais a
considerar em cada nível de planeamento.
Planos:

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Estabelecem opções e ações concretas em matéria de planeamento e
organização do território bem como definem o uso dos solos. Art. 38º/1 da lei
nº31/2014 (lei de bases)

Programas territoriais
 Vinculam as entidades publicas
 O programa retrata linhas pragmáticas
 São opções, as ações em concreto, ou seja, um plano pressupõe ações. Ações
essas que são de aplicabilidade direta.
 Os planos territoriais de âmbito municipal e intermunicipal vinculam as
entidades publicas e ainda, direta e imediatamente, os particulares (art. 46º/2-
lei de bases)

Ou seja

São vinculativos no caso dos municipais e dos cidadãos

Significa que

Iremos recorrer aos planos territoriais se for para saber de algum detalhe
sobre alguma coisa geral

Planos municipais
 Plano diretor municipal (PDM)
 Plano de urbanização (PU)
 Plano de pormenor (PP) são planos de detalhe para áreas especificas,
por exemplo, em Bragança no plano diretor municipal da zona histórica de
Bragança existe a parte do castelo.

Hierarquia dos instrumentos de gestão territorial


O legislador estabeleceu uma hierarquia por âmbito (nacional, intermunicipal e
municipal) dos instrumentos de gestão territorial, de acordo com a qual os
programas e os planos intermunicipais e os planos municipais obedecem aos
programas nacionais e regionais, por um lado e, por outro, os planos municipais se
subordinam as orientações dos programas intermunicipais pré-existente.
Fundamentação:
Art.26º 71 e 3; art.27 do decreto-lei nº80/2015 de 14 de maio (RJIGT)

Lei de bases do ordenamento do território


Princípios gerais das políticas (art.3º da lei nº31/2014)
 Princípios ambientais
 Princípio da participação dos cidadãos

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Este princípio é transversal a todos os diplomas. Porque a
participação dos cidadãos, sendo um direito geral é um direito consagrado do nosso

Nota: esta lei abrange 3 domínios complementares distintos: a lei dos solos, ordenamento
do território e do urbanismo

ordenamento jurídico nomeadamente o direito administrativo. Tem nestas matérias


algum esforço, pois sendo matérias de interesse publico quer-se que os cidadãos
participem na elaboração, na execução e na avaliação e revisão posterior dos
programas e dos planos territoriais.

Lei dos solos (direito de propriedade privada)


Relativamente a esta lei, temos o direito de propriedade privada, que esta
também consagrado na CRP, no art.62º/1, não só a propriedade do solo, mas também
a da iniciativa privada. O direito de propriedade não é um direito absoluto, é a própria
constituição a estabelecer limites e restrições a esse mesmo direito ao prever no
art.62º/2 a requisição e a expropriação da propriedade privada.

Essa expropriação que no âmbito da gestão urbanística é denominada “expropriação


acessória de planos”, obedece, no entanto, a determinados pressupostos de
legitimidade

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Pressupostos de legitimidade da expropriação por utilidade publica

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Princípio da
Princípio da legalidade proporcionalidade
(base da lei)

Princípio da utilidade
publica (declaração Princípio da justa
de atividade publica) indemnização

Competências em matéria de
elaboração dos planos municipais entre camara municipal e a assembleia
municipal
À camara municipal cabe:

 Fase iniciativa (isto é, a deliberação de elaboração dos planos municipais,


justificando a oportunidade da sua elaboração e estabelecer os prazos para o
efeito;
 A publicação dessa deliberação
 Elaboração dos planos municipais
 Aprovação da proposta
 Abertura do período de discussão publica
À assembleia municipal cabe:

 A tarefa da aprovação dos planos municipais (verdadeiro ato constitutivo),


mediante proposta apresentada pela camara municipal
 Solicitar a ramificação do plano diretor municipal (PDM) quando este contenha
disposições desconformes ou incompatíveis com programas setoriais, especiais
ou regionais
Fundamentação:
Artigos 76º,88º,89º,90º,91º do decreto-lei nº80/2015 de 14 de maio (RJIGT)

Regulamentos municipais de urbanização e edificação


Os regulamentos municipais de urbanização e de edificação são regulamentos
administrativos, decorrem do poder regulamentar autónomo das autarquias locais

Objetivo:

Concretização e execução do regime jurídico da urbanização e edificação e obedecem,


na sua formação à forma do procedimento administrativo, integrando as fases de
elaboração, discussão publica, aprovação e divulgação. – art.241º CRP e art.3º da RJUE

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QUESTÕES DA AULA DE DIA 16.03.2021
1. Segundo J.J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, <<as obrigações do Estado em
matéria de direito ao ambiente resumem-se basicamente em três pontos: (…)>>
A defesa da natureza e do ambiente e a preservação dos recursos naturais a par com um
correto ordenamento do território surgem na CRP como uma tarefa fundamental do
Estado, designadamente no seu art.9 al. e).
Já em matérias mais circunscritas de direito do ambiente (e qualidade de vida), incumbe
ao Estado, por meio de organismos próprios e com o envolvimento e a participação dos
cidadãos, garantir uma série de tarefas, designadamente aquelas concretamente
identificadas nas diversas (8) alíneas do nº2 do art.66 da CRP.

