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Tito Coxi

Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
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UNIVERSIDADE KIMPA VITA


FACULDADE DE DIREITO

DECLARAÇÃO DE NULIDADE E A SUB-ROGAÇÃO DO


CREDOR

Tito Coxi

Ano de Frequência: 4º Ano


Curso: Direito
Período: Laboral

Uíge, Abril/2021

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Tito Coxi
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 1
ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................................................ 2
CAPÍTULO I: NOÇÕES GERAIS DAS GARANTIAS .............................................................................................. 3
I.1. Garantia das Obrigações .......................................................................................................................... 3
I.1.1. O Não Cumprimento Voluntário da Obrigação do Devedor ................................................................. 3
I.2. Garantia Geral .......................................................................................................................................... 4
I.2.1. Seus princípios e limitações .................................................................................................................. 4
CAPÍTULO II- MEIOS DE CONSERVAÇÃO DA GARANTIA PATRIMONIAL ......................................................... 5
II.1. Declaração de Nulidade .......................................................................................................................... 5
II.2. Sub-Rogação do Credor ao Devedor ....................................................................................................... 6
II.2.1. Requisitos da sub-rogação do credor ao devedor ............................................................................... 7
II.2.2. Exercício da accão da sub-rogação ....................................................................................................... 8
II.2.3. Efeitos da sub-rogação ......................................................................................................................... 8
II.3. Declaração de nulidade versus Sub-rogação do credor .......................................................................... 8
II.3.1. Divergências ......................................................................................................................................... 9
II.3.2. Convergência ........................................................................................................................................ 9
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................11

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INTRODUÇÃO
O trabalho que nos prepusemos analisar insere-se no âmbito do direito privado
patrimonial, propriamente nos Direitos de Crédito com maior realce a declaração de
nulidade e a sub-rogação do credor como mecanismos de consistência de garantias
gerais. A possibilidade dos credores se fazerem pagar pelo património comum do
devedor, constitui a garantia geral destes.
A estas garantias quando o titular do direito ou seja, o devedor faz ou deixa de fazer
certos actos com vista a prejudicar o credor tem este último a faculdade que lhe é
atribuída pela lei de accionar certos meios de consistência desta garantia geral. Meios
estes previstos nos artigos 601.º e Ss.
Quando estes meios se fundam na legitimidade que a lei atribui aos credores de invocar a
nulidade dos actos (especialmente da simulação) praticados pelos devedores quer estes
sejam anteriores ou posteriores da constituição do crédito, denomina-se declaração, já
quando se funda na faculdade atribuída ao credor de exercer contra terceiro direitos de
conteúdo patrimonial sempre que se verifica a omissão por parte do devedor denomina-se
sub-rogação do credor ao devedor.
PROBLEMA
1.º Problema: Como é que se operam a declaração de nulidade e a sub-rogação do
credor ao devedor como mecanismos de consistência da garantia geral das obrigações?

2.º Problema: Por que é que estes dois institutos jurídicos são mecanismos de
consistência da garantia geral?
HIPÓTESES
 Dentro destas, procuramos resolver as seguintes questões:
 Fundamentos da declaração de nulidade e da sub-rogação;
 Os efeitos da declaração de nulidade;
 Os requisitos da sub-rogação;
 As vias de exercício de tais garantias.

São portanto estás e outas questões que mereceram uma análise profunda e minuciosa
neste trabalho científico que por ora é apesentado.

OBJETIVO GERAL
 Analisar a declaração de nulidade e a sub-rogação como mecanismo de
consistência das garantias gerais das obrigações a luz do ordenamento jurídico
angolano.

OBJETIVO ESPECÍFICO
 Identificar e interpretar os regimes jurídicos dos institutos em destaque bem como
os seus efeitos, requisitos enquanto meios de conservação de garantias gerais.
 Trazer melhor esclarecimento do tema que nos propusemos analisar, aos ilustres
colegas em especial aos da sala 3 e 4, 3.ºano, tarde.
 Obter uma classificação favorável, com base a análise e apresentação do tema.

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METODOLOGIA
Relativamente a metodologia empregada para alcançarmos os resultados preconizados
para uma melhor exposição do tema, importa referir que durante a elaboração do mesmo
utilizamos essencialmente o método bibliográfico como técnica de pesquisa, o que nos
permitiu no final tecer algumas considerações.

