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ECONOMIA

O que é offshore? E
paraíso fiscal? E por que
alguém coloca dinheiro
nesses locais?
Consórcio de jornalistas publicou reportagens
citando mais de 330 pessoas com empresas
offshore – entre elas, o presidente do BC
brasileiro, Roberto Campos Neto, e o ministro
da Economia, Paulo Guedes.

Por Darlan Alvarenga e Felipe Gutierrez, g1

04/10/2021 12h52 · Atualizado há 10 meses

O Consórcio Internacional de Jornalistas


Investigativos (ICIJ) publicou neste domingo
(3) reportagens citando mais de 330 políticos,
funcionários públicos de alto escalão,
empresários e artistas de 91 países e
territórios que têm ou tinham empresas
offshore.

No Brasil, foram citados nos documentos o


presidente do Banco Central, Roberto
Campos Neto, e o ministro da Economia,
Paulo Guedes.

· Documentos vazados revelam mais de


330 políticos e empresários de todo o
mundo com offshore em paraísos
fiscais

· Campos Neto e Guedes foram citados


no Brasil; veja a repercussão

Documentos vazados revelam políticos e empresários de todo o


mundo com offshore

Entenda abaixo o que são paraíso fiscal e


offshore, e para que esses locais são
utilizados.

O que é um paraíso fiscal?


Paraísos fiscais são países – ou jurisdições,
como um estado – onde a tributação cobrada
das empresas é muito pequena ou então
inexistente, diz Rodrigo Leite, Professor de
finanças e controle gerencial do Coppead, da
UFRJ.

“Os países são soberanos para


decidir suas taxas de impostos”,
ele afirma.

O Brasil considera paraíso fiscal para fins


tributários o país que tributa a uma taxa de
menos de 20%, afirma Clair Hickmann, do
Instituto Justiça Fiscal.

Esses locais também, em geral, oferecem


privacidade aos clientes em relação a suas
informações bancárias, e têm burocracia
reduzida para abrir contas e movimentar o
dinheiro investido.

Por que empresas e países


investem dinheiro em
paraísos fiscais?
O objetivo, em geral, é obter vantagens
tributárias – isso é, pagar menos impostos no
país de origem.

“Esses países também não têm


transparência fiscal, e a baixa
alíquota e o sigilo sobre os
proprietários da conta em
registro público e são dois
fatores que mais atraem as
pessoas”, diz Clair Hickmann.

Essas características, no entanto também


fazem dos paraísos fiscais destinos comuns
para dinheiro obtido de forma ilegal, como
corrupção, fraude e tráfico de drogas.

A Receita Federal tem uma lista de paraísos


fiscais, mas o órgão não emprega esse nome,
que é considerado vulgar, segundo
Hickmann. Entre eles, estão Andorra,
Bahamas, Ilhas Cayman e Chipre.

Veja aqui quais são todos os países que a


Receita considera "dependências com
tributação favorecida e regimes fiscais
privilegiados".

Paraísos fiscais são ilegais?


Não é ilegal manter uma conta em um
paraíso fiscal, diz Maucir Fregonesi Junior,
sócio do SiqueiraCastro. No entanto, é
preciso relacionar isso na declaração anual de
Imposto de Renda, mesmo se for um valor
baixo, pois a Receita considera que isso é
evasão fiscal, afirma ele.

O que é uma offshore?


Offshore é uma palavra que significa, em
tradução livre, 'além da costa' – algo que está
fora do território de um país. No caso das
empresas, ele é dado a uma companhia
aberta por pessoas ou outras empresas em
um país diferente daquele em que se
residem.

É uma das formas mais comuns de se aplicar


dinheiro legalmente no exterior, e não há
necessidade de contratar mão de obra ou
produzir alguma coisa.

Em geral, offshores são abertas em países


conhecidos como paraísos fiscais, onde
muitas vezes são aceitas aplicações de
recursos sem origem comprovada e o sigilo
bancário é garantido, o que facilita a lavagem
de dinheiro e a sonegação de impostos.

Para que serve uma


offshore?
Esse tipo de empresa é formada para deter
ativos – empresas ou investimentos – no
exterior. Para quem constitui esse tipo de
companhia, o objetivo em geral é proteger o
patrimônio e as atividades contra
instabilidades do mercado do país de origem
dos investidores.

A abertura de uma offshore é amplamente


recomendada por assessores de
investimentos para clientes com patrimônio
familiar elevado. O motivo, nesse caso, é,
além de proteger o patrimônio, buscar pagar
menos impostos – o chamado "planejamento
tributário" – e vantagens do ponto de vista de
planejamento sucessório.

Segundo a tributarista Elisabeth Libertuci,


especialista em imposto de renda e sócia de
Lewandowski Libertuci, além de
planejamento tributário, quem investe em
offshore também busca se proteger de
variações no câmbio por conta do risco Brasil.

As offshores também contribuem para


manter o anonimato dos investidores, sejam
eles empresas ou pessoas físicas, já que os
bens passam a pertencer à offshore.

Qual o ganho tributário de


uma offshore?
A lei brasileira permite que uma pessoa física
seja dona de uma empresa no exterior e não
precise recolher impostos em território
nacional enquanto a empresa não distribuir
lucro seus sócios ou não traga dinheiro de
volta ao Brasil, o que estimula o uso dessas
estruturas.

Em alguns casos, a aplicação de recursos no


exterior também pode ser feita através de
um fundo de investimento estrangeiro, que
oferece vantagens tributárias semelhantes às
da offshore. Isto é, enquanto os recursos
aportados permanecerem sob a
administração do fundo, não há incidência
tributária no Brasil. Ou seja, o pagamento de
imposto só é exigido no momento do resgate,
total ou parcial, das cotas do fundo.

"É como se fosse uma aplicação


num fundo privado no Brasil. A
grande diferença é que a
tributação só acontece quando
há distribuição de recursos para
os sócios. Ou seja, você só é
tributado em 27,5% quando
precisa do dinheiro. Enquanto o
rendimento não é distribuído
ao acionista, não há
tributação", explica a
tributarista Elisabeth Libertuci.

Offshores são ilegais?


Ter uma offshore não é ilegal, desde que ela
seja aberta com recursos devidamente
declarados e os valores sejam informados
na declaração de imposto de renda.

Ainda assim, segundo o Banco Central, os


centros offshore se caracterizam por serem
"jurisdições que oferecem tributação baixa ou
zero, regulamentação frouxa do setor
financeiro, regras mais severas de segredo
bancário e anonimato".

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