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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

O Movimento de Defesa do Consumidor no Brasil e a Constituição Cidadã de


1988:
1xA importância da mobilização dos consumidores brasileiros para a conquista de
direitos protetivos na Constituição de 1988.
SÃO PAULO
2024
RELATÓRIO PARCIAL INDIVIDUAL DO PROJETO DE PESQUISA

PROJETO DE PESQUISA:

O Movimento de Defesa do Consumidor no Brasil e a Constituição Cidadã de


1988:
1xA importância da mobilização dos consumidores brasileiros para a conquista de
direitos protetivos na Constituição de 1988.

PLANO DE TRABALHO INDIVIDUAL:

ESTUDO HISTÓRICO E CONSTITUCIONAL DAS DEMANDAS


CONSUMERISTAS BRASILEIRA

Orientando: Fabio Prandini Azzar Filho

Orientador: Prof. Dr. Josué de Oliveira Rios


SÃO PAULO
2024
SUMÁRIO

Sumário
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 3
PARTE I- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .............................................................. 6
PARTE II - RELATÓRIO CIENTÍFICO ...................................................................... 8
3.1. Resultados Preliminares ........................................................................... 8
(a) Origens do Movimento de Defesa do Consumidor nos EUA Evolução do
Movimento nos EUA e Impacto na Legislação ................................................. 8
(b) Contexto da Legislação de Proteção ao Consumidor no Brasil ................. 15
(c) Relação entre a Constituição Federal de 1988 e a Proteção ao Consumidor
no Brasil ........................................................................................................ 17
(d) Resistências e Desafios na Implementação do Código de Defesa do
Consumidor ................................................................................................... 19
(e) Proteção aos Direitos Básicos do Consumidor......................................... 20
3.2. Cronograma ........................................................................................ 22
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1 INTRODUÇÃO

O Movimento de Defesa do Consumidor (“MDC”) no Brasil


desempenhou um papel fundamental na conquista e consolidação dos direitos dos
consumidores, culminando na inclusão de disposições específicas na Constituição
Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã. Este importantíssimo
documento marcou o fim de um longo período de ditadura civil-militar no Brasil e o
início de uma nova era de democracia e proteção dos direitos individuais e coletivos,
que entre eles está o direito do consumidor.

Para aprofundar a análise do MDC é necessário que primeiro seja


compreendido o período da redemocratização, isto é, a década de 1980. Assim, está
década foi marcada por intensas transformações políticas e sociais no Brasil. Já que o
país estava saindo de um regime autoritário e buscando consolidar sua democracia,
enquanto a urbanização e industrialização crescentes desde era Vargas, juntamente
com a abertura comercial, geraram novas demandas e desafios para os consumidores
brasileiros, tornando-os mais vulneráveis a práticas abusivas por parte de empresas e
fornecedores.

Em razão disso, o MDC desempenhou um papel crucial na inclusão de


disposições específicas na Constituição Federal de 1988 que deveriam garantir os
direitos dos consumidores. Através de mobilizações sociais e campanhas de
conscientização, o movimento pressionou a Assembleia Nacional Constituinte a incluir
no texto constitucional dispositivos que assegurassem os direitos fundamentais dos
consumidores.

Em razão disso, o direito do consumidor no Brasil é respaldado por


diversos artigos e princípios constitucionais que garantem sua proteção e amparo legal.
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O artigo 5º, XXXII da Constituição Federal de 1988 estabelece o direito do consumidor


como direito fundamental, o que significa elevar esse direito protetivo à condição de
cláusula pétrea na constituição: uma garantia individual e coletiva que não pode ser
afastada da Carta Magna, por emenda constitucional, nos termos do seu art. 60,
parágrafo 4º. Ainda no âmbito da Constituição deve-se destacar o artigo 170, V, que
reconhece a defesa do consumidor como um dos princípios da ordem econômica,
resultado a conclusão de que toda a atividade econômica deve-se desenvolver à luz do
respeito à proteção do consumidor.

Outrossim, os artigos dos Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de 1988 também são relevantes para o
direito do consumidor. Isto pois, o artigo 48 do ADCT estabelece que o Congresso
Nacional, dentro de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, elaborará um
código de defesa do consumidor.

