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FDUL 2017/2018
Com base nos manuais dos Professores Lebre Freitas, Rui Pinto e
Marco Carvalho Gonçalves, aulas teóricas do Professor Miguel
Teixeira de Sousa e elementos de estudo da Professora Ana Leal
Lebre Freitas – LF
Rui Pinto – RP
Ana Leal – AL
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1. Agente de Execução
Rompendo com o esquema de 1961, a Reforma de 2003 fez surgir esta figura que
costuma ser apontada como um misto de profissional liberal e de funcionário
público que liberta o juiz de praticar actos rotineiros e de mero expediente. Sendo
ainda um entidade privada dotada de ius imperii. Até 2009 foi referenciado como
solicitador de execução, só a partir da mesma data passou a “agente de execução”.
Ele na verdade poderá ser um advogado ou um solicitador em regime de profissão
liberal remunerada. Noutros casos, poderá ser um oficial de justiça (veja-se o art.
722º do CPC).
O agente executivo tem a seu cargo a generalidade das diligências executivas. Quer
isto dizer que, desde a Reforma de 2008, o juiz tem visto os seus poderes a serem
mitigados, a ponto de se falar numa “desjudicialização do procedimento” (assim
refere MTS). RP, no entanto, refere que permaneceu, apesar de tudo, um poder
residual de controlo passivo (a título principal ou acessório) na esfera do juiz. Nisto
discorda Eduardo Sousa e Helena Cabrita, afirmando que o juiz mantinha um
poder geral de controlo – apontando como argumento o art. 265º CPC. RP ressalva
ainda que o juiz readquire o que perdeu para o agente com a mais recente reforma,
onde o legislador procurou respeitar o imperativo constitucional do art. 202º/2 da
CRP. Dedicaremos um capítulo ao juiz adiante.
2
Quanto à substituição, o antigo CPC garantia uma livre substituição operada pelo
exequente e ainda a destituição pelo órgão com competência disciplinar quando
houvesse fundamento em actuação dolosa ou negligente a nível processual ou por
violação grave de deveres impostos pelos estatutos. Hoje, dispõe o art. 720º/4 do
CPC (mais o art. 38 da Portaria 282/2013) que é necessário haver justificação por
parte do execuente, sendo que os efeitos produzem-se a partir da data da
comunicação. O fundamento para a alteração assenta na ideia deste agente ser um
órgão imparcial e independente que serve interesses públicos, não podendo ficar
condicionado ao livre arbítrio do exequente, neste sentido diz-nos Lurdes Mesquita
que colidia com a imparcialidade e independência do agente, causando ainda
dúvidas sobre a natureza da relação jurídica entre agente e exequente. Ainda neste
âmbito, RP apresenta uma crítica face ao 720º/4 do CPC, por esta solução legal não
conferir ao executado meios processuais que lhe permitam afastar o agente de
execução – havendo aqui uma violação da igualdade. A lei também não resolve a
questão de saber se o agente pode ou não responder ao pedido e ainda se o juiz pode
intervir. Pelos vistos não, pela letra da lei, ao referir que a produção de efeitos
começa com a data da comunicação. O espírito da lei também indicia que foi
propositado deixar o juiz fora da relação interna entre exequente e agente de
execução. Parece assim que, na prática, há uma livre substituição sendo as razões
indicadas na fundamentação consideradas processualmente irrelevantes. Ressalva-
se, com Lurdes Mesquita, que nada impede de o agente recorrer aos meios comuns
para combater as “ofensas ao bom nome”, com a reposição da verdade e com o
ressarcimento de danos pelos prejuízos sofridos. Deixamos aqui a anotação de que é
possível o executado proceder à oposição da execução, ainda que sem a
competência para destituir o agente de execução.
Os deveres do agente de execução são: de legalidade (não colidir contra lei expresa,
não usar meios ou exepedientes ilegais), de imparcialidade e independência, de
diligência (não praticar actos inúteis, de informação, de sigilo e de organização.
Existem ainda aqueles deveres diabólicos para cumprir prazos. A violação destes
deveres podem ser fundamento para que ele seja destituído pelo exequente ou ainda
pela entidade com competência disciplinar.
Sobre a natureza jurídica desta figura: AL refere-nos que é uma figura híbrida,
reúne características de profissional liberal e de oficial de justiça. O agente não tem
qualquer relação laboral ou hierarquica com o Estado ou com o juiz, ele não é um
funcionário público. Já sobre a natureza da relação entre o mesmo e o exequante, ela
é contratual, há ainda uma vinculação do agente de execução (dentro dos limites
legais) às indicações do exequente ( veja-se o art. 751º/2 do CPC). AL diz-nos ainda
3
que ele é um auxiliar do Estado, escolhido (pelo exequente) por via de um negócio
jurídico processual e unilateral. Nas palavras de LF, o agente é um misto de
profissional liberal e funcionário público (no sentido de auxiliar de Justiça). A
Jurisprudencia andou à batatada sobre a questão de saber se é ou não um mandatário
do exequente. Inicialmente considerou-se que sim, hoje a maioritariamente não, a
própria lei acolheu o sentido de não ser. É o que faz mais sentido, como refere RP,
há que atender ao facto de o agente de execução ter um especial dever de
independência e imparcialidade, afastando-o da figura de mero mandatário.
2. Título Executivo
2.1. Noção, Função e Natureza da Figura
O título executivo é uma condição necessária (neste ponto não se colocam dúvidas
doutrinárias) para a acção executiva, não há execução sem título e este tem de
acompanhar o requerimento inicial, salvo execução processada nos autos da acção
declarativa, em que se insere o próprio título. Dúvidas levantam-se na consideração
como “condição suficiente” da acção executiva. Segundo LF, não deve ser
entendida de forma absoluta a ideia de que “dispensa-se qualquer indagação prévia
sobre a real existência ou subsistência do direito a que se refere”, mas antes: “a
obrigação exequenda tem de constar do título e a sua existência é por ele presumida,
só nos termos que se deixam referidos podendo ser ilidida tal presunção4, salvo
recurso à acção declarativa de embargos de executado”. MCG, por sua vez, defende
que o título executivo apresenta uma “eficácia incondicional”, pois dá início à acção
executiva sem necessidade prévia de demonstraçã odo direito e apenas enconra
limites em face da eventual iniciativa do executado.
1
Para que este trabalho pareça rigoroso: nulla executio sine titulo.
2
RP afirma tratar-se antes de um elemento integrante da relação jurídica – uma condição de acção
(neste sentido o AC do STJ 4/04/2006). Excluindo a possibilidade de ser um pressuposto processual
específico.
3
A prestação mostrar-se certa, exigível e líquida. Tendo carácter material, intrinsecamente condicionam a
exigibilidade do direito.
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Falamos aqui de uma presunção de direito (como a presunção de titularidade do direito real com base na
posse).
4
A acção executiva começa com o acertamento5 e este está contido no título
executivo e por isso o título executivo é a base da execução. Quer isto dizer que ele
determina os fins e limites da acção executiva (art. 10º/5 do CPC), assim como o
tipo de acção, o seu objecto6 e a legitimidade (activa e passiva) para ela (art. 53º/1
do CPC).
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Significa que a pretensão material está acertada, não existem mais dúvidas ou controvérsias no processo
de execução; dá-se por provado.
6
Havendo dúvidas, o título não é exequível e o credor tem de recorrer previamente a uma acção
declarativa de condenação ou simples apreciação.
7
Para LF.
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executados, cada um no seu processo. Em suma, o título executivo documenta os
factos jurídicos que constituem a causa de pedir, sem que ele se torne nela8.
2.2. Classificação
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AC do TR de Coimbra de 17/06/2014 e AC do STJ 10/12/2013.
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2.3. Espécies
Não são espécies animais, mas podiam ser. O art. 703º do CPC apresenta uma
enumeração taxativa (numerus clausus) dos títulos executivos que podem servir de
fundamento à acção executiva. Consequentemente, as partes não podem
convencionar outras com força executiva a um determinado documento9. Ora refere
Antunes Varela, a lei considera ser de interesse público e por isso exige-se um
mínimo de garantia nas situações em que se recorre a medidas coactivas, para actuar
sobre o património do executado, a exigência é em termos de prova. Mas nada obsta
a que suceda o inverso, onde por convenção as partes pretendam não atribuir força
executiva a um documento que a lei atribua essa força. RP alerta, no entanto, que
não pode haver lugar a interpretações extensivas ou analogias, dada esta norma.
Sobre a enumeração:
Para a sentença ser exequível, é necessário que tenha transitado em julgado – que
ela seja insusceptível de recurso ordinário ou de reclamação (art. 628º do CPC),
salvo se contra ela tenha sido interposto recurso com efeito meramente devolutivo
(art. 704º do CPC). Efeito meramente devolutivo significa que é possível executar a
9
Sob pena de indeferimento do tribunal; o tribunal indefere liminarmente (ou supervenientemente) o
requerimento executivo por falta de pressupostos essenciais à acção executiva.
7
decisão recorrida na pendência do recurso. Hoje é essa a regra no recurso de
apelação (art. 647º do CPC) e existe sempre no recurso de revista. Refere-nos,
também, Castro Mendes que todos têm efeito devolutivo.
Nos recursos com mero efeito devolutivo, a acção executiva é, por natureza,
provisório e irá sofrer consequências da decisão da causa que seja proferida em
instâncias superiores. Veja-se:
Se pelo tribunal de recurso houver uma decisão e esta seja objecto de recurso para
um tribunal superior:
O executado pode pedir para que, na pendência do recurso, a acção executiva seja
suspensa, desde que pague caução, destinada a garantir o dano. No caso de decisão
confirmativa da decisão recorrida, o exequente sairá prejudicado com a demora da
execução e assim garante esse dano – em equiparação com a situação do executado
que se opõe à execução (art. 704º/5 do CPC). Com fundamento em a execução lhe
causar um prejuízo considerável, pode o réu condenado pedir, logo ao interpor
recurso, o efeito suspensivo da execução, “contra prestando” caução (art. 647º/4 do
CPC). As cauções, qualquer uma delas, são prestadas nos termos gerais (façam
anotações) dos arts. 623º do CC e 906º e ss do CPC.
A confirmação é essencial para a execução mas também, num plano maior, para
qualquer outro efeito de Direito (Registo, Civil, Processo Civil), com a única
ressalva da sua invocabilidade em tribunal como meio de prova, a apreciar
10
A vida está difícil por isso, com ordem em ganhar dinheiro com direitos de autor, remeto para os
apontamentos rasca de DIP e DUE para compreender esta difícil matéria do que é um tratado ou
regulamento comunitário.
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livremente pelo julgador (art. 978º/2 do CPC). Para haver esta confirmação é
necessário que se verifiquem os requisitos do art. 980 do CPC:
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O Autor refere que no âmbito da Convenção de Lugano e do Regulamento de Bruxelas I, existem
normas específicas e que só há reconhecimento se essas normas específicas forem respeitadas
(estendendo a normas específicas do ordenamento português, art. 28º da Convenção). Não havendo
recurso a conceitos abertos.
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LF estende esse entendimento a “que seja também feito em tempo útil”. Efectivamente não basta ele
ser citado, ele tem ter algum tempo para efetivar a sua defesa. Sendo de acordo com a nossa CRP e
constando do art. 27º/2 da Convenção de Lugano.
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depositários, agentes de execução ou liquidatários judiciais. São também aqueles
que ordenem providências cautelares que não sejam executadas por tipo executivo
previsto nos autos de procedimento cautelar.
Eles são títulos extrajudiciais assim como os títulos de crédito. São negociais pois
não se formulam em juízo e são negócios jurídicos produzidos extrajudicialmente.
São títulos executivos (art. 703º/1 b) do CPC). São exarados por notário
(documentos autênticos) o testamento público e a escritura pública. Autenticados
por notário são aqueles não exarados pelo mesmo, mas que são posteriormente
levados, na presença das partes, para que este ateste a conformidade da sua vontade
com o conteúdo. Veja-se, para exemplo do último caso, a hipótese de testamento
cerrado, aprovado por notário (art. 2206º/4 do CC).
