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Planejamento Sucessório: como funciona

essa estratégia de preservação patrimonial?

Apenas 5% das empresas familiares conseguem atravessar as gerações e chegam até os netos
dos fundadores no Brasil. É o que apontou um estudo recente realizado em parceria entre o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Sebrae. Uma estatística alarmante,
visto que estes negócios representam 90% dos empreendimentos do país, sendo responsáveis
diretamente por 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e por cerca de 75% da força de trabalho.

A dificuldade de estruturar um planejamento sucessório também foi identificada em uma


pesquisa da consultoria PwC. De acordo com o relatório, 75% das empresas familiares no
Brasil encerram as atividades após o processo de sucessão. O estudo apontou ainda que 44%
destes empreendimentos não possuem um plano sucessório, enquanto 72,4% não definem
nem mesmo um planejamento para posições-chave como diretoria, presidência ou gerência.

Dificuldades no planejamento sucessório

Uma das estratégias mais eficientes para impedir a diluição do patrimônio e conservar a
harmonia do ambiente familiar é a elaboração de um planejamento sucessório adequado.
Dessa forma, como o próprio nome indica, é possível estruturar de forma organizada a
continuidade dos negócios, bem como a transmissão de bens aos herdeiros de forma correta.

Geralmente esse é um ponto sensível nas famílias por dois fatores: falta de interesse dos
líderes em antecipar os problemas futuros; ou desconhecimento e despreparo para conduzir o
processo de forma profissional. Para ter acesso a esses benefícios, é necessário seguir de
forma atenta três etapas da estruturação: a constituição da empresa; a integralização dos bens;
e o acordo de acionistas e regras de sucessão.

Três etapas do planejamento sucessório

O planejamento sucessório pode ser estruturado a partir de uma Holding Familiar,


possibilitando a blindagem dos bens, economia tributária e transmissão de 100% do
patrimônio aos herdeiros. A Holding é uma estrutura jurídica sofisticada, que funciona como
uma empresa de participações ou sociedade controladora. A constituição é feita a partir de
uma empresa no formato de Sociedade Anônima (S/A).

Amparada pela lei brasileira das S/A (criada em 15/12/1976), essa personalidade jurídica
protege todos os dados sensíveis dos envolvidos, evitando vazamentos e roubos de dados
pessoais e financeiros. A Holding também é estruturada de acordo com as atividades
previstas nos Códigos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

Após a criação da estrutura, é feita a integralização de todos os bens na Holding. É


importante ressaltar que todas as operações envolvendo ativos devem ser feitas de forma
cuidadosa. Durante a transferência, é necessário ter atenção com relação à natureza de cada
bem, já que a ação segue procedimentos específicos para cada categoria. Ou seja, imóveis,
dinheiro ou automóveis seguem regras distintas de integralização.

Para os imóveis, são exigidas algumas solicitações específicas. Com a apresentação dos
títulos dos imóveis junto aos órgãos competentes e os respectivos registros de transferência, o
documento de integralização é redigido. Esse processo garante a proteção jurídica e isenção
de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). Por fim, toda a operação é
comunicada à Junta Comercial, oficializando a transferência do imóvel em todos os órgãos.

Quando bem conduzida, a integralização de dinheiro é considerada uma das mais simples. A
operação tem início com o registro junto à Receita Federal. A transferência é realizada
através do banco responsável, com todo o processo sendo protocolado na Junta Comercial,
que arquiva o aumento de capital da Holding.

As regras de sucessão são desenvolvidas através do acordo de acionistas, documento


responsável por oficializar todo o processo. Na declaração, cada regra e ordenamento são
especificados com o objetivo de evitar qualquer conflito entre os herdeiros. Nesta etapa, as
normas são definidas pelos líderes da família, atendendo aos desejos do patriarca ou
matriarca.

Com o objetivo de proteger as informações documentadas e pessoas da família, todos os


envolvidos nesta etapa assinam o Non-Disclosure Agreement (NDA), um acordo de
confidencialidade. Dessa forma, apenas os familiares escolhidos têm acesso às informações
sensíveis do processo sucessório, mas ficam impedidos de compartilhar ou divulgar dados
sobre tudo que foi acordado.

Benefícios de um planejamento sucessório adequado

O planejamento sucessório é um processo complexo devido às relações e sentimentos


existentes entre os membros. Por essa razão, é essencial entender todas as partes envolvidas e
os interesses de cada um, para que o processo ocorra da maneira mais harmoniosa, econômica
e transparente possível.

Um planejamento sucessório, quando bem estruturado, garante diversos benefícios como:


blindagem patrimonial total; imunidade de inventário, ITCMD e ITBI; dispensa de custos
com escritura; transmissão de 100% do patrimônio aos herdeiros sem nenhuma despesa;
sigilo dos dados pessoais e financeiros; entre outras.

Com a eliminação desses processos burocráticos, o planejamento sucessório ocorre de forma


organizada, bem resolvida e saudável para todos os envolvidos. Assim, a harmonia entre os
entes queridos é mantida, reforçando ainda mais os laços e relações já existentes.
Porém, para que todos os benefícios sejam alcançados, é importante contratar uma empresa
especializada. Essa ação é necessária pois o processo envolve conhecimento de áreas como
Direito Societário, Direito Sucessório, Direito Tributário, além de conhecimento contábil
especializado.

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