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PÚBLICAS
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RESUMO
ABSTRACT
This research highlights the tax contributions as a primary source in the implementation
of public policies, focusing on tax evasion as a hindrance to their realization. The
objectives are: to understand tax evasion as well as its types; demonstrate what public
policies are, and finally, analyze the reflexes of tax evasion in public policies. For this,
the study used bibliographic research, which allowed the understanding and the
conclusion that tax evasion causes impossibilities in the materialization of a dignified
experience, based on social rights, through public policies, thus translating the relevance
of duty faithfully contribute to tax obligations.
1
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia, e-mail:
aline_gt20@hotmail.com
2
Graduanda em Direito pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia, e-mail:
celypaivaslrr@hotmail.com
3
Professor orientador: Rui Machado Júnior. Professor de Direito Financeiro e Tributário do
curso de Graduação do Centro Universitário Estácio da Amazônia – Especialista em Estudos
de Criminalidade e Segurança Pública pela UFMG – Mestrando em Segurança Pública,
Direitos Humanos e Cidadania pela UERR – Escrivão de Polícia Federal.
1. INTRODUÇÃO
A Sonegação fiscal é um assunto recorrente nos principais noticiários do
Brasil, dada a sua gravidade diante do cenário político social. A tributação ainda é vista
como uma forma de exploração estatal, sendo assim, rejeitada por boa parcela da
sociedade. Basta uma rápida pesquisa no Google para termos uma noção da dimensão
dessa sonegação quando nos deparamos com notícias como: “Sonegação no Brasil
atinge R$ 415 bilhões por ano,” “Brasil vai deixar de arrecadar R$500 bilhões em 2016
devido a sonegação fiscal”, “Sonegação Fiscal atinge marca de 500 bilhões em 2017,”
Brasil deixou de arrecadar 345 bilhões por sonegação em 2018.” A tributação é a
manutenção da atividade estatal em todos seus segmentos, sem o tributo ficaria difícil
viabilizar a efetivação das garantias e direitos previstos constitucionalmente.
Assim, diante da relevância social que possui o tema, torna-se imperativo a
discussão contínua sobre a importância da tributação para a manutenção da máquina
pública. O presente estudo visa, à luz das doutrinas acerca do tema, trazer uma breve
reflexão sobre os conceitos dos tributos, o crime de sonegação fiscal e suas
consequências sobre as políticas públicas.
A sonegação de tributos além da tipificação na esfera penal, prejudica o
bem estar da coletividade e ocasiona o aumento da própria carga tributária. O Estado
deve assegurar os direitos mínimos dos cidadãos por meio de ações positivas. Em seu
artigo 3º, a Constituição Federal, traz seus objetivos fundamentais, entre eles:
“Construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento social;
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.” Para que sejam efetivados esses objetivos, é
necessário que sejam criadas diretrizes que possam alcançar benefícios para a
coletividade, sanando suas mazelas e promovendo o bem estar de todos. Essas diretrizes
são as chamadas políticas públicas e é com base nos tributos que o poder público pode
implementá-las.
As políticas públicas atingem todos os cidadãos, por isso é essencial que
se saiba o que são essas políticas públicas, quais seus atores, quais suas tipologias e o
ciclo de elaboração até que sejam concretizadas, na sociedade. Por fim, busca-se com o
presente estudo discorrer sobre os reflexos da sonegação fiscal nas políticas públicas.
O Brasil é um dos países com as mais altas taxas da carga tributária do
mundo e em contrapartida não consegue oferecer serviços públicos de qualidade o que
ocasiona um índice elevadíssimo de sonegação fiscal, prejudicando o bem estar social
de todos, porque o Estado para gerir os problemas sociais necessita dessa tributação. O
presente estudo objetivou demonstrar como a sonegação fiscal atinge a coletividade,
qual a consequência social e política desse ato delituoso e ainda faz com que o Estado
sobrecarregue o contribuinte.
