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Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na

proteção às garantias constitucionais dos consumidores

AVANÇOS E RETROCESSOS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA


PROTEÇÃO ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DOS CONSUMIDORES
Advances and backgrounds of the Supreme Federal Court in protecting consumer
constitutional guarantees
Revista de Direito do Consumidor | vol. 134/2021 | p. 405 - 426 | Mar - Abr / 2021
DTR\2021\6899

Maria Eduarda Gropp


Mestranda bolsista 100% no Programa de Excelência do PPGD-UNINTER, na área de
concentração Estado, Poder e Jurisdição. Membro do Grupo de Pesquisa Jurisdição,
Processo e Direitos Fundamentais dos consumidores: avanços, retrocessos e
perspectivas, junto ao Centro Universitário Internacional UNINTER, sob a coordenação
da Professora Dra. Andreza Cristina Baggio. Professora do Centro Universitário DANTE
(UNIDANTE). Advogada. meduarda.gropp@gmail.com

Andreza Cristina Baggio


Doutora em Direito Econômico e Socioambiental pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná. Professora no Mestrado em Direito do Centro Universitário Internacional
(UNINTER), área de concentração Poder, Estado e Jurisdição, Linha de Pesquisa
Jurisdição e Processo na Contemporaneidade”, líder do grupo de pesquisa “Processo e
Efetividade da Tutela Jurisdicional”. baggio.andreza@gmail.com

Área do Direito: Consumidor


Resumo: Este artigo objetiva demonstrar a efetividade das garantias constitucionais dos
consumidores quando as lides são submetidas à apreciação do Supremo Tribunal Federal
– STF. A relevância deste estudo se dá em razão da necessidade de se verificar a
concretude dos comandos constitucionais no desenrolar do processo, ou seja, no
exercício da jurisdição na contemporaneidade. Isto porque, tais garantias foram criadas,
pela Constituição Federal de 1988, em atendimento a diretrizes da ONU; e, na
sequência, alicerçadas no ordenamento infraconstitucional pelo Código de Defesa do
Consumidor – CDC. Para tanto, através de uma pesquisa quantitativa, qualitativa
bibliográfica de caráter exploratório, visou-se demonstrar a inclinação das decisões
(acórdãos) exaradas pelo Supremo Tribunal Federal – STF, na esfera do direito do
consumidor, com o fito de identificar a efetiva proteção das garantias constitucionais dos
consumidores. Assim, foram investigados acórdãos a partir do ano de 2010 até 2020. O
trabalho está dividido em três tópicos. O primeiro, para contextualizar a temática, versa
sobre a origem e criação das garantias constitucionais do consumidor no Brasil; o
segundo tópico tem por proposição a sociedade de consumo, o mercado e o judiciário na
contemporaneidade. No terceiro tópico, se verifica a análise dos acórdãos e
apresentação dos resultados das coletas de dados no STF. Por derradeiro, as
considerações finais são apresentadas.

Palavras-chave: Consumidor – Garantias constitucionais – STF – Decisões – Processo


Abstract: This article aims to demonstrate the effectiveness of consumers’ constitutional
guarantees when disputes are submitted to the Supreme Federal Court – STF. The
relevance of this study is due to the need to verify the concreteness of constitutional
commands in the course of the legal procedure, that is, in the exercise of jurisdiction in
contemporary times. This is because such guarantees were created, by the 1988 Federal
Constitution, in compliance with UN guidelines; and, subsequently, based on the
infraconstitutional order by the Consumer Protection Code – CDC. To this end, through a
quantitative, bibliographic research of an exploratory nature, the aim was to
demonstrate the inclination of the decisions (judgments) issued by the Supreme Federal
Court – STF, in the sphere of consumer law, in order to identify the effective protection
of guarantees constitutional rights of consumers. Thus, judgments were investigated
from the year 2010 to the present day, in the year 2020. The work is divided into three
topics. The first, to contextualize the theme, is about the origin and creation of
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proteção às garantias constitucionais dos consumidores

constitutional guarantees for consumers in Brazil; the second topic proposes the
consumer society, the market and the judiciary in contemporary times. In the third
topic, an analysis of the judgments and presentation of the results of data collection in
the STF. Finally, the final considerations.

Keywords: Consumer – Constitutional Guarantees – STF – Precedents – Process


Para citar este artigo: GROPP, Maria Eduarda; BAGGIO, Andreza Cristina. Avanços e
retrocessos do Supremo Tribunal Federal na proteção às garantias constitucionais dos
consumidores. Revista de Direito do Consumidor. vol. 134. ano 30. p. 405-426. São
Paulo: Ed. RT, mar./abr. 2021. inserir link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA
Sumário:

1. Introdução - 2. A garantia constitucional de proteção ao consumidor no Brasil - 3. A


sociedade de consumo, o mercado e o judiciário - 4. A análise dos acórdãos e
apresentação dos resultados das coletas de dados no STF - Considerações finais -
Referências

1. Introdução

Num Estado Democrático de Direito, ao Poder Judiciário é atribuída a função de apreciar


e julgar conflitos pela aplicação das leis. No Brasil, o cumprimento desta tarefa encontra
regulamentação na Constituição Federal de 1988, Regimentos Internos dos Tribunais e
outras legislações esparsas. Diante de tais considerações, importantes destacar que a
Corte Constitucional Brasileira, tem, entre suas atribuições, a de salvaguardar direitos e
garantias fundamentais, incluídos os Direitos dos Consumidores.

A tutela jurisdicional do consumidor é exercida em todas as esferas judiciais e em cada


Tribunal é possível se aferir ampliação ou minoração à proteção dos consumidores nas
decisões. Este estudo visa demonstrar a curva de inclinação de julgamentos dentro do
Supremo Tribunal Federal – STF. Em outras palavras, pretende-se demonstrar se esta
Corte de fato tem proferido decisões de modo a aplicar as normas constitucionais
contidas nos incisos XXXII e LIV do artigo 5º e artigo 170 da Constituição Federal de
1988 ou em sentido contrário, se nega a vulnerabilidade do consumidor, proferindo
decisões, que, em certa medida, tendem a esvaziar a aplicabilidade da legislação
protetiva aos consumidores.

Para tanto, este estudo foi desenvolvido em três capítulos, o primeiro, à guisa de
contextualizar o tema, tratou da origem e criação das garantias constitucionais do
consumidor no Brasil. O segundo tópico descreveu a sociedade de consumo, trazendo
alguns conceitos e características desta, passando pela influência do mercado no Estado,
e na sociedade como um todo, encerrando com uma explanação acerca do Judiciário na
contemporaneidade, considerando a crise do Judiciário e seus impactos para os
resultados de decisões judiciais. Por fim, foi feita a análise dos acórdãos e apresentação
dos resultados das coletas de dados no STF.

