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Cumprimento das Obrigações Fiscais, Novembro de 2021.

Autor: Tavares Adelino Colher

Resumo

O cumprimento das obrigações fiscais é principal preocupação das empresas em qualquer sistema tributário de
determinado País. Os contribuintes formais e informais em Moçambique e no mundo em geral perspectivam a
obtenção de lucros no exercício da actividade económica, facto que levam muitos deles ao incumprimento das
obrigações fiscais. O cumprimento visa garantir ˶para o contribuinte, a justiça fiscal, evitando concorrência desleal,
dos maus pagadores, possibilitando, inclusive, que o Estado possa amenizar a carga tributaria˵. Este artigo, cujo tema
é “Cumprimento das Obrigações Fiscais”, objectiva esclarecer e despertar a sociedade quão importante e imperioso
cumprir-se as normas, por forma a responder as duas questões da fiscalidade: a de equidade fiscal e a redução da
carga fiscal. Estas são independentes mas intimamente associadas, pois, quanto maior for a base fiscal e quanto maior
for o rigor na cobrança, menor será a carga tributaria suportada por cada contribuinte. Infelizmente, na prática,
acontece exactamente o contrário, pois fugir aos impostos tornou-se numa cultura em muitos países em
desenvolvimento e mesmos em alguns países desenvolvidos. No caso de Moçambique, continua a ser utopia pensar
que os megaprojectos, em curso no país, nas áreas de carvão e gás natural, vão financiar o essencial do Orçamento de
Estado, como acontece em alguns países (Angola, Arabia Saudita e mesmo na Rússia, etc). A legislação predispõe que
estas multinacionais devem pagar os impostos devidos legalmente, mas isto de forma alguma deve-se isentar os
nacionais e outras empresas nacionais ou estrangeiras, de cumprirem as suas obrigações fiscais. Por isso este estudo
insta-se ao sistema tributário as ser capaz e a isentar se da corrupção para que as partes cumpram com as usas
obrigações. A pesquisa foi bibliográfica, consulta em documentos oficiais, bem como em página sites de internet. O
presente artigo teve como objectivo principal, descrever o cumprimento das obrigações fiscais em sistema tributário.
As considerações finais da pesquisa demonstraram que a administração tributária de cada Estado deve respeitar e
analisar com profundidades os múltiplos factores para alcançar a equidade e redução da carga fiscal, nos seguintes
factores: económicos; institucionais; sociais e individuais para alcançar a equidade fiscal e redução da carga fiscal,
evitando desta forma que o Estado caia em evasão e elisão fiscal.

Palavras-chave: Evasão fiscal; Elisão Fiscal; Planeamento Fiscal, Paraíso Fiscal.

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Summary

Compliance with tax obligations is the main concern of companies in any tax system in a given country. Formal and
informal taxpayers in Mozambique and in the world in general expect to obtain profits in the exercise of economic
activity, a fact that leads many of them to default on their obligations tax. Compliance aims to ensure 'for the
taxpayer, fiscal justice, avoiding unfair competition from bad debtors, even enabling the State to ease the tax burden'.
This article, whose theme is “Compliance with Tax Obligations”, aims to clarify and awaken in society the importance
and imperative of complying with the rules, in order to answer the two questions of taxation: tax equity and the
reduction of the tax burden. These are independent but closely associated, as the greater the tax base and the more
rigorous the collection, the lower the tax burden borne by each taxpayer. Unfortunately, in practice, exactly the
opposite is true, as evading taxes has become a culture in many developing countries and even in some developed
countries. In the case of Mozambique, it remains utopian to think that the megaprojects underway in the country, in
the areas of coal and natural gas, will finance the essential part of the State Budget, as happens in some countries
(Angola, Saudi Arabia and even in Russia , etc). The legislation stipulates that these multinationals must pay the taxes
legally owed, but this should in no way exempt nationals and other national or foreign companies from complying
with their tax obligations. Therefore, this study urges the tax system to be able and exempt from corruption so that
the parties comply with their obligations. The research was bibliographical, consultation in official documents, as well
as in website pages. The main objective of this article is to describe the fulfillment of tax obligations in the tax system.
The final considerations of the research demonstrated that the tax administration of each State must respect and
analyze in depth the multiple factors to achieve equity and reduction of the tax burden, in the following factors:
economic; institutional; social and individual to achieve fiscal equity and reduction of the tax burden, thus preventing
the State from falling into tax evasion and avoidance.

