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Novembro/2022
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
The consumer relationship, both for the Brazilian and the Portuguese legislation, is
composed of three fundamental elements: consumer, supplier and product/service.
Within this relationship, it is well known that one cannot consider that consumers and
suppliers are on the same level of knowledge and ability when they start a given
contract. But who is the consumer after all? This paper aims to study the concepts of
consumer adopted in Brazil and Portugal and the point of divergence between them:
the consideration of the legal entity / collective as a consumer in one country and not in
the other. For this, the legislation of both countries, doctrines, scientific articles, as well
as case law were analyzed in order to reach a conclusion on which system, in
comparative law, offers greater protection to consumers.
KEYWORDS
1.INTRODUÇÃO
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Nesse diapasão o presente trabalho trará uma breve narrativa acerca dos aspectos
históricos da evolução sobre o direito do consumidor no Brasil e em Portugal.
1
BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e, Disponível em
http://www.danielwh.com/downloads/O%20conceito%20juridico%20de%20consumidor%20-
%20Herman%20Benjamin.pdf, acesso 27/11/2022.
ASPECTOS HISTÓRICOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL E
PORTUGAL
O marco mais significativo deste período foi a Lei nº 7.347/85, conhecida como Lei da
Ação Civil Pública, com vistas à proteção dos interesses difusos da sociedade. No
mesmo ano, criou-se o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor.
Contudo, mesmo que vindo em momento posterior, o CDC acabou por ter resultados
altamente positivos, porque o legislador trouxe para o sistema legislativo brasileiro o
conteúdo mais moderno na proteção do consumidor.
Já Portugal, possui desde o início dos anos 80 diplomas regentes das relações de
consumo como por exemplo a Lei n.º 29/81, de 22 de agosto e o Decreto-Lei nº 446/85
de 25 de outubro de 1985.
2
art. 169, n.º 1, do Tratado Sobre o Funcionamento da União Europeia
Enfim, a história do direito do consumo nos dois países está em constante mudança.
Certamente, a cada nova necessidade corresponderá à assunção de novas leis,
políticas e diretrizes.
RELAÇÕES DE CONSUMO DE ACORDO COM AS NORMAS DOS DOIS PAÍSES
Algumas dessas relações recaem sobre uma norma. Com isso, é atribuído o status
jurídico a essas situações, nascendo assim a relação jurídica.
Ocorre que nem toda relação jurídica é uma relação de consumo. As relações de
consumo, assim como a relação jurídica civil, surgem através de um negócio jurídico
compreendido entre duas ou mais pessoas, geradas através de princípios contratuais
básicos. A diferença surge no vínculo jurídico, ou o pressuposto lógico do negócio
jurídico, que deve ser celebrado de acordo com as normas consumeristas.
O CDC não traz expressamente o conceito de relação de consumo, mas refere-se aos
seus elementos subjetivos e objetivos, o que possibilita o delineamento deste tipo de
relação jurídica. Quais sejam:
a) Elementos subjetivos: o consumidor e o fornecedor;
Para a norma brasileira, uma relação jurídica só pode ser caracterizada como uma
relação de consumo, se houver a presença dos elementos subjetivos e de pelo menos
um dos elementos objetivos mencionados acima. A falta de qualquer um desses
requisitos descaracteriza a relação jurídica de consumo, afastando-a, portanto, do
âmbito de aplicação do Código de Defesa do Consumidor.
3
DONATO, Maria Antonieta Zanardo. Proteção ao consumidor: conceito e extensão. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1993.
O ordenamento português, para identificar uma relação jurídica de consumo, conceitua
os sujeitos, informa quais os bens podem ser objeto de tal relação, bem como quais os
contratos dão ensejo à sua constituição. Uma vez ausentes, a relação jurídica não
pode ser considerada como de consumo.
CONSUMIDOR SEGUNDO A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Assim, é consumidor tanto aquele que adquire o produto ou serviço para uso próprio
como o que apenas se utiliza deles como destinatário final.
Entretanto, tal teoria vem sendo mitigada. Para que pessoas jurídicas pudessem se
enquadrar como consumidor nos termos da teoria finalista, seria necessário que
houvesse a prova de sua vulnerabilidade já que a concepção mais restritiva visa
tutelar o consumidor que não detém os meios de produção.
A proteção dos interesses dos consumidores por meio da tutela de direitos coletivos,
pode ser observada também no Art. 814.
Portanto, para saber se a pessoa jurídica pode ser classificada como consumidora, é
importante verificar se a compra foi feita para benefício do seu patrimônio, ou seja, se
não foi um insumo para posterior manufatura de outro produto ou se foi destinada à
futura revenda ou serviços, de forma que ela seja destinatária final dos produtos ou
serviços.
O CDC não regula situações nas quais, apesar de se poder identificar um “destinatário
final”, o produto ou serviço é entregue com a finalidade específica de servir de “bem de
4
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo
individualmente, ou a título coletivo.
produção” para outro produto ou serviço e via de regra não está colocado no mercado
de consumo como bem de consumo, mas como de produção; o consumidor comum
não o adquire. Por via de exceção, contudo, haverá caso em que a aquisição do
produto ou serviço típico de produção será feita pelo consumidor, e nessa relação
incidirão as regras das relações de consumo.
Rizzatto Nunes entende que “para ser consumidora, ela (pessoa jurídica) somente
poderia consumir produtos e serviços que fossem tecnicamente possíveis e lhe
servissem como bens de produção e que fossem, simultaneamente, bens de
consumo”5.
Devemos nos atentar que também é possível a aplicação do CDC nas situações em
que a parte (seja ela pessoa física ou jurídica), embora não seja tecnicamente a
destinatária final do produto ou serviço, se apresenta em situação de vulnerabilidade.
E com o entendimento do STJ, os tribunais locais vem aplicando a teoria nos seus
julgados:
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CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. FINALISMO
APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE.1. A jurisprudência do STJ
se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra,
ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera
destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física
ou jurídica. 2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim
entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o
custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado
consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou
serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 3. A jurisprudência do STJ, tomando por
base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma
aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem
denominando finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a
pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora,
por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política
nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima
toda a proteção conferida ao consumidor. 4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três
modalidades de vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento específico acerca do produto ou
serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico e de seus
reflexos na relação de consumo) e fática (situações em que a insuficiência econômica, física ou até
mesmo psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao fornecedor). Mais
recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional (dados insuficientes sobre o
produto ou serviço capazes de influenciar no processo decisório de compra). 5. A despeito da
identificação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a casuística poderá apresentar novas
formas de vulnerabilidade aptas a atrair a incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação
interempresarial, para além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela
jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra pode, conforme o caso,
caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da aplicação da Lei nº 8.078/90, mitigando os rigores da
teoria finalista e autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de consumidora. 6.
Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos materiais derivados de defeito
em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o investimento em anúncios publicitários, dada a
impossibilidade de atender ligações de potenciais clientes. A contratação do serviço de telefonia não
caracteriza relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o referido serviço compõe a cadeia produtiva da
empresa, sendo essencial à consecução do seu negócio.Também não se verifica nenhuma
vulnerabilidade apta a equipar a empresa à condição de consumidora frente à prestadora do serviço de
telefonia. Ainda assim, mediante aplicação do direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, fica
mantida a condenação imposta a título de danos materiais, à luz dos arts. 186 e 927 do CC/02 e tendo em
vista a conclusão das instâncias ordinárias quanto à existência de culpa da fornecedora pelo defeito
apresentado nas linhas telefônicas e a relação direta deste defeito com os prejuízos suportados pela
revendedora de veículos.7. Recurso especial a que se nega provimento.(REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 21/11/2012)
DA EMPRESA DE TRANSPORTES. RELAÇÃO DE
CONSUMO. APLICAÇÃO DA TEORIA FINALISTA
MITIGADA. ENTENDIMENTO DO STJ. PROCEDÊNCIA DO
CONFLITO PARA DECLARAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. VOTO Dispensado o
relatório e com fundamentação concisa, nos termos do art. 46
da Lei nº 9.099/95. Com a devida vênia, assiste razão ao
Juízo suscitante do presente conflito negativo de
competência. Alega a empresa Autora que, "no dia 26 de
agosto de 2020, comprou alguns produtos (telas, teclados
etc.) na loja G2W, no valor de R$ 15.099,45 (quinze mil e
noventa e nove reais e quarenta e cinco centavos), NF
961.227, e que contratou a ré (BRASPRESS) para transportá-
los até a sua sede", o que não ocorreu dentro prazo acertado.
Aduziu que a NOTEBOOK BAHIA é uma microempresa (ME)
que utilizou-se dos serviços prestados pela reclamada, que é
uma grande empresa de transportes, de âmbito nacional,
apenas para promover a entrega de mercadorias prontas para
comercialização (não se trata de insumos). Pois bem.
Constata-se dos autos a vulnerabilidade econômica, técnica e
jurídica da parte autora em relação a BRASPRESS. Ademais,
verifica-se que o serviço contratado é considerado essencial.
