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Economistas com conexão a candidatos apoiam pautas que atingem os mais ricos;
advogado especializado explica como anular os custos relacionados a heranças
Nas eleições de 2018, em entrevista a O Globo, Ciro Gomes já havia afirmado pretender
federalizar o imposto sobre herança, que hoje é estadual. Alexsandro Leite, advogado com
mais de quinze anos de experiência na área e Diretor Jurídico da STLA Brazil, empresa que
atua com operações empresariais nacionais e internacionais, avalia as possíveis mudanças
e o aumento na cobrança de ITCMD e ITBI no Brasil.
“Cobrados onde o bem está localizado, os percentuais desses impostos variam de estado
para estado, que já estudam aumentar e até dobrar a alíquota, como é o caso de São
Paulo”, afirma. “Se isso ocorrer, haverá, sim, um aumento substancial de processos contra
as prefeituras e os estados, buscando anular a cobrança. Mais ainda, as pessoas vão
buscar de todas as formas, evitar a cobrança, usando estratégias simples, como abrir
holding patrimonial”.
Em 2020, os deputados estaduais José Américo (PT) e Paulo Fiorillo (PT) apresentaram o
PL (Projeto de Lei) 250/2020, que prevê um aumento progressivo na cobrança do tributo de
4% a até 8%, conforme o valor dos bens. Para a apresentação do PL, os parlamentares
justificaram que doações e heranças estariam subtributadas e que os recursos poderiam ser
aplicados em ações de combate à pandemia de Covid-19.
Conforme informações do Colégio Notarial do Brasil, Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato
Grosso, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins estão
entre os estados que têm 8% como a alíquota máxima a ser cobrada.
Leite explica que, para o caso do ITBI, é possível anular legalmente a cobrança do imposto
ao abrir holding patrimonial transferindo o bem para a empresa holding do proprietário. Para
o caso do ITCMD, é possível anular legalmente a cobrança do imposto transferindo o
patrimônio para uma holding patrimonial em Delaware, nos Estados Unidos, Uruguai,
Irlanda ou outro local que não cobre “Inheritance Tax”, ou impostos sobre herança.
“Abrir holding patrimonial exige informações que são restritas a advogados altamente
especializados das áreas de Direito Societário, Tributário, Sucessório e Imobiliário, por isso
o desconhecimento generalizado”, diz. “A tendência é um aumento no número de clientes
tentando abrir holding patrimonial, com ou sem a aprovação da reforma tributária, por conta
da insegurança jurídica do país, em que todo o conjunto de leis é alterado com muita
frequência”, conclui