A relevância deste estudo se dá em razão da necessidade de se verificar a concretude


dos comandos constitucionais no desenrolar do processo, ou seja, no exercício da
jurisdição pelo STF na contemporaneidade. A pesquisa se deu pelos métodos
quantitativo e dedutivo, sendo investigados acórdãos exarados pelo STF a partir do ano
de 2010 até os dias atuais, no ano de 2020. Optou-se por tal recorte temporal a fim de
analisar o tratamento dado aos direitos dos consumidores no período mais próximo ao
de 30 anos de vigência do Código de Defesa do Consumidor. O levantamento e a seleção
das decisões utilizadas para embasar este trabalho se deu com a busca na base de
dados do site do STF, no quadrante “consulta de jurisprudências” utilizando-se os termos
“consumidor e fornecedor” como parâmetro inicial.

Para afunilar a pesquisa e buscar dados mais precisos, foram excluídas decisões cuja
tônica versasse sobre áreas como penal, tributário e trabalhista, sendo contabilizados
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proteção às garantias constitucionais dos consumidores

somente acórdãos das relações de consumo cíveis e administrativas. O critério de


organização dos dados coletados se deu com a categorização das decisões em quatro
segmentos: inclinação ao consumidor, inclinação ao fornecedor, prejudicada análise de
mérito por questão processual e matéria preponderante diversa, resultando a busca num
total de 31 acórdãos.

2. A garantia constitucional de proteção ao consumidor no Brasil

A organização das Nações Unidas – ONU mantém debates e fóruns de discussão acerca
dos direitos do consumidor e do controle de mercado desde o ano de 1946. Tais eventos
culminaram com a feitura das Diretrizes das Nações Unidas em defesa do consumidor,
1
em especial a UN Guidelines for Consumer Protection , do ano de 1985, a qual
recomendou aos países ao redor do globo que promovessem proteção ampla e adequada
a todos os consumidores, considerando que estes são a parte mais vulnerável da relação
2
no mercado.

Decorrente desta Diretriz, o Brasil, pela da Constituição Federal de 1988 que contemplou
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em seu artigo 5º, inciso XXXII a necessidade de ampla proteção ao consumidor, alçou
este direito ao status de garantia fundamental, engajando-se nas recomendações da
ONU. Contudo, não somente no rol de incisos do artigo 5º da Carta Magna preconizou-se
4
a proteção ao consumidor, sendo também insculpida no artigo 170, V . No mesmo
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passo, em cumprimento ao artigo e 48 da CF/88 (LGL\1988\3), se deu maior
concretude à ampla defesa do consumidor, com a promulgação da Lei n. 8.079/1999 –
Código de Defesa do Consumidor – CDC (LGL\1990\40).

Analisando conjuntamente as Diretrizes da ONU, mormente a alteração realizada no ano


de 2015, o texto da Constituição Federal e o CDC (LGL\1990\40), é possível se extrair
princípios básicos que passaram a nortear as relações de consumo dos países signatários
da Diretriz, como o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de
consumo; a obtenção de proteção adequada para todos os consumidores; a garantia que
bens e serviços respondam às necessidades dos consumidores; o incentivo a níveis mais
altos de comportamento e negócios éticos; a prevenção de práticas comerciais abusivas;
facilitação ao desenvolvimento de grupos de consumidores independentes; a promoção
da cooperação internacional no campo de defesa do consumidor; o incentivo ao
desenvolvimento das condições de mercado, oferecendo aos consumidores melhores
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opções e preços mais baixos e promoção do consumo sustentável.

2.1. A proteção à vulnerabilidade do consumidor como garantia constitucional

O destaque da proteção ao consumidor se dá em razão da vulnerabilidade inerente a sua


condição de sujeito mais fraco em uma relação jurídica negocial. Nas palavras de Paulo
Valério Del Pai Moraes: “(...) vulnerar significa ferir, melindrar, ofender, o que induz à
ideia de que existem inúmeras formas de que os consumidores possam ser feridos,
7
melindrados, ofendidos”.

Para referido autor, este quadro de fragilidade do consumidor em relação ao fornecedor


se dá, portanto, em razão da falta de conhecimento daquele em relação as questões
técnicas, ou seja, o como fazer do produto ou serviço; também em razão da
vulnerabilidade jurídica, que se revela tanto em razão do desconhecimento
técnico-jurídico do consumidor quanto da impossibilidade de, em muitos casos, acessar
um profissional do direito que promova da melhor forma a defesa necessária, sendo
litigantes eventuais.
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Paulo Valério Dal Pai Morais fala também da vulnerabilidade política ou legislativa, uma
vez que as instituições jurídicas e legislativas são fatores reais de poder, desconectadas,
por vezes, da vontade da maioria ou mesmo atendendo as necessidades desta minoria;
da vulnerabilidade neuropsicológica, haja vista o consumidor é examinado a fundo pelo
fornecedor, a fim de propiciar estímulo ao consumo em níveis fisiológicos e psicológicos;
da vulnerabilidade econômica e social, que decorre da disparidade existente entre
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consumidores e agentes econômicos, que detém maior capacidade de imposição de


vontade de forma unilateral.

E, por fim, trata o autor da vulnerabilidade ambiental, resultante da produção


massificada, obsolescência programada, destarte de bens e imensa produção de lixo e
outros malefícios como produção e emissão de gases poluentes e, por fim, da
vulnerabilidade tributária, haja vista que ao consumidor são repassados inúmeros
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impostos e tributos os quais não se exime de pagar. Para Novacki e Baggio:

“É preciso ter em conta que as relações de consumo são relações marcadas pela
desigualdade, bem como que a vulnerabilidade do consumidor é seu traço característico.
Umas das principais funções da Jurisdição é a promoção da justiça social e, para isto,
necessária a promoção do equilibro destas relações. Como explica Jonatas Moreira de
Paula65, ‘com isso, possibilita-se a atuação jurisdicional à medida que as partes
litigantes estão equilibradas no processo e propicia a realização da justiça social. Daí
afirmar que a legitimidade da atividade ocorrerá com a igualização das partes na relação
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processual e com o atendimento dos fins prescritos do art. 3º, da CF (LGL\1988\3)’.”

Ademais, em situações específicas, as particularidades de determinados sujeitos


agravam a relação de fragilidade do consumidor para com o fornecedor, a estes é
possível categorizar como hipervulneráveis, porquanto há a superação da ideia genérica
do desconhecimento de informação, menor capacidade econômica, técnica, etc. e neste
sentido, se inclui os idosos, as crianças e adolescentes, os incapazes, os analfabetos, as
grávidas, os deficientes físicos ou que possuem menor capacidade intelectual, dentre
outros, porque não se está a tratar de um rol taxativo de situações.

