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FERNANDA ALBANO TOMAZI

HOLDING: VANTAGENS EMPRESARIAIS

Trabalho de conclusão de
curso apresentado ao curso de
extensão em Direito Empresarial
da EPD, como requisito parcial
para obtenção do titulo de
especialização em Direito
Empresarial, coordenador
Professor Doutor Ivan Lorena
Vitale Junior.

São Paulo
2011
ESCOLA PAULISTA DE DIREITO
Curso de Direito

HOLDING: VANTAGENS
EMPRESARIAIS

Fernanda Albano Tomazi


R.A.: 201020173
TURMA: PÓS GRADUAÇÃO DIREITO EMPRESARIAL
Coordenador: Professor Doutor Ivan Lorena Vitale Junior
Tels. (11) 2229-0318 / (11) 2283-5935
E-mail: Fernanda_albano@msn.com

SÃO PAULO
2011
ESCOLA PAULISTA DE DIREITO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO
EMPRESARIAL

HOLDING: VANTAGENS
EMPRESARIAIS

FERNANDA ALBANO TOMAZI


R.A. N° 201020173

PROFESSOR DOUTOR IVAN LORENA VITALE JUNIOR

São Paulo
2011
RESUMO

Holding é uma empresa que possui, como atividade principal, a


participação acionária majoritária em uma ou mais empresas, ou seja, uma
empresa que possui a maioria das ações de outras empresas e que detém o
controle de sua administração e políticas empresariais.

A holding pode ser Pura, quando criada com o fim especial de participar
como quotista ou acionista de outras empresas, ou administrar um determinado
patrimônio, não explorando qualquer outra atividade; ou Mista, quando além de
participar e controlar outras empresas do grupo, ainda explorar um ou mais
ramos de atividade (Indústria, Comércio ou Serviços).

Dentre as várias espécies de holding podemos destacar a holding


familiar que além dos objetivos típicos das holdings, visa a preservação do
patrimônio da família, administrado da melhor forma possível.
ABSTRACT

Holding is a company whom it possesss, as main activity, the


majoritária stockhoding in one or more companies, that is, a company who
possesss the majority of the actions of other companies and that she withholds
the control of its administration and enterprise politics.

The holding can be Pure, when created with the special end to
participate as quotaholder or shareholder of other companies, or to manage one
definitive patrimony, not exploring any another activity; or Mixing, when beyond
participating and controlling other companies of the group, still to explore one or
more branches of activity (Industry, Commerce or Services).

Amongst the some species of holding we can detach the familiar


holding that beyond the typical objectives of holding that beyond the typical
objectives of holdings, aims at the preservation of the patrimony of the family,
managed of the best possible form.
PALAVRAS CHAVE

Holding, holding familiar, conglomerado, empresa controladora, patrimônio


familiar, planejamento tributário, paraísos fiscais.
Dedico este trabalho ao meu flho Pedro,
que de uma forma muito especial
participou comigo de 7 meses de aula,
aos meus Pais por terem sido peças
fundamentais para que eu tenha me
tornado a pessoa que hoje sou. A meu
marido Luís pelo carinho, apoio e
paciência dispensados em todos os
momentos que precisei.

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado forças e iluminando meu caminho para que
pudesse concluir mais uma etapa da minha vida;

A meu Marido Luis, por ser tão dedicado e amigo, por ser a pessoa
que mais me apóia e acredita na minha capacidade, meu agradecimento pelas
horas em que ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que
sou capaz de chegar onde desejo, sem dúvida foi quem me deu o maior
incentivo para conseguir concluir esse trabalho;

Ao meu pai Edgard, por todo amor e dedicação que sempre teve
comigo, homem pelo qual tenho maior orgulho de chamar de pai, meu eterno
agradecimento pelos momentos em que esteve ao meu lado, me apoiando e
me fazendo acreditar que nada é impossível, pessoa que sigo como exemplo,
pai dedicado, amigo, batalhador;

A minha mãe Silvana, por estar sempre torcendo e orando para que
meus objetivos sejam alcançados, exemplo de mulher a ser seguido.

A “Meire”, amiga que fiz durante o curso, pela verdadeira amizade


que Construímos, por todos os momentos que passamos durante esse um ano
e meio meu especial agradecimento.

A todos os professores do curso de Direito Empresarial, pela


paciência, dedicação e ensinamentos disponibilizados nas aulas.

Por fim, agradeço ao meu FILHO PEDRO, por ter se comportado


dentro de minha barriga, para que eu pudesse terminar mais uma etapa de
minha vida.
Sumário

Introdução .................................................................................................. 2
CAPITULO I
Conceito ..................................................................................................... 3
Base Legal ................................................................................................. 6
Características da Holding ......................................................................... 7
CAPITULO II
Evolução Histórica ..................................................................................... 9
CAPITULO III
Constituição de uma Holding ..................................................................... 11
Espécies de Holding .................................................................................. 11
CAPITULO IV
Holding Patrimonial ou Familiar ................................................................. 13
Vantagens empresarias da “holding familiar” ............................................. 13
Regimes de bens de casamento, união estável e concubinato.................. 14
Holding familiar na sucessão pelo Código Civil: A legítima e herdeiros
necessários ............................................................................................... 17
Efeitos patrimoniais dos regimes de bens do casamento na sucessão ... 19
Vantagens tributárias ................................................................................. 21
A hipótese de incidência tributaria na sucessão ........................................ 21
Da Legítima ............................................................................................... 26
Sucessão Patrimonial “inter vivos”e o adiantemento da legítima ............... 27
Planejamento Tributário .............................................................................. 28
Desvantagens ............................................................................................. 28
CAPITULO V
Objeto Social ............................................................................................... 30
Escolha da forma societária ........................................................................ 31
Sociedade Anônima .................................................................................... 32
Sociedade Anônima Aberta ........................................................................ 33
Sociedade Anônima Fechada ..................................................................... 35
Sociedade Limitada ..................................................................................... 35
CAPITULO VI
Personalidade ............................................................................................... 38
Da responsabilidade de sócios e diretores .................................................. 43
CAPITULO VII
Cases de empresas familiares ...................................................................... 44
Paraísos Fiscais ............................................................................................ 46
Dissolução da Holding ................................................................................... 48
Conclusão ...................................................................................................... 50
Bibliografia ...................................................................................................... 52
INTRODUÇÃO

O presente artigo visa sobre o estudo das holdings familiares, no que


concerne, conceito, finalidade, vantagens, motivos para o uso, forma jurídica,
meio de constituição, possibilidades de criação, forma de administração, carga
tributária, transmissão e extinção.

Neste trabalho de pesquisa procura-se abordar, notadamente como


forma de redução de carga tributária da pessoa física, planejamento sucessório
e retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos, com a menor tributação
possível.

Intentamos descobrir o porquê da Holding familiar parecer uma


alternativa eficaz de planejamento do patrimônio da pessoa física, e quais as
suas vantagens e desvantagens.

Na intenção de eficazmente sanar essas questões, pretende-se,


inicialmente, delinear o conceito, previsões legais e espécies de holdings,
analisando em seguida suas vantagens e desvantagens.

A fim de possibilitar uma melhor compreensão do tema, serão


apresentadas também questões de natureza tributária, tributação,
integralização de capital em bens e direitos, recebimento de lucros e
dividendos e outros aspectos societários.

Mais conhecida em inglês como holding, trata-se de uma sociedade


gestora de participações sociais (SGPS), é forma de sociedade criada com o
objetivo de administrar um grupo de empresas (conglomerado).

A holding administra e possui a maioria das ações ou quotas das


empresas componentes de um determinado grupo. Essa forma de sociedade é
muito utilizada por médias e grandes empresas e normalmente visa melhorar a
estrutura de capital, ou é usada como parte de uma parceria com outras
empresas.

Nos conglomerados empresariais familiares, a visão e a sistemática,


de forma geral, permanece a mesma, contudo, a primeira diferença é que as
empresa são pertencentes à um mesmo clã, tem objetivos voltados para a
preservação do patrimônio na família, inclusive prevendo a administração nas
futuras gerações.

Além da visão administrativa e patrimonial, pode-se incluir o aspecto


tributário, sucessório e pátrio.

O planejamento tributário e sucessório pede ser realizado pelos


detentores do patrimônio e garantir a perpetuação na família prevenindo que
agregados ou situações supervenientes desmembrem ou dilapidem por
completo os bens que estão na família, são extintas geralmente pela vontade
dos sócios, que preferem não permanecerem no conglomerado.
CAPITULO I

CONCEITO

A expressão "holding" é de origem inglesa, formada a partir do


prefixo "hold", que entre outros, significa "controlar". Assim, holding é uma
sociedade que controla outras sociedades ou um patrimônio, não sendo uma
espécie societária, mas apenas uma característica da sociedade. 1

A terminologia utilizada vem do inglês ”to hold”, significando segurar,


controlar, manter. No caso das sociedades holdings, denota uma sociedade
que, geralmente, visa a participar de outras sociedades, através da detenção
de quotas ou ações em seu capital social, de uma forma que possa controlá-
las, sendo este o domínio de uma sociedade sobre a outra. Ao exercer o
controle, a holding está no comando de uma outra empresa. 2

O termo holding designa uma empresa que controla um grupo de


outras empresas através da posse da totalidade ou da parte dos respectivos
capitais sociais, empresas estas que podem ou não pertencer a diversos
sectores de atividade. Por vezes as holding são apenas gestoras das
participações sociais, assumindo a forma jurídica de SGPS (Sociedade Gestora
de Participações Sociais) praticando, nestes casos, um tipo específico de
gestão, em que a empresa compra, vende e detém outras empresas sem
acrescentar qualquer valor às mesmas.3

1
BARBOSA, Rui. Senado Federal. DF – RJ. Obras Completas. v. 29, t. 2, 1902, p. 49.
2
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 11 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
3
NUNES, Paulo. Conceito de Holding. http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/holding.htm. acesso
em 11/10/11.
“A palavra ´controle´ passou a significar, corretamente, não só
vigilância, verificação, como também ato ou poder de dominar, regular, guiar ou
restringir”.4 Ao exercer o controle, a holding está no comando de uma outra
empresa.

Desta forma, é considerada holding, aquela sociedade que possui


como uma das suas atividades constantes no objeto social participar de outras
sociedades como sócia ou acionista, ao invés de exercer uma atividade
produtiva ou comercial. Com esta participação acaba por controlar a outra
sociedade pelo volume de quotas ou ações detidas. A doutrina define a holding
como:

“As holdings são sociedades não operacionais que tem


seu patrimônio composto de ações de outras
companhias. São constituídas ou para o exercício do
poder de controle ou para a participação relevante em
outras companhias, visando nesse caso, constituir a
coligação. Em geral, essas sociedades de participação
acionária não praticam operações comerciais, mas
apenas a administração de seu patrimônio. Quando
exerce o controle, a holding tem uma relação de
dominação com as suas controladas, que serão suas
subsidiárias.5

De uma forma geral, a holding é classificada pela doutrina em duas


modalidades: a pura, que seria aquela sociedade que tem por objeto social
apenas a participação no capital de outras sociedades, sendo então apenas
uma controladora, possuindo maior facilidade inclusive para alteração de
endereço da sua sede; e a outra modalidade prevista é a mista, que além de
ter por objeto participação em outras empresas, prevê a exploração de outras
atividades empresariais, contribuindo também com bens ou serviços. Além da
pura e da mista, são indicadas outras classificações como:
holding administrativa, holding de participação, holding familiar ou patrimonial.