Keywords: Tax evasion; Tax Elimination; Tax Planning; Fiscal paradise.

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1. Introdução
O exercício de actividades económicas em qualquer Estado requer a observância de normas que guia o
sistema tributário por parte dos contribuintes e outros entes. A administração tributaria não pode ser vista
como uma entidade coerciva ao carrear os recursos financeiros advindos da tributação, a fim de que o
Estado exerça a sua finalidade, mas si, procurar persuadir aos sujeitos passivos a cumprir com as suas
obrigações fiscais que incide na cobrança, controlo e arrecadação de tributos.

De acordo com o Professor doutor da Universidade Eduardo Mondlane, Macuácua (2015, p.5), a
administração tributária busca o alcance de dois objectivos fundamentais:

a) Para o fisco, a eficácia da arrecadação, que se traduz na possibilidade de se cobrar os tributos


devido, na medida exacta da ocorrência de seus factos geradores; e

b) Para o contribuinte, a justiça fiscal, evitando a concorrência desleal dos maus pagadores,
possibilitando, inclusive, a que o Estado possa amenizar a carga tributaria.

O presente ensaio de artigo científico irá debruçar-se em torno do “Cumprimento das Obrigações Fiscais”
campo da Fiscalidade, sob prisma do seu regime jurídico, forma de contribuição na economia para
satisfação do interesse público.

O tema em referência constituirá de alicerce para os contribuintes, Estado e Sector Empresarial do Estado
(SEE), o Governo, Académicos e bem como para Sociedade no cômputo geral compreender a relevância do
das obrigações fiscais.

O artigo irá analisar o seguinte:

 Enunciar, compreender e tipificar as obrigações gerais do contribuinte;


 Explicar como factores económicos, institucionais, individuais e sociais determinam o nível de
cumprimento das obrigações fiscais;
 Conceptualizar e destrinçar evasão fiscal e elisão fiscal, enunciando as razões para o seu
recurso ou prática;
 Apresentar conceito de planeamento fiscal e reconhecer alguns mecanismos de sua
implementação e da definição de Preços de Transferências pelas empresas multinacionais; e
 Identificar algumas medidas legislativas e de gestão que podem ser accionadas para elevação
do nível de cumprimento das obrigações fiscais.

O artigo, apresenta a seguinte estrutura: (i) introdução que contextualiza o tema, (ii) Marco teórico de
alguns conceitos chaves e (iii) por fim considerações finais de índole científico para melhoria das
obrigações fiscais.

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2. Marco teórico

2.1 Conceito
2.1.1 Princípios da Tributação

Os princípios da tributação são os conceitos ou pressupostos básicos que visam conduzir e orientar a
concepção e implementação de sistemas tributários, Macuácua (2015). Em resumo, os princípios da
tributação são regras básicas que ocupam uma posição de destaque no ordenamento jurídico tributário,
isto é, indicam a direcção que deve ser seguida pelo legislador e pelas pessoas envolvidas na
implementação das leis e normas fiscais.

O mesmo autor descreve que os princípios da tributação que constituem a cadeia de raciocínio nos três
estágios de formulação e implementação de um sistema tributário, são:

a) Formulação de políticas dos objectivos gerais do sistema tributárias;


b) Desenho e legislação sobre a estrutura tributaria; e
c) Interpretação e aplicação das leis e normas tributárias

2.1.2 Princípios Gerais da Tributação

Citando Professor, Macuácua (2015, p.34), os princípios gerais de tributação são encarados numa
perspectiva domésticas, e subdivide-se em:

1. Princípio de neutralidade fiscal;


2. Princípio de equidade fiscal;
3. Princípio da capacidade contributiva;
4. Princípio da progressividade;
5. Princípio de residência;
6. Princípio da fonte;
7. Princípio de tributação no país de destino;
8. Princípio de tributação no país de origem

E no âmbito da soberania fiscal, cada Estado elege, dentre os princípios gerais da fiscalidade, aqueles que
julga mais adequados e pertinentes, tendo em conta a sua situação política-económica, social e cultural, e
tendo como pano de fundo o papel que o sistema fiscal deve desempenhar na construção do Estado.

