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DEBATE SOBRE A REFORMA TRIBUTÁRIA

COMENTÁRIOS SOBRE OS PONTOS ESPECÍFICOS

Allan Pablo Lameira

1. Simplificação da carga tributária?


Primeiro, deve-se entender o que significa Carga Tributária. Esta, é uma relação
entre a soma da arrecadação federal, estadual e municipal e o Produto Interno
Bruto (PIB). Nesse cálculo, busca-se analisar o fluxo de recursos financeiros
direcionados da sociedade para o Estado.
A Reforma tributária é a proposta de reformulação no sistema tributário
brasileiro buscando simplificar a arrecadação de taxas, impostos e contribuições,
substituindo cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) pelo Imposto sobre Bens e
Serviços (IBS).
Sabemos que a tributação sobre o consumo é regressiva, ou seja, quanto mais
pobre o cidadão, maior a carga tributária para ele. Os cinco tributos que serão
unificados representam cerca de 27% da renda dos 10 % mais pobres. Com isso, a
unificação tributária pode aliviar um pouco e reduzir a carga tributária para a
população mais pobre, pois as alíquotas iguais para os produtos e serviços reduzem
em parte as desigualdades do sistema tributário nacional.

2. Fim de privilégios?
Ex: O Simples Nacional da advocacia (Lei n° 13.247/2016) possibilita o
recolhimento de alíquotas reunidas (bem mais baixas) compreendendo ISS,
IRPF e Contribuição Previdenciária.
O resultado esperado pela Reforma Tributária é acabar com a cumulatividade
do sistema de impostos e contribuições, fazendo com que reduza o efeito em
cascata atual, além de simplificar e uniformizar as alíquotas, eliminar isenções e
privilégios. Apenas em 2019 a União deixou de arrecadar R$ 330,6 bilhões por
conta dos incentivos fiscais.
O universo de benefícios fiscais é variado e envolve diferentes grupos de
pessoas físicas e jurídicas. O que parece cada vez mais comprovado é a baixa
eficiência dos incentivos fiscais e regimes tributários especiais para gerar impactos
econômicos positivos a não ser naqueles grupos diretamente beneficiados.
Por exemplo, produzir refrigerantes e cervejas na Zona Franca de Manaus evita
os impostos que um mesmo fabricante tem que pagar em Belém do Pará. Ser um
profissional liberal disfarçado de PJ faz o sujeito pagar 50% a menos de impostos
em média do que um mesmo profissional contratado por uma empresa no sistema
da CLT.
Portanto, enquanto uma boa reforma tributária não é feita no País,
continuamos com uma das mais altas cargas tributárias do mundo em relação à
renda per capita. Ainda mais grave que isso, continuamos com uma enorme
desigualdade na distribuição dessa carga, com muitos benefícios concedidos
exclusivamente para aqueles que têm mais capacidade de pressão sobre o Estado
brasileiro.

3. Combate à evasão e à sonegação?


Sonegar é omitir ou declarar de forma incorreta informações obrigatórias,
deixando de pagar, total ou parcialmente, os tributos devidos, sendo essa conduta
um crime. Tão nocivo quanto a corrupção a sonegação traz prejuízo à economia de
qualquer país, desequilibrando as condições de igualdade entre os cidadãos e
também entre as empresas, como uma forma de concorrência desleal. Aquele que
sonega se beneficia às custas de toda a sociedade. Acredita-se que simplificando o
sistema tributário, ficará mais fácil evitar a sonegação

4. Famílias mais pobres estão sendo injustiçadas com a atual carga tributária?
Como já mencionamos na questão 1, sabemos que a tributação sobre o
consumo é regressiva, ou seja, quanto mais pobre o cidadão, maior a carga
tributária para ele. Os cinco tributos que serão unificados representam cerca de
27% da renda dos 10 % mais pobres. Com isso, a unificação tributária pode aliviar
um pouco e reduzir a carga tributária para a população mais pobre, pois as
alíquotas iguais para os produtos e serviços reduzem em parte as desigualdades do
sistema tributário nacional.

5. A reforma tributária poderá ser uma alavanca para a geração de


empregos?
Sim, pois tornar o sistema tributário mais transparente e simplificar o processo
de arrecadação pode estimular a economia. Com taxações mais simples, acredita-
se que haverá um incentivo para o consumo e para investimentos, tanto internos
quanto externos. Nesse trajeto, a expectativa é que a Reforma Tributária
também colabore para a geração de novos negócios, impactando diretamente nas
taxas de empregos. Do ponto de vista empresarial, é uma maneira de facilitar o
cumprimento das obrigações tributárias, levando os empreendedores a
despenderem menos tempo para entender os impostos que precisam pagar,
aumentar seus investimentos e contratar mais.
6. Extinção do PIS e COFINS para criação do CBS – com alíquota única de
12% para bens e serviços e de 5,8% para bancos, planos de saúde e
seguradoras;

PIS (Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do


Servidor Público –PIS/PASEP) instituído pela Lei Complementar 07/1970.
COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social,
instituída pela Lei Complementar 70 de 30/12/1991.