Para além das hipóteses anteriormente mencionadas, insta observar situações em que o
consumidor torna-se dependente do contrato celebrado entre si e o fornecedor, como
nos casos de contratos de longa duração, aonde se verifica maior necessidade do
consumidor na manutenção do contrato do que pelo fornecedor, fazendo com que
aquele, eventualmente se sujeite a alterações unilaterais, capazes de tornar as
obrigações demasiadamente onerosas, o que caracteriza uma ranhura no princípio da
boa-fé e da confiança, porquanto se aproveitando da fragilidade extrema do consumidor,
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o fornecedor impõe suas condições para a manutenção do contrato.

A preocupação com a proteção do consumidor, em verdade, se verifica desde a


antiguidade, em tempos em que as relações de consumo se regulamentavam por
legislações esparsas, e que gradativamente, foram se fortalecendo a ponto de originar
um ramo do direito civil, cujo reconhecimento se deu com amparo da doutrina,
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jurisprudência, bem como questões de natureza política, sociológica e econômica.
Aliás, importante destacar que, para além de ser uma norma de direito civil apenas, o
Código de Defesa do Consumidor é um verdadeiro microssistema de proteção aos
consumidores, uma vez que alberga normas de direito penal, direito processual, direito
administrativo. Destaque-se, inclusive, que as normas sobre processo coletivo no direito
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brasileiro encontram-se substancialmente no Código de Defesa do Consumidor.

Dessa forma, considerando a fragilidade do consumidor, internacionalmente


reconhecida, emerge a proteção ao consumidor com status de direito/garantia
fundamental na CF/88 (LGL\1988\3). Por conseguinte, é possível se afirmar que
compete à Corte Constitucional Brasileira, ao escrutinar casos pertinentes ao Direito das
Relações de Consumo, observando as diretrizes anteriormente descritas, cumprir seu
papel de Órgão Estatal, promotor da proteção dos consumidores, de maneira que o
destaque atribuído à Jurisdição, como braço do Estado – Poder Judiciário – para
promover a salvaguarda dos consumidores, decorre da condição de Estado Democrático
de Direito, no qual está inserido o Brasil.

Nos moldes da forma Republicana de governo, resta estabelecida a tripartição de


Poderes para que se garanta um equilíbrio harmônico entre Executivo, Legislativo e
Judiciário, também chamado de sistema de freios e contrapesos. Todavia, atualmente se
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amplia o debate acerca da atuação do Judiciário, eis que, por vezes, este tem agido de
modo a sobrepujar sua atuação constitucional sob o pálio de argumentos pós-positivistas
que ampliam, por exemplo, a hermenêutica no contexto do Neoconstitucionalismo.

Dentre os aspectos que permeiam estas decisões, por vezes contra-legem, e no caso do
Direito do Consumidor, contra a própria proteção Constitucional estabelecida em 1988,
advêm de diversos fatores, mas a globalização é, sem dúvida, a mola propulsora da
imposição econômica mundial, e assim sendo, os julgadores dos Tribunais e das Cortes
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Constitucionais, levam em conta impactos econômicos das decisões proferidas.

Todavia, ao julgar de modo a privilegiar o mercado em detrimento aos preceitos


constitucionais, é possível se observar um afastamento dos deveres originais do Poder
Judiciário, que passa a ter uma atuação ativista, geradora de conflitos com a própria
noção de Democracia, “o que produz a sensação de mitigação da Soberania, em razão
da discrepância do cumprimento das Leis e da própria Constituição pelo Judiciário,
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malogrando em dar resposta adequada à Sociedade”.

A intensidade ou quantidade da judicialização, em que pese também componha o


problema das crises, não é a questão central do problema. Isto porque, o ponto nodal
versa sobre como as questões judicializadas devem ser decididas, uma vez que, se o
Poder Judiciário passa a ocupar um papel institu-cional de maior destaque frente aos
demais Poderes, por consectário, tal atuação deverá obedecer a limites para que sejam
democráticas, assim, a reflexão sobre a necessidade de uma teoria da decisão é uma
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legítima para a manutenção do Estado Democrático de Direito.

3. A sociedade de consumo, o mercado e o judiciário

Vive-se em uma sociedade movida pelo consumo, cujas raízes se deitam no século
XVIII, com a primeira Revolução Industrial, seguida da segunda, terceira, passando pela
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era da modernidade, da pós modernidade e da hipermodernidade. É chegado o
momento em que “(...) a comercialização dos modos de vida não mais encontra
resistências estruturais, culturais nem ideológicas; e em que as esferas da vida social e
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individual se reorganizam em função da lógica do consumo”.
19
Nas premissas de Dufour, a sociedade atual, por ele chamada de “ego-gregária” ,
caminhou para os parâmetros de consumo hoje presentes e atualmente adora um “deus”
diverso do transcendental: o Mercado. Isto porque, com a automação e o crescimento da
produção de bens de consumo, ocorreu a ampliação do escoamento da produção, e,
pouco a pouco, os influentes donos do Capital, com o auxílio de políticas econômicas,
puderam alargar os caminhos das ofertas ao povo. Em concomitância, o afastamento do
transcendental facilitou o ceticismo e a vontade das pessoas em viver, nesta vida, todas
das experiências possíveis, dada a dúvida na existência nos pós-morte. A ideia de não
mais se refrear e satisfazer imediatamente os desejos do ser humano toma conta do
inconsciente coletivo – laissez-faire, fazendo com que a fome de consumo aumente cada
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vez mais; o que naturalmente, beneficia o Mercado.

Com a revolução tecnológica, ocorrida a partir do século XX, pôde-se observar mais
mudanças no comportamento social, à medida em que a rotina das pessoas é alterada
pela tecnologia, pois cada vez mais o homem está conectado e dependente dos gadgets
e das redes para se comunicar, negociar, comprar, vender etc., o que novamente
contribui para a tenacidade do acesso ao consumo por diversas camadas sociais ao redor
do globo. Os indivíduos se sentem pertencentes a um rebanho, ou se sentem valiosos
quando conseguem alcançar os objetos que, para ele, simbolizam o sucesso, realização
pessoal, ou em última análise, dignidade.

Considerando o contexto social da era da hipermodernidade, aonde pessoas são


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valoradas de acordo com o que possuem, segundo o pensamento de Lipovetsky , há o
acesso ao consumo, ao luxo, à moda, dentro de cada camada social, e, portanto, se o
indivíduo, dentro de suas possibilidades financeira, acessa os símbolos que para ele são
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criados pelo Mercado, sentindo-se pertencente à coletividade, não há que se falar em


vilania do Mercado, uma vez que, além do consumo, outro modo de vida não há, ou se
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existe, torna a vida do indivíduo bastante restrita e até mesmo marginal.
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Entretanto, para atender esta satisfação descrita por Lipovetsky , é importante levar
em conta que, para que o sujeito realize escolhas de consumo de maneira livre e
consciente não pode ser privado se suas capacidades, e aqui leia-se: acesso a saúde,
alimentação, capacidade de trabalho, percepção de renda etc. Nesse sentido, Amartya
Sen defende que

“(...) ao analisar a justiça social, há bons motivos para julgar a vantagem individual em
função das capacidades que uma pessoa possui, ou seja, das liberdades substantivas
para levar o tipo de vida que ela tem razão para valorizar. Nesta perspectiva, a pobreza
deve ser vista como privação de capacidades básicas em vez de meramente como
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privação de renda, que é o critério tradicional de identificação da pobreza.”

Portanto, a chave para uma vida digna na sociedade atual guarda relação com o binômio
renda versus realizações, haja vista que a balança da boa vida é feita entre mercadorias
e capacidades, riquezas econômicas e capacidades do indivíduo de viver como gostaria,
isto porque, a privação da liberdade econômica ocasiona por consequência, privação de
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outras liberdades como a social e a política.

Contudo, a realidade apresenta um paradoxo, na medida em que nem toda a população


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mundial tem suas capacidades concretizadas, notadamente em países
subdesenvolvidos, aonde problemas como miséria, falta de acesso a educação, saúde e
renda são recorrentes. Nesse aspecto, considerando que o norte deste trabalho é a
análise do movimento jurisdicional brasileiro, importa considerar a realidade deste país
quanto às capacidades (econômicas, sociais e políticas) da população.

De acordo com o relatório anual do Banco Mundial do ano de 2019, o Brasil é classificado
como um país de renda média-alta, considerando o PIB, o número da população total,
matrículas escolares, emissão de CO2, linha da pobreza nacional, expectativa de vida,
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RNB per capita e Statistical Capacity Score. Isto naturalmente impacta na forma como
se consome, do quanto se sofre influência do mercado, o quanto tem-se autonomia para
identificar as necessidades de consumo, até que ponto o sujeito mais capacitado
econômica, política e socialmente liberto tem o discernimento para ceder aos estímulos
das ofertas e de que modo busca a felicidade e a realização através do ato de consumir.

Por consectário, as mudanças verificadas na sociedade igualmente produzem reflexos


dentro do Poder Judiciário, haja vista que as Instituições são compostas por indivíduos,
inseridos da sociedade e que naturalmente estão expostos aos efeitos da
hipermodernidade. O Ordenamento Jurídico Brasileiro, garante a seus cidadãos um
amplo acesso a justiça, na medida em que a Constituição Federal de 1988 preconizou no
inciso XXXV do artigo 5º, a inafastabilidade de apreciação de questões relativas à lesão
28
ou ameaça de direito , bem como no inciso LIV preconiza a não privação de liberdade e
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de acesso aos próprios bens sem o devido processo legal . Para corroborar com este
acesso e a garantia do devido processo legal, diversas leis infraconstitucionais, como o
Código de Defesa do Consumidor – CDC (LGL\1990\40), o Código de Processo Civil –
CPC (LGL\2015\1656), ou mesmo Leis esparsas como a Lei 1.060/1950 (LGL\1950\1) –
Assistência Judiciária, trataram de garantir que a população brasileira, em geral, tenha a
possibilidade de submeter seus conflitos jurídicos ao judiciário quando necessário.

Este crescimento do acesso à justiça, embora positivo no sentido de cumprir uma


Garantia Fundamental Constitucional e propiciar à população, independentemente da
capacidade econômica que possua o indivíduo, alcance o Judiciário para buscar seus
direitos, igualmente trouxe um assoberbamento de demandas, resultando no que muitos
30
autores chamam de “Crise do Poder Judiciário”. Para Ovídio Baptista da Silva: “(...) o
que está em crise é o sistema. Certamente não apenas o sistema processual. A crise do
Poder Judiciário é reflexo de uma mais ampla e profunda crise institucional, a que
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envolve a modernidade e seus paradigmas”.

Tais paradigmas tratam de situações nas quais, embora legalmente preconizado, o


Acesso à Justiça, na prática é obstado à parte das pessoas em razão da própria
vulnerabilidade do consumidor ou falhas do próprio Estado, dada a educação precária,
questões culturais, como falta de crença nas Instituições, o alto custo do processo,
embora haja legislação para assistência judiciária, a longevidade do processo, apesar de
toda a automação já existente no Judiciário, dentre outras circunstâncias.

Nesse diapasão, superando indagações numéricas, ou seja, o enorme volume de


demandas que atualmente são submetidas ao judiciário, e, aqui em grande medida, se
inserem as de consumo, igualmente fazem parte das questões que permeiam as crises
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interconectadas temas como políticas públicas, ativismo judicial,
neoconstitucionalismo, democracia, ascensão do judiciário, dentre outros, que de fato,
influenciam no movimento das decisões das Cortes Constitucionais, de maneira que
enfrentar uma análise acerca da jurisdição enquanto Poder Judiciário, pilar da
Democracia Tripartida, e, em especial, a atuação da Jurisdição Constitucional dentro da
seara dos Direitos Fundamentais dos Consumidores, é de grande relevância, porquanto a
efetividade desta prestação requer constante observância para que não tenha efeito
meramente simbólico.

4. A análise dos acórdãos e apresentação dos resultados das coletas de dados no STF

Neste capítulo serão analisados acórdãos oriundos do Supremo Tribunal Federal, no


período compreendido entre 2010 a 2020, cuja base decisória seja a defesa do
consumidor. O recorte temporal foi escolhido em razão da expressão dos direitos e
garantias fundamentais dos consumidores na contemporaneidade. Para tanto, a
prospecção dos dados se deu com a pesquisa de julgados na base de dados do sítio
eletrônico do Supremo Tribunal Federal, dentro do campo de busca de jurisprudência.
Foram utilizadas, inicialmente, as palavras “consumidor e fornecedor” como parâmetros
de seleção, resultando em 31 acórdãos. A fim de afunilar a pesquisa e melhor apurar os
resultados, foram excluídos, manualmente, e desconsiderados para o fim desta
pesquisa, julgados de cunho penal, tributário e trabalhista, sendo selecionadas decisões
eminentemente de relações de consumo cíveis ou administrativas. Igualmente restaram
filtradas e excluídas da investigação decisões monocráticas, repercussão geral, súmulas,
súmulas vinculantes, decisões da Presidência, informativos e questões de ordem,
chegando-se a efetiva análise de 19 acórdãos, através dos quais foi possível verificar a
inclinação do Supremo Tribunal Federal em julgar de modo mais ou menos protetivo ao
consumidor.

