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DIREITO CONSUMIDOR
Direitos do consumidor. Disposições gerais.
Polí ca Nacional de Relações de Consumo.
Direitos básicos do consumidor.
PONTO 1
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
(Conforme Edital Mege)

DIREITO DO CONSUMIDOR
Beatriz Fonteles

1 Direitos do consumidor.
Disposições gerais.
Política Nacional de Relações de Consumo.
Direitos básicos do consumidor.

Atualizado em 10/01/2022

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Sumário

1. DOUTRINA (RESUMO)..............................................................................................5
2. QUESTÕES DE CONCURSOS ..................................................................................41
2.1 COMENTÁRIOS ................................................................................................45

SOBRE O CLUBE E SEUS MATERIAIS DE DOUTRINA

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3
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não temos tempo a perder!
Bons estudos.

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Apresentação

Caros alunos,
Damos as boas-vindas ao nosso clube 2022 e à matéria de Direito do Consumidor!
Nesta primeira rodada, trataremos de pontos muito importantes, como as figuras da
relação de consumo e os Direitos do Consumidor. Apesar de a previsão legal não ser extensa, há
profunda e rica jurisprudência tratando de vários subtemas.
Foquem especialmente na definição de consumidor (fizemos uma tabela compara va
com diversos casos reconhecidos, ou não, pela jurisprudência como relação consumerista), e
nos direitos propriamente ditos do consumidor.
Bons estudos!
Beatriz Fonteles.

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1. DOUTRINA (RESUMO)

1.1. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

1.1.1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A PROTEÇÃO À FIGURA DO CONSUMIDOR

A Cons tuição Federal de 1988 inaugurou um marco diferenciado de proteção à figura


do consumidor, mediante três previsões dis ntas, duas no corpo da CF/88 e outra no Ato das
Disposições Cons tucionais Transitórias:

a) Direito fundamental – art. 5º, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor”);
b) Princípio da a vidade econômica – art. 170, V (“defesa do consumidor”);
c) Previsão cons tucional para elaboração do CDC - ADCT, art. 48 (“o Congresso
Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Cons tuição, elaborará
código de defesa do consumidor”).

A defesa do consumidor é tratada na CF/88 tanto como direito fundamental quanto


como princípio da ordem econômica.
Como direito fundamental, o direito do consumidor possui eficácia ver cal e 5
horizontal, bem como aplicação direta e imediata (o STF já chancelou a tese da aplicação direta
dos direitos fundamentais às relações privadas, também denominada eficácia horizontal dos
direitos fundamentais – RE 201.819, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 11/10/2005).
Enquanto princípio da ordem econômica, a defesa do consumidor é um princípio de
ação polí ca, a legi mar a adoção de medidas de intervenção estatal necessárias a assegurar a
proteção prevista (dirigismo contratual).
Ao lado das previsões explícitas acima citadas, existem várias outras normas
cons tucionais que se aplicam às relações de consumo, como: a dignidade da pessoa humana,
na qualidade de fundamento da República (CF/88, art. 1o, III); a igualdade substancial e a
o
solidariedade como obje vos fundamentais da República (CF/88, art. 3 , I e III) etc.

OBSERVAÇÃO
a
A proteção ao consumidor é classificada como direito fundamental de 3 geração ou
dimensão, pois decorre do princípio da fraternidade (pacificação social).

1.1.2. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO CONSUMIDOR

A Cons tuição Federal de 1988 estabelece a competência legisla va concorrente para


legislar sobre produção e consumo e acerca da responsabilidade por dano ao consumidor (art.
24, V e VIII), reservando-se à União a competência para a fixação das normas gerais e deixando-

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se aos Estados-membros e ao Distrito Federal a competência suplementar, para adequar a
o
legislação federal às peculiaridades locais (vide par. 1 ).

OBSERVAÇÃO
Não confundir a competência legisla va concorrente acima com a competência priva va da
União para legislar sobre propaganda comercial (art. 22, XXIX).

O STF tem reconhecido a competência dos municípios para legislarem sobre matéria de
defesa dos direitos dos consumidores, desde que o assunto seja de interesse local (CF, art. 30, I).
STF: tem precedente no sen do de que o atendimento ao público e o tempo máximo
de espera na fila de ins tuição bancária é matéria de interesse local e de proteção ao
consumidor (de competência legisla va do Município). RE 432.789/SC, Rel. Min. Eros Grau,
Primeira Turma, DJ 07/10/2005.
STJ: Considerou incons tucionais quatro leis do Estado do Rio de Janeiro que
disciplinam condições de prestação de serviço bancário dentro do espaço sico das agências
(ex.: instalação de banheiros e bebedouros), por entender se tratar de assunto de interesse local
e, portanto, de competência do Município, e não do Estado. AI no RMS 28.910/RJ, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe 08/05/2012. 6
ATENÇÃO

Súmula Vinculante 38 do STF - É competente o MUNICÍPIO para fixar o HORÁRIO DE


FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL.

NÃO CONFUNDIR: Súmula 19 do STJ - A fixação do HORÁRIO BANCÁRIO, para atendimento


ao público, é da competência da UNIÃO.

1.1.3. NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL

O art. 1º do CDC estabelece que suas normas são de ordem pública e interesse social.
Significa, pois, que se tratam de normas cogentes, que devem prevalecer sobre alguns aspectos
da vontade das partes. O STJ, em diversos julgados, chancela essa natureza. Observe-se a
ementa abaixo e os fundamentos apresentados:

As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de 'ordem pública e


interesse social'. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores
básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o
consumidor delas abrir mão ex ante e no atacado.
(STJ, REsp 586316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009).

A natureza das normas consumeristas gera duas consequências principais:

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a) Inadmissibilidade de renúncia a direitos e garan as con dos no CDC.
b) Possibilidade de o magistrado apreciar matérias de o cio nas relações de consumo.

Eventuais contratos, cláusulas ou ajustes que prevejam que o consumidor abra mão de
algum direito (por exemplo, da garan a legal, do prazo prescricional etc.) devem ser dos como
não-escritos. Aliás, é uma das hipóteses expressamente elencadas como cláusulas abusivas (nulas
de pleno direito) as que impliquem renúncia ou disposição de direitos (conforme art. 51, I, do CDC).
A possibilidade de reconhecimento ex officio de determinados direitos consumeristas
(por exemplo, a inversão do ônus da prova, a desconsideração da personalidade jurídica, a
declaração de nulidade de cláusula abusiva) encontra uma exceção importante, criada pela
jurisprudência.

ATENÇÃO

STJ: Não admite a declaração de o cio das cláusulas abusivas em contratos bancários.
Súmula 381. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de o cio, da
abusividade das cláusulas.
Importante ter cuidado com o fato de que a vedação prevista na súmula é limitada às
cláusulas abusivas insertas em contratos bancários. Para outros contratos, é permi da a sua 7
declaração de o cio, tal qual se extrai do teor do caput do art. 51 do CDC.
Em que pese as duras crí cas doutrinárias ao enunciado acima, o STJ con nua a aplicar a
referida súmula em julgados recentes (ex vi AgRg no REsp 1403056/RS, Rel. Min. Maria Isabel
Gallo , T4, DJe 07/03/2016).
Desse modo, para provas de concurso público, a Súmula 381 deve ser conhecida e da como
válida. Em provas discursivas, após indicar o posicionamento do STJ, inclusive com a citação da
Súmula, o candidato pode fazer uma reflexão crí ca, apontando o posicionamento da doutrina.

OBSERVAÇÃO

Norma de ordem pública não é sinônimo de norma de direito público.


Trata-se de uma “pegadinha” que já foi objeto de ques onamento em prova obje va.
O CDC não é formado essencialmente de normas de direito público. Contém normas de
direito privado e algumas normas de direito público (como os pos penais, por exemplo).

1.1.4. MICROSSISTEMA JURÍDICO

O CDC representa um microssistema jurídico porque possui normas que


regulamentam a proteção do consumidor sob todos os aspectos, de caráter interdisciplinar
(normas de natureza civil, administra va, penal, processual civil etc.) e coordenadas entre si.

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Registre-se, porém, que não se trata de sistema isolado em si, mas integrado ao todo norma vo
cujo ápice se encontra na Cons tuição Federal.

1.1.5. APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA

Ques onamento importante é sobre a aplicabilidade do CDC aos contratos de


consumo firmados antes da sua vigência. Em outros termos, o CDC é aplicável aos contratos
anteriores?
Via de regra, não. Essa é a posição do STF e do STJ, por entender que fere, sem dúvida
alguma, o ato jurídico perfeito, porquanto a modificação dos efeitos futuros de ato jurídico
perfeito caracteriza a hipótese de retroa vidade mínima que também é alcançada pelo
o
disposto no art. 5 , XXXVI, da Carta Magna (STF, RE 205999-4/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ
03.03.2000).
Há, entretanto, uma situação em que o CDC se aplica aos contratos celebrados
anteriormente. Confira no destaque:

OBSERVAÇÃO

Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o STJ tem admi do a


incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses pos de ajuste, há renovação periódica
8
da sua vigência (a cada pagamento efetuado). Neste caso, portanto, não há ofensa ao ato
jurídico perfeito. Ex.: plano de assistência à saúde, contrato de mútuo habitacional.

1.1.6. DIÁLOGO DAS FONTES

Diálogo das fontes é nova técnica para solução de an nomias entre fontes legisla vas,
superando os critérios tradicionais (cronológico, especial e hierárquico). Trata-se de
convivência entre normas aparentemente incompa veis na órbita jurídica, permi ndo
influências recíprocas entre elas.
Como é uma lei principiológica, o CDC ingressa no sistema jurídico fazendo um corte
horizontal, alcançando toda e qualquer relação jurídica de consumo, mesmo que regrada por
outra fonte norma va. Até porque há previsão legal no próprio CDC no sen do de que os
direitos nele previstos “não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções
internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos
expedidos pelas autoridades administra vas competentes, bem como dos que derivem dos
princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade (art. 7o, caput).
Dessa forma, pode-se dizer que o CDC e o CC, por exemplo, se completam na proteção
ao consumidor. Assim, deve-se buscar, em regra, a norma mais favorável ao consumidor
independente de qual sistema decorra.

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Aproximação Principiológica do CDC e do CC - No decorrer do estudo do direito do
consumidor é possível perceber uma grande aproximação jurídica do CDC com o CC no que se
refere aos princípios contratuais.

Enunciado 167 do CJF - Com o advento do CC de 2002, houve forte aproximação


principiológica entre esse Código e o CDC, no que respeita à regulação contratual, uma
vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos.

Outros exemplos: CDC e Lei n. 9.656/1998 (planos de saúde), CDC e o Estatuto do Idoso
(Lei n. 10.741/2003).
Espécies de diálogo das fontes:

a) Diálogo sistemá co de coerência: consiste no aproveitamento da base conceitual


de uma lei por outra.
b) Diálogo sistemá co de complementaridade e subsidiariedade: consiste na adoção
de princípios e normas, em caráter complementar, por um dos sistemas, quando se
fizer necessário para a solução de um caso concreto. Ex. aplicação de algum prazo
prescricional do CC às relações regidas pelo CDC.
c) Diálogo de influências recíprocas (de coordenação e adaptação sistemá ca):
9
consiste na influência do sistema geral no especial e do sistema especial no geral.

OBSERVAÇÃO
Em aplicação clara do diálogo das fontes, o STJ vinha entendendo que o prazo prescricional
para cobrança do indébito de tarifas de água e esgoto é aquele de 10 (dez) anos previsto no
CC/2002, e não o prazo prescricional de 05 (cinco) anos previsto no CDC.
Nesse sen do, a Súmula 412 do STJ: A ação de repe ção de indébito de tarifas de água e
esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.

1.2. A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO

1.2.1. DISPOSIÇÕES GERAIS


o
O CDC define os elementos básicos da relação jurídica de consumo nos seus arts. 2 e
o
3 , quais sejam:

a) Consumidor – toda pessoa sica ou jurídica que adquire ou u liza produto ou


serviço como des natário final;
b) Fornecedor – toda pessoa sica ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem a vidade de

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produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços;
c) Produto – qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial;
d) Serviço – qualquer a vidade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Para haver relação consumerista, os dois primeiros elementos (de cunho subje vo)
precisam estar presentes (ou seja, necessariamente um fornecedor e um consumidor) e um dos
dois elementos obje vos (produto ou serviço).
Apesar da aparente simplicidade das definições legais, os conceitos acima são cheios
de nuances e aprofundamentos que os candidatos para concursos precisam saber, pois,
atualmente, é muito mais cobrado o que vai além da previsão legal, consistente no
aperfeiçoamento das definições pela doutrina e jurisprudência, o que será visto
detalhadamente nos tópicos a seguir.

1.2.2. CONSUMIDOR

O CDC traz 4 (quatro) definições de consumidor, cuja classificação doutrinária segue 10


adiante.

a) Consumidor stricto sensu ou standard – é a pessoa sica ou jurídica que adquire ou


u liza produto ou serviço, como des natário final (art. 2o, caput);
b) Consumidor equiparado em sen do cole vo - é a cole vidade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo na relação de consumo (art. 2o, parágrafo
único);
c) Consumidor equiparado bystander – é toda ví ma de acidente de consumo (art.
17); e
d) Consumidor equiparado potencial ou virtual – são todas as pessoas, determináveis
ou não, expostas às prá cas comerciais (art. 29).

Passa-se à análise de cada uma das figuras acima.


o
1.2.2.1. Consumidor stricto sensu ou standard (art. 2 , caput)

Consumidor é:

- pessoa sica ou pessoa jurídica;


- que adquire ou u liza produto e/ou serviço;
- como des natário final.

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Entretanto, o desafio dos operadores do Direito reside justamente em definir o que
seja “des natário final”. Há duas grandes teorias que se propõem a definir a expressão:

a) Teoria maximalista (obje va): é o des natário fá co, aquele que re ra o


produto/serviço do mercado de consumo (não importando se será revendido,
empregado profissionalmente ou diretamente consumido).
Crí ca à teoria: amplia-se demasiadamente o campo de aplicação das normas
prote vas, o que pode produzir outras desigualdades (como proteção de profissionais
que não são vulneráveis).
b) Teoria minimalista ou finalista (subje va): é o des natário fá co e econômico do
produto/serviço, ou seja, não basta o consumidor re rar o bem da cadeia de
produção, também deve empregá-lo para atender necessidade pessoal ou familiar (e
não revender ou empregar profissionalmente).
- Des natário final fá co - refere-se à posição do consumidor na cadeia de consumo.
Assim, o consumidor deve ser o úl mo nesta cadeia, não havendo ninguém na
transmissão do produto ou do serviço.
- Des natário final econômico - o consumidor não u liza o produto ou o serviço para o
lucro, repasse ou transmissão onerosa.
Crí ca à teoria: a sua aplicação de forma irrestrita pode gerar injus ças. 11

Teoria Maximalista ou obje va Teoria Minimalista, Finalista ou subje va

- Vale-se do conceito jurídico de consumidor. - Vale-se do conceito econômico de consumidor.

- O des natário final é o fá co. - O des natário final é o fá co e econômico.

Em um primeiro momento, seguindo inclinação doutrinária predominante, o STJ


consolidou a Teoria Finalista como aquela que melhor indica a diretriz para a interpretação do
conceito de consumidor.
Mas houve uma evolução da referida teoria, com base em um julgado paradigmá co
do STJ, que representou um abrandamento ou mi gação do entendimento. Trata-se da TEORIA
FINALISTA APROFUNDADA OU MITIGADA. Segundo essa teoria, em determinadas hipóteses, o
CDC deve ser aplicado mesmo em casos em que não se trata de des natário final e econômico.
Como exemplo, em casos di ceis envolvendo pequenas empresas que u lizam insumos para a
produção, mas não em sua área de exper se ou com uma u lização mista, principalmente na
área de consumo, provada a vulnerabilidade, conclui-se pela aplicação do CDC.
Assim, aplica-se o CDC para pessoas jurídicas que comprovem sua vulnerabilidade e
que atuam fora do âmbito de sua especialidade. Ex.: Aquisição de máquina de bordar para
pequena produção de subsistência; caminhoneiro que adquire caminhão, etc.

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ATENÇÃO

O STJ admite a mi gação da Teoria Finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses
em que a parte (pessoa sica ou jurídica), apesar de não ser des natária final do produto ou
do serviço, apresenta-se em situação de vulnerabilidade.

A vulnerabilidade pode ser basicamente de quatro espécies: técnica, jurídica, econômica


ou informacional (são essas, pelo menos, as que são até agora mais reconhecidas e aceitas):

- vulnerabilidade técnica: o comprador não possui conhecimentos específicos sobre o


produto ou o serviço, podendo ser mais facilmente iludido no momento da
contratação. Decorre do fato de o consumidor não possuir o controle dos mecanismos
u lizados na cadeia produ va.
- vulnerabilidade jurídica ou cien fica: falta de conhecimentos jurídicos ou de outros
referentes à relação, como contábeis, matemá cos, econômicos etc.
- vulnerabilidade econômica ou fá ca: real diante do parceiro contratual, seja em
decorrência do grande poderio econômico deste, seja por sua posição de monopólio,
seja pela essencialidade do serviço que presta, impondo uma posição de
superioridade na relação contratual.
- vulnerabilidade informacional: há quem a enquadre como vulnerabilidade técnica.
12
É o déficit informacional do consumidor na sociedade atual que pode influenciar no
processo de aquisição de bens e serviços.

CONCLUSÃO: o consumidor intermediário somente poderá ser considerado


consumidor se provar sua vulnerabilidade (atenção para os enunciados das questões – se falar
em pessoa jurídica que exerce a vidade empresarial ou em consumidor intermediário sem
deixar clara a vulnerabilidade, é provável que a resposta seja a inaplicabilidade do CDC).
Via de regra, a vulnerabilidade da pessoa sica é presumida, ao passo que a da pessoa
jurídica deve ser demonstrada no caso concreto.

ATENÇÃO
Pela importância e lucidez do julgado paradigma da Teoria Finalista Aprofundada ou
Mi gada, transcreve-se a sua ementa nas partes relevantes e recomenda-se a leitura:
CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. FINALISMO
APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE.
1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sen do de que a determinação da
qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que,
numa exegese restri va do art. 2º do CDC, considera des natário final tão somente o
des natário fá co e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa sica ou jurídica.

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2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim
entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição,
compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser
considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função
econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma defini va do mercado de consumo.
3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação
previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da teoria finalista
frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo
aprofundado, consistente em se admi r que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica
adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por
apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que cons tui o princípio-motor
da polí ca nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I,
do CDC, que legi ma toda a proteção conferida ao consumidor. (REsp 1195642/RJ, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, T3, DJe 21/11/2012)

1.2.2.2. Consumidor equiparado em sen do cole vo (art. 2o, parágrafo único)

É a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou mesmo 13


grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um determinado produto ou
serviço.
Trata-se de perspec va extremamente relevante e realista, porquanto é natural que se
previna, por exemplo, o consumo de produtos e serviços perigosos ou então nocivos,
beneficiando-se, assim, abstratamente as referidas universalidades e categorias de potenciais
consumidores.
Ou então, se já provocado o dano efe vo pelo consumo de tais produtos ou serviços, o
que se pretende é conferir à universalidade ou grupo de consumidores os devidos instrumentos
jurídico-processuais para que possa obter a justa e mais completa possível reparação do dano
pelos responsáveis.

1.2.2.3. Consumidor equiparado bystander (art. 17)

Para os fins de responsabilidade civil, o art. 17 do CDC considera como consumidor


qualquer ví ma da relação de consumo, ou seja, todos os prejudicados pelo evento de
consumo.
O STJ considerou consumidor equiparado o proprietário de uma residência sobre a
qual caiu um avião. Da mesma forma, se considerou como consumidores equiparados os pais de
uma criança que foi atacada por animais em um circo.

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STJ: Comerciante que foi a ngido em seu olho por es lhaços de uma garrafa de
cerveja, que estourou em suas mãos quando a colocava em um freezer, é ví ma de um acidente
de consumo e considerado consumidor para fins de reparação das lesões sofridas (REsp
1.288.008, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 04/04/2013).
STJ: Determinada pessoa teve seu nome inscrito no serviço de proteção ao crédito
porque alguém u lizou seu nome em um cheque falsificado para pagar estadia em hotel. Diante
do não pagamento do cheque, o banco levou a protesto o tulo de crédito. Essa pessoa
nega vada será considerada consumidora por equiparação, nos termos do art. 17 do CDC.
Houve um acidente de consumo causado pela suposta falta de segurança na prestação do
serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, no caso concreto, poderia ter iden ficado a
fraude. Logo, sendo a ví ma considerada consumidora e sendo o causador do dano um
fornecedor de serviços, a ação de indenização poderá ser proposta contra o Hotel no foro do
domicílio do autor (consumidor por equiparação), nos termos do art. 101, I, do CDC (STJ. 2ª
Seção. CC 128.079-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/3/2014 - Info 542).

1.2.2.4. Consumidor equiparado potencial ou virtual (art. 29)

Segundo o art. 29 do CDC, equiparam-se a consumidores todas as pessoas, 14


determináveis ou não, expostas às prá cas comerciais e empresariais nele previstas. São
prá cas comerciais previstas no CDC a oferta, a publicidade, as prá cas abusivas, os bancos de
dados ou cadastros de consumidores etc.
O vocábulo “potencial” ou “virtual” tem razão de ser no fato de que, para se enquadrar
como consumidor nessa hipótese, basta a simples exposição às prá cas comerciais ou
contratuais (= potencialidade), o que pode se tratar de uma cole vidade não iden ficável
concretamente.
Tem especial u lidade na defesa cole va do consumidor, bem como para propiciar um
controle preven vo e ofensivo das referidas prá cas.

1.2.2.5. Análise jurisprudencial da figura do consumidor e/ou da relação de consumo

Como já mencionado, a definição de consumidor e de relação de consumo tem assento


muito fér l na jurisprudência do STJ, que costuma ser bastante cobrada. Elaborou-se, assim, a
planilha abaixo, onde se tem, de um lado, as hipóteses de aplicação do CDC e, de outro, de não
aplicação.
Em algumas linhas, há a correspondência entre casos parecidos e, ao final, os
destaques. Leiam e releiam a tabela abaixo com muita atenção. É a cara de prova! E muito,
muito cuidado com as novidades mais recentes, que estarão em destaque.

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Há relação de consumo NÃO há relação de consumo
Aplica-se o CDC NÃO se aplica o CDC
Empreendimentos habitacionais promovidos NOVIDADE 2020:
por sociedades coopera vas. Não se aplica o CDC às relações entre acionistas
Súmula 602 do STJ – O Código de Defesa do inves dores e a sociedade anônima de capital
Consumidor é aplicável aos empreendimentos aberto com ações negociadas no mercado de
habitacionais promovidos pelas sociedades valores mobiliários.
coopera vas. A a vidade de aquisição de ações tem cunho
puramente societário e empresarial. Aplicação
do entendimento do Enunciado 19 da I Jornada
de Direito Comercial (STJ, REsp 1.685.098/SP –
Info 671).
A empresa corretora de bitcoin que celebra
contrato de conta-corrente com o banco para
exercício de suas a vidades não pode ser
considerada consumidora. Não se trata de uma
relação de consumo.
(STJ, REsp 1.696.214-SP, julgado em 09/10/2018
– info 636)

Aplica-se o CDC no âmbito da contratação de As normas prote vas do CDC não se aplicam ao
seguro faculta vo. seguro obrigatório (DPVAT).
15
Trata-se de obrigação imposta por lei, na qual não
há acordo de vontade entre as partes, tampouco
q u a l q u e r i n g e r ê n c i a d a s s e g u ra d o ra s
componentes do consórcio do seguro DPVAT, além
de inexis r sequer a opção de contratação ou
escolha do produto ou fornecedor pelo segurado.
(STJ, REsp 1.635.398/PR, DJe 23/10/2017).
Ins tuições financeiras NOVIDADE 2019:
Súmula 297 do STJ – O CDC é aplicável às O CDC é inaplicável ao contrato de fiança
ins tuições financeiras. bancária acessório a contrato administra vo.
Não se aplica a Súmula 297.
OBS: O beneficiário da fiança é ente da
Administração Pública, atraindo, assim, o
regime publicís co (posição de supremacia que
a lei confere à Administração Pública nos
contratos administra vos).
(STJ, Info 649, T3, REsp 1.745.415/SP, DJe
21/05/2019).
O CDC também não se aplica entre o INSS
(autarquia previdenciária) e os beneficiários.
(STJ, REsp 369.822, DJ 22/04/2003)

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Contratos de plano de saúde ATENÇÃO: Plano de saúde administrado por
Súmula 608 do STJ – Aplica-se o CDC aos en dade de autogestão.
co nt r a to s d e p l a n o d e s a ú d e , s a l vo o s A cons tuição dos planos sob a modalidade de
administrados por en dades de autogestão. autogestão diferencia, sensivelmente, essas
* Cancelamento da Súmula 469 do STJ. pessoas jurídicas quanto à administração, forma de
associação, obtenção e repar ção de receitas, dos
contratos firmados com empresas que extrapolam
essa a vidade no mercado e visam ao lucro.
En dades abertas de previdência complementar. En dades fechadas de previdência complementar.
Súmula 563 do STJ – O CDC é aplicável às
en dades abertas de previdência complementar,
não incidindo nos contratos previdenciários
celebrados com en dades fechadas.
Contratos de administração imobiliária – apenas à Contratos de locação disciplinados pela Lei n.
relação entre o proprietário/possuidor/locador e 8.245/91 (relação de locação imobiliária).
a imobiliária que contrata para administrar seus (STJ, AgRg no REsp 510.689, DJ 11/06/2007; AgRg
interesses.
no AREsp 111.983, DJe 28/08/2012)
(STJ, REsp 509.304, DJe 23/05/2013)

Relação entre condomínio e concessionária de Relações entre condôminos e condomínio


serviço público (ex.: água e esgoto). (STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006)
(STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006)
16
Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de
edi cio em construção, nas hipóteses em que atua
na defesa dos interesses dos seus condôminos
frente a construtora ou incorporadora.
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.560.728-MG, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
18/10/2016 - Info 592).

Contratos de promessa de compra e venda em Contratos de crédito educa vo e relações entre


que a incorporadora se obriga à construção de estudante e programa de financiamento estudan l
unidades imobiliárias mediante financiamento. (por se tratar de polí ca governamental de
fomento à educação, e não de serviço bancário).
(STJ, REsp 334.829, DJ 04/02/2002).
(STJ, REsp 600.677, DJ 31/05/2007; AgRg no ARE
7.877, DJe 03/11/2011; REsp 1.155.684, DJe
18/05/2010; REsp 1.031.694, DJe 29/05/2009).

Contratos de financiamento vinculados ao Contratos de financiamento vinculados ao SFH


Sistema Financeiro de Habitação (SFH). firmado com cobertura do Fundo de
OBS: Há exceção que será tratada ao lado. Compensação de Variações Salariais (FCVS).
(STJ, AgRg no Ag 914.453, DJe 20/03/2009). (STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1.032.061 Dje
09/03/2010; REsp 1.483.061, DJe 10/11/2014).

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Contratos de arrendamento mercan l. Relação entre rep res entante co mercial
(STJ, REsp 664.351, DJ 29/06/2007). autônomo e a sociedade representada.
(STJ, REsp 761.557, DJe 03/12/2009).
Relação entre consorciados e administradora de Relação dos consorciados entre si.
consórcio. STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012).
(STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012).

Serviços de atendimento médico-hospitalar em Regime de administração ou preço de custo


hospital de emergência. (quando várias pessoas se reúnem para um
(STJ, REsp 696.284, DJe 18/12/2009). obje vo, p.ex., para construir um prédio).
(STJ, REsp 860.064, DJe 02/08/2012).

Concessionárias de serviços públicos, inclusive de Contrato de franquia.


serviços rodoviários. (STJ, REsp 632.958, DJe 29/03/2010).
(STJ, AgRg no Ag 1.398.696, DJe 10/11/2011; REsp
687.799, DJe 30/11/2009).
Coopera vas de crédito (integram o Sistema Contrato de fornecimento de insumos agrícolas
Financeiro Nacional). celebrado entre coopera va e cooperado (ato
(STJ, AgRg no Ag 1.224.838, DJe 15/03/2010). coopera vo pico).
(STJ, AgRg no REsp 1.122.507, DJe 13/08/2012).

Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Financiamento bancário ou de aplicação 17


(STJ, REsp 1.210.732, DJe 15/03/2013; REsp financeira com finalidade de ampliar capital de
1.183.121, DJe 07/04/2015). giro (pois o capital des na-se a fomentar a
a vidade industrial).
(STJ, REsp 963.852, DJe 06/10/2014).

Relação entre cliente e casa noturna. Em geral, a prestação de serviços entre pessoas
(STJ, REsp 695.000, DJ 21/05/2007). jurídicas de porte, sem vulnerabilidade da
empresa consumidora.
(STJ, REsp 1.038.645, DJe 24/11/2010).
Contrato de transporte de mercadorias vinculado
a contrato de compra e venda de insumos (sem
constatação de vulnerabilidade do consumidor
profissional ante o fornecedor).
(STJ, REsp 1.442.674, DJe 30/03/2017, Info 600).

Relação entre pessoa natural e sociedade que Relações jurídicas tributárias.


presta serviço de corretagem de valores e tulos (STJ, REsp 673.374, DJ 29/06/2007).
mobiliários (de forma habitual e profissional).
(STJ, REsp 1.599.535, DJe 21/03/2017, Info 600).

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Transporte aéreo nacional envolvendo o Transporte aéreo internacional envolvendo
consumidor. relações de consumo ou não (Havendo relação de
consumo ou não, não se aplica o CDC. As
Convenções de Varsóvia e de Montreal devem ser
aplicadas na reparação de danos materiais, como
extravio de bagagem e outras questões
envolvendo o transporte aéreo internacional,
como é o caso da prescrição. Todavia, não se
aplicam para indenizações por danos morais). STF.
Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e
ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados
em 25/05/2017 - repercussão geral. (Info 866).

Além das situações expostas na tabela acima, existem outras que merecem maiores
explicações, seja pela sua complexidade seja pela evolução jurisprudencial, o que será feito em
destaque nos quadros abaixo.
ATENÇÃO
Informa vo 866 STF 2017: Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. An nomia. Convenção
de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na
Convenção de Varsóvia e demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às 18
condenações por dano material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais.
Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Cons tuição da
República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das
transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor".
Vamos entender alguns detalhes do julgado acima do STF.
Em suma, decidiu-se uma an nomia aparente entre os seguintes diplomas:
- CDC (1990) – vige o princípio da reparação integral (art. 6o, VI);
- Convenção de Varsóvia (Decreto n. 20.704/31), alterada pela Convenção de Montreal
(Decreto n. 2.861/98) – tratam das indenizações que o transportador aéreo poderá ser
obrigado a pagar em caso de destruição, perda ou avaria de bagagens e fixam limites
(“indenização tarifada”).
Para compreender a decisão da Suprema Corte, é fundamental conhecer o teor do art. 178 da
CF/88.
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquá co e terrestre,
devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados
pela União, atendido o princípio da reciprocidade.

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Diante do exposto da CF, aliado aos critérios cronológicos (a Convenção de Montreal foi
incorporada no ordenamento jurídico brasileiro após o CDC, e modificou a Convenção de
Varsóvia no que tange ao tema ora discu do) e especial (a Convenção de Montreal dispõe
especificamente sobre a indenização pelo extravio de bagagem em transporte aéreo), o STF
decidiu que deve prevalecer o disposto nas Convenções de Varsóvia e de Montreal em
detrimento do CDC.
CUIDADO: é preciso atentar para os balizadores dessa decisão, pois não é qualquer
transporte nem qualquer dano por ela abrangido.
- transporte aéreo internacional (NÃO se aplica ao transporte aéreo domés co);
- danos materiais (os danos morais NÃO se sujeitam à indenização tarifada – nesse sen do,
recentemente, o STJ afirmou no REsp 1.842.066/RS, julgado pela Terceira Turma e veiculado
no Informa vo 673 – “as indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem
e de atraso de voo internacional não estão subme das à tarifação prevista na Convenção de
Montreal, devendo-se observar a efe va reparação do consumidor prevista no CDC).
Como sabemos, a posição do STJ era dis nta (entendia que se deveria afastar a indenização
tarifada e dar prevalência à res tuição integral, ou seja, o CDC deveria prevalecer sobre as
Convenções). Com o julgado do STF acima, em sede de repercussão geral, todavia, o STJ já vem
19
se aliando à Suprema Corte (ex.: REsp 673.048/RS, Terceira Turma, j. em 08/05/2018, Info 626).

OBSERVAÇÃO
Evolução da jurisprudência do STJ no que tange à aplicação do CDC às en dades de
previdência complementar.
Para se chegar à diferenciação exposta acima entre en dades abertas e fechadas de
previdência complementar, o STJ passou por uma modificação substancial no tempo.
Inicialmente, estava previsto na Súmula 321 que “O CDC é aplicável à relação jurídica entre a
en dade de previdência privada e seus par cipantes”.
Percebe-se que o verbete acima tratava apenas do gênero en dade de previdência privada,
sem diferenciar entre aberta e fechada. A natureza de ambas é, porém, dis nta e implica em
consequências diferentes:
a) en dades abertas: são empresas privadas cons tuídas sob a forma de sociedade anônima
e possuem disponíveis para contratação por qualquer pessoa sica ou jurídica planos de
previdência privada. É comum haver empresas desta natureza vinculadas a ins tuições
financeiras conhecidas (BrasilPrev do Banco do Brasil, Bradesco Vida e Previdência, Porto
Seguro Vida e Previdência etc.).
b) en dades fechadas: são pessoas jurídicas organizadas sob a forma de fundação ou

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sociedade civil, man das por conglomerados de empresas ou empresas de grande porte, que
oferecem aos funcionários desses planos de previdência privada. São também denominadas
de fundos de pensão. Os referidos planos não são acessíveis/comercializáveis a terceiros
(apenas aos funcionários das empresas vinculadas). Ex.: Fundação Vale do Rio Doce de
Seguridade Social.
Diante dessa diferença notória de regimes, o STJ, inicialmente em sede de recurso especial
sob a sistemá ca de recursos repe vos (REsp 1.536.786/MG, DJe 20/10/2015), cancelou a
referida Súmula 321 e editou a Súmula 563 em seu lugar, cujo teor é o seguinte:
Súmula 563: O CDC é aplicável às en dades abertas de previdência complementar, não
incidindo nos contratos previdenciários celebrados com en dades fechadas.

1.2.3. FORNECEDOR (art. 3º caput)

Fornecedor é toda pessoa sica ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem a vidade (com
habitualidade) de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Segundo o STJ, para o fim de aplicação do CDC, o reconhecimento de uma pessoa sica 20
ou jurídica ou de um ente despersonalizado como fornecedor de serviços atende aos critérios
puramente obje vos, sendo irrelevantes a sua natureza jurídica, a espécie dos serviços que
prestam e até mesmo o fato de se tratar de uma sociedade civil, sem fins lucra vos, de caráter
beneficente e filantrópico, bastando que desempenhem determinada a vidade no mercado de
consumo mediante remuneração.
Assim, en dades beneficentes podem ser perfeitamente enquadradas como
fornecedoras e/ou prestadoras, sem qualquer entrave material.
O que vem a interessar na caracterização do fornecedor ou prestador é o fato de ele
desenvolver uma a vidade, que vem a ser a soma de atos coordenados para uma finalidade
específica.
Dessa forma, se alguém atua de modo isolado, em um ato único, não poderá se
enquadrar como fornecedor ou prestador. O requisito da habitualidade é re rado do próprio
conceito de a vidade.
Como afirmado no art. 3o do CDC, a a vidade desenvolvida deve ser picamente
profissional, com intuito de lucro direto ou vantagens indiretas. A norma descreve algumas
a vidades, em rol meramente exemplifica vo como: produção, montagem, criação, construção
etc.

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ATENÇÃO aos dois requisitos acima para a configuração do fornecedor: habitualidade
e exercício profissional.
Fornecedor equiparado - é um intermediário na relação de consumo, com posição de
auxílio ao lado do fornecedor de produtos ou prestador de serviços, caso das empresas que
mantêm e administram bancos de dados dos consumidores. Exemplo de fornecedor
equiparado é o es pulante profissional ou empregador dos seguros de vida em grupo.
Assim, fornecedor equiparado é aquele que não é o fornecedor do contrato principal
de consumo, mas intermediário, an go terceiro, ou es pulante, hoje é o "dono" da relação
conexa (e principal) de consumo, por deter uma posição de poder na relação outra com o
consumidor.
É importante diferenciar o gênero fornecedor das suas espécies (tal diferenciação será
explorada quando do estudo da responsabilidade nas relações de consumo, consistente no
Ponto 2 do nosso edital Mege):

- Gênero: Fornecedor.
- Espécies: fabricante, montador, criador, importador, exportador, distribuidor,
comerciante etc.
21
O CDC, quando quer que toda a cadeia seja responsabilizada, usa o termo
“fornecedor” como gênero (vide arts. 8o, caput, e 18, caput). Quando, por outro lado, quer
designar algum fornecedor específico, u liza-se do termo em espécie, exemplo arts. 8o,
parágrafo único (“fabricante”), e 12 (“fabricante, produtor, construtor e importador”), 13
(“comerciante) etc.
A doutrina classifica ainda os fornecedores (gênero) em três categorias:

a) Fornecedor real – envolve o fabricante, o produtor e o construtor;


b) Fornecedor aparente – compreende aquele que, embora não tendo par cipado do
processo de fabricação, apresenta-se como tal pela colocação de seu nome, marca ou
outro sinal de iden ficação no produto que foi fabricado por um terceiro; e
c) Fornecedor presumido – abrange o importador de produto industrializado ou in
natura e o comerciante de produto anônimo (art. 13).

OBSERVAÇÃO

Recentemente, o STJ julgou um caso entendendo pela existência de fornecedora aparente


(Informa vo 642 de 2019).
No caso concreto, uma empresa denominada Semp Toshiba Informá ca Ltda. u lizava-se da
marca Toshiba para melhorar seu desempenho no mercado, em que pese serem pessoas
jurídicas dis ntas.

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Nesse cenário, a Corte Cidadã considerou incontroverso que o produto defeituoso adquirido
pelo autor ostentava a mesma marca da empresa recorrente, por meio de sua razão social, e
essa, apesar de não ser a fabricante direta do produto, beneficia-se do nome, da confiança e
da propaganda TOSHIBA com o intuito de melhorar seu desempenho no mercado
consumidor. Dessa forma, a par r da teoria da aparência, seria possível aferir uma coligação
entre as empresas, notadamente em decorrência da u lização pela recorrente da mesma
marca da empresa fabricante do produto defeituoso, de modo que tal quadro fá co leva à
caracterização daquela como fornecedora na relação jurídica em debate, e, portanto, parte
legí ma para responder a presente ação de reparação de danos, nos moldes da legislação
consumerista.
Para o STJ, a legislação consumerista abraçou a Teoria da Aparência para responsabilizar
aquele que, a despeito de não par cipar diretamente do processo de fabricação do produto,
por ostentar a marca por ele u lizada, passa a ser responsabilizado pelos danos decorrentes
dessa relação.
Confira-se, pela importância, a ementa do julgado, no seu cerne:
O fornecedor aparente em prol das vantagens da u lização de marca internacionalmente
reconhecida, não pode se eximir dos ônus daí decorrentes, em atenção à teoria do risco da 22
a vidade adotada pelo Código de Defesa do Consumidor. Dessa forma, reconhece-se a
responsabilidade solidária do fornecedor aparente para arcar com os danos causados pelos
bens comercializados sob a mesma iden ficação (nome/marca), de modo que resta
configurada sua legi midade passiva para a respec va ação de indenização em razão do fato
ou vício do produto ou serviço.
No presente caso, a empresa recorrente deve ser caracterizada como fornecedora aparente
para fins de responsabilização civil pelos danos causados pela comercialização do produto
defeituoso que ostenta a marca TOSHIBA, ainda que não tenha sido sua fabricante direta, pois
ao u lizar marca de expressão global, inclusive com a inserção da mesma em sua razão social,
beneficia-se da confiança previamente angariada por essa perante os consumidores. É de
rigor, portanto, o reconhecimento da legi midade passiva da empresa ré para arcar com os
danos pleiteados na exordial.
(REsp 1580432/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 06/12/2018,
DJe 04/02/2019).

Em resumo, para se caracterizar como fornecedor, é preciso haver:

a) A vidade profissional - entende-se aquela desenvolvida de forma habitual


(reiteração), com alguma especialidade (colocando o fornecedor num patamar
superior ao consumidor não profissional) e visando a determinada vantagem

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econômica (não necessariamente lucro, como também contraprestação,
remuneração);
b) A vidade desenvolvida no mercado de consumo - somente pode ser considerado
fornecedor aquele que oferece seus produtos/serviços no espaço ideal denominado
“mercado de consumo” (espaço no qual se desenvolvem a vidades econômicas).

OBSERVAÇÃO
O STJ entende que o CDC não se aplica aos serviços advoca cios, justamente por não se
desenvolverem no mercado de consumo.

1.2.4. PRODUTO (art. 3o, par. 1o)

Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.


A doutrina e a jurisprudência consideram o lazer como exemplo de bem imaterial
sujeito às relações de consumo. Dessa forma, casas noturnas e de espetáculos estão abrangidas
pelo CDC.
Produtos Digitais - Entende-se que também existem produtos digitais como os
programas de computadores que são protegidos pelo CDC.
Ressalte-se que para o produto, diferentemente do serviço, o CDC não exige a presença
23
de remuneração (ainda que indireta). Assim será considerado produto mesmo que oferecido
gratuitamente (art. 39, parágrafo único – amostra grá s).
o o
1.2.5. SERVIÇO (art. 3 , par. 2 )

Serviço é qualquer a vidade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Apesar de a lei mencionar expressamente remuneração, dando um caráter oneroso ao
negócio, admite-se que o prestador tenha apenas vantagens indiretas, sem que isso
prejudique a qualificação da relação consumerista. A doutrina fala também em serviços
aparentemente gratuitos. Ex.: estacionamento de shopping center, lojas ou supermercados.
Ressalta-se que, no caso dos estacionamentos, não faz a lei dis nção entre o
consumidor ter ou não feito compras no local. Súmula 130 do STJ – “A empresa responde,
perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”.
O CDC aplica-se também ao sistema de milhagem das companhias aéreas ou cartão de
crédito.
As ins tuições financeiras e os bancos sujeitam-se ao CDC. A previsão legal expressa

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foi considerada cons tucional pelo STF na ADI 2591 (j. em 14/12/2006). Súmula 297 do STJ – “O
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às ins tuições financeiras”.