Estes autores, contudo, resumem essas oito obrigações (ou tarefas) do Estado a três
pontos aos quais associam, em função da respetiva proximidade ou contiguidade de fins
(que podem estar presentes em mais do que uma dessas alíneas do nº2),
designadamente:
 A preservação dos espaços naturais de maior valor (criação de reservas e parques
naturais, defesa dos rios e lagos, das costas e ilhas, etc.)
 O ordenamento do espaço territorial e disciplina na utilização dos recursos naturais
(ordenamento da implantação urbana e industrial e da exploração agrícola e
florestal, etc.)
 A intervenção nos espaços ambientalmente degradados (regeneração de rios
poluídos, revivificação de bosques devastados, recuperação de áreas urbanas
degradadas, etc.)

2. Segundo J.J. Gomes Canotilho e Vital Moreira, <<A Constituição não se basta com
o reconhecimento do direito ao ambiente: impõe a todos um dever de defesa do
ambiente.>>
Referência às consequências de determinadas ações humanas nos índices de
sustentabilidade, no confronto entre aquilo que são as necessidades atuais e à
ponderação de interesses das gerações futuras (solidariedade intrageracional e
intergeracional);

Referência à obrigação individual e coletiva de não atentar contra o ambiente e à


existência de obrigações positivas: obrigação de tratar de resíduos ou efluentes
domésticos e industriais, entre outros;
Considerando ainda que, nos termos do art.9 nº2 do Código de Processo dos Tribunais
Administrativos (CPTA), o ambiente, o urbanismo, o ordenamento do território, a
qualidade de vida constituem valores expressamente qualificados como matérias que
convocam a figura dos interesses difusos, importa fazer referência o dever de impedir os
atentados de outrem ao ambiente através, designadamente:
 Do exercício da ação popular (individual ou através de associações de defesa do
ambiente) nos termos previsto no art.52 nº3 al. a) da CRP e na Lei nº83/95 de 31/08
(Direito de participação procedimental e de ação popular);

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 Do exercício do direito de queixa perante o Ministério Público no quadro das
respetivas competências de defesas de interesses coletivos e difusos;
 Do exercício do direito de queixa perante o Provedor de Justiça nos termos da Lei
nº9/91 de 9 de abril.

3. Identifique no atual Lei de Bases da Política Pública de Solos, Ordenamento do


Território e Urbanismo (LBPPSOTU) e numa abordagem crítica, princípios (gerais
e ambientais) que apelem diretamente ao conceito de sustentabilidade.
Numa tentativa de síntese, podemos dizer que a sustentabilidade, por si só, assenta em
duas premissas:
i) Assegurar mecanismos de compensar, no futuro, as perdas do presente;
ii) Trazer os interesses futuros à ponderação da tomada de decisões no presente.
Seguindo de perto J.J. Gomes Canotilho, a ideia de sustentabilidade surge associada à
existência de condições de vida dignas das pessoas. Porém, para o conceituado
constitucionalista, <<convém distinguir entre sustentabilidade em sentido restrito ou
ecológico e sustentabilidade em sentido amplo>>.

Centrando a análise na primeira (sustentabilidade em sentido restrito ou ecológico),


considera-se que esta deve impor, em especial, que:
i) A taxa de consumo de recursos renováveis não seja maior que a sua taxa de
regeneração;
ii) Os recursos não renováveis devem ser utilizados em termos de poupança
ecologicamente racional, de forma que as futuras gerações possam também,
futuramente, dispor destes (princípio da eficiência, princípio da substituição
tecnológica, etc);
iii) Os volumes de poluição não possam ultrapassar quantitativa e qualitativamente a
capacidade de regeneração dos meios físicos e ambientais;
Estas exigências encontram apoio e conteúdo programático em especial nas alíneas a),
b) e c) do nº1 do art.3 da Lei nº31/2014, de 30 de maio (princípios gerais), com
referências muito direitas à solidariedade intra e intergeracional, ao dever de reposição
ou de compensação de danos ou à utilização racional e eficiente dos recursos naturais e
culturais, bem como a sustentabilidade ambiental e financeira das opções adotadas pelos
programas e planos territoriais.
Numa perspetiva de sustentabilidade direcionada à preservação do ambiente,
encontramos no nº2 do art.3 da Lei de Bases de 2014 referências explicitas a exigências
de subordinação das atuações administrativas a princípios (ambientais) de ponderação
das necessidades de gerações futuras (alínea a)), de imposição de medidas de prevenção
e precaução (alínea b)), de avaliação ambiental (alínea c)), ou de responsabilização
(alíneas d), e) e f)).

QUESTÕES DA AULA DE DIA 25.03.2021


1. No direito do urbanismo e do ordenamento do território português vigora o princípio
da tipicidade dos instrumentos de gestão territorial. Diga em que consiste o referido

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princípio, qual a sua finalidade principal e onde pode ser normativamente
identificado.
O ordenamento jurídico português está concebido, neste âmbito do urbanismo e do
ordenamento do território, como um conjunto articulado de instrumentos de gestão
territorial (instrumentos de planeamento) tipificadamente identificados pelo legislador
quer quanto ao seu conteúdo quer quanto aos respetivos efeitos quer, ainda, quanto ao
procedimento da sua elaboração. Estes instrumentos destinam-se a ser utilizados pela
Administração em função da finalidade que pretenda atingir. Neste sentido e de acordo
com o referido princípio, a Administração não pode elaborar os planos que entender,
mas apenas aqueles que a lei prevê de um modo típico.
A principal finalidade deste princípio é a de evitar a proliferação de instrumentos de
gestão territorial e urbanística dispersos com o risco de serem desconhecidos dos seus
destinatários.
Normativamente o princípio encontra-se materializado, em especial, no Regime Jurídico
dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT).
FUNDAMENTAÇÃO: artigos 26 e 38 da Lei nº31/2014, de 30 de maio (Lei de
Bases/2014); artigo 2 nº 2 a 5. Com desenvolvimento nos artigos 30 e ss, todos do
decreto-lei nº80/2015, de 14 de maio (RJIGT).