Não há uma previsão legal destas classificações especificamente,


entretanto pode-se verificar na legislação própria das Sociedades Anônimas
4
COMPARATO, Favio Konder; SALOMÃO FILHO, Calixo. O poder de Controle na Sociedade Anônima. 5
ed. Rio de Janeiro: Forense. 2008. p.29.
5
CARVALHOSA, Modesto. Comentários à lei de Sociedades Anônimas. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
v. 4. Tomo II. p. 14.
considerações acerca da constituição de uma holding, como é o caso do artigo
2°, § 3º da lei 6.404/76 que preceitua:

“A companhia pode ter por objeto participar de outras


sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a
participação é facultada como meio de realizar o objeto
social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.”
Apesar de não haver previsão expressa no texto da Lei das
Sociedades Anônimas, não há nenhum impedimento legal que a
sociedade holding seja constituída na forma de limitada, ou de outros tipos
societários, porque, como já foi explanado, a termologia holding não remete a
um tipo societário determinado e, sim, à administração e controle da sociedade
que possuir preponderância nas ações ou quotas de outra.

A holding, portanto, poderá ser constituída na forma de sociedade


anônima ou limitada, desde que respeitados os requisitos legais impostos a
cada uma destas espécies societárias.

BASE LEGAL

A Constituição Federal de 1988 veio enfatizar a necessidade de


organização e controle. Os Artigos 1º, 5º e 6º surpreendem pela clareza de
mostrar uma nova ordem social e um novo ambiente a atuar, novas diretrizes
para as estratégias dos anos 90 e os caminhos para os anos 2000. O Artigo
170 da Constituição Federal estabelece, inequivocamente, as bases para
novos empreendimentos, e o Artigo 226 veio mostrar o novo relacionamento
familiar. Quem leu e entendeu pôde ver quase dez anos antes as novas
oportunidades e nelas a holding tinha o seu lugar destacado no planejamento e
no estudo de viabilidades e investimentos em novos negócios. Temas como a
sucessão, imposto “causa mortis”, imposto fortuna, doação, são também temas
mais fáceis de equacionar, abrigados sob a proteção da holding. 6
6
TEIXEIRA, João Alberto Borges. Holding Familiar Tipo Societário e seu Regime de Tributação.
http://www.almadateixeira.com.br/artigo_holding.pdf. acesso em 12 out. 2011.
As leis de maior importância são:

 Lei das S/A nº 6.404/1976: artigos 2º, § 3º; 206 a 219; 243, § 2º.
 Regulamento do Imposto de Renda: artigos 223, §1º, III, c; 225; 384;
519, §1º, III, c; 521.
 Lei nº 10.833/2003: artigo 1º, V.
 Lei nº 9.430/96: artigos 29 e 30.

CARACTERÍSTICAS DA HOLDING

Administração de bens próprios de seus fundadores em específico o


familiar;

Participação em outras empresas, no geral de um mesmo grupo, as


participações;

A qualidade e quantidade da participação da Holding no capital das


investiduras, determinam sua maior ou menor influência na administração
como gerencial e controladora.

Objetivos práticos

1) Viabilizar o processo sucessório das empresas;


2) propiciar a sobrevivência e expansão de forma planejada e
possibilitar ao fundador a divisão de seu patrimônio aos herdeiros,
de forma mais segura e eficiente.

Apesar da previsão, que pode ser um obstáculo nas holdings


familiares, o Código Civil, em seu artigo 977, determina que:

Art. 977 -. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade,


entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado
no regime da comunhão universal de bens, ou no da
separação obrigatória7.
Hoje existe a possibilidade de se alterar o regime matrimonial, o que
não mais inviabiliza a criação de uma empresa por cônjuges que inicialmente
contraíram núpcias sob a égide desse regime.

3) Fazer um planejamento tributário, usando meios permitidos em lei


para diminuir a carga tributária sobre os bens, no ato da transferência seja por
ato inter vivos ou “causa mortis”.
4) Perpetuar o patrimônio na família.

7
Devido essa restrição legal é possível a alteração do regime de casamento, pois, muitas vezes não se
quer compartilhar com terceiros a sociedade. Com o advento da recente reforma que introduziu a
empresa individual de responsabilidade limitada, pode não mais haver interesse na alteração do regime
matrimonial. A Lei 12.411 entra em vigor dia 09 de janeiro de 2012, e cria a empresa individual de
responsabilidade limitada (Eireli) permitindo a constituição de empresa por apenas uma pessoa, sem a
necessidade de sócio como na sociedade limitada (Ltda), para alguns, tal tipo de empresa não pode ser
sociedade, pois, tal ato pressupõe a pluralidade de pessoas, logo essa lei da ensejo as sociedade
fictícias.
A lei também protege o patrimônio pessoal do empresário, pois determina que apenas o patrimônio social
da empresa responderá pelas dívidas do negócio, exceto em casos de fraude .
Pela lei, cada pessoa só poderá constituir e participar de uma empresa individual de responsabilidade
limitada, e essa deverá conter, necessariamente, a expressão Eireli, a exemplo do que ocorre com a
sociedade limitada (Ltda) e com a sociedade anônima (S/A) ou (S.A.). (continua...)
(continua...) A nova legislação estabelece que o dono da Eireli será titular da totalidade do capital social,
que não pode ser inferior a 100 salários mínimos, correspondentes hoje a R$ 62,2 mil, e ressalta que a
empresa também poderá resultar da “concentração das quotas de outra modalidade societária em um
único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração”.
CAPITULO II

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

As holdings surgiram no Brasil em 1976 com a Lei n° 6.404, a lei das


Sociedades Anônimas, contudo vários precedentes merecem breves
considerações.

Na antiguidade, a propriedade tinha uma função comunitária, em


decorrência de povos nômades, a terra era coletiva e somente os bens eram
pessoais. Após esse período, com a evolução vieram os povos agrícolas e a
função da propriedade se transformou em terras e bens pessoais e individuais.

Em Roma, a propriedade continuou individualizada com o Pater


famílias, no plural, paters familias era o mais elevado estatuto familiar, status
familiae, e sempre uma posição masculina. O termo é Latim e significa,
literalmente, "pai da família". O termo pater se refere a um território ou
jurisdição, governado por um patriarca.8

No feudalismo, a propriedade se desmembrou, e era o domínio


eminente dos Barões, e o domínio de utilização dos vassalos.

Com a Revolução Francesa retornou o “status quo” com função


comunitária da propriedade, direito sagrado e universal.
8
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
O mercantilismo, a era da revolução industrial, com diversos
movimentos sociais.

Hoje com o conceito da função social da propriedade, em que se


impôs limitações ao direito da propriedade privada, limitações essas que foram
divididas em limitações legais e limitações principiológicas; começando com as
limitações legais, em que se fundamenta no Código Civil, código de defesa do
consumidor e leis esparsas, são os institutos da desapropriação, tombamento,
servidão, usucapião, direito de vizinhança, sucessão, casamento, união
estável, concubinato, lei de condomínios, lei de inquilinato, leis trabalhistas e
previdenciárias, lei de falências no que tange a indisponibilidade de bens dos
sócios, lei da alienação fiduciária, estatuto da terra e por fim da
responsabilidade dos sócios e diretores de empresas; Já as limitações
princípiológicas se referem a princípios que norteiam o holding, quais sejam: 9

- Princípio da função social da propriedade, que se refere a limitação


do poder da propriedade privada, o direito da propriedade deve ser exercida
em consonância com as finalidades econômicas e sociais.

O princípio da função social da propriedade, foi pela primeira vez


mencionado no ordenamento jurídico pátrio na Constituição Federal de 1967.
Com a redação dada pela Emenda Constitucional n.º 1, de 1969, a Carta de
1967 inclui a função social da propriedade como princípio basilar da ordem
econômica e social (art. 160, III), coexistente com a garantia da propriedade
privada. Alguns chegam a encarar esse princípio como uma verdadeira
hipoteca social sobre a propriedade. 10

- Princípio da responsabilidade objetiva, que se funda na reparação


do dano independente da culpa do agente.

- Princípio da normalidade, que delimita que o direito de uma pessoa


acaba quando começa a do outro.

9
Idem.
10
MOESCH, Frederico Fernandes. O princípio da função social da propriedade e sua eficácia. Jus
Navigandi, Teresina, ano 10, n. 880, 30 nov. 2005. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/7645>.
Acesso em: 3 out. 2011.
- Princípio da desconsideração da personalidade da pessoa jurídica,
em que os bens pessoais respondem pelos débitos da sociedade na fraude, no
abuso e no desvio.

Surgiu no país em 1976, por meio da Lei nº 6.404, conhecida como


Lei das S/A. A sua legítimação encontra-se no parágrafo 3º do artigo 2º da
mencionada lei, ao prever que:
"[...] a companhia pode ter por objeto participar de outras
sociedades [...]".
CAPITULO III

CONSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING

A criação de uma Holding, tecnicamente, ocorre pela previsão de


uma cláusula no contrato ou estatuto social da sociedade; Nestes casos, via de
regra, a sociedade tem como objeto social a administração de bens móveis e
imóveis próprios, o controle, a participação e a administração de outras
sociedades, observados, por oportuno, que não necessariamente esta deve ser
a redação da cláusula, pois a legislação não define um modelo a ser seguido.
Trata-se apenas de sugestão, no Parágrafo Único prevê que não faz parte do
presente objeto social a atividade de corretagem.

Não se constitui, como já mencionado nos ensinos do saudoso Rui


Barbosa, uma espécie societária autônoma, como é o caso das sociedades
empresariais e simples, a holding precisa se revestir sob a forma de alguma
das espécies disciplinadas no Código Civil Brasileiro, para que possa assumir
personalidade jurídica, inclusive devendo observar os requisitos inerentes ao
modelo escolhido.

Assim, será necessário que a sociedade holding adote um nome


empresarial, nos moldes do art. 1.155 e seguinte, do Código Civil, sendo de
praxe o uso do "Nome empresarial", acompanhado pela expressão
"Empreendimentos/Participações/Comercial", finalizado pela característica
"Ltda./S.A.".

ESPECIES DE HOLDING

No tocante às espécies de Holding, bem explica João Teixeira, que,


de forma geral, as empresas holding são classificadas como:
a) Holding Pura: quando de seu objetivo social conste somente a
participação no capital de outras sociedades, isto é, uma empresa que, tendo
como atividade única manter ações de outras companhias, as controla sem
distinção de local, podendo transferir sua sede social com grande facilidade; e

b) Holding Mista: quando, além da participação, ela exerce a


exploração de alguma atividade empresarial. Na visão brasileira, por questões
fiscais e administrativas, esse tipo do holding é a mais usada, prestando
serviços civis ou eventualmente comerciais, mas nunca industriais. 11

Complementa o autor que a doutrina aponta, ainda, outras


classificações, tais como holding administrativa, holding de controle, holding de
participação, etc, sendo certo que a que mais se destaca é a holding familiar.

Em suma, a holding(Também chamada de "Holding Company")


Empresa gestora de participações societárias, criada com o fim exclusivo de
administrar um grupo de Empresas. Logo, seu capital não é investido em bens
materiais, mas (de forma total ou parcial) em quotas ou ações de outras
Empresas, principalmente para ter o controle administrativo delas. Assim, essa
Organização normalmente controla ou conserva para si ("hold") outras
Organizações. Existe permissão legal expressa para a formação de holdings,
no Art. 2º da Lei nº 6.404/1976 ("Lei das S.A.s"), com o seu "§ 3º - A
companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não
prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto

11
TEIXEIRA, João Alberto Borges. Holding Familiar: Tipo Societário e seu Regime Tributário. Fiscosoft,
mai. 2007. Disponível em: . Acesso em: 10 nov. 2011.
social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais." pode ser Pura, quando
criada com o fim especial de participar como quotista ou acionista de outras
empresas, ou administrar um determinado patrimônio, não explorando qualquer
outra atividade; ou Mista, quando além de participar e controlar outras
empresas do grupo, ainda explorar um ou mais ramos de atividade (Comércio
ou Serviços).

