Você está na página 1de 14

Índice

Introdução………………………………………………………..……………………2

CAPITULO I - DIREITO ECONÓMICO FISCAL……………………………..…….3

1. Extrafiscalidade……………………………………………………………………3

1.1. Noção e âmbito do direito económico fiscal……………………………….4

1.2. Os impostos extrafiscais……………………………………………………….5

1.3. Os benefícios fiscais……………………………………………………………6

1.3.1. Conceito………………………………………………………………………6

1.3.2. Os benefícios fiscais enquanto despesas fiscais………..………………..7

1.3.3. Caracterização e natureza jurídica………………………………………….8


1.3.4. Classificação………………………………………………………………….9
1.3.5. Regime jurídico……………………………………………………………….9
1.4. A constituição, reconhecimento, transmissão e extinção dos
benefícios fiscais……………………………………………………………………10

1.4.1. A constituição dos benefícios fiscais…………………………………….10

1.4.2. O reconhecimento dos benefícios fiscais………………………………11

1.4.3. A transmissão dos benefícios fiscais……………………………………11

1.4.4. A extinção dos benefícios fiscais………………………………………..12

Conclusão………………………………………………...………………………….13

Bibliografia…………………………………………………..………………………14
Introdução
O presente trabalho visa à realização de um estudo acerca do direito
económico fiscal dito de outro modo da extrafiscalidade da norma tributária como
instrumento propiciador das políticas públicas, sendo esta vista, como
implementadora do desenvolvimento político, económico, social e ambiental.

Com isso, este trabalho será dividido em um único capítulo apenas. O


primeiro ponto tratará acerca da função social do tributo, levando em
consideração a transição do Estado Liberal para Estado Social, momento em
que o tributo passou a ser utilizado tanto como instrumento de intervenção na
atividade econômica, como para propiciar serviços públicos, tais quais: saúde,
educação, saneamento básico, entre outros.

No segundo ponto, será estudado o direito económico fiscal no que tange


ao seu conceito, Noção e âmbito analisar-se-ão os benefícios fiscais e a
extrafiscalidade, uma vez que esta consiste em uma técnica de intervenção ou
conformação social por meio da utilização dos tributos, os quais se dividem em
impostos extrafiscais e benefícios fiscais, em que o primeiro tem por objetivo o
desestímulo de determinadas atividades, por meio do agravamento da carga
tributária, já o segundo tem por escopo o incentivo ou estímulo de certos
comportamentos, pelo abrandamento da carga tributária ou até mesmo sua
exclusão, veremos também sua natureza e regime jurídico.

Por fim, na última parte do trabalho, será abordado o ainda relativo aos
benefícios fiscais sua constituição, reconhecimento, formas jurídicas permitidas
por lei de transmissão bem como também as formas de como se extinguem no
ordenamento jurídico angolano

2
CAPITULO I - DIREITO ECONÓMICO FISCAL

1. Extrafiscalidade (Direito Economico Fiscal)


Os tributos constituem instrumentos de arrecadação de receitas do
Estado para o realização de despesas públicas, podendo ser utilizados, ainda,
como instrumento interventivo na busca dos fins almejados 1. Este último objetivo
é denominado extrafiscalidade tributária, pois a sua finalidade principal é
interferir na economia privada, em setores econômicos, em regiões, estimulando
ou desestimulando o consumo de certos bens, de determinadas atividades, entre
outros.

A tributação extrafiscal caminha conjuntamente com o intervencionismo


do Estado, na medida em que irá actuar sobre o mercado e sobre a livre
iniciativa, sendo utilizada, também, para prevenção dos desequilíbrios de
mercado e para o favorecimento da competitividade das empresas frente aos
novos desafios globais2. Na sua utilidade extrafiscal, tem-se a função
arrecadatória inserida em segundo plano, visto que os tributos passam a atuar
como auxiliares ao poder regulatório do Estado, permitindo a esse afastar, pelo
agravamento da carga tributária, certas atividades ou comportamentos
contrários a ordem pública, ou, por outro lado, estimular e incentivar pelo
abrandamento da carga tributaria ou pelos benefícios tributários auferidos, os
quais visam sempre atingir condutas convenientes3.

Ante ao exposto, verifica-se que a extrafiscalidade tributária se mostra


como um instrumento extremamente importante para a tutela ambiental, ao
permitir reduções de alíquotas, isenções ou afins, objetivando atingir as posturas
ambientais corretas, bem como o desestimulo de condutas lesivas ou
degradantes, por meio da oneração da carga tributária 4, tema que atualmente
tem apresentado inúmeros debates no cenário mundial.

Para o Estado atingir alguns de seus objetivos, mais especificamente


atinente à preservação do meio ambiente, não é preciso instituir um novo tributo,
mas sim utilizar os próprios tributos já existentes na sua função extrafiscal,
aumentando ou reduzindo os impostos no intuito de atingir as metas almejadas,
como, por exemplo, no caso do Imposto Sobre

(1) NABAIS, Casalta, ‒ Direito Fiscal, Ed. Almedina, Coimbra, 1998, Pág. 695
(2) GOUVÊA, Marcus de Freitas ‒ A extrafiscalidade no direito tributário. Belo Horizonte: Del
Rey, 2006. Pág.298
(3) BONFIM, Diego ‒ Extrafiscalidade: identificação, fundamentação, limitação e controle /
Diego Bonfim. – 1. Ed – São Paulo: Noeses, 2015.Pág. 394.

3
Os tributos, na sua função extrafiscal, podem, ainda, ser utilizados para
regular a economia, aumentando ou reduzindo a carga tributária, com o escopo
de gerar reflexos na política internacional por meio da importação ou exportação
de produtos, como, por exemplo, no Imposto Sobre o Valor Acrescentado Social
- IVA Social, um imposto incidente em alguns países europeus, que tem por
objetivo reduzir a carga tributária das contribuições sociais, compensando essa
redução com o aumento proporcionado do IVA, de forma a aumentar a
competitividade dos países que adotarem tal medida.

Diante disso, pode-se concluir que o Estado possui, em suas mãos,


instrumentos hábeis, os quais possibilitam a ele se utilizar dos impostos na sua
função extrafiscal, no intuito de regular e manipular comportamentos desejáveis,
conforme se pode perceber a partir dos dois exemplos acima mencionados,
sendo estes estudados de maneira mais aprofundada no decorrer desse
trabalho.

1.1 Noção e âmbito do direito económico fiscal


Neste contexto, pode-se afirmar que a extrafiscalidade (Direito Economico
Fiscal) consiste na utilização do tributo como meio de fomento ou de desestimulo
às atividades tidas como convenientes ou inconvenientes à comunidade, usados
pelo governo na busca dos fins sociais, através da maior ou menor imposição
tributária, uma vez que as diferentes onerações podem estimular ou
desestimular condutas, visando sempre o interesse público5.

Podemos ainda definir o direito económico fiscal como o conjunto de


normas jurídicas que regula a utilização dos instrumentos fiscais, isto é, dos
impostos e dos benefícios fiscais, com o principal objectivo de obter resultados
extrafiscais, mormente em sede de política económica e social. Ou por outras
palavras, a disciplina jurídica da extrafiscalidade. Um conjunto de normas que
apenas formalmente integram o direito fiscal, já que têm por finalidade principal
ou dominante a consecução de determinados resultados económicos ou sociais
e não a obtenção de receitas para fazer face às despesas públicas6.

E ao dizermos, estamos já a aludir aos dois grandes domínios ou sectores


do direito económico fiscal respectivamente: o domínio ou sector dos impostos
extrafiscais ou de agravamentos extrafiscais de impostos e o domínio ou sector
dos benefícios fiscais. A cada um destes dois domínios ou sectores vamos, pois,
dedicar as páginas que se seguem.

