Até o advento da CF/88, as relações privadas entre consumidores e fornecedores eram reguladas pelo CC, inexistindo qualquer privilégio da parte hipossuficiente na relação negocial – consumidores e fornecedores eram tratados de forma similar. Com a CF/88 positivou-se como princípio da ordem econômica nacional a proteção e defesa dos interesses do consumidor. Art. 5o, XXXII, CF - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; Art. 170, CF - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor Além disso, nos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, previstos na Carta Magna, o artigo 48 estabeleceu que: Art. 48, ADCT - O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. A preocupação do constituinte deu origem à lei 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor, norma de ordem pública e interesse social e que deve ser aplicada a todas as relações que envolvem consumidores e fornecedores, conforme o artigo 1o, do dispositivo legal: Art. 1o, CDC - O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 2. FINALIDADE DO CDC: nas relações de consumo é visível o desequilíbrio existente entre consumidor e fornecedor, justamente em virtude dessa vulnerabilidade por parte do consumidor é que surgiu o CDC, visando equilibrar as negociações comerciais através da proteção e do tratamento privilegiado os que estão em situação jurídica desigual. Nesse sentido, o CDC deve ser considerado norma de ordem pública principiológica, com eficácia supralegal, da qual irradiam diversas orientações para a produção de outras leis que protejam os interesses dos Consumidores. Além disso, por ser norma de ordem pública (cogente) e interesse social, as proteções previstas no CDC são irrenunciáveis, logo, qualquer contrato que possua cláusula onde o consumidor renuncia às proteções do CDC será nula, ante a cogência do CDC que deve ser aplicado independentemente da vontade das partes. 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSUMIDOR: o CDC é eminentemente principiológico trazendo em seu art. 6o um rol de direitos básicos do consumidor. A) PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR: consubstanciado no artigo 1o, do CDC e previsto nos artigos 5o, XXXII e 170, III, da CF, bem como no artigo 48, do ADCT, o princípio do Página 1 de 14
protecionismo estabelece que o CDC é uma norma cogente de ordem pública e interesse social e que deve ser observada por todos na proteção do consumidor, sendo esta um dos fundamentos da ordem econômica brasileira. B) PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE (ART. 4o, I, CDC): tal princípio tem como base reconhecer que o consumidor encontra-se em situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor. Art. 4o, I, CDC - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo. O princípio da vulnerabilidade evidencia o caráter parcial do CDC ao declarar a disparidade entre os componentes de uma relação de consumo, onde o consumidor (seja ele qual for) encontra-se em situação de vulnerabilidade quando comparado ao fornecedor. Através desse princípio, busca-se criar mecanismos que visem a igualdade material (tratar desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade), dirimindo a desigualdade entre os sujeitos envolvidos no mercado de consumo e equilibrando a relação jurídica. → A vulnerabilidade de que trata o princípio é financeira, técnica, jurídica e/ou psicológica: I. Vulnerabilidade Financeira: em regra, o consumidor é vulnerável financeiramente frente ao fornecedor. II. Vulnerabilidade Técnica: em regra, o fornecedor tem mais conhecimento acerca das características e utilidade do produto ou serviço. III. Vulnerabilidade Jurídica: em regra, o fornecedor tem maiores condições para o acesso à justiça e à produção de contratos por meio de advogados. IV. Vulnerabilidade Psicológica: o consumidor é único frente à lide. *OBS: Vulnerabilidade ≠ Hipossuficiência – a vulnerabilidade é absoluta, a hipossuficiência é relativa. Logo, o consumidor é vulnerável, mas não necessariamente hipossuficiente. C) PRINCÍPIO DA INFORMAÇÃO (ART. 6o, III, CDC): apesar de previsão específica no inciso III do art. 6o, sua presença está espalhada pelo CDC, explicita ou implicitamente. Art. 6o, III, CDC - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. A informação aqui deve ser clara, adequada e específica. Tem evidente semelhança com os deveres anexos do contrato, tal como consta na codificação civil, além de ser corolário da boa-fé objetiva, norteadora de todas as relações civis. *OBS: o art. 54, § 4o, dispõe que “as cláusulas que implicam restrições a direitos do consumidor devem ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão”. Página 2 de 14
D) PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (ART. 4o, III, CDC): a boa-fé objetiva traz a ideia de equilíbrio negocial, que, na ótica do direito do consumidor, deve ser mantido em todos os momentos pelos quais passa o negócio jurídico. Art. 4o, III, CDC - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; Art. 51, CDC - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa- fé ou a eqüidade; O art. 51, IV, do CDC, é uma cláusula geral da boa-fé objetiva, a qual poderia, sem maiores embargos, figurar como artigo primeiro do Código, se assim o legislador desejasse, tamanha sua importância. E) PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE (ART. 18, CDC): conforme estabelece o art. 265 do CC, a solidariedade não se presume, deriva da lei ou da vontade das partes. O CDC estabelece a solidariedade nos dispositivos abaixo: Art. 18, CDC - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios [...] Art. 25, § 1° - [..] todos responderão solidariamente pela reparação [...] Art. 25, § 2° - [...] são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação. Art. 7o, Par. único, CDC – [...] todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. F) PRINCÍPIO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (ART. 4o, III, CDC): é uma das garantias mais importantes das relações de consumo, encontrando amparo na vulnerabilidade do consumidor. Duas são as modalidades – “ope legis” (originada pela lei) ou “ope judice” (originada em juízo). I. Ope Legis (originada pela lei): a própria lei, em seu texto, inverte o ônus da prova. Art. 12, § 3o, CDC - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14, § 3o, CDC - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Página 3 de 14
Art. 38, CDC - O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. II. Ope Judice (originada em juízo): Art. 6o, VIII, CDC - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 4. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO: consumidor, fornecedor, produto e serviço A) CONSUMIDOR: o art. 2o do CDC trata do consumidor Standard (padrão). Art. 2o, CDC - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. → Do art. 2o, perceberemos três elementos essenciais da definição de consumidor: I. Aspecto subjetivo: poderá ser considerado consumidor tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica, independente se brasileiro ou estrangeiro, eis que o dispositivo legal não faz qualquer restrição. II. Aspecto objetivo: o consumidor é aquele que adquire ou utiliza um produto ou serviço. III. Aspecto teleológico: necessário que a aquisição do produto ou utilização do serviço seja na qualidade de destinatário final. → Destinatário final: nada mais é que a aquisição do produto ou utilização do serviço sem o intuito de recolocação no mercado ou incremento no processo produtivo. A grosso modo, tem-se uma aquisição de um produto sem a intenção de com ele obter lucro. O destinatário final, por sua vez, pode ser fático ou econômico. 1o. Destinação final fática – o consumidor é o último da cadeia de consumo, ou seja, depois dele, não há ninguém na transmissão do produto ou do serviço. É aquele que, objetivamente, retira o produto ou serviço do mercado. 2o. Destinação final econômica – o consumidor não utiliza o produto ou serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa. É aquele que põe fim à cadeia de consumo e tira frutos da coisa ou serviço em benefício próprio exclusivamente. Para definir o que seria o destinatário final da mercadoria, surgiram duas teorias: a interpretação finalista e a interpretação maximalista. I. Teoria Finalista ou subjetiva: Destinatário Final Fático + Destinatário Final Econômico. A teoria finalista baseia-se na finalidade atribuída ao produto ou serviço, estabelecendo que o consumidor deva ser o destinatário final fático e econômico, ou seja, o desígnio do consumidor em relação ao produto ou serviço dever ser pessoal, em favor próprio, e não de terceiros – consumidor é aquele que compra e Página 4 de 14