Para a questão dos contratos de mútuo (como documento particular), sendo eles
escritos (art. 1143º do CC), assinados pelas partes, exarados ou autenticados por
notário ou advogado, cabe ver se eles estão abrangidos pela regra do art. 46º/1 c) do
CPC de 1961 que esteve em vigor até Setembro de 2013. Se o caso estiver
abrangido neste período temporal, ter-se-á que discutir a questão dos títulos
executivos forever, questão abordada por MTS (significa Miguel Teixeira de Sousa,
não Joana, não significa muitos), havendo dois caminhos a optar: i) Desconsiderar a
possibilidade de serem títulos executivos (norma transitória assim o define e o CPC
atual não os inclui no elenco taxativo do art. 703º); ii) Considera-los como títulos
executivos pelo facto de estarem ao abrigo de antiga norma que conferia essa
exequibilidade, não tendo as normas transitórias acautelado a segurança e
certeza/confiança dos/nos negócios antes de Setembro de 2013, pois os devedores
não quiseram vir assumir as dívidas, novamente, com essa força de exequibilidade,
acrescendo ainda a jurisprudência do STJ e das Relações que já se pronunciaram
pela inconstitucionalidade dos preceitos transitórios – nesse sentido, são títulos
executivos forever. De nossa parte, somos pessoas de Lei (e cumpridoras, claro),
havendo norma expressa que exclui (melhor, não inclui) estas coisas de serem título
executivo, então não o são. Mas para quem achar que a segunda opção tem razão,
13
Em sentido contrário, para o caso de constituição de dívida que o testador impõe ao sucessor, defendeu
Eurico Lopes Cardoso que seria título executivo, o acto de aceitação da herança. O que é errado.
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Diferentemente do que acontece em ordenamentos estrangeiros, como o Alemão e o Italiano, o nosso
Direito não distingue as modalidades de obrigação para restringir as possibilidades da confissão formar
título executivo. Sendo exequíveis quaisquer modalidades de obrigação, no caso da confissão.
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para mais desenvolvimentos terá que dissertar sobre a aplicação retroativa da lei
processual, articulando com a (eventual) possibilidade da CRP permitir, nos
parâmetros de um Estado de Direito Democrático, terá que argumentar a falta de
previsibilidade, a gravidade da consequência e poder referir que estamos perante
uma insegurança que não é tolerável por violar as expectativas jurídicas. Nesse
sentido terá que atender a outros fatores ainda, nomeadamente se existem outros
valores que se possa sobrepor a essa eventualidade destes documentos particulares
não configurarem títulos executivos. Contra-argumentando estes últimos trechos (da
Relação de Évora), veio o IPPC referir: i) não é uma situação de retroatividade
própria, mas sim de aplicação imediata do novo CPC; ii) não existem relações
duradouras imutáveis; iii) questionar se a consideração de documentos particulares
configurados como títulos executivos é motivo para gerar uma expectativa
(legitima) que faça manter viva uma norma que o ordenamento procurou eliminar
(?); iv) executado fica ad eternum nessa eventualidade? A posição de executado
também merece tutela, tendo igualmente direitos assim como o exequente (num
processo de partes); v) A comissão de revisão do processo civil, com esta alteração,
pretendeu afastar os documentos particulares pelo facto de eles não oferecerem
garantias suficientes para garantia de dívida (a ser realizada coativamente na acção
executiva); vi) ida em conta com o reforço da (progressiva) tutela do consumidor
(em especial nos contratos de mútuo). Por estes últimos motivos não configuramos
esses documentos como amigos ou títulos forever. Neste sentido parece indicar
MTS, como ser o caminho a seguir.
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causa da relação jurídica subjacente, o título vale como documento particular
respeitante à relação jurídica subjacente. Se não constar a causa, há que distinguir se
estamos perante uma obrigação que provem de um negócio formal ou não. Se sim,
não há título executivo, uma vez que a causa é um elemento essencial deste. Se não,
já possuímos título executivo.
Estes tipos têm sido classificados como títulos judiciais impróprios, porque são
formados no processo mas não resultam de uma decisão judicial. Atenta-se ao
disposto do art. 703º/1 d) do CPC, alguns títulos executivos resultam de disposição
especial na lei. Veja-se o art. 944º/5 do CPC, no processo de prestação de contas,
o título executivo são as próprias contas apresentadas pelo réu – quando o autor faça
requerimento ao réu para que este pague a importância do saldo que esteja a favor
do primeiro (caso exista esse saldo). Outro exemplo é o caso do processo de
injunção, do DL 269/98 e do DL 32/2003, nos termos do art. 1º do primeiro
diploma e o art. 2º do segundo diploma.
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O título é um pressuposto formal da acção executiva, por isso ele (ou cópio dele)
deve, em regra, acompanhar o requerimento inicial de execução – art. 724º/4 do
CPC. Salvo a aplicação do art. 85º/1 do CPC, onde é apresentado nos autos da acção
declarativa. Se o requerimento não vier acompanhado do título executivo? Alberto
Reis defende que o juiz deve proceder ao indeferimento liminar. Mas LF refere que
se deve atender ao princípio da economia processual e proferir antes um despacho
de aperfeiçoamento (art. 726º/2 do CPC), num convite a corrigir a situação, de
forma a suprir a irregularidade – apresentado o título em falta ou a corrigir o
requerimento.
Ressalva-se que pode haver lugar ao indeferimento, no caso de haver uma manifesta
insuficiência do título. O art. 726º/3 acautela que, se o autor pedir mais do que
aquilo que consta do título, há um indeferimento parcial, naquilo que está em
demasia.
Ainda no mesmo ponto, no caso de o autor deduzir vários pedidos e nem todos
constarem do título, aplica-se a mesma lógica: o juiz deve convidar a aperfeiçoar a
petição inicial, desde que a insuficiência não seja manifesta.
Se, entretanto, o executado for citado e a petição devia ter sido recusada, indeferida
ou mandada aperfeiçoar, ele pode desde logo deduzir oposição à execução (art. 729º
a) do CPC).
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Ao contrário do título executivo que reveste natureza de condição formal da acção; MTS considera que
é a “exegibilidade intrínseca”.
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779º do CC); ii) prazo é incerto e a determinar pelo tribunal (art. 777º/2 do
CPC); iii) constituição da obrigação foi sujeita a condição suspensiva (arts. 270º
do CC e 715º/1 do CPC); iv) quando haja sinalagma e o credor não satisfez a
contraprestação (art. 428º do CC), aqui a própria lei processual equipara esta
falta de realização às situações de pura inexigibilidade (art. 715º do CPC).
C) Liquidez: quando está apurado o quantitativo da prestação16.
Por ser integrada na causa de pedir, a sua falta gera improcedência do pedido
(precisamente por ausência de causa de pedir). No entanto, na acção executiva, é
presumida pelo título. Se ela não for exigível, a execução é extinta – por falta de
condição material do seu objecto material (da relação material de dívida ou de
prestação). RP reforça não se tratar de um pressuposto processual.
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Exemplo de um acidente de viação que resulta para a vítima a perda de vencimentos durante um
período de doença a determinar.
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ainda que judicial, não estando dependente de contraprestação, nem o credor em
mora.
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Sobre o que é a interpelação: é o acto pelo qual o credor comunica ao devedor que deve efectuar a
prestação.
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dado o seu alcance genérico. Ressalva-se que: se o devedor tiver impedido a
interpelação prévia, a interpelação considera-se feita na data em que
normalmente ocorreria a obrigação vencida (art. 805º/2 c) do CC).
Pode-se dizer que um acto do Estado, na esfera dos particulares, deve estar
determinado a nível qualitativo e quantitativo, no seu objecto. Isto é assim para a
produção de um título judicial com valor de caso julgado, como para a imposição
unilateral de actos materiais. A regra é a não admissibilidade de dedução de
pretensões genéricas (art. 556º do CPC), porém são admitidos, numa restrição,
perante o art. 713º do CPC (pedidos genéricos, ilíquidos ou quantitativamente
indeterminados). Mas a fortiori não se poderão admitir pedidos qualitativamente
indeterminados.
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D) Escolha da prestação pelo devedor ou por terceiro – ao devedor é o regime
supletivo (arts. 539º, 543º/2 e 714º/1 do CPC). Na falta de escolha deste,
devolve-se ao credor a escolha, art. 714º/3 do CPC e at. 548 do CC. LF diz-nos
que, se a escolha couber ao devedor, mas o prazo convencionado para a escolha
estiver plenamente esgotado à data do requerimento executivo a devolução da
escolha ao credor deu-se mesmo antes da acção executiva. Cabendo a terceiro,
este é notificado para a efectuar, art. 714º/1 do CPC.
Sobre os juros de mora, vencem-se conforme o art. 806º/1 do CC, a partir do dia de
constituição em mora do devedor, ou seja, quando por causa que lhe seja imputável,
a prestação, ainda possível não foi efectuada no tempo devido (art. 804º/2 do CC). A
mora ocorre: i) sendo obrigação pura, depois de o devedor ter sido judicial ou
extrajudicialmente iterpelado para cumprir; ii) no termo do prazo certo para as
obrigações sujeitas a prazo; iii) de imediado – se, por um lado a obrigação de facto
ilícito ou, por outro, se é o própro devedor a impedir a interpelação, considerando-se
interpelado em data que normalmente teria ocorrido.
Quanto à taxa de juro aplicável é a legal (art. 806º/2 do CC mais Portaria 291/2003
de 8 de Abril, mais art. 559º/1 do CC) = 4%. Mas isto salvo convenção das partes
em que se estipule um juro moratório mais elevado que o legal, com a exigência de
ser por escrito (art. 559º/2 do CC). Os limites aos juros são as regras da usura e do
anoticismo: arts. 559º-A, 560º e 1146º do CC.
Procedimentos de liquidação:
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A) Por simples cálculo aritmético: assenta em factos que ou estão abrangidos pela
segurança do título executivo ou são factos que podem ser oficiosamente
conhecidos pelo tribunal e agente de execução. Em termos gerais: factos
notórios, de conhecimento resultante do exercício das suas funções ou que o
próprio regime permita esse conhecimento (art. 5º/2 c) e art. 412º do CPC). O
autor não tem de alegar aqueles factos para efeitos de prova. A liquidação por
simples cálculo aritmético deve ser feita pelo exequente no requerimento
executivo (art. 724º/1 h) do CPC). Esta liquidação é constituída por uma
especificação no requerimento executivo dos valores que o exequente considera
compreendidos na prestação devida e pela conclusão do requerimento executivo
com um pedido liquido (art. 716º/1 do CPC). Contudo, este valor liquidado pode
ser impugnado em sede de oposição à execução;
B) Por incidente de liquidação: aqui não depende de cálculo aritmético, mas
implica um cálculo aritmético. Em suma assenta em factos que não estão
abrangidos pela segurança do título executivo, não são notórios e não são de
conhecimento oficioso – são passíveis de controversão. Assim, eles carecem de
um acertamento judicial (incidente de liquidação). O credor tem o ónus de
indicar o valor que lhe parece adequado aos factos e o devedor tem o ónus de
contestar quer os factos, quer o valor concluído. O STJ já considerou que a
liquidação incidental visa não o apuramento do que se tenha como novos ou
outros prejuízos mas a determinação do valor dos já considerados.
4. Pressupostos Processuais
MTS: os pressupostos processuais, na acção executiva, condicionam a
admissibilidade das medidas coativas necessárias à realização da prestação.
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internacionalmente competentes para conhecer de uma ação executiva, quando se
verifique uma conexão suficientemente forte com o ordenamento português a ponto
de nele ser permitida a adoção de providências adequadas à realização coativa de
uma obrigação (art. 10º/4 do CPC).
Dispõe o art. 59º do CPC que, quando está em causa uma situação plurilocalizada,
os tribunais portugueses são competentes quando se verifiquem os elementos de
conexão evidenciados nos arts. 62º e 63º, ou ainda do art. 94º do CPC.
Se este Regulamento não for aplicável, aplica-se o regime dos arts. 62º, 63º e 94º do
CPC. Segundo o art. 63º d) existe exclusividade de competência quando haja
execução sobre bens imóveis situados em território português. Observa RP, que este
último preceito encontra-se parcialmente afastado pelo atual art. 24º/5 do
Regulamento nº 1215/2012. Ainda sobre o mesmo preceito, MCG e LF referem que
estão igualmente incluídos os casos de direitos reais menores de gozo sobre os
imóveis e a compropriedade.