1.2.5.1. A questão dos serviços públicos

Os serviços públicos podem configurar serviços para os fins de relação consumerista.


Em análise ao CDC, vê-se a presença de disposi vos que denotam isso:

a) a previsão legal de que pessoa jurídica de direito público pode ser fornecedora (art.
3o, caput);
b) a previsão, dentre os princípios da Polí ca Nacional das Relações de Consumo, da
racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4o, VII);
c) previsão, como direito básico do consumidor, da adequada e eficaz prestação dos
serviços públicos em geral (art.6o, X); e
d) o elenco de diversos deveres aos fornecedores de serviços públicos (art. 22).

STJ: entende a aplicação das normas do CDC apenas para os serviços públicos
remunerados por meio de tarifa ou preço público (e não para os serviços públicos remunerados
por taxas). Ex.: concessionárias de água e esgoto, de energia elétrica.
24
ATENÇÃO
STJ: A relação entre concessionária de serviço público e o usuário final para o fornecimento de
serviços públicos essenciais é consumerista, sendo cabível a aplicação do CDC.

1.3. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO E OS INSTRUMENTOS


PARA A SUA EXECUÇÃO (arts. 4º e 5º)

Esse tópico não constava originalmente do material, até porque a eventual cobrança
em provas de concurso público para Magistratura Estadual, além de baixa, nunca foi além da
letra da lei. Todavia, houve inovação legisla va significa va com a Lei n. 14.181/2021, que
trouxe novos incisos tanto ao art. 4º, que trata dos princípios da Polí ca Nacional das Relações
de Consumo (PNRC), como ao art. 5º, que dispõe sobre os instrumentos a cargo do Poder
Público para a execução da PNRC. Dessa maneira, achamos prudente incluir esse tópico, ainda
que com breves comentários (que devem ser suficientes para as provas) aos incisos que
julgamos mais importantes.

Art. 4º A Polí ca Nacional das Relações de Consumo tem por obje vo o atendimento
das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a
proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem
como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes
princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

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São, assim, os seguintes os obje vos, da PNRC:

- o atendimento das necessidades dos consumidores;


- o respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores;
- a proteção de seus interesses econômicos;
- a melhoria da sua qualidade de vida;
- a transparência e harmonia das relações de consumo.

1.3.1. OS PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Os incisos do art. 4º materializam os princípios da PNRC, e aqui passaremos a comentar


os de maior destaque ou os que demandam alguma análise doutrinária.

1.3.1.1. O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo (art. 4º, I)

A doutrina consumerista considera que, para além de um princípio, a vulnerabilidade


do consumidor é fundamento do sistema de consumo, a razão maior da edição do CDC.
A vulnerabilidade é um estado da pessoa, um estado inerente de risco ou um sinal de
confrontação excessiva de interesses iden ficado no mercado, é uma situação permanente ou 25
transitória, individual ou cole va, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos.
Segundo esse princípio, o consumidor é considerado vulnerável em suas relações de
consumo. Dessa forma, surgiu a necessidade patente de elaboração da norma prote va.
A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes envolvidas; se um
dos polos é vulnerável, as partes são desiguais e, justamente por força da desigualdade, é que o
vulnerável é protegido pela legislação, com o fim de garan r os princípios cons tucionais da
isonomia e igualdade nas relações jurídicas minimizando deste modo a desigualdade.
A vulnerabilidade desdobra-se em quatro faces (são as mais aceitas pela doutrina até o
presente momento), conforme explicitado em tópico anterior (1.2.2.1).

(i) informacional,
(ii) técnica,
(iii) jurídica/cien fica e
(iv) fá ca ou socioeconômica

A presunção de vulnerabilidade do consumidor é iure et de iure, não aceitando


declinação ou prova em contrário, em hipótese alguma. Dessa forma, é uma caracterís ca
inerente à condição de consumidor.

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Vulnerabilidade x Hipossuficiência - O conceito de vulnerabilidade é diferente de
hipossuficiência. Todo consumidor é sempre vulnerável, independente de sua condição no caso
concreto. Entretanto, nem sempre será hipossuficiente, pois esta depende de uma análise
casuís ca.
STJ: “o ponto de par da do CDC é a afirmação do Princípio da vulnerabilidade do
consumidor, mecanismo que visa a garan r igualdade formal-material aos sujeitos da relação
jurídica de consumo, o que não quer dizer compactuar com exageros que, sem u lidade real,
obstem o progresso tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucra vidade dos
negócios” (REsp 586.316, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 19/03/2009).
- Hipervulnerabilidade – é a situação social fá ca e obje va de agravamento da
vulnerabilidade da pessoa sica consumidora, seja permanente (deficiência sica ou mental) ou
temporária (doença, gravidez, analfabe smo, idosos, crianças etc.). Expressão u lizada pelo
Min. Herman Benjamin (no REsp 931.513).
STJ: A Defensoria Pública tem legi midade para propor ação civil pública em defesa de
interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que veram plano de saúde
reajustado em razão da mudança de faixa etária, ainda que os tulares não sejam carentes de
recursos econômicos. A atuação primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência 26
jurídica e a defesa dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas a vidades
em auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos econômicos. A
expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, que qualifica e orienta a atuação
da Defensoria Pública, deve ser entendida, no campo da Ação Civil Pública, em sen do amplo.
Assim, a Defensoria pode atuar tanto em favor dos carentes de recursos financeiros como
também em prol do necessitado organizacional (que são os "hipervulneráveis"). STJ. Corte
Especial. EREsp 1192577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573).

1.3.1.2. Ação governamental no sen do de proteger efe vamente o consumidor (art. 4º, II)

A ação governamental pode se dar de formas dis ntas, cuja abrangência o próprio CDC
tenta deixar claro:

a) por inicia va direta;


b) por incen vos à criação e desenvolvimento de associações representa vas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garan a dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,
segurança, durabilidade e desempenho.

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1.3.1.3. Harmonização dos interesses dos par cipantes das relações de consumo e
compa bilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem
econômica (art. 170 da Cons tuição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio
nas relações entre consumidores e fornecedores (art. 4º, III)

Aqui, vê-se manifestação do princípio da boa-fé obje va. Deve-se levar em


consideração o sistema do CC de 2002 na interpretação da cláusula da boa-fé.

Enunciado 27 do CJF - Na interpretação da cláusula geral da boa-fé, deve-se levar em


conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemá cas com outros estatutos
norma vos e fatores metajurídicos.

A boa-fé cons tui uma regra de conduta. Esta vem a ser a exigência de um
comportamento de lealdade dos par cipantes negociais, em todas as fases do negócio. A boa-fé
obje va tem relação direta com os deveres anexos ou laterais da conduta, que são deveres
inerentes a qualquer negócio, sem a necessidade de previsão no instrumento. Dentre eles
merecem destaque o dever de cuidado, respeito, lealdade, probidade, informação,
transparência e de agir honestamente e com razoabilidade.
27
- Dever de informar o perigo e a nocividade (art. 9º do CDC) - O fornecedor de produtos e
serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de
maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem
prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.
- Dever de prestar informações corretas, claras e precisas (art. 31 do CDC) - A oferta e
apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras,
precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas caracterís cas, qualidades,
quan dade, composição, preço, garan a, prazos de validade e origem, entre outros dados,
bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
- Proibição da publicidade abusiva ou enganosa (arts. 36 e 37 do CDC) - Referem-se à
proibição de publicidade simulada, abusiva e enganosa. Estas normas serão estudadas
mais adiante, em outra rodada.
- Vinculação do fornecedor (art. 48 do CDC) - As declarações de vontade constantes de
escritos par culares, recibos e pré-contratos rela vos às relações de consumo
vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica.

1.3.1.4. Educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e


deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo (art. 4º, IV)

1.3.1.5. Incen vo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle e qualidade e


segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alterna vos de solução de
conflitos de consumo (art. 4º, V)

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1.3.1.6. Coibição e repressão eficientes de todos os abusos pra cados no mercado de
consumo, inclusive a concorrência desleal e u lização indevida de inventos e criações
industriais das marcas e nomes comerciais e signos dis n vos, que possam causar prejuízos
aos consumidores (art. 4º, VI)

1.3.1.7. Racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4º, VII)

1.3.1.8. Estudo constante das modificações do mercado de consumo (art. 4º, VIII)

1.3.1.9. Fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores


(art. 4º, IX)

1.3.1.10. Prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar a exclusão


social do consumidor (art. 4º, X)

Com relação aos incisos IX e X, a Lei n. 14.181/2021 fez profunda alterações no CDC
para incluir diversos disposi vos a fim de tratar da educação financeira dos consumidores e
prevenir e tratar o superendividamento.
O superendividamento ou sobre-endividamento tem sido uma preocupação atual do
Direito do Consumidor em todo o mundo, decorrente da imensa facilidade de acesso ao crédito 28
nos dias de hoje.
A definição do fenômeno, trazida pela doutrina de Cláudia Lima Marques, é que se
trata da impossibilidade global do devedor pessoa sica, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar
todas as suas dívidas atuais e futuras de consumo.
Alguns sistemas jurídicos já nham alcançado, antes do Brasil, soluções legisla vas
para resolver a situação, como é o caso do Direito francês.
No Brasil, após anos de tramitação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei n.
3.515/2015 (oriundo do Projeto de Lei do Senado n. 283/2012), dispondo acerca do
superendividamento do consumidor e prevendo medidas judiciais para garan r o mínimo
existencial ao consumidor endividado, foi enfim promulgada a bem-vinda Lei n. 14.181/2021.
C u m p re d e sta ca r q u e o d i re i to co m p a ra d o p revê d u a s e s p é c i e s d e
superendividamento:
- Superendividamento a vo: ocorre quando o consumidor, voluntariamente, se
endivida, influenciado pela agressividade do mercado de consumo e estratégias de publicidade
e marke ng de empresas fornecedoras. Há outra subdivisão: i) consciente – quando, imbuído
de má-fé, contrai dívidas superiores à possibilidade de pagamento, com a intenção deliberada
de fraudar credores; ii) inconsciente – não há intuito deliberado do consumidor, mas um agir
imprudente, impulsivo, em análise da real possibilidade de gastos.

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- Superendividamento passivo: ocorre por mo vos inicialmente não previstos pelo
consumidor, decorrentes de eventos complicados da vida (ex.: morte do parente provedor da
família, caso de doença grave, desemprego, divórcio etc.).
Via de regra, a jurisprudência tendia a proteger o mínimo existencial dos consumidores
em superendividamento a vo inconsciente ou passivo.
Com a inovação legisla va – o que será visto na sede própria -, houve definição legal
do fenômeno como sendo “a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de
boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer
seu mínimo existencial, nos termos da legislação” (art. 54-A, par. 1º). Ocorre que ficam excluídos
da nova proteção legal os casos de: (i) fraude ou má-fé; (ii) contratos celebrados dolosamente
com a intenção de não pagamento; e (iii) os produtos ou serviços de luxo de alto valor (art. 54-A,
par. 3º).

1.3.2. Os instrumentos à disposição do Poder Público para execução da Polí ca Nacional das
Relações de Consumo

Para a consecução da PNRC, o CDC prevê instrumentos de execução, que configuram


opções – desejáveis -, mas não imposições ao Poder Público. São eles: 29
1.3.2.1. Manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente
(art. 5º, I)

1.3.2.2. Ins tuição de Promotorias de Jus ça de Defesa do Consumidor, no âmbito do


Ministério Público (art. 5º, II)

1.3.2.3. Criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores


ví mas de infrações penais de consumo (art. 5º, III)

1.3.2.4. Criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a


solução de li gios de consumo (art. 5º, IV)

1.3.2.5. Concessão de es mulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do


Consumidor (art. 5º, V)

1.3.2.6. Ins tuição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do


superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural (art. 5º, VI – novidade
incluída pela Lei n. 14.181/2021)

1.3.2.7. Ins tuição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos do


superendividamento (art. 5º, VII – novidade incluída pela Lei n. 14.181/2021)

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1.4. OUTROS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
o
1.4.1. PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR (art. 1 )

O consumidor deve ser assumido como pessoa humana, tanto pela legislação vigente,
quanto pelo próprio mercado, a quem se reconhece a necessidade de proteção integral no
contexto das relações negociais consumeristas, em que imperam os princípios cons tucionais
como pressupostos necessários, não só a proteção, mas também sua promoção integral de
frente à sociedade de massa globalizada.
São consequências do referido princípio:

- Impossibilidade de disposição da proteção consumerista - as regras do CDC não


podem ser afastadas por convenção das partes (art. 51, XV do CDC);
- Conhecimento da proteção de o cio - a proteção do CDC deve ser conhecida de o cio
pelo juiz. Exemplo disso é a nulidade das cláusulas abusivas que deve ser declarada de
o cio pelo juiz (à exceção daquelas previstas em contratos bancários, conforme
Súmula 381 do STJ).

A doutrina afirma que todos os outros princípios decorrem do princípio da proteção do


consumidor. 30
1.4.2. PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (art. 6o, VIII)

Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito


fá co e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância notada no caso concreto.
Assim sendo, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente.
A hipossuficiência por sua vez, não se confunde com a vulnerabilidade, pois se
apresentará exclusivamente no campo processual e deve ser observada caso a caso, já que se
trata de presunção rela va, então, precisará ser comprovada no caso concreto diante do juiz.
São duas as principais noções de hipossuficiência, segundo a lei:

- a que concede o bene cio da jus ça gratuita aos que alegarem pobreza e
comprovando-a na forma da lei, então, considera-se a parte hipossuficiente;
- aquela relacionada à inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do art. 6o do CDC,
mas que não se relaciona necessariamente à condição econômica dos envolvidos.

O conceito de hipossuficiência vai além do sen do literal das expressões pobre ou sem
recursos, aplicáveis nos casos de concessão dos bene cios da jus ça gratuita, no campo
processual. O conceito de hipossuficiência consumerista é mais amplo, devendo ser apreciado
pelo aplicador do direito caso a caso, no sen do de reconhecer a disparidade técnica ou
informacional, diante de uma situação de desconhecimento.

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Consequência da configuração da hipossuficiência é o direito à inversão do ônus da
prova a favor do consumidor.