ESTRUTURA DO TRABALHO
O nosso trabalho está estruturado em dois capítulos: noções gerais das garantias e meios
de conservação da garantia patrimonial (declaração de nulidade e a sub-rogação do
credor ao devedor).
No primeiro capítulo abordamos os seguintes itens: 1. garantia das obrigações, 1.1. o não
cumprimento voluntario da obrigação do devedor; 2. garantia geral, 2.1. seus princípios e
limitaçõe. Já no segundo capítulo falamos sobre: 1. declaração de nulidade; 2. sub-
rogação do credor ao devedor, 2.1. requisitos da sub-rogação do credor ao devedor, 2.2.
exercício da accão da sub-rogação, 2.3. efeitos da sub-rogação; 3. declaração de
nulidade versus sub-rogação do credor, 3.1. divergências e 3.2. convergência.

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CAPÍTULO I: NOÇÕES GERAIS DAS GARANTIAS


I.1. Garantia das Obrigações
As garantias das obrigações do ponto de vista constitucional são analisadas na 1.ª parte
do artigo 14.º da CRA, sobre o direito de propriedade privada. Mas, redação esta não é a
mais feliz, mas temos de perceber que o termo propriedade privada tem, neste âmbito,
um sentido mais amplo do que em direito civil, devendo entender-se como sendo
património. O nosso património goza, assim, de proteção constitucional. Esta proteção
abrange os nossos direitos de crédito: o Estado tem de nos proporcionar meios para
assegurar e tutelar os direitos de crédito dos quais somos titulares, uma vez que, como
vimos, sendo as obrigações violáveis, os devedores têm a possibilidade de não cumprir,
embora não devam.

Ora, se antes era possível a responsabilidade pessoal do devedor que violava as suas
obrigações de crédito, assim, a responsabilidade já não atinge a pessoa, mas apenas o
seu património. Então, para proteger o património e os direitos de crédito do credor,
responde o património do devedor1.

Como nos diz o professor Menezes Leitão 2 , o direito de crédito, enquanto realidade
jurídica, recebe proteção do direito. Esta proteção denomina-se a garantia das obrigações
e consiste em a ordem jurídica assegurar ao credor os meios necessários para realizar o
seu direito, em caso de incumprimento pelo devedor.

I.1.1. O Não Cumprimento Voluntário da Obrigação do Devedor


As garantias das obrigações enfatizam as importâncias de uma forte garantia no
cumprimento das obrigações nas relações do credor e devedor, para que o adimplemento
seja sempre cumprido em face ao inadimplemento, tendo sempre o património do devedor
como recurso de reparação do possivél dano por via judicial, conforme se depreende do
art. 817.º do CC. Assim, o credor tem duas possibilidades: exigir judicialmente o
cumprimento (ação declarativa) ou executar o património do devedor (ação executiva).
Grosso modo, as garantias das obrigações compreende duas partes: garantia geral e
especial3. Aquelas, constituindo o cerne da nossa abordagem.

1 Princípio da responsabilidade patrimonial (cf, artigo 601.º, 617.º, 798.º). Na visão de Carlos Burity da Silva
“em regra todos os bens de uma pessoa se integram no seu património. Mas, em certos casos, seremos
forçados a concluir existir na titularidade do mesmo sujeito além do seu património geral, um conjunto de
relações patrimoniais subtido a um tratamento jurídico particular, tal como se fosse de pessoa diversa (DA
SILVA, Carlos Alberto Burity, Teoria Geral do Direito Civil, 2.ª Edição, Luanda, 2014, pp 400).
2 REGO, Margarida Lima Direito das Obrigações, Lisboa 2018, pp 122 a 123.
3 Com relação a essas garantias que não nos prepusemos analisar, compreendem aos meios destinados a

reforçar a posição dos credores uma vez que em vários casos os credores nem sempre se satisfazem
apenas com a garantia geral do seu crédito, distinguindo-se daqueles os credores preferências.

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I.2. Garantia Geral


I.2.1. Seus princípios e limitações
A garantia geral é comum a todos os credores e consiste então na possibilidade destes se
pagarem, em pé de igualdade, à custa do património do devedor, como já se tinha dito e
no âmbito do art.º 601.º do CC.
Lê-se então que pelo cumprimento da obrigação respondem todos os bens do devedor
suscetíveis de penhora. Isto porque há bens cuja penhora está limitada pelo princípio da
dignidade humana.

