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Sumário

LEI N. 8.078/1990 – CDC PARA O BRB............................................................................3

1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR............................3

1.1 Diálogo das Fontes.................................................................................................5

2. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO...........................................................................6

2.1 Consumidor.............................................................................................................6

2.2 Fornecedor..............................................................................................................14

2.3 Produto e Serviço...................................................................................................15

3. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO.............................................15

4. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR......................................................................16

5. PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR.......................................19

6. DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO....................21

6.1 Excludentes de responsabilidade.........................................................................25

6.2 Prescrição e Decadência........................................................................................28

7. DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.....................29

7.1 Decadência..............................................................................................................37

7.2 Vícios Ocultos.........................................................................................................40


LEI N. 8.078/1990 – CDC PARA O BRB
Professora: Fernanda Rocha

LEI N. 8.078/1990 – CDC PARA O BRB

PROFESSORA FERNANDA ROCHA

1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

Surgimento do Direito do Consumidor:



Marco Histórico: 1962 – Mensagem do Presidente John F. Kennedy ao Congresso
conhecida como Special message to congress on protecting consumer interest: “Consumi-
dores, por definição, somos todos nós”.
A íntegra da mensagem enviada ao congresso dos Estados Unidos está disponível na
John F. Kennedy Presidential Library and museum1.

Princípios estabelecidos pela mensagem:



(1) O direito à segurança – de ser protegido contra a comercialização de produtos pre-
judiciais à saúde ou à vida.
(2) O direito de ser informado – de ser protegido contra informação, publicidade,
rotulagem ou outras práticas que sejam fraudulentas, enganosas, ou grosseiramente falacio-
sas, e que sejam a ele dadas todas as informações das quais precisa para fazer uma esco-
lha adequada.
(3) O direito de escolher – ser assegurado, sempre que possível, o acesso a uma
variedade de produtos e serviços a preços competitivos; e nas indústrias em que a concor-
rência não é viável que a regulamentação governamental seja efetiva, deve também haver
garantia de qualidade e serviço satisfatórios a preços justos.
(4) O direito de ser ouvido – para se ter a certeza de que os interesses dos consumi-
dores receberão consideração completa e favorável na formulação das políticas de Governo
e tratamento justo e rápido em seus tribunais administrativos. (tradução nossa)

Conferência Mundial do Consumidor (Estocolmo, 1972)



Resolução n. 39/248 (ONU): estipula um paradigma mínimo de proteção aos consu-
midores, no sentido de listar direitos básicos dessa categoria que devem ser observados
por todos os Estados-partes, influenciando-os a reconhecer em seus ordenamentos internos
tais direitos.

• No Brasil, é a partir da Constituição Federal de 1988 que o Direito do Consumi-


dor surge como uma disciplina autônoma e é erigido a uma categoria de direito
fundamental.
1
Disponível em: http://www.jfklibrary.org/Asset-Viewer/Archives/JFKPOF-037-028.aspx. Acesso em 13/03/2016.

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A defesa do consumidor é núcleo imodificável da Constituição Federal (cláusula pétrea).


Portanto, não é admissível nenhuma proposta de emenda constitucional tendente a esvaziar
ou a suprimir a defesa do Direito do Consumidor.

• Eficácia horizontal (direta e indireta) do direito fundamental.


1985 – A ONU estabelece diretrizes para a legislação consumerista e consolidou a ideia
de que se trata de um direito humano de nova dimensão – direito social e econômico, um
direito de igualdade material do mais fraco.

“No mundo contemporâneo, a igualdade se expressa particularmente em três di-


mensões: a igualdade formal, que funciona como proteção contra a existência de
privilégios e tratamentos discriminatórios; a igualdade material, que corresponde
às demandas por redistribuição de poder, riqueza e bem-estar social; e a igualda-
de como reconhecimento, significando o respeito devido às minorias, sua identi-
dade e suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras”.

 Obs.: Dica de leitura: http://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/uploads/2017/09/


SELA_Yale_palestra_igualdade_versao_fina.pdf

Norma de Ordem Pública e Interesse Social;


Intervenção Estatal (Estado Legislador, Administrador e Juiz);
Responsabilidade Objetiva;
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais.

Artigos Importantes

Constituição Federal de 1988


ADCT
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da
Constituição, elaborará código de defesa do consumidor;

Art. 5º (...)
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrente-
mente sobre: (...)
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direi-
tos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

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Art. 150. (...)


§ 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos
acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na li-


vre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames
da justiça social, observados os seguintes princípios: (...)
IV – defesa do consumidor;

CDC
Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor,
de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170,
inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Microssistema multidisciplinar:
• Direito Constitucional;
• Direito Civil;
• Processo Civil;
• Processo Civil Coletivo;
• Direito Administrativo;
• Direito Penal.

1.1 Diálogo das Fontes

Aplicação coordenada, simultânea e coerente das plúrimas fontes legislativas.

5. Deve ser utilizada a técnica do “diálogo das fontes” para harmonizar a aplica-
ção concomitante de dois diplomas legais ao mesmo negócio jurídico; no caso, as
normas específicas que regulam os títulos de capitalização e o CDC, que assegura
aos investidores a transparência e as informações necessárias ao perfeito conhe-
cimento do produto. 6. Recurso especial conhecido e provido. Resp 1.216.673/SP.

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CDC
Art. 7º Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tra-
tados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analo-
gia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidaria-
mente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados


internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de pas-
sageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência
em relação ao Código de Defesa do Consumidor. STF. Plenário. RE 636331/RJ,
Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados
em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866 STF).

CF
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terres-
tre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acor-
dos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as con-
dições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior
poderão ser feitos por embarcações estrangeiras.

2. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO

O CDC incidirá em toda relação jurídica que puder ser caracterizada como de consumo.

2.1 Consumidor

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

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TEORIAS ACERCA DO CONCEITO DE DESTINATÁRIO FINAL


Interpretação maximalista: sociedade de consumo, basta que não haja revenda.
Interpretação finalista: restringe a figura do consumidor – consumidor é a pessoa
não profissional – interpretação restrita de destinatário final.
Interpretação finalista aprofundada: consumidor final imediato – vulnerabilidade
– artigo 4º, inciso I, do CDC.
Obs.: O STJ aplica a teoria finalista, aceitando a aplicação da teoria finalista de forma
aprofundada, abrandada ou mitigada, em situações em que o consumidor mesmo
não sendo destinatário final, possui vulnerabilidade analisada no caso concreto.

VULNERABILIDADE: é reconhecida a vulnerabilidade inata do consumidor à medida


que não só tem acesso ao sistema produtivo, mas também não tem condições de conhecer
seu funcionamento.
É a situação na qual um dos sujeitos de determinada relação figura em um polo
mais frágil.

Obs.: A vulnerabilidade exclui a premissa de igualdade.