Importante ressaltar, que os Acórdãos coletados são oriundos tanto do controle difuso
quanto do concentrado de Constitucionalidade. Em seguida, realizado o levantamento
numérico dos dados encontrados, realizou-se a separação manual das informações, a fim
de se demonstrar a inclinação das decisões graficamente.

Número de acórdãos com referência das 31


palavras palavra “Consumidor e
Fornecedor”
Número de acórdãos excluídos por 3 (RE 958.252/ MG – MINAS GERAIS; RE
desconexão ao tema central (penal, 760.931/DF – DISTRITO; HC 118.322/MS –
trabalhista e tributário) MATO GROSSO DO SUL)
Número de acórdãos excluídos por ausência 9
de apreciação de mérito por questão
processual (seguimento negado,
inadmissibilidade ou desprovimento por
ausência de repercussão geral)
Período das decisões 2010 a 2020.
Julgados com análise de mérito 8
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constitucional com inclinação pró


consumidor
Julgados com análise de mérito com 11
inclinação pró-fornecedor

Tabela manualmente construída com base nos dados coletados diretamente do site do
STJ.

Primeiramente, conforme se verifica a partir dos dados anteriormente demonstrados, é


possível se identificar que muitos recursos direcionados ao Supremo Tribunal Federal
sequer chega a ter o mérito analisado. Isto porque, as inúmeras regras processuais que
permeiam os recursos, por vezes, criadas pelo Código de Processo Civil – CPC
(LGL\2015\1656), ou mesmo pelo próprio Tribunal julgador, através de súmulas,
orientações e entendimentos, acaba por tolher a análise das questões relativas ao
consumidor.

Sem pretender fazer juízo de valor acerca das regras processuais, o dado é importante,
porquanto impactante no resultado das decisões exaradas nos processos. Nesse sentido,
inclusive, seria possível, analisando o conteúdo destes julgados, verificar se os
resultados práticos das demandas são mais inclinados para fornecedor ou consumidor.
Entretanto, fato é que não é este o objeto da presente pesquisa, haja vista o que se
pretende demonstrar são os resultados de decisões do STF, em matéria de consumidor,
que realmente, protegeram a relação de consumo nos termos dos artigos 5º, inciso
XXXII e artigo 170 da Constituição Federal.

Portanto, embora os dados intitulados como “prejudicial de mérito” – aqui


compreendidos negatória de seguimento, inadmissibilidade ou desprovimento por
ausência de repercussão geral – não tenham impacto diretamente nesta investigação,
sua composição no gráfico de análise é de extrema relevância para que se confirme a
lisura dos dados cooptados. Isso se pode dizer acerca dos acórdãos intitulados “matéria
preponderante diversa”, porquanto no momento da busca, de fato se encontre com o
direito do consumidor, este não é o cerne do julgamento, versando este sobre direito
penal, trabalhista etc.

De maneira que importa centrar a exploração nos acórdãos exarados pelo STF ao longo
dos últimos dez anos, cuja análise do mérito constitucional e consumerista se tenha
perfectibilizado, caracterizando uma maior inclinação em favor do consumidor dos anos
de 2010 até 2015, e uma inversão, passando os anos de 2016, 2017 e 2018 a
preponderarem as decisões em prol do fornecedor.
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Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
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Ao aprofundar a análise dos acórdãos, é possível se extrair algumas temáticas


recorrentes que são submetidas à apreciação do Supremo Tribunal Federal, como: a
competência para legislar sobre matéria de direito do consumidor, à exemplo do que
ocorreu com a ADI n. 5.572/PR, cujo cerne da discussão versou sobre o serviço público
de telefonia móvel e internet, considerando o dever de informação quanto a velocidade
diária média dos serviços, conforme pretendia legislação estadual. Ao final, a fim de
conferir uma maior ênfase na competência legislativa concorrente dos Estados, sendo a
matéria excluída de matéria de contratos de telecomunicações, entendeu que:

“(...) a Lei Estadual 18.752/2016, ao obrigar que fornecedores de serviço de internet


demonstrem para os consumidores a verdadeira correspondência entre os serviços
contratados e os efetivamente prestados, não tratou diretamente de legislar sobre
telecomunicações, mas sim de direito do consumidor. Isso porque o fato de trazer a
representação da velocidade de internet, por meio de gráficos, não diz respeito à
matéria específica de contratos de telecomunicações, tendo em vista que tal serviço não
se enquadra em nenhuma atividade de telecomunicações definida pelas Leis 4.117/1962
e 9.472/1997. 5. Trata-se, portanto, de norma sobre direito do consumidor que admite
regulamentação concorrente pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da
33
Constituição Federal. 6. Ação Direta julgada improcedente.”

Um dos argumentos considerados pelos julgadores, no momento da apreciação da


questão acerca da competência é sempre que possível, propiciar uma maior
descentralização da competência em matéria de consumidor, a fim de garantir maior e
mais ampla proteção ao consumidor, especialmente quando consideradas as
particularidades das características e particularidades regionais. No mesmo sentido,
versando sobre a competência legislativa, casos semelhantes como os dos acórdãos
RE-AgR 1.181.244/SP; ADI 4.512/MS e ADI 2.905/MG, igualmente se verificou a
possibilidade de reconhecimento da ampliação da competência legislativa a fim de
assegurar maior alcance na defesa do consumidor. Note-se que em cada caso, o debate
da competência legislativa foi recorrente, contudo, os temas eram variados, como
informação nas telecomunicações, planos de saúde, publicidade e oferta de títulos de
capitalização etc.

A falha na prestação de serviços, com a condenação em danos morais e abusividade em


cláusulas contratuais, também foram objeto de acórdãos cooptados nesta análise,
resultando, nos casos do Agravo ARE-AgR 829.269/ES e Agravo ARE-AgR 1.159.154/SP
soluções preponderantes à manutenção das decisões de instâncias inferiores, que
reconheciam os danos e a necessidade de reequilíbrio da relação em prol do consumidor.

Contudo, em sentido contrário o fornecedor passa a ter ganhos nas decisões exaradas
nos seguintes casos: ADI 5.158/PE, demanda que versou sobre competência legislativa,
mas que acabou por entender que o pagamento de gorjeta não pode ser regulamentada
pelos estados-membro, sob o argumento da potencialização da defesa do consumidor,
pois se trata de questão pertinente à relação de trabalho. Ainda, a ADI 907/RJ, houve
por bem não reconhecer a competência do estado acerca da obrigatoriedade do
empacotador dos supermercados, pois além de se tratar de mera conveniência do
consumidor, é matéria trabalhista e ainda, acerca da competência a ADI-MC 4.533/MG
suspendeu a eficácia de legislação estadual versando sobre telecomunicações e o dever
de informações de débitos pretéritos do consumidor.