Os princípios sobre os quais assenta o sistema tributário moçambicano para fazer face ao cumprimento das
obrigações fiscais estão consagrados na Lei nr. 15/2002, de 26 de Junho, ou seja, de acordo com o nr 2 do
artigo 2 da lei retrocitada, em Moçambique, ˵a tributação respeita os seguintes princípios:

1. Princípio de generalidade;
2. Princípio de igualdade;
3. Princípio da legalidade;
4. Princípio da não retroactividade;
5. Princípio da justiça material; e

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6. Princípio da eficiência e simplicidade do sistema tributário.

2.2 Cumprimento das Obrigações Fiscais


De acordo com Paulsen (2020, p.307), as diversas relações jurídicas com natureza contributiva, colaborativa
ou punitiva, fizeram com que surgisse o termo ˶Cumprimento das Obrigações Fiscais˵ no sistema
tributário de cada país, aliado ao cumprimento escrupuloso dos princípios gerais e específicos de
tributação.

A tributação têm como foco a arrecadação de tributos, mas, para viabiliza-la, muitas relações jurídicas de
natureza distintas são estabelecidas, envolvendo tanto contribuintes como não contribuintes (idem). Os
contribuintes assim se caracterizam por serem obrigados ao pagamento de tributos em nome próprio, mas
também estão sujeitos ao cumprimento de deveres formais, como prestar declarações, emitir documentos,
manter escrituração fiscal, etc.

Por vezes, pessoas que não são obrigados ao pagamento de determinado tributo também são chamados a
colaborar com Administração Tributária, tomando medidas que facilitem a fiscalização, minimizem a
sonegação ou assegurem o pagamento. É desta forma que essas pessoas são obrigadas a apresentar
declarações, a exigir a prova do recolhimento de tributos para a prática de determinado acto, a efectuar a
retenção, etc.

Tanto os contribuintes como as demais pessoas estão sujeitos, ainda, à punição no caso do incumprimento
das suas obrigações fiscais, desde que a lei disponha. Pagar tributo enquanto contribuinte, é obrigação com
natureza contributiva.

São as Obrigações Fiscais ou Tributarias que estão relacionadas ao pagamento de imposto/taxas. Ao


cumpri-las, a empresa se mantém em regularidade junto ao fisco, além disso, o cumprimento dessas
obrigações serve também de base para os compromissos contabilísticos a que esteja sujeita no mercado
financeiro.

As obrigações fiscais que a lei põe a cargo de cada um dos sujeitos da relação tributária e o seu
cumprimento ou incumprimento, constituem assunto que diz respeito unicamente ao credor ou ao
devedor de tal relação tributária, não afectando, salvo demonstração em contrário, nem a validade
intrínseca ou extrínseca do seu objecto nem a eficácia do negócio jurídico-civil celebrado e, muito menos,
servindo de causa de exclusão da ilicitude para o incumprimento de uma das partes, (Rodrigues & Bento &
Trindade, 2013).

Paulsen (2020), classifica as Obrigações Fiscais, em dois grandes grupos, nomeadamente:

1. Obrigações principais; e

2. Obrigações acessórias.

As primeiras, incidem em pagar sob reserva legal absoluta, ou seja, dependendo da lei a que defina seus
diversos aspectos. Assim, é que tanto a instituição de tributo, como o estabelecimento da obrigação de
terceiro de pagar tributo devido por outrem na condição de substituto ou responsável e, ainda, a

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cominação de penalidades dependerão de tratamento legal exaustivo, não admitindo delegação ao
executivo.

As acessórias têm como conteúdo por exemplo, a emissão de documentos fiscais, a elaboração e
escrituração fiscal e a apresentação de declarações ao fisco ou a fixação de selos especiais de produtos.
Este princípio no âmbito das obrigações tributárias tem como escopo facilitar a fiscalização e permitir a
cobrança do tributo, sem que represente a própria prestação pecuniária devida do ente publico, (idem).

2.2.1 Obrigações Fiscais da Empresa

As principais datas que os empresários devem reter para o cumprimento das suas obrigações fiscais
mensais são várias. A principal obrigação fiscal das empresas é realizar a escrituração das transacções
comerciais. É esse processo que permite a manter cada etapa dos processos da empresa em ordem, sem
gargalos, erros, informações imprecisas, etc, (https://www.bicalho.com/obrigacoes-fiscais-e-tributarias/).