ATENÇÃO
A TEORIA APLICADA É A FINALISTA MITIGADA na qual a pessoa que adquire bens de
produção não será considerada consumidora. Porém, se verificado no caso concreto que
há vulnerabilidade da pessoa que adquiriu ou utilizou o produto ou serviço diante da que
forneceu, excepcionalmente poderá ter a aplicação do CDC.

VULNERABILIDADE:
a) técnica;
b) jurídica;
c) fática;
d) informacional.

Resumo do julgado

Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor,


a jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade de, em situações es-
pecíficas, abrandar o rigor desse critério para admitir a aplicabilidade do CDC nas
relações entre os adquirentes e os fornecedores em que, mesmo o adquirente uti-
lizando os bens ou serviços para suas atividades econômicas, fique evidenciado

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que ele apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria
finalista mitigada, abrandada ou aprofundada.
Em suma, a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada consiste na pos-
sibilidade de se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa, mesmo sem
ter adquirido o produto ou serviço como destinatária final, possa ser equiparada
à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulne-
rabilidade.
Existem quatro espécies de vulnerabilidade: a) técnica; b) jurídica; c) fática; d)
informacional.
STJ. 3ª Turma. REsp 1195642/RJ, Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012.

a) VULNERABILIDADE TÉCNICA
Significa a ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço por parte
do adquirente.
A vulnerabilidade técnica é presumida no caso do consumidor não profissional (exem-
plo: uma família que adquire uma geladeira).
O consumidor profissional pode excepcionalmente ser considerado tecnicamente vul-
nerável, nas hipóteses em que o produto ou serviço adquirido não tiver relação com a sua
formação, competência ou área de atuação. Exemplo: uma escola de idiomas que contrata
uma empresa para o desenvolvimento e instalação de um sistema de informática.

b) VULNERABILIDADE JURÍDICA (OU CIENTÍFICA)


A vulnerabilidade jurídica ou científica pressupõe falta de conhecimento jurídico, contá-
bil ou econômico.
A vulnerabilidade jurídica é presumida no caso do consumidor não profissional.
Por outro lado, se a pessoa que adquiriu o produto ou serviço for profissional ou uma
pessoa jurídica, a presunção é de que não é vulnerável juridicamente, uma vez que pratica
os atos de consumo ciente da respectiva repercussão jurídica, contábil e econômica, seja por
sua própria formação (no caso dos profissionais), seja pelo fato de, na consecução de suas
atividades, contar com a assistência de advogados, contadores e/ou economistas (no caso
das pessoas jurídicas). Obviamente, essa pessoa poderá provar que, no caso concreto, era
vulnerável juridicamente.

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c) VULNERABILIDADE INFORMACIONAL
Trata-se de uma nova categoria, antes enquadrada como vulnerabilidade técnica. A vul-
nerabilidade informacional ocorre quando o consumidor não detém as informações suficien-
tes para realizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço.2

TÉCNICA INFORMACIONAL JURÍDICA FÁTICA


Ausência de conheci- O consumidor não Pressupõe falta de Advém da relação de
mento específico acerca detém as informações conhecimento jurídico, superioridade, do poder
do produto ou serviço. suficientes para reali- contábil ou econômico. que o fornecedor tem no
zar o processo decisório mercado de consumo em
de aquisição ou não do relação ao consumidor.
produto ou serviço.

JULGADOS DO STJ

A aquisição de veículo para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibili-
dade de aplicação das normas protetivas do CDC.
STJ. 4ª Turma. REsp 611872-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
2/10/2012 (Info 505).

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO CONSUMI-


DOR. COMPRA DE AERONAVE POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE IMÓ-
VEIS. AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
DE CONSUMO.
1. Controvérsia acerca da existência de relação de consumo na aquisição de ae-
ronave por empresa administradora de imóveis.
2. Produto adquirido para atender a uma necessidade própria da pessoa jurídica,
não se incorporando ao serviço prestado aos clientes.
3. Existência de relação de consumo, à luz da teoria finalista mitigada. Precedentes.
4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
(AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014)

Muitas pessoas, mesmo não sendo consumidoras stricto sensu, podem ser atingidas
ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado. Estas pessoas podem inter-
vir nas relações de consumo de outra forma e ocupar uma posição de VULNERABILIDADE.
HIPERVUNERABILIDADE – criança, pessoa com deficiência e idoso – a publicidade
deve observar padrões de proteção mais qualificados.
2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.
• ESPÉCIES DE CONSUMIDOR
buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c0f168ce8900fa56e57789e2a2f2c9d0>. Acesso em 04/08/2020.

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Art. 2º (...)
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço


Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as
vítimas do evento.

Das Práticas Comerciais


Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumido-
res todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE


CHEQUE E DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CHEQUE FALSIFICADO
DADO EM PAGAMENTO. ACIDENTE DE CONSUMO (CDC, ART. 17). CONSU-
MIDOR POR EQUIPARAÇÃO OU BYSTANDARD. COMPETÊNCIA DO FORO
DO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR.
1. Cuida-se de suposto uso de cheque falsificado para pagamento de estadia em
hotel, provocando a inscrição do consumidor em serviços de proteção ao crédito e
a emergência de danos morais.

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2. Configura-se, em tese, acidente de consumo em virtude da suposta falta de


segurança na prestação do serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que,
alegadamente, poderia ter identificado a fraude mediante simples conferência de
assinatura na cédula de identidade do portador do cheque.
3. Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do acidente de consumo
(CDC, art. 17).
4. Conflito conhecido para declarar competente o foro do domicílio do consumidor.
(CC 128.079/MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
12/03/2014, DJe 09/04/2014)

ATENÇÃO
SÚMULAS DO STJ
Súmula n. 297: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
Súmula n. 563: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas.
Súmula n. 602: O CDC é aplicável aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas
sociedades cooperativas.
Súmula n. 608: Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados
por entidades de autogestão.

O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável ao contrato de fiança bancária aces-


sório a contrato administrativo:

Não se aplica o CDC aos contratos administrativos, tendo em vista que a Admi-
nistração Pública já goza de outras prerrogativas asseguradas pela lei. A fiança
bancária, quando contratada no âmbito de um contrato administrativo, também
sofre incidência do regime publicístico, uma vez a contratação dessa garantia não
decorre da liberdade de contratar, mas da posição de supremacia que a lei confere
à Administração Pública nos contratos administrativos. Pode-se concluir, portanto,
que a fiança bancária acessória a um contrato administrativo também não repre-
senta uma relação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.745.415-SP, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/05/2019 (Info 649)

Contrato de conta corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição financeira:


não se aplica o CDC.

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Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição finan-


ceira: não se aplica o CDC A empresa corretora de Bitcoin que celebra contrato
de conta-corrente com o banco para o exercício de suas atividades não pode ser
considerada consumidora. Não se trata de uma relação de consumo. A empresa
desenvolve a atividade econômica de intermediação de compra e venda de Bit-
coins. Para realizar essa atividade econômica, utiliza o serviço de conta-bancária
oferecido pela instituição financeira. Desse modo, a utilização desse serviço ban-
cário (abertura de conta-corrente) tem o propósito de incrementar sua atividade
produtiva de intermediação, não se caracterizando, portanto, como relação jurídi-
ca de consumo, mas sim de insumo. Em outras palavras, o serviço bancário de
conta-corrente é utilizado como implemento de sua atividade empresarial, não se
destinando, pois, ao seu consumo final. Logo, não se aplicam as normas proteti-
vas do Código de Defesa do Consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp 1696214-SP, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/10/2018 (Info 636).

Aplicação do CDC aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas socie-


dades cooperativas
Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STJ

Súmula n. 602 do STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos em-


preendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. STJ. 2ª
Seção. Aprovada em 22/2/2018, DJe 26/2/2018.

Transporte aéreo internacional e aplicabilidade das Convenções de Varsóvia e


de Montreal
Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STF – Julgado marcado como lido

Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo


consumidor, aplica-se o CDC ou a indenização tarifada prevista nas Convenções
de Varsóvia e de Montreal? As Convenções internacionais. Nos termos do art. 178
da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores
da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente
as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de
Defesa do Consumidor. Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes
aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte interna-
cional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciproci-

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dade. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).
O STJ passou a acompanhar o mesmo entendimento do STF: É possível a limita-
ção, por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à indenização
por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem. STJ. 3ª Turma. REsp
673.048-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/05/2018 (Info 626).

Indivíduo que contrata serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários é


considerado consumidor
Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STJ

Deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que
visa a atender necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma
habitual e profissional, o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários.
Exemplo: João contratou a empresa “Dinheiro S.A Corretora de Valores” para que
esta intermediasse operações financeiras no mercado de capitais. Em outras pala-
vras, João contratou essa corretora para investir seu dinheiro na Bolsa de Valores.
A relação entre João e a corretora é uma relação de consumo. STJ. 3ª Turma.
REsp 1599535-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600).

Se o consumidor beneficiário de contrato de participação financeira cede seus


direitos, a cessionária não será considerada consumidora
Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STJ

A condição de consumidor do promitente-assinante não se transfere aos cessio-


nários do contrato de participação financeira. Ex: João firmou contrato de partici-
pação financeira com a empresa de telefonia. João cedeu os direitos creditícios
decorrentes do contrato para uma empresa privada especializada em comprar
créditos, com deságio. A empresa cessionária, ao ajuizar demanda contra a com-
panhia telefônica pedindo os direitos decorrentes deste contrato, não poderá invo-
car o CDC. As condições personalíssimas do cedente não se transmitem ao ces-
sionário. STJ. 3ª Turma. REsp 1608700-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 9/3/2017 (Info 600).

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Não se aplica o CDC para contrato de transporte de insumos


Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STJ

Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor - CDC ao contrato de trans-


porte de mercadorias vinculado a contrato de compra e venda de insumos. STJ.
3ª Turma. REsp 1442674-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
7/3/2017 (Info 600).

Aquisição de avião por empresa imobiliária


Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STJ

Empresa administradora de imóveis adquire um avião para servir como meio de


transporte para seus sócios e funcionários. Há relação de consumo neste caso?
Esse contrato é regido pelo CDC? A administradora é considerada consumidora na
situação em tela? SIM. Há relação de consumo entre a sociedade empresária ven-
dedora de aviões e a sociedade empresária administradora de imóveis que tenha
adquirido avião com o objetivo de facilitar o deslocamento de sócios e funcioná-
rios. Aplica-se a teoria finalista mitigada. STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1321083-
PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/9/2014 (Info 548).

Aquisição de veículo por taxista: relação de consumo


Direito do Consumidor – Conceito de consumidor – Geral
Origem: STJ

A aquisição de veículo para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibilida-
de de aplicação das normas protetivas do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 611872-RJ,
Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 2/10/2012 (Info 505).

2.2 Fornecedor

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, expor-
tação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

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2.3 Produto e Serviço

Art. 3º (...)
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante re-
muneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

REMUNERAÇÃO deve-se compreender não apenas a remuneração direta, mas também


a remuneração indireta (serviço aparentemente gratuito), ou seja, quando o custo do serviço
vem embutido na própria atividade do fornecedor. Assim, esses serviços, são considerados
“remunerados” mesmo que indiretamente, sendo, portanto, objeto da relação de consumo.

3. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendi-
mento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e
segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua quali-
dade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo,
atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei n. 9.008, de 21.3.1995)
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,
segurança, durabilidade e desempenho.
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvi-
mento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se
funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base
na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV – educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus
direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alter-
nativos de solução de conflitos de consumo;

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VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de


consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e cria-
ções industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam
causar prejuízos aos consumidores;
VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII – estudo constante das modificações do mercado de consumo.
IX – fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consu-
midores; (Incluído pela Lei n. 14.181, de 2021)
X – prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar a exclu-
são social do consumidor. (Incluído pela Lei n. 14.181, de 2021)

Art. 5º Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará


o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
I – manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente;
II – instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do
Ministério Público;
III – criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumi-
dores vítimas de infrações penais de consumo;
IV – criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas
para a solução de litígios de consumo;
V – concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de
Defesa do Consumidor.
VI – instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial
do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; (Incluído
pela Lei n. 14.181, de 2021)
VII – instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de
superendividamento. (Incluído pela Lei n. 14.181, de 2021)

4. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

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III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com


especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tri-
butos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação
dada pela Lei n. 12.741, de 2012) Vigência
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais co-
ercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas
no fornecimento de produtos e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações des-
proporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;

CDC CC
Art. 6º (...) Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobre-
V – a modificação das cláusulas contratuais que vier desproporção manifesta entre o valor da presta-
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua ção devida e o do momento de sua execução, poderá
revisão em razão de fatos supervenientes que as o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que asse-
tornem excessivamente onerosas; gure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou
diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem
para a outra, em virtude de acontecimentos extra-
ordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a
decretar retroagirão à data da citação.

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,


coletivos e difusos;

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CDC CPC
Art. 6º (...) Art. 373. O ônus da prova incumbe:
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclu- I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
sive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
no processo civil, quando, a critério do juiz, for veros- modificativo ou extintivo do direito do autor.
símil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de pecu-
segundo as regras ordinárias de experiências; liaridades da causa relacionadas à impossibilidade
ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos
termos do caput ou à maior facilidade de obtenção
da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça
por decisão fundamentada, caso em que deverá dar
à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus
que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não
pode gerar situação em que a desincumbência do
encargo pela parte seja impossível ou excessiva-
mente difícil.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também
pode ocorrer por convenção das partes, salvo
quando:
I – recair sobre direito indisponível da parte;
II – tornar excessivamente difícil a uma parte o exer-
cício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser cele-
brada antes ou durante o processo.

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Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação


publicitária cabe a quem as patrocina.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o impor-


tador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabrica-
ção, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicio-
namento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequa-
das sobre sua utilização e riscos. (...)
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabi-
lizado quando provar:
I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 14. (...)


§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; (...)
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, asse-
gurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
IX – (Vetado);
X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
XI – a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de
prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o míni-
mo existencial, nos termos da regulamentação, por meio da revisão e da repactu-
ação da dívida, entre outras medidas; (Incluído pela Lei n. 14.181, de 2021)
XII – a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repac-
tuação de dívidas e na concessão de crédito; (Incluído pela Lei n. 14.181, de 2021)
XIII – a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal
como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso. (Inclu-
ído pela Lei n. 14.181, de 2021)

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Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.

5. PROTEÇÃO À SAÚDE E SEGURANÇA DO CONSUMIDOR

Art. 8º Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarre-


tarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados
normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os
fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequa-
das a seu respeito.
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informa-
ções a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam
acompanhar o produto. (Redação dada pela Lei n. 13.486, de 2017)
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no
fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor,
e informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o risco de
contaminação. (Incluído pela Lei n. 13.486, de 2017)

Art. 9º O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigo-


sos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a
respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras
medidas cabíveis em cada caso concreto.

O risco inerente ao medicamento impõe ao fabricante um dever de informar qua-


lificado (art. 9º do CDC), cuja violação está prevista no § 1º, II, do art. 12 do CDC
como hipótese de defeito do produto, que enseja a responsabilidade objetiva do
fornecedor pelo evento danoso dele decorrente.
O ordenamento jurídico não exige que os medicamentos sejam fabricados com
garantia de segurança absoluta, até porque se trata de uma atividade de risco per-
mitido, mas exige que garantam a segurança legitimamente esperável, tolerando
os riscos considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e
fruição, desde que o consumidor receba as informações necessárias e adequadas
a seu respeito (art. 8º do CDC).
O fato de o uso de um medicamento causar efeitos colaterais ou reações adversas,
por si só, não configura defeito do produto se o usuário foi prévia e devidamente
informado e advertido sobre tais riscos inerentes, de modo a poder decidir, de for-

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ma livre, refletida e consciente, sobre o tratamento que lhe é prescrito, além de ter
a possibilidade de mitigar eventuais danos que venham a ocorrer em função dele.
O risco do desenvolvimento, entendido como aquele que não podia ser conhecido
ou evitado no momento em que o medicamento foi colocado em circulação, cons-
titui defeito existente desde o momento da concepção do produto, embora não
perceptível a priori, caracterizando, pois, hipótese de fortuito interno.
STJ. 3ª Turma. REsp 1774372-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020
(Info 671).

Para a responsabilização do fornecedor por acidente do produto não basta ficar


evidenciado que os danos foram causados pelo medicamento. O defeito do pro-
duto deve apresentar-se, concretamente, como sendo o causador do dano expe-
rimentado pelo consumidor.
Em se tratando de produto de periculosidade inerente (medicamento com con-
traindicações), cujos riscos são normais à sua natureza e previsíveis, eventual
dano por ele causado ao consumidor não enseja a responsabilização do fornece-
dor. Isso porque, neste caso, não se pode dizer que o produto é defeituoso.
STJ. 3ª Turma. REsp 1599405-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
4/4/2017 (Info 603).

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou


serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculo-
sidade à saúde ou segurança.
§ 1º O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução
no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem,
deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consu-
midores, mediante anúncios publicitários.
§ 2º Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados
na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3º Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços
à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios deverão informá-los a respeito.

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6. DA RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

Código Civil
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente de-
senvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

• Responsabilidade pelo vício do produto;


• Responsabilidade pelo fato do produto (defeito);
• Responsabilidade pelo vício do serviço;
• Responsabilidade pelo fato do serviço (defeito).

a) Responsabilidade pelo vício do produto

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o impor-


tador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabrica-
ção, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicio-
namento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequa-
das sobre sua utilização e riscos.

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§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitima-


mente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, en-
tre as quais:
I – sua apresentação;
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi colocado em circulação.
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualida-
de ter sido colocado no mercado.
§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabi-
lizado quando provar:
I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo ante-


rior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser
identificados;
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,
construtor ou importador;
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer
o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso.

Vedação à Denunciação da Lide

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso
poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosse-
guir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

Jurisprudência em teses – Edição 39


6) A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe
à responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo
aplicável também nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de
consumo (arts. 12 e 14 do CDC).

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Chamamento ao processo

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços,


sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão observadas as
seguintes normas: (...)
II – o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao
processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Res-
seguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido con-
denará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu houver
sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro
de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de
indenização diretamente contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao Ins-
tituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório com este.

b) Fato do Serviço

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relati-
vos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inade-
quadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, en-
tre as quais:
I – o modo de seu fornecimento;
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.

 Obs.: Responsabilidade SUBJETIVA dos profissionais liberais.

ATENÇÃO
FATO DO SERVIÇO
Obrigação de meio x Obrigação de resultado
Resultado: obriga-se o devedor a realizar um fato determinado, adstringe-se a alcançar
certo objetivo; (culpa PRESUMIDA)
Meio: o devedor obriga-se a empregar diligência a conduzir-se com prudência, para atingir
a meta colimada pelo ato.

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Resp 985.888 – SP (2007/0088776-1) – 2012


Responsabilidade subjetiva – culpa presumida
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO. CIRURGIA PLÁSTI-
CA. OBRIGAÇAO DE RESULTADO. SUPERVENIÊNCIA DE PROCESSO ALÉR-
GICO. CASO FORTUITO. ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE.
1. O requisito do prequestionamento é indispensável, por isso inviável a aprecia-
ção, em sede de recurso especial, de matéria sobre a qual não se pronunciou o
Tribunal de origem, incidindo, por analogia, o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF.
2. Em procedimento cirúrgico para fins estéticos, conquanto a obrigação seja de
resultado, não se vislumbra responsabilidade objetiva pelo insucesso da cirurgia,
mas mera presunção de culpa médica, o que importa a inversão do ônus da prova,
cabendo ao profissional elidi-la de modo a exonerar-se da responsabilidade con-
tratual pelos danos causados ao paciente, em razão do ato cirúrgico.
3. No caso, o Tribunal a quo concluiu que não houve advertência a paciente quan-
to aos riscos da cirurgia, e também que o médico não provou a ocorrência de caso
fortuito, tudo a ensejar a aplicação da súmula 7/STJ, porque inviável a análise dos
fatos e provas produzidas no âmbito do recurso especial.
4. Recurso especial não conhecido.