2. Qual a relevância jurídica da integração dos “planos setoriais” e dos “planos


especiais” na categoria dos “programas”, operada pela Lei de Bases de 2014?
Em sede de enquadramento prévio da questão, importa referir que os programas
estabelecem o quadro estratégico de desenvolvimento territorial e as suas diretrizes
programáticas enquanto que os planos estabelecem opções e ações concretas em matéria
de planeamento e organização do território e o uso do solo.
A grande alteração produz-se ao nível da vinculação jurídica de cada um dos referidos
instrumentos. Com a integração dos referidos “planos” na categoria dos “programas”, o
efeito imediato é o fim o caráter diretamente vinculante das disposições dos primeiros
em relação aos particulares isto porque, nos termos da lei:
- Os programas territoriais vinculam as entidades públicas;
- Os planos territoriais de âmbito intermunicipal e municipal vinculam as entidades
públicas e ainda, direta e imediatamente, os particulares.
FUNDAMENTAÇÃO: art.46 da Lei nº31/2914, de 30 de maio (Lei de Bases/2014);
art.3 do decreto-lei nº80/2015, de 14 de maio (RJIGT).

3. O modo de relacionamento entre os vários instrumentos de gestão territorial varia


em função dos respetivos âmbitos/níveis de planeamento. Comente a afirmação.
Estando em causa o relacionamento entre os instrumentos de gestão territorial da
responsabilidade do Estado (PNPOT, programas setoriais e programas especiais), o
relacionamento assenta na base de um compromisso recíproco de compatibilização de
opções para uma mesma área territorial.

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Ainda assim, parece existir uma superioridade hierárquica do Programa Nacional da
Política de Ordenamento do Território (PNPOT) considerando que fica condicionada às
suas orientações a elaboração dos programas setoriais e dos programas especiais.
Por outro lado, o legislador estabeleceu uma hierarquia por âmbito (nacional, regional,
intermunicipal e municipal) dos instrumentos de gestão territorial, de acordo com a qual
os programas e os planos intermunicipais e os planos municipais obedecem aos
programas nacionais e regionais, por um lado e, por outro, os planos municipais se
subordinam às orientações dos programas intermunicipais preexistentes.
FUNDAMENTAÇÃO: art.26 nº1 e 3 e art.27, ambos do decreto-lei nº80/2015, de 14 de
maio (RJIGT).

4. A hierarquia entre os vários instrumentos de gestão territorial estabelecida pelo


legislador, conduz à prevalência cronológica dos mesmos, com obrigação de
atualização/adaptação dos instrumentos anteriores, devendo os programas
estabelecer o prazo para a atualização dos planos de âmbito intermunicipal ou
municipal preexistentes.
Quais as consequências da falta de atualização de planos territoriais no prazo
fixado?
A não atualização conduz à “paralisação da gestão urbanística”, considerando que o
incumprimento determina a suspensão das normas do plano territorial (intermunicipal
ou municipal) que deveriam ter sido alteradas, <<não podendo, na área abrangida, haver
lugar à prática de quaisquer atos ou operações que impliquem a ocupação, uso e
transformação do solo>>.
A falta de iniciativa (incumprimento) por parte da entidade intermunicipal, da
associação de municípios ou do município é ainda “sancionado” com <<a suspensão do
respetivo direito de candidatura a apoios financeiros comunitários e nacionais, até à data
da conclusão do processo de atualização, bem como a não celebração de contratos-
programa>>.
FUNDAMENTAÇÃO: art.46 nº5 e 6, da Lei nº31/2014, de 30 de maio (Lei de Bases) e
arts.27, 28 e 29 do decreto-lei nº80/2015, de 14 de maio (RJIGT).

QUESTÕES DA AULA DE DIA 15.04.2021


1. A política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo assenta no
sistema de gestão territorial que se organiza, num quadro de interação coordenada,
em vários âmbitos ou níveis de planeamento, tipificados na lei. Identifique-os e
refira o modo de concretização de cada um.
a) O âmbito nacional, concretizado através dos seguintes instrumentos típicos: i) o
programa nacional da política de ordenamento do território; ii) os programas
setoriais; iii) os programas especiais.
b) O âmbito regional, concretizado através do seguinte instrumento típico: i) os
programas regionais.
c) O âmbito intermunicipal, concretizado através dos seguintes instrumentos
típicos: i) os programas intermunicipais; ii) o plano diretor intermunicipal; iii) os

Pág. 17
planos de urbanização intermunicipais; iv) os planos de pormenor
intermunicipais.
d) O âmbito municipal, concretizado através dos seguintes instrumentos típicos: i)
o plano diretor municipal; ii) os planos de urbanização; iii) os planos de
pormenor.
FUNDAMENTAÇÃO: art.2º do RJIGT (decreto-lei nº80/2015, de 14 de maio); arts.40
a 43 da LBGPPSOTU (Lei nº31/2014, de 30 de maio)