Como é cediço, o Superior Tribunal de Justiça superou a
discussão acerca do alcance da expressão ¿destinatário
final¿, constante do art. 2º do Código de Defesa do
Consumidor. Assim, restou consolidada a teoria finalista
mitigada ou aprofundada, segundo a qual se admite
conceituar como consumidor até mesmo a pessoa jurídica,
desde que efetivamente demonstrada a sua vulnerabilidade
no caso concreto, consoante se verifica nos seguintes
julgados: Direito do Consumidor. Recurso especial. Conceito
de consumidor. Critério subjetivo ou finalista. Mitigação.
Pessoa Jurídica. Excepcionalidade. Vulnerabilidade.
Constatação na hipótese dos autos. Prática abusiva. Oferta
inadequada. Característica, quantidade e composição do
produto. Equiparação (art. 29). Decadência. Inexistência.
Relação jurídica sob a premissa de tratos sucessivos.
Renovação do compromisso. Vício oculto. - A relação jurídica
qualificada por ser "de consumo" não se caracteriza pela
presença de pessoa física ou jurídica em seus pólos, mas
pela presença de uma parte vulnerável de um lado
(consumidor), e de um fornecedor, de outro. - Mesmo nas
relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese
concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa-
jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC
na busca do equilíbrio entre as partes. Ao consagrar o critério
finalista para interpretação do conceito de consumidor, a
jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade
de, em situações específicas, abrandar o rigor do critério
subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a
aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e
consumidores-empresários em que fique evidenciada a
relação de consumo. - São equiparáveis a consumidor todas
as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas
comerciais abusivas. - Não se conhece de matéria levantada
em sede de embargos de declaração, fora dos limites da lide
(inovação recursal). Recurso especial não conhecido. (STJ -
REsp: 476428 SC 2002/0145624-5, Relator: Ministra NANCY
ANDRIGHI, Data de Julgamento: 18/04/2005, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJ 09.05.2005 p. 390RSTJ vol.
193 p. 336) (grifamos) PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCESSÃO DE EFEITO
SUSPENSIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CABIMENTO.
AGRAVO. DEFICIENTE FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO.
AUSÊNCIA DE PEÇA ESSENCIAL. NÃO CONHECIMENTO.
RELAÇÃO DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO.
DESTINAÇÃO FINAL FÁTICA E ECONÔMICA DO
PRODUTO OU SERVIÇO. ATIVIDADE EMPRESARIAL.
MITIGAÇÃO DA REGRA. VULNERABILIDADE DA PESSOA
JURÍDICA. PRESUNÇÃO RELATIVA. (...) - A jurisprudência
consolidada pela 2ª Seção deste STJ entende que, a rigor, a
efetiva incidência do CDC a uma relação de consumo está
pautada na existência de destinação final fática e econômica
do produto ou serviço, isto é, exige-se total desvinculação
entre o destino do produto ou serviço consumido e qualquer
atividade produtiva desempenhada pelo utente ou adquirente.
Entretanto, o próprio STJ tem admitido o temperamento desta
regra, com fulcro no art. 4º, I, do CDC, fazendo a lei
consumerista incidir sobre situações em que, apesar do
produto ou serviço ser adquirido no curso do desenvolvimento
de uma atividade empresarial, haja vulnerabilidade de uma
parte frente à outra. - Uma interpretação sistemática e
teleológica do CDC aponta para a existência de uma
vulnerabilidade presumida do consumidor, inclusive pessoas
jurídicas, visto que a imposição de limites à presunção de
vulnerabilidade implicaria restrição excessiva, incompatível
com o próprio espírito de facilitação da defesa do consumidor
e do reconhecimento de sua hipossuficiência, circunstância
que não se coaduna com o princípio constitucional de defesa
do consumidor, previsto nos arts. 5º, XXXII, e 170, V, da CF.
Em suma, prevalece a regra geral de que a caracterização da
condição de consumidor exige destinação final fática e
econômica do bem ou serviço, mas a presunção de
vulnerabilidade do consumidor dá margem à incidência
excepcional do CDC às atividades empresariais, que só serão
privadas da proteção da lei consumerista quando
comprovada, pelo fornecedor, a não vulnerabilidade do
consumidor pessoa jurídica. - Ao encampar a pessoa jurídica
no conceito de consumidor, a intenção do legislador foi
conferir proteção à empresa nas hipóteses em que,
participando de uma relação jurídica na qualidade de
consumidora, sua condição ordinária de fornecedora não lhe
proporcione uma posição de igualdade frente à parte
contrária. Em outras palavras, a pessoa jurídica deve contar
com o mesmo grau de vulnerabilidade que qualquer pessoa
comum se encontraria ao celebrar aquele negócio, de sorte a
manter o desequilíbrio da relação de consumo. A ¿paridade
de armas¿ entre a empresa-fornecedora e a empresa-
consumidora afasta a presunção de fragilidade desta. Tal
consideração se mostra de extrema relevância, pois uma
mesma pessoa jurídica, enquanto consumidora, pode se
mostrar vulnerável em determinadas relações de consumo e
em outras não. Recurso provido. (STJ - RMS: 27512 BA
2008/0157919-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data
de Julgamento: 20/08/2009, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 23/09/2009) AGRAVO REGIMENTAL .