Por isso, que para complementar as diretrizes da constituição cidadã, o


Congresso Nacional aprovou o Código de Defesa do Consumidor - Lei nº 8.078/1990
(“CDC”), que estabelece as normas e diretrizes para as relações de consumo no Brasil.
Além disso, o Judiciário desempenha um papel fundamental na defesa do consumidor,
interpretando e aplicando as normas de proteção do consumidor em ações individuais
e coletivas. Por isso, as decisões judiciais têm sido fundamentais para garantir a
efetividade dos direitos dos consumidores e responsabilizar fornecedores por práticas
abusivas.

Entretanto, apesar dos avanços conquistados, a defesa do consumidor no


Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Como a falta de conhecimento dos
consumidores sobre seus direitos, a dificuldade de acesso à justiça, a morosidade do
Judiciário, a má-fé de alguns fornecedores e a insuficiência de políticas públicas de
defesa do consumidor são alguns dos desafios que ainda persistem. Portanto, é
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essencial a realização de pesquisas que analisem a efetividade da proteção


constitucional do consumidor no Brasil, ainda mais no momento atual que a CRFB/88
está sendo amplamente reformada para que políticas neoliberais sejam implementadas.

Logo, a presente pesquisa busca contribuir para esse debate, analisando a


incorporação das reivindicações do consumidor brasileiro na Constituição Cidadã de
1988, a efetividade das normas de proteção do consumidor na prática e se as novas
politicas contribuem ou não para que sejam criadas relações de consumo saudáveis.

Para isso, está pesquisa busca contextualizar a importância histórica e


social do Movimento de Defesa do Consumidor e da CRFB/1988, dando destaque aos
desafios atuais enfrentados pela defesa do consumidor no Brasil. Visto que mesmo com
as disposições de garantias, as reivindicações do movimento consumerista brasileiro e
efetividade dessa proteção, precisa ser avaliada, a fim de determinar em que medida
os mandamentos constitucionais contribuem e são aplicados para a proteção real dos
consumidores.

Desse modo, a pesquisa é relevante não apenas para a compreensão do


direito do consumidor, mas também para a análise crítica do sistema jurídico brasileiro
como um todo. Já que se busca contribuir para o aprofundamento teórico e prático dos
estudantes e profissionais do Direito, oferecendo uma visão mais abrangente e
atualizada sobre os desafios e perspectivas da proteção do consumidor no Brasil.
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PARTE I- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de pesquisa, foram realizadas atividades visando


alcançar os objetivos propostos, que incluíam: (i) analisar o contexto histórico e social
que influenciou a incorporação das reivindicações do consumidor brasileiro na
Constituição Cidadã de 1988; (ii) identificar as principais reivindicações do MDC; (iii)
avaliar a efetividade das normas de proteção do consumidor na prática; e (iv) identificar
os desafios da defesa do consumidor no Brasil. Para isso, foi necessário, também,
analisar o movimento norte-americano do direito do consumidor, dada a sua
semelhança com o brasileiro em diversos aspectos.

A sistemática adotada pelo orientador consistiu em reuniões periódicas


para discussão do andamento da pesquisa, orientações sobre leituras e métodos de
análise documental e bibliográfica. Essas orientações foram fundamentais para o
progresso da pesquisa, pois permitiram uma melhor organização e direcionamento das
atividades.

No presente projeto de estudo, foi utilizado pesquisa bibliográfica e


documental. Além da consulta e exame de textos e obras especializadas, foi necessária
a consulta e análise de documentos como fotos, jornais, gravações, constante do acervo
de entidades e/ou de profissionais militantes da causa consumerista. Também foi feito
a análise da jurisprudência, à base do método indutivo, e com os critérios próprios para
aferir a hipótese sob exame, neste projeto, ou seja, a relação entre a mobilização dos
consumidores brasileiros e o seu impacto nas garantias constitucionais consumeristas.

Ademais, durante o desenvolvimento da pesquisa, foi possível alcançar


alguns objetivos, como a identificação das principais reivindicações do MDC
incorporadas à Constituição Federal.
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Portanto, os seis primeiros meses de pesquisa, foi possível compreender


profundamente a importância da organização e do planejamento para o
desenvolvimento de um trabalho científico consistente. Inicialmente, não era claro a
melhor forma de organizar a ordem de leitura e método de fichamento dos documentos
e livros, visto sua grande relevância para o projeto de pesquisa e cronograma metódico
organizado em conjunto com o orientador.