Este princípio encontra-se reafirmado no art.º 821.º do CPC. Dissemos em princípio


porque nem todos os bens do devedor são susceptíveis de penhora exceptuando-se o
art.º 822º CPC estão previstos os bens absolutamente impenhoráveis e no art. 823º CPC
estão os bens relativamente impenhoráveis. A ideia subjacente a este último é, tanto
quanto possível, evitar retirar ao devedor os meios indispensáveis à realização da sua
atividade profissional, até porque se o fizermos, estaremos a contribuir em larga medida
para que o devedor não seja capaz de cumprir qualquer outra obrigação.

Com base o art. 601.º do CC, a garantia geral é representada pelo património do devedor
e é comum a todos os credores e consiste na possibilidade de estes se pagarem, em pé
de igualdade à custa do património do devedor4. Significa que na ausência de garantia
especial todos os credores desfrutam nos mesmos termos do património do devedor,
como sua garantia comum, pelo que se este não chegar para todos se pagarem terá que
ser rateado, recebendo cada um dos credores uma parte proporcional ao montante do
seu crédito, nos termos do art. 604.º n.º 1 do CC.

E a limitação convencional da responsabilidade patrimonial, segundo aqual é possível


(legalmente), por convenção entre as partes, limitar a responsabilidade do devedor a
alguns dos seus bens,no caso de a obrigação não ser voluntariamente cumprida, salvo
quando se trata de matéria subtraída à disponibilidade as partes, como a obrigação
alimentícia e com a obrigação de indemnizar, em geral, como reza os art. 602.º do C.C e
o 259.º do CF5.
Entretanto, o art. 603.º do CC, admite que nas disposições a título gratuito e tão só nestas
se aponha uma cláusula de exclusão da responsabilidade dos bens doados ou deixados
pelas dívidas do beneficiário. No entanto, semelhante cláusula tem alcance limitado:
apenas obsta à penhora desses bens por dívidas anteriores a liberalidade; e ainda quanto
a estas, tratando-se de bens sujeitos a registo, somente desde que a respectiva cláusula
seja registada antes do registo de alguma penhora que recaia sobre os referidos bens.

4 Princípio da responsabilidade patrimonial, anteriormente aflorado e o princípio da igualdade entre os


credores que consiste em os credores assumirem por regra todos a mesma posição de todos gozarem da
garantia geral. Este princípio comporta as suas limitações como ora o art.º 604.º do CC.
5 MALUNGO, Fernando Bianda António, PROGRAMA DA DISCIPLINA DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES II,

2019, p, 34

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CAPÍTULO II- MEIOS DE CONSERVAÇÃO DA GARANTIA


PATRIMONIAL
Quando contratamos e aceitamos relacionar-nos com alguém que se torna nosso
devedor, temos a possibilidade de averiguar a sua solvabilidade para salvaguardar a
nossa posição. Contudo pode acontecer que deliberadamente ou por força das
circunstâncias a situação patrimonial do devedor deteriora-se. Os meios de conservação
surgem neste contexto como os meios que o nosso sistema jurídico proporciona aos
credores para conservarem a garantia do seu crédito. Meios estes previstos nos artigos
605.º e Ss do CC, são: a declaração de nulidade, a sub-rogação do credor ao devedor, a
impugnação pauliana e o arresto. Diante destes, supra, limitamo-nos analisar os dois
primeiros, pelo que constitui o cerne do nosso trabalho.

II.1. Declaração de Nulidade


A declaração de nulidade é um dos meios de conservação da garantia patrimonial de que
o credor dispõe que a lei faculta aos credores a legitimidade de impugnarem dos actos
nulos praticados pelo devedor que lhes possam causar prejuízos, sejam estes actos
anterior ou posterior a constituição do crédito (art.º605.º). Do desposto nesta figura
jurídica podemos destacar três (3) elementos determinantes da declaração de nulidade.

Portanto, exige-se que os credores tenham o interesse na declaração de nulidade6, mas


não é necessário que o acto produza ou agrave a situação patrimonial deficiente do
devedor.
Por várias razões os actos jurídicos podem ser nulos: Inobservância da forma prescrita,
falta de vontade, Impossibilidade ou ilicitude do objecto do negócio simulado etc. o regime
geral da nulidade encontra-se enfatizados nos termos do 285.º a 294.º do CC. Assim,
neste sentido, ANTUNES VARELA 7 citando VAZ SERRA escreve que “convém não
cercear os meios de atacar os actos absolutamente nulos do devedor, em especial os
simulados, e, desde que do acto nulo resulta uma diminuição patrimonial, parece dever
facultar-se aos credores o meio de fazer declarar logo a nulidade, para que se não
exponham a ver, de um momento para o outro, insolvente o seu devedor.