A actividade do departamento fiscal tem carácter operacional e impacta directamente no cumprimento das
obrigações exigidas pelo fisco. A escrituração engloba a conferência, análise, lançamento, emissão de
documentos fiscais, bem como a apuração dos tributos cabíveis ao enquadramento tributário da empresa.

Algumas das principais actividades para o cumprimento de obrigações tributárias são:

 apuração e mensuração do lucro tributável;


 preenchimento e pagamento de guias de pagamento de impostos;
 monitoramento e cumprimento de prazos para pagamento de impostos, etc

2.3 A problemática da Evasão e Elisão Fiscal


Por Evasão Fiscal, entende-se as práticas ilegais para escapar ao cumprimento das obrigações fiscais, ou
seja, o contribuinte dissimula o rendimento tributável, a matéria colectável e outras actividades tributarias,
Macuácua (2015, p.76).

Importa frisar a Evasão Fiscal pode ocorrer como uma circunstância isolada de um conjunto de actividade
que são legais ou pode ocorrer na economia informal, quando toda a actividade tem lugar de uma forma
informal, isto é, a empresa não só está a praticar a evasão fiscal, como também não está registada como
entidade legal (idem).

A evasão fiscal, caracteriza-se pelas seguintes práticas: sonegação, fraude e simulação. Essas características
devem ser combatidas e reprimidas pelo ordenamento jurídico tributário, pelas autoridades
administrativas e judiciárias por via de investigação, actuação e abertura de processos, quando necessário
para apuramento e punção daqueles que utilizam meios ilícitos para lesar a Fazenda Pública.

Entende-se por Elisão Fiscal, uma forma lícita de o contribuinte reduzir a carga fiscal, aproveitando-se das
lacunas e imperfeições da lei tributaria, isto é, explorando a seu favor as malhas e fissuras que a lei
tributária possa conter, Macuácua (2015, p.77).

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O autor acresce que a Elisão Fiscal, ocorre num contexto legal do sistema fiscal em que uma pessoa singular
ou colectiva toma partido da legislação fiscal para explorar eventuais brechas, engajando se em actividades
que são legais, mas contrárias à lei.

2.3.1 Razões para existência da Evasão e Elisão Fiscal

Professor Macuácua (2015), cita que as razões podem ser agrupadas em duas categorias, nomeadamente:

i. factores que afectam negativamente o cumprimento das obrigações fiscais; e


ii. factores que afectam a fraca capacidade da administração fiscal e dos tribunais fiscais de impor o
cumprimento das leis fiscais.

Exemplo de Elisão Fiscal: Planeamento Fiscal estratégico, onde há uma engenharia financeira para
minimizar as obrigações fiscais, usando deduções e créditos fiscais.

A elisão fiscal apresenta as seguintes características: Elisão induzida pela lei e resultante das lacunas da lei.

2.3.1.1 Factores do baixo cumprimento voluntário

 Baixa moralidade fiscal,


 Baixa qualidade dos bens e serviços públicos;
 Ma percepção de justeza do sistema fiscal;
 Baixa transparência e prestação de contas das instituições públicas;
 Elevados níveis de corrupção;
 Fraqueza do Estado de direito e fraca jurisdição fiscal;
 Elevados custos de cumprimento das obrigações fiscais.

2.3.2 Fraca Capacidade de Imposição das Leis Fiscais

 Insuficiência na cobrança de impostos (que inclui dificuldades de gestão de cadastro das pessoas
singulares e colectivas, onde muitas vezes são obrigadas a pagar impostos, sistemas de gestão do
pessoal inadequados e fraco uso de tecnologias de informação e comunicação na gestão tributária);

 Fraca capacidade de detectar e processar as práticas fiscais inapropriadas (deve possuir um órgão
de investigação tributária funcional, com intuito de detectar e processar os casos de fraude fiscal,
ou seja, a falta desta capacidade reduz a probabilidade de detecção, influenciando e motivando a
decisão do contribuinte de se escapar ao cumprimento das suas obrigações.