Além disso, as reuniões e discussões com o orientador foram de grande


importância para que as obras de grande complexidade fossem compreendidas. Assim,
pôde-se direcionar as leituras e métodos de anotação, o que facilitou muito o início da
elaboração da pesquisa. Ademais, a definição de um cronograma e a divisão do projeto
em etapas foram essenciais para garantir que pudesse cumprir os prazos estabelecidos.

Em resumo, o começo dessa pesquisa foram fundamentais para o


desenvolvimento do trabalho, permitindo ao pesquisador compreender melhor a
importância da organização, do planejamento e da metodologia na realização de uma
pesquisa científica de qualidade.
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PARTE II - RELATÓRIO CIENTÍFICO

3.1. Resultados Preliminares


(a)
Origens do Movimento de Defesa do Consumidor: pesquisa histórica e
comparativa dos Estados Unidos e Brasil

Nos Estados Unidos, a proteção ao consumidor surge como um efeito


secundário de medidas legislativas governamentais destinadas principalmente a regular
o comércio, com o objetivo de facilitar o fluxo comercial ou, em alguns casos, defender
o interesse público. Um exemplo inicial pode ser encontrado na Constituição, que
conferia ao Congresso o poder de estabelecer padrões de pesos e medidas, ou seja,
estabelece um padrão para as empresas que consequentemente, fazem com que o
consumidor entenda o que está comprando. Outro exemplo remonta aos abusos
cometidos pelas estradas de ferro, que se desenvolveram com subsídios
governamentais no século XIX, incluindo tarifas discriminatórias e abusivas, contra as
quais reagiram fazendeiros e comerciantes prejudicados. Essas reações resultaram em
uma série de medidas regulatórias, culminando a lei regulamentadora das companhias
ferroviárias, o Interstate Commerce Act de 1887.

De acordo com Mark V. Nadel1, essa lei foi um marco importante por ser
a primeira regulamentação abrangente de uma indústria específica e por ter criado a
Interstate Commerce Commission, uma comissão reguladora independente. Ao
estabelecer a comissão, a lei criou padrões institucionais para o cumprimento da
legislação, que ainda são relevantes para as atuais políticas de defesa do consumidor.
Nesse sentido, a intervenção estatal na sociedade se torna um contexto crucial para o
fortalecimento da defesa do consumidor desde que se originou.

1
NADEL, Mark V. The Politics of Consumer Protection. (4ª ed.) New York, The Bobs-Merrill Company, Inc. ,
1971, pp. 6-7. 3. Idem, ib. pp. 6 - 9.
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Seguindo na linha do tempo, no final do século XIX, dois tipos de política


começaram a se desenvolver. O primeiro deles era uma resposta a problemas como
comida adulterada ou sintética, que eram mais percebidos pelos fazendeiros como uma
concorrência desleal do que pelos "consumidores". Em razão disso, o governo passou
então a taxar mais pesadamente os alimentos não integrais, adulterados ou reciclados,
o que levou a preços mais elevados no mercado. O outro tipo de política era a inspeção,
principalmente da carne, a partir de 1865, que visava principalmente garantir a saúde
pública, mas com ênfase nas carnes destinadas à exportação.

O contexto do Progressismo, que marcou o período entre o início do


século XX e a 1ª Guerra Mundial, também foi importante para a defesa do consumidor.
Isto pois, nesse período, destacou-se o movimento dos muckrakers, que denunciavam
a corrupção do "big business". A imprensa muckraker foi fundamental nesse
movimento, abordando temas como a corrupção política e os problemas de segurança
alimentar e de medicamentos.

Em razão disso, o Interstate Commerce Act, elaborou duas medidas legais


importantes foram o Meat Inspection Act e o Pure Food and Drugs Act, ambos de
1906. Essas leis foram promulgadas em resposta a problemas como as más condições
de higiene nos matadouros e a publicidade enganosa, respectivamente. O Pure Food
and Drugs Act, em particular, foi influenciado pelo trabalho do Dr. Harvey W. Wiley,
que lutou pela pureza dos alimentos e liderou a Poison Squad, um grupo de voluntários
que testou os efeitos de conservantes alimentares.