2. Identifique os instrumentos de gestão territorial da responsabilidade do Estado e


refira o modo (ou modos) de relacionamento entre eles.
Os instrumentos de gestão territorial da responsabilidade do Estado são o programa
nacional da política de ordenamento do território, os programas setoriais, os programas
especiais e os programas regionais.
Quanto ao modo de relacionamento entre eles e considerando que a entidade Estado não
estabelecerá opções distintas para a mesma área territorial, a lei determina que entre
estes instrumentos se estabeleça um compromisso recíproco de compatibilização das
respetivas opções.
No entanto, a lei não afasta, ante prevê ainda, uma relação de superioridade hierárquica
do PNPOT em relação aos programas especiais e setoriais, bem como idêntica
superioridade hierárquica dos programas nacionais em relação aos programas regionais.
FUNDAMENTAÇÃO: art.26º do RJIGT (decreto-lei nº80/2015, de 14 de maio)
QUESTÕES DA AULA DE DIA 22.04.2021
1. Comente a seguinte afirmação, tendo como referência a ideia de “expropriação
acessória” dos planos territoriais de ordenamento do território, referindo
sucintamente os princípios subjacentes: <<O direito de propriedade privada
enunciado no art.62 da CRP não é um direito absoluto. Ele tem limites e sofre
restrições de afirmação e garantismo logo previstos na Lei Fundamental.>>
(Sumário do AC. do STJ, Proc. 695/96 – 2ª secção. Relator: Lúcio Teixeira)
O art.62 nº1 CRP, consagra o direito à propriedade privada (e à sua transmissão em vida
ou em morte). Porém, como vem referido no Ac. do STJ em análise, é a própria
Constituição a estabelecer limites e restrições a esse mesmo direito ao prever no nº2 da
norma a requisição e a expropriação da propriedade privada.
Essa expropriação que no âmbito da gestão urbanística é denominada “expropriação
acessória dos planos”, obedece, no entanto, a determinados pressupostos de
legitimidade como sejam, designadamente:
a) A expropriação apenas pode ser efetuada com base na lei (princípio da
legalidade);
b) Com base na prevalência do interesse público sobre o direito de propriedade
privada e com respeito pelos limites constitucionais impostos à restrição de
direitos, liberdades e garantias dos cidadãos (princípios da adequação, da
necessidade e da proporcionalidade);

Pág. 18
c) O do pagamento de uma justa indemnização que visa ressarcir o prejuízo que
para o expropriado advém da expropriação do direito em causa, a fixar de acordo
com as regras definidas no Código das Expropriações.
FUNDAMENTAÇÃO: CRP, art.62º nº1 e nº2; art.18 nº2; art.266 nº2 Código das
Expropriações (Lei nº168/99, de 18 de setembro), arts.1, 2, 3 e 23.

2. A lei distribui as competências em matéria de elaboração dos planos municipais de


ordenamento do território entre a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal.
Enumere, fundamentando normativamente, as tarefas que a lei reparte por cada um
destes dois órgãos autárquicos.
À Câmara Municipal cabe, desde logo, a fase da iniciativa, isto é, a deliberação de
elaboração dos planos municipais, justificando a oportunidade da sua elaboração e
estabelecendo os prazos para o efeito.
É ainda da responsabilidade da Câmara Municipal a publicitação dessa deliberação para
efeitos de participação preventiva dos interessados bem como a elaboração
propriamente dita dos planos municipais, a aprovação da proposta de plano e a abertura
do período de discussão pública.
À Assembleia Municipal cabe a tarefa da aprovação dos planos municipais (verdadeiro
ato constitutivo), mediante proposta apresentada pela Câmara Municipal.
Cabe ainda a este órgão solicitar a ratificação do plano diretor municipal (PDM) quando
este contenha disposições desconformes ou incompatíveis com programas setoriais,
especiais ou regionais.
FUNDAMENTAÇÃO: arts.76, 88, 89, 90, 91, todos do RJIGT.

3. A elaboração dos planos municipais de ordenamento do território passa por diversas


fases, entre as quais denominada fase integrativa da eficácia. Refira em que consiste
esta etapa do procedimento.
Nos termos da lei, a eficácia, quer dos programas, quer dos planos territoriais, depende
da respetiva publicação no Diário da República e a falta de publicação do ato (quando
legalmente exigida) implica a sua ineficácia, conforme determina o art.158 nº2 do CPA.
Relativamente à elaboração dos planos municipais, estão sujeitos a publicação na 2º
série do DR os atos referidos nas alíneas a), c), f) e i) do nº2 do art.191 do RJIGT. O ato
que ratifica o Plano Diretor Municipal nas situações referidas no nº2 do art.90 do
RJIGT, é objeto de publicação na 1º série do DR.
Adicionalmente, devem os planos municipais ser objeto de publicação no boletim
municipal e na página de internet do município responsável pela sua elaboração bem
como de depósito na Direção-Geral do Território.
FUNDAMENTAÇÃO: arts.191, 192, 193, todos do RJIGT; art.158 do CPA.
QUESTÕES DA AULA DE DIA 11.05.2021
1. Em regra, a realização de <<operações urbanísticas>> está sujeita a controlo prévio
por parte da autoridade administrativa. Identifique as várias modalidades que esse