Convém salientar que o art. 94º do CPC, terá aplicação quando não haja
competência exclusiva. Quer isto dizer, poderá haver competência convencional
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(recurso a pactos de jurisdição) está apenas disponível na ausência de competência
exclusiva internacional.
Dispõe o art. 60º/1 que é feita uma repartição entre: matéria, valor da causa,
hierarquia judiciária e o território.
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Sobre esta querela, defende Amâncio Ferreira que, para a acção executiva, apenas se aplicam os
princípios da coincidência e da necessidade.
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estende-se igualmente à execução das decisões proferidas pela secção cível da
instância central (nº3). Têm competência executiva própria, na instância central,
para execução das suas decisões, os casos: dos arts. 111º/2, 112º/2, 113º/2, 122º,
126º/1 m) e 128º/3 da LOSJ – das matérias já elencadas.
4) Em razão do território: a regulação está prevista dos arts. 85º a 90º do CPC,
mas é de referir a aplicação subsidiária dos arts. 70º a 84º (em relação ao
processo declarativo). Veja-se ainda, em caso de cumulação de pedidos os arts.
709º/2 a 4 e 56º/3 do CPC.
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No primeiro caso, é competente para a execução o tribunal da comarca em
que foi julgada em primeira instância, art. 85º/1 e 2, a justificação desta
norma reside no facto de a execução de decisão judicial condenatória correr nos
próprios autos, – isto ainda que a sentença proferida tenha sido revogada em
recurso e por isso se execute a decisão de um tribunal superior. Temos de
assinalar que o art. 85º já passou por muito, pobre coitado, antes de 2003
consagrava o princípio da coincidência plena da competência declarativa e da
executiva. No pós 2003, consagrou a estrita coincidência territorial. Hoje temos
uma regra geral a que RP faz uma consideração de iure condendo, pois seria
vantajoso a possibilidade de o credor optar entre estes critérios actuais e o lugar
da situação dos bens que entendesse mais convenientes para a penhorar – mas,
creio eu, que isto coloca dúvidas em termos de forum shopping na escolha de
tribunais, mas eu sou humilde e não percebo muito disto.
Perante outros títulos executivos que não sejam decisões de tribunais judiciais e
de tribunais arbitrais – aplicamos a regra residual do art. 89º do CPC. Há que
distinguir:
1) Se a execução foi para entrega de coisa certa ou por dívida com garantia real
– art. 89º/2 do CPC – é competente o tribunal onde a coisa se encontre ou
situe.
2) Nos restantes casos, execução por dívida pecuniária ou de prestação de facto
sem garantia real, é competente o tribunal do lugar do domicílio do
executado ou, em alternativa, tratando-se de ação movida contra pessoa
coletiva ou em que exequente ou executado tenham domicílio na área
metropolitana de Lisboa e Porto, o tribunal do lugar onde a obrigação deva
ser cumprida (art. 89º/1 do CPC).
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4.2. Relativos às partes
4.2.1. Sobre a Legitimidade
Trata-se de saber quem é parte legítima. Aqui é simples, basta olhar para as partes e
para o título executivo.
Na sucessão (inter vivos ou mortis causa), quer do lado passivo como ativo, a acção
deve ser promovida contra os sucessores das pessoas que figuram no título
executivo, aí o exequente tem de alegar os factos constitutivos da sucessão (art.
54º/1 do CPC), no próprio requerimento para execução. A explicação deste preceito
tem como base, precisamente, proteger a contraparte, para não ter de promover nova
acção declarativa – e por isso se forma, perante ele, caso julgado (art. 263º/3 do
CPC) –, para não perder o efeito prático pretendido (e não transmitir o seu direito a
terceiro) e ainda por ser uma manifestação do princípio da economia processual.
Cabe contudo, ao exequente, provar liminarmente, os factos constitutivos que alega.
Se a sucessão ocorrer na pendência do processo executivo, é o incidente de
habilitação o meio adequado para a fazer valer, observando-se as normas dos arts.
351º a 355º, do 356º e 357º do CPC, com as necessárias adaptações. Não será
necessário aplicar o incidente de habilitação se a sucessão ocorrer antes da
propositura da acção executiva, basta que se faça prova dos factos constitutivos
(transmissão do direito litigioso, sub-rogação ou morte de uma das partes), como
referido.
19
Entende-se que, se no título executivo não constarem os nomes tanto do credor como do devedor, há
inexistência do título.
24
Assim, o regime muda consoante a sucessão opere antes da acção executiva ou na
pendencia. Antes: art. 54º do CPC. Na pendência: arts. 351º a 357º do CPC. No caso
de haver uma sucessão mortis causa e a execução a correr apenas contra um ou
alguns dos herdeiros, cabe-lhe (lhes) a este (estes) alegar em sede de embargos de
executado, a existência de outros herdeiros não demandados, estando perante uma
exceção dilatória de ilegitimidade.
LF, no entanto, refere que se trata de um ónus de excecionar cuja não realização faz
precludir um direito processual de exercício potencial. A oposição realiza-se por
meio de embargos. O executado apenas poderá opôr-se após a sua
citação/notificação.
Importa referir que se inicia com o art. 147º/2 do CPC e obedece às formalidades do
art. 552º do CPC. A não utilização não faz operar o mecanismo da revelia nem
quaisquer efeitos probatórios. Trata-se de um regime excecional, dado o art. 728º/ 3,
face ao art. 139º/3 e pela não aplicação do art. 569º/2, todos do CPC.
5.1.Natureza Processual
Relativo a este aspeto são debatidas 3 hipóteses: i) uma acção constitutiva; ii) uma
acção de simples apreciação negativa de um pressuposto processual; iii) ou uma
20
Brevemente solidificada pela doutrina como um fenómeno de natureza suis generis, doutrina esta
iniciada, com merecido aplauso da nossa parte, por Nuno Alexandre Salpico. Até lá, a nossa doutrina
maioritária andará a leste.
