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CARTILHA-TREINAMENTO PROVIMENTO Nº 88

Versão 1 - 03/fev/2020

Data: 03/fevereiro/2020 às 8h00


Local: Saguão interno do Cartório de Registro de Imóveis de Cruz Alta/RS
Ministrante: Registradora de Imóveis Titular Flávia Bernardes de Oliveira

I) APRESENTAÇÃO

1) ADMINISTRATIVA

 Conforme determinado pelo Provimento nº 88/CNJ/2019 e em atendimento ao seu


art. 7º, a titular do Cartório de Registro de Imóveis, Flávia Bernardes de Oliveira, nesta
data ministra o 1º Treinamento de Capacitação para comunicações de operações
suspeitas de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. Todos os funcionários
do cartório, à exceção da auxiliar de conservação, foram convocados, estão
participando do treinamento e recebem uma via desta Cartilha-Treinamento, que faz as
vezes de Manual de Condutas e Rotinas, para leitura, consulta e estudo pessoal. A
lista de presença faz parte integrante da via original desta Cartilha-Treinamento.
 Para maior facilidade de leitura, a partir de agora o Provimento nº 88/CNJ/2019
será mencionado no teor da Cartilha como P88.
 Em tese, o P88 entra em vigor e a obrigatoriedade do envio das comunicações se
inicia na segunda-feira dia 03/fevereiro/2020. Há pedido de suspensão e/ou dilação
de prazo pendente de apreciação no CNJ. Caso haja dilação da data de início, todos
serão devidamente comunicados por pauta de reunião, como de costume.
 Considerando que há fluxos de sistema que ainda não foram atualizados e
informados pela empresa fornecedora de software, a Sky; Considerando que há
Centrais e Bancos de Dados obrigatórios mencionados no P88 que ainda não foram
implementados; Considerando que faltam informações claras e suficientes para que
esta Cartilha e este treinamento sejam completos, fica esta sendo a Versão 1, de
03/fevereiro/2020. Sempre que necessário, ou quando houver disponibilidade das
informações faltantes, serão lançadas novas versões.
 Todas as versões da Cartilha e Treinamento ficarão disponíveis para consulta no
servidor, pasta “Normas” > “Provimento 88”, junto a outros materiais instrucionais que
sejam úteis.
 Para orientação interna e, principalmente, externa, novos modelos de
requerimento estarão disponíveis no site do cartório (www.ricruzalta.com.br) a partir do
dia 03/fevereiro/2020.

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2) TÉCNICA
 Regramento geral: Lei nº 9.613/1998 – Lei da Lavagem de Dinheiro: Leitura
obrigatória
 COMPREENSÃO E INTERNALIZAÇÃO DA MUDANÇA DE PARADIGMA DO
PAPEL DOS CARTÓRIOS:
◦ O P88 é apenas parte de um macrossistema mundial de combate à lavagem
de dinheiro.
◦ Princípio da Máxima Diligência: passa a ser uma política de conduta que
norteia a atuação do registro de imóveis, em que a comunicação não é a
finalidade em si, mas o resultado de um procedimento de investigação e
combate.
◦ A Cartilha-Treinamento visa apresentar o microssistema do papel do RI e
procedimentalizar a política de identificação das operações + comunicação.

II) ORIENTAÇÕES
1) CONCEITOS CENTRAIS

 Lavagem de dinheiro: Lei nº 9.613/1998.


◦ “Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes,
direta ou indiretamente, de infração penal.”
◦ “Para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal os converte em ativos lícitos, os adquire,
recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito,
movimenta ou transfere, importa ou exporta bens com valores não
correspondentes aos verdadeiros.”
◦ “Utilizar, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou
valores provenientes de infração penal.”
◦ “Participar de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de
que sua atividade principal ou secundária é dirigida à prática da lavagem de
dinheiro.”
◦ Importante entender que quem lava dinheiro não é só o traficante ou o
político corrupto, mas também o bicheiro, o “laranja” etc.
 Oficial de Cumprimento: funcionário indicado pela registradora para centralizar o
ato de comunicação dentro do SISCOAF.
 UIF: Unidade de Inteligência Financeira – responsável pelas investigações
atinentes à lavagem de dinheiro. Atualmente, é o COAF, que recebe as comunicações
pelo seu sistema chamado SISCOAF.