RECURSO ESPECIAL N. 1.180.815 – MG – 2010


RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. ART. 14
DO CDC. CIRURGIA PLÁSTICA. OBRIGAÇAO DE RESULTADO. CASO FOR-
TUITO. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE.
1. Os procedimentos cirúrgicos de fins meramente estéticos caracterizam verda-
deira obrigação de resultado, pois neles o cirurgião assume verdadeiro compro-
misso pelo efeito embelezador prometido.
2. Nas obrigações de resultado, a responsabilidade do profissional da medicina
permanece subjetiva. Cumpre ao médico, contudo, demonstrar que os eventos da-
nosos decorreram de fatores externos e alheios à sua atuação durante a cirurgia.
3. Apesar de não prevista expressamente no CDC, a eximente de caso fortuito
possui força liberatória e exclui a responsabilidade do cirurgião plástico, pois rom-
pe o nexo de causalidade entre o dano apontado pelo paciente e o serviço pres-
tado pelo profissional.
4. Age com cautela e conforme os ditames da boa-fé objetiva o médico que colhe a
assinatura do paciente em “termo de consentimento informado”, de maneira a aler-
tá-lo acerca de eventuais problemas que possam surgir durante o pós-operatório.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

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O médico é civilmente responsável por falha no dever de informação acerca dos riscos
de morte em cirurgia.

6.1 Excludentes de responsabilidade

Art. 12. (...)


§ 3º O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabi-
lizado quando provar:
I – que não colocou o produto no mercado;
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Art. 14. (...)


§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. (fortuito externo)

Culpa exclusiva de terceiro ou da vítima

Código Civil
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto
com a do autor do dano.

Obs.: Terceiro que integra a corrente produtiva, ainda que remotamente, não é terceiro; é
fornecedor solidário.

Serviços de Transporte

Código Civil
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o pas-
sageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.

Súmula n. 187 do STF: A responsabilidade contratual do transportador, pelo aci-


dente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem
ação regressiva.

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Responsabilidade civil. Acidente ferroviário. Queda de trem. “Surfista ferroviário”.


Culpa exclusiva da vítima.
I – A pessoa que se arrisca em cima de uma composição ferroviária, praticando
o denominado “surf ferroviário”, assume as consequências de seus atos, não se
podendo exigir da companhia ferroviária efetiva fiscalização, o que seria até im-
praticável.
II – Concluindo o acórdão tratar o caso de “surfista ferroviário”, não há como rever
tal situação na via especial, pois demandaria o revolvimento de matéria fático-pro-
batória, vedado nesta instância superior (Súmula 7/STJ).
III – Recurso especial não conhecido.
RECURSO ESPECIAL N. 160.051 – RJ (1997/0092328–2)

Caso Fortuito e Força Maior

Código Civil
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário,
cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir.

ATENÇÃO
• Caso Fortuito: evento totalmente imprevisível.
• Força maior: evento previsível, mas inevitável.
– Interno é aquele que tem relação com o negócio desenvolvido;
– Externo é aquele totalmente estranho ou alheio ao negócio.

V – Jornada de Direito Civil


443 – Arts. 393 e 927: O caso fortuito e a força maior somente serão considerados
como excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não for
conexo à atividade desenvolvida
Súmula 479 do STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos
danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por tercei-
ros no âmbito de operações bancárias.
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇAO POR DANOS MO-
RAIS, ESTÉTICOS E MATERIAL. ASSALTO À MAO ARMADA NO INTERIOR DE
ÔNIBUS COLETIVO. CASO FORTUITO EXTERNO. EXCLUSAO DE RESPON-
SABILIDADE DA TRANSPORTADORA.

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1. A Segunda Seção desta Corte já proclamou o entendimento de que o fato intei-


ramente estranho ao transporte em si (assalto à mão armada no interior de ôni-
bus coletivo) constitui caso fortuito, excludente de responsabilidade da empresa
transportadora.
3. Recurso conhecido e provido.
RECURSO ESPECIAL N. 726.371 – RJ (2005/0027195–0)

CASO FORTUITO EXTERNO CASO FORTUITO INTERNO


FORÇA MAIOR EXTERNA FORÇA MAIOR INTERNA
Não têm relação com o fornecimento do produto ou Têm relação com o fornecimento do produto e a
a prestação de serviços. prestação de serviços (risco-proveito).
São excludentes de responsabilidade. Não são excludentes de responsabilidade.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de


qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar
componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização
em contrário do consumidor.

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissio-


nárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a re-
parar os danos causados, na forma prevista neste código.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação


dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo


expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se
a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

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6.2 Prescrição e Decadência

PRESCRIÇÃO: Inexigibilidade da pretensão em virtude da inércia do titular do Direito


ou daquele que possui autorização para exigir o Direito.
DECADÊNCIA: Perda do direito material em virtude da inércia do titular do direito ou
daquele que possui autorização para exercer o direito.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Origem apenas na lei; A origem pode ser legal, contratual, regulamentar, normativa;
Não pode ser interrompida ou suspensa;
Pode ser interrompida ou suspensa;
* Obsta a decadência – CDC.
A contagem começa a partir da ciência da lesão. O direito e a pretensão nascem e morrem juntos.

A pretensão não pode ser algo exercitável indefinidamente no tempo, e importante que
haja um limite para a exigibilidade do cumprimento da obrigação para se garantir a paz social
e a segurança das relações jurídicas. Por isso que existe um prazo fixado para que a pessoa
possa exigir a reparação.

RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. AÇÃO DE RESSARCIMENTO. CI-


RURGIA CARDÍACA. DESCUMPRIMENTO DE CLÁUSULA CONTRATUAL.
PRAZO PRESCRICIONAL DECENAL.
1. Em se tratando de ação objetivando o ressarcimento de despesas realizadas
com cirurgia cardíaca para a implantação de “stent”, em razão da negativa do pla-
no de saúde em autorizar o procedimento, a relação controvertida é de natureza
contratual.
2. Não havendo previsão específica quanto ao prazo prescricional, incide o prazo
geral de 10 (dez) anos, previsto no art. 205 do Código Civil, o qual começa a fluir a
partir da data de sua vigência (11.1.2003), respeitada a regra de transição prevista
no art. 2.028.
3. Recurso Especial provido.
RECURSO ESPECIAL N. 1.176.320 – RS (2010/0008120–3) – 26/2/2013

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7. DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO

Vício de Qualidade

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis res-


pondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam
o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes viciadas.