Por outro lado não é necessário que estes actos sejam anteriores ou posteriores a
constituição do crédito para a declaração de nulidade. Nisto depreende-se que nenhum
cabimento tem no caso o requisito da anterioridade do crédito pelo facto da relação da
causalidade entre o acto nulo.

Por fim, referimo-nos aos efeitos da declaração de nulidade requerida por um dos
credores pelo facto de ele beneficiar os demais credores como reza o n.º 2 do art.º 605.º.

Vejamos o seguinte exercício: Kinanvuidi enterrou-se em dívidas. Receando que algum


credor se lembrasse de penhorar os seus bens, forjara um contrato de compra e venda e
de comodato. Da leitura de semelhante documento resultava que Kinanvuidi vendera a

6 Cf, o art. 26.º, n.º 2, do CPC, segundo o qual o interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada
da procedência da ação; o interesse em contradizer, pelo prejuízo que dessa procedência advenha.
7 VARELA, João de Matos Antunes. Das Obrigações em Geral, Vol. II, Op. Cit., pág. 435.

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Teresa, sua amiga de longa data, todo o recheio de sua casa, recheio este que Teresa
emprestara a Kinanvuidi, para que dele se servisse.
A seu pedido, o documento foi assinado por Teresa. Com a casa Kinanvuidi não teria de
se preocupar uma vez que era um bem próprio de Matondo, sua mulher. Restava-lhe a
conta bancária. Para que os credores não lhe chegassem, esvaziou-a, dando todo o seu
dinheiro ao seu filho Vicente. Zé, credor de Kinanvuidi, não sabe como reagir a estes
actos de Kinanvuidi. O que o aconselharia a fazer?

Neste caso temos um devedor que deliberadamente põe a salvo os seus bens, mas
também é possível actuar quando não há dolo, bastando uma simples degradação da
garantia por outros motivos, mesmo que não consistam especificamente em prejudicar os
credores. A verdade é que a lentidão da justiça dá tempo aos devedores de porem a salvo
os seus bens.
No caso do exercício há uma simulação: o Kinanvuidi finge que vende os seus bens a
uma amiga que seguidamente os empresta. O ordenamento jurídico defende das
simulações declarando nulo o negócio simulado.
Deste modo, o primeiro meio de consistência é a possibilidade de os credores invocarem
a nulidade de um contrato para manterem a garantia patrimonial. Esta legitimidade dos
credores de pedirem a declaração de nulidade vem prevista no artigo 605º. Lógico que
esta solução só serve para os actos que sofrem do vício da nulidade, não podendo ser
esta declaração ser requerida só porque sim. Relembrar ainda que a nulidade é arguível a
todo o momento e por qualquer interessado8.

Além disso, é importante referir que o artigo 605.º atribui aos credores legitimidade para
invocar a nulidade de qualquer acto praticado pelo devedor que os possa prejudicar,
independentemente do momento em que esse ato ocorreu ou das suas consequências
para o património do devedor. A solução é correta, uma vez que, face à gravidade que
normalmente revestem as causas de nulidade dos negócios, não se justificaria
estabelecer qualquer requisito suplementar (além do normal interesse em agir) para
permitir que estas possam ser invocadas por qualquer credor.

A maior utilidade da declaração de nulidade como meio de conservação é exatamente


destruir os negócios simulados. Contudo, não é forçoso que se use este mecanismo até
porque também tem desvantagens. Diz o artigo 605.º nº2 que a nulidade aproveita não só
ao credor que a tenha invocado, como a todos os demais. Isto significa que ao destruir o
negócio simulado, o credor está a abrir portas para ele, mas também para todos os outros
atingirem o património do devedor.

II.2. Sub-Rogação do Credor ao Devedor


Situações há em que o devedor recusa-se de fazer valer o seu direito, apenas porque
sabe que esse direito no fim das contas apenas irá beneficiar seus credores. Tais
situações admite a lei a possibilidade de o credor se substituir ao devedor no exercício de
direitos ou poderes que a este último competem e que ele se abstenha de efectivar. É o

8 Cf, art. 286.º do CC.

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que se cifra a sub-rogação do credor ao devedor9, o termo sub-rogar significa substituir.


Tenha-se presente que a sub-rogação reveste duas formas: directa e indirecta.

