Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
Tito Coxi
Uíge, Abril/2021
1
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 1
ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................................................................ 2
CAPÍTULO I: NOÇÕES GERAIS DAS GARANTIAS .............................................................................................. 3
I.1. Garantia das Obrigações .......................................................................................................................... 3
I.1.1. O Não Cumprimento Voluntário da Obrigação do Devedor ................................................................. 3
I.2. Garantia Geral .......................................................................................................................................... 4
I.2.1. Seus princípios e limitações .................................................................................................................. 4
CAPÍTULO II- MEIOS DE CONSERVAÇÃO DA GARANTIA PATRIMONIAL ......................................................... 5
II.1. Declaração de Nulidade .......................................................................................................................... 5
II.2. Sub-Rogação do Credor ao Devedor ....................................................................................................... 6
II.2.1. Requisitos da sub-rogação do credor ao devedor ............................................................................... 7
II.2.2. Exercício da accão da sub-rogação ....................................................................................................... 8
II.2.3. Efeitos da sub-rogação ......................................................................................................................... 8
II.3. Declaração de nulidade versus Sub-rogação do credor .......................................................................... 8
II.3.1. Divergências ......................................................................................................................................... 9
II.3.2. Convergência ........................................................................................................................................ 9
CONCLUSÃO .................................................................................................................................................10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................11
2
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
O trabalho que nos prepusemos analisar insere-se no âmbito do direito privado
patrimonial, propriamente nos Direitos de Crédito com maior realce a declaração de
nulidade e a sub-rogação do credor como mecanismos de consistência de garantias
gerais. A possibilidade dos credores se fazerem pagar pelo património comum do
devedor, constitui a garantia geral destes.
A estas garantias quando o titular do direito ou seja, o devedor faz ou deixa de fazer
certos actos com vista a prejudicar o credor tem este último a faculdade que lhe é
atribuída pela lei de accionar certos meios de consistência desta garantia geral. Meios
estes previstos nos artigos 601.º e Ss.
Quando estes meios se fundam na legitimidade que a lei atribui aos credores de invocar a
nulidade dos actos (especialmente da simulação) praticados pelos devedores quer estes
sejam anteriores ou posteriores da constituição do crédito, denomina-se declaração, já
quando se funda na faculdade atribuída ao credor de exercer contra terceiro direitos de
conteúdo patrimonial sempre que se verifica a omissão por parte do devedor denomina-se
sub-rogação do credor ao devedor.
PROBLEMA
1.º Problema: Como é que se operam a declaração de nulidade e a sub-rogação do
credor ao devedor como mecanismos de consistência da garantia geral das obrigações?
2.º Problema: Por que é que estes dois institutos jurídicos são mecanismos de
consistência da garantia geral?
HIPÓTESES
Dentro destas, procuramos resolver as seguintes questões:
Fundamentos da declaração de nulidade e da sub-rogação;
Os efeitos da declaração de nulidade;
Os requisitos da sub-rogação;
As vias de exercício de tais garantias.
São portanto estás e outas questões que mereceram uma análise profunda e minuciosa
neste trabalho científico que por ora é apesentado.
OBJETIVO GERAL
Analisar a declaração de nulidade e a sub-rogação como mecanismo de
consistência das garantias gerais das obrigações a luz do ordenamento jurídico
angolano.
OBJETIVO ESPECÍFICO
Identificar e interpretar os regimes jurídicos dos institutos em destaque bem como
os seus efeitos, requisitos enquanto meios de conservação de garantias gerais.
Trazer melhor esclarecimento do tema que nos propusemos analisar, aos ilustres
colegas em especial aos da sala 3 e 4, 3.ºano, tarde.
Obter uma classificação favorável, com base a análise e apresentação do tema.
1
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
METODOLOGIA
Relativamente a metodologia empregada para alcançarmos os resultados preconizados
para uma melhor exposição do tema, importa referir que durante a elaboração do mesmo
utilizamos essencialmente o método bibliográfico como técnica de pesquisa, o que nos
permitiu no final tecer algumas considerações.
ESTRUTURA DO TRABALHO
O nosso trabalho está estruturado em dois capítulos: noções gerais das garantias e meios
de conservação da garantia patrimonial (declaração de nulidade e a sub-rogação do
credor ao devedor).
No primeiro capítulo abordamos os seguintes itens: 1. garantia das obrigações, 1.1. o não
cumprimento voluntario da obrigação do devedor; 2. garantia geral, 2.1. seus princípios e
limitaçõe. Já no segundo capítulo falamos sobre: 1. declaração de nulidade; 2. sub-
rogação do credor ao devedor, 2.1. requisitos da sub-rogação do credor ao devedor, 2.2.
exercício da accão da sub-rogação, 2.3. efeitos da sub-rogação; 3. declaração de
nulidade versus sub-rogação do credor, 3.1. divergências e 3.2. convergência.
2
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
Ora, se antes era possível a responsabilidade pessoal do devedor que violava as suas
obrigações de crédito, assim, a responsabilidade já não atinge a pessoa, mas apenas o
seu património. Então, para proteger o património e os direitos de crédito do credor,
responde o património do devedor1.