25
acção de simples apreciação negativa da dívida exequenda ou dos seus termos21. RP
refere que tratar-se de uma figura “zebra”, isto é, estamos perante uma acção
constitutiva, por um lado, mas perante uma acção de simples apreciação negativa,
por outro. Com apoio a esta tese híbrida ou mista, invoca o Professor o art. 732º/4 e
5 do CPC.
5.2.Fundamentos
i) Na execução de sentença de tribunais estaduais (art. 729º do CPC, o preceito
é taxativo):
a) Falsidade (art. 372º CC), cujas modalidades podem ser: ideológica ou
material, nesta última está o caso da contrafação. Tem por objecto todo o
processo declarativo, a sentença ou o traslado. A falsidade deve ser
arguida nos termos dos arts 446º a 450 do CPC. Ela pode ser de
conhecimento oficioso se for evidente em face dos sinais exteriores do
processo ou do traslado (art. 372º/3 do CC);
26
art. 188º do CPC e, há nulidade nos casos do art. 191º/1 do CPC. A falta
de citaçã apenas fica sanada se o réu intervir no processo sem arguir a
besta (art. 189º do CPC). Sobre a nulidade da citação, tem prazo (art.
191º/2 do CPC). A falta é de conhecimento oficioso (art. 196º do CPC) e
a nulidade tem de ser arguida pelo réu (art. 197º/1 do CPC),
consequências disso: falta = fundamento de indeferimento liminar;
nulidade = mera arguição nos embargos. Ressalva-se que estamos aqui a
falar de citação em termos de acção declarativa. Na acção executiva há,
de imediato, fundamento para anular a execução (art. 851º do CPC);
27
impeditivos, porém estes devem estar sujeitos a este regime em apreço,
afirma LF.
28
Por isso não se suspende, nesta sede, com base no art. 272º/1 do CPC pois não foi
visado para a execução.
6. Penhora
6.1.Conceito
Por um lado é um acto processual, por outro é, igualmente, uma fase processual ou
um conjunto de actos ou sequência dos mesmos.
Convém salientar:
a) Penhora incide sobre direitos dos bens (coisas ou prestações) – é o seu objeto
imediato. As coisas são o objeto mediato, no caso dos bens imóveis e móveis;
b) Apreensão é que incide sobre coisas22.
A ter em conta os regimes do CC, arts. 817º e ss; e do CPC, 735º e ss.
6.1.1. Objeto: explica RP que são os direitos dos bens. Conceito jurídico adotado
para a acção executiva: “toda e qualquer situação jurídica ativa disponível de
natureza patrimonial, integrante da esfera jurídica do executado cuja
titularidade pode ser transmitida forçosamente nos termos da lei
substantiva”.
22
Não, não podemos apreender o Ricardo Serra, pese embora a bondade da solução de jure condendo e
utilidade dessa possibilidade.
29
6.2.Natureza
Pese embora a apreensão de bens (acto judicial) demonstre uma conotação de ius
inperii, pela apreensão dos bens (e poder coercivo do tribunal), a natureza da
penhora é definitivamente civil.
Este ponto, para tomar posição, carece de articulação com a “Preferência” como
efeito da penhora. Entende-se, na perspetiva processualista que a penhora não é uma
garantia real por ser incompatível com a função de conservação dos bens para
realização de um direito de crédito. A penhora não acompanha a transmissão do
bem, falta-lhe a sequela. O argumento para entrarmos na natureza dos direitos reais
é o art. 822º do CC, por conferir preferência, porém os Autores divergem no
entendimento desta preferência (será processual, real ou pessoal?). Pelo que
também, desculpem por manter a dúvida, pode ser argumento para não conferir essa
natureza de garantia real.
Existem argumentos para não conferir a natureza de garantia real fora o artigo
citado: i) dependência do nascimento e subsistência do direito ser de natureza
processual (não ocorrência de extinção da instância executiva) e não privatística –
argumento este que nos parece falível; ii) só se retira da penhora direitos de natureza
processual, no sentido de ela ser um reflexo da natureza pública do acto de
apreensão dos bens – argumento que nos parece igualmente falível, ora como refere
Castro Mendes, a penhora tem eficácia extraprocessual.
Podemos ainda citar uma terceira via ou teoria mista, mas não vale a pena.
Seguimos a solução processualista, parece também ser esse o caminho seguido pela
30
jurisprudência (retiro isto da crítica que LF faz no manual aos acórdãos). Não se
estranhe se não utilizarmos termos como “direito de sequela”, como vem no manual
de LF.
Esta última determina-se por exclusão de partes. Ela tem lugar quando não haja
direito de propriedade pleno e exclusivo do executado sobre coisa corpórea, nem
um haja direito real menor que possa acarretar a posse efetiva e exclusiva da
coisa móvel ou imóvel.
23
Sobre este tema remetemos para SALPICO, Nuno Alexandre, Eficácia Externa das Obrigações in tema
de melhoria a Direito das Obrigações.
31
agente de execução (art. 773º/1 do CPC). No prazo de 10 dias, o devedor
pode optar entre as seguintes estratégias:
32
a) Direito de quota em coisa comum (contitularidade de direitos reais),
é o caso da compropriedade;
b) O quinhão numa universalidade de direito (art. 743º do CPC), são os
casos da herança e meação de bens do casal, a título de exemplo;
c) Direito real de habitação periódica ou outro direito real menor que
não acarrete a posse efetiva e exclusiva do seu objeto;
d) A quota em sociedade civil ou comercial.
33
6.4.1. A função da penhora, para LF, é de garantir o interesse do credor e
satisfação do seu crédito (direta ou indiretamente). Como? Apreendendo
judicialmente os bens que constituem objeto de direitos do executado. Mas
não só. Delimita, também, o objeto dos actos executivos subsequentes e
assegura a sua viabilidade. Não estamos perante uma sanção, a função aqui é
de acautelar o exercício do direito de execução sobre o património do
devedor, daí que se diga que a função é de garantia do cumprimento da
obrigação. Neste sentido, tanto LF como RP.
