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DIREITO DO

CONSUMIDOR
AULA 1
• 1 NOÇÕES DE DIREITO DE CIDADANIA
• 1.1 A cidadania dos direitos civis
• 1.2 A cidadania dos direitos políticos
• 1.3 A cidadania dos direitos sociais
• 1.4 A cidadania e o seu reconhecimento
constitucional no Brasil
IMPORTÂNCIA DO DIREITO DO
CONSUMIDOR
Todos nós somos potenciais consumidores

Tendência ao (hiper)consumismo
(sem racionalidade na aquisição de bens/serviços) – Sociedade da Informação e do
Espetáculo

Produção acelerada pelos fornecedores

Maior probabilidade de dano

Código de Defesa do Consumidor


• 2 ANTECEDENTES JURÍDICOS DE DEFESA DO
CONSUMIDOR
• 2.1 O pensamento liberal e a relação com o Estado
• 2.2 A Revolução Industrial e a (des) proteção ao
consumidor
• 2.3 Características das relações de consumo ocidentais
• 2.4 Globalização, sociedade de consumo e mudanças
socioculturais
• 2.5 Do consumo ao exercício da cidadania
• 2.6 As relações de consumo na América-Latina e no Brasil
2 ANTECEDENTES JURÍDICOS DE
DEFESA DO CONSUMIDOR
1.1) Modelo Absolutista
- Absolutismo
- Proteção administrativa e penal do consumidor: Ordenações Filipinas.
Livro V trazia a proteção do consumidor, penalizando o fornecedor:
# “se alguma pessoa falsificar alguma mercadoria, assi como cera,
ou outra qualquer, se a falsidade, que nella fizer, valer hum marco de
prata, morra por isso.” (Apud Nascimento, 1991, p.12).
# “toda pessoa, que medir, ou pesar com medidas, ou pesos falsos,
se a falsidade, que nisso fizer, valer hum marco de prata, morra por
isso. E se for de valia de menos do dito marco, seja degredado para
sempre para o Brasil.” (Apud Nascimento, 1991, p.12).
- No Brasil a defesa do consumidor por meio de
instrumentos legais é antiga e se fazia punindo o
fornecedor.
Consumidor arcava com o prejuízo.

- A sociedade (fornecedores), cansada desta forte


intervenção, reivindicou que nas relações de cunho
individual não houvesse interferência do Estado.
Inicia-se o pensamento liberal.
2.1 O pensamento liberal e a relação com
o Estado
- Liberalismo:
O pensamento liberal pregava a liberdade do
indivíduo em relação ao Estado e tentava de todas as
formas afastar o Estado para que o mesmo não desse
proteção à coletividade ou às pessoas individualmente.

- No pensamento dos liberais:


Todas as pessoas nascem livres e têm as mesmas
oportunidades, independentemente de nascimento ou
de classe social.
- As pessoas aceitavam a livre concorrência
(pensamento capitalista) e o Estado só devia cuidar
da segurança, manter a ordem, porém, não regular a
economia.

- Fornecedores estabeleceriam os preços dos


produtos e/ou dos serviços, fariam concorrência
entre si, e consequentemente os consumidores
ganhariam com a baixa dos preços.
Obs: Os preços não eram (são) combinados entre os fornecedores? Será que o
ideal liberal se concretizou?

- No final do século 19 (1880, 90) e início do século 20 (1900, 1910...): primeiros


“cartéis”.

CARTEL: Conjunto de empresas do mesmo ramo que combina os preços


antecipadamente, evitando a concorrência entre elas.

Surgem os grandes oligopólios.

- Surgem os monopólios e os consumidores ficam sem proteção, a mercê das


decisões que eles tomam.
FUSÃO ENTRE SADIA E PERDIGÃO (Aprovada pelo CADE em 2011, mediante condições)
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprova, com
restrições, fusão entre Azul e Trip – 2012
A associação entre as empresas Azul S.A. e Trip Linhas Aéreas S.A. recebeu
o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – Cade na sessão
de julgamento desta quarta-feira (06/03). A operação (Ato de Concentração
nº 08700.004155/2012-81) foi considerada pró-competitiva pelo Tribunal
do Cade já que, juntas, Azul e Trip têm melhores condições de concorrer
com as líderes do mercado nacional de aviação civil, TAM e GOL. 