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 Compliance: protocolos internos de prevenção à ocorrência de desvios.
 Comunicação: ato de informação da ocorrência de operação suspeita ao
SISCOAF, mediante informação de todas as informações solicitadas, no prazo
impreterível e improrrogável de 24h (vinte e quatro horas) do ato de registro.
 Operação: toda movimentação econômica que gere ato de registro ou averbação
no cartório, inclusive as cédulas e penhores.
 Operação suspeita: operação que se enquadre dentro de algum dos critérios
previstos no P88. Os critérios objetivos são “cara-crachá” (subsunção) e não
demandam qualquer atividade interpretativa. Os critérios subjetivos demandam
interpretação de contexto.
 Cliente: Não é o apresentante do documento físico no balcão (que pode ser
despachante ou intermediário), é o titular do direito sujeito a registro, nos termos do art.
3º.
 Pessoa exposta politicamente (PEP): Pessoa que se enquadre no rol previsto na
Resolução do Ministério da Economia nº 29/2017, seus familiares e seus estreitos
colaboradores. A condição de PEP dura ainda por 5 (cinco) anos contados da data em
que a pessoa deixou de se enquadrar nos casos que a tornam uma PEP.
 Familiar de PEP: Parente de PEP em linha reta até o segundo grau (filhos, netos,
pais e avós), cônjuge, companheiro e enteados.
 Colaborador estreito de PEP: Pessoas que são conhecidas por manterem
sociedade ou propriedade conjunta em pessoa jurídica, ou que figura como
procuradora ou outra relação próxima de conhecimento público com uma PEP.
Também são colaboradores estreitos as pessoas que têm controle empresarial ou em
arranjo sem personalidade jurídica criados para o benefício de uma PEP (“laranjas”).
 Especial atenção: todas as operações que envolvam PEP, familiar de PEP ou
colaborador estreito de PEP devem ser analisadas sob os parâmetros de suspeição
com maior aprofundamento inquisitivo.
 Beneficiário final de pessoa jurídica: Instrução Normativa nº 1.863/2018 da
Receita Federal do Brasil, art. 8º. Importante a leitura completa para a compreensão da
amplitude do conceito. O beneficiário final é cadastrado no CNPJ da empresa, é de lá
que os interessados deverão extrair a informação. A IN também será afixada no mural
externo do Cartório para consulta pelos interessados.
◦ ATENÇÃO: nem toda pessoa jurídica tem efetivamente pessoa física
beneficiário final. Alguns tipos de PJ não têm, como por exemplo entidades
sem fins lucrativos ou companhias abertas com ações em bolsa.
◦ “A pessoa natural em nome da qual uma transação é conduzida.”
◦ “A pessoa natural que, em última instância, de forma direta ou
indireta, possui, controla ou influencia significativamente a entidade.
Presume-se influência significativa quando a pessoa natural possui mais de
25% (vinte e cinco por cento) do capital da entidade, direta ou indiretamente;
ou direta ou indiretamente, detém ou exerce a preponderância nas
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores da
entidade, ainda que sem controlá-la.”

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2) DIRETRIZES CENTRAIS

 Diretriz de decisão de comunicação: em casos borderline (fronteiriços ou de


zona cinzenta) ou na dúvida, comunique-se.
 Diretriz de conduta: o qualificador que analisar e decidir pela comunicação avisa
ao oficial de cumprimento para a efetiva comunicação, e não conta sobre sua decisão a
mais ninguém. A conduta é de sigilo quanto aos demais colegas não envolvidos no
procedimento de comunicação, com absoluta atenção quanto aos clientes do serviço
registral e com máxima diligência quanto ao resto da população.
 Diretriz de prioridade: Máxima e absoluta. As comunicações devem ser
encaradas como uma das obrigações mais importantes do âmbito registral, se não a
mais importante de todas.
 Diretriz de interpretação: a mais literal possível. Evitar extensões, divagações
teóricas ou abstrações.
 Responsabilidade: todos são responsáveis pelos atos que praticam no âmbito do
serviço registral. A classificação, a comunicação, a desídia nas obrigações geram
responsabilidade civil e eventualmente penal daquele que se vincula ao ato. Isso se
chama accountability, que significa “capacidade de responsabilização”.