Mais adiante, no período entre os anos 1930 e início dos anos 1960 nos
Estados Unidos, a proteção ao consumidor começou a se consolidar como uma
preocupação legislativa mais significativa. O contexto do New Deal, com suas
reformas e maior intervenção estatal na economia, proporcionou o ambiente para essas
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mudanças. A Lei de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos de 1938 foi um marco


importante, resultando de uma revisão da legislação anterior de 1906. Essa nova lei foi
impulsionada por escândalos, como o do elixir de sulfa, que evidenciou a necessidade
de regulamentações mais rígidas para proteger os consumidores de produtos
prejudiciais à saúde.

Apesar desses avanços legislativos, a organização dos consumidores ainda


estava em estágio inicial. Poucas entidades, como associações femininas e
cooperativas, atuavam de forma isolada na defesa dos interesses dos consumidores. O
governo tentou criar representações dos consumidores em sua burocracia durante o
New Deal, mas esses esforços não foram eficazes devido à falta de organização e
articulação dos consumidores.

O período pós-guerra, por outro lado, foi marcado por um boom


econômico e uma rápida diversificação da produção. Isso levou a um mercado mais
complexo, com uma variedade maior de produtos disponíveis. Apesar disso, até
meados dos anos 1950, não houve um aumento significativo na proteção ao
consumidor. A Consumers Union, fundada em 1936, destacou-se como uma das poucas
vozes consistentes em favor dos interesses dos consumidores, publicando a revista
Consumer Report.

Na virada para os anos 1960, surgiram indícios de um novo ciclo para a


defesa do consumidor nos Estados Unidos. No plano legislativo, destacam-se três
projetos significativos:

(i) Truth-in-lending: Patrocinado pelo Senador Paul H. Douglas, visava proteger


os consumidores de juros extorsivos nas vendas a crédito. Foi aprovado em
1968;
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(ii) Truth-in-packaging: Patrocinado pelo Senador Philip A. Hart, buscava evitar


que os consumidores ficassem confusos com embalagens enganosas. Foi
aprovado em 1966; e

(iii) Regulação de oligopólios farmacêuticos: Patrocinado pelo Senador Estes


Kefauver, teve início em 1959 e foi aprovado em 1962. Este projeto, em
particular, foi impulsionado pelas investigações de Kefauver sobre as práticas
da indústria farmacêutica, coincidindo com a suspeita da FDA sobre a segurança
da thalidomida, uma droga que causou escândalo na Europa e levou à aprovação
dessa lei nos EUA, aumentando o poder da FDA para regular a introdução de
novas drogas no mercado e proteger os consumidores.

No campo das publicações, o livro "The Hidden Persuaders" de Vance


Packard, lançado em 1957, denunciou práticas de manipulação dos consumidores pela
publicidade, impactando as vendas e a percepção pública. O movimento ganhou
impulso com a atuação de Ralph Nader. Após investigar a segurança dos automóveis,
Nader publicou "Unsafe at Any Speed" em 1965, expondo casos de acidentes causados
por falhas nos veículos. Sua obra teve grande repercussão e levou à aprovação do Motor
Vehicle Safety Act em 1966, criando normas de segurança para carros e caminhões.

Destarte, o discurso proferido por John Fitzgerald Kennedy em 15 de


março de 1962 é um marco histórico na defesa e proteção dos direitos dos
consumidores em todo o mundo. Isto pois, ele enfatizou que todos os cidadãos são
consumidores e, portanto, devem ter direitos fundamentais protegidos por lei.

Além disso, o presidente destacou a importância de garantir o direito à


vida e segurança, à informação, à livre escolha e a ser ouvido. Esses direitos
fundamentais, apesar de simples, são essenciais para assegurar que os consumidores
tenham acesso a produtos e serviços seguros, de qualidade e que atendam às suas
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necessidades.

A influência desse discurso foi tão significativa que levou a Organização


das Nações Unidas (ONU) a ratificar o documento e a incentivar outros países a
adotarem medidas semelhantes para proteger os direitos dos consumidores.

No Brasil, a luta pela proteção dos direitos do consumidor também foi


marcada por movimentos e organizações que buscavam garantir que os cidadãos
brasileiros tivessem seus direitos respeitados. Em 1976, foi criado o Programa Estadual
de Proteção e Defesa do Consumidor, que deu origem aos Procons em todo o país.