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controlo pode revestir e dê um exemplo (um apenas) para cada uma dessas
modalidades.
A realização de operações urbanísticas previstas no RJUE está dependente de emissão
de licença, de comunicação prévia ou de autorização de utilização.
A título exemplificativo, estão sujeitas a licença administrativa as operações de
loteamento, a comunicação prévia a edificação de piscinas associadas à edificação
principal e a autorização a utilização dos edifícios ou suas frações.
FUNDAMENTAÇÃO: RJUE, art.4 nº1 (modalidades), nº2 (licença administrativa), nº4
(comunicação prévia) e nº5 (autorização de utilização)
2. Caraterize juridicamente os regulamentos municipais de urbanização e edificação.
Os regulamentos municipais de urbanização e de edificação são regulamentos
administrativos, decorrem do poder regulamentar autónomo das autarquias locais.
Têm como objetivo a concretização e execução do Regime Jurídico da Urbanização e
Edificação e obedecem, na sua formulação, à forma do procedimento administrativo,
integrando as fases de elaboração, discussão pública, aprovação e divulgação.
FUNDAMENTAÇÃO: art.241 CRP, art.3 nº1, 2, 3 e 4 RJUE
3. Qual a consequência jurídica da não publicação dos regulamentos?
O ato é nulo.
A falta de publicação do ato (quando legalmente exigida) implica a sua ineficácia.
FUNDAMENTAÇÃO: art.3 nº4 RJUE, art.158 nº2 CPA
4. O Sr. Alfredo pretende instalar na sua moradia um conjunto de painéis solares
fotovoltaicos. Esse conjunto de painéis irá abranger toda a cobertura do edifício.
Carece essa instalação de algum tipo de licenciamento?
A instalação em causa, uma vez que não excede a área da cobertura da edificação, se
não ultrapassar em mais de um metro a cércea do edifício, integra o conceito de obra
escassa relevância urbanística e, nessa medida, está isenta de controlo prévio.
Nota: por cércea deverá entender-se a altura do edifício contada a partir do ponto de
cota média do terreno no alinhamento da fachada até à linha superior de beirado ou
platibanda ou guarda do terraço.
FUNDAMENTAÇÃO: art.2 al. l) – conceito de <<obras de escassa relevância
urbanística>>, art.6 nº1 al. c) – isenção de controlo prévio, art.6 -A nº1 al. g).
A revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT) limitou a
classificação do solo a apenas duas classes - solo rústico e solo urbano - numa lógica
de efetiva e adequada afetação do solo urbano ao solo parcial ou totalmente
urbanizado ou edificado, eliminando-se a classe de solo urbanizável.
Comente.
A revisão do RJIGT visou sobretudo a proteção do solo, na medida que se verificava
uma desmesurada transformação de solo rural em solo urbano, afetando

Pág. 20
significativamente a sustentabilidade do mesmo. Estas transformações traduziram-se
em especulações urbanísticas, crescimento excessivo dos perímetros urbanos e o
aumento descontrolado dos preços do imobiliário.
Nesse sentido, verificou-se a necessidade de limitar estas transformações arbitrárias.
Esta limitação foi então imposta pela determinação de que os planos territoriais
passariam a ser os únicos instrumentos passíveis de determinar a classificação e
qualificação do solo, e estas orientações deveriam constar do plano diretor municipal.
Outra medida para limitar a transformação excessiva de solo rural em urbano, foi
condicionar a reclassificação do solo como urbano ao indispensável e à sua
sustentabilidade do ponto de vista económico e financeiro, conforme art.º 72.º do
RJGIT.

IV. Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação

4. A realização de operações urbanísticas depende de controlo prévio, que pode


revestir as modalidades de licença, comunicação prévia ou autorização de
utilização. Distinga estas figuras e exemplifique casos em que são aplicáveis.
Estão sujeitas a licença administrativa as operações urbanísticas com maior
impacto urbanístico ou realizadas em zonas com deficiente regulamentação
(por ex. inexistência de operação de loteamento) Ex. obras de construção em
área não abrangida por operação de loteamento ou por plano de pormenor.
Quanto à comunicação prévia, aplica-se a operações urbanísticas a ocorrerem
em zonas previamente regulamentadas, sendo disso exemplo as obras de
construção em área abrangida por operação de loteamento.
A autorização de utilização visa apurar a conclusão da operação urbanística e a
conformidade com o projeto aprovado e com as normas legais e
regulamentares. Ex. a autorização de utilização é necessária para a utilização de
edifício.
Exame final de 2020

GRUPO I

Comente e justifique as seguintes afirmações:

1. O Ambiente tem consagração na Constituição da República Portuguesa.

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Efetivamente o Ambiente está consagrado na CRP. Por força do artigo 66º referente ao
Ambiente e qualidade de vida: “Todos têm direito a um ambiente de vida humano,
sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.” Assim como nos artigos
9º, 65º da CRP.