6.4.2. Quanto aos efeitos:
a) Preferência – constituição de preferência a favor do exequente. A penhora
envolve a constituição de um direito real de garantia a favor do exequente (no
entender de LF). O exequente fica com o direito de ser pago com preferência a
qualquer outro credor que não tenha garantia real anterior (art. 822º/1 do CC) –
aqui discute-se a natureza jurídica da penhora, supra referida;
b) Desapossamento – segundo RP, o Estado passa a possuidor dos bens, o
executado (por sua vez) perde a posse (ou transmite-a). Isto equivale a dizer que
o executado perde os poderes de gozo que integram o direito de que ele é titular.
Passam para quem? Para o Tribunal, por via de um depositário que vai exercer
os poderes transferidos. O depositário exerce posse em nome do tribunal, este
último exerce nova posse do bem penhorado24.
c) Indisponibilidade jurídica – Os actos dispositivos subsequentes, por parte do
executado, têm como consequência um desvalor de ineficácia em relação à
execução. O executado mantém a titularidade do direito, porém este direito está
“vazio de conteúdo”. O executado perde os poderes de gozo e não pode dispor
dos bens. O art. 819º do CC não tem uma eficácia plena, isto porque a venda em
si é válida, porém é inoponível à execução. AL e RP falam numa “ineficácia
relativa ou posicional”, isto porque apenas vale para a execução. LF fala aqui de
um direito de sequela, porém não nos parece adequado usar essa expressão, uma
vez que não se trata, verdadeiramente, de uma eficácia erga omnes. Castro
Mendes afirma que é uma eficácia situacional, diversa da inoponibilidade
subjectiva. MTS faz uma ressalva, apesar de considerar a alienação (do bem
penhorado) ineficaz, ela confere uma verdadeira posição de vantagem
processual, isto porque o produto da venda pode servir para o executado realizar
o pagamento do crédito e demais despesas, extinguindo a instância. Aliás, até
um terceiro pode chegar-se à frente e pagar para extinguir a instância.
Compete verificar:
i) Em caso de bens imóveis e móveis sujeitos a registo: a venda é oponível
à penhora se for registada antes da penhora. Se gostaram de reais, ainda
24
Antunes Varela refere-nos que o executado perde a posse e não pode exercer os mecanismos de tutela
da posse, embora mantenha a titularidade do direito. Outra questão desenvolvida é o facto de, se a
penhora for levantada, a posse reinicia-se para o executado. Para efeitos de usucapião, refere-nos o
Professor que somam-se as posses, porque a posse do tribunal é derivada e há lugar a acessão de posse;
Neste sentido, também LF; Em sentido contrário está RP, apelando a uma posse civil.
34
bem porque vem o round 2, a ter em conta o Código do Registo Predial
(doravante CRPred.), art. 5º/4, sobre o conceito de terceiros;
ii) Bens móveis não sujeitos a registo: depende do auto/ notificação da
penhora. Nota: se um tipo quiser vender tudo à pressa, antes da penhora,
receando que os seus bens sejam afetados, pode-se lançar mão de uma
impugnação pauliana ou de um arresto (melhor ainda serão os dois ao
mesmo tempo, como tutela cautelar à penhora).
No caso de a penhora ser levantada, o direito adquire eficácia plena para o tipo
que comprar bens penhorados. Como se nada tivesse acontecido.
6.5.Princípios Gerais
a) Garantia geral das obrigações – em princípio incide sobre todo o património
do devedor (bens que o integram), é a sujeitabilidade da generalidade dos bens
do devedor à execução para satisfação do direito do credor a uma prestação
pecuniária (responsabilidade patrimonial). Pode incidir sobre bens do principal
ou subsidiário (caso do fiador);
b) Apenas estão excluídos os bens que a lei declare como impenhoráveis;
c) Os bens de terceiro só podem ser objeto de penhora em 2 casos – são os
casos: i) sobre eles incide direito real constituído para garantia do crédito
exequendo; ii) quando tenha sido julgada procedente impugnação pauliana de
que resulte para terceiro a obrigação de restituição dos bens ao credor;
d) Existência de desvios relativos a patrimónios autónomos – casos da
penhorabilidade subsidiária;
e) Apenas são executados bens do executado (princípio absoluto) – seja ele
principal ou subsidiário.
6.6. Diligências da penhora: questão do art. 751º do CPC
35
pelos regimes da impenhorabilidade. O que diverge é o entendimento de “deve
respeitar as indicações”. Dizem então os autores:
6.7.Impenhorabilidades
Apenas os bens do devedor estão sujeitos à execução, art. 817º do CC e art. 53º do
CPC (âmbito subjetivo da penhora). Exceção a esta regra está o caso do art. 735º/2
do CPC que admite, em casos especialmente previstos na lei, a penhorabilidade de
bens de terceiro à dívida. Porém, este terceiro para a dívida não poderá ser terceiro
para o processo sob pena de ilegitimidade. Terá que haver título executivo contra
este, assim não podemos incumprir os requisitos de legitimidade. O terceiro tem
então de ser considerado executado, caso contrário não poderemos proceder com a
penhora.
36
concretizar o preceito, Carvalho Fernandes dá o exemplo de droga e
pornografia penalmente ilícita como bens impenhoráveis por ofenderem os
bons costumes. No caso da d) está em causa a natureza religiosa. Para a e)
são impenhoráveis as coisas no cemitério, estejam elas a ser ocupadas ou
não. No caso da f) não percebo o porquê dos bancos não poderem ser eles a
penhorar, uma vez que são uma cambada de deficientes e atrasados mentais.
Estou a brincar, decorre da especial necessidade dessas pessoas cujo Direito
deve conferir especial proteção (concretização da Dignidade da Pessoa
Humana para MCG). Para a g), há que ter em conta o seu especial estatuto
cuja natureza vai além da natureza patrimonial. A ter em conta a
interpretação restritiva que o TC faz ao art. 736º do CPC uma vez que, em
certos casos, ocorrem sacrifícios excessivos para o exequente e, por isso, há
desvios ao princípio da igualdade. Deve este preceito ser rigoroso na sua
aplicação para não beneficiar o incumpridor.