Esses movimentos culminaram na inserção de leis que defendiam os


direitos do consumidor na Constituição Federal de 1988. Posteriormente, em 1990, foi
instituído o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que entrou em vigor em março
de 1991.

A mobilização em torno de Nader inspirou outros ativistas e culminou na


criação de diversas leis importantes, como as "Truth Bills" (sobre crédito e embalagem)
e regulamentações em áreas como mineração, inspeção de carne, saúde pública e
segurança no trabalho. Essas ações refletiram um movimento cultural e político mais
amplo nos EUA, caracterizado por uma onda de regulação social intensa entre 1969 e
1976, impulsionada por um contexto de prosperidade e por novos atores políticos que
buscavam reformas significativas.

Desse modo, o movimento de defesa do consumidor nos Estados Unidos


teve um impacto significativo não apenas na legislação interna, mas também
influenciou o desenvolvimento do direito do consumidor em todo mundo capitalista.
Como no Brasil, que mesmo que tenha passado por diferentes etapas ao longo de sua
evolução histórica, refletindo as particularidades do contexto nacional, foi influenciada
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pelas lutas do povo estadunidense.

Assim, no Brasil, a trajetória da defesa do consumidor ganhou destaque


nos anos 1970, com a emergência de preocupações ligadas à regulamentação da
publicidade e à proteção dos direitos dos consumidores. De forma que surgiram os
primeiros órgãos e entidades voltados para a defesa do consumidor, refletindo uma
crescente conscientização sobre a importância de garantir a segurança e a qualidade
dos produtos e serviços oferecidos no mercado.

Esta articulação entre a defesa do consumidor e a regulação social pelo


Estado brasileiro apresentou características únicas, com a defesa do consumidor
ganhando impulso em um momento de transição para a desregulação e abertura do
mercado nacional ao capital estrangeiro. Essa peculiaridade reflete a complexidade dos
problemas enfrentados no país, que ainda lidava com questões graves de desigualdade
após o processo de industrialização do período Vargas.

Mais adiante a partir do final da década de 1970 e com a redemocratização


em 1988, o movimento de defesa do consumidor no Brasil passou por transformações
significativas, com a promulgação de leis e a criação de órgãos específicos para
fiscalizar e garantir os direitos dos consumidores que temos até hoje, como o PROCON
criado em 1976 no estado de São Paulo.

Além disso, a criação de órgãos governamentais, como o PROCON-SP e


entidades não governamentais dedicadas à proteção dos direitos dos consumidores no
Brasil também foi influenciada pela existência de agências semelhantes nos Estados
Unidos, como a Federal Trade Commission (FTC) e a Consumer Financial Protection
Bureau (CFPB).

Além disso, a Constituição Cidadã, para elaboração dos seus princípios,


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assim como a determinação expressa do ADCT da Constituição Cidadã (artigo 48),


para elaboração do CDC Foram influenciados pelo movimento consumerista dos
Estados Unidos no Brasil. Visto que foi fortemente influenciada por modelos
legislativos existentes nos EUA, como as leis:

(i) A Lei Antitruste Sherman de 1890 (Sherman Antitrust Act): foi a primeira
legislação antitruste dos Estados Unidos. Ela foi criada para regular a
competição entre empresas e diversas atividades comerciais, estabelecendo a
regra da livre concorrência entre os envolvidos no comércio, sendo o marco
inicial para os direitos do consumidor.

(ii) o Lei de Proteção ao Crédito Justo (Fair Credit Reporting Act, FCRA):
Regula a coleta, disseminação e uso de informações de crédito;

(iii) Lei de Práticas de Cobrança de Dívidas Justas (Fair Debt Collection


Practices Act, FDCPA): Estabelece as práticas que os cobradores de dívidas
podem e não podem usar ao tentar cobrar dívidas;

(iv) Lei de Proteção ao Consumidor de Produtos de Crédito Justo (Fair Credit


Billing Act, FCBA): Regula os procedimentos para contestar cobranças em
extratos de cartões de crédito;

(v) Lei de Garantia de Informação de Preços (Truth in Lending Act, TILA):


Exige que os credores divulguem informações importantes sobre os termos de
crédito oferecidos.