A sub-rogação propriamente dita; também designada indirecta, em que o credor age na


qualidade de representante ou substituto legal do devedor, tudo se passando como se os
actos fossem praticados por estes, como narra o 606.º do CC;
Já a sub-rogação directa; é aquela que mediante a qual o credor exerce em nome
próprio um direito do seu devedor, fazendo se pagar por um devedor deste.

Por ex.: Vitória viu desaparecer a sua casa e todos os seus pertences num incêndio que,
de um dia para o outro, a deixou sem nada. Amargurada com a vida, Vitória nem
participou a ocorrência à seguradora com quem celebrara um seguro de incêndio.
Makuzulo, a quem Vitória devia 500.000,00 AKZ, tentou convencê-la a pedir a
indemnização à seguradora, tendo-lhe aquela respondido que não iria dar-se a esse
trabalho, visto que todo o dinheiro que viesse a receber seguiria decerto para as mãos
dos seus credores, em nada a beneficiando. Makuzulo não se conforma com essa atitude.
O que pode ela fazer?

Este exemplo surge aqui para introduzir outro mecanismo de conservação. Esta figura
relaciona-se com a ação subrogatória que nada tem que ver com a transmissão previsto
no artigo 589.º e Ss. Este é um mecanismo que o credor tem para se opor a devedores
inertes.
Imaginemos o cenário em que o devedor tem poucos bens, mas dispõe de alguns
mecanismos e exercendo-os, pode aumentar o seu património. A acção sub-rogatória
vem permitir aos credores substituírem-se aos devedores de modo a exercerem esses
mecanismos para fazer aumentar o património do devedor para mais facilmente
responder às suas dívidas. Se o devedor é credor de um terceiro e a obrigação é pura,
mas o meu devedor negligentemente não o interpela, tendo credor interesse a que
comecem a contar juros para o património do meu devedor, pode interpelar terceiro no
seu lugar.

II.2.1. Requisitos da sub-rogação do credor ao devedor


Nos termos do artigo 606.º podemos extrair os seguintes requisitos:
1.º A inércia do devedor_ isto traduz-se numa inatividade consciente ou apenas um
esquecimento, falta de atenção. Ou seja, omissão pelo devedor de exercer os seus
direitos contra terceiros. Se a inatividade do devedor é consciente, mas não negligente
(Ex.: O exercício do direito é prematura, ou ainda um prazo que ainda se não esgotou),
parece que já não será a intervenção dos credores. Por outro lado, afigura-se de
equiparar à pura omissão do devedor a uma sua acção negligente. Com isso, exclui-se o
procedimento sub-rogatório quando o devedor se encontre a exercer diligentemente os
direitos em causa.

2.º Conteúdo patrimonial deste direito_ excluem-se da sub-rogação os direitos do


devedor contra terceiros que não tenha o carácter económico e ainda os que como

9 Esta, nada tem que ver com a sub-rogação em contexto de transmissão das obrigações, 589º e Ss. Mas
sim, nos termos do 606.º e Ss, ambos do CC.

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consequência de preceito legal ou da sua natureza só podem ser exercido pelo próprio
devedor (o direito do promissário de revogar a promessa no contrato a favor de terceiro
cfr. art.º 448.º, a revogação da doação por ingratidão do donatário 970.º do CC).

3.º Responsabilidade da sub-rogação_ a acção de sub-rogação caracteriza-se por ser


uma reação do credor contra uma conduta omissiva do devedor, está, terá de apresentar-
se indispensável a satisfação ou garantia do direito do credor n.º2 do art.º 606.º, os
credores sob condição suspensiva ou a prazo apenas são admitidos a exerce-las quando
alegam fundado interesse e não aguardar a verificação da condição. O vencimento do
termo sempre no pressuposto do que a sub-rogação se mostre essencial à satisfação ou
garantia do credor, art.º 607.º.

II.2.2. Exercício da accão da sub-rogação


A sub-rogação pode traduzir-se no exercício judicial ou extra-judicial dos direitos do
credor. Quando o credor actua judicialmente pelo devedor, terá necessária a citação dele
nos termos do 608.º: assegurar-se a decisão judicial eficácia em relação ao devedor; e
permitir-se a este, que é o verdadeiro titular do direito exercido pelo credor, a defesa dos
interesses. Terá que ser citado o devedor, ao lado da pessoa contra quem o direito é
exercido, verifica-se um verdadeiro litisconsórcio necessário cuja violação determina a
ilegitimidade das partes, nos termos do art.º 28.º do CPC.
Diferente desta, na via extra-judicial não será necessário recorrer a acção de condenação,
podendo perfeitamente utilizar para o efeito a simples interpelação extra-judicial.