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condi-
ções de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem preju-
ízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oiten-
ta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada
em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

 Obs.: EXCEÇÃO:

§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo


sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas
puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor
ou se tratar de produto essencial.3

3
https://www.migalhas.com.br/quentes/136691/mpf-reconhece-telefone-celular-como-produto-essencial/
https://anaclarasuzart.com.br/produtos-essenciais-sob-a-otica-do-codigo-de-defesa-do-consumidor/

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LEI N. 8.078/1990 – CDC PARA O BRB
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO VERIFICADA. VICIO NO PRODU-


TO. APARELHO CELULAR CONSIDERADO BEM ESSENCIAL. DANOS MORAIS
CONCEDIDOS. EMBARGOS ACOLHIDOS. (TJPR – 1ª Turma Recursal – 0008352-
88.2017.8.16.0014 – Londrina – Rel.: Juíza Vanessa Bassani – J. 12.11.2018) (TJ-
-PR – ED: 00083528820178160014 PR 0008352-88.2017.8.16.0014 (Acórdão),
Relator: Juíza Vanessa Bassani, Data de Julgamento: 12/11/2018, 1ª Turma Re-
cursal, Data de Publicação: 13/11/2018)

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PRAZO PARA O FORNECEDOR


DECADÊNCIA
PRESCRIÇÃO REPARAR O VÍCIO
(GARANTIA LEGAL)
(ART. 18, § 1º, DO CDC)
5 anos. 30 dias: produtos/serviços 30 dias.
não duráveis;
90 dias: produtos/serviços
duráveis.
Fato do produto ou do ser- Vício do produto ou do ser- EXCEÇÕES: produto essen-
viço (DEFEITO): acidentes viço: mera inadequação aos cial, reparo impossível, vício de
de consumo. fins esperados. quantidade e vício no serviço.

§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste artigo,


e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro
de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição
de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do §
1º deste artigo.
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável peran-
te o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente
seu produtor.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo:
I – os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II – os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, cor-
rompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles
em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou
apresentação;
III – os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que
se destinam.

PROCESSO CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊN-
CIA. JUNTADA DE DOCUMENTOS COM A APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. VÍCIO
DO PRODUTO.
REPARAÇÃO EM 30 DIAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO COMERCIANTE.
1. Ação civil pública ajuizada em 07/01/2013, de que foi extraído o presente re-
curso especial, interposto em 08/06/2015 e concluso ao Gabinete em 25/08/2016.
Julgamento pelo CPC/73.
2. Cinge-se a controvérsia a decidir sobre: (i) a negativa de prestação jurisdicio-
nal (art. 535, II, do CPC/73); (ii) a preclusão operada quanto à produção de prova
(arts. 462 e 517 do CPC/73); (iii) a responsabilidade do comerciante no que tange
à disponibilização e prestação de serviço de assistência técnica (art.
18, caput e § 1º, do CDC).

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3. Devidamente analisadas e discutidas as questões de mérito, e fundamentado o


acórdão recorrido, de modo a esgotar a prestação jurisdicional, não há que se falar
em violação do art. 535, II, do CPC/73.
4. Esta Corte admite a juntada de documentos, que não apenas os produzidos
após a inicial e a contestação, inclusive na via recursal, desde que observado o
contraditório e ausente a má-fé.
5. À frustração do consumidor de adquirir o bem com vício, não é razoável que se
acrescente o desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele não deu causa,
o que, por certo, pode ser evitado - ou, ao menos, atenuado - se o próprio comer-
ciante participar ativamente do processo de reparo, intermediando a relação entre
consumidor e fabricante, inclusive porque, juntamente com este, tem o dever legal
de garantir a adequação do produto oferecido ao consumo. 6. À luz do princípio
da boa-fé objetiva, se a inserção no mercado do produto com vício traz em si, ine-
vitavelmente, um gasto adicional para a cadeia de consumo, esse gasto deve ser
tido como ínsito ao risco da atividade, e não pode, em nenhuma hipótese, ser su-
portado pelo consumidor. Incidência dos princípios que regem a política nacional
das relações de consumo, em especial o da vulnerabilidade do consumidor (art.
4º, I, do CDC) e o da garantia de adequação, a cargo do fornecedor (art. 4º, V, do
CDC), e observância do direito do consumidor de receber a efetiva reparação de
danos patrimoniais sofridos por ele (art. 6º, VI, do CDC).
7. Como a defesa do consumidor foi erigida a princípio geral da atividade econô-
mica pelo art. 170, V, da Constituição Federal, é ele - consumidor - quem deve
escolher a alternativa que lhe parece menos onerosa ou embaraçosa para exer-
cer seu direito de ter sanado o vício em 30 dias - levar o produto ao comerciante,
à assistência técnica ou diretamente ao fabricante -, não cabendo ao fornecedor
impor-lhe a opção que mais convém.
8. Recurso especial desprovido.
(REsp 1634851/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 12/09/2017, DJe 15/02/2018)

Dever do comerciante de receber e enviar os aparelhos viciados para a assis-


tência técnica ou para o fabricante Direito do Consumidor – Responsabili-
dade pelo vício do produto ou do serviço Geral
Se o produto que o consumidor comprou apresenta um vício, ele tem o direito de
ter esse vício sanado no prazo de 30 dias (art. 18, § 1º, do CDC). Para tanto, o
consumidor pode escolher para quem levará o produto a fim de ser consertado: a)
para o comerciante; b) para a assistência técnica ou c) para o fabricante. Em outras
palavras, cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o
vício do produto em 30 dias: levar o produto ao comerciante, à assistência técnica
ou diretamente ao fabricante. STJ. 3ª Turma.REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619).

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Em se tratando de relação de consumo, todos da cadeia produtiva são solidariamente


responsáveis.

Há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de fornecimento


por vício no produto adquirido pelo consumidor, aí incluindo-se o fornecedor direto
(exemplo: concessionária de veículos) e o fornecedor indireto (exemplo: o fabri-
cante do automóvel). Os integrantes da cadeia de consumo, em ação indenizató-
ria consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor,
não cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos
seus integrantes. STJ. 3ª Turma. REsp 1684132/CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, jul-
gado em 02/10/2018. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1183072/SP, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, julgado em 02/10/2018.

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade


do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da em-
balagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha
I – o abatimento proporcional do preço;
II – complementação do peso ou medida;
III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem
os aludidos vícios;
IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem pre-
juízo de eventuais perdas e danos.
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior.
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medi-
ção e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tor-
nem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem preju-
ízo de eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente ca-
pacitados, por conta e risco do fornecedor.

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§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que


razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.

Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de


qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar
componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as
especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização
em contrário do consumidor.

Responsabilidade de transportadora de passageiros e culpa exclusiva do


consumidor

A sociedade empresária de transporte coletivo interestadual não deve ser respon-


sabilizada pela partida do veículo, após parada obrigatória, sem a presença do
viajante que, por sua culpa exclusiva, não compareceu para reembarque mesmo
após a chamada dos passageiros, sobretudo quando houve o embarque tempes-
tivo dos demais. STJ. 4ª Turma. REsp 1354369-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 5/5/2015 (Info 562).