(vi) Lei de Garantia de Produtos (Magnuson-Moss Warranty Act): Regula as


garantias das empresas em produtos de consumo.
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Assim, a determinação constitucional da elaboração do CDC foi feita para


que fosse compactado em um único código diversos princícipos que já eram vistos na
legislação americana, ou seja, estabeleceu direitos básicos dos consumidores e definiu
regras claras para as relações de consumo, refletindo princípios semelhantes aos
adotados na legislação consumerista norte-americana.

Portanto, a pesquisa histórica nos Estados Unidos e no Brasil revela a


evolução complexa e multifacetada do movimento de defesa do consumidor em cada
país. Enquanto nos EUA o consumerismo atingiu seu ápice e posteriormente declinou,
no Brasil a defesa do consumidor emergiu em um contexto de transição para a
desregulação, enfrentando desafios específicos relacionados ao processo de
industrialização e desenvolvimento econômico. Essas diferentes trajetórias históricas
destacam a importância de compreender as origens e os desenvolvimentos do
movimento de defesa do consumidor para promover a proteção efetiva dos direitos dos
consumidores em âmbito nacional e internacional.

(b)
Contexto da Legislação de Proteção ao Consumidor no Brasil

O Movimento de Defesa do Consumidor no Brasil teve origem em um


contexto de reivindicação da sociedade civil por uma regulação das relações de
consumo, especialmente no período final dos governos de ditadura civil-militar. A
necessidade de proteção adequada aos consumidores, também, foi destacada pela
Resolução nº 39/248 de 16 de abril de 1985 da Organização das Nações Unidas, dado
destaque ao tema no âmbito internacional.

O movimento surgiu da percepção da vulnerabilidade dos consumidores


em relação aos produtores e prestadores de serviços, evidenciando a necessidade de
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garantir direitos e equilíbrio nas relações de consumo. Organizações como o Instituto


Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) foram fundamentais nesse processo,
atuando ativamente na defesa dos direitos dos consumidores e pleiteando a inclusão
desses direitos na Constituição Federal.

Ademais, a legislação de proteção ao consumidor passou por diversas


transformações ao longo do tempo. Antes do Código de Defesa do Consumidor (CDC)
de 1990, as relações de consumo eram regidas pelo Código Civil de 1916, que não
contemplava de forma adequada os direitos dos consumidores. A aplicação do Código
Civil nas relações de consumo no Brasil gerou diversos equívocos e lacunas na
proteção dos consumidores. Isso porque o Código Civil não previa direitos específicos
para os consumidores e tratava as relações de consumo de forma semelhante às relações
civis comuns.

Destarte, abaixo consegue de forma resumida alguns dos marcos mais


importantes na história da defesa do consumidor no Brasil, que serão mais
desenvolvidos no relatório final:

(i) 1976: Criação do Sistema Estadual de Defesa do Consumidor, posteriormente


conhecido como Procon, em São Paulo, como o primeiro órgão oficial estadual
brasileiro dedicado a orientar os consumidores e resolver conflitos nas relações
de consumo.

(ii) 1990: Elaboração do Código de Defesa do Consumidor (CDC) em um contexto


de abertura política no Brasil.

(iii) 1996: Transformação do Procon-SP na Fundação de Proteção e Defesa do


Consumidor, garantindo maior autonomia e sendo considerado um modelo para
o sistema brasileiro de defesa do consumidor.
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(iv) 2000: Identificação de novas cláusulas abusivas pelo Departamento de Proteção


e Defesa do Consumidor (DPDC), anexadas ao CDC.

(v) 2006: Implantação do Sistema Nacional de Informação de Defesa do


Consumidor (Sindec) pelo DPDC, informatizando e unificando os Procons de
todo o Brasil.

Portanto, a criação de legislação foi essencial para a consolidação de uma


luta que garantisse mais direitos e equidade nas relações de consumo. Originado em um
contexto de reivindicação por regulamentação durante os últimos anos da ditadura civil-
militar, o movimento ganhou força com a percepção da vulnerabilidade dos consumidores
frente aos produtores e prestadores de serviços. De forma que a criação do Código de
Defesa do Consumidor em 1990 representou um marco fundamental nessa trajetória,
estabelecendo direitos claros e regras para as relações de consumo.

