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As CDT são acordos bilaterais, ou multilaterais, intencionalmente celebrados entre dois Estados[1], por meio dos quais
estes regulam entre si a forma de tributar situações que, por força dos elementos de conexão utilizados, se abrangem
no âmbito de aplicação tributária de ambos os Estados[2], de modo a eliminar a dupla tributação internacional.
Estes acordos de bitributação são geralmente elaborados com base em modelos, que apresentam estruturas
semelhantes, nomeadamente com recurso à Convenção Modelo da OCDE, que tivemos por base no decorrer do
estudo..
Neste sentido, a OCDE menciona, na introdução aos Comentários à Convenção Modelo, que os efeitos nocivos da
dupla tributação jurídica sobre as trocas de bens e serviços e sobre os movimentos de capital, tecnologia e pessoas são
de tal forma conhecidos que é desnecessário apontar a importância da remoção dos obstáculos que a dupla tributação
representa ao desenvolvimento das relações económicas entre os Estados.
Na disciplina dos acordos celebrados para evitar a dupla tributação internacional sobre os rendimentos, de modo geral,
encontram-se previstos os dois métodos de eliminação suprarreferidos, assim como um outro método eliminação da
dupla tributação desvinculado do imposto pago que se pode revestir em duas modalidades: o método do crédito
presumido (matching credit) e o método do crédito fictício (tax sparing).
AS CLÁUSULAS DE TAX SPARING E
MATCHING CREDIT
. Estas modalidades surgem com o propósito de conceber um sistema de compensação, de modo assegurar a repercussão de
benefícios fiscais, através de diferentes métodos, de modo a captar investimento estrangeiro.
. O crédito fictício, ou taxa sparing, ocorre quando o Estado de residência atribui um crédito ao contribuinte no valor do imposto
que deveria ser pago no Estado da fonte mas que este, por sua vez, a fim de incentivar o investimento estrangeiro, deixou de
cobrar.
. Vejamos que, se o estado de residência tributar a renda com base na universalidade, o incentivo fiscal cedido pelo país da fonte não
traria resultados.
. Tal sucede na CDT de Portugal com a Noruega, onde as isenções ou reduções fiscais concedidas por Portugal não são tidas em
conta para a estipulação do respetivo crédito de imposto a esses rendimentos ou capitais isentos a uma tributação mais favorável.
. Porém se, ainda que hipoteticamente, configurarmos uma situação onde o Estado de residência cede um benefício fiscal
previamente, facilmente entendemos que esta cláusula é débil de ser utilizada de forma a camuflar subsídios indiretos,
nomeadamente quando um país da fonte concede isenções ou reduções significativas de imposto a empresas estrangeiras que
investem em determinados setores económicos, levando a que o contribuinte usufrua no país de rendimento de isenções e reduções
significativas do país do fonte, no país de residência.
. Um exemplo concreto desta problemática é o caso “LuxLeaks”, onde o Luxemburgo (país membro da UE), foi acusado de oferecer
acordos fiscais secretos a empresas multinacionais, concedendo-lhes benefícios fiscais significativos por meios destas clausulas.
Esses acordos permitiam que as empresas pagassem uma taxa de imposto substancialmente mais baixa em comparação com as
taxas aplicadas a outras empresas no país.
AS CLÁUSULAS DE TAX SPARING E
MATCHING CREDIT
Se, num primeiro momento, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomendou a
utilização das cláusulas de tax sparing nos acordos, num segundo momento, reviu a sua posição inicial, passando a ver com
ressalvas a prática do tax sparing, criticando o seu (ab)uso e recomendando o seu uso especialmente para acordos entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento como forma de atrair investimentos para os países menos desenvolvidos. Por contraposto, a
doutrina vem a entender que esta cláusulas beneficia ambos os Estados, ao ampliar o tamanho das transações financeiras.
Os auxílios fiscais caracterizam-se como um instrumento de aplicabilidade minuciosa, na medida em que pressupõem a
existência de uma vantagem fiscal imputável ao Estado, e às empresas desse Estado, através de fundos públicos , tornando-se
essencial garantir que os mesmos não afetam o interesse comum, assim como garantir que as cláusulas objeto de estudo não se
traduzem nestas deliberações negativas.
O próprio modelo da OCDE não está isento de críticas, sendo que vem a ser discutido no âmbito da UE um Modelo Fiscal de
Convenções de Tributação de Rendimentos comum a todos os EM (Resolução do Parlamento Europeu, de 10 de março de 2022,
sobre «Um quadro europeu em matéria de retenção na fonte» ).
CONCLUSÕES