2.4 Planeamento Fiscal


Segundo Franco (2010), o planeamento fiscal trata-se de um acto de poupança fiscal e de gestão fiscal em
que o contribuinte procura aproveitar o conhecimento das leis para concretizar as soluções que lhes são
favoráveis.

Outrossim, no mercado onde as competições ocorrem à escala mundial, as empresas tem-se servido de
diversos mecanismos para reduzir a carga tributaria, dentre eles:

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a) A criação de paraísos fiscais, isto é, países com tributação favorecida;
b) A adopção de preços de transferência;
c) A exploração de tratados internacionais; e
d) Subcapitalização.

2.5 Paraíso Fiscal


São Estados nacionais ou regiões autónomas onde a lei facilita a aplicação de capitais estrangeiros, com
taxas de tributação baixas ou nulas, (Macuácua, 2015, pp 81- 82).

Os paraísos fiscais, caracterizam-se pela facilidade para aplicação de capitais de origem desconhecidas,
protegendo a identidade dos proprietários, através do sigilo bancário. Também são chamados de territórios
marcados por grandes facilidades na atribuição de licenças para a abertura de empresas, além dos
impostos serem baixos ou inexistentes.

Alguns países, particularmente, os que tem poucos recursos naturais, oferecem incentivos permanentes, os
chamados paraísos fiscais, como ocorre:

 nas Bahamas, Bermuda e Ilhas Cayman, onde não se aplicam impostos sobre o lucro;

 em Barbados, as taxas de tributação de rendimentos são bastante baixas; e

 em Hong Kong e Panamá, apenas se taxa o rendimento gerado internamente. Os rendimentos


gerados no exterior estão isentos de tributação.

Os paraísos fiscais apresentam aspectos característicos:

i. Positivos; e
ii. Negativos.

2.5.1 Constituem aspectos negativos, os seguintes:

a) garantia de sigilo

Os paraísos fiscais, geralmente, oferecem garantia de segredo da pessoa do depositante em instituições


financeiras, bem como a possibilidade de criação de empresas emissoras de títulos ao portador, servindo
para encobrir o património ou transacções financeiras.

Independentemente da finalidade do sigilo, a sua garantia da finalidade do sigilo, a sua garantia absoluta
pode gerar inúmeras dificuldades do sigilo ao rastreamento de recursos oriundos de fontes ilícitas.

b) relação com as práticas de evasão fiscal

Os paraísos fiscais tende a funcionar como um oásis negocia para ilícito. A tendência dos países em obter as
garantias da jurisdição favorece a lavagem de dinheiro derivado das formas mais obscuras, tais como: a
prostituição, o tráfico de droga e tráfico de armas, entre outros.

c) guerra fiscal internacional entre jurisdições

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A guerra de fornecer condições mas favoráveis para o aporte de capitais, alguns países concedem
benefícios fiscais de uma forma indistinta, gerando paraísos fiscais, em elevado volume.

2.5.2 Constituem aspectos positivos, os seguintes:

a) facilitação das transacções internacionais

Existência de instituições financeiras de grande dimensão, e a redução da burocracia para conclusão de


negócios internacionais, tornam estas jurisdições deveras interessantes.

b) redução de custos

Busca por vias menos onerosas por parte do empresário e é inerente apropria essência do negócio. O baixo
custo é um dos factores determinante para obtenção de maior lucro, o que figura constantemente na
mente de quem exerce uma actividade económica.

c) reforma dos sistemas fiscais

Constituem uma provocação aos sistemas tributários pautados por uma elevada carga fiscal tributaria, ou
seja, forçam uma reanálise dos modelos fiscais que estão no limiar do confisco, porque mobilizam recursos,
através da oferta de condições atractivas aos investidores internacionais. O foco de arrecadação deixa de
ser o património ou o rendimento do contribuinte, onde o Estado procurar atrair investimentos que
possam gerar crescimento económico e melhores condições de vida para os habitantes de localidades
subdesenvolvidas.

Os paraísos fiscais fomentam a competição fiscal entre as nações, pois, há vários debates que corre pelo
mundo de negócios e políticas internacionais para se apurar quão é prejudicial para ambas nações. Alguns
autores colocam um ponto de partida de que não haveria competição fiscal internacional se os governos
fossem mais eficientes. Mas, por outro lado, a competição fiscal internacional é prejudicial quando os
governos abrem mão às receitas necessárias para provisão de bens e serviços públicos que beneficiam
directa ou indirectamente as próprias empresas multinacionais.