Vício de quantidade e direito à informação

Ainda que haja abatimento no preço do produto, o fornecedor responderá por


vício de quantidade na hipótese em que reduzir o volume da mercadoria para
quantidade diversa da que habitualmente fornecia no mercado, sem informar na
embalagem, de forma clara, precisa e ostensiva, a diminuição do conteúdo. STJ.
2ª Turma. REsp 1364915-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 14/5/2013
(Info 524).

Vício do produto em automóvel e responsabilização solidária da concessionária


e da fabricante

A aquisição de veículo para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibi-
lidade de aplicação das normas protetivas do CDC. A constatação de defeito em
veículo zero-quilômetro revela hipótese de vício do produto e impõe a responsabi-
lização solidária da concessionária (fornecedor) e do fabricante, conforme precei-

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tua o art. 18, caput, do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 611872-RJ, Rel. Min. Antonio
Carlos Ferreira, julgado em 2/10/2012 (Info 505).

Súmula n. 595 do STJ: As instituições de ensino superior respondem objetiva-


mente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de curso
não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido
dada prévia e adequada informação.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE


NEGÓCIO JURÍDICO. VEÍCULO USADO. VENDA. HODÔMETRO ADULTERADO.
RESPONSABILIDADE. PROPRIETÁRIO. AGÊNCIA CONTRATADA. SO-
LIDARIEDADE.
ART. 18 DO CDC. FORNECEDOR ORIGINÁRIO. INAPLICABILIDADE. RELA-
ÇÕES DE CONSUMO DISTINTAS. CADEIA DE FORNECIMENTO. RUPTURA.
1. Ação de rescisão contratual cumulada com pedido indenizatório promovida por
adquirente de veículo usado que pretende responsabilizar o ex-proprietário do
automóvel, a empresa por ele contratada para revender o bem e o fornecedor ori-
ginário deste pelos prejuízos decorrentes da constatação de que o hodômetro do
veículo foi adulterado.
2. Acórdão recorrido que concluiu pela integral procedência do pleito autoral, com
a responsabilização solidária de todos os requeridos, sob o fundamento de que
eles integrariam uma única cadeia de fornecedores, atraindo, assim, a incidência
dos arts. 14, 18 e 20 do CDC.
3. O fornecimento de bem durável ao seu destinatário final, por removê-lo do mer-
cado de consumo, põe termo à cadeia de seus fornecedores originais. A revenda
desse mesmo bem por seu adquirente constitui nova relação jurídica obrigacional,
obstando que seja considerada solidariamente responsável por prejuízos resul-
tantes dessa segunda relação, com esteio no art. 18 do CDC, empresa integrante
daquela primeira cadeia de fornecimento interrompida.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1517800/PE, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 02/05/2017, DJe 05/05/2017)

DIREITO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. VEÍCU-


LO NOVO. VÍCIO DO PRODUTO. INCOMPATIBILIDADE ENTRE O DIESEL CO-
MERCIALIZADO NO BRASIL E AS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO PROJE-
TO. PANES REITERADAS. DANOS AO MOTOR. PRAZO DE TRINTA DIAS PARA
CONSERTO. RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO. DANO MORAL. CABIMENTO.

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1. Configura vício do produto incidente em veículo automotor a incompatibilidade,


não informada ao consumidor, entre o tipo de combustível necessário ao ade-
quado funcionamento de veículo comercializado no mercado nacional e aquele
disponibilizado nos postos de gasolina brasileiros. No caso, o automóvel comer-
cializado, importado da Alemanha, não estava preparado para funcionar adequa-
damente com o tipo de diesel ofertado no Brasil.
2. Não é possível afirmar que o vício do produto tenha sido sanado no prazo de
30 dias, estabelecido pelo artigo 18, § 1º, caput, do Código de Defesa do Consu-
midor, se o automóvel, após retornar da oficina, reincidiu no mesmo problema,
por diversas vezes. A necessidade de novos e sucessivos reparos é indicativo
suficiente de que o veículo, embora substituídas as peças danificadas pela utili-
zação do combustível impróprio, não foi posto em condições para o uso que dele
razoavelmente se esperava.
3. A jurisprudência do STJ orienta-se no sentido de ser cabível indenização por
dano moral quando o consumidor de veículo zero quilômetro necessita retornar à
concessionária por diversas vezes, para reparos.
4. Recurso Especial provido.
(REsp 1443268/DF, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 03/06/2014, DJe 08/09/2014)

Serviços Públicos

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissio-


nárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações
referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a re-
parar os danos causados, na forma prevista neste código.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação


dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo


expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere


ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

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Garantia legal e contratual

CDC
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante
termo escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e
esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como
a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do con-
sumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no
ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso
do produto em linguagem didática, com ilustrações.

7.1 Decadência

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação


caduca em:
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1º Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do pro-
duto ou do término da execução dos serviços.
§ 2º Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o forne-
cedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve
ser transmitida de forma inequívoca; (...)
III – a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3º Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em
que ficar evidenciado o defeito.

Vícios existentes em vestido de noiva devem ser reclamados em até 90 dias

Vestido de noiva é bem durável e os vícios nele existentes devem ser reclamados
em até 90 dias. STJ. 3ª Turma. REsp 1161941-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, julgado em 5/11/2013 (Info 533).

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Dos Vícios Redibitórios

Código Civil
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada
por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada,
ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adqui-
rente reclamar abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que rece-
beu com perdas e danos; se o não conhecia, tão somente restituirá o valor recebi-
do, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em


poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no pre-


ço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado
da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzi-
do à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e
oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, apli-
cando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando
a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula


de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias
seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.

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Necessidade de provocar o fornecedor no prazo decadencial

Não tem direito à reparação de perdas e danos decorrentes do vício do produto o


consumidor que, no prazo decadencial, não provocou o fornecedor para que este
pudesse sanar o vício. STJ. 3ª Turma. REsp 1520500-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 27/10/2015 (Info 573).