2 . DESENVOLVMENTO
Todavia, a atual Lei nº 8.137/90, que regula os crimes contra a ordem tributária
em seu Capítulo I, não faz uso da figuração sonegação fiscal. Sobre isso, Machado
(2006, p. 490), sustenta que: “A Lei n. 8.137, de 27.12.1990, definiu os crimes contra a
ordem tributária. Não utilizou o nome sonegação fiscal, mas definiu os mesmos fatos
antes sob aquela designação, de sorte que se pode considerar revogada a Lei n.
4.729/1965”.
Dessa forma, Franco (2015, p. 38), sinaliza:
A sonegação fiscal pode ser caracterizada quando o contribuinte utiliza-se de
procedimentos que infrinjam espontaneamente a lei fiscal ou o regulamento
fiscal. A alta carga tributária no Brasil é um dos fatores determinantes para
sonegação fiscal. Algumas empresas recorrem à sonegação para sobreviver
mesmo sabendo tratar-se crime contra a ordem tributária, pois entendem que
se cumprirem a legislação à risca, acabarão por inviabilizar o seu negócio.
Dessa forma, Machado e Meira (2005) entendem que, quanto aos sujeitos
ativos dos crimes praticados contra a ordem tributária, estes podem ser: o contribuinte, o
substituto, o responsável e o terceiro estranho à relação tributária. Outrossim,
evidenciam que tais crimes de modo algum podem ser executados por pessoas jurídicas,
senão pelos seus diretores, administradores, gerentes ou funcionários encarregues,
contanto que tenham envolvimento na prática de sonegação fiscal. Não obstante,
sinalizam ainda que a sociedade e o Estado (Administração Pública da União, dos
Estados, Distrito Federal e Municípios), são sujeitos passivos destes mesmos crimes.
Da mesma maneira, Föppel e Santana (2005, p.45) ressaltam:
Não pode a pessoa jurídica ser sujeito ativo de crime contra a ordem
tributária. Os delitos cometidos visando à supressão ou redução de tributo em
favor da sociedade empresária deverão ser imputados aos seus diretores,
administradores, gerentes ou funcionários responsáveis.
Depreende-se então que, conforme os autores, o sujeito ativo dos crimes contra
a ordem tributária, é a aquela pessoa que apresenta um vínculo direto ou de
incumbência no tocante à obrigação tributária.
O Art. 1º da Lei nº 8.137/90, é entendido como crime material ou de resultado,
já que é imprescindível que transcorra a derrogação (eliminação) ou atenuação
(diminuição do valor) de tributos ou contribuição social para que se caracterize o crime,
por meio de alguma das condutas especificadas em seus incisos (HARADA;
MUSUMECCI; POLIDO, 2015).
Os atos previstos neste artigo em apreciação (Lei nº 8.137/90) são:
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou
omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela
lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal fatura duplicata, nota de venda, ou
qualquer outro documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou
deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou
documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de
serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (BRASIL, 1990, p.
1506)
Ainda conforme Harada, Musumecci e Polido (2015), Já o artigo 2º, ainda que
estabeleça que consista em crime de mesma natureza que o artigo 1º, não preceitua que
exista o resultado para que se consume e, sendo assim, não é substancial o exaurimento
da via administrativa. Para que seja considerado crime e, consequentemente,
responsabilizar o criminoso por meio de ação penal, é necessário que haja a prática das
condutas pormenorizadas em seus incisos, como por exemplo, no inciso I, em que a
mera declaração falsa, bem como, omissão de declaração sobre rendas, bens ou fatos a
fim de se desonerar do pagamento do tributo, caracteriza conduta criminosa suscetível
de ação judicial, independentemente de não haver redução ou extinção do tributo
pertinente.
2.1.1NOTA SANFONADA
Conforme o entendimento de Zanna (2007), nota sanfonada é quando uma
mesma nota presta-se a dar garantia fiscal mais de uma vez à mesma mercadoria, bem
como, bens ou serviços, onerando-se por simulação fiscal. Salienta-se que a nota fiscal
não possui nenhuma falsificação, todos os itens que a integra, coadunam com as
mercadorias, produtos ou bens que ela aponta e aos quais dá garantia fiscal em seu
trânsito.