3) REQUERIMENTOS E QUALIFICAÇÃO

 A partir de 03/fevereiro/2020 haverá no site www.ricruzalta.com.br novos modelos


de requerimento disponíveis para os clientes.
 OS CLIENTES DEVEM SER ORIENTADOS O MÁXIMO POSSÍVEL NO BALCÃO.
 Além de imprimirem para preencher e trazerem os requerimentos, os clientes
devem ser orientados a LER as instruções contidas no site.
 ATENÇÃO: os modelos são referência e não são 100% prontos para todo tipo de
ocasião.
◦ Sendo mais de uma pessoa, é preciso duplicar ou triplicar os campos
de qualificação para atender a todos.
◦ O mesmo PDF conterá sempre dois modelos de formulário, o de
pessoa física e o de pessoa jurídica, já que os requisitos são diferentes.
Obviamente, a pessoa deverá preencher e trazer somente o que se aplica ao
caso.
 TODOS os campos devem estar preenchidos, inclusive aqueles “sem” informação,
como e-mail. Quem não tem deve informar “não tenho”.

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 Com o aumento do número de requisitos, os formulários também aumentaram de
tamanho. Nós não imprimimos formulários de requerimento para clientes, eles é que
devem extrair os modelos do site, imprimir, preencher e trazer.
 Nós podemos auxiliar com orientações e instruções, mas EM HIPÓTESE ALGUMA
NÓS PREENCHEMOS os requerimentos para as pessoas.
 O Provimento prevê necessidade de consulta a cadastros unificados no momento
do cadastro das partes no sistema (como PEP e beneficiário final), mas ainda não há
instruções complementares sobre como ou onde acessar. A informação será atualizada
na Versão 2.
 Para INSTRUMENTOS PARTICULARES: para cumprimento dos requisitos, devem
vir acompanhados de a) cópia de documento pessoal dos envolvidos, e b) declaração à
parte, se não constar do teor do instrumento, sobre ser ou não PEP e sobre
beneficiário final se pessoa jurídica.
 Quanto aos analistas: a equipe de analistas se reveza nas tarefas de qualificador,
registrador e conferente, uns dos outros nos protocolos distribuídos diariamente. O
papel dentro da rotina das averiguações relativas ao P88 não é igual para toda a
equipe de analistas, vai depender da função desempenhada pelo analista em cada
protocolo: qualificador, registrador ou conferente.
 A necessidade de comunicação ou não será inicialmente sinalizada por post-its
coloridos e sinalização no sistema Sky.

4) CRITÉRIOS
Todos os critérios estão elencados no check-list em forma de perguntas, para
facilitar a identificação. Caso a resposta esteja na coluna “OK”, a conclusão é pela
não comunicação. Caso a resposta esteja na coluna “COMUNICAR”, a conclusão é
que o ato deverá ser comunicado. Em qualquer hipótese, o ato deverá ser
sinalizado da forma já explanada: post-it vermelho ou rosa para as comunicações e
laranja ou amarelo para as não comunicações. O sistema Sky deve ser sempre
alimentado com a opção correspondente.

4.1) COMUNICAÇÃO (post-it vermelho ou, na sua falta, rosa)


Os critérios se dividem em objetivos e subjetivos. Os critérios objetivos não
demandam atividade interpretativa, os critérios subjetivos demandam raciocínio e
leitura do contexto. Na hipótese de conclusão pela comunicação por meio do uso
do check-list padrão, o post-it deverá conter o código correspondente.

▪ ATENÇÃO: o meio e forma de pagamento passa a ser obrigatório nos atos


de compra e venda (escrituras públicas ou instrumentos particulares)
LAVRADOS APÓS O DIA 03/FEVEREIRO/2020, sob pena de devolução
para esclarecimento (minuta-padrão de Nota de Impugnação salva no
sistema Sky sob o nº 63). Não serão mais aceitas expressões como “pagos
anteriormente”, que não especifiquem se foi em espécie ou qualquer outra

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forma. Os atos lavrados ANTES de 03/fevereiro/2020 ainda poderão ser
registrados mesmo sem conter a forma exata de pagamento.

4.2) NÃO COMUNICAÇÃO (post-it laranja ou, na sua falta, amarelo)


Para permitir o controle se o protocolo foi devidamente analisado quanto ao
enquadramento como operação suspeita para fins de comunicação, a análise
negativa também será sinalizada, com post-it laranja ou, na sua falta, amarelo, com
a palavra “VERIFICADO”.