(4) FORTES, Fernando ‒ Extrafiscalidade com Instrumento de Implementação de Políticas


Públicas:Revista de Direito Tributário e Financeiro, Curitiba | v. 2|| Jull//Dez. 2016.
(5) NABAIS, Casalta ‒ Direito Fiscal, Ed. Almedina, Coimbra, 2009, pag. 429

4
1.2. Os impostos extrafiscais

Os impostos extrafiscais tem como característica central a intervenção na


economia e excepção aos princípios da anterioridade e da legalidade. Quer dizer
como o objectivo desses impostos é a regulação da economia ‒ o estímulo ou o
desestímulo a certas actividades ou mecanismos económicos ‒ é facultada a
sua implementação precedente a todas as fases do processo legislativo,
estabelecendo-se como excepção.

Esse tipo imposto entre nós, como de resto lá fora, não está
constitucionalmente vedada a possibilidade de o Estado utilizar o imposto ou o
agravamento do imposto com o objectivo ou finalidade principal ou dominante de
evitar certos comportamentos económicos e sociais dos seus destinatários.
Trata-se dos impostos sufocantes na terminologia alemã e dos destrutive taxes
na designação anglo-saxónica6.

O que os configura como típicas medidas de intervenção económica e


social por via fiscal, como verdadeiros "impostos suicidas". Daí que não sejam
subsumíveis na "constituição fiscal", dominada por uma exigente reserva de lei
e pelo princípio da igualdade aferido pela capacidade contributiva, mas antes na
"constituição económica", ancorada num flexível princípio da legalidade e nas
exigências do princípio da proibição do excesso ou da proporcionalidade lato
sensu7.

Compreende-se assim que os impostos extrafiscais não sejam nem


possam ser muito frequentes. Aliás entre nós não conhecemos presentemente
nenhum imposto que se possa qualificar como verdadeiro imposto extrafiscal.
Claro que existem exemplos desse tipo impostos noutros países.

Mais frequente nesta modalidade de instrumentos fiscais ao serviço de


objectivos extrafiscais são os agravamentos extrafiscais de impostos. O que
ocorreu em Portugal com o agravamento da antiga contribuição predial rústica e
urbana, constante do DL n.º 375/74, de 20 de Agosto, e 18.º do DL n.º 445/74,
de 12 de Setembro8.

Exemplos claros de impostos extrafiscais existem, noutros ordenamentos


jurídico fiscal. É o caso dos impostos sobre Importação, sobre Exportação, sobre
Produtos Industrializados e sobre Operações Financeiras no Brasil. No Brasil por
exemplo o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços encontra-se
previsto na Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 155,
inciso II, e disciplinado pela Lei Complementar nº 87,

(6) NABAIS, casalta ‒ Direito Fiscal, Ed. Almedina, Coimbra, 2009, pag. 429
(7) Ibdem, Pag. 433
(8) Ibdem, Pag. 439

5
de 13 de setembro de 1996, sendo uma das principais fontes de arrecadação
dos Estados brasileiros. A este tributo é permitida a repartição de receitas, de
modo que 25% da sua arrecadação seja repassada aos municípios, conforme
artigo 158, VI da Constituição da República. Assim, por meio da tributação
extrafiscal, vários Estados Brasileiros vêm empregando certa parcela da
repartição tributária do ICMS às ações direcionadas a benefícios dos municípios,
uma vez que a repartição tributária possibilita o acréscimo de suas verbas, com
base em critérios sociais que irão refletir na qualidade de vida da sociedade,
sendo, também, a possibilidade de o Estado interferir no processo de
desenvolvimento de seus municípios, ao premiar certas atividades e limitar
outras

Um sector, que hoje em dia constitui o alvo privilegiado da extra-


fiscalidade é também a tributação ambiental e ecológica pois um tal sector
constitui, sem a menor dúvida, o domínio paradigmático do que designámos por
extrafiscalidade concorrente

1.3. Os benefícios fiscais

1.3.1. Conceito

Quando os governos elaboram os orçamentos públicos, podem atribuir


regimes especiais de tributação em determinados contribuintes em relação à
tributação normal. Ao regime especial de tributação de que beneficiam certos
contribuintes, dá-se o nome de benefícios fiscais.