(c)
A relação entre a luta pelos direitos do consumidor com a redemocratização do
país: A Constituição de 1988 e o direito do consumidor.

A incorporação das reivindicações dos consumidores na constituição


brasileira é fundamental para assegurar relações de consumo justas e equitativas. Já
que a atuação do Movimento de Defesa do Consumidor para inclusão de um norte para
os direitos do consumidor na Constituição Federal de 1988 evidenciam a importância
de reconhecer a vulnerabilidade dos consumidores e promover a proteção de seus
direitos.

Desse modo, o constituinte brasileiro, ciente disso, não só assegurou os


direitos do consumidor como princípio fundamental, mas também instruiu o legislador
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a criar um sistema normativo que garantisse essa proteção. O Código de Defesa do


Consumidor (CDC), ao estabelecer um microssistema de direitos e deveres nas relações
de consumo, aproxima suas normas da realidade que regula de forma mais efetiva.

Essa abordagem contrasta com a tradição dos códigos de direito privado,


que foram construídos sob a lógica liberal-individualista dos séculos XVIII e XIX. A
razão para essa característica do direito do consumidor reside, em parte, na origem do
conceito de consumidor na teoria econômica e na própria estrutura do código, que
define os sujeitos da relação de consumo (consumidor e fornecedor) para determinar a
proteção.

A constitucionalização do direito civil, presente na Constituição de 1988,


também afeta o direito do consumidor. A propriedade, a família e outras questões do
direito privado são extensivamente reguladas pela Carta Magna, rompendo com a
estabilidade e segurança pretendidas pelo Código Civil de 1916. Isso determina ao
intérprete e ao legislador a tarefa de ajustar o direito civil à nova Constituição.

Vale ressalvar que a proteção conferida ao consumidor não viola o


princípio da igualdade, pois busca equalizar uma relação que é faticamente desigual,
em que os agentes econômicos possuem poder econômico ou conhecimento técnico
desproporcional. A ideia de igualdade baseada na liberdade contratual entre partes
iguais é uma concepção do liberalismo que não se aplica às relações econômicas
contemporâneas, onde o consumidor precisa de proteção frente a fornecedores mais
poderosos.

Este movimento ocorreu, pois durante o regime civil-militar que vigorou


no Brasil por mais de duas décadas. Os direitos dos consumidores eram frequentemente
negligenciados, e as práticas abusivas por parte de empresas e fornecedores eram
comuns devido à falta de regulamentação e fiscalização eficazes.
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Além disso, a redemocratização permitiu a criação e fortalecimento de


órgãos de defesa do consumidor, como os Procons, que passaram a atuar de forma mais
efetiva na proteção dos direitos dos consumidores e na resolução de conflitos. A
transição para um regime democrático proporcionou um ambiente mais propício para
a conscientização e em poder amento dos consumidores, bem como para a
implementação de políticas públicas voltadas para a defesa do consumidor.

Assim, a luta pelos direitos do consumidor no Brasil se relaciona


diretamente com a redemocratização do país, pois a consolidação da democracia
permitiu avanços significativos na proteção dos consumidores e na promoção de
relações de consumo mais justas e equilibradas.

A legislação brasileira, em especial o Código de Defesa do Consumidor,


reconhece o consumidor como sujeito de direitos em situação de vulnerabilidade em
relação aos fornecedores de produtos e serviços. A criação de princípios e regras para
equilibrar as relações de consumo e proporcionar acesso à Justiça reflete a preocupação
em garantir a proteção dos consumidores.

Portanto, a atuação do Estado democrático de direito, que visa garantir os


interesses da sociedade civil na regulamentação e fiscalização, contribuiu para que as
relações de consumo se tornassem cada vez menos selvagens, e proporciona a
promoção de um ambiente mais justo e seguro para os consumidores.

(d)
Resistências e Desafios na Implementação do Código de Defesa do Consumidor

A implementação do Código de Defesa do Consumidor no Brasil


enfrentou resistências e desafios por parte de setores empresariais que temiam
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prejuízos e impactos negativos em suas atividades. A oposição de entidades como a


Fiesp, Abinee e Federação do Comércio evidenciou as divergências em relação à
regulação das relações de consumo.