5) OFICIAL DE CUMPRIMENTO

 O Oficial de Cumprimento poderá realizar testes de comunicação para


familiarização com o sistema por meio do link http://treina.siscoaf.serpro.gov.br.
 O cadastramento do Oficial de Cumprimento no SISCOAF deverá ser realizado
impreterivelmente no dia 03/fevereiro/2020, a partir de quando se iniciam as
comunicações.
 A conferência sobre a existência ou não de comunicações a serem feitas ao COAF
deve ser a primeira tarefa executada todos os dias úteis.
 O Oficial de Cumprimento fica obrigado a ensinar e treinar outro funcionário para
capacitá-lo a fazer as comunicações em caso de impossibilidade temporária (ex: falta
por adoecimento súbito).
 Fica nomeado como Oficial de Cumprimento o escrevente Rafael Bicudo. A
nomeação poderá, por critérios de conveniência administrativa, ser revista a qualquer
tempo.

6) COMUNICAÇÃO PRINCIPAL

Campos preenchíveis do sistema do COAF:


 “Data inicial do fato”: Data do registro
 “Data final do fato”: Mesma data do registro
 “Cidade”: Um dos cinco Municípios da circunscrição do RI de Cruz Alta
 “UF”: RS
 “Valor”: Valor da operação em reais
 “Tipo do envolvido”:
◦ Código 1 para cliente
◦ Código 32 para beneficiário final
◦ Código 7 para procurador ou representante legal
◦ Código 8 para outros
 “Número de origem”: Preencher com o número do Protocolo

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 “Informações Adicionais”: quaisquer outras informações que esclareçam a
natureza da operação comunicada como suspeita

7) OBRIGAÇÕES COMPLEMENTARES

7.1) O quê: Comunicação a cada 10 dias (ou seja, 3x por mês) sobre a quantidade de
comunicações feitas na dezena.
A quem: Ao CNB.
Como: A definir. Aguarda informações a serem prestadas pelo recebedor da comunicação
(CNB).

7.2) O quê: Comunicação até o dia 5 de cada mês de janeiro e de julho sobre a
quantidade de comunicações feitas no semestre anterior.
A quem: À CGJ/RS.
Como: A definir. Aguarda informações a serem prestadas pelo recebedor da comunicação
(CGJ/RS).

III) ROTINAS OPERACIONAIS

1) ROTINAS DE TRAMITAÇÃO

ATENDENTES DE BALCÃO (quanto à entrada de documentos)


1. Verificarem, ainda que de forma mais superficial, se os requerimentos e títulos
apresentados a protocolo aparentam conter todos os itens de qualificação exigidos
pelo P88.
2. Orientarem os clientes a complementarem eventuais dados faltantes, ainda que
consignem desconhecer ou não possuir as informações. Em caso de dúvidas sobre
PEP ou Beneficiários Finais, orientarem os clientes a verificarem a Resolução n
29/2017 e a IN RFB1.863/2018, ambas disponíveis no mural do Cartório para
consulta.
3. Caso o cliente insista no protocolo sem complementar a qualificação:
3.1 Fazer o protocolo, que não pode ser recusado, avisando-o sobre a
probabilidade de devolução com Nota de Impugnação.
3.2 Entrar com o protocolo para a parte interna do Cartório, longe da vista do
público externo e sinalizar a pasta com post-it vermelho ou, na sua falta, rosa (post-
its sinalizadores positivos) que o cliente dificultou a prestação de informações
(critério subjetivo) de operação suspeita, com o código 958.
3.3 Entregar imediatamente à gestora Bruna para distribuição aos analistas sem
passar pela caixa de protocolos do dia.

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ANALISTAS
1. Ao fazer a qualificação de qualquer título protocolado, averiguar se a qualificação
está completa de acordo com os itens do P88.
1.1 Se a qualificação não estiver de acordo com o P88, fazer Nota de Impugnação
(lembrando de selecionar apenas os itens da minuta-padrão que se apliquem ao
caso concreto). As minutas estão salvas na Sky sob os números 61 para pessoa
física e 62 para pessoa jurídica.
1.2 Mesmo havendo Nota de Impugnação por ausência de qualificação conforme o
P88, é preciso finalizar a qualificação completa do título, pois a Nota de
Impugnação deve ser sempre única e pois quando da reapresentação com as
exigências cumpridas o prazo para requalificação e registro é reduzido pela CNNR
para 10 dias.
1.3 Em havendo Nota de Impugnação por qualquer motivo, a análise para
classificação do ato como operação suspeita COMUNICÁVEL ou ausência de
operação suspeita e portanto NÃO-COMUNICÁVEL será feita quando do retorno.
2. Sendo parte Pessoa Jurídica obrigada a ter beneficiário final mas que não tenha
indicado quem é, não é vedada a prática do ato, mas a operação merecerá
também especial atenção quanto aos demais itens de verificação sobre ser
suspeita ou não.
3. Abrir a Planilha Anexa à Cartilha Versão 1 no servidor, na pasta “Normas” >
“Provimento 88” ou em via impressa e conferir o enquadramento do ato em todos
os itens: objetivos e subjetivos.
3.1 Havendo dúvida sobre enquadramento, consultar a Registradora ou, em sua
ausência, o Oficial de Cumprimento.
3.2 Permanecendo a dúvida, sinalizar o ato como COMUNICÁVEL por post-it e no
sistema Sky.
4. Para sinalizar um ato como COMUNICÁVEL, deve-se sinalizar a pasta de protocolo
com um post-it vermelho ou, na sua falta, rosa, anotando o código da descrição da
ocorrência, subjetiva ou objetiva, conforme a tabela de enquadramentos do
Comunicado SISCOAF 63, disponível no servidor ou em
http://fazenda.gov.br/orgaos/coaf/comunicados-siscoaf/28-01-2020-comunicado-
siscoaf-63.
5. Para sinalizar um ato como NÃO-COMUNICÁVEL, para fins de controle de análise,
deve-se sinalizar a pasta de protocolo com um post-it laranja ou, na sua falta,
amarelo, com a palavra “VERIFICADO”.
6. Após sinalizar com post-it, sinalizar o ato no sistema Sky.
7. Antes de movimentar no sistema o protocolo para o registrador ou conferente, se
certificar de que o post-it está visível e de que não vai se soltar (se necessário,
passar durex para reforçar).

REGISTRADORES

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1. Verificar se o protocolo contém post-it sinalizador, seja positivo de comunicação
(vermelho ou rosa) seja negativo de comunicação (laranja ou amarelo), e se há
sinalização no sistema Sky.
1.1 Faltando alguma sinalização obrigatória, devolver para o qualificador.
2. Havendo post-it e sinalização no sistema Sky, reconferir se o motivo consignado
(conforme numeração da tabela do Comunicado SISCOAF 63) bate com título.
2.1 Detectado qualquer erro, devolver e relatar para o qualificador reanalisar.
3. Verificado tudo correto, conferir com o conferente e registrar.
4. Se for o caso de comunicação, passar IMEDIATAMENTE EM SEGUIDA para o
Oficial de Cumprimento na caixa separada exclusivamente para esse fim.
5. Não sendo o caso de comunicação, seguir os trâmites normais de finalização e
entrega.

OFICIAL DE CUMPRIMENTO
1. Ao chegar ao Cartório e se preparar para o dia de trabalho, a primeira rotina
executada é a verificação na distribuição física interna de protocolos em sua mesa
e no sistema Sky quanto aos registros do dia anterior se há alguma comunicação a
ser feita.
2. Compilar os dados para enviar ao SISCOAF, manualmente por enquanto. Se a
exportação for programada por lote pela Sky, as instruções serão atualizadas na
Versão 2.
3. Entrar no SISCOAF, logar com o certificado digital e fazer as comunicações.
4. Dar “OK” no protocolo (tanto no post-it físico como no sistema Sky).
5. SOMENTE APÓS A EFETIVA COMUNICAÇÃO O PROTOCOLO ESTARÁ
LIBERADO PARA FINALIZAÇÃO E DEVOLUÇÃO AO CLIENTE.
6. Após comunicar, deve-se movimentar no sistema Sky e entregar para o
colaborador que for finalizar o serviço (digitalização, arquivamento, expedição de
certidão, devolução para caixa de saída do balcão).

FINALIZADORES
1. Fazer uma última conferência o sistema Sky foi alimentado e se o post-it (positivo
ou negativo) recebeu o “OK” do Oficial de Cumprimento.
2. Arquivar o post-it junto com a documentação física que permanecerá no acervo
permanente do cartório.
2.1 ATENÇÃO: considerando o dever de sigilo das comunicações, o post-it NÃO
DEVE EM HIPÓTESE ALGUMA ser escaneado junto com a documentação que
será arquivada eletronicamente.
3. ATENÇÃO: cuidar para que o post-it jamais acompanhe a documentação
devolvida para o cliente.