Para além das questões de competência, de forma bastante emblemática, as decisões


exaradas no RE 636.331/RJ e ARE 766.618/SP, estabeleceram a prevalência da
aplicação do Tratado de Varsóvia-Montreal sobre o CDC (LGL\1990\40) nas questões
referentes a parâmetros indenizatórios em casos de extravio de bagagens e prazo
prescricional para o ajuizamento dos pleitos desta natureza, caracterizando a vitória em
favor do fornecedor.

Restaria, portanto, identificar as razões pelas quais as decisões estudadas se inclinam


nos últimos anos em benefício do fornecedor. Contudo, a análise do caso a caso, em
Página 9
Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
proteção às garantias constitucionais dos consumidores

muito alargaria o presente estudo. Fato é que diversas são as hipóteses a serem
levantadas para responder a este questionamento, como: ideologia pessoal dos
34
julgadores, o surgimento da nova hermenêutica constitucional , o modo de influência
da política econômica, capacidade técnica menor ou maior dos litigantes, o grau de
influência que as partes, muitas vezes grandes corporações, têm sobre os julgadores, ou
até mesmo se esta é existente.

Uma das hipóteses levantadas neste estudo quanto a razão pela qual as Cortes de
justiça, e, em especial o Supremo Tribuna Federal decide de forma a privilegiar mais ao
fornecedor se referia a possíveis conexões ou reflexos de políticas econômicas praticadas
no país no momento das decisões. Tal questionamento é passível de resposta com base
em pesquisa realizada pela FGV no ano de 2009, a qual estabelece que

“(...) a mudança no cenário econômico, político e social, as alterações na legislação


material ou processual que afetam os direitos do consumidor, o surgimento de novas
teses jurídicas, a veiculação de notícias que divulgam direitos, bem como os meios de
consegui-los, também são fatores que contribuem para a instauração de conflitos entre
35
os fornecedores e os consumidores”.

Os fatores contributivos para a massificação de demandas e também para o resultado


dos julgamentos se dá, de acordo com os pesquisadores da FVG por fatores externos
como regulamentação legislativa e administrativa; e fatores internos como contexto
socioeconômico brasileiro, exercício de gestão empresarial e os impactos da
36
judicialização dos conflitos. Inserido nesta esfera, ainda é possível detectar os atores
inseridos nas demandas como determinantes para resultado favorável ou desfavorável
para os consumidores. Instituições bancárias, por exemplo, têm o condão de, na maioria
das vezes, alcançar decisões e sumular matérias de forma a beneficiar a si própria, a
despeito da vulnerabilidade do consumidor. Este fenômeno pode ser observado em razão
da relevância ou do impacto econômico que estes litigantes produzem diretamente na
37
ordem econômica do país, bem como os efeitos que produzem no mercado.

Contudo, uma derrota sofrida pelos Bancos no Supremo Tribunal Federal – STF, se deu
com o julgamento da ADI 2.591, através da qual a Confederação Nacional das
Instituições Financeiras, buscava a não aplicação do CDC (LGL\1990\40) às relações
entre bancos e clientes. No ano de 2006, o resultado do julgamento desta demanda pelo
STF, reconhecendo a subordinação da relação entre as Instituições Bancárias e seus
clientes ao CDC (LGL\1990\40), contribuiu para ampliar e massificar o ajuizamento de
demandas consumeristas. Prima facie, se pode afirmar ser uma conquista do CDC
(LGL\1990\40), todavia, pelos motivos acima mencionados, influência de mercado e
impacto econômico, muitas vezes embora submetidas ao judiciário, quando a demanda é
38
bancária, a inclinação das decisões pende ao fornecedor.

Sobre o tema, Novacki e Baggio:

“As relações entre consumidores e instituições financeiras têm sido objeto de diversos
questionamentos junto aos Tribunais Superiores, especialmente no Superior Tribunal de
Justiça. Muitos recursos têm tramitado sob o rito dos recursos repetitivos, havendo
também diversas súmulas acerca da temática, fato que faz com que os entendimentos
sedimentados tenham efeito vinculante. E, apesar de constatar-se inicialmente um
grande avanço, referente ao reconhecimento da incidência do Código de Defesa do
Consumidor às instituições financeiras, como já salientado neste estudo, recentemente
39
diversos retrocessos têm sido observados.”

Ainda, foi possível verificar que para além das questões relativas aos mecanismos
institucionais de proteção e de defesa do consumidor, o aumento das demandas é
impulsionado por questões estruturais relativas à melhoria das condições econômicas e
sociais da população brasileira, sendo o principal marco nessa área implementação do
Plano Real, que permitiu a estabilização da moeda, o controle da inflação e o
40
crescimento da economia.
Página 10
Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
proteção às garantias constitucionais dos consumidores

Isto porque, grande parte da sociedade passou a ter uma melhor condição de vida a
partir da estabilização da moeda o que permitiu uma maior inclusão social, na medida
em que a massa passou a fazer parte do mercado de consumo e consequentemente,
41
uma maior expressão de liberdade através do desenvolvimento.

Entretanto, não se pode olvidar do princípio da vedação ao retrocesso, que embora não
esteja largamente difundido entre os intérpretes do direito, tampouco se verifica
expressa positivação no ordenamento jurídico brasileiro, é de suma relevância para a
consolidação do Estado Constitucional Democrático de Direito, isto porque, é possível
afirmar que se trata de um desdobramento do princípio da democracia econômica e
social, cujas balizas ao legislador e ou outros órgãos encarregados da concretização
político-constitucional deverão se pautar na vedação da supressão ou minoração de
direitos fundamentais em níveis já alcançados e garantidos aos cidadãos; evitar que o
legislador ordinário venha a revogar integral ou parcialmente diplomas legais cuja
concretização dos direitos fundamentais tenha se efetivado; proteção do rol dos direitos
fundamentais sociais, notadamente os tocantes a existência mínima e a dignidade
humana; a invalidação de norma, por inconstitucionalidade, quando esta revogar norma
infraconstitucional concessiva de um direito, desacompanhada de uma política
42
equivalente.