A resistência à implementação do CDC refletiu interesses setoriais e a


preocupação com possíveis impactos econômicos para as empresas. A necessidade de
equilibrar os direitos dos consumidores com as demandas do mercado gerou debates e
controvérsias sobre a efetividade e aplicação das normas de proteção do consumidor.

Apesar das resistências e desafios enfrentados, a implementação do


Código de Defesa do Consumidor representou um avanço significativo na proteção dos
direitos dos consumidores no Brasil. A superação das divergências através de decisões
judiciais e a efetiva aplicação das normas são essenciais para garantir a eficácia da
proteção do consumidor e a promoção de relações de consumo mais justas e
equitativas.

(e)
Proteção aos Direitos Básicos do Consumidor

A defesa do consumidor, como direito fundamental, exige a


implementação de normas específicas e medidas de caráter interventivo para sua
efetivação. A lei, ao realizar o conteúdo desse direito fundamental, possui um status
diferenciado em relação às demais normas legais, conferindo-lhe um caráter
preferencial. Além disso, a legislação consumerista estabelece um Sistema Nacional
de Defesa do Consumidor, garantindo a coerência e homogeneidade na proteção dos
consumidores no Brasil.

A proteção da saúde e segurança do consumidor é um dos pilares


fundamentais da legislação consumerista brasileira, incorporada pela Constituição de
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1988. Esse direito visa garantir que os produtos e serviços colocados no mercado não
representem riscos à saúde ou segurança dos consumidores.

O Código de Defesa do Consumidor estabelece que os produtos e serviços


devem atender aos padrões de qualidade e segurança estabelecidos pelas normas
técnicas e pelos órgãos competentes. Além disso, as empresas são responsáveis por
informar de forma clara e adequada sobre os riscos que seus produtos ou serviços
possam apresentar.

Para isso, as empresas são obrigadas a fornecer informações como


características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade,
entre outros aspectos relevantes. Além disso, é fundamental que essas informações
sejam prestadas de forma clara e acessível, de modo a permitir que os consumidores
façam escolhas conscientes e informadas.

Assim, a garantia de um ambiente de consumo saudável e sustentável é


um princípio fundamental da legislação consumerista brasileira, incorporado pela
Constituição de 1988. Esse princípio visa assegurar que o consumo não comprometa a
saúde e qualidade de vida das pessoas, bem como que seja realizado de forma a
promover o desenvolvimento sustentável.

Apesar dos avanços legislativos nesse sentido, ainda há desafios a serem


superados, como a conscientização dos consumidores sobre a importância da
sustentabilidade e a necessidade de políticas públicas mais efetivas nesse sentido. É
fundamental, portanto, promover a educação ambiental para o consumo, incentivando
práticas sustentáveis e responsáveis por parte dos consumidores e das empresas.

A Constituição de 1988 e o Código de Defesa do Consumidor garantem


aos consumidores o acesso à justiça e a efetiva reparação de danos decorrentes de
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práticas abusivas ou ilegais por parte das empresas. Isso inclui a possibilidade de os
consumidores recorrerem ao Poder Judiciário para resolver conflitos de consumo, bem
como de serem indenizados por eventuais prejuízos sofridos.

No entanto, apesar das garantias legais, ainda existem desafios para a


efetivação desse direito, como a morosidade e a burocracia do sistema judiciário, a falta
de recursos para a defesa dos direitos dos consumidores e a desigualdade de acesso à
justiça. Nesse sentido, é fundamental fortalecer os mecanismos de acesso à justiça,
promovendo a simplificação e agilização dos procedimentos, bem como a ampliação
do acesso dos consumidores à assistência jurídica gratuita.

3.2. Cronograma

Março 2024: elaborar rol dos novos direitos do consumidor conquistados


na Constituição de 1988, considerando uma conquista ampliada desses
direitos

Abril 2024 a maio 2024: Elaborar texto-resenha com análise do impacto


dos novos direitos constitucionais conquistados.

Junho 2024: examinar resultados práticos das novas conquistas


constitucionais, mediante a apresentação de julgados relevantes
proferidos à luz desses novos direitos;

Julho 2024: elaborar relatório final, primeira versão para avaliação do


orientador

Agosto – Concluir relatório final até 10/10/2024


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24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Antonio Carlos; NERI, Paulo de Tarso (Org.). 20 anos do Código de Defesa do
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