2. “O território tem que estar no centro das políticas públicas”, João Pedro Matos
Fernandes, Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
Do meu ponto de vista e segundo o artigo 65º n5 CRP é válida a participação de todos
os interessados na elaboração dos instrumentos de planeamento urbanístico e de
quaisquer outros instrumentos de planeamento físico do território. O Programa
Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) é um instrumento de
desenvolvimento territorial de natureza estratégica que estabelece as grandes opções
com relevância para a organização do território nacional. Em todas as fases do ciclo do
PNPOT (elaboração, implementação, monitorização e avaliação), é fundamental
incentivar a participação cívica e institucional, fomentando o acompanhamento e a
cooperação ativa das entidades públicas que representam diferentes interesses
públicos, assim como dos demais agentes territoriais e cidadãos interessados.

3. A participação dos cidadãos na elaboração nos instrumentos de gestão


territorial é fundamental e tem consagrações legais de valor reforçado.
O direito de participação está consagrado no artigo 48º n2 CRP, artigo 3º g), 6º
n2 e 49º da Lei de Bases, artigo 6º da RJIGT e ainda o 12º do CPA.
O artigo 6º da Lei 19/2014 Bases Ambientais faz atender ao princípio geral da
participação, corroborando a consciência física dos cidadãos através do acesso a
informação e à intervenção de elaboração, execução, avaliação e revisão dos
instrumentos de gestão territorial.

4. A compatibilidade ou a conformidade entre os diversos programas e planos


territoriais é condição da respetiva validade.
No artigo 128º n1 da RJIGT podemos ver que está lá presente esta afirmação e é
evidente que se um plano territorial não for de forma consensual entre as entidades
que estão envolvidas w se não estiver em conformidade com a lei, o mesmo não deve
ser aprovado.

Pág. 22
Tem de ser feita uma união aos artigos 38º da Lei 31/2014 e 26º do RJIGT.

Grupo II

5. Distinga solo rústico de solo urbano.


De acordo com o artigo 10º da Lei 31/2014 de 30 de maio entende-se por Solo Rústico,
alínea a) é aquele que se destina ao aproveitamento agrícola, pecuniário, florestal, à
conservação e valorização de recursos naturais, à exploração de recursos geológicos
ou de recursos energéticos.

No mesmo artigo, na alínea b), Solo Urbano é unicamente aquele que está parcial ou
totalmente urbanizado ou edificando e assim, afeto em plano territorial à urbanização
ou edificação.

6. O Município “B” entendeu, por motivos de celeridade processual, não


submeter a discussão pública o regime municipal de urbanização e de
edificação. Quid iuris?
Não é possível prescindir da discussão pública, sendo uma formalidade essencial a lei
assume que é obrigatória, tanto nos regulamentos municipais como nos planos
diretores municipais. Artigo 3º RJUE.

7. A realização de operações urbanísticas depende de controlo prévio, que pode


revestir as modalidades de licença, comunicação prévia ou autorização de
utilização. Distinga estas figuras e exemplifique casos em que são aplicáveis.
No artigo 2º RJUE, apresenta as várias definições, no que na alínea j) são operações
urbanísticas: “as operações materiais de urbanização, de edificação, utilização dos
edifícios ou do solo desde que, neste último caso, para fins não exclusivamente
agrícolas, pecuários, florestais, mineiros ou de abastecimento público de água.” Ainda
no artigo 4º da mesma legislação, referente às licenças, comunicação prévia ou
autorização de utilização, no nº2 temos como vários exemplos de casos em que se
aplicam a licença como: operações de loteamento, obras de urbanização e os
trabalhos de remodelação de terrenos em área não abrangida por operação de
loteamento, etc.

8. Quem tem competência para a concessão da licença administrativa relativa a


operações urbanísticas?
Pág. 23
Dentro do Município, quem tem competência para tal é a Câmara Municipal, uma vez
que é o órgão executivo, artigo 5º RJUE.

Época de recurso de 2020


GRUPO I

Comente e justifique as seguintes afirmações:

1. A Constituição da República Portuguesa só em 1976 veio consagrar o direito


fundamental ao ambiente, e uma Lei de Bases para as questões ambientais só
viu a luz do dia em 1987, apresentando uma visão inovadora para a época –
pelo conceito vasto de ambiente que veio adotar –, iniciando o processo de
institucionalização das políticas públicas de ambiente em Portugal, cujo
percurso político, legal e institucional aqui se pretende analisar, em concreto
desde 1967, proporcionando uma leitura cronológica dos últimos cinquenta
anos da história do país.
Resposta: Na constituição atual, o legislador procurou dar tutela efetiva ao meio
ambiente, trazendo mecanismos para a sua proteção e controlo, esta considera que a
qualidade do ambiente constitui um direito individual e coletivo de grande
importância. De acordo com o art.9º de epigrafe “Tarefas fundamentais do Estado
“verificamos nas alíneas d), e) e g) que a promoção do desenvolvimento harmonioso
de todo o território nacional, a proteção e valorização do património cultural, assim
como a defesa do ambiente e dos recursos naturais para assegurar o controlo do
território são prioridades do legislador. Também nos artigos 65º e 66º da mesma estão
consagrados artigos relacionados com o ambiente e urbanismo de epigrafe “habitação
e urbanismo” e “ambiente e qualidade de vida” e neles o estado tem a função de
preservar ordenar e disciplinar não só os recursos, mas também os espaços naturais e
territoriais e ainda criar regras para os espaços ambientais.

2. “O ordenamento do território é a arte de adequar as gentes e a produção de


riqueza ao território numa perspetiva de desenvolvimento.” Jorge Gaspar,
1995.