utiliza para seu benefício exclusivo, não podendo obter lucros com o produto ou serviço, tampouco colocá- lo de volta ao mercado. É a teoria majoritária, por ser aquela que mais se aproxima da finalidade da lei - proteger o consumidor. Exclui os profissionais, porém há uma mitigação. Ex: uma loja de roupas (pessoa jurídica) que adquire 20 (vinte) blusas de uma fábrica para revender não pode ser considerada consumidora desta mercadoria, eis que não a adquiriu como destinatária final. A aquisição das peças de roupas fora feita com o intuito de recolocá-las no mercado por um preço superior e, naturalmente, obter um lucro com a operação. Por outro lado, acaso esta mesma loja de roupas adquira uma televisão, é possível considerá-la consumidora nesta operação, eis que não há interesse da empresa em revender o equipamento, mas em utilizá-lo na qualidade de destinatário final. *OBS: o STJ tem mitigado os rigores da teoria finalista para autorizar a incidência do CDC nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresente em situação de vulnerabilidade. II. Teoria Maximalista: o consumidor será tão somente o destinatário final fático do produto ou serviço, independentemente de dar ao produto uma destinação produtiva ou doméstica. A noção de consumidor deve ser a mais extensa possível, não importando o fim dado ao produto ou serviço adquirido, ou seja, se consumidor auferirá ou não lucro. Ex: haveria relação de consumo entre uma indústria de confecção que adquire produtos de limpeza para aplicar nas peças que fabrica. → Consumidor Equiparado (“Bystander”): o CDC estabelece hipóteses de pessoas que são consideradas consumidores por equiparação. Art. 2o, Parágrafo único, CDC - Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Ex: pai que paga a escola de sua filha. A destinatária final consumidora padrão é a criança, mas seu genitor é equiparado, podendo se valer das garantias previstas na codificação. Art. 17, CDC - Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Ex: compra-se um carro 0km. Na primeira viagem, a roda se desprende por vício inerente ao veículo, causando um acidente. Todos aqueles que sofrem o dano pela falha do produto se equiparam nos direitos do consumidor padrão, que é aquele que efetivamente comprou o carro. *O STJ já considerou consumidor equiparado o proprietário de uma casa sobre a qual caiu um avião. Assim, mesmo não estando diretamente envolvido na relação consumidor x companhia aérea, o proprietário do imóvel atingido por acidente aéreo será equiparado ao consumidor. Página 5 de 14
Art. 29, CDC - Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (práticas comerciais). Ex: propaganda abusiva, propaganda enganosa – João possui uma papelaria e faz publicidade enganosa prometendo sorteio. A papelaria de Maria, concorrente, poderá equipar-se à consumidor no que tange à prática da publicidade enganosa. *OBS: pela análise os dispositivos acima, conclui-se que o CDC aplica-se também às relações jurídicas extracontratuais. Isto porque não apenas os consumidores individuais estão abrangidos pela proteção do CDC, mas também aqueles considerados consumidores por equiparação, ainda que não tenham participado da relação jurídica original. Logo, o CDC aplica-se tanto a relações jurídicas contratuais como extracontratuais. B) FORNECEDOR: para o fornecedor ser caracterizado como tal, ele deve ser possui como característica a habitualidade (profissionalismo) + onerosidade (lucro). Art. 3o, CDC - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Não há exceções para quem poderá ser classificado ou não como fornecedor. Assim, aquele que exerça atividade com intuito de lucro poderá ser considerado fornecedor, independente de estar com sua situação regularizada ou não. *OBS: entes despersonalizados (o espólio, a massa falida e o consórcio de empresas) também são considerados fornecedores pelo CDC, eis que são sujeitos de direito. A massa falida pode ser demandada com base no CDC, por exemplo, caso ocorra um acidente de consumo envolvendo produtos ou serviços comercializados antes da decretação da falência. → Três cadeias Fornecedores: 1a Cadeia – Fabricante / Construtor / Produtor. 