CAPITULO IV

HOLDING PATRIMONIAL OU FAMILIAR

O foco do presente trabalho, versa especificamente na


Holding Patrimonial ou também denominada Familiar, que é a espécie mais
difundida e conhecida, em virtude da sua grande utilidade na concentração
patrimonial, facilitação na sucessão hereditária e na administração de bens.

A expressão “Holding Patrimonial” ou “Holding Familiar” é usada para


qualificar uma sociedade que controla o patrimônio de uma ou mais pessoas
físicas, ou seja, ao invés das pessoas físicas possuírem bens em seus próprios
nomes, passam a possuí-los através de uma pessoa jurídica, a controladora
patrimonial.

A Holding Patrimonial é usada principalmente com o objetivo de


facilitar a administração de bens e a sucessão hereditária, garantindo a
manutenção do conglomerado de empresas em poder dos descendentes do
sucessor. A preocupação com os negócios da família, bem assim a sua
continuidade, tem levado muitas pessoas a constituírem holdings familiares.
Essa medida visa, principalmente, evitar possíveis mudanças de filosofia na
gestão dos negócios, advindas dos diferentes perfis dos herdeiros, impedindo,
inclusive, que problemas familiares atinjam os negócios. 12

Vantagens empresariais da “holding familiar”

A holding familiar apresenta diversos atrativos, o que torna sua


utilização comum, especialmente para perpetuação do patrimônio na família e
preservação contra terceiros.

Em vários aspectos é possível verificar essas vantagens, contudo


para melhor compreensão, alguns assuntos pertinentes o minuciamento do
tema foram abordados.

Dentre as principais vantagens obtidas nesta operação, estão:


> a simplificação das soluções referentes a patrimônios, heranças e sucessões
familiares, através do artifício estruturado e fiscal de uma holding;
> atuação como procuradora de todas as empresas do grupo empresarial, junto
a órgãos de governo, entidades de classe e, principalmente, instituições
financeiras, reforçando seu poder de barganha e sua própria imagem;
> facilitação da administração do grupo empresarial, especialmente quando se
considera uma holding autêntica;
> facilitação do planejamento fiscal-tributário; e
> otimização da atuação estratégica do grupo empresarial, principalmente na
consolidação de vantagens competitivas reais e sustentadas. 13

Regimes de bens de casamento, união estável e concubinato

12
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
13
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e unidade estratégica de
negócio: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1995.
Em primeiras linhas iremos nos familiarizar com o regime de bens no
casamento. Que temos como a união de duas pessoas com objetivo de
constituir família e que se funda em celebração solene, rito formal de
celebração. O casamento se divide em cinco regimes distintos, são eles:

Comunhão Universal de bens: se comunicam os bens e as dívidas


presentes e futuras na constância do casamento, e a meação do cônjuge na
separação e no divórcio, sendo sempre de 50% (cinqüenta por cento), o
quinhão de cada cônjuge;

Comunhão parcial ou legal de bens: Comunicam se os bens e as


dívidas adquiridas na Constancia do casamento e a meação do cônjuge na
separação e no divórcio se dá em 50% (cinqüenta por cento), dos bens
adquiridos onerosamente durante o casamento;

Separação convencional de bens: Regime em que os bens e as


dívidas não se comunicam, cada qual responde por seus próprios bens e
dívidas e não há meação de bens com relação ao cônjuge na separação e no
divórcio;

Separação obrigatória de bens: Os bens e as obrigações também


não se comunicam, a meação do cônjuge na separação e no divórcio, sendo
sempre dos bens adquiridos pelo esforço comum; e

Participação final nos aquestos: Comunicam se os bens e as dívidas


adquiridas durante o casamento, após a dissolução do mesmo, e a meação
recai sobre bens adquiridos onerosamente durante o casamento.

Não podemos ignorar os importantes institutos da união estável e do


concubinato.

União Estável é a união entre duas pessoas com objetivo de


constituir família, que se difere do casamento por não haver rito solene para
sua formação, bastando o animus de constituir família. O Regime de bens que
se aplica a União Estável é a comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito
e específico. Mas em regra, a divisão é de 50% (cinqüenta por cento), dos bens
adquiridos onerosamente na vigência da união estável.

O concubinato são relações não eventuais entre duas pessoas


impedidos de se casar, os efeitos patrimoniais são limitados à participações
nos bens adquiridos pelo esforço comum que advêm da sociedade de fato. A
meação do concubinato é de 50% (cinqüenta por cento), dos bens adquiridos
pelo esforço comum.

A divisão patrimonial, na dissolução da sociedade conjugal, com


relação a separação judicial, não afasta os deveres conjugais, e importante que
o divórcio, com a dissolução do casamento, não extingue o vínculo.

Na partilha de bens comunicáveis a lei permite sua realização pela


separação jurídica, do divórcio, ou até após a concessão deste, pode ser
postergada a partilha dos bens, poderá ser evitada a interferência de fatores
sentimentais e psicológicos que poderão gerar prejuízos financeiros
irreparáveis ao patrimônio.

No artigo 977 do Código Civil Brasileiro, dispõe a vedação de


contratação de sociedade entre cônjuges e, destes terceiro, caso sejam
casados pelo regime da comunhão universal de bens ou Separação
obrigatória. Estabelecendo a obrigatoriedade de arquivamento e averbação no
Registro Público de Empresas Mercantis, dos pactos e declarações
antenupciais do empresário, títulos de doação, herança e legado de bens
cláusulados de inalienabilidade, a sentença que homologar ou decretar a
separação judicial e ato de reconciliação, para produção de efeitos perante
terceiros.

Por isso tem se admitido a alteração do regime de casamento,


podemos citar o precedente da juíza da 6ª Vara de Família de Fortaleza que
acolheu um pedido de alteração de regime patrimonial do casamento, solicitado
por um casal que contraiu o matrimônio sob o regime da comunhão universal
de bens, na vigência do Código Civil de 1916. Os cônjuges, sócios de uma
sociedade civil, estão diante do Código Civil de 2002, que determina que a
sociedade simples formada por cônjuges, obriga os mesmos a estarem sob a
égide da comunhão parcial de bens, o que motivou a interposição da ação, já
que os cartórios de registros declararam não ser possível realizar tal
modificação sem uma ordem judicial, tendo em vista que trata-se de uma
matéria de ordem pública.

Com a alteração, a mutação do regime foi realizada, porém, com a


imposição de condições para evitar fraudes, como tais: a alteração só surtirá
efeito com o trânsito em julgado da sentença, sendo "ex nunc", ou seja, não
retroagirá a data do matrimônio.14

Holding familiar na Sucessão pelo Código Civil: A legítima e herdeiros


necessários.

Sucessão pode ocorrer por doação, testamento ou inventário, e deve


ser aos herdeiros necessários descendentes, ascendentes ou cônjuge,
reservado a legítima de, no mínimo, metade do patrimônio. Caso não haja
testamento, herdam a totalidade do patrimônio.

Os herdeiros sucessivos na ordem do artigo 1829 do Código Civil


são:

“Art. 1829 - A sucessão legítima defere-se na ordem


seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se,
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes,
em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge
sobrevivente; IV - aos colaterais”.

14
GORDIANO, Imaculada. Justiça acolhe alteração do regime patrimonial do casamento.
http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=72625. publicado em 31 de outubro de 2008
acesso em 30 de outubro de 2011.
Com relação a esclarecimentos sobre o inventário que é a forma de
sucessão patrimonial prevista e regulada no ordenamento jurídico nacional,
pela interferência, direta e ampla, do Judiciário Brasileiro, inclusive no que
tange a própria partilha dos bens quando necessária.

O planejamento sucessório só será eficaz, a partir da previsão de


prováveis conflitos, determinado pelos perfis dos detentores do patrimônio de
seus herdeiros. As estruturas societárias são criadas, com a realização de
acordos legais que proporcionem distribuição coerente do gerenciamento e do
controle acionário 15
, de forma que os sócios fundadores deixam de participar
diretamente da empresa na forma operacional, passando a deter empresas de
holding diferentes.

A holding familiar irá deter a gerência e controle, que administrará as


demais com a celebração de acordos societários.

Desta forma não permite interferências familiares, com o intuito de


desenvolver um bom andamento dos negócios, no que se aplique à
administração, gerenciamento, operacionalização, com isso possibilitando a
concentração de todo patrimônio dos sócios em holdings familiares, permitindo
sucessão de quotas e ações.

De tal monta, se promove a antecipação da legítima em doação das


ações e quotas das holdings familiares aos herdeiros sucessórios.

Utilizam-se cláusulas restritivas de direito, de acordo com os


interesses do fundador, como na reserva de usufruto vitalício, resguardando o
direito de votar e ser votado, caso a sucessão esteja sendo preparada para o
caso de morte dos fundadores.

A celebração de acordo de acionistas de S/A, sócios, ltda.,


determinando quem sucederá e como será a sucessão nas diversas funções,

15
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
protegendo assim os herdeiros para o exercício de poder sem conflitos,
observando a aptidão e o perfil de cada sucessor.

Com relação ao planejamento pos mortem, o testamento dos


fundadores com disposição das quotas ou ações das holdings familiares aos
herdeiros e sucessores, ou atribuições através de doação ou testamento, das
mesmas quotas ou ações, de forma diversa, que é uma decisão de foro íntimo,
levando em consideração a participação de cada herdeiro, e o respeito a
legítima dos herdeiros necessário, de forma a proporcionar exercício do poder
sem disputas.

A sucessão deverá ser necessária, gradual e planejada, em vida,


considerando os aspectos estruturais da empresa, os familiares e os legais, de
forma a propiciar a continuação e expansão da empresa familiar. Diversos
mecanismos de acordos podem ser utilizados levando em conta o perfil e
objetivos dos fundadores.

No que concerne à ordem da chamada sucessiva ou excludente: em


que a primeira classe é composta por descendente, mais cônjuge sobrevivente;
na segunda classe são os ascendentes, mais cônjuge sobrevivente; terceira
classe se compõe de cônjuge sobrevivente; a quarta classe são os parentes
colaterais até quarto grau; e a quinta classe o município, Distrito federal ou à
União, caso não existissem herdeiros necessários.

Efeitos patrimoniais dos regimes de bens do casamento na sucessão

Começaremos pelo regime da comunhão universal de bens: neste


caso, o cônjuge não herda os bens comuns, como regra, meeiro não é
herdeiro; na comunhão parcial de bens, o cônjuge é herdeiro necessário dos
bens particulares e meeiro dos bens comuns; na participação final nos
aquestos, o cônjuge é herdeiro necessário dos bens particulares, e há meação
dos bens comuns; no que tange a separação convencional de bens, o
companheiro ou cônjuge é herdeiro necessário de todos os bens, não há neste
caso a meação; com relação a separação obrigatória de bens, não se herda,
pois se trata de meação da meação dos bens adquiridos pelo esforço comum;
na união estável, o companheiro é herdeiro dos bens adquiridos onerosamente
na vigência da união estável não há neste caso a meação sobre os mesmos
bens; e por fim, no que se trata o concubinato, não há herança, há meação dos
bens adquiridos pelo esforço comum.

Segundo as disposições dos artigos 1.857 e 1.858 do Código Civil


Considera-se testamento o ato revogável pelo qual alguém, em conformidade
com a lei, dispõe, no todo ou em parte, o seu patrimônio, para depois da
morte.16

O testamento pode ser de três formas: público, particular ou cerrado.


Deverá observar todos os requisitos e formalidades legais, de modo a
assegurar a validade do testamento e suas disposições, a escolha da forma do
testamento, e utilizar se da doação em vida ou do codicilo para disposições
menores.

Pode ainda conter cláusulas que restringem o direito de propriedade


na doação e no testamento.

Cláusulas estas previstas em lei, que restringem o poder ao direito


de propriedade, podendo ser inseridas nas disposições de bens, concedendo
ao doador ou testador, limite ao direito do donatário ou herdeiro sobre os bens
doados ou objeto de sucessão, por prazo determinado ou vitalício, de forma a
proteger o patrimônio contra adversidades ou má fé de terceiros.