2.1.2 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO (DO SÓCIO)
Representa omissão de receita da empresa quando ocorre acrescência
patrimonial do sócio, sem que este detenha recursos às ordens, considerando que a
empresa seja sua única fonte de renda (AMARAL, OLENIKE, et.al, 2009).
Sobre essa questão FREI (2000) apud TUDE (2010) propõe uma divisão
dessas fases que estaria representada pelas seguintes etapas: a) Fase da percepção e
definição dos problemas: a grande questão envolvida nesse elemento concerne ao fato
de como entre uma infinidade de demanda especifica converte-se em um problema
público que acaba por gerar um “Policy Cycle.”; b) Fase da agenda setting: nessa fase é
decidido se o tema frá parte da agenda, excluído ou adiado para uma data posterior; c)
Fase da elaboração de programas e de decisão: decide-se qual alternativa de ação é mais
apropriada para o problema em questão; d) Fase da implementação de politicas: seria a
concretização da ação escolhida entre as demais, transformando-a em ação política
concreta; e) Fase da avaliação de politicas e correção de ação: nessa fase acontece a
avaliação da política adotada, uma espécie de reflexão custo x benefício empreendida na
política pública, momento propicio à correção de possíveis falhas de formulação ou
execução.
Existem muitas outras políticas públicas que são criadas para atender às
necessidades sociais a nível federal, estadual e municipal, em todas as áreas como
saúde, educação, planejamento urbano, previdência social, tecnologia e informação,
emprego e renda, esporte e lazer, meio ambiente, infraestrutura e transporte, entre
outros. Vale destacar que em um país como o Brasil com tantas complexibilidades de
problemas sociais, ainda em passos lentos para a transparência ideal, conhecer os
conceitos, as tipologias e os ciclos das políticas públicas torna-se, sem dúvidas,
imperativo.
2.5 OS REFLEXOS DA SONEGAÇÃO FISCAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
A arrecadação tributária no Brasil tem como intuito fundamental, oportunizar a
concretização de ações sociais, em favor da coletividade, resguardando o princípio da
dignidade da pessoa humana.
Dessa forma, conforme Coêlho (2005, p. 464), “O tributo, em última análise, é
uma forma de financiar o Estado. É a finalidade de todo tributo.” Corroborando com
esta ideia, Boff e Torques (2011, p. 4), afirma que “o Estado brasileiro, assim como a
maioria das nações ocidentais, apresenta-se como Estado Fiscal, cujas necessidades
financeiras são essencialmente coberta por tributos.”
Logo, a precípua incumbência dos tributos é suplementar os cofres públicos,
com o objetivo de efetivar a atividade pública, devendo ter como norte, o interesse
público, de acordo com Mello (2003), destacando um dos sustentáculos da
Administração Pública: a supremacia do interesse público.
O tributo deve atender a uma função tipicamente social, pois ele é criação do
povo para atender ao povo. Por outro lado, a arrecadação tributária também
serve para abastecer os cofres públicos do Estado, de forma a permitir que
este último realize os gastos necessários para realizar as necessidades
públicas. (CARDOSO,2010, p.3).
Logo, para que os cidadãos tenham acesso à uma boa qualidade de vida,
respeitando os direitos sociais, é imprescindível que haja o cumprimento efetivo das
obrigações contributivas, com vistas à uma sociedade equânime.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acerca das políticas públicas ficou claro a sua importância social visto que
é através dessas diretrizes que o Estado busca atender os anseios dos diversos
seguimentos sociais, buscando uma sociedade com mais equidade. Trouxe-nos sua fase
de elaboração e ainda os principais atores sociais das politicas públicas, que podem ser
estatais ou privados. Os estatais são aqueles que estão diretamente ligados à
Administração Pública, ocupam cargos legislativos ou executivos, são os políticos que
se elegem por suas propostas que devem responder os anseios sociais da população
sendo vistos como representantes do povo. Os atores privados, apesar de não estarem
diretamente ligados à Administração Pública, tem fundamental importância para as
decisões das políticas públicas eleitas para atender a coletividade ou até mesmo alguns
segmentos específicos, valorizando a criação de uma sociedade justa e com mais
igualdade.
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