A principal mudança da primeira fase da reforma tributária é o rearranjo dos


impostos pagos atualmente por meio da simplificação: a unificação do PIS
(Programa de Integração Social) e do Cofins (Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social), em um tributo de valor agregado, o CBS (Contribuição sobre
Bens e Serviços).
A proposta do CBS é substituir PIS/Pasep sobre a folha, PIS/PASEP sobre
importação, PIS/PASEP sobre receitas, Cofins sobre importação e Cofins sobre
receitas em um único imposto. Essa proposta é limitada aos tributos federais sobre
consumo. Os impostos municipais e estaduais sobre consumo e serviços (o ISS e o
ICMS) não estão incluídos.
Com isso, o governo espera acabar com as cobranças diferenciadas para vários
setores, possibilitando um ambiente de negócios mais favorável e eficiente para a
economia brasileira. Isso facilita a tributação de bens e serviços para as empresas e
resulta em transparência. Para a CNI, o modelo é essencial para gerar
competitividade na indústria e incentivar o crescimento econômico.

7. Imunidades tributárias – religiosa, partidos políticos e sindicatos?


De maneira simples e objetiva, a imunidade tributária é uma proibição de
cobrar impostos de certas pessoas, bens ou serviços. É uma limitação da
competência tributária. Ou seja, o fator gerador ocorre, mas não será cobrado o
imposto devido, pois o que foi designado está imune à sua cobrança.
A imunidade tributária referente aos templos de qualquer religião é uma forma
de “facilitar” que toda e qualquer religião mantenha suas igrejas e templos.
Teoricamente, os templos não visam ao lucro, muito menos o enriquecimento, por
isso, se deles fosse cobrado algum tipo de imposto, isso se tornaria um motivo para
que buscassem atuar com intuito financeiro. Dessa forma, não sendo essa a
finalidade das religiões, e o Brasil sendo um Estado laico, os templos de qualquer
culto ou religião são imunes a cobrança de impostos. Mas, com o comportamento
atual de determinados agentes religiosos, deixa margem para se pensar sim na
tributação religiosa, GRIFO NOSSO.
Partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social sem fins
lucrativos têm imunidade tributária. A imunidade foi criada a partir do pressuposto
de que os candidatos são aqueles que representam o povo e, por isso, não deveria
haver nenhum tipo de empecilho a sua atuação. Há margem para pensarmos na
tributação dos partidos políticos, tendo em vista os privilégios e enriquecimento
exacerbado.
Em relação às entidades sindicais, cobrar impostos sobre elas dificultaria o
trabalho daqueles que estão tentando representar os trabalhadores, desviando a
atenção do que realmente deve ser feito.

8. Desoneração tributária sobre produtos da cesta básica?


A reforma tributária é considerada essencial pelo setor agropecuário para
melhorar o ambiente de negócios, gerar segurança jurídica e simplificar os
processos. Porém, algumas mudanças podem aumentar a carga tributária do setor,
o que seria prejudicial e aumentaria o custo dos alimentos, afetando a
competitividade e encarecendo, inclusive, itens da cesta básica.
Além disso, é importante pensar se com a unificação de impostos, não teríamos
uma tarifa única que incluiria itens da cesta básica que hoje recebem isenções.

9. Transparência? A população sabe quanto paga de tributo ao adquirir um


determinado produto?
A reforma tributária visa a simplificação do sistema tributário nacional. Sem a
burocracia demasiada e tornando tudo mais fácil e dinâmico, seria possível um
maior conhecimento, por parte da população, em relação ao custo tributário de
cada bem ou serviço adquirido. Essa educação financeira, pode ser positiva e trazer
benefícios a população.
A verdade é que o nosso sistema tributário é tão complexo e confuso que é
impossível saber, hoje, a carga tributária exata de cada produto ou serviço. Por
isso, não é possível comparar de forma direta a alíquota do sistema atual,
extremamente complexo e obscuro com a alíquota do novo sistema, que será
muito mais simples e transparente.

10. Criação de um imposto digital?

Junto à possibilidade de promover uma complexa modificação no sistema


tributário brasileiro, um novo projeto visa criar o Imposto Sobre Movimentações
Financeiras, também chamado de Imposto Digital. A alíquota seria de 0,2% e
recairia sobre qualquer transação financeira. Com isso, o governo espera arrecadar
R$ 120 bilhões.
As principais vantagens dessa estratégia é: desoneração da folha salarial e
modernização do sistema tributário.

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