As cláusulas restritivas são as de inalienabilidade;


impenhorabilidade; incomunicabilidade e usufruto.

A inalienabilidade é o meio pelo qual o autor da herança ou doador,


legalmente impede em definitivo ou restringe temporariamente o direito do
herdeiro ou donatário de alienar o bem vinculado à cláusula.

16
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
A impenhorabilidade é a forma em que o doador ou autor da
herança, delimita legalmente o direito de propriedade do herdeiro ou donatário,
via de regra pródigo17, impedindo que se utilize o bem vinculado para servir de
garantia da obrigação pré existente ou futura.

A incomunicabilidade é a cláusula que impede, mesmo que contra a


vontade do herdeiro ou donatário, que o bem vinculado venha a se comunicar
em caso de casamento ou união estável, ficando, assim, salvo de má fé.

Usufruto é o direito de usar uma coisa pertencente a outrem e de


perceber-lhe os frutos e utilidades que ela produz sem alterar lhe a substância.

O testador só poderá testar sobre a parcela disponível de 50%


(cinqüenta por cento), de seu patrimônio, porque a outra metade fazer parte da
sucessão legítima que são destinados aos herdeiros necessários e deve seguir
a disposição legal.

As cláusulas que podem ser incluídas no testamento poderão ser de


Inalienabilidade, incomunicabilidade, impenhorabilidade, pode instituir herdeiros
e legatários, definir os bens que irão para herdeiro ou legatário, instituir
usufrutos, gravar as deixas com condições e encargos, determinar a
constituição de fundações, incluir substituições testamentárias, reconhecimento
de paternidade, nomear tutores, curadores, administradores e deixar conselhos
e confissões entre outros.

Vantagens tributárias

17
O Código Civil em seu artigo 4º, IV coloca os pródigos na categoria de relativamente incapazes a
prática de certos atos. art 4º: São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: (...)
IV - os pródigos.(...)A incapacidade do pródigo é relativa aos atos enumerados no art. 1.782 do Código
Civil Brasileiro de 2002: Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar,
transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que
não sejam de mera administração. Pela leitura do artigo, podemos entender que a interdição do pródigo
refere-se apenas aos atos que podem provocar a dilapidação de seu patrimônio. Doutra forma,
permanece-lhe o direito ao exercício dos demais atos da vida civil, como o é o exercício de profissão.
Outro atrativo dos conglomerados familiares são as diferenças
tributárias para certos casos, traçamos um comparativo de incidência tributária
em situações de transferência que justificam a criação de uma holding.

A hipótese de incidência tributaria na sucessão:

Imposto Estadual sobre transmissão “causa mortis” e doação –


ITCMD

O fato gerador da hipótese de incidência do ITCMD é a morte com


conseqüente transmissão de quaisquer bens ou direitos havidos por sucessão
legítima ou testamentária, inclusive sucessão provisória, bem como por
doação.

Com relação aos contribuintes do ITCMS são os herdeiros e


eventuais cessionário, a base de cálculo é o valor venal do bem ou direito
transmitido. A alíquota é de 4% (quatro por cento), sobre o valor da base de
cálculo.

O Fundamento legal é a lei nº 10.992 de 2001 que regulamenta o


Imposto Estadual sobre transmissão “causa mortis” e doação – ITCMD.

No usufruto o doador ou autor da herança atribui a nua propriedade


ao donatário ou herdeiro, garantindo o direito de uso e gozo do bem para si, no
primeiro caso, ou para terceira pessoa em ambos os caso, por tempo
determinado ou indeterminado.

Estabelece o art. 1.911 do Código Civil:

“Art. 1911 - A cláusula de inalienabilidade, imposta aos


bens por ato de literalidade, implica impenhorabilidade e
incomunicabilidade. “
A inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade são
cláusulas que só poderão ser aplicadas pelo testador sobre os bens da
legítima, no testamento, se houver justa causa para tanto, pois, o disposto no
Código Civil no artigo 1.848 é que se não havendo justa causa , não poderá
gravar os bens da legítima com tais cláusulas.

Não poderá admitir no testamento conversão de bens que integrem a


legítima em outros de espécie diferente.

Para que seja obedecida a vontade do testador no momento de sua


morte, este devera adotar todas as medidas legais cabíveis previstas no
ordenamento jurídico, especificamente o Código Civil brasileiro e caso não haja
obediência aos dispositivos legais o ato será nulo, por isso as omissões ou
disposições viciadas de forma insanável, dará ensejo subsidiariamente a
legítima de sucessão regulada pela lei civil, sendo assim, talvez não seja
obedecida à vontade do testador.

Um dos objetivos do planejamento da sucessão empresarial é


organizar mecanismos de convivência para que a empresa dure mais do que
seus criadores, segundo estudiosos no assunto uma empresa familiar está
fadada ao fracasso se não seguir esta regra básica

Outra vantagem de fazer esta opção é a rapidez no processo de


divisão de patrimônio entre herdeiros e beneficiários e na efetivação das
medidas definidas.

Enquanto um inventário convencional pode demorar muitos anos


para ser concluído, o Planejamento Sucessório entra em vigor imediatamente
após o falecimento e nesse sentido João Alberto Borges Teixeira expõe o
seguinte quadro:18

Vantagens da holding familiar em relação aos inventários


Eventos Holding Familiar Inventário
Tributação da Herança e 04% 04%

18
TEIXEIRA, João Alberto Borges. Holding Familiar Tipo Societário e seu Regime de Tributação.
http://www.almadateixeira.com.br/artigo_holding.pdf. acesso em 12 fe outubro de 2011.
Doação
Tempo para criação ou tempo 30 dias em média 05 anos em média
do Inventário
Tributação dos Rendimentos 12,00% 27,50%
Tributação da venda de Bens 5,8% 27,00%
Imóveis
Sucessão conforme novo Cônjuge NÂO é Cônjuge é
Código Civil para casamentos herdeiro herdeiro
com comunhão parcial de
bens

Tomada a decisão de planejar a divisão de bens em vida, tudo fica


mais fácil. Pode-se optar pela abertura de uma holding familiar, que consiste na
criação de empresas que se tornam proprietárias dos bens destinados a cada
um dos herdeiros e estes são sócios titulares da holding, ou então, pela doação
pura e simples dos bens para os respectivos destinatários. É importante
observar que, ao se planejar a sucessão adequadamente, nos termos da lei, os
herdeiros necessários (cônjuge, companheiro, filhos e pais) não tem como
contestar a transferência do patrimônio ocorrida conforme a vontade do seu
titular, externada ainda durante sua vida.

Outra forma de administrar patrimônio, mesmo no planejamento


sucessório, é pela adoção de cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade
e incomunicabilidade, que impede, por exemplo, a venda de um determinado
imóvel pelos filhos, só sendo possível sua comercialização pelos netos, ou,
ainda, impossibilita a inclusão daquela propriedade, em caso de divórcio ou
separação do herdeiro, na partilha de bens em casamentos celebrados no
regime de comunhão parcial de bens. Essas medidas impedem a dilapidação
do patrimônio em curto e médio prazo, garantindo certa estabilidade aos
herdeiros e impondo-lhes responsabilidades em relação à preservação dos
bens.19

19
KIGNEL, Luiz. Futuro da família 'Planejamento sucessório é sinônimo de divisão justa de bens.'Revista
Consultor Jurídico, 4 de agosto de 2003.
A cláusula de incomunicabilidade constitui uma eficiente proteção ao
herdeiro, sem que, por outro lado, colida com qualquer interesse geral. O
exemplo mais comum é do pai cuja filha se casa pelo regime de comunhão de
bens. Para evitar que, com a separação, os bens por ela trazidos sejam
divididos com marido não confiável, ou que com a morte deste os mesmos
bens sejam partilhados com os seus próprios herdeiros, o genitor impõe a
incomunicabilidade da legítima, impedindo o estabelecimento da comunhão. 20

O objetivo da criação de uma holding familiar é preservar o


patrimônio conquistado da família de uma forma planejada. Ao se criar uma
holding familiar objetiva-se a concentração e proteção do patrimônio da família,
facilitando a gestão dos bens e ainda obtendo maiores benefícios fiscais em
caso de sucessão.

A criação deste tipo de sociedade é de grande valia para a família


que, possuindo grande patrimônio, visam a protegê-lo, concentrando os bens
no seio familiar e nas mãos daqueles que serão aptos a prosseguir com o bom
andamento dos negócios. Os sócios serão indivíduos da mesma família, pai,
mãe e filhos, podendo ser as quotas ou ações divididas com o objetivo de
evitar futuros problemas com eventuais conflitos familiares, planejando desde
já a sucessão dos bens. Aqueles que optam por criar uma sociedade como
esta, possuem um amplo leque de benefícios em diversas áreas, como
incentivos fiscais relativos à pessoa física e jurídica; determinação da herança,
através do planejamento sucessório, evitando a delonga processual; bem como
a “blindagem” dos patrimônios da família.

É um meio de perpetuar o patrimônio na família, evitando que os


sucessores menos preparados acabem por dilapidar o patrimônio conquistado,
por isso, criar uma holding familiar é relevante para proteger os bens e
determinar o bom andamento da sua sucessão de acordo com a vontade das
partes, determinando quem administrará os bens e indicará o quinhão
específico de cada.
“A propriedade de bens em nome de uma pessoa física
oferece uma série de riscos e custos elevados quando
20
GOANÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.v. 7. p.193.
comparados à sua incorporação a uma pessoa jurídica
[...] Enfim, a opção pela constituição de uma pessoa
jurídica que controle o patrimônio da pessoa física –
Holding Patrimonial – implica em vantagens concretas,
posto que os bens da pessoa física, que é apenas titular
de quotas, passam para a pessoa jurídica, havendo,
assim, vantagens para seus titulas, principalmente no
que concerne a impostos [...]. 21

O inventário, como forma “tradicional” de transmitir aos herdeiros a


listagem dos bens do falecido para os seus sucessores, sucedido pela partilha
como forma processual legal para definir os limites da herança que caberá a
cada um dos herdeiros, para formalizar a sucessão dos bens deixados pelo
falecido, pode ser uma forma onerosa, tributariamente falando, e morosa,
considerando o tempo que um inventário pode demorar com o “atolamento
jurídico” da máquina judicial, ainda que considerando a hipótese de o inventário
ser feito por cartório, nos moldes da reforma advinda da lei nº 11.441/07 que
alterou dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de
Processo Civil, possibilitando a realização de Inventário e Partilha por via
Administrativa; vem sendo, também nominado de Inventário Extrajudicial,
Inventário Notarial ou por Ato Notarial por ser realizado perante um Cartório de
Notas, a carga tributária permanece sendo dispendioso.

O inventário é um processo muito dispendioso. Sendo de forma


contenciosa ou de jurisdição voluntária, tem-se os custos judiciais, honorários
advocatícios e ainda a incidência do imposto causa mortis. Após o término da
fase de arrolamento de bens e o pagamento das dívidas existentes, dá-se
início a partilha dos bens entre os sucessores, dando fim ao longo processo de
divisão de bens do de cujus; um processo que leva em média 5 (cinco) anos e
é altamente custoso para os herdeiros, desta forma, para evitar estes
transtornos e o desgaste da família, é indicado fazer um planejamento
sucessório ainda em vida, o que evitará a incidência de impostos como o
Imposto de Transmissão Inter Vivos (ITIV) e o Imposto de Transmissão Causa
Mortis e Doação (ITCMD).22
21
BERGAMINI, Adolpho. Constituição de empresa Holding Patrimonial, como forma de redução de carga
tributária da pessoa física, planejamento sucessório e retorno de capital sob a forma de lucros e
dividendos, sem tributação. Revista Jus Vigilantibus Disponível em . Acesso em 05 maio 2011.
22
DONNINI, Cristina Figueiredo. BENEFÍCIOS TRAZIDOS PELA HOLDING FAMILIAR EM RELAÇÃO AO
TITULAR DO PATRIMÔNIO. http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4221, publicado em 17 de
junho de 2010, acesso em 18 de novembro de 2011.
Enfim, ninguém pode prever ou evitar a própria morte, mas é
possível garantir o futuro dos filhos e a segurança financeira da família.
Planejamento sucessório é sinônimo de divisão justa de bens, redução de
custos e evita desgastes futuros entre herdeiros, tranqüilizando, nesse aspecto,
tanto o titular dos bens quanto quem o sucede.