II.2.3. Efeitos da sub-rogação


Quanto aos efeitos estatui o artigo 609.º do CC, que a sub-rogação exercida por um dos
credores aproveita a todos os demais. Quer isso dizer, uma vez efectivada a sub-rogação
os bens entram ou reentram no património do devedor em benefício dos credores e do
próprio devedor10. Portanto também este meio de consistência de garantia das obrigações
não aproveita apenas ao credor que o utilize. Na visão de Mário Costa 11 , que nós
corroboramos “na verdade, ser esse a orientação mais razoável visto que o credor que se
prevalece da sub-rogação invoca um dever do devedor, estando certo que os bens
tenham em princípio, o destino que lhes caberia se o direito fosse exercido pelo seu
titular”.

II.3. Declaração de nulidade versus Sub-rogação do credor


Os dois meios de consistência da garantia geral, mantêm entre si requesitos
diferenciadores como elementos comuns, tanto para declaração de nulidade versus sub-
rogação do credor ao devedor.

10 Observa-se acima que o legislador pode e muito bem estabelecer em certos casos especiais ponderando
razões particulares que neles concorram o regime de a sub-rogação aproveitar apenas e directamente a
quem a exerça. Verificar-se-á então a chamada sub-rogação directa (por exemplo os artigos 794.º e 803.º
do CC).
11 COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das Obrigações, 12ª Edição, Edições Almedina, Coimbra, pp 855.

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II.3.1. Divergências
A primeira destrinça existente entre ambas cinge-se quanto aos seus regimes jurídico, a
declaração de nulidade vem regulada no artigo 605.º. Já a sub-rogação encontra-se
adstrito nos termos dos artigos 606.º a 609.º do CC.
Enquanto a declaração de nulidade é fundada na legitimidade que a lei atribui aos
credores de invocar a nulidade dos actos (especialmente da simulação) praticados pelos
devedores quer estes sejam anteriores ou posteriores da constituição do crédito. A sub-
rogação do credor ao devedor funda-se na faculdade atribuída ao credor de exercer
contra terceiro direitos de conteúdo patrimonial sempre que se verifica a omissão por
parte do devedor.
Há uma outra diferença, é que a declaração de nulidade é declarada oficiosamente pelo
tribunal ou seja via judicial 605.º conjugado com o 286.º do CC, ao passo que a sub-
rogação do credor ao devedor é exercida judicialmente e extra-judicial nos termos do
artigo 608.º na norma supra.

II.3.2. Convergência
Um dos grandes pontos de convergência consiste no facto de ambas figuras servem
como meios que o nosso sistema jurídico proporciona aos credores para conservarem a
garantia geral do seu crédito ao lado de outras.
Outra grande convergência consiste quanto aos efeitos que cada um destes institutos
possuem. Tanto a acção de declaração de nulidade quanto a sub-rogação do credor ao
devedor é exercida por um dos credores mas que aproveita a todos os demais credores,
cfr. art.º 605.º n.º 2 e 609.º ambos do CC.

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CONCLUSÃO
Contudo, ao lado da declaração de nulidade e da sub-rogação do credor ao devedor
encontram-se outros meios de conservação das garantias gerais tais como: a impugnação
pauliana e o arresto. Pelo que onsideramos estes mecanismos como fracos porque tanto
a acção de declaração de nulidade quanto a sub-rogação do credor ao devedor é
exercida por um dos credores mas que aproveita tanto ao credor que a exerce, ao
devedor e aos demais credores, cfr. art.º 605.º n.º 2 e 609.º ambos do CC. Isto significa
que ao destruir o negócio simulado ou ao substituir o devedor que se omite em exercer o
seu direito contra terceiro, o credor está a abrir portas para ele, mas também para todos
os outros atingirem o património do devedor.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação
Constituição da República de Angola
Código Civil Angolano
Código de Família

Doutrina
REGO, Margarida Lima Direito das Obrigações, Lisboa 2018.

MALUNGO, Fernando Bianda António, Programa da Disciplina de Direito das Obrigações


II, 2019.
VARELA, João de Matos Antunes. Das Obrigações em Geral, Vol. II.

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COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das Obrigações, 12ª Edição, Edições Almedina,
Coimbra.
SILVA, Carlos Alberto Burity, Teoria Geral do Direito Civil, 2.ª Edição, Luanda, 2014.

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