2a Cadeia – Importador. 3a Cadeia – Comerciante. C) PRODUTO: Art. 3o, § 1o, CDC - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. A definição mostra-se ampla e esgota qualquer gênero de bens, envolvendo todas as categorias, pois qualquer bem será móvel ou imóvel, material ou imaterial. Abrange, inclusive, as amostras grátis, pois o artigo não trata de remuneração. Ocorre que, como vimos acima, para aplicação do CDC necessário que haja o intuito de lucro do fornecedor e, exatamente por isto, o produto deve revestir-se de onerosidade. É dizer: os bens recebidos a título gratuito não devem enquadrar-se, a princípio, na definição do CDC. Página 6 de 14
D) SERVIÇO: Art. 3o, § 2o, CDC - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. O dispositivo estabelece que apenas os serviços fornecidos mediante remuneração estariam abarcados na definição de serviço. Contudo, a doutrina definiu que o termo remuneração deve ser entendido no sentido genérico. Assim, ainda que o serviço seja prestado gratuitamente, mas com o preço embutido em outro serviço ou produto, deve este ser considerado para efeitos de incidência do CDC. Ex: estacionamento gratuito oferecido por lojas e centros comerciais; Ex: instalação gratuita quando da aquisição de determinados produtos; Ex: serviços de manobrista, ainda que gratuitos; Ex: programas de milhagem oferecidos por cartões de crédito; Tais hipóteses enquadram-se em relação de consumo, ainda que o serviço seja fornecido gratuitamente. Isto porque os serviços nada mais são que o reforço embutido na venda de outros produtos (Súm. 130, STJ). Súmula 130 – STJ - A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento. 5. RISCOS DOS PRODUTOS E SERVIÇOS: o fornecedor assume o risco do seu empreendimento, tendo que reparar o consumidor por eventuais prejuízos ocasionados pelos produtos e serviços fornecidos a estes. O fornecedor não pode introduzir no mercado de consumo produtos ou serviços que possam comprometer à saúde e segurança dos consumidores. Contudo, admitem-se os riscos à saúde e à segurança, desde que tais riscos decorram da normal fruição do produto e do serviço e sejam previsíveis pelo consumidor de acordo com suas regras de experiência. Art. 8o, CDC - Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto. A) RISCOS INERENTES E RISCOS ADQUIRIDOS: os riscos provenientes do produto podem ser de duas modalidades – inerentes ou adquiridos. I. Riscos Inerentes: indissociáveis do produto (estão presumidos no produto), conhecidos pelo homem médio, o dever de informar aqui é mitigado. Ex: não há necessidade de informar que uma faca é cortante ou perfurante. II. Riscos Adquiridos: estão inseridos na regra do art. 8o, se pautam no desconhecimento do homem médio, logo, seus riscos devem ser informados extensivamente e ostensivamente, atendendo-se ao princípio da informação. São riscos provenientes de um defeito, de algo que o consumidor não espera. Ex: efeitos colaterais de medicamentos. Página 7 de 14
O artigo 8o é uma cláusula geral de proteção aos produtos colocados no mercado, de que nenhum produto ou serviço colocado no mercado gerará perigo à saúde ou segurança do consumidor. Através dele, o consumidor obtém garantia legal de segurança dos produtos que adquire. O risco adquirido, quando não informado, gera responsabilidade civil, contudo, é muito difícil se provar, o que faz com que não seja um instituto muito judicializado. B) PRODUTOS POTENCIALMENTE NOCIVOS (ART. 9o, CDC): a ideia de potencial nocividade é vista pela doutrina como algo que gradativamente vai apresentando riscos ao consumidor (lentamente), ou que, à primeira vista, seus riscos não são manifestos. A nocividade deve ser informada de forma ampla e ostensiva. Ex: cigarros e bebidas alcoólicas. Art. 9o, CDC - O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. C) PRODUTOS ALTAMENTE NOCIVOS OU PERIGOSOS (ART. 10, CDC): não podem ser colocados no mercado (via de