De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE, 2010), tem-se,
particularmente, preocupado com os paraísos fiscais que permitem às empresas multinacionais evitarem
ou evadirem-se de impostos de outros países. Por exemplo, as empresas subsidiarias, denominadas ˵brass
plate˶, não tem actividade real nem empregam mão-de-obra dos países hospedeiros, apenas e meramente
geram transacções financeiras através dos paraísos fiscais, para evitarem o pagamento de impostos fiscais
que não querem partilhar informações com as autoridades fiscais de outros países.

2.6 Preço de Transferência


Na ciência de fiscalidade, as transacções realizadas entre pessoas associadas podem ter como escopo
obscuro a transferência de lucros, para que estes sejam apurados e evidenciados em esferas jurídicas em
que se tributa o rendimento de uma forma menos onerosa.

Assim, segundo Macuácua (2015, p.84), as transferências podem ocorrer por meio de subfacturação ou
sobrefacturação nas transacções de bens, serviços e direitos de propriedade, causando prejuízos fiscais aos

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países onde o rendimento foi gerado, que por via de manobra das empresas multinacionais deixam de
arrecadar uma fatia de rendimento gerado no seu território fiscal. Por exemplo em Moçambique que tem
ocorrido com as diversas empresas multinacionais instaladas pelo país, a título de exemplo a MOZAL; a
Vale-Moçambique; a TOTAL, etc.

Alguns autores do Direito Fiscal/Tributário afirmam quem pratica preços de transferências artificiais
prejudica os países onde rendimento foi gerado, já que não tributam parte do rendimento gerado e
também prejudica as outras empresas concorrentes, que actuam no mesmo mercado, porque quem paga
menos impostos pode vender os seus produtos a um preço mais baixo das aquelas empresas que
cumpriram todas as suas obrigações fiscais.

É necessário frisar que as disposições sobre os preços de transferências nos códigos fiscais visam impedir o
deslocamento de lucro gerado por uma empresa num determinado país, para uma outra empresa
relacionada e domiciliada num território fiscal que tributa os lucros de uma forma menos onerosas.

2.6.1 Factores da definição de Preços de Transferências pelas empresas multinacionais

Recorrendo a Obra do conceituado professor Macuácua (2015), cujo título - ˵Administração Tributaria˵, diz
que as empresas multinacionais definem o preço com base em dois factores:

i. Interna; e
ii. Externo.

Está-se perante factores internos, quando as empresas multinacionais definem algumas afiliadas (sucursais
ou subsidiarias), como centro de lucros, em que os gestores são remunerados, tendo em conta a
capacidade de geração de lucros, sendo que os preços de transferência são estabelecidos como forma de
motivar os gestores e de monitorar o desempenho das sucursais ou subsidiarias.

Está-se perante factores externos, quando as empresas multinacionais têm de pagar impostos sobre os
lucros empresariais das suas obrigações no país e no estrangeiro, o que requer o estabelecimento de
preços de transferência. As autoridades aduaneiras também exigem preços de transferências para
tributação das importações intra-firmas de peças, componentes e produtos acabados, tanto para efeitos de
direitos aduaneiros como para o propósito das regras de origem.

Outrossim, algumas empresas multinacionais que actuam em economia de países cujos governos estão
imbuídos de corrupção ou principalmente os países em subdesenvolvimento, as multinacionais manipulam
os preços de transferências através da sobrefacturação ou subfacturação das transacções entre as partes
relacionadas, com vista a evitar os regulamentos governamentais (por exemplo, prática da subfacturação
para pagar menos direitos aduaneiros) ou para explorar as diferenças de taxas transfronteiriças (por
exemplo, a elevada taxa de tributação, com vista a reduzir o pagamento total do imposto).

Importa referir que os preços de transferências não são em si um problema, mas si, o problema está na
possibilidade da sua manipulação, dai que os governos são instados a emanarem leis específicas e difundi-
la para prevenir a dita manipulação dos preços de transferências.

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2.7 Dupla Tributação Internacional
Este termo é utilizado para designar as situações em que há um concurso de normas, prevendo-se a
incidência de tributos relativos ao mesmo facto, dando origem à constituição de mais do que uma
obrigação fiscal.