As conquistas históricas relativas aos direitos fundamentais, não podem ser


desprezadas, pois tal prática representa grave ameaça ao próprio Estado Democrático de
Direito, haja vista que a vedação ao retrocesso constitui um princípio constitucional
implícito, conectado ao princípio do Estado de Direito e do Estado Social, desta forma,
tentativas de diminuir ou extinguir direitos fundamentais individuais e coletivos,
incluindo aí também os direitos sociais, e por conseguinte, a proteção do consumidor não
43
podem sofrer retrocessos quando juridicamente já alcançadas conquistas.

No mesmo diapasão, Tartuce afirma que:

“Na tentativa de combater a recorrência de repressão democrática historicamente


vivenciada em nosso País, o Constituinte Brasileiro de 1988 fez constar nos arts. 5º e 6º
um núcleo de direitos fundamentais protegidos da possibilidade de supressão, por força
do disposto no inciso IV do § 4º do art. 60 do próprio Texto Maior. São as chamadas
44
cláusulas pétreas.” (grifos do original)

De maneira que, quando alçado ao status de Direito Fundamental, e por estar inserido
no rol dos artigos acima indicados, a proteção e a defesa do consumidor são
consideradas cláusulas pétreas, havendo a vedação de sua revogação mesmo pelo
constituinte originário, quiçá pelos Órgãos Julgadores. Em verdade, há a proibição do
retrocesso social, que se apresenta como óbice constitucional à frustração e ao
45
inadimplemento, pelo poder público, de direitos prestacionais. Assim, na análise dos
períodos em que se verificou uma minoração da proteção do consumidor no Supremo
Tribunal Federal, conforme os dados acima demonstrados, representa um retrocesso no
reconhecimento dos direitos do consumidor.

Considerações finais

O principal questionamento que esta pesquisa se propunha a responder é se o Supremo


Tribunal Federal, quando instado a apreciar questões oriundas do Direito do Consumidor,
desempenha a tarefa de guardião dos Direitos e Garantias Fundamentais dos
consumidores. Ainda, se os acórdãos exarados nos últimos dez anos demonstram uma
pendência de julgamento mais favorável ao consumidor ou ao fornecedor.

Conforme demonstrado ao longo deste artigo, como ponto de partida foi necessário
deixar clara a tarefa do Supremo enquanto guardião das garantias fundamentais dos
consumidores, na medida em que estas foram inseridas no Ordenamento jurídico pátrio,
na Constituição Federal de 1988, em atendimento a recomendações e diretrizes das
Organizações das Nações Unidas. Isto porque, a vulnerabilidade do consumidor resta
Página 11
Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
proteção às garantias constitucionais dos consumidores

mundialmente reconhecida em detrimento aos fornecedores e especialmente em relação


a grandes corporações que geram impactos econômicos de grande magnitude.

Estes impactos poderão ocorrer de forma local ou global, e neste particular que restou
importante destacar as características da sociedade de consumo, fruto de uma
globalização que apaziguou as barreiras entre as pessoas, aproximando-as, através da
tecnologia, tornando processos e produção de bens mais rápidos e consistentes.
Entretanto, a modernidade apresenta paradoxos, que são passíveis de serem verificados,
inclusive no Judiciário, através daquilo que se conhece por Crise do Judiciário, cujas
causa são inúmeras, mas dentre elas podemos salientar a massificação das demandas.
Todavia, importante salientar que esta crise não permanece só, uma vez que compõe
um emaranhado de crises, políticas, sociais, culturais etc. todas se retroalimentando. É
neste cenário que nos importa averiguar, na prática, qual a aplicação da proteção
constitucional do consumidor pelo Pretório Excelso.

Realizando a coleta e organização dos dados – acórdãos do STF sobre Direito do


Consumidor, nos últimos dez anos – é possível afirmar que, embora no início desta
década se tenha observado uma preponderância da manutenção das garantias
fundamentais em prol do consumidor, não é o que se vislumbra a partir do ano de 2016.
O gráfico criado no tópico quatro desta pesquisa demonstra que, por razões que, ao
menos de momento, se desconhece as decisões pró-fornecedores têm sido alavancadas.

Ao longo da pesquisa outro resultado pôde ser observado, com base em dados coletados
de uma pesquisa realizada pelo CNJ, no ano de 2009, foi possível se verificar, por
exemplo, que quanto maior a influência econômica do fornecedor, maior a chance de
este ter um resultado positivo nos processos submetidos ao judiciário. Assim, a
afirmação de que a proteção constitucional dos consumidores é meramente simbólica,
em que pese bastante taxativa, encontra eco nos resultados acima demonstrados.

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Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
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2 .MARQUES, Cláudia Lima. 25 anos de Código de Defesa do Consumidor e as sugestões


traçadas pela revisão de 2015 das diretrizes da ONU de proteção dos consumidores para
a atualização. Revista de Direito do Consumidor, v. 103/2016, p. 55-100, jan.-fev. 2016
DTR\2016\656.

3 .Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes: (...) XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.

4 .Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios: (...)V – defesa do consumidor; (...).

5 .Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da


Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.

6 .CONSUMERS INTERNATIONAL. Guia prático das Diretrizes das Nações Unidas à


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[www.consumersinternational.org/media/2051/un-consumer-protection-guidelines-spanish.pdf].
Acesso em: 20.01.de 2020. p. 06.

7 .MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de Defesa do Consumidor: o princípio da


vulnerabilidade no contrato, na publicidade, nas demais práticas comerciais:
interpretação sistemática do direito. 3. ed. rev., atual e ampliada. Porto Alegre: Livraria
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8 .MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de Defesa do Consumidor: o princípio da


vulnerabilidade no contrato, na publicidade, nas demais práticas comerciais:
interpretação sistemática do direito. 3. ed. rev., atual e ampliada. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2009. p. 141.

9 .MORAES, Paulo Valério Dal Pai. Código de Defesa do Consumidor: o princípio da


vulnerabilidade no contrato, na publicidade, nas demais práticas comerciais:
interpretação sistemática do direito. 3. ed. rev., atual e ampliada. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2009.

10 .NOVACKI, Eduardo. BAGGIO, Andreza Cristina. O direito do consumidor nos tribunais


superiores brasileiros: avanços e retrocessos em tempos de precedentes judiciais
vinculantes. Revista de Direito do Consumidor, v. 115/2018, p. 393-423, jan.-fev. 2018
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11 .BAGGIO, ANDREZA CRISTINA. O direito do consumidor brasileiro e a teoria da


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12 .NOVACKI, Eduardo. BAGGIO, Andreza Cristina. O direito do consumidor nos tribunais


superiores brasileiros: avanços e retrocessos em tempos de precedentes judiciais
vinculantes. Revista de Direito do Consumidor v. 115/2018, p. 393-423, jan.-fev. 2018
DTR\2018\8600.
Página 14
Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
proteção às garantias constitucionais dos consumidores

13 .Lembre-se que a expressão microssistema, segundo Sérgio Cavalieri Filho, “é uma


expressão cunhada pelo prof. Natalino Irti, da Universidade de Roma, nos anos 1970,
para indicar a transformação ocorrida no âmbito do direito privado. CAVALIERI FILHO,
Sérgio. Programa de direito do consumidor. São Paulo: Atlas, 2011. p. 13.