A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC, pode


ser feita documentalmente ou verbalmente
Direito do Consumidor – Responsabilidade pelo vício do produto ou do ser-
viço – Geral

O CDC prevê que é causa obstativa da decadência a reclamação comprovada-


mente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até
a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívo-
ca, nos termos do art. 26, § 2º, I: Art. 26 (...) § 2º Obstam a decadência: I – a re-
clamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de
produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser trans-
mitida de forma inequívoca; De que forma tem que ocorrer essa “reclamação”?
Pode ser verbal? SIM. A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26,
§ 2º, I, do CDC, pode ser feita documentalmente ou verbalmente. STJ. 3ª Turma.
REsp 1442597-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/10/2017 (Info 614).
PROCESSO REsp 1.442.597-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, jul-
gado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017
TEMA
Ação redibitória. Reclamação que obsta a decadência. Forma documental ou ver-
bal. Admissão. Comprovação pelo consumidor.
DESTAQUE
A reclamação obstativa da decadência, prevista no art. 26, § 2º, I, do CDC pode
ser feita documentalmente ou verbalmente.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Na origem, trata-se de ação redibitória – extinta com resolução do mérito, ante
o reconhecimento da decadência – por meio da qual se buscava a rescisão do
contrato de compra e venda de veículo defeituoso. Nesse contexto, discute-se a
forma pela qual o consumidor deve externar a reclamação prevista no art. 26, § 2º,
I, do Código de Defesa do Consumidor. Nos termos do dispositivo supracitado, é
causa obstativa da decadência, a reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa

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correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca. Infere-se do pre-


ceito legal que a lei não preestabelece uma forma para a realização da reclama-
ção, exigindo apenas comprovação de que o fornecedor tomou ciência inequívoca
quanto ao propósito do consumidor de reclamar pelos vícios do produto ou servi-
ço. Com efeito, a reclamação obstativa da decadência pode ser feita documental-
mente – por meio físico ou eletrônico – ou mesmo verbalmente – pessoalmente ou
por telefone – e, consequentemente, a sua comprovação pode dar-se por todos os
meios admitidos em direito. Afinal, supor que o consumidor, ao invés de servir-se
do atendimento atualmente oferecido pelo mercado, vá burocratizar a relação,
elaborando documento escrito e remetendo-o ao Cartório, é ir contra o andamento
natural das relações de consumo.

7.2 Vícios Ocultos

Tratando-se de vício oculto o prazo decadencial inicia-se a partir do momento em que


ficar evidenciado o problema.

Garantia legal eterna?

O STJ entende que devemos utilizar como parâmetro o tempo de vida útil do bem.

RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. VÍCIO OCULTO. PRODUTO DURÁVEL.


RECLAMAÇAO. TERMO INICIAL.
1. Na origem, a ora recorrente ajuizou ação anulatória em face do PROCON/DF –
Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal, com o fim de anular a pena-
lidade administrativa imposta em razão de reclamação formulada por consumidor
por vício de produto durável.
2. O tribunal de origem reformou a sentença, reconheceu a decadência do direito
de o consumidor reclamar pelo vício e concluiu que a aplicação de multa por parte
do PROCON/DF se mostrava indevida.
3. De fato, conforme premissa de fato fixada pela corte de origem, o vício
do produto era oculto. Nesse sentido, o dies a quo do prazo decadencial de
que trata o art. 26, 6º, do Código de Defesa do Consumidor é a data em ficar
evidenciado o aludido vício, ainda que haja uma garantia contratual, sem abando-
nar, contudo, o critério da vida útil do bem durável, a fim de que o fornecedor não
fique responsável por solucionar o vício eternamente. A propósito, esta Corte já
apontou nesse sentido.
4. Recurso especial conhecido e provido.
RECURSO ESPECIAL N. 1.123.004 - DF (2009/0026188-1) – 29/6/2009

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Vício do Produto e Prazo de Garantia

O fornecedor responde por vício oculto de produto durável decorrente da própria


fabricação e não do desgaste natural gerado pela fruição ordinária, desde que
haja reclamação dentro do prazo decadencial de noventa dias após evidenciado
o defeito, ainda que o vício se manifeste somente após o término do prazo de ga-
rantia contratual, devendo ser observado como limite temporal para o surgimento
do defeito o critério de vida útil do bem. STJ. 4ª Turma. REsp 984106-SC, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 4/10/2012.

DECADÊNCIA
PRESCRIÇÃO
(GARANTIA LEGAL)
30 dias: produtos/serviços não duráveis;
5 anos.
90 dias: produtos/serviços duráveis.
Fato do produto ou do serviço: acidentes Vício do produto ou do serviço: mera inadequação
de consumo. aos fins esperados.

• Dever do comerciante de receber e enviar os aparelhos viciados para a assistência téc-


nica ou para o fabricante:

O comerciante tem o dever de receber do consumidor o aparelho que esteja vi-


ciado (“defeituoso”) com o objetivo de encaminhá-lo à assistência técnica para
conserto? Sim. O comerciante tem a obrigação de intermediar a reparação ou a
substituição de produtos nele adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação
(vício oculto de inadequação), com a coleta em suas lojas e remessa ao fabricante
e posterior devolução. STJ. 3ª Turma. REsp 1568938-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 25/08/2020 (Info 678). Ainda sobre o tema: Cabe ao consumidor a es-
colha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias - levar
o produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. STJ.
3ª Turma. REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/09/2017
(Info 619).

DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO COLETIVA DE CONSUMO. RECURSO ES-


PECIAL MANEJADO SOB A ÉGIDE DO CPC/73. SOLIDARIEDADE DA CADEIA
DE FORNECIMENTO. ART. 18 DO CDC. DEVER DE QUEM COMERCIALIZA
PRODUTO QUE POSTERIORMENTE APRESENTE DEFEITO DE RECEBÊ–LO
E ENCAMINHA–LO À ASSISTÊNCIA TÉCNICA RESPONSÁVEL, INDEPENDEN-
TE DO PRAZO DE 72 HORAS.

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Professora: Fernanda Rocha

OBSERVÂNCIA DO PRAZO DE DECADÊNCIA. DANO MORAL COLETIVO.


QUANTUM INDENIZATÓRIO. RAZOABILIDADE. MODIFICAÇAO. IMPOS-
SIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE
CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1. Inaplicabilidade do NCPC a este julgamento ante os termos do Enunciado Ad-
ministrativo n. 2 aprovado pelo Plenário do STJ na sessão de 9/3/2016: Aos recur-
sos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas
até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na
forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça.
2. Por estar incluído na cadeia de fornecimento do produto, quem o comercializa,
ainda que não seja seu fabricante, fica responsável, perante o consumidor, por
receber o item que apresentar defeito e o encaminhá-lo à assistência técnica,
independente do prazo de 72 horas da compra, sempre observado o prazo de-
cadencial do art. 26 do CDC. Precedente recente da Terceira Turma desta Corte.
3. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de
que os valores fixados a título de danos morais, porque arbitrados com fundamen-
to no arcabouço fático-probatório carreado aos autos, só podem ser alterados em
hipóteses excepcionais, quando constatada nítida ofensa aos princípios da razo-
abilidade e da proporcionalidade, mostrando-se irrisória ou exorbitante, o que não
ocorreu no caso. Incidência da Súmula n. 7 desta Corte. Precedentes.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.
(REsp 1568938/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado
em 25/08/2020, DJe 03/09/2020)

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