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O que é Holding Patrimonial? Como posso usá-la no meu negócio?

A pandemia da Covid-19, declarada em março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde


(OMS), mudou a nossa relação com o mundo. Desde as interações familiares e amorosas até
o vínculo com o próprio lar ou bens materiais, a crise sanitária afetou todos os pormenores
que anos atrás deixávamos “passar” de forma negligente.

Uma das mudanças mais sentidas, neste cenário, foi a nossa relação com o dinheiro, imóveis
e patrimônio de maneira geral. Com cerca de 684 mil vítimas no Brasil pela Covid-19 até
agosto deste ano, muitas pessoas modificaram a sua visão de mundo a respeito da
preservação patrimonial e atenção voltada aos investimentos.

Negligência patrimonial entre os brasileiros mais ricos

Segundo relatório divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiro e de Capitais (Anbima), aproximadamente 69% da população brasileira das
classes A e B deixam de enriquecer todos os dias. Em outras palavras, pouco mais de 30%
das pessoas com maior concentração de renda no Brasil procuram estratégias para aumentar o
próprio patrimônio.

De acordo com o estudo, essa parcela da sociedade ainda se mostra passiva e não se protege
de forma adequada dos efeitos da inflação do país, que, atualmente, supera a taxa anual de
11%.

O que é uma holding?

A estruturação de Holdings vem sendo cada vez mais utilizada pelos brasileiros para a
proteção de bens ou multiplicação do capital. Essa estratégia jurídica visa a economia de
recursos, blindagem patrimonial total, simplificação da sucessão de bens aos herdeiros, entre
outros benefícios.

Podemos entender a Holding como uma empresa responsável pela gestão do patrimônio. O
conceito tem origem no verbo em inglês “to hold”, que pode ser traduzido como o “ato ou
ação de segurar”. No séc. XV, o termo evoluiu, ganhando o significado de “aquilo que é
mantido” ou "propriedade protegida”.

Desde então, o conceito desenvolveu-se como uma estrutura jurídica sofisticada, atuando
como uma empresa de participações ou sociedade controladora, tornando-se referência no
mundo dos negócios e influenciando toda a cultura empresarial nacional e internacional.

Regulamentação das Holdings no Brasil


Em grave crise econômica em 1971, o governo brasileiro buscou soluções para atrair novos
investimentos. Neste contexto foi criada a Lei n.º 6.404/76 em dezembro de 1976. Conhecida
popularmente como a Lei das S/As (Lei da Sociedade Anônima), teve como base a Model
Business Corporation Act (MBCA), a legislação societária americana.

O conceito jurídico de Holding de participações foi oficializado no Artigo 2º: "Pode ser
objeto (social) da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem
pública e aos bons costumes…”. De acordo com o Parágrafo 3º, “A companhia pode ter por
objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é
facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais”.

Com garantia de maior estabilidade e segurança, grandes empresas brasileiras como


Embratel, Petrobras, Shell e Texaco se transformaram em Sociedades Anônimas,
centralizando a gestão de empreendimentos menores como filiais e subsidiárias.

A depender do objetivo, da principal atividade do negócio e classe de bens administrados, o


tipo de Holding a ser estruturado pode variar. Entre os modelos podemos citar: Holding Pura;
Holding Mista; Holding Patrimonial; Holding Familiar; Holding de Controle; Holding de
Participações; Holding Imobiliária; Holding Matrimonial; Holding Offshore; Holding de
Investimentos; e Holding Rural.

Benefícios da Holding Patrimonial

As Holdings Patrimoniais são consideradas umas das estruturas jurídicas mais sofisticadas
para a blindagem dos bens, auxiliando diretamente na redução de impostos e proteção fiscal,
contábil e tributária. Desta forma, os dados pessoais e financeiros ficam protegidos, evitando
bloqueios em ataques judiciais.

Com a gestão centralizada, a Holding Patrimonial realiza o papel de responsável máximo


pelos bens, estruturando e isolando todo o patrimônio da pessoa física de forma mais efetiva.
Dessa forma, é possível garantir a proteção de todos os ativos, bem como de todos os dados
sensíveis contra ataques judiciais ao patrimônio. Na prática, a personalidade jurídica assume
os bens e isola o patrimônio de qualquer adversidade ou potencial problema.

Além de impedir que informações vazadas prejudiquem a segurança familiar, as Holdings


Patrimoniais também eliminam os impostos sobre o ganho de capital imobiliário, garantindo
ainda a imunidade de Inventário, ITCMD e ITBI. Dessa forma, a transferência de bens ocorre
de forma automática, permitindo a transmissão de 100% do patrimônio aos herdeiros.

Cuidados durante a estruturação

A estruturação de uma Holding é um procedimento complexo, exigindo conhecimentos em


Direito Imobiliário, Tributário, Societário, além de demandar a compreensão de setores
contábeis. Nesse cenário, qualquer erro jurídico ou no regime tributário pode colocar em
risco toda a operação.

Além disso, o passo a passo para abrir a Holding deve ser seguido à risca, do planejamento à
execução, incluindo a manutenção da estrutura. Devido à complexidade da operação, é
fundamental contratar o serviço de uma empresa especializada para evitar imprecisões
durante a constituição.

Saiba mais sobre a Holding Patrimonial

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