regra são proibidos). Art. 10, CDC - O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. → Caso o fornecedor coloque o produto no mercado e apenas posteriormente descubra a sua periculosidade, medidas urgentes deverão ser tomadas (§§ 1o e 2o do art. 10): Art. 10, § 1o, CDC - O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. Este dispositivo trata do procedimento denominado “recall”, o qual consiste em dar conhecimento ao mercado a respeito do alto grau de nocividade do produto indevidamente comercializado, a fim de que o consumidor seja avisado do perigo e não sofra consequências lesivas. Através do “recall” o fornecedor convoca os consumidores para devolver o produto, seja para reparar o componente nocivo gratuitamente seja quando isso não for possível, para ressarcir o consumidor dos valores despendidos com a aquisição do bem. Art. 10, § 3o, CDC - Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. D) RISCO DO DESENVOLVIMENTO ≠ RISCO DO EMPREENDIMENTO: O risco do desenvolvimento é quando a tecnologia, no momento do lançamento do produto no mercado de consumo, não permite ao fabricante conhecer os riscos que esse produto possa causar aos consumidores. Ex: Talidomida, medicamento lançado na década de 60, que aliviava as náuseas da gestante, mas causava más-formações nos fetos. Página 8 de 14
Nas hipóteses de risco por desenvolvimento, em havendo prejuízos ao consumidor, o fornecedor deve suportá-los, em razão do ideal contido no código. Há responsabilidade civil? 6. RESPONSABILIDADE CIVIL: o CDC adota como regra geral a responsabilidade civil objetiva. RESP. CIVIL OBJETIVA = CONDUTA + DANO + NEXO (INDEPENDE DE CULPA/DOLO) Na responsabilidade civil objetiva, o autor quando propõe uma demanda em juízo deve demonstrar nos autos a conduta praticada pelo réu (comissiva ou omissiva), o dano que sofrera e que merece ser reparado e o nexo causal entre a conduta e o dano sofrido.O elemento subjetivo dolo ou culpa do agente que praticou o dano não precisa ser demonstrado pelo Autor. 6.1. VÍCIO X FATO: o CDC ao prever a responsabilidade civil dos fornecedores por seus produtos e serviços estabeleceu uma diferença prática entre responsabilidade pelo vício e responsabilidade pelo fato. VÍCIO (DEFEITO) FATO (ACIDENTE DE CONSUMO) É toda inadequação ou impropriedade do produto/serviço que impeça seu pleno uso. O vício se limita ao produto, é intrínseco ao produto, é o vulgar “defeito do produto”, diminuindo o seu valor. É um evento que extrapola os limites do produto/serviço – provém de um acidente de consumo gerado por um defeito do produto/serviço. Ex: comprei uma TV, e ao chegar ela está com o vidro quebrado. Ex: você liga a TV na tomada e ela explode. Ex: compro um carro com defeito nos freios e ao conduzi-lo percebo um problema no freio e consigo para o veículo através da redução de marchas, não havendo acidentes. Ex: compro um carro com defeito nos freios e ao conduzi-lo venho a me acidentar em razão do freio. A) VÍCIO DO PRODUTO (ARTS. 18 e 19, CDC): a responsabilidade pelo vício do produto é OBJETIVA e SOLIDÁRIA dos fornecedores. Os vícios do produto, por sua vez, podem ser de qualidade, quantidade e informação. → VÍCIO DE QUALIDADE E INFORMAÇÃO (ART. 18, CDC): Art. 18, CDC - Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. - Exemplo de vício de qualidade: TV rachada – o consumidor deverá dirigir-se até o fornecedor e solicitar que o vício seja sanado, inclusive com a substituição das partes viciadas. Página 9 de 14
- Prazo: o fornecedor terá o prazo de 30 dias para solucionar o problema. Extrapolado esse prazo e caso o vício não seja sanado, o consumidor poderá escolher entre as alternativas previstas no § 1o do art. 18. Art. 18, § 1o, CDC - Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. Além disso, o consumidor poderá sempre fazer uso destas alternativas quando o vício for tão extenso que a substituição das partes viciadas possa comprometer a qualidade, as características do produto ou diminuir- lhe o valor, ou ainda, acaso se trate de produto essencial (parágrafo 3o). - E se o consumidor optar por substituir o produto e a substituição não for possível? Ex: o consumidor compra a última unidade de um computador