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ATENDENTES DE BALCÃO (quanto à saída de documentos)
1. Fiscalizar para que jamais saiam post-its sinalizadores junto com documentação
devolvida a cliente.

ANALISTAS DE CÉDULAS
1. As cédulas e operações decorrentes também estão sujeitas a análise de suspeição
de lavagem de dinheiro. Como o setor de cédulas é formado por apenas dois
colaboradores, que fazem análise e conferência conjunta, todas as rotinas de
analista e registrador deverão ser efetuadas em conjunto pelos analistas de
cédulas como uma rotina só.
2. Após todas as rotinas já descritas e a devida sinalização, por post-it e no sistema,
passar

2) ROTINAS DE SISTEMA
A Sky ainda não informou as atualizações de sistema e novas rotinas criadas para
atender às necessidades do P88, seja quanto a cadastro seja quanto a comunicações, em
especial sobre a possibilidade de comunicação em lote. Assim que forem liberadas as
instruções, serão informadas e incluídas na Versão 2 desta Cartilha-Treinamento.

IV) NOVAS NOTAS DE IMPUGNAÇÃO NO SISTEMA SKY

Para atender às novas prescrições do P88, que alterarão rotinas de conferência e


qualificação e, portanto, gerarão novas rotinas de devolução de títulos protocolados,
foram criadas novas minutas-padrão de Nota de Impugnação no sistema. Como de
costume, as minutas abrangem todas as situações e devem ser ajustadas a cada caso
concreto.
Exemplo: a minuta de devolução por deficiência de qualificação contém todos os
itens de qualificação exigidos em razão do P88. O qualificador deve atentar para
selecionar apenas os itens que efetivamente faltam no título qualificado e apagar
os outros que não se aplicam pois já foram atendidos.

V) PERGUNTAS & RESPOSTAS

1) Operações sucessivas (menos de seis meses de diferença) que, apesar de serem


registros próximos, digam respeito a Escrituras Públicas muito distantes no tempo, como
casos em que o comprador “sentou” na escritura durante anos e só está providenciando
registro porque já vendeu para terceiro e precisa escriturar rápido. É uma situação que
denota que apesar da proximidade dos registros não há lavagem de dinheiro porque as
operações em si não são próximas no tempo. Deve ser comunicado?

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SIM. Porque é caso de subsunção (“cara-crachá”) às hipóteses objetivas, portanto
não cabe atividade interpretativa.

2) Para averiguar requisitos obrigatórios em escrituras públicas ou instrumentos


particulares, a exemplo de precisar constar especificamente a forma de pagamento, o que
importa é a data da lavratura ser anterior ou posterior à vigência do P88
(03/fevereiro/2020). Caso em instrumento anterior conste simplesmente a expressão
“pago anteriormente”, deve ser comunicado?
Se o preço ajustado for superior a 30 mil reais, SIM. Porque se não há
especificação da forma de pagamento, se presume que o pagamento foi em
dinheiro, e operações com mais de 30 mil reais pagos em moeda corrente devem
ser comunicadas. Para escrituras lavradas após esta data sem a especificação da
forma de pagamento, foi incluída no sistema Sky a minuta-padrão de Nota de
Impugnação nº 63.

3) Escrituras públicas ou instrumentos particulares que especifiquem pagamento de até


R$29.999,00 reais em dinheiro e o resto em TED ou DOC ou cheque precisam ser
comunicadas?
NÃO, a princípio. A comunicação diz respeito a pagamentos em espécie (dinheiro,
moeda corrente) a partir de 30 mil reais “redondos”. Pagamentos em TED, DOC ou
cheque nominativo não são considerados pagamento em espécie. NO ENTANTO,
se o valor por acaso realmente for R$29.999,00, a operação será suspeita por se
enquadrar em outra situação: a tentativa de burla.

4) Caso a escritura pública ou instrumento particular especifique que o preço (superior a


30 mil reais) foi pago em cheque, precisa comunicar?
SIM, a não ser que esteja consignado expressamente que o cheque é
nominativo. Com a Lei nº 8.021, desde 1990 não circulam mais no Brasil títulos ao
portador, ou seja, sem a indicação do destinatário, à exceção de cheque (conforme
Lei nº 7.357/1985, art. 8º, III). Assim, se constar apenas que foi pago em cheque,
não há como apurar se foi cheque ao portador ou nominativo, prevalecendo então
a presunção de que foi ao portador e, portanto, se subsume à hipótese de
comunicação. Se constar que foi pago em cheque nominativo, não se trata mais de
título ao portador e portanto não é preciso comunicar.