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3. O ambiente é, hoje, um tema central na sociedade portuguesa, e, atento o
facto do seu surgimento nas políticas públicas, na agenda política e,
genericamente, no discurso dos portugueses ser recente, constitui uma boa
medida da afirmação de Portugal como país contemporâneo, porque muito
do que a sociedade é atualmente tem a ver com a ideia de Ambiente.

4. A revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT)


limitou a classificação do solo a apenas duas classes - solo rústico e solo
urbano - numa lógica de efetiva e adequada afetação do solo urbano ao solo
parcial ou totalmente urbanizado ou edificado, eliminando-se a classe de solo
urbanizável.
Resposta: De acordo com o art. 10º da lei 31/2014 de 30 de maio podemos classificar
o solo de duas maneiras distintas: solo rústico e solo urbano.

Na alínea b) deste encontramos a definição de solo urbano e podemos defini-lo como


aquele que está parcial ou totalmente urbanizado ou edificado e como tal, afeto à
urbanização ou à edificação, por sua vez na alínea a) encontramos a definição de solo
rústico que é aquele que não é classificado como urbano uma vez que se destina a
espaços culturais, de turismo, recreio e lazer ou proteção de riscos, nomeadamente ao
aproveitamento agrícola, pecuário, florestal, a conservação, valorização e exploração
de recursos naturais, de recursos geológicos ou de recursos energéticos

5. A revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT)


promoveu a concentração no Plano Diretor Municipal (PDM) de todas as
normas em matéria de ordenamento do território. Os Planos Diretores
Municipais passam a concentrar todas as normas relativas à ocupação, uso e
transformação dos solos, que, para poderem vincular os particulares, devem
estar previstas neste instrumento.

Grupo II

6. O Direito do Ambiente assenta em 8 (oito) princípios de Direito: a prevenção,


a precaução, a correção na fonte, a reposição da situação anterior, o

Pág. 25
poluidor-pagador e o utilizador-pagador, o desenvolvimento sustentável e a
responsabilidade. Desenvolva um desses princípios.
Resposta: Os princípios expressam uma determinada composição de valores e regras
que servem de linhas gerais de orientação para a ação, seja na nossa vida pessoal, seja
na edificação de uma

determinada política setorial. Assim, e embora não regulando diretamente os


problemas, eles

servem de guia para a escolha da via ou das medidas a adotar em cada situação
concreta.

No campo específico do Direito, por refletirem os valores que estruturam uma


determinada

área da vida da sociedade, os princípios estabelecem diretrizes quanto ao tipo de


regulação

normativa a adotar pelo legislador e desempenham uma função de suporte às


atividades de

interpretação e aplicação das normas jurídicas.

O princípio a ser desenvolvido será o da responsabilidade. Determina que quem


produz um dano no ambiente, deverá estar sujeito a medidas que o penalizem pelo
desvalor social associado ao seu comportamento e às consequências negativas
produzidas sobre o ambiente. A responsabilização dos agentes poderá ser efetuada
através da imposição de uma obrigação de reparação pecuniária dos direitos de
terceiros (responsabilidade civil), da sujeição ao pagamento de coimas
(responsabilidade contra-ordenacional) ou da aplicação de sanções penais,como a
multa ou a pena de prisão (responsabilidade penal).

Para além disso, os responsáveis pelos impactos negativos sobre o ambiente podem
ainda ser obrigados a repor a situação anterior à infração ou ficar sujeitos à aplicação
de sanções acessórias, como a interdição do exercício da atividade que deu origem à
violação do ambiente. Na implementação de um sistema de responsabilização dos
agentes por danos ambientais é necessário ter em atenção dois problemas: a

Pág. 26
identificação do mecanismo mais eficaz para fazer essa responsabilização e a
determinação de quem é que deve ser responsabilizado.

Em relação ao primeiro problema, o objetivo da responsabilização deverá ser penalizar


o agente por uma conduta que merece reprovação social, por ser contrária aos valores
fundamentais da comunidade, ao mesmo tempo que se procura assegurar a
prossecução de fins de prevenção especial (em relação ao comportamento futuro do
indivíduo – evitando a sua repetição) e de prevenção geral (desincentivando os
restantes membros da comunidade de praticarem atos idênticos). Por isso, a
identificação do tipo de punição a escolher terá de ter em atenção a sua eficácia para
atingir estas três finalidades no campo específico da proteção ambiental. Para além
disso, a punição a aplicar deverá ser proporcional à gravidade dos atos praticados, o
que obriga a que na determinação e na aplicação da sanção se pondere o valor social,
económico e ambiental dos recursos naturais que se pretendem proteger, o impacto
da ação do agente sobre esses recursos e o desvalor social que, por isso, deverá ser
atribuído à conduta do indivíduo ou da organização.

Deste modo, nem sempre a sanção que parece a mais grave, como é o caso da
aplicação de uma pena de privação da liberdade, será aquela que melhor protegerá o
ambiente e censurará a conduta do agente. Pensemos, por exemplo, num desastre
ambiental grave, como um derrame de petróleo no mar: a aplicação de uma pena de
prisão aos responsáveis da empresa dona do navio poderá parecer uma punição justa,
por representar um forte constrangimento para a liberdade daquelas pessoas, mas
poderá não será a medida mais adequada para garantir a proteção do ambiente,
podendo ser preferível, em alternativa, por exemplo, a punição dos agentes com uma
elevada indemnização que, nomeadamente, permita suportar os custos das operações
de limpeza e de recuperação da área atingida, ao mesmo tempo que elimina ou reduz
os lucros da empresa, o que também funciona como exemplo para as outras empresas
a atuar no mesmo ramo de atividade e as pode incentivar a adotar medidas adicionais
de segurança para evitar acidentes idênticos no futuro.