no estoque da loja, mas este apresentou um defeito que o fornecedor não conseguiu solucionar no prazo de 30 (trinta) dias. Apesar do consumidor ter optado pela substituição do produto por outro da mesma espécie e em perfeitas condições de uso, o fornecedor não poderá cumprir tal solicitação, tendo em vista que o equipamento era a última peça no estoque da loja. Nestes casos, o CDC estabelece que o consumidor poderá escolher um produto com espécie, modelo ou marca diversos, mas deverá ou pagar a complementação do preço ou receber a diferença de volta (a depender se o produto for mais caro ou mais barato que o originalmente escolhido) – Art. 18, § 4o. Art. 18, § 4o, CDC - Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. - Poderão consumidor e fornecedor alterar o prazo de 30 dias para solucionar o problema? De acordo com o parágrafo 2o, do artigo 18, do CDC, sim. Contudo, este prazo não poderá ser inferior a 07 (sete) e nem superior a 180 (cento e oitenta) dias. E, acaso se trate de um contrato de adesão, esta cláusula de prazo deve ser convencionada em separado, sendo necessária a manifestação expressa do consumidor. A ideia é ter o máximo de segurança de que o consumidor realmente leu e contratou aquela determinada cláusula. Art. 18, § 2o, CDC - Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. Página 10 de 14
→ VÍCIO DE QUANTIDADE (ART. 19, CDC): Art. 19, CDC - Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: - Exemplo de vício de quantidade: rolo de papel higiênico com menos de 30 metros. - Prazo: diferentemente do vício quanto à qualidade, o consumidor não precisa esperar prazo algum para escolher entre o abatimento proporcional do preço, a complementação do peso ou medida, a substituição do produto ou a restituição do seu dinheiro. Art. 19, CDC - Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II - complementação do peso ou medida; III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. - Comerciante com balança defeituosa - será ele o responsável pelo vício no produto (Art. 19, § 2o): Art. 19, § 2o, CDC - O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. - E se o consumidor optar por substituir o produto e a substituição não for possível? O procedimento adotado deve ser idêntico à situação quanto ao vício na qualidade do produto, dado o disposto no parágrafo 1o, do artigo 19, do CDC. B) VÍCIO DO SERVIÇO (ART. 20, CDC): Art. 20, CDC - O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. → Assistência técnica dos produtos (art. 21, CDC): o fornecedor precisa utilizar peças originais e novas quando for reparar produtos com defeito. Por outro lado, os produtos devem obedecer às Página 11 de 14
especificações técnicas do fabricante. Contudo, poderá o consumidor autorizar expressamente a substituição de peças por outras usadas, desde que esta seja a sua vontade. Art. 21, CDC - No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor. → Cabe indenização por dano moral em casos de vício do produto? Para respondermos a esta pergunta devemos entender o que a doutrina chama de vício “circa rem” e vício “extra rem". VÍCIO CIRCA REM VÍCIO EXTRA REM É o vício propriamente dito, que se circunscreve a coisa, não causando danos. Não dá ensejo à compensação por dano moral. É aquele vício que gera transtornos acima da média, e nesse caso em específico é cabível a indenização por danos morais. C) FATO DO PRODUTO (ARTS. 12 e 13, CDC): a responsabilidade pelo fato do produto é OBJETIVA para todos os fornecedores, exceto o comerciante, o qual responderá subsidiariamente. Art. 12, CDC - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador irão responder pela reparação do acidente de consumo ocorrido com seus produtos independente da existência de culpa – responsabilidade objetiva. O § 3o do art. 12 estabelece as hipóteses de excludente de responsabilidade pelo fato do produto, cabendo ao fabricante, construtor ou importador, o ônus da prova. → Como o caput do artigo 12 não dispõe sobre o fornecedor, mas elenca aquelas pessoas que seriam responsáveis pelo fato do produto, a doutrina se consolidou no sentido de que o comerciante não deve ser incluído neste rol, haja vista que o dispositivo cita apenas o fabricante, o produtor, o construtor e o importador. Contudo, o art. 13 do CDC estabelece a responsabilidade do comerciante: Art. 13, CDC - O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Página 12 de 14