5) Os instrumentos particulares admitidos a registro, com ou sem força de escritura


pública, estão sujeitos às mesmas exigências que as escrituras públicas?
Quanto aos itens de qualificação do P88 e especificação de forma de
pagamento, SIM.

6) O P88 determina comunicação relativa a empresas que tenham sido desativadas e


reativadas recentemente. Qual é a extensão no tempo do conceito de recente?
Não sabemos. Para evitarmos diferenças interpretativas entre o Cartório e o COAF,
toda vez que for possível percebe que a empresa já foi um dia desativada e já foi
posteriormente reativada, deve-se comunicar.

7) É possível usar conhecimentos próprios na qualificação de operações suspeitas


subjetivas, por exemplo, o analista sabe que o vendedor ou o comprador é traficante de

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drogas ou “bicheiro”, ou em casos como a pessoa se declarar não-PEP mas o analista
sabe que é vereador ou filho de juiz?
SIM.

8) O que se entende como “particular” no caso da previsão de comunicação de


“concessão de empréstimos hipotecários ou com alienação fiduciária entre particulares”?
O conceito de “particular” é o oposto de público, ou seja, todos os entes físicos ou
jurídicos bancários ou não-bancários que não integrem de alguma forma a
estrutura do Estado. É claro que se entende que a intenção do termo “particulares”
era designar “pessoas físicas”, ou seja, realização de operações bancárias sem
participação de pessoa jurídica bancária. Todavia, a escolha da palavra define a
conduta, já que a diretriz interpretativa é a de interpretação literal. Assim, como
“particular” não é oposto a “pessoa jurídica”, até que haja a publicação de
esclarecimentos oficiais deverão ser comunicadas TODAS as operações com
hipoteca ou alienação fiduciária que não sejam no âmbito do Fundo de
Arrendamento Residencial (FAR), que é um programa da União operado pela
Caixa Econômica Federal.

9) Operações de concessão de empréstimo com garantia por penhor entre particulares


precisam ser comunicadas?
NÃO, apenas com garantia por hipoteca ou alienação fiduciária. Atenção: isso não
exime o analista de qualificar a operação sob outras perspectivas de suspeição,
pois pode haver outra circunstância que determine a comunicação.

10) Averbações sem caráter negocial, como retificação de medida perimetral ou alteração
de estado civil, precisam ser avaliadas para possível comunicação?
NÃO, somente operações com caráter negocial, ou seja, envolvendo de alguma
forma caráter oneroso ou, se gratuito, envolvendo transmissão de patrimônio. Não
é possível lavar dinheiro retificando medidas ou meramente alterando o estado
civil.

11) O que são operações injustificadamente complexas ou caras?


São operações que parecem dar muitas voltas desnecessárias para se chegar ao
mesmo lugar, para as quais não parece haver nenhuma explicação razoável. Por
exemplo: em vez de uma dissolução parcial de sociedade com pagamento do sócio
retirante com um imóvel da sociedade, a empresa doa o imóvel para a pessoa A
que doa para a pessoa B que doa para o sócio retirante que recebeu sua saída em
dinheiro. Ou avô que vende para o filho que vende para um irmão que vende para
o sobrinho (neto do mesmo avô que começou a sequência).

VI) PROPOSTAS A SEREM IMPLEMENTADAS PARA A PRÓXIMA


VERSÃO
 Check-list de contracapa: elaboração e impressão de um check-list na parte interna
da contracapa que será produzida para tramitação de documentos em protocolo e
arquivamento de tais documentos.
 Campo de Justificativa na Sky para explicação sucinta do motivo de convencimento
no caso de critério subjetivo.

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 Acesso aos cadastros de PEP (COAF ou Governo Federal) e Beneficiários Finais
(Redesim ou CNPJ/RFB)
 As rotinas estabelecidas serão acompanhadas para verificação de sua eficiência e,
sendo necessário, serão revistas e remodeladas.
 Todos os colaboradores são incentivados a apresentarem sugestões e críticas.

VI) MATERIAIS COMPLEMENTARES

Materiais complementares (leis, normas, cartilhas elaboradas por outros colegas, etc)
estão disponíveis no servidor, na pasta “normas” > “Provimento 88”, e estão sob
constante atualização.

A leitura e estudo de materiais complementares é fortemente incentivada.

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