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FUNÇÕES DO ESTADO E A ATIVIDADE FINANCEIRA

De acordo com Miranda (1992), são dois os sentidos possíveis de função do


Estado: primeiro como tarefa ou incumbência, correspondente a certa necessidade
coletiva ou a certa zona da vida social; e segundo como atividade com características
próprias, modo de o poder político se projetar em ação.
Conforme Kioshy (2019), o Estado, como sociedade política, tem um fim geral,
constituindo-se em meio para que os indivíduos e as demais sociedades, situadas num
determinado território, possam atingir seus respectivos fins (manter a ordem, assegurar
a defesa, e promover o bem-estar e o progresso da sociedade). Assim, conclui-se que o
fim do Estado é o BEM COMUM, entendido este como conjunto de todas as condições
de vida que possibilitem e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade
humana. Portanto, as funções do Estado são todas as ações necessárias à execução do
bem comum.
Rocha (2009) lembra que as funções do Estado se confundem com os seus
poderes, porque o Estado se legitima pela sua utilidade. A ideia de separação de
poderes, tal qual entendida modernamente, tem como referência histórica original mais
consistente as obras de John Locke (1632-1704) e Montesquieu (1689-1755).  A
separação de Poderes, prevista no art. 60, § 4º, III é, como se sabe, uma das cláusulas
pétreas, isto é: não será objeto de deliberação proposta de emenda (ou de qualquer outra
norma) tendente a abolir a separação de poderes. O art. 2º da Constituição, por seu
turno, consagra a separação de poderes como um princípio fundamental nos seguintes
termos: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário”.
Como as funções do estado se confundem com seus poderes, temos as funções
executiva, a legislativa e a judiciária. A função executiva é composta pela administração
pública, como organização da burocracia estatal, e pelo governo, como conjunto de
órgãos decisórios. O governo possui a discricionariedade, que é a liberdade de ação e de
escolha nos limites da legalidade, mas o Estado possui princípios que limitam a opção
ideológica dos governos. Por isso o executivo não é um mero executor das decisões
legislativas (BARCELLOS, 2020).
A função legislativa é a essência do poder. Nas democracias que justificam o
poder na vontade popular afirma-se que o legislador é o representante do povo. O
exercício do poder legislativo é geralmente atribuído a colegiados, para se obter uma
maior distribuição da representatividade e para obter soluções mais discutidas e
amadurecidas. A função judiciária é de controle. Controle sobre os atos públicos e
privados para a garantia da legalidade (BARCELLOS, 2020).
Rocha (2009) adiciona que no Estado de Direito as funções do Estado,
caracterizadas na forma de poder, devem ser separadas para não caracterizar o benefício
do poder para o indivíduo que a ocupa, segundo a teoria de freios e contrapesos. É neste
sentido que as funções do Estado não devem também se confundir com os ocupantes do
governo

REFERÊNCIAS:

Harada, Kiyoshi Direito Financeiro e Tributário / Kiyoshi Harada. – 28. ed. – São Paulo: Atlas,
2019.

Rocha, Manoel Ilson Cordeiro. ESTADO E GOVERNO: DIFERENÇA CONCEITUAL E IMPLICAÇÕES


PRÁTICAS NA PÓS-MODERNIDADE. REVISTA UNIARA, n.0 21/22, 2009

JORGE MIRANDA. Funções do Estado. R. Dir. Administrativo, Rio de Janeiro, 189:85-99, jul./set.
1992

Barcellos, Ana Paula de. Curso de Direito Constitucional. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense,
2020.

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