1.4.3. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA OU DA CONFIANÇA (arts. 4o, caput, 6o, III)

Este princípio se refere ao direito do consumidor a uma informação adequada que lhe
permita fazer escolhas bem seguras conforme os desejos e necessidades de cada um.
O direito à informação tem como desígnio promover completo esclarecimento quanto à
escolha plenamente consciente do consumidor, de maneira a equilibrar a relação de vulnerabilidade,
colocando o consumidor em posição de segurança na negociação de consumo, acerca dos dados
relevantes para que a compra do produto ou serviço ofertado seja feita de maneira consciente.

1.4.4. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO (implícito no CDC e expresso no CC – arts.


421 e 2.035, parágrafo único)

Obje va tentar equilibrar uma situação que sempre foi desigual, em que o consumidor
sempre foi ví ma das abusividades da outra parte da relação de consumo, mediante limitação
ao exercício da autonomia privada no campo contratual.
A declaração de nulidade das cláusulas abusivas é uma clara aplicação desse princípio. 31
- Revisão do contrato por onerosidade excessiva (art. 6o, V, do CDC) - É direito do
consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas.
- Princípio da preservação dos negócios jurídicos - Como decorrência da função social
dos contratos, deve-se, sempre que possível, preservar os contratos, assegurando
trocas úteis e justas (Enunciado 22 do CJF).
- Teoria do Adimplemento Substancial - Segundo essa teoria, nos casos das obrigações
de pagamento parcelado, quando tal pagamento for feito quase que completamente,
ou muito próximo disso, não será possível pleitear a resolução contratual com base no
inadimplemento. Nesses casos, o credor terá que se contentar em pedir o
cumprimento da parte que ficou inadimplida ou então pleitear indenização pelos
prejuízos que sofreu (STJ, REsp 1200105/AM, julgado em 19/06/2012). O
adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer
preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé obje va, balizando a
aplicação do art. 475 (Enunciado 361 do CJF).

OBSERVAÇÃO
Não se aplica a teoria do adimplemento substancial para a alienação fiduciária regida pelo DL
911/69. STJ. 2ª Seção. REsp 1.622.555-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 22/2/2017 (Info 599).

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1.4.5. PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL (art. 6o, II)

Determina este princípio que é garan da a igualdade de condições no momento da


contratação ou de aperfeiçoamento da relação jurídica patrimonial. Assim, fica estabelecido o
compromisso de tratamento igual a todos os consumidores, consagrada a igualdade nas
contratações.
Ressalta-se que a doutrina e a jurisprudência têm aceitado diferenciações benéficas
para os consumidores tratados como hipervulneráveis, como os idosos, incapazes etc.

1.4.6. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS (art. 6o, VI)

No que se refere à responsabilidade civil na ó ca consumerista, o regramento


fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura aos consumidores a efe va
prevenção e reparação de todos os danos suportados, sejam eles materiais ou morais,
individuais ou cole vos.
É cabível o pedido de reparação de todos os danos possíveis, inclusive lucros cessantes,
danos emergentes, danos morais e danos esté cos.

Súmula 367 do STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano esté co e dano 32
moral

Dano Moral Cole vo - A doutrina tem admi do a existência de danos morais cole vos.
Esta é modalidade de dano que a nge, ao mesmo tempo, vários direitos da personalidade, de
pessoas determinadas ou determináveis.
Dano Difuso - Trata-se de um dano social. São lesões à sociedade, no seu nível de vida,
tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por diminuição na qualidade de vida.
Estes podem gerar repercussões materiais ou morais. Estes danos envolvem ví mas
indeterminadas ou indetermináveis.
Dano pela Perda de uma Chance - A doutrina e a jurisprudência têm também aceito o
dano pela perda de uma chance. A perda de uma chance está caracterizada quando a pessoa vê
frustrada uma expecta va, uma oportunidade futura, que, dentro da lógica razoável, ocorreria
se as coisas seguissem seu curso normal. Ressalta-se que, segundo a jurisprudência, para haver
direito de indenização essa chance deve ser séria e real. Ex.: Caso do Jogo do Milhão.
Responsabilidade Obje va - O princípio da reparação do dano integral gera, via de
regra, a responsabilidade obje va de fornecedores e prestadores como regra das relações de
consumo. Consigne-se que essa responsabilidade independentemente de culpa visa à
facilitação das demandas em prol dos consumidores, representando um aspecto material do
acesso à jus ça.

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Solidariedade da Responsabilidade Consumerista - Outro aspecto que apresenta
estreita ligação com a reparação integral é a regra da solidariedade re rada da responsabilidade
o
consumerista. Enuncia o art. 7 , parágrafo único, do CDC que, tendo mais de um autor a ofensa,
todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de
consumo.
Os temas brevemente indicados neste subtópico serão melhor explorados quando do
estudo da responsabilidade civil nas relações consumeristas.

1.5. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (art. 6o)

O CDC ins tuiu rol exemplifica vo, mínimo necessário à efe va proteção dos seus
o
interesses. O art. 7 do CDC, por sua vez, é cláusula de abertura do microssistema, para que algum
direito do consumidor, previsto em outro diploma legal, possa a ele se somar (diálogo das fontes).
o
O rol do art. 6 , portanto, é numerus apertus.
o
1.5.1. DIREITO À VIDA (art. 6 , I)

Visa a garan r que produtos e serviços no mercado de consumo não acarretarão riscos
à incolumidade sica do consumidor. Esse direito de proteção é fruto do princípio da confiança e 33
do dever de segurança.
o
1.5.2. DIREITO À EDUCAÇÃO E À LIBERDADE DE ESCOLHA (art. 6 , II)

Busca minimizar a vulnerabilidade técnica e informacional do consumidor,


proporcionando um aumento no seu nível de consciência sobre os produtos e serviços a ele
oferecidos, de modo que, ao contratar, formule um juízo crí co sobre a oportunidade e
conveniência da contratação, ou seja, sobre a sua real necessidade e u lidade.
O consumidor tem o direito de escolher, dentre os vários produtos e serviços
fornecidos no mercado de consumo, aqueles que deseja contratar.
O art. 39, I, do CDC veda a venda casada, o que pode ser considerado como um
desdobramento dos princípios ora vistos.

1.5.3. DIREITO À IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES (art. 6o, II)

Combate a discriminação injus ficada entre os consumidores (art. 39, II, IV, IX, CDC).
O fornecedor deve oferecer as mesmas condições a todos os consumidores. Apenas
admitem-se privilégios àqueles que necessitam (idosos, gestantes), respeitando-se, assim, a
aplicação concreta do princípio isonômico.

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1.5.4. DIREITO À INFORMAÇÃO (art. 6o, III)

Oportuniza ao consumidor o conhecimento de todas as caracterís cas do produto/serviço,


das condições do negócio, riscos e consequências da contratação. A escolha consciente implica o que
vem sendo denominado de consen mento informado ou vontade qualificada.
Gera para o fornecedor o dever de informar (arts. 12, 14, 18, 20, 30, 31, 46, 54), que
deve ser observado no momento pré-contratual (art. 31), na conclusão do negócio (art. 30), na
o
execução do contrato (art. 46) e no momento pós-contratual (art. 10, §1 ). O descumprimento
desse dever caracteriza um ato ilícito do fornecedor.
STJ: possui vários precedentes de responsabilização dos fornecedores por
descumprimento do dever de informar. Com fundamento também nesse direito, já decidiu que as
ins tuições financeiras estão obrigadas a confeccionar em braile os contratos bancários de adesão
e todos os demais documentos fundamentais para a relação de consumo estabelecida com
deficientes visuais (REsp 1.315.822, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, DJe 16/04/2015).
A Lei n. 13.146/2015 acresceu o parágrafo único ao art. 6o do CDC, determinando que a
informação clara e adequada, nos termos do inciso III, deve ser acessível à pessoa com
deficiência, com observância do previsto em regulamento.
34
1.5.5. DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (art. 6o, IV)

Tanto as prá cas como as cláusulas abusivas serão estudadas em momento oportuno,
em outras rodadas.

1.5.6. DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS (art. 6o, V)

Com o obje vo de assegurar o equilíbrio econômico do contrato, isto é, a igualdade


substancial entre os contratantes (na proporcionalidade das prestações), previu-se o direito
básico do consumidor de ter modificadas as cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou revistas aquelas que se tornem excessivamente onerosas por fatos
supervenientes.
Trata-se de exemplo de dirigismo contratual por parte do Estado (sendo exceção à
postura inerte, não-invasiva e de garan dor do cumprimento exato do pacto).
No direito à modificação, a cláusula que estabelece a prestação desproporcional em
desfavor do consumidor opera desde o início do contrato, afetando o sinalagma genérico da
relação obrigacional (lesão congênere).
Ex.: emprés mo pessoal bancário, no qual são es puladas, desde logo, taxas de juros
comprovadamente abusivas (acima da média de mercado).

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Ressalte-se que o consumidor, nesses casos, é livre tanto para pleitear a modificação
das cláusulas como para solicitar a declaração de sua nulidade (art. 51).

1.5.6.1. O direito de modificação (CDC) e o ins tuto da lesão (CC)

A LESÃO do CDC e a LESÃO do CC assemelham-se na desproporcionalidade da


prestação no momento de celebração do negócio jurídico.
Diferenças: A LESÃO do CC, apta a invalidar um negócio jurídico, ocorre quando, em
negócio comuta vo, uma das partes contratantes, por inexperiência ou necessidade premente,
obriga-se a prestação manifestamente desproporcional à outra.
Já o CDC exige apenas a desproporção da prestação (elemento obje vo), sem
elemento subje vo necessário.
Além disso, os ins tutos apresentam consequências dis ntas:

- A lesão do CC, em regra, gera a invalidade do negócio jurídico, podendo somente ser
salvo pela vontade da parte beneficiada (art. 157, §2o, CC).
- Na lesão do CDC, em regra, o contrato é man do, facultando-se ao consumidor (parte
não beneficiada) pleitear a nulidade da cláusula geradora da prestação
desproporcional ou sua modificação. 35
No direito à revisão, o desequilíbrio econômico do contrato é causado por fato novo,
superveniente à sua celebração, e que torna a prestação do consumidor excessivamente
onerosa, afetando o sinalagma funcional do contrato.
IMPORTANTE: Para a doutrina majoritária, o CDC adotou a Teoria da Base Obje va do
Negócio Jurídico (Karl Larenz), uma vez que não se exige a imprevisibilidade do fato
superveniente e dispensa-se qualquer discussão a respeito da previsibilidade do fato
econômico superveniente.
Já o CC adotou a Teoria da Imprevisão no campo da revisão contratual por onerosidade
excessiva, vez que a imprevisibilidade do fato superveniente é exigida.

Teoria da base obje va do negócio Teoria da imprevisão (=CC)


jurídico (=CDC)
Art. 6º, V, 2a parte. Art. 478.

Dispensa análise da previsibilidade do fato Exige a imprevisibilidade do fato.


superveniente.

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STJ: “para a teoria da base obje va basta que o STJ: exige, também, fato novo e extraordinário.
fato novo superveniente seja extraordinário e
afete diretamente a base obje va do contrato”.
(AgInt no REsp 1.514.093/CE, T4, julgado em
25/10/2016).
OBS: O STJ já entendeu que, para fins de contrato
de financiamento habitacional, a perda de
emprego não é fato novo extraordinário a ensejar
a quebra obje va do contrato.

Demanda a onerosidade excessiva para o Além da onerosidade excessiva para o devedor,


consumidor. exige a “extrema vantagem” para o credor.

Consequência: a regra é a revisão do contrato. Consequência: a regra é a resolução do contrato.


Excepcionalmente, acarretará a resolução Excepcionalmente, poderá ser revisto, a
quando não for possível salvá-lo. depender da vontade do credor.

o
1.5.7. DIREITO À EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS (art. 6 , VI)

Será tratado quando do estudo da responsabilidade nas relações de consumo.


o
1.5.8. DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA (art. 6 , VII) 36
Acesso à jus ça e aos órgãos administra vos de defesa, incluindo-se a assistência
jurídica, administra va e técnica aos necessitados (Procons e Defensorias).
o
1.5.9. DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (art. 6 , VIII)

Primeiramente, façamos um alerta. Existem dois pos de possibilidade de inversão do


ônus da prova. Vamos dividir o assunto por subtemas para facilitar a compreensão.

1.5.9.1. Inversão do ônus da prova judicial (ope judicis)

A inversão de que ora se trata encontra assento dentre os direitos básicos do


o
consumidor (art. 6 , VIII, CDC) e cons tui a regra geral para as relações consumeristas. Há, por
outro lado, outras situações pontuais sobre inversão do ônus da prova, que serão tratadas no
subtópico adiante (para as quais o próprio legislador já inverteu a responsabilidade probatória).
Dizer que a inversão do ônus da prova é ope judicis significa que um magistrado, no
caso/processo concreto, deverá apreciar e decidir se inverte ou não o ônus probatório em favor
do consumidor. Ora, via de regra, tal encargo compete a quem alega determinados fatos (ônus
do autor de provar os fatos cons tu vos do seu direito – CPC, aplicável subsidiariamente, art.
373, I). Como um bene cio processual para o consumidor, porém, pode haver a inversão para
que o fornecedor (réu) é que tenha que se desincumbir do encargo probatório (por, em geral,

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haver mais dificuldade para o consumidor produzir provas). É por isso que se diz que essa
inversão do ônus da prova não é automá ca, e sim ope judicis, por ato do magistrado na análise
do caso concreto.
Esse direito, porém, depende do preenchimento de requisitos autorizadores, que
o
podem ser dois, segundo o inciso VIII do art. 6 do CDC. Um alerta importante: tratam-se de
requisitos alterna vos (ou seja, basta a presença de um deles), e não cumula vos: a
verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência do consumidor. Perceba, ademais, que a
literalidade do inciso VIII do art. 6o do CDC prescreve que a inversão ocorrerá “a critério do juiz”.
Tratando-se as normas consumeristas de ordem pública e interesse social, o juiz pode
reconhecer o direito à inversão do ônus da prova de o cio, independentemente de pedido da
parte.
O Superior Tribunal de Jus ça possui orientação de que "a inversão do ônus da prova é
faculdade conferida ao magistrado, não um dever, e fica a critério da autoridade judicial
conceder tal inversão quando for verossímil a alegação do consumidor ou quando for ele
hipossuficiente. (AgInt no AREsp 1061219/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 22/08/2017, DJe 25/08/2017).
O CDC adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, ao contrário do
37
sistema do CPC/1973, que adotava a regra da distribuição está ca. Já o CPC/2015, embora
tenha man do as regras básicas sobre a distribuição do ônus em relação a autor e réu (art. 373),
possibilitou ao juiz distribuir de maneira diversa em algumas hipóteses (casos previstos em lei
ou peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de
cumprir o encargo – par. 1o do art. 373 do CPC).
De toda forma, não se faz necessário socorrer-se no CPC/2015 para a inversão, vez que
o CDC possui sistema e requisitos próprios para a inversão, que são favoráveis ao consumidor.