Da Legítima

Em se tratando de herdeiros necessários, quem nos direciona é o


artigo 1.845 do Código Civil:

”Art. 1.845 - São herdeiros necessários os


descendentes, os ascendentes e o cônjuge.”

Que nos dá a classificação taxativa e de forma rígida desses


herdeiros necessários, e esclarece que por esse motivo, a metade desse
patrimônio estará a esse destinado.

Mas por exceção a regra, caso o autor da herança demonstre a


vontade, poderá haver diferenças desiguais entre os quinhões sem com que
prejudique a legítima. Podemos dizer que é uma divisão de patrimônio entre os
herdeiros, é a divisão de quinhões equilibrada ou não.

Para uma parcela poderá caber até metade do patrimônio total.

Já a maior parcela, inclusive aquele que já recebeu metade, pode ser


dividida a metade restante, em partes idênticas.

É o Maximo, podendo a desproporção ser mais amena. São razões


de foro íntimo.

A vedação da legítima dos herdeiros necessários em testamento,


está disposto no artigo art. 1.857 do Código Civil:
“Art. 1.857 - Toda pessoa capaz pode dispor, por
testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte
deles, para depois de sua morte.
§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser
incluída no testamento”

Ao se tratar de inventário judicial, a divisão se opera em partes


iguais, aos herdeiros sucessíveis, com relação a ordem apresentada no artigo
1829, do Código Civil, o que pode não estar em acordo com a vontade do autor
da herança.

Sucessão Patrimonial “inter vivos” e o adiantamento da legítima

As doações são instrumentos eficazes para o planejamento fiscal e


sucessório, sendo os bens transferidos pelo valor constante da declaração de
bens do doador, não incidirá imposto de renda. O ITCMD é um imposto
Estadual sobre qualquer bens móveis ou imóveis, não incidirá ITCMD quando o
valor doado anualmente a um donatário não exceder 2.500 UFESP’s.

Em caso de bens doados, sejam no valor de mercado, incidirá o


Imposto de Renda sobre a diferença a maior sobre este valor, a declaração
constante da declaração de bens do doador.

Não se pode doar a totalidade de seus bens, deve ser garantidos


bens para sua subsistência, deve ser mantido em poder do doador algo que
garanta sua subsistência, a cláusula de usufruto vitalício supre essa
necessidade.

Com relação ao regramento normativo que consta da hipótese de


incidência do imposto municipal sobre transmissão inter vivos, antes chamado
de “Sisa”, o fato gerador é a transmissão entre vivos, a qualquer título, por ato
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais
sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição, o contribuinte é o cessionário do bem ou direito transmitido.
A base de cálculo é o valor venal do bem ou direito transmitido e a
alíquota é de 2% (dois por cento), sobre a base de cálculo (no município de
São Paulo).

Planejamento Tributário

No dispositivo 156, parágrafo 2º, I da Magna Carta, determina que o


imposto inter vivos, não incide sobre a transmissão de bens ou direitos
incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem
sobre a transmissão de bens e direitos decorrentes de fusão, incorporação,
cisão ou extinção de pessoa jurídica, exceto se nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for de compra e venda de bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.

Na hipótese do autor não ter doado seus bens em vida ou efetuado a


disposição de seu patrimônio através de testamento, a sucessão se dará pelo
Inventario Judicial, onde serão chamados os sucessores, na ordem
estabelecida pelo Código Civil Brasileiro, em que os mais próximos excluem os
mais remotos.

Os contras da sucessão hereditária na ordem do artigo 1829 do


Código Civil.

Há uma tendência a maior possibilidade de litígios;

Amplitude temporal do processo sucessório; e ainda o elevado custo


processual, pericial, diligência e etc.

DESVANTAGENS
As maiores desvantagens da holding, segrega-os por aspectos:
financeiros, administrativos, legais e societários. Ressalte-se que serão
demonstradas as desvantagens genéricas da Holding, ou seja, de suas várias
espécies, não se limitando apenas à holding patrimonial (familiar).

No tocante aos aspectos financeiros, salienta o professor que as


principais desvantagens são as de a Holding não poder usar prejuízos fiscais
(no caso de holding pura); ter maior carga tributária se não existir adequado
planejamento fiscal (inclusive opção pelo lucro real ou presumido, conforme
veremos adiante); ter tributação de ganho de capital na venda de participações;
ter maior volume de despesas com funções centralizadas, o que pode provocar
problemas dos sistemas de rateio; e ter imediata compensação de lucros e
perdas das investidas, pela equivalência patrimonial (no caso de
holding controladora, por exemplo).23

Quanto aos aspectos administrativos, deve-se considerar a


ocorrência das seguintes desvantagens: ter elevada quantidade de níveis
hierárquicos, o que aumenta o risco inerente à qualidade e agilidade do
processo decisório (no caso de holding controladora); e não ter adequado nível
de motivação nos diversos níveis hierárquicos, pela perda de responsabilidade
e autoridade, provocado pela maior centralização do processo decisório.

Nos aspectos legais, os principais a serem considerados são: as


dificuldades em operacionalizar os tratamentos diferenciados dos diversos
setores da economia; e ter problemas em operacionalizar as diversas situações
provocadas pelas diferenças regionais.

Por fim, quanto aos aspectos societários, assevera o professor que a


principal desvantagem que pode ocorrer é consolidação do tratamento dos
aspectos familiares "entre quatro paredes", criando uma situação irreversível e
altamente problemática.24

23
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Holding, administração corporativa e unidade estratégica de
negócio: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 1995.
24
Idem.
CAPITULO V

OBJETO SOCIAL

A Sociedade Patrimonial deve adotar um objeto social, como toda e


qualquer sociedade, e para isso precisa definir qual CNAE (Classificação
Nacional de Atividades Econômicas) se vincular. A CNAE é o instrumento de
padronização nacional dos códigos de atividade econômica e dos critérios de
enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da Administração Tributária do
país, em especial a Receita Federal do Brasil (RFB).25

Trata-se de um detalhamento da CNAE – Classificação Nacional de


Atividades Econômicas, aplicada a todos os agentes econômicos que estão
engajados na produção de bens e serviços, podendo compreender
estabelecimentos de empresas privadas ou públicas, estabelecimentos
agrícolas, organismos públicos e privados, instituições sem fins lucrativos e
agentes autônomos (pessoa física).

Possui uma tabela de códigos e denominações. A CNAE foi


oficializada mediante publicação no DOU - Resoluções IBGE/CONCLA nº 01
de 04 de setembro de 2006 e nº 02, de 15 de dezembro de 2006.

As opções de CNAE mais utilizadas são:


6822-6 Gestão e Administração da Propriedade
Imobiliária;
6462-0 Holdings de Instituições Não-Financeiras; 26
6810-2 Atividades Imobiliárias de Imóveis Próprios.

“O CNAE 6462-0 (Holdings de Instituições Não-Financeiras)


possibilita que a Holding Patrimonial participe do capital social de um grupo de
25
http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/cnaefiscal/txtcnae.htm acesso em 10 de Nov. De 2011.
26
Lei nº 6.404/76 - LSA.
empresas com atividades preponderantemente não-financeiras, podendo ou
não exercer funções de gestão e administração dos negócios da empresa do
grupo. Portanto, não faz parte deste CNAE a alienação de imóveis (terrenos,
apartamentos, fazendas etc.) próprios ou de terceiros, ao passo que eventual
alienação será uma atividade secundária da sociedade, tributada "na cabeça".
Já os CNAE 6822-6 e 6810-2 permitem que a Holding Patrimonial controle,
gerencie, administre um determinado patrimônio, bem como aliene os bens do
seu ativo com tributação reduzida, tendo em vista se tratar de atividade
primária (constante no objeto social) havendo a aplicação de percentuais antes
da incidência da alíquota do imposto, notadamente no Lucro Presumido. Em
suma, possibilitam a administração e aluguel de imóveis próprios. Vale dizer
que os CNAE que se encontrarem no grupo de atividades imobiliárias, podem
ensejar fiscalização do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis),
órgão de classe responsável pela fiscalização de atividades de corretagem.
Logo, para que o CRECI não venha a caracterizar a empresa como prestadora
de serviços imobiliários, a sociedade deverá se limitar a administrar imóveis
próprios, ou seja, não poderá ser utilizada para efetuar a compra e venda de
imóveis de terceiro, uma vez que essa operação poderia caracterizar a
empresa como imobiliária, o que resultaria em pagamento de taxas de
inscrição, manutenção dos registros, obrigações diversas, dentre outras,
perante o CRECI e outros órgãos”.27

ESCOLHA DA FORMA SOCIETÁRIA

A sociedade Holding pode ser constituída sob qualquer tipo


societário, pois, não é um tipo societário específico, é apenas uma opção de
administração, contudo, a maioria das Holdings são constituídas sob a forma
de S/A ou Limitada.

27
PRADO, Fred John Santana. A "holding" como modalidade de planejamento patrimonial da Pessoa
Física no Brasil. http://www.contratosonline.com.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=13348:a-qholdingq-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-
da-pessoa-fisica-no-brasil&catid=5&Itemid=143. Disponível em 02 de mar 2011 acesso em 10 nov. 2011.
“A sociedade limitada se caracteriza como a modalidade societária
mais vantajosa, no que concerne a estrutura, notoriamente mais simples em
nível gerencial. Todavia, os meios a serem utilizados para a captação de
recursos são reduzidos, e, devido ao quorum elevado para as deliberações
sociais, é uma escolha arriscada para as sociedades que não possuem um
quadro societário com interesses convergentes e relações invioláveis.

Sendo assim, podemos afirmar que de maneira geral, a limitada é a


opção societária mais adequada para as sociedades com alta concentração de
quotas nas mãos do controlador, e que dispõe de capital próprio suficiente para
a consecução dos seus objetivos sociais, não dependendo de empréstimos de
terceiros.

“A sociedade anônima, de estrutura mais complexa, apesar de


possuir despesas mais elevadas, fornece em contrapartida, instrumentos para
captação de recursos a custos menores do que aqueles cobrados no mercado
financeiro”.28

Sociedade Anônima

A sociedade anônima é uma sociedade de capital. Conforme o artigo


4º da LSA. Existem duas espécies distintas de companhia: a sociedade
anônima de capital aberto e a sociedade anônima de capital fechado.

A companhia de capital aberto tem seus valores mobiliários


negociados nas Bolsas de Valores, Mercados de Capitais e Mercado de
Balcão, sendo registrada na Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a
sociedade anônima fechada, não possui ações disponíveis no mercado para
negociação, o que sugere menor grau de liquidez em investimento. 29

28
Idem.
29
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004.
•  47. Ibid. p.181.
No tocante às disposições gerais, o Estatuto Social deverá atender a
todos os requisitos exigidos para os contratos das sociedades mercantis em
geral e aos peculiares às companhias e deverá conter as normas pelas quais
se regerá a Companhia (art. 83 da LSA).

A responsabilidade dos sócios na S/A é limitada ao preço de emissão


das ações subscritas ou adquiridas (art. 1º da LSA) e o capital social se divide
em ações com ou sem valor nominal, e de acordo com a natureza dos direitos
ou vantagens que conferirem a seus titulares, se classificam em preferenciais,
ordinárias ou de fruição (art. 11 e 15 da LSA), nas companhias com ações sem
valor nominal, o Estatuto Social poderá criar uma ou mais classes de ações
preferenciais com valor nominal, devendo o valor nominal, ser o mesmo para
todas as ações da Companhia (art. 11 §§1º e 2º da LSA).