A aprovação da fusão, no entanto, foi condicionada à assinatura de Termo


de Compromisso de Desempenho – TCD, pelo qual o Cade determina o fim
do acordo de compartilhamento de voos (codeshare) que a Trip possui com
a TAM. O TCD também impõe às empresas fusionadas o compromisso de
usar com intensidade de pelo menos 85% seus horários de pousos e
decolagens no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. 

(http://www.cade.gov.br/Default.aspx?2114e236cf45db27f3411320351d)
Obs: Consumidor:
No passado já existiam, tanto na Europa como no
Brasil, normas que procuravam defender os
consumidores da prepotência (força) dos
produtores/fornecedores. Essas normas visavam
principalmente impor alguma penalidade (castigo)
aos maus fornecedores, porém, esqueciam-se de
reparar os prejuízos que os consumidores sofriam.
2.2 A Revolução Industrial e a (des)
proteção ao consumidor
- Revolução industrial: a produção em massa e uma nova
forma de mercado.

- O consumidor, assim como no período liberal continuou


desprotegido.

- Desigualdade patente: O Estado se viu obrigado a


intervir na relação entre privados.

- Surgem os direitos sociais, de segunda dimensão.


- Nesse momento as nações se abrem para todo tipo de
comércio de produtos e serviços e as fronteiras desaparecem
dando origem à globalização.

- Despersonalização do contrato (contratos de adesão).

- surge o primeiro momento dos microssistemas jurídicos, pois


o CC não atende mais as demandas da sociedade, seus novos
conflitos.

- havia igualdade nesse momento?


Obs: consumidor:

- No século 19 as Câmaras Municipais da Região Norte do Estado


do Rio Grande do Sul também criaram legislação visando à
proteção do consumidor.

Art. 48 – É proibido fabricar erva mate de outra folha que não


seja a legítima ou misturada com a legítima, outra qualidade de
folha. (A erva falsa será queimada e o contraventor incorrerá em
multa e cadeia).
Art. 49 – É proibido expor à venda ou exportar erva mate podre
ou corrompida (a erva será queimada).
O século XX
- A igualdade era apenas formal, trazida pela Revolução
Francesa.

- Surge a igualdade material

- CF de 1988: traz três direitos fundamentais L, I e S.

- Segundo momento dos microssistemas jurídicos: ECA, EI CDC,


....vão de encontro ao CC de 1916 e ao encontro da CF.
Obs: Em 1985 surge um importante diploma legal: Lei n. 7.347:

“disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos


causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico [...] e dá outras
providências.”
 
No art. 1º, inciso II, da referida lei aparece especificamente o
termo “o consumidor”, e o Ministério Público estadual e federal,
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações e associações de classe podem propor ação,
responsabilizando o agente causador de danos ao consumidor.
Fornecedores formam carteis, monopólios, oligopólios

Consumidores sem defesa

Estado precisa intervir

NECESSIDADE DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR


• 3 A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
• 3.1 Art. 5º, XXXII
• 3.2 Art. 170, V
• 3.3 Art. 48 das Disposições Transitórias
• 3.4 Art. 1º da Lei 8.078/90
3 A PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR NA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
- ADCT: Art. 48 – O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da
Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.

- Art. 5º, XXXII


• Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
• XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

• - Art. 170, V
• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:
• V - defesa do consumidor;

Obs: Direito do consumidor: há normas de proteção frente ao Estado e ao mesmo tempo o


Estado deve proteger o cidadão.
# Intersecção jurídica Público e Privado
(Constitucionalização):
- Incorporação na CF de institutos antes de direito civil.
- Intervenção do direito público no direito privado e
vice e versa.
- Eficácia dos direitos fundamentais à todas as relações,
a partir da constitucionalização do direito privado.

Obs: consumidor de direito público ou privado???