Como nos diz o professor Menezes Leitão 2 , o direito de crédito, enquanto realidade
jurídica, recebe proteção do direito. Esta proteção denomina-se a garantia das obrigações
e consiste em a ordem jurídica assegurar ao credor os meios necessários para realizar o
seu direito, em caso de incumprimento pelo devedor.
1 Princípio da responsabilidade patrimonial (cf, artigo 601.º, 617.º, 798.º). Na visão de Carlos Burity da Silva
“em regra todos os bens de uma pessoa se integram no seu património. Mas, em certos casos, seremos
forçados a concluir existir na titularidade do mesmo sujeito além do seu património geral, um conjunto de
relações patrimoniais subtido a um tratamento jurídico particular, tal como se fosse de pessoa diversa (DA
SILVA, Carlos Alberto Burity, Teoria Geral do Direito Civil, 2.ª Edição, Luanda, 2014, pp 400).
2 REGO, Margarida Lima Direito das Obrigações, Lisboa 2018, pp 122 a 123.
3 Com relação a essas garantias que não nos prepusemos analisar, compreendem aos meios destinados a
reforçar a posição dos credores uma vez que em vários casos os credores nem sempre se satisfazem
apenas com a garantia geral do seu crédito, distinguindo-se daqueles os credores preferências.
3
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
Com base o art. 601.º do CC, a garantia geral é representada pelo património do devedor
e é comum a todos os credores e consiste na possibilidade de estes se pagarem, em pé
de igualdade à custa do património do devedor4. Significa que na ausência de garantia
especial todos os credores desfrutam nos mesmos termos do património do devedor,
como sua garantia comum, pelo que se este não chegar para todos se pagarem terá que
ser rateado, recebendo cada um dos credores uma parte proporcional ao montante do
seu crédito, nos termos do art. 604.º n.º 1 do CC.
2019, p, 34
4
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
Por outro lado não é necessário que estes actos sejam anteriores ou posteriores a
constituição do crédito para a declaração de nulidade. Nisto depreende-se que nenhum
cabimento tem no caso o requisito da anterioridade do crédito pelo facto da relação da
causalidade entre o acto nulo.
Por fim, referimo-nos aos efeitos da declaração de nulidade requerida por um dos
credores pelo facto de ele beneficiar os demais credores como reza o n.º 2 do art.º 605.º.
6 Cf, o art. 26.º, n.º 2, do CPC, segundo o qual o interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada
da procedência da ação; o interesse em contradizer, pelo prejuízo que dessa procedência advenha.
7 VARELA, João de Matos Antunes. Das Obrigações em Geral, Vol. II, Op. Cit., pág. 435.
5
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
Teresa, sua amiga de longa data, todo o recheio de sua casa, recheio este que Teresa
emprestara a Kinanvuidi, para que dele se servisse.
A seu pedido, o documento foi assinado por Teresa. Com a casa Kinanvuidi não teria de
se preocupar uma vez que era um bem próprio de Matondo, sua mulher. Restava-lhe a
conta bancária. Para que os credores não lhe chegassem, esvaziou-a, dando todo o seu
dinheiro ao seu filho Vicente. Zé, credor de Kinanvuidi, não sabe como reagir a estes
actos de Kinanvuidi. O que o aconselharia a fazer?
Neste caso temos um devedor que deliberadamente põe a salvo os seus bens, mas
também é possível actuar quando não há dolo, bastando uma simples degradação da
garantia por outros motivos, mesmo que não consistam especificamente em prejudicar os
credores. A verdade é que a lentidão da justiça dá tempo aos devedores de porem a salvo
os seus bens.
No caso do exercício há uma simulação: o Kinanvuidi finge que vende os seus bens a
uma amiga que seguidamente os empresta. O ordenamento jurídico defende das
simulações declarando nulo o negócio simulado.
Deste modo, o primeiro meio de consistência é a possibilidade de os credores invocarem
a nulidade de um contrato para manterem a garantia patrimonial. Esta legitimidade dos
credores de pedirem a declaração de nulidade vem prevista no artigo 605º. Lógico que
esta solução só serve para os actos que sofrem do vício da nulidade, não podendo ser
esta declaração ser requerida só porque sim. Relembrar ainda que a nulidade é arguível a
todo o momento e por qualquer interessado8.
Além disso, é importante referir que o artigo 605.º atribui aos credores legitimidade para
invocar a nulidade de qualquer acto praticado pelo devedor que os possa prejudicar,
independentemente do momento em que esse ato ocorreu ou das suas consequências
para o património do devedor. A solução é correta, uma vez que, face à gravidade que
normalmente revestem as causas de nulidade dos negócios, não se justificaria
estabelecer qualquer requisito suplementar (além do normal interesse em agir) para
permitir que estas possam ser invocadas por qualquer credor.
6
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
Por ex.: Vitória viu desaparecer a sua casa e todos os seus pertences num incêndio que,
de um dia para o outro, a deixou sem nada. Amargurada com a vida, Vitória nem
participou a ocorrência à seguradora com quem celebrara um seguro de incêndio.