ATENÇÃO!

Há previsão no CDC da nulidade da cláusula contratual que estabeleça a inversão do ônus da


prova em prejuízo do consumidor (art. 51, VI).

a) Verossimilhança da alegação
É verossímil a alegação que tem aparência de verdade, que é plausível, provável, que
não repugna à verdade. É um conceito jurídico indeterminado, compe ndo ao juiz definir seu
conteúdo na análise do caso concreto, segundo as regras ordinárias de experiência.
b) Hipossuficiência
É a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para produzir a prova
necessária à sa sfação da sua pretensão em juízo (não sendo sinônimo de pobreza).

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Um dos requisitos alterna vos para que a inversão do ônus da prova ocorra, a critério
do magistrado, é quando for o consumidor hipossuficiente.
O primeiro ponto a se destacar é que o inciso VIII do art. 6o do CDC, ao prever a inversão
do ônus da prova como direito básico do consumidor, traz o vocábulo “hipossuficiente, segundo
as regras ordinárias de experiências”.
Ocorre que a hipossuficiência é um vocábulo de múl plos significados, e, embora não
signifique necessariamente pobreza, existem pos diversos de hipossuficiência, inclusive a
financeira, segundo entendimento comum da doutrina e da jurisprudência.
Em outras palavras: é a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para
produzir a prova necessária à sa sfação da sua pretensão em juízo.
É a dificuldade do consumidor para produzir, no processo, a prova do fato favorável a
seu interesse, ante a ausência de conhecimento técnico específico sobre o produto ou serviço
adquirido ou à vista da falta de recursos financeiros para arcar com os custos da produção
dessa prova.
Há, basicamente, duas grandes posições sobre o momento para a inversão do ônus da
prova.
38
- Regra de procedimento: a inversão deve ser decidida de modo que surpresas sejam
evitadas ao fornecedor, com tempo hábil a preparar suas provas de defesa,
obedecendo-se, assim, os princípios do contraditório e ampla defesa.
- Regra de julgamento: a inversão deve ser decidida na sentença, somente após o
julgador avaliar as provas e ainda es ver em dúvida (situação non liquet). Não há que
se falar em surpresa ao fornecedor, porquanto tal possibilidade está expressamente
prevista no art. 6o, VIII, CDC.

Após uma divergência inicial, a 2a Seção do STJ firmou o entendimento de que o


momento mais adequado para se decretar a inversão do ônus da prova é o do despacho
saneador, ocasião em que o juiz decidirá as questões processuais pendentes e determinará as
provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento (regra de
procedimento ou de instrução).
STJ: “A simples inversão do ônus da prova, no sistema do CDC, não gera a obrigação de
custear as despesas com perícia, embora sofra a parte ré as consequências decorrentes de sua
não produção” (REsp. 639.534/MT).
ATENÇÃO!
CONCLUSÃO: A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, não ocorre ope
legis, mas ope judicis, vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e fundamentada, aprecia os
aspectos de verossimilhança das alegações do consumidor ou de sua hipossuficiência.

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Informa vo 701 STJ (junho/2021):
A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor é
regra de instrução e não regra de julgamento, mo vo pelo qual a decisão judicial que a
determina deve ocorrer antes da etapa instrutória ou, quando proferida em momento
posterior, há que se garan r à parte a quem foi imposto o ônus a oportunidade de
apresentar suas provas, sob pena de ABSOLUTO cerceamento de defesa.
REsp 1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
08/06/2021.

1.5.9.2. Inversão do ônus da prova legal (ope legis)

Ao lado da inversão do ônus da prova trabalhada no tópico antecedente, existem


alguns disposi vos no Código de Defesa do Consumidor que já trazem a responsabilidade do
fornecedor pelo ônus probatório. São situações que diferem do art. 6o, VIII, pois o próprio
legislador já inverteu a responsabilidade probatória.
Isso não ocorre de uma forma geral no CDC (não é a regra), mas em algumas situações
pontuais, que a doutrina e a jurisprudência entenderam por classificar como uma inversão
39
automá ca, pois são impostas pelos próprios disposi vos legais (não se trata de um direito que
o magistrado analisa, a cada caso, se se aplica ou não).
Por exemplo. O art. 12 do CDC disciplina a responsabilidade pelo fato (defeito) do
o
produto. Em seu par. 2 , estabelece os casos que não há defeito, mas estabelece de forma muito
clara que “o fabricante, o construtor, produtor ou o importador só não será responsabilizado
quando provar” (...).
Isso significa que não é o consumidor que deve provar que o produto é defeituoso (fato
cons tu vo do direito alegado), mas sim o fornecedor que deverá provar, uma vez alegada a
existência de fato, que o produto não é defeituoso.
A jurisprudência do STJ (em sede de Recurso Repe vo) entende que houve inversão
legal (ope legis) do ônus da prova em relação ao defeito do produto. Ou seja:

- o consumidor tem o ônus de provar o dano que lhe foi causado e o nexo de
causalidade com o produto (relação causa e efeito);
- compete ao fornecedor (é ônus deste) provar que o produto não é defeituoso.
ATENÇÃO!
STJ: Em demanda que trata da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do
CDC), a inversão do ônus da prova decorre da lei (ope legis), não se aplicando o art. 6º, VIII, do CDC.

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Os demais casos de inversão ope legis serão devidamente informados durante o
estudo dos temas per nentes.

1.5.10. DIREITO À PRESTAÇÃO ADEQUADA E EFICAZ DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (art. 6o, X)

Há dever do Estado em prestar os serviços públicos adequadamente (princípio da


adequação) aos fins que se des nam e de maneira eficiente e concreta (princípio da eficiência).

1.5.11. DIREITO À GARANTIA DE PRÁTICAS DE CRÉDITO RESPONSÁVEL, DE EDUCAÇÃO


F I N A N C E I R A E D E P R E V E N Ç Ã O E T R ATA M E N TO D E S I T UA Ç Õ E S D E
o
SUPERENDIVIDAMENTO (art. 6 , XI)

Aqui, trata-se de um direito do consumidor - uma das novidades trazidas pela Lei n.
14.181/2021 - com a finalidade de preservar seu mínimo existencial, como explicitado no tópico
1.3.1.10., prevendo, dentre outras medidas, a revisão e a repactuação da dívida. Registre-se,
outrossim, que há remissão aos termos de regulamentação, que ainda não existe.

1.5.12. DIREITO À PRESERVAÇÃO DO MÍNIMO EXISTENCIAL NA REPACTUAÇÃO DE DÍVIDAS E


NA CONCESSÃO DE CRÉDITO, NOS TERMOS DA REGULAMENTAÇÃO (art. 6o, XII)
40
Mais um reforço à preservação do mínimo existencial dos consumidores - uma das
novidades trazidas pela Lei n. 14.181/2021 -, agora não só na repactuação de dívidas, mas
também na concessão de crédito, trazendo, ao lado do direito, o dever para quem fornece
crédito e repactua dívida. Houve, aqui também, remissão a uma regulamentação de regência.

1.5.13. DIREITO À INFORMAÇÃO ACERCA DOS PREÇOS DOS PRODUTOS POR UNIDADE DE
MEDIDA, TAL COMO POR QUILO, POR LITRO, POR METRO OU POR OUTRA UNIDADE,
CONFORME O CASO

Mais uma novidade oriunda da Lei n. 14.181/2021, que acrescentou o inciso XIII ao art. 6º do
CDC.

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2. QUESTÕES DE CONCURSOS
OBSERVAÇÕES: Ler os comentários somente após a tenta va de resolução das questões sem consulta.

1. (TJSC – Juiz Subs tuto – 2017 - FCC) Quanto mediante a u lização de cartão e senha
aos direitos do consumidor, bem como suas pessoal.
disposições gerais, é correto. Acerca dessa situação hipoté ca, assinale a
a) Direitos básicos do consumidor possuem rol opção correta à luz da legislação aplicável ao
elucida vo e não taxa vo; se a ofensa for caso e da jurisprudência do STJ:
pra cada por mais de um autor, todos a) O juiz deverá deferir o pleito de inversão do
responderão solidariamente pela reparação ônus da prova em favor da autora, pois cabe à
dos danos previstos nas normas de consumo. ins tuição financeira demonstrar a
b) Equipara-se a consumidor a cole vidade de regularidade do saque.
pessoas, desde que determinadas ou b) Maria deverá demonstrar sua vulnerabilidade
determináveis, que haja intervindo nas e a verossimilhança do alegado.
relações de consumo.
c) O momento processual adequado para a
c) Fornecedor é toda pessoa sica ou jurídica, inversão do ônus da prova será quando a
pública ou privada, desde que personalizada, sentença for proferida.
que desenvolve a vidades de produção,
d) O fato exclusivo da ví ma não afasta a
montagem, criação, construção,
responsabilidade, pois ele sucumbe ao
transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos
princípio da reparação integral em favor do 41
consumidor.
ou prestação de serviços.
3. (TJMT – Juiz Subs tuto – 2018 – Vunesp) Nos
d) As normas consumeristas têm natureza
termos das súmulas do STJ, assinale a
prote va e de defesa dos consumidores, de
alterna va correta:
ordem disposi va e de interesse social,
implicando tratamento diferenciado a estes a) O CDC se aplica nos contratos previdenciários
por sua hipossuficiência e vulnerabilidade. celebrados com en dades fechadas.

e) Produto é qualquer bem, exclusivamente b) O CDC se aplica aos contratos de planos


material, de natureza móvel ou imóvel, privados de assistência à saúde na modalidade
indis ntamente. de autogestão.

2. (TJPR – Juiz Subs tuto – 2017 - CEBRASPE) c) É considerada abusiva a cláusula contratual de
Maria, aposentada, compareceu a uma plano de saúde que preveja algum prazo de
agência bancária para sacar seu bene cio carência para u lização dos serviços de
previdenciário. No entanto, ao consultar o a s s i stê n c i a m é d i ca n a s s i t u a çõ e s d e
extrato, verificou que o numerário fora emergência ou urgência.
sacado por terceiro. Inconformada, procurou d) O CDC se aplica aos empreendimentos
a Defensoria Pública, que ajuizou ação de habitacionais promovidos pelas sociedades
indenização, requerendo, entre outras coisas, coopera vas.
a inversão do ônus da prova em favor de e) É possível ao julgador conhecer, de o cio, da
Maria. Por sua vez, em sua resposta, a abusividade das cláusulas nos contratos
ins tuição financeira alegou fato exclusivo da bancários.
ví ma, porquanto a operação fora realizada

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4. (TJBA – Juiz Subs tuto – 2019 – CESPE) No que III. As regras do Código de Defesa do Consumidor
se refere aos direitos básicos do consumidor, são aplicáveis aos contratos de
à legi midade a va para a propositura de empreendimentos habitacionais celebrados
ações cole vas e aos bancos de dados e por sociedades coopera vas.
cadastros de consumidores, julgue os itens a Assinale a alterna va correta:
seguir:
a) Apenas o item I está certo;
I - A responsabilidade subje va do médico não
b) Apenas o item II está certo;
exclui a possibilidade de inversão do ônus da
prova, se presentes os requisitos previstos no c) Apenas os itens I e III estão certos;
CDC, devendo o profissional demonstrar ter d) Apenas os itens II e III estão certos.
agido com respeito às orientações técnicas 6. (TJAC – Juiz Subs tuto – 2019 – Vunesp)
aplicáveis. Almerinda da Silva foi a uma loja de
II - O MP terá legi midade a va para atuar na eletrodomés cos e comprou um smartphone
defesa de direitos difusos, cole vos e importado. Ao chegar em casa verificou que o
individuais homogêneos dos consumidores, manual de instruções estava redigido em
exceto quando tais direitos decorrerem da inglês e por não conhecer a língua, não
prestação de serviço público. conseguiu sequer ligar o aparelho. Essa
III - A manutenção de inscrição nega va nos situação indica a violação do seguinte direito
cadastros de proteção ao crédito deve básico do consumidor, nos termos do CDC:
r e s p e i t a r a ex i g i b i l i d a d e d o d é b i t o a) Efe va prevenção e reparação de danos 42
inadimplido, tendo, para tanto, um limite de patrimoniais e morais.
cinco anos, independentemente do prazo b) Informação adequada e clara sobre diferentes
prescricional para a cobrança do crédito. produtos e serviços.
Assinale a opção correta.
c) Proteção contra a publicidade enganosa e
a) Apenas o item I está certo. abusiva no fornecimento de produtos e
b) Apenas o item II está certo. serviços.
c) Apenas os itens I e III estão certos. d) Educação e divulgação sobre o consumo
d) Apenas os itens II e III estão certos. adequado dos produtos e serviços,
assegurando liberdade de escolha.
e) Todos os itens estão certos.
7. (TJAC – Juiz Subs tuto – 2019 – Vunesp) A
5. (TJPR – Juiz Subs tuto – 2019 – CESPE) Com
Polí ca Nacional das Relações de Consumo é
base na jurisprudência do STJ, julgue os itens
regida pelo seguinte princípio, dentre outros:
a s e g u i r, a r e s p e i t o d e r e l a ç õ e s
consumeristas: a) educação e informação de consumidores e
I. A recusa de cobertura securitária sob a alegação fornecedores quanto aos seus direitos e deveres,
de doença preexistente é considerada lícita se com vistas à melhoria do mercado de consumo.
exigidos exames médicos previamente à b) racionalização e melhoria dos serviços públicos
contratação do seguro. e privados.
II. Nos contratos de assistência à saúde, é abusiva c) harmonização dos interesses dos par cipantes
cláusula contratual que es pule qualquer das relações de consumo e compa bilização da
prazo de carência para cobertura de casos de proteção do consumidor com a necessidade de
urgência e emergência. desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