Logo, o comerciante possui responsabilidade subsidiária pela fato de produto, mas somente nos casos elencados no art. 13 do CDC. D) FATO DO SERVIÇO (ARTS. 14, CDC): a responsabilidade pelo fato do serviço é OBJETIVA e SOLIDÁRIA para todos os fornecedores, incluindo o comerciante, tanto é que no art. 14 o legislador dispôs o termo “Fornecedor”. Art. 14, CDC - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. O § 3o do art. 14 estabelece as hipóteses de excludente de responsabilidade pelo fato do serviço, cabendo ao fornecedor o ônus da prova. → Profissionais Liberais e a responsabilidade por fato do serviço (art. 14, § 4o): o CDC estabelece que a responsabilidade dos profissionais liberais se dê pela regra da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA, excepcionando a regra da responsabilidade objetiva. Art. 14, § 4o, CDC - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Assim, quando demandar um profissional liberal em juízo, deverá o Autor (consumidor) demonstrar o ato cometido, o dano causado, o nexo causal entre ambos e, ainda, que o agente praticou o dano com dolo ou culpa. Isto porque ao contratar os serviços destes profissionais, ao consumidor não é oferecido o resultado esperado, mas tão somente uma garantia de que o serviço será prestado da melhor forma possível, pois a obrigação dos profissionais liberais é uma obrigação de meio e não de resultado. *OBS: Profissionais liberais são aqueles prestadores de serviço que em geral não possuem uma organização empresarial - médicos, advogados, dentistas, arquitetos e outros profissionais que prestam serviço de natureza técnica e pessoal. 7. DOS PRAZOS: para melhor compreendermos os prazos previstos no CDC, precisamos estabelecer a diferença entre o vício oculto e o vício aparente. I. Vício aparente ou de fácil constatação: é aquele facilmente perceptível pelo vulgo comum, ou seja, o consumidor não necessita de conhecimentos técnicos para identifica-lo. São os casos de produtos deteriorados, adulterados, visivelmente avariados, que não funcionam ou funcionam com imperfeições, dentre outros. II. Vício oculto: é aquele que existe no produto ou serviço, mas ainda não se manifestou. Permanece latente por algum tempo, até que finalmente se manifesta comprometendo a funcionalidade ou prestabilidade do produto ou serviço. A) PRAZOS DECADENCIAIS DO CONSUMIDOR (arts. 26, CDC): aplica-se aos vícios do produto/serviço. Trata-se de garantia legal, ou seja, durante o referido prazo o fornecedor deve assegurar o pleno funcionamento do produto ou serviço. Ocorrendo vícios durante o referido prazo o fornecedor deve saná-lo sem qualquer ônus para o consumidor Página 13 de 14
→ Decadência: de acordo com o artigo 26, do CDC, em caso de vícios aparentes ou de vício oculto, o prazo para o consumidor reclamar caduca em: I. 30 dias em caso de fornecimento de bens e produtos não duráveis; II. 90 dias em caso de fornecimento de bens e produtos duráveis; Os prazos decadenciais, portanto, são os mesmos para o vício aparente e oculto, contudo, a diferença dos institutos reside no início da contagem do prazo: - Vício aparente (Art. 26, § 1o): o prazo decadencial inicia-se com a entrega efetiva do produto ou com o término da execução dos serviços. - Vício oculto (Art. 26, § 3o): o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. B) PRAZOS PRESCRICIONAL DO CONSUMIDOR (arts. 27, CDC): aplica-se aos fatos do produto/serviço. Para os casos de defeitos nos produtos ou serviços que gerem acidentes de consumo (fato do produto ou serviço), a lei estabelece um prazo prescricional de cinco anos para o consumidor pleitear em juízo a reparação pelos danos advindos de tal acidente. Trata-se de prazo prescricional fixado pelo CDC em 05 (cinco) anos a contar do conhecimento do dano e de sua autoria, conforme o artigo 27. Página 14 de 14
Ação Ordinária de Desfazimento de Relação Contratual, Declaratória de Nulidade de Cláusulas C/C Reembolso de Parcelas Adimplidas e Reparação Por Danos Morais