Segundo o Comité Fiscal da OCDE (2006), citado por Macuácua (2015), a Dupla Tributação Internacional ˶é
o resultado da percepção de impostos similares em dois ou mais Estados, sobre um mesmo contribuinte,
pela mesma matéria colectável e por idêntico período de tempo˵.

2.7.1 Características da Dupla Tributação

a) Semelhança dos impostos incidentes;


b) Cobrança por dois ou mais Estados;
c) Idêntico facto gerador;
d) Idêntico contribuinte;
e) Mesmo período de aplicação do imposto.

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3. Conclusões finais
A presente pesquisa analisou o cumprimento das obrigações fiscais, isto é, na perspectiva dos cidadãos, das
empresas e outras entidades equiparadas, que também incluem:

i. A obrigação de registo fiscal;


ii. A obrigação de submeter as declarações fiscais a tempo, isto é, as data estipuladas na lei;
iii. A obrigação de reportar correctamente os impostos a pagar;
iv. A obrigação de pagar os impostos pontualmente na data estipulada na lei.

O artigo, descreveu para além destas obrigações gerais, a legislação fiscal de certos países comporta
igualmente algumas obrigações específicas, tais como a obrigação: de reportar os investimentos realizados,
a obrigação de usar determinados livros de escrituração e de mante-los durante um certo período de
tempo, etc., que são designados de obrigações acessórias.

O cumprimento das obrigações fiscais é determinado por múltiplos factores, nomeadamente: factores
económicos de soberania fiscal de cada Estado; factores institucionais; factores sociais e individuais, que se
descreve abaixo:

 Factores económicos - referem-se às acções que estão associadas aos seus custos e aos benefícios,
ou seja, os contribuintes ou sujeitos passivos são considerados entes economicamente racionais
que avaliam o custo e o benefício de cumprirem as obrigações fiscais;

 Factores institucionais - as que determinam o cumprimento das obrigações fiscais, incluem a


eficiência do papel do Governo ou da administração tributária, a simplicidade das declarações
fiscais e da probabilidade de detecção de fraude ou irregularidades;

 Factores sociais - dizem respeito à predisposição de cumprir as leis fiscais em resposta ao


comportamento dos outros e ao ambiente circundante (governo, amigos, familiares, associações,
etc. As determinantes sociais englobam: as norma, a percepção da equidade ou justiça e as
mudanças de politicas governamentais;

 Factores individuais - dizem respeito ao julgamento pessoal do contribuinte. As outras pessoas


afectam o cumprimento, mas a decisão final é feita pelo contribuinte individualmente. Importa
sublinhar que a percepção e atitude pessoais, em relação à probabilidade de penalização e multas,
têm um forte impacto no cumprimento das obrigações fiscais.

Por fim, o autor, deixa as seguintes sugestões académicas:

 Os governos (administração tributaria) devem evitar evasão fiscal, elisão fiscal para que um
conjunto de práticas ilegais para escapar ao cumprimento de obrigações fiscais, não possa ocorrer
nos Estados soberanos fiscais;

 A administração deve estudar, analisar e divulgar as normas do sistema tributário devendo para
efeito respeitar os factores económicos da soberania fiscal citados neste artigo;

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 Educar culturalmente a sociedade para extinguir/reduzir na totalidade a praticas Sobredeclaração
deliberada dos factores de redução do imposto, tais como as deduções, as isenções e os créditos
fiscais.

E por fim a pesquisa trouxe para percepção do leitor o termo planeamento fiscal que é qualquer
mecanismo ou actuação que visa a obtenção de uma vantagem fiscal por um sujeito passivo de imposto. O
planeamento fiscal não é, em si mesmo, um acto ilícito, mas si, trata-se de um acto de poupança fiscal e de
gestão fiscal em que o contribuinte procura aproveitar o conhecimento das leis para concretizar as soluções
que lhe são mais confortáveis.

Igualmente, deve-se combater a escala global no mercado económico-financeiro onde a competição ocorre
para não se registar à escala global:

i. a criação de paraísos fiscais (os países com tributação favorecida);


ii. a adopção de preços de transferência;
iii. a exploração de tratados internacionais (dupla tributação); e
iv. a subcapitalização de empresas; etc.

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Referências Bibliográficas
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