14 .NASCIMENTO, Eliana Maria de Senna do. Democracia em (re) construção: uma


reflexão acerca da crise e transformação da democracia diante da globalização e da
transnacionalidade. Disponível em: Ius Gentium – Curitiba, ano 7, n. 14, p. 83 – 112,
jul.-dez. 2013.

15 .NASCIMENTO, Eliana Maria de Senna do. Democracia em (re) construção: uma


reflexão acerca da crise e transformação da democracia diante da globalização e da
transnacionalidade. Disponível em: Ius Gentium – Curitiba, ano 7, n. 14, p. 83-112,
jul.-dez 2013. p. 8.

16 .STRECK, Lenio Luiz. Os dilemas da representação política: o estado constitucional


entre a democracia e o presidencialismo de coalizão. Revista Direito, Estado e
Sociedade, n. 44, p. 83-101, jan.-jun. 2014.

17 .LIPOVETSKI, Gilles. Os tempos hipermodernos. Trad. Mario Vilela. São Paulo: editora
Barcarolla, 2004.

18 .LIPOVETSKI, Gilles. Os tempos hipermodernos. Trad. Mario Vilela. São Paulo: editora
Barcarolla, 2004. p. 29.

19 .DUFOUR, Dany-Robert. O divino mercado: a revolução cultural liberal. Trad. Procópio


Abreu. Rio de Janeiro: Companhia Freud, 2008.

20 .DUFOUR, DANY-ROBERT. O divino mercado: a revolução cultural liberal. Rio de


janeiro: Companhia Freud, 2008.

21 .LIPOVETSKI, Gilles. Os tempos hipermodernos. Trad. Mario Vilela. São Paulo: editora
Barcarolla, 2004.

22 .LIPOVETSKI, Gilles. Os tempos hipermodernos. Trad. Mario Vilela. São Paulo: editora
Barcarolla, 2004.

23 .LIPOVETSKI, Gilles. Os tempos hipermodernos. Trad. Mario Vilela. São Paulo: editora
Barcarolla, 2004.

24 .SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
p. 120.

25 .SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
p. 23;27.

26 .SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia das Letras, 2010.
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Avanços e retrocessos do Supremo Tribunal Federal na
proteção às garantias constitucionais dos consumidores

27 .BANCO MUNDIAL, World Bak Group. Relatório Anual (Brazil). Disponível em:
[https://data.worldbank.org/country/brazil?locale=pt]. Acesso em: 07.02.2020.

28 .Art. 5º (...) XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito.

29 .Art. 5º (...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal.

30 .SILVA, Ovídio Baptista da. Da função à estrutura. Revista de Processo, v. 158/2008,


p. 9-19, abr. 2008. Thomson Reuters.

31 .SILVA, Ovídio Baptista da. Da função à estrutura. Revista de Processo, v. 158/2008,


p. 9-19, abr. 2008. Thomson Reuters. p. 10.

32 .SCHNEIDER, Yuri; SILVA, Rogério Luiz Nery da. O reflexo das crises interconectadas
do Estado contemporâneo na transformação dos direitos humanos fundamentais sociais.
A&C– R. de Dir. Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, ano 16, n. 63,
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33 .STF, ADI 5.572 PR/Paraná, Rel. Min. Alexandre Moraes da Rosa, Data de Julgamento
23.08.2019, Tribunal Pleno, DJe 195 09-09-2019.

34 .BARROSO, Luiz Roberto. A razão sem voto: o Supremo Tribunal Federal e o governo
da maioria. Revista Brasileira de Políticas Públicas, v. 5. Número especial, 2005. ISSN
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35 .CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ. Relatório Final de Pesquisa (Edital de


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36 .CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ. Relatório Final de Pesquisa (Edital de


seleção 01/2009 do CNJ) Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo –
Direito GV “Diagnóstico sobre as causas de aumento das demandas judiciais cíveis,
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37 .CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA- CNJ. Relatório Final de Pesquisa (Edital de


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Acesso em: 08.02.2020.

38 .CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA- CNJ. Relatório Final de Pesquisa (Edital de


seleção nº 01/2009 do CNJ) Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São
Paulo – Direito GV “Diagnóstico sobre as causas de aumento das demandas judiciais
cíveis, mapeamento das demandas repetitivas e propositura de soluções
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39 .NOVACKI, Eduardo. BAGGIO, Andreza Cristina. O direito do consumidor nos tribunais


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vinculantes. Revista de Direito do Consumidor, v. 115/2018, p. 393-423, jan.-fev. 2018
DTR\2018\8600.

40 .CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA- CNJ. Relatório Final de Pesquisa (Edital de


seleção 01/2009 do CNJ) Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo –
Direito GV “Diagnóstico sobre as causas de aumento das demandas judiciais cíveis,
mapeamento das demandas repetitivas e propositura de soluções pré-processuais,
processuais e gerenciais à morosidade da Justiça.” Disponível em:
[www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2011/02/relat_pesquisa_fgv_edital1_2009.pdf].
Acesso em: 08.02.2020. p. 113.

41 .SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Trad. Laura Teixeira Motta. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010.

42 .MACHADO, Vitor Gonçalves. Uma análise sobre o (ainda incipiente) princípio da


proibição de retrocesso e sua importância para os direitos fundamentais. Revista de
Direito Constitucional e Internacional, v. 79/2012, p. 149-165, abr.-jun. 2012.
DTR\2012\3051.

43 .MACHADO, Vitor Gonçalves. Uma análise sobre o (ainda incipiente) princípio da


proibição de retrocesso e sua importância para os direitos fundamentais. Revista de
Direito Constitucional e Internacional, v. 79/2012, p. 149-165, abr.-jun. 2012.
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44 .TARTUCE, Flávio; SILVA, Bruno Casagrande e. A aplicação das convenções


internacionais de Varsóvia e Montreal em detrimento do Código de Defesa do
Consumidor: uma crítica à decisão do Supremo Tribunal Federal em face do princípio da
proibição do retrocesso. Revista de Direito do Consumidor, v. 115/2018, p. 41-68,
jan.-fev. 2018. DTR\2018\8584.

45 .TARTUCE, Flávio; SILVA, Bruno Casagrande e. A aplicação das convenções


internacionais de Varsóvia e Montreal em detrimento do Código de Defesa do
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jan.-fev. 2018. DTR\2018\8584.

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