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Florianópolis, Santa Catarina, 05 de julho de 2023.

Senhores (as) Presidentes

Associações Empresariais de Santa Catarina

Assunto: Texto Substitutivo Preliminar da PEC nº 45/2019 - Reforma Tributária

Estamos em um momento muito importante e aguardado. Discutida nos últimos 30 anos,


a Reforma Tributária tem um novo e importante capítulo a ser escrito nos próximos dias. A
vontade política impressa neste momento sinaliza um movimento importante para a sua votação.
Apresentado em (22/06) pelo relator da Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o texto
substitutivo da Reforma Tributária propõe a substituição de cinco tributos por um IVA –
Imposto de Valor Agregado Dual e um imposto seletivo, extinguindo o IPI, PIS, Confins,
ICMS e ISS. Sendo assim, seria criado um IVA federal, chamado de Contribuição sobre
Bens e Serviços (CBS), com a junção do PIS e da Confins, e a criação de um IVA
subnacional, chamado de Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), reunindo o ISS e o ICMS.
O IPI seria substituído pelo chamado Imposto Seletivo, cuja criação visa “taxar” com carga mais
elevadas os bens e serviços que causam prejuízo à saúde e à degradação do meio ambiente.
Um ponto de atenção para a classe empresarial diz respeito ao setor de serviços e
comércio. As empresas do lucro presumido, que estão na sistemática (na sua maioria) no
sistema cumulativo de PIS e Cofins serão os mais impactados, podendo resultar em aumento de
impostos em diversos setores do comércio e serviços. Se estima que a alíquota do IVA poderá
chegar aos 25%, afetando especialmente empresas do setor de serviço e comércio, que estão
atualmente no Regime Tributário do Lucro Presumido. Além disso, o texto não estabelece
expressamente uma limitação da carga tributária e ainda, de uma disposição quanto as alíquotas
reduzidas (ou zeradas) para os produtos da cesta básica, que poderá acarretar um aumento de
tributos para um setor essencial para a população.

É notório e unânime a necessidade de uma “reformulação” do sistema tributário nacional


para dar maior transparência, segurança jurídica, tornar o sistema mais simples, justo e eficiente.
Da mesma forma, todos os empresários estão “cansados” da alta carga tributária do Brasil, que
desestimula a geração de emprego e a fuga de investidores do país.

Versão 1. 05.07.2023
A FACISC acompanha com atenção as discussões e encaminhamentos, e desta forma,
queremos apresentar ao nosso Sistema, alguns pontos, que ao nosso ver, merecem a atenção
e posicionamento da nossa instituição. Na visão da federação, entre outros, três pontos do texto
substitutivo da Reforma Tributária têm maior relevância para o estado de Santa Catarina e para
as empresas aqui instaladas:

1. Simples Nacional:
A reforma pode afetar as empresas do Simples Nacional, caso não seja efetivamente
permitido e sem limite o aproveitamento dos créditos tributários incidentes nas
operações.
Consideramos ainda, que a correção da tabela do Simples é fator primordial para
mitigar possíveis impactos.
2. Tributação no destino:
A arrecadação no destino é um fator positivo e importante, eliminando a incidência
dos tributos em cascata (tributo sobre tributos). O texto prevê uma não-
cumulatividade plena, mas que será efetivamente definida com a edição de Lei
Complementar. As definições de muitas situações previstas na proposta, através da
edição de Lei Complementar, traz uma insegurança jurídica e uma falta de
previsibilidade de como será a tributação na prática.
3. Incentivos Fiscais:
O texto propõe a extinção dos incentivos fiscais concedidos pelos estados até 2032,
como forma de acabar com a chamada “guerra fiscal”. Em contrapartida, o texto
estabelece a criação de um fundo de compensação de benefícios fiscais a ser
distribuído aos Estados, no período de 2029 a 2032, como forma de compensar as
perdas dos mesmos. Além disso, o texto estabelece a criação de um Fundo Nacional
de Desenvolvimento Regional (FDR), cujo objetivo é reduzir as desigualdades
regionais e sociais, mediante a entrega de recursos aos estados e municípios.
Ocorre que o texto, não deixa claro como se dará a distribuição destes recursos a
serem repassados pela União aos estados e municípios, nem como será sua
composição de representatividade, podendo fragilizar estados produtores a exemplo
dos estados do Sul, deixando novamente para edição de futura lei complementar para
regulamentar os critérios e requisitos.

Versão 1. 05.07.2023
Mesmo com a previsão de transição e da promessa de que os estados e municípios não
serão prejudicados com a tributação de bens e serviços no destino, o texto não deixa claro como
se dará a distribuição das repartições tributárias, ficando a cargo da Lei Complementar
estabelecer os parâmetros.
Em outras palavras, a reforma tributária, como está no texto substitutivo, impacta na
autonomia tributária de estados e municípios de tratarem dos tributos que eram de sua
competência (ICMS e ISS), mesmo com a previsão de criação de um Conselho Federativo com
representantes dos estados e municípios para fazer a gestão compartilhada.
Por fim, há uma preocupação da FACISC quanto ao prazo para discussão do texto
substitutivo da Reforma Tributária, diante do desejo do relator em colocar o texto para votação
no início de julho na Câmara dos Deputados. Seguem sendo pontos de atenção as discussões
quanto a autonomia dos Estados, segmentos que serão beneficiados, alíquotas a serem
aplicadas, e as decisões importantes que serão deixadas para a Lei Complementar.
Corroboramos ainda, com as pontuações tecidas pelo governo do Estado de Santa
Catarina no que tange a definição dos valores e forma de repartição do Fundo de Benefícios
Fiscais e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, centralização da arrecadação e do
conselho deliberativo que vai gerir os recursos, garantindo uma governança equilibrada entre as
regiões e a ocupação da base de arrecadação com a aprovação de lei que aprove a base de
arrecadação igual para dos dois impostos (CBS e IBS).
Desta forma, o presente ofício objetiva informar aos nossos filiados sobre os principais
pontos da Reforma e o compromisso da federação no diálogo com o governo estadual, nossos
parlamentares e todos os atores que possam contribuir para que a Reforma Tributária alcance o
propósito de simplificar e garantir a competividade das nossas empresas, em especial as
catarinenses.

Cordialmente,

SÉRGIO RODRIGUES ALVES


Presidente

Versão 1. 05.07.2023

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