Waty refere que os benefícios fiscais são regras fiscais que impliquem
uma redução do montante a pagar dos impostos em vigor, com o fim de favorecer
atividades de reconhecido interesse público, social ou cultural.

Salvador definiu os benefícios fiscais como normas tributárias que


implicam um diferente tratamento jurídico dos beneficiários relativamente aos
restantes contribuintes ao desagravarem situações que caem no âmbito da
incidência do imposto, quer pessoal quer objetiva, e que, como tal, encontram-
se sujeitas a tributação, de tal forma que a extinção destes tem por consequência
a reposição automática da tributação-regra.

Os benefícios fiscais em Angola têm fundamentos legais, mais


concretamente no n.º 1 do artigo 102.º da Constituição da República de Angola
(CRA), onde refere que os impostos só podem ser criados por lei, que determina
a sua incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes. A
alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º do Código Geral Tributário (CGT) define os
benefícios fiscais como medidas de carácter excecional que implicam uma
vantagem ou simplesmente um desagravamento fiscal, perante o regime normal.

Os benefícios fiscais são exceções às regras de tributação, em


comparação com as regras normais de tributação, quer a nível de
6
processamentos dos impostos ou quer a nível de pagamentos dos mesmos
impostos.

1.3.2. Os benefícios fiscais enquanto despesas fiscais

Independentemente das diversas opiniões de vários autores


relativamente ao conceito de benefícios fiscais, ainda assim, os mesmos têm
algo em comum. Os benefícios fiscais vistos como derrogações às regras no que
se refere à tributação, em relação à tributação normal. Já a consideração dos
benefícios fiscais como despesas fiscais não é unânime, depende da
classificação de país para país.

Em Angola por exemplo, o n.º 3 do artigo 16.º do CGT refere que os


benefícios fiscais constituem despesas fiscais que devem ser previstas no
Orçamento Geral do Estado. O n.º 3 do artigo 2.º dos Estatutos dos Benefícios
Fiscais da República de Portugal considera os benefícios fiscais também como
despesas fiscais, as quais podem ser previstas no Orçamento do Estado ou em
documento anexo e, sendo caso disso, nos orçamentos das Regiões Autónomas
e das autarquias locais.

Pereira definiu despesas fiscais como uma derrogação deliberada ao


sistema normal de tributação, que permite atuar sobre a economia privada do
mesmo modo que por despesas diretas, representando um pagamento implícito
feito pelos poderes públicos por intermédio de uma redução dos impostos a
pagar, ou seja, uma despesa pública feita através do sistema fiscal.

Monteiro, Costa e Pereira referem que pela sua natureza substitutiva, as


despesas fiscais devem ser contabilizadas e objeto dos mesmos controlos que
as despesas diretas e que as receitas, razão pela qual se tem vindo a observar
a crescente preocupação de vários países em elaborar orçamentos de despesas
fiscais. Na verdade, tratando-se os benefícios fiscais como receitas que deixam
de ser arrecadadas, assentes em vantagens fiscais concedidas aos contribuintes
com fundamentos extrafiscais, a elaboração de orçamentos de despesas fiscais,
deverá permitir:

 Por um lado, estabelecer uma previsão anual do custo dos


benefícios fiscais concedidos;
 Por outro, avaliar com rigor e sentido crítico dos benefícios fiscais
concedidos, pelo confronto entre a despesa fiscal envolvida e os
resultados (extrafiscais) que se pretendem alcançar com tais
desagravamentos. Para que os benefícios fiscais sejam
considerados despesas fiscais, assenta-se na lógica de que, a sua
não existência faria com que o Estado tivesse maiores receitas
fiscais. Assim, a sua existência diminui os valores arrecadados, e
como receitas fiscais não arrecadadas, é lógico que o Estado pode
assumir despesas públicas, mas neste caso como despesas não

7
desembolsáveis, diferentes das despesas públicas
desembolsáveis.

1.3.3. Caracterização e natureza jurídica


Os benefícios fiscais correspondem a desvios ao princípio da capacidade
contributiva, sendo por isso considerados despesas fiscais, que devem ser
previstas no orçamento Geral do Estado (art. 16.o, n.0 3, do CGT).
A temática dos benefícios fiscais é uma das mais delicadas e, em grande
medida, responsáveis pela complexidade tributária. Alguns observadores
atentos notam uma tendência geral, neste domínio, que passa pela introdução,
pelo legislador, de um determinado incentivo fiscal, seguido da tentativa, por
parte dos contribuintes, de ajustarem e manipularem os seus comportamentos
de forma a usar e abusar desse incentivo, seguindo-se a adopção, pelo
legislador, de normas ainda mais complexas e extensas para definir os
benefícios fiscais criados com maior precisão. E assim sucessivamente. O
resultado final é uma maior complexidade do sistema tributário, acompanhada
de uma maior criatividade e sofisticação das técnicas desenvolvidas para
contornar as suas disposições e maximizar os benefícios que as mes1nas
pode1n proporcionar.
Nos termos do artigo 102.0, n. 0 1, da CRA, a matéria respeitante aos
benefícios fiscais insere-se no âmbito da reserva de lei (relativa) da Assembleia
Nacional.
O regime jurídico dos Benefícios Fiscais encontra-se plasmado no Código
Geral Tributário, onde os mesmos são definidos como "medidas de carácter
excepcional que implicam uma vantagem ou simplesmente um desagravamento
fiscal perante o regime normal".
Os benefícios fiscais podem consistir em isenções, reduções de taxas,
deduções à matéria colectável, amortizações aceleradas ou em outras medidas
fiscais de natureza semelhante. Diferentes dos benefícios fiscais são as não
sujeições tributárias, as quais consistem em normas fiscais, com carácter
estrutural, que prevêem expressamente delimitações negativas de incidência
(art. 16.0, n.0 5, do CGT).
Enquanto nos benefícios fiscais são prosseguidos objectivos de ordem
extrafiscal (finalidades de política económica, social, cultural, ambiental ou
outras de relevante interesse público reconhecido pela CRA) no caso das não
sujeições tributárias estamos no âmbito das opções relacionadas com a
obtenção de receitas, pelo que os objectivos prosseguidos são de ordem fiscal.
Na distinção entre benefícios fiscais e não sujeições tributárias sobressai,
também, o carácter conjuntural (temporário) dos primeiros e a natureza estrutural
(duradoura) das segundas.

8
1.3.4. Classificação
Conforme dispõe o artigo 3o Lei n.º 8/22, de 14 de abril, Código dos
Benefícios Fiscal (CBF) e o artigo 17.o, n.0 1, do CGT, os benefícios fiscais
podem ser automáticos ou não automáticos (dependentes de reconhecimento).
Os benefícios automáticos resultam directa e imediatamente da lei, bastando
que se verifiquem os pressupostos nesta fixados (art. 17. 0, n.0 2, do CGT). Os
benefícios dependentes de reconhecimento pressupõem, para além da
verificação dos pressupostos objectivos e subjectivos definidos na lei, a prática,
pela administração tributária, de um ou mais actos posteriores de
reconl1ecimento (art. 17.0, n.º 3, do CGT).
Os benefícios fiscais também podem ser condicionados ou não
condicionados, consoante dependam ou não de condições estabelecidas por lei
ou por contrato (art. 17.0, n.0 4, do CGT).
A lei distingue, ainda, entre benefícios reais e benefícios pessoais,
conforme eles sejam concedidos atendendo a características objectivas do facto
tributário ou a aspectos relativos à pessoa que a eles tem direito (art. 30. no 2 do
CBF e art. 17.0, n.0 5, do CGT).
O CBF (Código de Benefícios Fiscal) vem fixar o prazo geral de duração
máxima dos benefícios fiscais em 10 anos, comportando, contudo, exceções
como, por exemplo, o caso dos benefícios fiscais concedidos ao abrigo do
Regime Contratual do Investimento Privado, cujo prazo máximo é fixado em 15
anos.
Outro aspeto importante prende-se com a livre cumulação de diferentes
benefícios fiscais, desde que estes sejam: (i) da mesma natureza; (ii) referentes
ao mesmo facto tributável; e (iii) referentes ao mesmo imposto – com o limite
temporal de que o gozo dos benefícios fiscais relativos a um mesmo imposto não
pode ultrapassar o prazo máximo legalmente estabelecido no CBF.
1.3.5. Regime jurídico
Os benefícios fiscais estão sujeitos ao princípio da legalidade, integrando
a reserva relativa de competência legislativa da Assembleia Nacional (arts. 102.0,
n. 0 1, e 165.0, n.0 1, ai. o), da CRA). Além disso, os mesmos subordinam-se ao
princípio da excepcionalidade. Daqui resulta a exclusão da integração analógica
das normas que consagrem benefícios fiscais, embora se admita a interpretação
extensiva (art. 16.0, n.º 1, do CGT).
Um outro princípio é o da generalidade, nos termos do qual a definição
dos pressupostos objectivos e subjectivos dos benefícios devem ser feita de
forma genérica, só excepcionalmente se admitindo a atribuição de benefícios de
natureza individual, a qual carece sempre de justificação. É o que sucede com a
celebração de contratos fiscais (art. 19.0 do CGT). Em qualquer caso, deve ser
respeitado o princípio da igualdade, devendo, ainda, a criação do benefício fiscal
ser devidamente fundamentada e prever a receita a não arrecadar (a despesa
fiscal), nos termos do disposto no artigo 16.0, n.0 2, do CGT.

9
Os contratos fiscais apenas podem ser celebrados nos casos e condições
expressamente previstos na lei, e terem como fundamento a promoção do
equilíbrio económico e social do País, do desenvolvimento local ou do
investimento privado (art. 19.0, n. 0 2, do CGT), devendo a sua concessão
respeitar os princípios da igualdade, da imparcialidade, da transparência e da
proporcionalidade. Os benefícios fiscais caducam no termo do prazo por que
foram concedidos (art. 21.0, n.0 1, do CGT).
Os benefícios fiscais pessoais não são transmissíveis. Já os benefícios
fiscais reais são transmissíveis, mortis causa ou inter vivos, desde que os
respectivos pressupostos se mantenham na pessoa do transmissário (art. 21. 0 ,
n.os 5 e 6, do CGT).

1.4. A constituição, reconhecimento, transmissão e extinção dos


benefícios fiscais

Vejamos agora como se constituem, reconhecem, transmitem e extinguem os


benefícios fiscais. Uma nota muito rápida sobre cada um destes aspectos.

1.4.1. A constituição dos benefícios fiscais

Quanto à constituição, prescreve o art. 4.º no do CBF que o direito aos


benefícios fiscais deve reportar-se à data dos respectivos pressupostos, ainda
que esteja dependente de reconhecimento declarativo pela administração ou de
acordo entre esta e a pessoa beneficiada, salvo quando a lei dispuser o contrário.
O que significa que, por via de regra, o direito aos benefícios fiscais se constitui
com a verificação dos respectivos pressupostos. E isto quer se trate de
benefícios fiscais automáticos, quer de benefícios fiscais dependentes de
reconhecimento administrativo, seja este reconhecimento oficioso, seja
dependente de requerimento do interessado, já que, nestes casos, o acto ou
acordo, através do qual o reconhecimento se concretiza, tem uma eficácia
meramente declarativa, reportando, por isso, os seus efeitos à data da
verificação dos pressupostos dos benefícios. Com excepção do reconhecimento
dos benefícios fiscais não automáticos que se efectua por acto próprio da
Administração Tributária, o qual tem efeito constitutivo como dispõe o no 2 do
mesmo artigo.

Só não será assim nos casos em que a lei disponha em contrário,


atribuindo eficácia constitutiva ao acto de reconhecimento do benefício fiscal,
seja esta atribuição feita de uma maneira expressa ou de uma maneira
meramente implícita. Será de uma maneira implícita quando a lei atribui à
administração tributária uma margem de livre decisão para a sua concessão
como acontece com alguma frequência em sede dos estímulos ou incentivos
fiscais.

10
1.4.2. O reconhecimento dos benefícios fiscais

Relativamente ao reconhecimento dos benefícios fiscais, devemos


começar por referir o disposto no art. 88.º do CGT, em que se prescreve que, o
reconhecimento dos benefícios fiscais depende da iniciativa dos interessados.
Uma iniciativa a concretizar mediante requerimento dirigido especificamente a
esse fim e apresentado nos serviços competentes para a liquidação do tributo a
que o benefício se refere. Em caso de deferimento do pedido, o correspondente
despacho fixará as datas do início e do termo do benefício fiscal. Sendo que o
início do procedimento deve ser sempre comunicado as partes como dispõe o no
2 daquele artigo.

Por seu lado, a manutenção dos efeitos do reconhecimento do benefício


depende de o contribuinte facultar todos os elementos necessários ao controlo
dos seus pressupostos à administração tributária. Uma alusão é de fazer aqui à
atribuição de benefícios fiscais em regime contratual previsto no art. 3.º do CBF
e pelo art. 18o. no 4 do CGT

Quanto aos tipos de benefícios fiscais dependem da legislação fiscal de


cada país. Em Angola não existe uma legislação específica para regular os
benefícios fiscais, sendo esta informação encontrada em diversas leis, a saber:
 Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/12 de 16 de março, que estabelece
os Incentivos Fiscais às Empresas Nacionais do Sector Petrolífero;
 Lei n.º 14/15 de 11 de agosto, que aprova a Lei do Investimento Privado;
 Lei n.º 30/11 de 13 de setembro, que aprova a Lei sobre as Micro,
Pequenas e Médias Empresas;
 Lei n.º 8/12 de 18 de janeiro, que aprova a Lei do Mecenato.
A Lei do Investimento Privado refere que constitui benefícios ou incentivos
fiscais, os seguintes:
 A isenção de impostos;
 Reduções de taxas de impostos;
 Deduções à matéria coletável;
 O crédito fiscal;
 As amortizações e reintegrações aceleradas;
 Contribuições e direitos de importação;
 O diferimento no tempo do pagamento de impostos;
 Outras medidas fiscais de carácter excecional que beneficiem o investidor
Contribuinte.

1.4.3. A transmissão dos benefícios fiscais

No respeitante à transmissão dos benefícios fiscais, estabelece o n.º 1 do


art. 9º do CBF dois princípios: de um lado, o princípio da intransmissibilidade do
direito aos benefícios fiscais inter vivos; de outro, o princípio da

11
transmissibilidade do mesmo direito mortis causa desde que no transmissário se
verifiquem os pressupostos do benefício e este não seja de natureza
estritamente pessoal, como será o caso, por exemplo, dos benefícios concedidos
a deficientes, a reformados, etc.

Todavia, aquele princípio da intransmissibilidade, que se justifica


plenamente, pois é uma decorrência do princípio da indisponibilidade da
obrigação fiscal, comporta excepções. Melhor comporta duas excepções,
constantes, respectivamente, do n.º 2 daquele artigo 9.º: a primeira de aplicação
automática e a segunda dependente de autorização.

Com efeito, prescreve o n.º 2: é transmissível inter vivos o direito aos


benefícios fiscais reais desde que se verifique no transmissário os pressupostos
do benefício (são exemplos disso mesmo as rendas, os juros, os lucros e
salários), então os benefícios fiscais reais aplicam-se aos contribuintes nestas
condições
1.4.4. A extinção dos benefícios fiscais

Finalmente, no concernente à extinção dos benefícios fiscais, dispõe art.


10.º do CBF. Começa este preceito por estabelecer, no seu n. º 2, um princípio,
que tem a ver com a própria natureza dos benefícios fiscais, segundo o qual a
extinção destes tem por consequência a reposição automática da tributação-
regra.

Os benefícios fiscais extinguem-se por caducidade, revogação ou pelas


formas definidas contratualmente.
A extinção dos benefícios fiscais tem por consequência a reposição
automática do regime geral de tributação.
Os benefícios fiscais caducam pelo decurso do prazo pelo qual foram
concedidos.
A extinção de um benefício fiscal por revogação não prejudica os direitos
adquiridos, salvo se houver inobservância imputável ao beneficiário das
obrigações impostas ou se for ilegalmente concedido.
No caso de benefícios fiscais não automáticos, o acto administrativo que os
reconheceu cessa os seus efeitos quando cumulativamente:
 O beneficiário tenha deixado de efectuar o pagamento de qualquer
imposto sobre o rendimento, a despesa, o consumo ou o património, não
abrangidos no acto de concessão ou referentes às contribuições relativas
ao sistema de Segurança Social, e se mantiver a situação de
incumprimento por um período superior a 1 ano; e
 A dívida tributária não tenha sido objecto de reclamação administrativa,
recurso hierárquico, impugnação judicial ou oposição, com efeito
suspensivo.

12
Conclusão
O presente trabalho teve por objetivo realizar um estudo sobre o direito
económico fiscal ou se quisermos sobre a extrafiscalidade da norma tributária
como instrumento propiciador das políticas públicas, devendo ser utilizada pelo
poder estatal no intuito de interferir nas relações privadas, a fim de promover
políticas sociais e ambientais em prol da promoção do bem-estar social.

Neste contexto, a extrafiscalidade da norma tributária passa a atuar


conjuntamente com o intervencionismo do Estado, na medida em que visa
regular comportamentos no sentido de controlar a economia, redistribuir
riquezas, prevenir desequilíbrios de mercado, preservar o meio ambiente,
contribuir para a competitividade das empresas diante dos novos desafios
globais, entre outros a fim de corrigir e manipular comportamentos em prol dos
benefícios coletivos.

13
Bibliografia
NABAIS, Casalta (2009). Direito Fiscal, Ed. Almedina (5ª edição) Coimbra editora

MACHADO, Jónatas et all. Direito Fiscal Angolano: segundo a reforma de 2014, 2ª


edição, Coimbra Editora 2009

DE ARAÚJO, Cláudia Machado. Extrafiscalidade: Revista de Informação Legislativa,


Brasília 1996
CHICUMB, José Pedro Neiuva. Os Benefícios Fiscais do Imposto Industrial à Economia
Angolana: Estudo de Caso dos Municípios do Lobito e da Catumbela, Instituto Superior
Politécnico Católico de Benguela, Angola, 2014.

GOUVÊA, Marcus de Freitas. A extrafiscalidade no direito tributário. Belo Horizonte:


Del Rey, 2006.

BONFIM, Diego. Extrafiscalidade: identificação, fundamentação, limitação e controle


Diego Bonfim. – 1. Ed – São Paulo: Noeses, 2015.

Legislações Consultadas

Lei n.º 8/22, de 14 de abril, que aprova o Código dos Benefícios Fiscais

Lei n.º 21/14 de 22 de Outubro, que aprova o Código Geral Tributário

Lei nº 17/03, de 25 de Julho, Lei Sobre os Incentivos Fiscais e Aduaneiros ao


Investimento Privado.

Lei nº 10/18, de 26 de Junho, Lei do Investimento Privado.

Fonte: Internet.

www.zemoleza.com.br/.../humanas/direito/origem-das-cooperativas. -
http//ptwikipedia.org/wiki/democracia. - http://www.imf.org/>.Sovereign wealth funds.
http://www.servat.unibe.ch/dfr/bv033303.hotml. -http://jus.com.br/946428-claudia -
mariatoledosilveira/publicacoes#ixzz2wfzDdXQK

14

Você também pode gostar