As ações ordinárias das Companhias fechadas e as ações


preferenciais das Companhias abertas poderão ser de uma ou mais classes. O
número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas à restrição no
exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento), do
total das ações emitidas (art. 15 §§ 1º e 2º da LSA). Ademais, a companhia
poderá ser administrada por um Conselho de Administração e por uma
Diretoria, ou somente por uma Diretoria, sendo obrigatória a instalação de um
Conselho de Administração nas Companhias abertas e nas de capital
autorizado (art. 138 da LSA).30

Sociedade Anônima Aberta

Companhia aberta é a sociedade anônima cujo capital pode ser


disseminado pelo público, contudo para que esse capital venha a circular é
obrigatório o registro na CVM, que é o órgão oficial cuja função primordial é a
de fiscalização das atividades do mercado de valores mobiliários. 31

30
Idem.
31
ANGHER, Anne Joyce. Dicionário Jurídico. 6 ed. São Paulo: Rideel, 2002.
Dentre as suas finalidades principais está promover a expansão e o
funcionamento regular do mercado de ações, estimularem as aplicações em
ações do capital social de companhias abertas sob controle de capitais
privados nacionais e garantir a eficiência e a regularidade do mercado de
capitais. Nenhuma emissão pública de valores mobiliários poderá ocorrer sem
prévio registro da sociedade na CVM, entendendo-se por atos de distribuição a
venda, a promessa de venda, a oferta à venda ou subscrição, a aceitação de
pedido de venda ou a subscrição de valores mobiliários. 32

Oportuno que a lei não exige, efetivamente, a companhia negocie


seus valores no mercado de capitais, para caracterizar-se como aberta, mas
que esteja autorizada a fazê-lo.

Ações são títulos que representam parte da divisão do capital de


uma sociedade anônima, que dá ao seu possuidor direito creditício perante
esta. São, portanto, valores mobiliários representativos de unidade do capital
social de uma sociedade anônima, que conferem aos seus titulares um
complexo de direitos e deveres. Dentre as modalidades de ações, as que mais
interessam são as ações ordinárias e as preferenciais. 33

A ação ordinária é aquela que confere aos seus titulares os direitos


que a lei reserva ao acionista comum. São ações de emissão obrigatória. Não
há sociedade anônima sem ações desta espécie. O estatuto não precisará
disciplinar esta espécie de ação, uma vez que dela decorrem, apenas, os
direitos normalmente concedidos ao sócio da sociedade anônima, a
ação preferencial, confere aos seus titulares um complexo de direitos
diferenciados, como, por exemplo, privilégios ou vantagens como prioridade na
distribuição de dividendos fixos ou mínimos, prioridade no reembolso do
capital, com prêmio ou sem ele e acumulação de vantagens enumeradas. 34

32
http://www.cvm.gov.br/ acesso em 10 nov. 2011.
33
SILVA, José Orlando Gonçalves da. Acordo de acionistas e poder de controle na sociedade anônima
brasileira. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Economia, julho 2005. Disponível em: <
www.cvm.gov.br/port/.../José_Orlando_Goncalves_da_Silva.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2011
34
PRADO, Fred John Santana. A "holding" como modalidade de planejamento patrimonial da Pessoa
Física no Brasil. http://www.contratosonline.com.br/index.php?
option=com_content&view=article&id=13348:a-qholdingq-como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-
da-pessoa-fisica-no-brasil&catid=5&Itemid=143. Disponível em 02 de mar 2011 acesso em 10 nov. 2011.
Para captação de investimentos na companhia aberta são usadas
também as debêntures, que se caracterizam como valores mobiliários
representativos de dívida de médio e longo prazo, que asseguram a seus
detentores (debenturistas), direito de crédito contra a companhia emissora,
essa modalidade de captação de recursos no mercado de capitais, via emissão
de debêntures, pode ser feita por Sociedade anônima, de capital fechado ou
aberto, mas somente as companhias abertas, com registro na CVM, podem
efetuar emissões públicas de debêntures.

Sociedade Anônima Fechada

Entre a companhia fechada e a aberta existem algumas diferenças.


Contudo, a que mais nos interessa nas sociedades anônimas fechadas de
valores mobiliários (ações ou debêntures, por exemplo) para serem negociados
na bolsa de valores ou mercados de balcão.

Na compra e venda de ações da sociedade anônima fechada, o


investidor desconhece a realidade da companhia, tendo em vista que suas
demonstrações financeiras não são publicadas e o fato de que estas
companhias não estão sujeitas às normas regulatórias da CVM, e, em certos
casos, às práticas de governança corporativa exigida pelos investidores nas
companhias abertas, demonstrando a necessidade da aplicação do "Due
Diligence" (investigação sobre a situação patrimonial, fiscal, trabalhista,
contábil, dentre outras áreas) como forma de mensurar o valor investido. Como
resultado, a companhia aberta possui mais liquidez na captação de recursos
que a companhia fechada, e, portanto, é mais vantajosa no que se refere à
captação de recursos.35

Sociedade Limitada

35
Idem.
Este tipo societário comporta vários porte de empresa, no entanto, há
quem defenda a idéia que a sociedade limitada não se presta para agir no
campo das pequenas empresas, tendo em vista que essa idéia não condiz com
as novas características da sociedade limitada, pois com o advento do Código
Civil (2002) ocorreu uma ampliação de suas atribuições societárias, uma vez
que as operações antes privativas da sociedade anônima passaram a ser
perfeitamente executadas no âmbito da limitada, tornando-as muito mais
atrativas sob o olhar de grupos de investidores. 36

No tocante às disposições gerais, o contrato social poderá prever a


aplicação supletiva da LSA, nos casos de omissão do Capítulo IV do CÓDIGO
CIVIL 2002, e quando não for assim definido, aplicar-se-ão as normas da
sociedade simples (art.1.053, CÓDIGO CIVIL 2002).

A responsabilidade dos sócios na Ltda. é restrita ao valor de suas


quotas, respondendo todos os sócios solidariamente pela integralização do
capital social (art. 1.052, CÓDIGO CIVIL 2002).

Quanto ao capital social, este se divide em quotas, iguais ou


desiguais, respondendo solidariamente todos os sócios pela exata estimação
dos bens conferidos ao capital social, até o prazo de 5 anos, contados da
data do registro da Sociedade Limitada, sendo vedada a contribuição que
consista em prestação de serviços (art. 1.055, CÓDIGO CIVIL 2002).

A quota é indivisível em relação à Sociedade Limitada, salvo em


caso de transferência (art. 1.056, CÓDIGO CIVIL 2002), na omissão do
contrato social da Sociedade Limitada, a cessão de quotas, total ou parcial,
entre sócios, poderá se dar independentemente da anuência dos demais, e à
terceiros, se não houver oposição de titulares de mais de 1/4 do capital social
(art. 1.057, CÓDIGO CIVIL 2002).

A sociedade limitada poderá ser administrada por uma ou mais


pessoas designadas (art. 1.060 do Novo Código Civil).

36
Idem.
A sociedade limitada é mais flexível em certos aspectos, como na
possibilidade de efetivar-se um acordo de quotistas entre os sócios da
empresa, a aplicação do princípio da desigualdade de quotas do capital social
(criação de quotas com valores nominais diferenciados, como, por exemplo,
quotas "a"= R$1,00; quotas "b" = R$ 10,00 e quotas "c" = R$ 100,00) e,
finalmente, a tendência cada vez maior de exercer a administração da
sociedade em observância às regras de transparência e governança
corporativa.
Oportuno que o acordo de sócios nas sociedades limitadas funciona
exatamente como o acordo de acionistas da companhia. Logo, é no texto de
um bom acordo de sócios que será previsto, por exemplo, a forma de retirada
de um sócio, observando as exigências da lei.

Assim, podem ser criadas situações favoráveis aos investidores, que


procuram um ambiente corporativo onde haja liquidez e possibilidade de uma
rápida saída da sociedade pela venda com lucro da participação no capital
social.

Além disso, tendo em vista a previsão do art. 1055 do Código Civil os


problemas relativos aos altos quoruns exigidos por essa modalidade de
sociedade podem ser superados, de modo a criar quotas que atribuam aos
seus proprietários um maior peso na votação das matérias.

É indispensável mencionar que a transparência na administração da


sociedade, aliada à possibilidade de se criar órgãos de fiscalização atuantes,
como conselhos fiscais, tornou-se possível administrar a sociedade limitada
com o mesmo grau de transparência das sociedades anônimas, atraindo desta
forma, mais capital.37

37
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
CAPITULO VI

PERSONALIDADE

A lei confere personalidade, isto é, capacidade para ser titular de


direitos e obrigações, para entidades que preencherem os requisitos legais
estabelecidos.

Por ser sujeito de direitos e obrigações, a pessoa jurídica tem


autonomia em relação a seus sócios, isto é, a associação ou a sociedade
personalizada é pessoa que não se confunde com seus sócios, é independente
dos mesmos.

Em certos casos, pode o direito, sem reconhecer a existência de


personalidade, conceder apenas capacidade para a prática de determinados
atos. Uma sociedade irregular, por exemplo, não tem personalidade jurídica,
mas o Direito a reputa como pessoa para fins de ser ela ré em uma ação
judicial.

Do mesmo modo como o Direito pode conferir personalidade ou


conferir capacidade para a prática de determinados atos, ele também pode
desconsiderar essa mesma personalidade em determinadas situações para
certos efeitos.
O Direito pátrio reconheceu às pessoas jurídicas personalidade
jurídica como uma forma de incentivar o seu desenvolvimento. Possibilitou,
assim, que pessoas físicas que comungassem de interesses comuns
pudessem criar um ente que superasse a individualidade de cada um e atuasse
no mercado com autonomia. Isto representou importante incremento na
atividade econômica e possibilitou aos membros das sociedades auferirem
rendimentos que sozinhos não alcançariam.

E apenas por curiosidade, a legislação consumeirista foi a primeira a


positivar a desconsideração da personalidade jurídica em seu art. 28, pelo qual:

“O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da


sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato
ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.
A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração. §1º. (Vetado). (...) § 5º. Também poderá
ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores".

A pessoa jurídica não se confunde com as pessoas que a compõem.


Este princípio, de suma importância para o regime dos entes morais, também
se aplica à sociedade empresária. Tem ela personalidade jurídica distinta da de
seus sócios; são pessoas inconfundíveis, independentes entre si.

[...] em conseqüência, ainda, de sua personalização, a


sociedade terá seu patrimônio próprio, seu, inconfundível
e incomunicável com o patrimônio individual de cada um
de seus sócios. Sujeito de direito personalizado
autônomo, a pessoa jurídica responderá com o seu
patrimônio pelas obrigações que assumir. Os sócios, em
regra, não poderão não responderão pelas obrigações da
sociedade. Somente em hipóteses excepcionais, que
serão examinadas a seu tempo, poderá ser
responsabilizado o sócio pelas obrigações da
sociedade.38

38
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004. •  47.
Nesse raciocínio, a responsabilidade dos sócios pelas obrigações da
sociedade empresária é sempre subsidiária. Á vista do disposto no art. 1.024,
CÓDIGO CIVIL 2002 e art. 596 do Código de Processo Civil, que asseguram
aos sócios o direito de exigirem o prévio exaurimento do patrimônio social:

Quando a lei qualifica de "solidária" a responsabilidade de sócios –


ao delimitar a dos membros da N/C (CÓDIGO CIVIL 2002, art. 1.039) dos
comanditados da C/S (art. 1.045), dos diretores da C/A (art. 1.091) ou dos da
limitada em relação à integralização do capital social (art. 1.052) -, ela se refere
às relações entre eles; quer dizer, se um sócio descumpre sua obrigação, esta
pode ser exigida dos demais, se solidários.