3) Competência:
- Competência legislativa dos entes federados na
defesa do consumidor: privativa ou concorrente?
Divergência:
# Privativamente a União
- Art. 22, I: “Art. 22. Compete privativamente à União
legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal,
processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;”
- Art. 22, XXIX: “XXIX - propaganda comercial”.
# Concorre União, Estados e DF: (Municípios de
interesse local, 30, I, CF)
- Art. 24, V: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e
ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V - produção e consumo”;
- Art. 24, VIII: “VIII - responsabilidade por dano ao
meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
Obs: Parece que pela clareza constitucional pela matéria de responsabilidade civil das
relações de consumo deve se utilizar a competência concorrente.

Mas, no que tange ao V – produção e consumo?

1º c) matéria privativa, já que se trata de contratos, o qual é adepto ao direito civil


(22, I). Também, por se tratar de direito de propriedade, o qual faz parte também ao
âmbito civil (22, I). Inclusive, o STF julgou em 2003 nesse sentido (ADI 2448): “não
compete ao DF e sim a União legislar sobre direito civil nos casos de cobrança de
preço de estacionamento de veículos em áreas pertencentes a instituições
particulares de ensino fundamental, médio e superior, matéria que envolve também
direito de propriedade”.

2ª c) Art.55 do CDC e julgado STF em 2005: “tempo em filas de bancos e legislação


municipal, possibilidade, interesse local – art. 30, I – não se trata de atividade fim”.

  Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas
respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção,
industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços.
Obsolescência Planejada

Deve nortear todo nosso estudo, sob um viés crítico,


fazendo-se a análise para:
- Educação para o consumo
- Educação ambiental e cidadania

Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=BhjtxpRxmnA
CDC deve proteger consumidor da
obsolescência programada, diz ministro
O Código de Defesa do Consumidor deve ser alterado para estabelecer que a
responsabilidade do fornecedor de bens duráveis segue o critério da vida útil
do produto, não o da garantia contratual. Com isso, seria possível combater a
obsolescência programada, que também seria declarada abusiva pela norma.
A prática consiste em projetar algum produto de forma que, após certo tempo,
ele pare de funcionar ou tenha sua capacidade reduzida, forçando o seu dono
a comprar um novo.

Essa é a proposta do ministro do Superior Tribunal de Justiça Luis Felipe


Salomão, que será entregue à comissão de reforma do CDC do Congresso
Nacional. No I Seminário Brasileiro de Direito do Consumidor Contemporâneo,
ocorrido nesta semana na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, Salomão
também defendeu que o código obrigue os fornecedores a indicarem nos
produtos a vida útil deles e preveja punição para os que praticarem a
obsolescência programada, mas sem limitar a evolução tecnológica.
“Vivemos em uma sociedade pós-moderna, de massa, de consumo de
massa, onde tudo é induzido a ter vida curta, onde há necessidade de se
trocar frequentemente os produtos. É necessário estabelecer um meio-
termo: não barrar a evolução tecnológica, a evolução do design, a evolução
das coisas como naturalmente ocorre em um regime capitalista, e, ao
mesmo tempo, assegurar ao consumidor seus devidos direitos”, analisou o
ministro. Para isso, ele sugeriu que normas determinem a vida útil média de
diversos bens de consumo.

Além disso, Salomão destacou a necessidade de se educar os consumidores,


para que eles se deem conta das estratégias das empresas: “O que é
desejável é que eles comprem com razoabilidade. O consumidor tem que
comprar sabendo o que está comprando, com informação, com qualificação,
de tal modo que isso não implique engessar a economia. Encontrar o ponto
de equilíbrio é o xis da questão”. O ministro ainda apontou os benefícios ao
meio ambiente de um consumo responsável.
(http://www.conjur.com.br/2015-jun-25/cdc-combater-obsolescencia-
programada-ministro-salomao)
- pouquíssimos precedentes judiciais sobre
obsolescência programada.
- A razão disso é a dificuldade de comprovar a prática
“É uma questão muito delicada de identificar no caso
concreto. A obsolescência programada depende de
prova pericial e de uma série de requisitos para sua
caracterização. Também não há muita literatura sobre
o assunto”.

Ex:  REsp 984.106

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