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSUMIDOR. RELAÇÃO
DE CONSUMO. CARACTERIZAÇÃO. DESTINAÇÃO FINAL
FÁTICA E ECONÔMICA DO PRODUTO OU SERVIÇO.
ATIVIDADE EMPRESARIAL. MITIGAÇÃO DA REGRA.
VULNERABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA. PRESUNÇÃO
RELATIVA. 1. O consumidor intermediário, ou seja, aquele
que adquiriu o produto ou o serviço para utilizá-lo em sua
atividade empresarial, poderá ser beneficiado com a
aplicação do CDC quando demonstrada sua vulnerabilidade
técnica, jurídica ou econômica frente à outra parte. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no Ag:
1316667 RO 2010/0105201-5, Relator: Ministro VASCO
DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RS), Data de Julgamento: 15/02/2011, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 11/03/2011) Por fim, restou
claro que a ação foi ajuizada pela parte Autora, parte
vulnerável e última destinatária dos serviços de transporte
contratado perante a Ré, não restando dúvidas que ao caso
concreto se aplica o Código de Defesa do Consumidor. Em
vista de tais razões, com a devida vênia, voto no sentido de
JULGAR PROCEDENTE O CONFLITO DE COMPETÊNCIA
SUSCITADO, para declarar a competência absoluta do Juízo
da 2ª VSJE DO CONSUMIDOR (VESPERTINO), para o qual
devem ser encaminhados os autos para prosseguimento do
feito. À Secretaria, para os fins devidos. É como voto. Sala
das Sessões, em de de 2021. TÂMARA LIBÓRIO DIAS
TEIXEIRA DE FREITAS SILVA Juíza Relatora/Presidente
ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos acima
indicados. Realizado o julgamento, a Terceira Turma Recursal
do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, decidiu, à
unanimidade, JULGAR PROCEDENTE O CONFLITO DE
COMPETÊNCIA SUSCITADO, para declarar a competência
absoluta do Juízo da 2ª VSJE DO CONSUMIDOR
(VESPERTINO), nos termos do voto da relatora. Sala das
Sessões, em de de 2021. TÂMARA LIBÓRIO DIAS TEIXEIRA
DE FREITAS SILVA Juíza Relatora/Presidente Documento
Assinado Eletronicamente(TJ-BA - RI:
01611888620208050001, Relator: TAMARA LIBORIO DIAS
TEIXEIRA DE FREITAS SILVA, TERCEIRA TURMA
RECURSAL, Data de Publicação: 28/09/2021)
Da mesma forma, como feito pela norma brasileira, observamos que os critérios
delimitativos são importantes para a construção do conceito de consumidor.
Quanto o elemento teleológico, importante ressaltar que ele não é similar ao conceito
destinatário final de forma ampla trazido pela legislação brasileira. Esse elemento está
mais próximo ao entendimento da teoria finalista, que como já mencionado, o
consumo intermediário fica excluído da proteção consumerista.
O elemento relacional dita que a outra parte deve ser uma pessoa que exerça com
caráter profissional uma atividade económica que vise a obtenção de benefícios.
9
CARVALHO, Jorge Morais, https://www.fd.uc.pt/cdc/pdfs/rev_14_completo.pdf, pág. 194;
Logo, não está enquadrado na relação jurídica de consumo, um contrato firmado entre
duas pessoas singulares.
10 Disponível em http://www.oa.pt/upl/%7B074a0e26-88f3-4958-b06b-a07ecb04a19d%7D.pdf
11 COSTA, Carlos Filipe, Quem pode escrever no livro de reclamações?
https://novaconsumerlab.novalaw.unl.pt/quem-pode-escrever-no-livro-de-reclamacoes/
12 OLIVEIRA, Fernando Baptista de (2009), O conceito de consumidor: perspectivas nacional e
Conclui-se então que a pessoa coletiva poderá ser considerada consumidora nas
seguintes situações:
Lei n.º 24/96, de 31 de Julho. Estabelece o regime legal aplicável à defesa dos
consumidores. Disponível em
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?nid=726&tabela=leis . Acesso
em 22/11/2022.
PAIVA, Clarissa Teixeira. O que caracteriza uma relação de consumo. Revista Jus
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4401, 20 jul. 2015. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/34128. Acesso em: 27 nov. 2022.
RIZATTO, Nunes. Curso de Direito do Consumidor. 12. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2018.