Makuzulo, a quem Vitória devia 500.000,00 AKZ, tentou convencê-la a pedir a
indemnização à seguradora, tendo-lhe aquela respondido que não iria dar-se a esse
trabalho, visto que todo o dinheiro que viesse a receber seguiria decerto para as mãos
dos seus credores, em nada a beneficiando. Makuzulo não se conforma com essa atitude.
O que pode ela fazer?
Este exemplo surge aqui para introduzir outro mecanismo de conservação. Esta figura
relaciona-se com a ação subrogatória que nada tem que ver com a transmissão previsto
no artigo 589.º e Ss. Este é um mecanismo que o credor tem para se opor a devedores
inertes.
Imaginemos o cenário em que o devedor tem poucos bens, mas dispõe de alguns
mecanismos e exercendo-os, pode aumentar o seu património. A acção sub-rogatória
vem permitir aos credores substituírem-se aos devedores de modo a exercerem esses
mecanismos para fazer aumentar o património do devedor para mais facilmente
responder às suas dívidas. Se o devedor é credor de um terceiro e a obrigação é pura,
mas o meu devedor negligentemente não o interpela, tendo credor interesse a que
comecem a contar juros para o património do meu devedor, pode interpelar terceiro no
seu lugar.
9 Esta, nada tem que ver com a sub-rogação em contexto de transmissão das obrigações, 589º e Ss. Mas
sim, nos termos do 606.º e Ss, ambos do CC.
7
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
consequência de preceito legal ou da sua natureza só podem ser exercido pelo próprio
devedor (o direito do promissário de revogar a promessa no contrato a favor de terceiro
cfr. art.º 448.º, a revogação da doação por ingratidão do donatário 970.º do CC).
10 Observa-se acima que o legislador pode e muito bem estabelecer em certos casos especiais ponderando
razões particulares que neles concorram o regime de a sub-rogação aproveitar apenas e directamente a
quem a exerça. Verificar-se-á então a chamada sub-rogação directa (por exemplo os artigos 794.º e 803.º
do CC).
11 COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das Obrigações, 12ª Edição, Edições Almedina, Coimbra, pp 855.
8
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
II.3.1. Divergências
A primeira destrinça existente entre ambas cinge-se quanto aos seus regimes jurídico, a
declaração de nulidade vem regulada no artigo 605.º. Já a sub-rogação encontra-se
adstrito nos termos dos artigos 606.º a 609.º do CC.
Enquanto a declaração de nulidade é fundada na legitimidade que a lei atribui aos
credores de invocar a nulidade dos actos (especialmente da simulação) praticados pelos
devedores quer estes sejam anteriores ou posteriores da constituição do crédito. A sub-
rogação do credor ao devedor funda-se na faculdade atribuída ao credor de exercer
contra terceiro direitos de conteúdo patrimonial sempre que se verifica a omissão por
parte do devedor.
Há uma outra diferença, é que a declaração de nulidade é declarada oficiosamente pelo
tribunal ou seja via judicial 605.º conjugado com o 286.º do CC, ao passo que a sub-
rogação do credor ao devedor é exercida judicialmente e extra-judicial nos termos do
artigo 608.º na norma supra.
II.3.2. Convergência
Um dos grandes pontos de convergência consiste no facto de ambas figuras servem
como meios que o nosso sistema jurídico proporciona aos credores para conservarem a
garantia geral do seu crédito ao lado de outras.
Outra grande convergência consiste quanto aos efeitos que cada um destes institutos
possuem. Tanto a acção de declaração de nulidade quanto a sub-rogação do credor ao
devedor é exercida por um dos credores mas que aproveita a todos os demais credores,
cfr. art.º 605.º n.º 2 e 609.º ambos do CC.
9
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
CONCLUSÃO
Contudo, ao lado da declaração de nulidade e da sub-rogação do credor ao devedor
encontram-se outros meios de conservação das garantias gerais tais como: a impugnação
pauliana e o arresto. Pelo que onsideramos estes mecanismos como fracos porque tanto
a acção de declaração de nulidade quanto a sub-rogação do credor ao devedor é
exercida por um dos credores mas que aproveita tanto ao credor que a exerce, ao
devedor e aos demais credores, cfr. art.º 605.º n.º 2 e 609.º ambos do CC. Isto significa
que ao destruir o negócio simulado ou ao substituir o devedor que se omite em exercer o
seu direito contra terceiro, o credor está a abrir portas para ele, mas também para todos
os outros atingirem o património do devedor.
10
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação
Constituição da República de Angola
Código Civil Angolano
Código de Família
Doutrina
REGO, Margarida Lima Direito das Obrigações, Lisboa 2018.
11
Tito Coxi
Tel: 927291565
Email: titoagostinhomuanhacoxi@gmail.com
______________________________________________________________________________________________
COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das Obrigações, 12ª Edição, Edições Almedina,
Coimbra.
SILVA, Carlos Alberto Burity, Teoria Geral do Direito Civil, 2.ª Edição, Luanda, 2014.
12