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O terceiro caso é o nº3. Aqui teremos que fazer, também, algumas
considerações. Primeiro estamos a falar de bens que estão na casa de
habitação efectiva do executado. Casa de habitação efectiva, para MCG
difere de residência permanente, por isso o conceito parece a ser mais lato do
que aparenta à primeira vista. Quanto a “bens imprescindíveis a qualquer
economia doméstica” é um conceito indeterminado e carece de
concretização por via interpretativa. LF refere a necessidade de atender ao
critério da “sobrevivência do devedor”, verificar o que é essencial ao seu
sustento, segundo um padrão mínimo de dignidade social, apreciado ainda
ao nível sociocultural e económico de uma família média portuguesa. O
juízo terá de ser feito no caso concreto. Como refere RP, a ponderação não é
meramente sociológica, mas também axiológica, aferível à luz da Dignidade
da Pessoa Humana nos dias de hoje. A discórdia de RP, com LF, está em
não considerar (o primeiro autor) o conceito legal como um dado estatístico
– da família média portuguesa. Segundo RP deve-se fazer, sim, um juízo
segundo o princípio da Proporcionalidade e da Dignidade da Pessoa
Humana, até por interpretação sistemática com a lógica da penhora assentar
na medida do necessário para garantir o crédito, juizos de proporcionalidade.
A fiança ocorre (via legal ou convencional) quando um terceiro assegura, com o seu
património, o cumprimento da obrigação alheia, ficando pessoalmente obrigado
perante o respetivo credor. Tanto o devedor como o fiador são responsáveis. Trata-
38
se de uma garantia pessoal típica. Teremos de ter em conta os regimes dos arts. 627º
e ss do CC e do art. 745º do CPC.
Vejamos os casos:
39
745º/1 do CPC). Não prejudica a possibilidade dele apresentar também
oposição à penhora.
Salientamos que este regime do benefício da excussão prévia real é aplicável sendo a
garantia prestada por terceiro ou pelo principal. Mas a questão é debatida a nível da
jurisprudência.
6.9.Extensão da Penhora
6.10. O Depositário
A penhora implica, em regra, um depositário:
i) Nas coisas imóveis é o agente de execução (arts. 772º e 783º do CPC)
por aplicação subsidiária do regime a coisas móveis sujeitas a registo.
Quando as diligências de execução são realizadas por oficial de justiça,
este último designa uma pessoa (art. 756º/1 do CPC);
ii) Nas coisas móveis não sujeitas a registo é também o agente de execução
que efetua a diligência (art. 764º/1 do CPC);
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iii) Para o estabelecimento comercial, a pessoa é designada pelo juíz, quando
estiver paralisada ou deva ser suspensa a atividade do estabelecimento.
Deveres gerais resultam dos arts. 1187, 1188, 1191 e 1195 do CC. Cabe-lhe
administrar os bens ou direitos penhorados com diligência de um bom pai de
família, com o dever de prestar contas (art. 760º/1 do CPC).
6.11. Registo
6.11.1. Quando? Efetua-se com a comunicação à conservatória competente.
Acontece nos casos:
a) Imóveis ou direitos reais sobre imóveis;
b) Móveis sujeitos a registo ou direitos reais a incidir sobre eles;
c) Quota de contitular de direito que dê lugar a registo;
d) Quota ou direito sobre quota de sociedade comercial;
e) Direito ao lucro e à quota de liquidação de sociedade em nome coletivo
ou de parte social do sócio comanditado de sociedade em comandita
simples;
f) Direitos de autor;
g) Direito a patente, modelo, desenho ou marca.
Noutro grupo de casos assim não é, sendo que é obrigatório constituir registo
para o acto da penhora ser eficaz perante terceiros, mas também para ser
condição do prosseguimento do processo de execução. Falando-se aqui de
um ónus do exequente, que só tem lugar após a junção do certificado do
registo da penhora e da certidão dos ónus que incidam sobre os bens por ela
abrangida (art. 755º/2 do CPC). São os casos de:
41
a) Direito de crédito com garantia real sujeita a registo: hipoteca,
consignação de rendimentos e penhor de crédito garantido por hipoteca;
b) Direito ou expetativa real de aquisição de bem sujeito a registo;
c) Bens ou direitos sujeitos a registo que integrem o estabelecimento
comercial.
7. Meios de reacção à Penhora
7.1.Oposição por simples requerimento
Segundo RP temos aqui uma medida legal “fast food”. Independentemente do que
dissermos ao agente de execução, ele vai proceder com as diligências. A presunção
não é absoluta para o juiz. Quanto ao conceito de “prova documental inequívoca do
direito de terceiro”, RP refere “que não gere dívidas razoáveis, seja prova genuína e
evidente”, isto é, que “prove a aquisição do bem, em data anterior à penhora, pelo
terceiro” – exemplo disso é, no caso de estarmos perante sociedades comerciais, o
relatório de contas, os dados da contabilidade (por ser obrigatório terem as mesmas
organizadas), as compras e vendas registadas. No fundo, qualquer documento que
não seja dubitável aos olhos de homem comum e mortal. RP faz a ressalva de que
não se aplica este disposto a bens de estabelecimento comercial ou ao
estabelecimento comercial (doutrina e lei italiana vão nesse sentido).
Definitivamente parece a ser uma posição a seguir, tendo em conta que em inúmeros
preceitos (sistematicamente) as sociedades comerciais são excluídas da lógica da
acção executiva (veja-se o art. 737º e 738º do CPC, a título de exemplo).
Este meio pode ser utilizado tanto por terceiro como por executado, tendo o
procedimento lugar na ação executiva quando estão em causa coisas móveis não
sujeitas a registo (refere-se novamente pois passa muitas vezes despercebido). A
natureza deste meio é executiva. Quanto aos efeitos: não tem efeito de caso julgado
material (neste sentido AL). É cumulável com embargos de terceiro e acção de
reivindicação. Ressalva-se ainda o entendimento de RP: não se aplica este preceito
para terceiro defender a sua posse sobre o bem cuja penhora incide.
7.2.Oposição à penhora
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dois modos: i) oposição por simples requerimento; ii) acção de reivindição (e tutela
cautelar de reivindicação).
Quanto a efeitos desta oposição, pode gerar suspensão do processo se for prestada
caução, limitadamente, aos bens em causa e se ela for admitida.
Fundamentos de oposição:
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