Entretanto, o engenho humano não demorou a desvirtuar o instituto


das "pessoas morais", aproveitando-se de sua personalidade para cometer
fraudes e lesar o direito de outros. Diante do apontado desvio de finalidade da
pessoa jurídica, os Tribunais desenvolveram a chamada teoria da
desconsideração da personalidade jurídica para, afastando a separação
inicial entre o ente moral e as pessoas que o criaram, penetrar no patrimônio
dos sócios que dela se utilizaram para fraudar o direito.

Desse modo, positivou-se no ordenamento jurídico brasileiro a


desconsideração da personalidade jurídica, sendo hoje prevista em
instrumentos normativos como o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/90), a Lei de Defesa da Concorrência (Lei nº 8.884/94), a Lei de Crimes
Ambientais (Lei nº 9.605/98) e o CÓDIGO CIVIL 2002.

É notório que as pessoas jurídicas, como sujeitos de direitos que


são, exercem importante papel para o desenvolvimento sócio-econômico do
país. São elas as responsáveis pela maior quantidade de contratações de
trabalhadores. Elas que produzem a maior parte da riqueza do país, pois são,
em sua maioria, titulares de empresas que fazem circular bens e prestam
serviços. Enfim, são as grandes responsáveis, por desenvolverem a "livre
iniciativa" preconizada como um dos fundamentos da República enumerados
no art. 1º da Constituição Federal ao lado dos "valores sociais do trabalho". 39
39
PRADO, Fred John Santana. A "holding" como modalidade de planejamento patrimonial da Pessoa
Física no Brasil. http://www.contratosonline.com.br/index.php?
No entanto, a personificação da pessoa jurídica e sua conseqüente
responsabilidade patrimonial deixaram de ter caráter absoluto. Assim, uma vez
que exista fraude e/ou abuso de direito por parte dos sócios usando da
personalidade jurídica da sociedade, esta poderá ser desconsiderada para
atingir o patrimônio pessoal daqueles. Ressalta-se que a desconsideração da
sociedade jurídica não pode ser realizada de modo arbitrário pelos juízes. A
teoria não pode ser banalizada em sua aplicação, devendo sempre se revestir
de caráter excepcional.40

Nesta seara, vale trazer o esclarecimento do professor Ulhoa: “pois,


se o patrimônio social não foi suficiente para integral pagamento dos credores
da sociedade, o saldo do passivo poderá ser reclamado dos sócios, em
algumas sociedades, de forma ilimitada, ou seja, os credores poderão saciar
seus créditos até a total satisfação, enquanto suportarem os patrimônios
particulares dos sócios. Em outras sociedades, os credores somente poderão
alcançar dos patrimônios particulares um determinado limite, além do qual o
respectivo saldo será perda que deverão suportar. Em um terceiro grupo de
sociedades, alguns dos sócios têm responsabilidade ilimitada e outros não.

Há situações em que a utilização da pessoa jurídica é feita ao arrepio


da sua função, e infelizmente, não raras vezes, surgem notícias de utilização
indevida do ente moral para fins de locupletamento pessoal dos sócios, que se
aproveitam da blindagem da pessoa jurídica, são ocultados pela aparente
licitude da conduta da sociedade empresária.” 41

É forçoso admitir que, nesses casos, assim como o direito reconhece


a autonomia da pessoa jurídica e a conseqüente limitação da responsabilidade
que ela invoca, a própria ordem jurídica deve encarregar-se de cercear os
possíveis abusos, restringindo, de um lado, a autonomia e, do outro, a
limitação. É nesse cenário, portanto, que desponta a teoria da desconsideração
option=com_content&view=article&id=13348:a-qholdingq- como-modalidade-de-planejamento-patrimonial-
da-pessoa-fisica-no-brasil&catid=5&Itemid=143. Disponível em 02 de mar 2011 acesso em 10 nov. 2011.
40
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
41
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2004. •  47.
da personalidade jurídica, visando corrigir essa eventual falha do direito
positivo. Trata-se, pois, de uma sanção à prática de um ato ilícito.

Para isso nosso Ordenamento Jurídico prevê uma série de


mecanismos jurídicos, que permitem a suspensão temporária da personalidade
da pessoa jurídica atingindo patrimonialmente o responsável, sendo certo que
encontramos esses mecanismos na legislação empresarial, cível, trabalhista,
consumeirista, tributária, etc.

Para responder por suas obrigações o responsável empresarial


mantêm seu patrimônio para enfrentar suas obrigações.

Em caso do responsável patrimonial agir com o animus de má fé


responderá judicialmente e haverá sanção por fraude contra credores ou fraude
a execução.

No plano do Direito Societário, muito cedo alguns perceberam que


poderiam utilizar-se da personalidade jurídica para a prática de atos ilícitos ou
fraudatórios, lesando terceiros em benefício próprio. Essa percepção foi
aguçada quando o Estado criou hipóteses de limite de responsabilidade entre
as obrigações da sociedade e as obrigações dos sócios, preservando o
patrimônio desses. Assim, os sócios não mais seriam chamados para
responder, subsidiária ou solidariamente, pelas obrigações sociais, mesmo que
os ativos sociais não fossem bastante para resolver seu passivo. No entanto,
o princípio da autonomia patrimonial pode ser manipulado na realização de
fraudes, principalmente quando a pessoa jurídica é uma sociedade. Como
sujeito de direito distinto, a pessoa jurídica pode servir de instrumento para
fraudar o cumprimento da lei ou de obrigações. 42

Do exposto, pode-se verificar o risco em que se encontraria o


patrimônio de qualquer pessoa física no caso de um eventual auto de infração
ou qualquer outro tipo de execução. Visando reduzir estes riscos e
salvaguardar os bens dos membros da família, a opção de se concentrar os

42
MAMEDE, Gladston. Direito Societario: sociedades simples e empresarias. São Paulo: Atlas, 2004. p
323.
bens imóveis e móveis de maior valor em uma única sociedade
(Holding Patrimonial), que administrará estes bens em seu nome próprio, é
muito válida.

Preleciona o “artigo 591:

Art. 591 - O devedor responde, para o cumprimento de


suas obrigações, com todos os seus bens presentes e
futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.

Esse dispositivo diz respeito a proteção patrimonial do devedor com


relação aos bens que já possuía anteriormente à situação de responsável
patrimonial, dessa forma respondem apenas os bens que o sócio adquiriu
durante a administração da empresa os subseqüentes.

Nesses casos estamos cogitando um sócio que não agiu de forma


correta com a sociedade, mas no caso de o sócio ter interesse de resguardar o
seu patrimônio, inclusive preservando-o das gerações futuras, a formação de
uma holding, como já vimos, pode ser a forma de alcançar tal objetivo.

A proteção patrimonial pode diminuir os riscos que recaem sobre o


patrimônio do devedor, com o advento da transferência empresarial seja um
negocio de situação planejada e protegida para seus herdeiros e para o
sucesso da continuidade da obra e do patrimônio.

Da responsabilidade de sócios e diretores

Nas sociedades limitadas a responsabilidade do sócio limita-se ao


valor do capital social integralizado, caso seja caracterizado que o sócio cotista,
o sócio acionista ou o administrador agem em detrimento das normas legais ou
contratuais, passam eles a responder solidariamente pelas conseqüências do
abuso de poder perpetrado, no plano civil e criminal, e sua responsabilidade se
torna ilimitada.
Neste instituto a sociedade de pessoas, os administradores
respondem com seus bens pessoais se os bens da sociedade não forem
suficientes.

CAPITULO VII

CASES DE EMPRESAS FAMILIARES

O especialista Luiz Kignel, diz que, os conglomerados familiares, que


têm seu sucessor selecionado considerando o talento e o conhecimento, tem
maior possibilidade de prosperar, tendo em vista que é um meio seguro de
planejar a administração do patrimônio da família para as gerações, ele afirma
que esta tese é corroborada pelos fatos, o grupo Matarazzo, um exemplo de
potência familiar que acabou, teve seu sucessor imposto pelos herdeiros. Já o
grupo Votorantin, que está em processo de estudos para a sucessão
empresarial, segue firme e forte, em entrevista à revista Consultor Jurídico, o
especialista contou também que o primeiro exemplo de projeto familiar que deu
certo foi a Arca de Noé: eles sobreviveram ao dilúvio graças ao fato de Noé ser
um empreendedor.

Quão maior for o patrimônio tanto maior é a necessidade de


planejamento. Essa premissa se confirma quando observamos as mudanças
na estrutura familiar, ocorridas nos últimos anos, consolidadas no novo Código
Civil. É fácil dividir os bens quando se analisa uma estrutura “simples” (pai,
mãe e filhos), porém, o cenário fica complexo se temos pais que estão no
terceiro ou quarto casamento e têm herdeiros provenientes de todas as uniões.
Uma situação bem comum nos dias atuais. Sem se falar na questão da união
estável, cuja sucessão dos conviventes e filhos desta união também estão
regulados em lei.43

Casas Pernambucanas, uma famosa rede brasileira, hoje nas mãos


da empresária Anita, foi fundada em 1908 por Herman Lundgren com o intuito
de comercializar a produção de uma fábrica que ele comprara quatro anos
antes, a Companhia Paulista de Tecidos (CPT), em Pernambuco. Herman
Lundgren teve cinco filhos, entre eles, Arthur, pai de Erenita Helena, que
casou-se com Robert Bruce Haley.  Entre as décadas de 20 e 70, as empresas
da família formavam um poderoso império e o grupo transformou-se no maior
complexo têxtil da América do Sul. Mas o conglomerado não resistiu às
disputas entre os herdeiros nas décadas de 70 e 90, que culminaram com a
fragmentação do grupo em quatro ramificações. As operações de Pernambuco
e Ceará desapareceram e os negócios no Rio de Janeiro foram à falência.
Apenas a Arthur Lundgren Tecidos S.A., de Anita, prosperou. A empresa
herdou os negócios em São Paulo e fortaleceu sua posição na região. A
empresária é dona de um negócio que apresenta resultados sólidos, invejáveis
para o setor de varejo.44

Instituto Universal Brasileiro, no final da década de 1940, o Brasil


tinha cerca de 50 milhões de habitantes, a maioria vivendo na área rural e
praticamente sem alfabetização, na época, estudar era uma coisa de elite.

43
NEVES, Newton José de Oliveira. Holding Familiar. Palestra ministrada no hotel La Residence pela
empresa Premier Training, em 04 de novembro de 2011.
44
FACHINNI, Claudia. Casas Pernambucanas, discreta e lucrativa. Valor Econômico 14 de novembro de
2008.
Esse Brasil que mais tarde iria explodir industrialmente, e que tudo estava por
fazer, serviu de inspiração para o negócio desenvolvido pelos irmãos
Warghaftig, Jacob e Michael, o Instituto Universal Brasileiro (IUB). Quase 70
anos depois e 4 milhões de alunos em cursos por correspondência nesse
período, o IUB começa em janeiro de 2009 uma nova etapa do ensino a
distância. O instituto conseguiu autorização para ministrar cursos técnicos do
nível médio reconhecidos pela Secretaria de Educação do Estado de São
Paulo.45

Unipar, pertencente à família Geyer, formada a partir de uma


refinaria construída em 1946, a Unipar tornou-se uma holding com dez fábricas,
quase 3.000 (três mil) funcionários e faturamento de 2,5 bilhões de reais, em
2007 tornou-se parceira da Petrobrás na Companhia Petroquímica do Sudeste,
um colosso com receita de 8 bilhões de reais e principal produtor de matéria-
prima para plásticos e resinas na região mais desenvolvida do país, A empresa
é a quarta no ranking das petroquímicas brasileiras com o faturamento de 2,5
bilhões, Lucro líquido de 91 milhões, número aproximado de funcionários 2 860
e 10 Fábricas. 46

Pequenas e centenárias. Essas empresas passaram por tudo: pelos


tempos de ditadura, pelos sucessivos planos econômicos que só castigaram a
economia, pelo advento do computador, do marketing, do design, da
globalização e de uma infinidade de novidades que mudaram completamente a
forma de se fazer negócios hoje em dia. Essas empresas sobreviveram às
duras estatísticas que dão conta de que apenas uma entre três empresas
ultrapassa a terceira geração de seus fundadores. E, destas, apenas 30%
chegam à quarta geração. Qual é o segredo? provavelmente o mais importante
deles seja a preocupação em passar às novas gerações a paixão pelas raízes
e pelo próprio negócio. Como quem planta sementes, quem está no comando
preocupa-se em formar sucessores cedo, quando eles ainda são meras
crianças. "A preparação dos herdeiros para assumir o legado deixado por seus

45
COELHO, Edilson. Há 70 anos educando as massas. Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1, publicado
em 03 de novembro de 2008.
46
GASPAR, Malu. Os Enrolados Sócios da Petrobrás.
http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0903/noticias/os-enrolados-socios-da-petrobras-
m0139868, publicado em 10 de outubro de 2007, acesso 15 de outubro de 2011.
antepassados é fundamental para a longevidade de qualquer negócio", afirma
o francês Olivier Richoufftz, membro da Family Business Network e um dos
principais estudiosos das empresas familiares. Se no passado a troca de
comando era algo natural, hoje pede mais profissionalismo. "Deve assumir a
dianteira aquele que somar competência, habilidade e paixão pelo negócio, e
não o filho mais velho ou o herdeiro direto", diz o consultor Werner Bornholdt,
doutor em psicologia das organizações. Entregar o bastão à pessoa certa
diminui os riscos de dilapidação do patrimônio e de estagnação. Negócios com
mais de um século de vida têm muita história para contar, é verdade, mas
também muito que ensinar.

Empresas centenárias têm uma capacidade singular de tropeçar, de


se recuperar e de se apoiar na tradição sem perder o bonde da modernidade. 47

Paraísos Fiscais

Falamos neste artigo brevemente sobre as vantagens de constituir


uma holding familiar em face da burocracia custosa de um inventário, porém,
ainda fazendo comparativos sobre a carga tributária temos a tributação
brasileira (complexa e altíssima)48 em face da baixa carga tributária de outros
países ou até a isenção.
A tributação de alguns países, por ser mais “atrativa”, incentiva a
criação ou migração de empresas nacionais para esses países, ou seja,
paraísos fiscais ou "tax havens"  são países que oferecem, às empresas, aos
empresários, investidores, pessoas físicas ou jurídicas um tratamento fiscal
diferenciado. Essas zonas privilegiadas espalham-se pelo globo a permitem
que empresas ingressem em seu território, constituam novas empresas a
invistam ou comercializem mercadorias internacionalmente. 
47
SIMÕES, Kátia. O segredo das empresas feitas para durar Conheça as lições de seis negócios
centenários que têm olhos voltados para o futuro. Pequenas Empresas Grandes Negócios. Setembro de
2008.
48
O sistema tributário brasileiro é composto por 61 tributos federais, estaduais e municipais. Especialistas
da área consideram essa quantidade um exagero, o que contribui para a complexidade das normas que
regulamentam os tributos. Isso faz com que empresas, principalmente as de grande porte, tenham
departamentos específicos para cuidar exclusivamente da administração tributária. Em 2007, a carga
tributária correspondeu a 35,3% do PIB, conforme estudo tributário divulgado pela Receita Federal
Para essas empresas, constituídas nessas "zonas livres",
convencionou-se dar o nome de "offshore companies". offshore é uma entidade
situada no exterior, sujeita a um regime especial de tributação, "extraterritorial"
em relação aos países de domicílio de seus sócios e apta para operar fora do
seu país de origem. 

A expressão "offshore" é mais aplicada às sociedades constituídas


em "paraísos fiscais", onde gozam de privilégios tributários (impostos
reduzidos, imunidade tributária ou até alíquota zero), desde que operem no
exterior. E isso só se tornou possível quando alguns países adotaram uma
política de isenção fiscal, para atrair investimentos a capitais estrangeiros. 

Na América Latina, a República Oriental do Uruguai é um exemplo


típico dessa política de atração de investimentos. Conhecidas como "SAFIs",
as "offshore" uruguaias operam no mundo todo e são encontradas prontas para
serem compradas, Com relação aos impostos, se destaca a inexistência do
Imposto de Renda Pessoa Física bem como a inexistência de Imposto sobre as
Heranças, a isso tudo se agrega uma legislação que protege o sigilo bancário,
o segredo profissional e a livre circulação de divisas para dentro e para fora do
país, o Uruguai se transformou nos últimos anos num Paraíso Fiscal, com
interessantes benefícios para a otimização fiscal e representa uma Porta de
Entrada para o Mercosul, para a realização de negociações. Nos Estados
Unidos as "LCC" são constituídas no Estado de Delaware a podem operar
como "offshore Companies", com benefícios fiscais desde que só façam
negócios no exterior. 

São considerados como paraísos fiscais os países que tributam a


renda a uma alíquota inferior a 20% ou que mantém sob sigilo a composição
societária de empresas. Segundo o assessor da Receita, Alberto Pinto, a lista
brasileira foi atualizada em 2010, pois a versão anterior foi elaborada em 2002,
nessa atualização foram incluídos alguns países e a Instrução Normativa
1.037, também traz um conjunto de países que possuem regimes fiscais
privilegiados, neste caso, não se tratam de paraísos fiscais, mas de locais que
possuam vantagens tributárias específicas e que permitem a contribuintes
brasileiros burlar o pagamento de impostos. Neste caso estão Luxemburgo,
Estados Unidos, Uruguai, Países Baixos, Espanha e Malta. 49

A Organização dos países desenvolvidos, em 2009 divulgou lista de


paraísos fiscais, dividindo-os em: Países que não cooperam, Países e
territórios que cooperam parcialmente, Países e territórios que cooperam
totalmente.

Há de se frisar que não é crime utilizar-se dos paraísos fiscais,


contudo, o uso deve respeitar as regras nacionais para a transferência de
patrimônio e tudo deve ser declarado e informado.

Porém, dentro de um planejamento tributário, que não é um ato


ilícito, desde que todas as normas sejam respeitadas, o uso de paraísos fiscais
é perfeitamente viável e usual, inclusive para a criação de “holdings”.

Dissolução da Holding

A dissolução da holding, pode ocorrer voluntariamente (por


deliberação dos sócios), pelo término do prazo de sua duração (quando
determinado no estatuto ou contrato social) ou por determinação judicial.

Importante observar que, tão logo dissolvida, a sociedade entra em


processo de liquidação, que é o conjunto de atos destinados a realizar o Ativo,
pagar o passivo e destinar o saldo que restar, mediante partilha, aos sócios ou
acionistas.

É possível, também, nas condições legalmente estabelecidas, que,


depois de pago ou garantido aos credores, o ativo remanescente seja
partilhado entre os sócios ou acionistas, com a atribuição de bens, pelo valor

49
BECK, Martha. Receita Federal amplia lista de paraísos fiscais.
http://oglobo.globo.com/economia/receita-federal-amplia-lista-de-paraisos-fiscais-2997483 públicado em
07 de junho de 2010, consultado em 01 de novembro de 2011.
contábil ou de mercado ou outro fixado (pela Assembléia Geral, no caso de S/A
ou de comum acordo pelos sócios, nas sociedades limitadas).

Na extinção de holding, se o valor do capital social for igual ao dos


bens do ativo, não há nenhuma tributação porque o art. 419 do RIR/99 dispõe o
seguinte:

“Art. 419. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica,


que forem transferidos ao titular ou a sócio ou acionista,
a título de devolução de sua participação no capital
social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de
mercado.”

A redução do capital antes de decorridos cinco anos contados da


data de capitalização de lucros apurados em 1994 e 1995 tem tributação na
fonte de 15%, mas é difícil uma holding estar nessa situação. A distribuição de
lucros apurados no período de 1989 a 1993 e a partir de 01-01-96 não tem
nenhuma tributação na fonte ou na declaração dos beneficiários.

Se a holding tiver deságio na conta de Investimentos, na extinção


ocorrerá a baixa do investimento com realização do deságio que será
computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, ainda
que tenha sido amortizado na contabilidade.50

CONCLUSÃO

A expressão holding tem origem no direito norte-americano e é


usada no Brasil para definir a sociedade que tem como atividade o exercício do
50
NEVES, Newton José de Oliveira. Holdings familiares. Palestra ministrada no Hotel La Residense em
04 de novembro de 2011.
controle acionário de outras empresas e a administração dos bens das
empresas que controla, além do desenvolvimento do planejamento estratégico,
financeiro e jurídico dos investimentos do grupo, devendo não interferir na
operacionalização das empresas controladas, mas prestar serviços que elas
não podem executar eficientemente, ou que, para cada empresa,
isoladamente, seja oneroso e para a holding não, tendo em vista a pulverização
dos custos. Uma holding também serve para centralizar as decisões e a
administração de várias empresas de um mesmo grupo empresarial

É a solução da pessoa física, ou seja, a pessoa física é efêmera, a


pessoa jurídica transcende gerações. A holding é a solução para as
transferências necessárias e a maior longevidade do grupo societário. Diante
dessa análise, salientamos que o sucesso da holding está ligado aos recursos
estratégicos compatíveis,encarar profissionalmente os fatos, preocupar-se com
os resultados internos e liderar apropriadamente o seu grupo familiar,
possibilitando assim a boa gestão empresarial, tudo isso é mais que um
conceito de holding, é a própria holding. Diante disso, consideramos, então, a
holding como uma solução mais voltada para a pessoa física e uma
complementação técnica e administrativa para a pessoa jurídica.

Nesse momento, tentar-se-á confirmar se a opção pela constituição


de uma Holding que controle o patrimônio da pessoa física implica,
verdadeiramente, em vantagens concretas, posto que os bens da pessoa
física, que se torna apenas titular de quotas, passam para a pessoa jurídica,
havendo, assim, vantagens para seus titulares, principalmente no que concerne
a tributação diferenciada, transmissão "causa mortis" (quando da partilha de
bens), transmissões em geral (ITIV, etc.), bem como fácil acesso ao crédito no
mercado em geral e agilidade no processo de inventário.
Dentre algumas das vantagens vistas ao longo do trabalho tem-se: 1)
evita ansiedades por parte da linha sucessória: o quinhão de cada participante
já fica definido sem as mesquinharias de pesos e medidas; 2) evita o risco de
descontinuidade: os negócios não sentirão a falta de seu principal gestor e
desestimula qualquer intenção de "racha"; 3) dá fôlego para a geração
sucessória fazer seus projetos dentro da organização; 4) redução da carga
tributária incidente sobre os rendimentos da pessoa física (IRPF) se feita com a
intermediação da pessoa jurídica, tributada com base no lucro presumido.
Assim, ante a notória redução da carga tributária da pessoa física, a diferença
obtida pode retornar a pessoa física, sem qualquer tipo de tributação, como
retorno de capital sob a forma de lucros e dividendos; 5) realização de
planejamento sucessório (herança), a preservação do patrimônio pessoal
perante credores de uma pessoa jurídica (empresa) da qual a pessoa física
participe como sócio ou acionista; e 6) a facilidade na outorga de garantias
(avais, fiança) e na emissão de títulos de crédito (notas promissórias) através
da pessoa jurídica em função de sua maior credibilidade junto ao mercado.

Atinente ao aspecto societário, os objetivos podem ser descritos


como crescimento do grupo, planejamento, controle e administração de todos
os investimentos, aumento de vendas e gerenciamento de interesses
societários internos.

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