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d) coibição e repressão de abusos pra cados no b) A relação jurídica de consumo somente incide
mercado de consumo que possam causar nos casos de aquisição de bens materiais.
prejuízo aos consumidores e fornecedores. c) Não se aplica o CDC aos casos que envolvem
8. (TJSC – Juiz Subs tuto – 2019 – CESPE) No que serviços públicos prestados por pessoas
se refere à relação entre seguradoras e jurídicas de direito público interno.
consumidores, assinale a opção correta à luz d) A relação jurídica de consumo somente é
do Código de Defesa do Consumidor e do reconhecida nos casos de serviços pagos por
entendimento do STJ: remuneração direta.
a) A seguradora pode se recusar a contratar e) O CDC pode ser aplicado aos casos que
seguro se a pessoa proponente ver restrição envolvem serviços públicos prestados de
financeira em órgãos de proteção ao crédito, forma u singuli.
mesmo que essa pessoa se disponha a pronto
pagamento do prêmio.
10. (TJRO – Juiz Subs tuto – 2019 – Vunesp)
b) Inexiste relação de consumo entre pessoa
Segundo o inteiro e exato teor das súmulas
jurídica e seguradora em contrato de seguro
vigentes editadas pelo Superior Tribunal de
que vise à proteção do patrimônio dessa
Jus ça acerca das relações de consumo, é
pessoa jurídica, em razão de tal contrato
correto afirmar que:
configurar consumo intermediário.
a) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável a
c) O contrato de seguro de vida pode vedar a
cobertura de sinistro decorrente de acidente
quaisquer relações jurídicas entabuladas entre 43
en dade de previdência privada e seus
de ato pra cado pelo segurado em estado de
par cipantes.
embriaguez, mesmo quando ocorrido após os
dois primeiros anos do contrato. b) se aplica o Código de Defesa do Consumidor a
todos os contratos de plano de saúde.
d) As normas prote vas do Código de Defesa do
Consumidor aplicam-se aos contratos de c) é vedado ao banco mutuante reter, em
seguro faculta vo e, subsidiariamente, ao qualquer extensão, os salários, vencimentos
seguro obrigatório do DPVAT. e/ou proventos de corren sta para adimplir o
mútuo (comum) contraído, ainda que haja
e) É abusiva a exclusão do seguro de acidentes
cláusula contratual autoriza va.
pessoais em contrato de adesão para as
hipóteses de intercorrências ou complicações d) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável
consequentes da realização de exames, a todas as espécies de contratos de cartão de
tratamentos clínicos ou cirúrgicos. crédito.

9. (TJPA – Juiz Subs tuto – 2019 – CESPE) A e) o Código de Defesa do Consumidor é aplicável
respeito de produtos e serviços na relação a o s e m p re e n d i m e n t o s h a b i ta c i o n a i s
jurídica de consumo, assinale a opção correta, promovidos pelas sociedades coopera vas.
de acordo com o Código de Defesa do 11. (TJSP – Juiz Subs tuto – 2021 – Vunesp)
Consumidor (CDC) e a doutrina consumerista. Assinale a alterna va correta sobre a
a) Nos casos de vício, para cômputo do prazo incidência do Código de Defesa do Consumidor
prescricional, o CDC faz dis nção entre às seguintes relações jurídicas, segundo
produtos e serviços duráveis e não duráveis. entendimento dominante e atual do Superior
Tribunal de Jus ça.

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(A) Aplica-se ao atendimento prestado por
hospital da rede pública pelo Sistema Único de
Saúde.
(B) Aplica-se às en dades abertas de previdência
complementar, mas não aos contratos
previdenciários celebrados com en dades
fechadas.
(C) Aplica-se aos contratos de plano de saúde,
inclusive os administrados por en dades de
autogestão.
(D) Não se aplica aos empreendimentos
habitacionais promovidos por sociedades
coopera vas, porque fundadas no
mutualismo.

44

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2.1 GABARITO COMENTADO O erro da asser va está em tratar os requisitos da
inversão do ônus da prova como cumula vos,
1. A quando são alterna vos (verossimilhança ou
ALTERNATIVA A: CORRETA hipossuficiência).

Trata-se das previsões legais constantes dos arts. ALTERNATIVA C: INCORRETA


o
7 , caput e parágrafo único do CDC. Como visto, o a
Como explicitado nesta rodada, a 2 Seção do STJ
rol de direitos dos consumidores é numerus pacificou o entendimento de que o momento
apertus. ideal para a inversão é antes da sentença
ALTERNATIVA B: INCORRETA (despacho saneador).

O erro da asser va está na expressão “desde que ALTERNATIVA D: INCORRETA


determinadas ou determináveis”, vez que o Embora o consumidor tenha o direito à reparação
o
parágrafo único do art. 2 do CDC estabelece que integral dos danos sofridos e haja
se equipara a consumidor a cole vidade de responsabilidade obje va do fornecedor,
pessoas, ainda que indetermináveis. admite-se a excludente do fato exclusivo da
ALTERNATIVA C: INCORRETA ví ma, como será devidamente estudado na
próxima rodada de Direito do Consumidor.
O erro está na expressão “desde que
p e r s o n a l i z a d a ”, h a j a v i s t a q u e e n t e s 3. D
despersonalizados podem ser fornecedores (art. ALTERNATIVA A – INCORRETA
3o do CDC).
Segundo a Súmula 563 do STJ: “O CDC é aplicável 45
ALTERNATIVA D: INCORRETA às en dades abertas de previdência
O tratamento diferenciado do consumidor é complementar, não incidindo nos contratos
baseado na sua vulnerabilidade, e não na previdenciários celebrados com en dades
hipossuficiência. Como explicitado nesta rodada, fechadas”.
todo consumidor é vulnerável, mas nem todo é ALTERNATIVA B – INCORRETA
hipossuficiente. A hipossuficiência é analisada
Segundo a Súmula 608 do STJ: “Aplica-se o CDC
casuis camente.
aos contratos de planos de saúde, salvo os
ALTERNATIVA E: INCORRETA administrados por en dades de autogestão”.
Bens imateriais também configuram produto ALTERNATIVA C – INCORRETA
o o
(art. 3 , par. 1 , CDC).
A “pegadinha” dessa asser va era não confundir
2. A a permissão de cláusula de carência para as
ALTERNATIVA A: CORRETA situações de urgência e emergência em relações
de planos de saúde com o prazo exíguo de
Vislumbra-se a hipossuficiência de Maria no
carência que é permi do legal e
enunciado da questão, por ser aposentada e
jurisprudencialmente (até 24 horas contadas da
diante da sua falta de informação e
contratação).
conhecimentos técnicos frente à ins tuição
financeira. Pode-se vislumbrar, pois, a presença Vejamos a Súmula 597 do STJ: “A cláusula
da hipossuficiência apta a ensejar a inversão do contratual de plano de saúde que prevê carência
o
ônus da prova (art. 6 , VIII). para u lização dos serviços de assistência médica
nas situações de emergência ou urgência é
ALTERNATIVA B: INCORRETA
considerada abusiva se ultrapassado o prazo

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máximo de 24 horas contado da data da RIBEIRO, DJe 24/05/2016).
contratação”. ALTERNATIVA II – INCORRETA
Em resumo: O erro da asser va está na expressão “exceto
Cláusula de carência em regra, VÁLIDA. quando tais direitos decorrem da prestação de
U lização dos serviços de assistência médica para serviço público”. O STJ entende pela legi midade
as situações de emergência ou urgência PRAZO ainda nesses casos, conforme expresso em
DE CARÊNCIA DE ATÉ 24 HORAS CONTADAS DA enunciado novo.
CONTRATAÇÃO (prazo superior é cláusula abusiva S ú m u l a 6 0 1 . O M i n i sté r i o P ú b l i co te m
– S. 597 STJ). legi midade a va para atuar na defesa de
ALTERNATIVA D – CORRETA direitos difusos, cole vos e individuais
homogêneos dos consumidores, ainda que
É a literalidade da Súmula 602 do STJ: “O CDC é
decorrentes da prestação de serviço público.
aplicável aos empreendimentos habitacionais
promovidos pelas sociedades coopera vas”. ALTERNATIVA III – INCORRETA

ALTERNATIVA E – INCORRETA O par. 1º do art. 43 do CDC, ao mesmo tempo em


que dispõe sobre alguns requisitos a serem
Via de regra, as cláusulas abusivas inseridas em
obedecidos pelos cadastros e dados dos
contratos de consumo são nulas de pleno direito
consumidores (“devem ser obje vos, claros,
(art. 51 do CDC) e podem ser reconhecidas de
verdadeiros e em linguagem de fácil
o cio pelo magistrado. A exceção foi prevista
compreensão”), estabelece um limite temporal
jurisprudencialmente para (só e somente só) os
para as informações nega vas: não podem
46
contratos bancários.
constar quando referentes a um período superior
Súmula 381 STJ: “Nos contratos bancários, é a 5 anos (prazo máximo das informações
vedado ao julgador conhecer, de o cio, da nega vas).
abusividade das cláusulas”.
Súmula 323 do STJ. A inscrição do nome do
4. A devedor pode ser man da nos serviços de
ALTERNATIVA I – CORRETA proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco
O STJ tem entendido assim, notadamente quanto (5) anos, independentemente da prescrição da
à responsabilidade de profissionais liberais execução.
comprome dos com obrigações de resultado Essa asser va foi uma pegadinha que poderia
(ex.: cirurgia plás ca embelezadora). conduzir ao erro em caso de leitura apressada.
O STJ vem se posicionando pela responsabilidade Perceba-se que a asser va coloca o “prazo
subje va pelas obrigações de resultado, mas com prescricional para a cobrança do crédito”, e não o
presunção (rela va) de culpa (= inversão do ônus prazo da prescrição da execução.
da prova). Há inúmeros julgados nesse sen do: 5. C
“possuindo a cirurgia esté ca a natureza de ALTERNATIVA I – CORRETA
obrigação de resultado cuja responsabilidade do
Reflete o texto da Súmula 609 do STJ: A recusa de
médico é presumida, cabe a este demonstrar
cobertura securitária, sob a alegação de doença
exis r alguma excludente de sua
preexistente, é ilícita se não houve a exigência de
responsabilização [permanece subje va] apta a
exames médicos prévios à contratação ou a
afastar o direito ao ressarcimento do paciente”.
demonstração de má-fé do segurado.
(AgRg no REsp 1468756, T3, Rel. Ministro MOURA

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ALTERNATIVA II – INCORRETA abusiva, métodos comerciais coerci vos ou
Está incorreta a expressão “qualquer prazo”, já desleais, bem como contra prá cas e cláusulas
que o prazo de 24 horas deve ser observado abusivas ou impostas no fornecimento de
para fins de exigência da cobertura de produtos e serviços;
assistência à saúde nos casos de urgência e V - a modificação das cláusulas contratuais que
emergência. estabeleçam prestações desproporcionais ou
Este é o teor da Súmula 597 do STJ: A cláusula sua revisão em razão de fatos supervenientes
contratual de plano de saúde que prevê que as tornem excessivamente onerosas;
carência para u lização dos serviços de VI - a efe va prevenção e reparação de danos
a s s i stê n c i a m é d i ca n a s s i t u a çõ e s d e patrimoniais e morais, individuais, cole vos e
emergência ou de urgência é considerada difusos;
abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 VII - o acesso aos órgãos judiciários e
horas contado da data da contratação. administra vos com vistas à prevenção ou
ALTERNATIVA III – CORRETA reparação de danos patrimoniais e morais,
Reflexo exato da Súmula 602 do STJ: O Código de individuais, cole vos ou difusos, assegurada a
Defesa do Consumidor é aplicável aos proteção Jurídica, administra va e técnica aos
empreendimentos habitacionais promovidos necessitados;
pelas sociedades coopera vas. VIII - a facilitação da defesa de seus direitos,
6. B inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério 47
Primeiramente, impende esclarecer que a
do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
expressão “direitos básicos do consumidor”
ele hipossuficiente, segundo as regras
refere-se à previsão legal do art. 6º do CDC e
ordinárias de experiências;
seus incisos:
IX - (Vetado);
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os
públicos em geral.
riscos provocados por prá cas no
fornecimento de produtos e serviços Considerando que a situação hipoté ca do
considerados perigosos ou nocivos; enunciado trouxe apenas uma desinformação
sobre o uso do produto – desacompanhada de
II - a educação e divulgação sobre o consumo
dano – somente poderíamos estar diante da
adequado dos produtos e serviços,
falha do direito de informação (informação
asseguradas a liberdade de escolha e a
adequada e clara sobre diferentes produtos e
igualdade nas contratações;
serviços).
III - a informação adequada e clara sobre os
Eventual dúvida poderia surgir em relação ao
diferentes produtos e ser viços, com
item d, todavia, a questão da educação e
especificação correta de quan dade,
divulgação sobre o consumo adequado de
caracterís cas, composição, qualidade,
produtos e serviços, assegurando a livre
tributos incidentes e preço, bem como sobre
escolha, é voltada a momento anterior à
os riscos que apresentem; (Redação dada pela
aquisição (liberdade de escolha quanto à
Lei nº 12.741, de 2012)
compra de determinado produto ou serviço), e
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e não posterior, como denota o enunciado.

