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CONSUMIDOR
Gustavo
Santanna
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
INTRODUÇÃO
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
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Ao prever que caberá ao Estado a defesa do consumidor, a Constituição
Federal assegura uma atuação positiva do Estado na proteção de tais direitos:
V - defesa do consumidor.
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PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR
Princípio da boa-fé
O princípio da boa-fé é princípio que vem insculpido no Código Civil, artigo 113,
na qual os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar de sua celebração. Da mesma forma, o artigo 422 coloca que os
contratantes são obrigados a guardar, assim, na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Nessa norma é possível
identificar a boa-fé objetiva da subjetiva. A primeira, pautada na probidade,
na honestidade e na lealdade. Já a subjetiva, localizada na “consciência” do
agente, não se tratando, propriamente, de um princípio, mas, sim, de mero
estado psicológico. (MIRAGEM, 2014, p. 134)
SAIBA
MAIS
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Como magistralmente já destacou o Superior Tribunal de Justiça, no Recurso
Especial nº 1.568.244/RJ, julgado em 14/12/2016:
Princípio da vulnerabilidade
O art. 4º, inciso I do CDC, prevê, dentre os princípios informadores da Política
Nacional das Relações de Consumo o “reconhecimento da vulnerabilidade
do consumidor no mercado de consumo”, consagrando, assim, o princípio da
vulnerabilidade.
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ENUNCIADO Nº 7 DA SÚMULA DO STJ. INCIDÊNCIA. RELAÇÃO DE
CONSUMO. COMPETÊNCIA DO FORO DO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTE.
1. A pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser
equiparada à condição de consumidora (art. 29 do CDC), por ostentar, frente
ao fornecedor, alguma vulnerabilidade que, frise-se, é o princípio-motor
da política nacional das relações de consumo (art.4º, I, do CDC). Aplicação
temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, processo
denominado pela doutrina como finalismo aprofundado - Precedentes.
2. Consignada no acórdão a hipossuficiência e a desproporção de forças
entre as partes, fica evidenciada a existência de relação de consumo,
exigindo à inversão do julgado o vedado reexame do acervo fático-
probatório. Incidência do enunciado nº 7 da Súmula do STJ, óbice aplicável
por ambas as alíneas do inc. III do art. 105 da Constituição Federal.
3. (...).
4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp nº 735.249/SC –
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva – julgado em 15/12/2015)
DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. VÍCIO DO PRODUTO.
AUTOMÓVEIS SEMINOVOS. PUBLICIDADE QUE GARANTIA A QUALIDADE
DO PRODUTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. USO DA MARCA. LEGÍTIMA
EXPECTATIVA DO CONSUMIDOR. MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚM. 7/
STJ.
1. O Código do Consumidor é norteado principalmente pelo reconhecimento
da vulnerabilidade do consumidor e pela necessidade de que o Estado
atue no mercado para minimizar essa hipossuficiência, garantindo, assim,
a igualdade material entre as partes. Sendo assim, no tocante à oferta,
estabelece serem direitos básicos do consumidor o de ter a informação
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços (CDC, art. 6°, III)
e o de receber proteção contra a publicidade enganosa ou abusiva (CDC,
art. 6°, IV).
2. É bem verdade que, paralelamente ao dever de informação, se tem a
faculdade do fornecedor de anunciar seu produto ou serviço, sendo certo
que, se o fizer, a publicidade deve refletir fielmente a realidade anunciada,
em observância à principiologia do CDC. Realmente, o princípio da
vinculação da oferta reflete a imposição da transparência e da boa-fé nos
métodos comerciais, na publicidade e nos contratos, de forma que esta
exsurge como princípio máximo orientador, nos termos do art. 30.
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3. Na hipótese, inequívoco o caráter vinculativo da oferta, integrando
o contrato, de modo que o fornecedor de produtos ou serviços se
responsabiliza também pelas expectativas que a publicidade venha a
despertar no consumidor, mormente quando veicula informação de produto
ou serviço com a chancela de determinada marca, sendo a materialização
do princípio da boa-fé objetiva, exigindo do anunciante os deveres anexos
de lealdade, confiança, cooperação, proteção e informação, sob pena de
responsabilidade.
4. (...).
5. Recurso especial não provido. (REsp nº 1.365.609/SP – Ministro Luis
Felipe Salomão – julgado em 28/04/2015)
FIQUE
ATENTO
Princípio da confiança
Sendo um dos princípios mais importantes do direito privado, a proteção
à confiança surge como uma resposta à massificação das contratações
e das práticas negociais de mercado (MIRAGEM, 2014, p. 238). Muito
próximo ao princípio da boa-fé objetiva, a confiança “é, em regra, a base
de comportamentos sociais ou jurídicos individuais” e a crença de uma
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conduta correta por parte dos contratantes, abrangendo “as expectativas de
cumprimento de determinados deveres de comportamento” (MIRAGEM, 2014,
p. 238). Como já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial
nº 1.269.691/PB: “A empresa que fornece estacionamento aos veículos
de seus clientes responde objetivamente pelos furtos, roubos e latrocínios
ocorridos no seu interior, uma vez que, em troca dos benefícios financeiros
indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores, o
estabelecimento assume o dever - implícito em qualquer relação contratual -
de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da confiança”.
Princípio da segurança
Os produtos ou serviços, uma vez colocados no mercado, devem cumprir o
objetivo da segurança, pois “quando se fala em segurança no mercado de
consumo, o que se tem em mente é a ideia do risco: é da maior ou menor
presença deste que decorre aquela” (BENJAMIN; MARQUES; BESSA, 2014, p.
163). De acordo com o artigo 8º do CDC:
Princípio da transparência
Também estudado como princípio da informação ou da publicidade, por
este princípio a publicidade deve ser veiculada de tal forma que possibilite
o consumidor, fácil e imediatamente, a identificá-la como tal, vedadas,
assim, publicidades clandestinas e subliminares. De acordo com o artigo
36, parágrafo único do Código de Defesa do Consumidor: “o fornecedor,
na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para
informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos
que dão sustentação à mensagem”. Denominou, nesse caso, a doutrina de
“princípio da transparência da fundamentação da publicidade”. (BENJAMIN,
MARQUES, BESSA, 2014, p. 278)
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Destaca José Geraldo Brito Filomeno (2007, p.159):
(...)
6. In casu, fica evidente que a empresa não agiu com transparência e boa-
fé ao deixar de informar em tempo razoável ao consumidor que os brindes
se esgotaram em alguns postos de troca, conforme podemos verificar de
passagens do acórdão vergastado (fl. 711, e-STJ).
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Princípio da equidade
Também conhecido como princípio do equilíbrio, parte do pressuposto
da vulnerabilidade do consumidor. Em razão dessa desigualdade, faz-se
necessário que as normas (re)equilibrem essa circunstância fática para tentar-
se, assim, colocar os contratantes em uma situação de maior paridade.
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3. As normas previstas no Código de Defesa do Consumidor são de ordem
pública e interesse social, cogentes e inderrogáveis pela vontade das
partes.
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REFERÊNCIAS
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Conteúdo: