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FACULDADE DE DIREITO
Não obstante, foi no século XVIII que a aludida teoria tomou forma. Em primeiro
lugar, John Locke, ao elaborar a obra "Segundo Tratado sobre o Governo Civil, introduziu a
ideia da existência de um contrato social entre o governador e seus governados, em que estes
abdicariam o seu estado de natureza para que fosse possível a proteção de seus direitos
naturais. Neste sentido, fixando a responsabilidade e a finalidade do Estado, a separação dos
poderes impediria o Estado de ultrapassar os limites de seus poderes, para garantir os direitos
de seus cidadãos.
Montesquieu, inspirando-se nas obras de Aristóteles e Locke, efetivamente consagrou
a Teoria da Separação dos Poderes durante a Revolução Francesa, a partir de sua obra "O
Espírito das Leis", com o objetivo de contrapor ao molde absolutista vigente até então, em
que concentrava todas as atividades estatais na mão do soberano. O pensador criou, portanto,
o sistema de “sistema de freios e contrapesos”, dividindo o poder em três partes,
independentes, que se regulam entre si e que possuem diferentes competências.
Neste modelo, a cada poder é atribuído funções típicas, mas também funções atípicas
para possibilitar um controle maior uns sobre os outros. Quanto às funções típicas, o poder
Legislativo se incumbiria da tarefa de estabelecer normas gerais e abstratas que regem a vida
em sociedade de forma harmônica, o poder Executivo tornaria o responsável pela tradução e
exteriorização do ato da vontade descrita na norma elaborada e, por fim, o poder Judiciário
teria a função de julgar os conflitos ocorrentes na sociedade. Esta seria a forma mais racional
de se evitar o abuso de poder.
Não obstante, quanto às funções atípicas dos poderes, o Poder Executivo pode exercer
funções legislativa e judiciária, em que a primeira é efetivada pelas medidas provisórias
previstas no Art. 62 da Carta Magna e pela execução de leis delegadas dispostas no art. 68 da
CF, sob pretexto de relevância e urgência; e a segunda é exercida pelos tribunais de contas. O
Poder Legislativo executa atos administrativos e judiciários, em que o primeiro concerne a
necessidade de concursos públicos e folhas de pagamento, e o segundo previsto no art. 52,
inciso I da CF. Por último, o Poder Judiciário tem como função atípica atos legislativos, já
que cabe a cada tribunal elaborar seu próprio regimento interno; e, excepcionalmente,
legislar, tal como o remédio constitucional mandado de injunção.
Todavia é importante ressaltar que a independência dos poderes não é absoluta, visto
que os poderes podem e devem se fiscalizar de acordo com a dinâmica de pesos e
contrapesos. Ao poder Legislativo cabe o exercício de legislar e fiscalizar o Executivo. Ao
poder Executivo, é destinada a função administrativa, aplicando as leis anteriormente
editadas, e executando políticas públicas. E ao judiciário cabe a função jurisdicional, isto é,
julga os conflitos existentes de acordo com as normas pré definidas pelo Legislativo.
Já o Estado Democrático de Direito, por sua vez, como modelo regulado pelo
ordenamento jurídico, garante a preservação dos direitos individuais, e a legalidade e o
exercício dos direitos políticos, nessa conformidade, reconhece a separação de poderes e a
supremacia da Constituição.
É relevante citar que nem sempre o Brasil se organizou dessa forma. Em 1824, além
dos três poderes, também foi instituída a figura do poder moderador, importante na história
política do Brasil durante o período imperial. Assim, a Constituição de 1824 estabeleceu um
sistema político com quatro poderes, sendo o poder moderador uma inovação em relação às
constituições anteriores.
Ao Poder Legislativo, por sua vez, compete a elaboração das leis e, ao Poder
Executivo, a execução destas leis. Portanto, a princípio, compete a estes dois poderes estatuir
e executar a prestação dos serviços e as políticas públicas. Dessa forma, são impostos
preceitos constitucionais e legais para a execução de tais funções que garantem a eficácia dos
direitos sociais.
Ocorre que, quando esses poderes descumprem tais preceitos, atribui-se ao Poder
Judiciário a competência para determinar a efetivação de prestações necessárias a garantir as
condições mínimas à dignidade humana, proporcionadas pelos direitos sociais.
dos direitos sociais, por meio da aplicação dos direitos fundamentais (CF, art. 5º, § 1º),
Portanto, a atuação do Poder Judiciário na efetivação dos direitos sociais, além de não