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7. A segurança de produtos e serviços, assim como de
Trata-se de uma questão extremamente voltada mecanismos alterna vos de solução de conflitos
à literalidade da lei (art. 4 o do CDC) e a de consumo;
“pegadinhas” quanto ao teor de determinados VI - coibição e repressão eficientes de todos os
incisos do disposi vo legal: abusos pra cados no mercado de consumo,
Art. 4º A Polí ca Nacional das Relações de inclusive a concorrência desleal e u lização
Consumo tem por obje vo o atendimento das indevida de inventos e criações industriais das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua marcas e nomes comerciais e signos dis n vos,
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus que possam causar prejuízos aos consumidores;
interesses econômicos, a melhoria da sua VII - racionalização e melhoria dos serviços
qualidade de vida, bem como a transparência e públicos;
harmonia das relações de consumo, atendidos os
VIII - estudo constante das modificações do
seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº
mercado de consumo.
9.008, de 21.3.1995)
ALTERNATIVA A – CORRETA
I - reconhecimento da vulnerabilidade do o
consumidor no mercado de consumo; Trata-se da literalidade do inciso IV do art. 4 do
CDC.
II - ação governamental no sen do de proteger
efe vamente o consumidor: ALTERNATIVA B – INCORRETA

a) por inicia va direta; O erro da asser va está na menção a serviços

b) por incen vos à criação e desenvolvimento de


privados, pois não estão previstos no art. 4o, VII, 48
do CDC.
associações representa vas;
ALTERNATIVA C – INCORRETA
c) pela presença do Estado no mercado de
consumo; O erro da asser va é a previsão de
“desenvolvimento socioeconômico do Brasil”, ao
d) pela garan a dos produtos e serviços com
passo em que o inciso III do art. 4 o traz
padrões adequados de qualidade, segurança,
“desenvolvimento econômico e tecnológico”.
durabilidade e desempenho.
ALTERNATIVA D – INCORRETA
I I I - h a r m o n i za çã o d o s i nte re s s e s d o s
par cipantes das relações de consumo e O erro da asser va está na previsão que “possam
compa bilização da proteção do consumidor causar prejuízos aos consumidores e
com a necessidade de desenvolvimento fornecedores”, pois o inciso VI do art. 4o do CDC
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os não traz a figura dos fornecedores nesse tocante.
princípios nos quais se funda a ordem econômica 8. E
(art. 170, da Cons tuição Federal), sempre com
ALTERNATIVA A – INCORRETA
base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre
A seguradora não pode recusar a contratação de
consumidores e fornecedores;
seguro a quem se disponha a pronto pagamento
IV - educação e informação de fornecedores e
se a jus fica va se basear unicamente na
consumidores, quanto aos seus direitos e
restrição financeira do consumidor junto a órgãos
deveres, com vistas à melhoria do mercado de
de proteção ao crédito (REsp 1.594.024-SP, Rel.
consumo;
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade,
V - incen vo à criação pelos fornecedores de julgado em 27/11/2018, Dje 05/12/2018).
meios eficientes de controle de qualidade e

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ALTERNATIVA B – INCORRETA no sen do de que o seguro de vida cobre até
Nos termos da jurisprudência já consolidada no mesmo os casos de suicídio, desde que não tenha
STJ, que trata exatamente da hipótese prevista havido premeditação (Súmulas 61/STJ e
nesta asser va, considera-se que há, sim, relação 105/STF).
de consumo entre a seguradora e a 2. Já em consonância com o novel Código Civil, a
concessionária de veículos que firmam seguro jurisprudência do Superior Tribunal de Jus ça
empresarial visando à proteção do patrimônio consolidou seu entendimento para preconizar
desta (des nação pessoal) - ainda que com o que o legislador estabeleceu critério obje vo
intuito de resguardar veículos u lizados em sua para regular a matéria, tornando irrelevante a
a vidade comercial -, desde que o seguro não discussão a respeito da premeditação da morte e
integre os produtos ou serviços oferecidos por que, assim, a seguradora não está obrigada a
esta (REsp 1.352.419- SP, Rel. Min. Ricardo Villas indenizar apenas o suicídio ocorrido dentro dos
Bôas Cueva, julgado em 19/8/2014). dois primeiros anos do contrato (AgRg nos Edcl
nos EREsp 1.076.942/PR, Rel. p/ acórdão Ministro
ALTERNATIVA C – INCORRETA
JOÃO OTÁVIO DE NORONHA).
O contrato de seguro de vida tem como finalidade
3. Com mais razão, a cobertura do contrato de
a conferência de cobertura para o caso de
seguro de vida deve abranger os casos de
superveniência do risco por ele previsto. Nos
sinistros ou acidentes decorrentes de atos
termos da jurisprudência do STJ, consolidada na
pra cados pelo segurado em estado de
Súmula 610, nem mesmo o suicídio não pode ser
coberto se já ultrapassados os dois primeiros
insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito 49
de substâncias tóxicas, ressalvado o suicídio
anos da contratação: “O suicídio não é coberto
ocorrido dentro dos dois primeiros anos do
nos dois primeiros anos de vigência do contrato
contrato.
de seguro de vida, ressalvado o direito do
beneficiário à devolução do montante da reserva 4. Orientação da Superintendência de Seguros
técnica formada”. Esta conclusão pode ser Privados na Carta Circular SUSEP/DETEC/GAB n°
extraída, também, do julgado abaixo, que se 08/2007: “1) Nos Seguros de Pessoas e Seguro de
mostra ainda mais específico: Danos, é VEDADA A EXCLUSÃO DE COBERTURA na
hipótese de sinistros ou acidentes decorrentes de
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO
atos pra cados pelo segurado em estado de
ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO DE
insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito
VIDA PROPOSTA POR FAMILIARES BENEFICIÁRIOS
de substâncias tóxicas; 2) Excepcionalmente, nos
DA COBERTURA. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
Seguros de Danos cujo bem segurado seja um
MORTE DO CONDUTOR SEGURADO. NEGATIVA
V E Í C U LO, é A D M I T I DA A E XC LU SÃO D E
DE COBERTURA PELA SEGURADORA. ALEGAÇÃO
COBERTURA para danos ocorridos quando
DE AGRAVAMENTO DE RISCO. INGESTÃO DE
verificado que o VEÍCULO SEGURADO foi
BEBIDA ALCOÓLICA. EMBRIAGUEZ DO
conduzido por pessoa embriagada ou drogada,
S E G U R A D O . R E L E V Â N C I A R E L AT I V A .
desde que a seguradora comprove que o sinistro
ORIENTAÇÃO CONTIDA NA CARTA CIRCULAR
ocorreu devido ao estado de embriaguez do
SUSEP/DETEC/GAB n° 08/2007. PRECEDENTES.
condutor”. Precedentes: REsp 1.665.701/RS, Rel.
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
1. Sob a vigência do Código Civil de 1916, à época TERCEIRA TURMA; e AgInt no AREsp
dos fatos, a jurisprudência desta Corte e a do 1.081.746/SC, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
egrégio Supremo Tribunal Federal foi consolidada QUARTA TURMA.

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5. Embargos de divergência providos. ocorrência voluntária do acidente, isto é, a
(EREsp 973.725/SP, Rel. Ministro LÁZARO e ologia do acidente não revela qualquer
GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO par cipação do segurado na causação da lesão
DO TRF 5ª REGIÃO), SEGUNDA SEÇÃO, julgado em sica, seja pela ingestão de alimentos, seja pelos
25/04/2018, DJe 02/05/2018). eventos afetos à gestação. No entanto,
remanesce a discussão rela va à exclusão
ALTERNATIVA D – INCORRETA
securitária de todas as intercorrências ou
As normas prote vas do Código de Defesa do complicações consequentes da realização de
Consumidor não se aplicam ao seguro obrigatório exames, tratamentos clínicos ou cirúrgicos,
(DPVAT), nos termos do REsp 1.635.398-PR, Rel. quando não decorrentes de acidente coberto.
Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, Neste ponto, percebe-se que a generalidade da
julgado em 17/10/2017, DJe 23/10/2017, tratado cláusula poderia abarcar inúmeras situações que
no Informa vo 614 do STJ. defini vamente não teriam qualquer
ALTERNATIVA E – CORRETA par cipação do segurado na sua produção.
Nos termos da recente e consolidada Inserir cláusula de exclusão de risco em contrato
jurisprudência do STJ, “é abusiva a exclusão do padrão, cuja abstração e generalidade abarquem
seguro de acidentes pessoais em contrato de até mesmo as situações de legí mo interesse do
adesão para as hipóteses de: I) gravidez, parto ou segurado quando da contratação da proposta,
aborto e suas consequências; II) perturbações e re p re s e nta i m p o s i çã o d e d e sva nta ge m
intoxicações alimentares de qualquer espécie; e exagerada ao consumidor, por confiscar-lhe
III) todas as intercorrências ou complicações justamente o conteúdo para o qual se dispôs ao 50
consequentes da realização de exames, pagamento do prêmio”.
tratamentos clínicos ou cirúrgicos”. Trata-se do 9. E
julgado no REsp 1.635.238-SP, Rel. Min. Nancy ALTERNATIVA A – INCORRETA
Andrighi, por unanimidade, julgado em
Nos casos de vício, o prazo para reclamação é
11/12/2018, DJe 13/12/2018 e que tem como
decadencial, havendo diferença se se tratar de
informações do inteiro teor as tratadas abaixo:
produtos e serviços duráveis ou não duráveis.
“Salienta-se, de início, que da definição de Assim deixa claro o art. 26 do CDC, especialmente
acidente pessoal, veiculada por meio da o parágrafo primeiro, que preceitua
Resolução CNSP n. 117/2004, da SUSEP, extrai-se expressamente tratar-se de prazo decadencial, e
que se trata de “evento com data caracterizada, não prescricional.
exclusivo e diretamente externo, súbito,
ALTERNATIVA B – INCORRETA
involuntário, violento, e causador de lesão sica,
que, por si só e independente de toda e qualquer A relação jurídica de consumo também incide nos
outra causa, tenha como conseqüência direta a casos de bens imateriais, conforme art. 3º,
morte, ou a invalidez permanente, total ou parágrafo 1º, do CDC.
parcial, do segurado, ou que torne necessário ALTERNATIVA C – INCORRETA
tratamento médico”;. Assim, sobressai como Estão expressamente previstos como
inequívoca a abusividade da restrição securitária fornecedores, no art. 3º do CDC, toda pessoa
em relação a gravidez, parto ou aborto e suas sica ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
consequências, bem como as perturbações e estrangeira, bem como os entes
intoxicações alimentares de qualquer espécie, despersonalizados.
pois não se pode atribuir ao aderente a

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E o CDC, ao prever a aplicação de suas normas aos - serviços públicos próprios, remunerados por
serviços públicos, diz que os órgãos públicos taxa (tributo) não se aplica o CDC (entende-se
podem prestar por si ou por meio de suas que não há um consumidor propriamente dito,
empresas, concessionárias ou permissionárias mas um contribuinte).
(art. 22). E, via de regra, os serviços públicos remunerados
Abrangem, dessa forma, as pessoas jurídicas de mediante tarifa ou preço público são justamente
direito público interno. aqueles u singuli, como nos exemplos dados
ALTERNATIVA D – INCORRETA acima.

É bem verdade que o CDC exige, para sua 10. E


aplicação ao fornecimento de serviços, que este ALTERNATIVA A – INCORRETA
ocorra através de remuneração (art. 3º, Súmula 563 do STJ.
parágrafo 2º - “mediante remuneração”).
O CDC é aplicável apenas às en dades abertas de
Apesar de a lei mencionar expressamente previdência complementar (não se aplica às
remuneração, dando um caráter oneroso ao fechadas).
negócio, admite-se que o prestador tenha apenas
ALTERNATIVA B – INCORRETA
vantagens indiretas, sem que isso prejudique a
qualificação da relação consumerista (posição Súmula 608 do STJ.
tranquila do STJ). O CDC aplica-se, via de regra, aos contratos de
A doutrina fala também em serviços planos de saúde, salvo os administrados por
aparentemente gratuitos. Ex.: estacionamento en dades de autogestão. 51
de shopping center, lojas ou supermercados. ALTERNATIVA C – INCORRETA
Outro exemplo: o CDC aplica-se também ao A Súmula 603 do STJ, que trazia a redação da
sistema de milhagem das companhias aéreas ou asser va, foi cancelada em agosto de 2018.
cartão de crédito. ALTERNATIVA D – INCORRETA
ALTERNATIVA E – CORRETA Súmula 532 do STJ.
O STJ, em posicionamento já an go, decidiu da Cons tui prá ca comercial abusiva o envio de
seguinte forma: cartão de crédito sem prévia e expressa
- serviços públicos prestados por solicitação do consumidor, configurando-se ato
concessionárias, remunerados por tarifa ou ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa
preço público, sendo alterna va sua u lização administra va.
aplica-se o CDC; ALTERNATIVA E – CORRETA
ex.: serviços de energia elétrica, água, telefonia, Trata-se do exato teor da Súmula 602 do STJ.
transportes públicos etc.
11. B
A relação entre concessionária de serviço público
COMENTÁRIOS
e o usuário final para o fornecimento de serviços
públicos essenciais é consumerista, sendo cabível A resolução da questão exige o conhecimento
a aplicação do CDC (REsp 1.595.018, AgRg no combinado de algumas súmulas do STJ e de um
REsp 1.421.766, REsp 1.396.925, AgRg no AREsp entendimento jurisprudencial.
479.632, AgRg no AREsp 546.265, AgRg no AREsp A – INCORRETA
372.327). RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO

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DE DANO MORAL. FUNDAMENTAÇÃO público indivisível e universal (u universi), o
DEFICIENTE. SÚM. 284/STF. NEGATIVA DE que afasta, por conseguinte, a incidência das
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. regras do CDC.
AUSÊNCIA. MORTE DE PACIENTE ATENDIDO EM (REsp 1771169/SC, Rel. Ministra NANCY
HOSPITAL PARTICULAR CONVENIADO AO SUS. ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MÉDICOS. 26/05/2020, DJe 29/05/2020)
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO INDIVISÍVEL E B – CORRETA
UNIVERSAL (UTI UNIVERSI). NÃO INCIDÊNCIA DO
Súmula 563 do STJ – O CDC é aplicável às
CDC. ART. 1º-C DA LEI 9.494/97. PRAZO
en dades abertas de previdência
PRESCRICIONAL QUINQUENAL. ALEGADA MÁ
complementar, não incidindo nos contratos
VALORAÇÃO DA PROVA. CULPA DOS MÉDICOS E
previdenciários celebrados com en dades
CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL. SÚMULA
fechadas.
07/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO
DEMONSTRADO. JULGAMENTO: CPC/15. 8. C – INCORRETA
Quando prestado diretamente pelo Estado, no Súmula 608 do STJ – Aplica-se o CDC aos
âmbito de seus hospitais ou postos de saúde, ou contratos de plano de saúde, salvo os
quando delegado à inicia va privada, por administrados por en dades de autogestão.
convênio ou contrato com a administração D – INCORRETA
pública, para prestá-lo às expensas do SUS, o
Súmula 602 do STJ – O Código de Defesa do
serviço de saúde cons tui serviço público social.
9. A par cipação complementar da inicia va
Consumidor é aplicável aos empreendimentos 52
habitacionais promovidos pelas sociedades
privada - seja das pessoas jurídicas, seja dos
coopera vas.
respec vos profissionais - na execução de
a vidades de saúde caracteriza-se como serviço

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