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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

Disciplina: Direito Constitucional V


Turma: NA7
Alunos: Fabio Prandini - RA00276633
Gabriela Rosolen de Azevedo Ribeiro - RA00276537
Gabriela Tiemi Luz Moreira - RA00276544
Julia Sciarretta Lima - RA00276510

Seminário - 1º Bimestre

Elabore uma sucinta dissertação apresentando as evoluções do constitucionalismo


partindo das constituições liberais às constituições sociais.

O século XIX foi marcado pelo triunfo do constitucionalismo, como um movimento


de reivindicação política a fim de criar regras gerais e abstratas para limitar o poder do Estado
e de sua arbitrariedade, e garantir os direitos dos cidadãos. A partir do ideal reformista, foram
adotadas constituições nos países da Europa e América para romper com os antigos regimes
monarquistas e autoritários que vigoraram na era moderna.

Em pleno início da Idade Contemporânea e com a ascensão da burguesia, o


constitucionalismo tomou lugar para assegurar os direitos da liberdade, a partir da formação
de institutos jurídicos que garantissem a propriedade individual, a liberdade contratual e
econômica, e a igualdade estritamente formal. O Estado Liberal em ascensão atendia,
portanto, os interesses da burguesia, o que deu nascimento à Constituição Liberal.

O constitucionalismo liberal construiu normas jurídicas superiores às demais do


ordenamento jurídico, dando origem à leis fundamentais as quais visam estruturar uma
organização política capitalista:

"Expressa um projeto político elaborado e imposto pelos detentores do poder.


Dependendo do país e do período histórico, o conteúdo da Constituição se
diferencia, incorporando diversos programas políticos. Mas na grande maioria
dos casos objetiva garantir um sistema de produção econômica capitalista em
sua versão liberal com regime político de democracia representativa,
delimitando as competências dos poderes estatais."1

Dessa forma, com o nascimento da Constituição Liberal, direitos fundamentais foram


instituídos, como a vida, a liberdade, e a igualdade - tendo sempre como prioridade os
anseios da burguesia. Assim, tem-se uma tentativa de limitar o poder do Estado através de
uma Constituição.

Com o decorrer dos anos, e após a Primeira Guerra Mundial, o antigo liberalismo não
era capaz de resolver questões mais profundas de camadas mais pobres e minoritárias da
sociedade e o Estado Liberal, com sua postura passiva, não era capaz de garantir e concretizar
os ideais de liberdade e igualdade apregoados nos textos constitucionais.

Diante disso, abriu-se espaço para o Estado Social, que é uma transformação do
antigo Estado Liberal - que não foi completamente abandonado com a chegada do Estado
Social. Dessa maneira, os anseios sociais não são mais os mesmos e surgem novos direitos
relacionados aos trabalhadores e à natureza. Nesse sentido, disserta Alexandre de Moraes:

“A partir da Constituição de Weimar (1919), que serviu de modelo para


inúmeras outras constituições do primeiro pós-guerra, e apesar de ser
tecnicamente uma constituição consagradora de uma democracia liberal –
houve a crescente constitucionalização do Estado Social de Direito, com a
consagração em seu texto dos direitos sociais e a previsão de aplicação e
realização por parte das instituições encarregadas dessa missão. A
constitucionalização do Estado Social consubstanciou-se na importante
intenção de converter em direito positivo várias aspirações sociais, elevadas à
categoria de princípios constitucionais protegidos pelas garantias do Estado de
Direito.”2
O direito à liberdade, por sua vez, é transformado e colocado frente a novas previsões
legais que estabelecem a regulamentação do Estado sobre direitos econômicos e sociais, ou
seja, bens constitucionalmente previstos, como moradia, emprego e comida.

Isso posto, o Estado passa a assumir um papel positivo, ativo, a fim de garantir o
bem-estar dos cidadãos. Enquanto que no Estado Liberal o bem-estar social estava ligado à
não intervenção estatal, no Estado Social esse bem-estar é promovido pela ação do Estado,
que se torna um garantidor de benefícios e de bens.
1
DIMOULIS, Dimitri. LUNARDI, Soraya. Curso de Processo Constitucional. 4ª ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2016. pg. 47.
2
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 38ª ed. rev., atual., e ampl.. São Paulo: Gen, 2021. pg. 3
Essa intervenção, por sua vez, pode se apresentar de modos distintos e tanto de forma
direta, quanto indireta, sendo a primeira a partir do fornecimento de um serviço - como, por
exemplo saúde ou educação pública -, e a segunda a partir de criação e modulação de setores
- como a criação de bancos, empresas públicas.

Portanto, pode-se afirmar que as constituições no Estado pós revolução burguesa


passaram por diversas transformações, visto que em seu período liberal o Estado não tinha
controle sobre o mercado, ou seja, sobre a economia capitalista, de forma que gerava
insegurança para as necessidades básicas do ser humano, como alimentação, saúde e moradia.
A partir disso, e com a derrota do Nazismo na segunda Grande Guerra, os Estados
começaram a constituir constituições com um Estado inflado, para que ele garantisse o
bem-estar da população, através de regulamentação do mercado e programas sociais.

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