No entanto, nem sempre é possível identificar facilmente o agente responsável por um


dano

Pág. 27
ambiental, o que dificulta ou impossibilita a imputação do facto concreto ocorrido a
um agente

específico, seja porque não se consegue identificar a origem do dano, seja porque não
se consegue com um mínimo de certeza jurídica estabelecer um nexo de causalidade
entre o dano ocorrido e o comportamento do agente.

A dificuldade de efetivar a responsabilidade por um determinado dano pode ser


exemplificada com o denominado «dano ambiental acumulado». Este ocorre quando
um dano sobre o ambiente é provocado pela ação conjunta de vários agentes, cujos
comportamentos individuais não seriam, em si mesmos, aptos para o produzirem, pelo
que o dano ambiental resulta da sucessão e da acumulação de vários comportamentos
individuais.

Um exemplo de dano ambiental acumulado é aquele que resulta da poluição


atmosférica gerada pela circulação dos automóveis. Neste caso, o condutor de um
automóvel não pode ser responsabilizado pela poluição existente, uma vez que o
dióxido de carbono produzido pelo seu veículo pode ser absorvido naturalmente pelo
ambiente; no entanto, as emissões poluentes do seu automóvel quando combinadas
com aquelas produzidas por milhões de outros condutores e automóveis têm um forte
impacto sobre o ambiente. Apesar disso, e uma vez que cada conduta individual não é
suficiente, nem bastante, para produzir o dano, não é possível penalizar um condutor
pela poluição existente; por isso, em alternativa, parece preferível a adoção de
medidas preventivas que limitem a utilização do automóvel, como a aplicação de taxas
e impostos sobre a circulação automóvel ou a potência dos automóveis, ou que
incentivem a utilização de tecnologias menos poluidoras, de modo a que a diminuição
das emissões individuais possa influenciar o resultado agregado das emissões
poluentes. Deste modo, embora não seja possível penalizar os agentes pelos danos
provocados, continua a ser possível adotar medidas que protejam o ambiente e
assegurem algum tipo de responsabilização dos agentes.

A alínea f) do artigo 3.º da Lei de Bases da Política de Ambiente enuncia do princípio da


responsabilidade, defendendo que todos aqueles que «com dolo ou negligência,
provoquem ameaças ou danos ao ambiente» devem ser responsabilizados.

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7. Indique e caracterize os modos de participação dos particulares na elaboração
de planos de ordenamento do território.
Resposta: O modo de participação dos particulares na elaboração do ordenamento do
território, na lei de bases encontra-se no artigo 21º n1 e 2 “IGT, vinculativos dos
particulares” art.13º Lei de Bases – 48/98 de 11/8. No ponto de vista jurídico, o artigo
6º do DL 380/99 (gerais) consagra o direito de participação. Este encontra-se
intimamente ligado com a justa ponderação de interesses públicos e privados, facto
que surge como o reforço do princípio democrático e corolário de principio da
imparcialidade da administração. No que concerne a participação propriamente dita
definida no artigo 21º da Lei de Bases que todos os IGT submetidos a prévia apreciação
pública.
Está consagrado no art.6 do IGT, com remissão para o art. 21º da Lei de Bases e na CRP
nos art. 52n3, 267/1, art 48º n2 CRP e art. 8 do CPA. No entanto, os IGT vinculativos
nos particulares estão sujeitos a mecanismos reforçados de participação dos cidadãos,
nomeadamente através de formas de concentração dos interesses do art. 3º n2 da Lei
de Bases. O presente normativo, não faz qualquer referência a formas de participação
de particulares no proceder de elaboração nos IGT, mas deve entender-se que são
admitidas as várias formas de participação dos interessados (participação subjetiva ou
objetiva; individual ou coletiva; direta ou indireta).
8. Entre instrumentos de gestão territorial existe um princípio de hierarquia e
especialidade?
Resposta: Existe sim. Há uma relação entre os IGT, no qual uma sobreposição
territorial de planos e existência de um princípio da contracorrente entre os planos
(nº2 do artigo 20 e 23 do DL 380/99). O critério cronológico, o da especialidade e o da
hierarquia são critérios tradicionais de resolução de conflitos entre normas. O critério
da especialidade, em regra, prevalece o geral sobre o especial. No âmbito dos planos
existe o princípio da hierarquia onde se enquadram a compatibilidade e conformidade
e admissão da sua flexibilidade, ou seja, a coordenação das intervenções. O princípio
da contracorrente visa a obrigação de um plano hierarquicamente superior e mais
amplo (art. 20º n2 do DL 380/99 – tomar em consideração as disposições de plano
hierarquicamente inferior e abrangente de uma área mais restrita). Por fim, o principio
da articulação tem como objetivos a compatibilidade reciproca entre planos que não

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estão ligados por hierarquia, traduzindo-se na proibição da coexistência de planos com
disposições contraditórias (art. 23/6).

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