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1.

SISTEMA CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

➔ Surgimento do Direito do Consumidor:

Marco Histórico: 1962 - Mensagem do Presidente John F. Kennedy ao Congresso conhecida


como Special message to congress on protecting consumer interest: “Consumidores, por
definição, somos todos nós”.

A íntegra da mensagem enviada ao congresso dos Estados Unidos está disponível na John F.
Kennedy Presidential Library and museum1.

➔ Princípios estabelecidos pela mensagem:

(1) O direito à segurança - de ser protegido contra a comercialização de produtos prejudiciais à


saúde ou à vida.

(2) O direito de ser informado - de ser protegido contra informação, publicidade, rotulagem ou
outras práticas que sejam fraudulentas, enganosas, ou grosseiramente falaciosas, e que sejam
a ele dadas todas as informações das quais precisa para fazer uma escolha adequada.

(3) O direito de escolher - ser assegurado, sempre que possível, o acesso a uma variedade de
produtos e serviços a preços competitivos; e nas indústrias em que a concorrência não é viável
que a regulamentação governamental seja efetiva, deve também haver garantia de qualidade e
serviço satisfatórios a preços justos.

(4) O direito de ser ouvido – para se ter a certeza de que os interesses dos consumidores
receberão consideração completa e favorável na formulação das políticas de Governo, e
também tratamento justo e rápido em seus tribunais administrativos. (tradução nossa)

➔ Conferência Mundial do Consumidor (Estocolmo, 1972).

Res. n. 39/248 (ONU): estipula um paradigma mínimo de proteção aos consumidores, no


sentido de listar direitos básicos dessa categoria que devem ser observados por todos os
Estados-partes, influenciando-os a reconhecer em seus ordenamentos internos tais direitos.

➔ No Brasil é a partir da Constituição Federal de 1988 que o Direito do Consumidor surge


como uma disciplina autônoma e é erigido a uma categoria de direito fundamental.

1
Disponível em: http://www.jfklibrary.org/Asset-Viewer/Archives/JFKPOF-037-028.aspx acesso em
13.03 de 2016.
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A defesa do consumidor é núcleo imodificável da Constituição Federal (cláusula pétrea).
Portanto, não é admissível nenhuma proposta de emenda constitucional tendente a esvaziar ou
a suprimir a defesa do Direito do Consumidor.

➔ Eficácia horizontal (direta e indireta) do direito fundamental.

1985 – A ONU estabelece diretrizes para a legislação consumerista e consolidou a ideia de que
se trata de um direito humano de nova dimensão – direito social e econômico, um direito de
igualdade material do mais fraco.

“No mundo contemporâneo, a igualdade se expressa particularmente em três dimensões: a


igualdade formal, que funciona como proteção contra a existência de privilégios e tratamentos
discriminatórios; a igualdade material, que corresponde às demandas por redistribuição de
poder, riqueza e bem estar social; e a igualdade como reconhecimento, significando o respeito
devido às minorias, sua identidade e sua diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou
quaisquer outras”.

Dica de leitura: http://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-


content/uploads/2017/09/SELA_Yale_palestra_igualdade_versao_fina.pdf

• Norma de Ordem Pública e Interesse Social;


• Intervenção Estatal (Estado Legislador, Administrador e Juiz);
• Responsabilidade Objetiva.
• Eficácia horizontal dos direitos fundamentais.

Constituição de 1988:

• ADCT - Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da
Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
• Art. 5º - XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
• Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
• VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
• Art. 150 - § 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos
acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
IV - defesa do consumidor;

CDC

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Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Microssistema multidisciplinar:

Direito constitucional;

Direito Civil;

Processo Civil;

Processo Civil Coletivo;

Direito Administrativo;

Direito Penal.

1.1 Diálogo das Fontes

Aplicação coordenada, simultânea e coerente das plúrimas fontes legislativas.

5. Deve ser utilizada a técnica do "diálogo das fontes" para harmonizar a aplicação concomitante
de dois diplomas legais ao mesmo negócio jurídico; no caso, as normas específicas que regulam
os títulos de capitalização e o CDC, que assegura aos investidores a transparência e as
informações necessárias ao perfeito conhecimento do produto. 6. Recurso especial conhecido e
provido. Resp 1.216.673/SP.

CDC

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais


limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as
Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do
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Consumidor. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866 STF).

CF - Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre,
devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela
União, atendido o princípio da reciprocidade.

Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que


o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por
embarcações estrangeiras.

2. RELAÇÃO JURPIDICA DE CONSUMO

➔ O CDC incidirá em toda relação jurídica que puder ser caracterizada como de consumo;

2.1 Consumidor

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

TEORIAS ACERCA DO CONCEITO DE DESTINATÁRIO FINAL:

Interpretação maximalista: sociedade de consumo, basta que não haja revenda.

Interpretação finalista: Restringe a figura do consumidor – consumidor é a pessoa não


profissional – interpretação restrita de destinatário final.

Interpretação finalista aprofundada: consumidor final imediato – vulnerabilidade – artigo 4º,


inciso I, do CDC.

→ O STJ aplica a teoria finalista, aceitando a aplicação da teoria finalista de forma aprofundada,
abrandada ou mitigada, em situações em que o consumidor mesmo não sendo destinatário final,
possui vulnerabilidade analisada no caso concreto.

VULNERABILIDADE: é reconhecida a vulnerabilidade inata do consumidor na medida em que não


só tem acesso ao sistema produtivo como não tem condições de conhecer seu funcionamento.

É A SITUAÇÃO NA QUAL UM DOS SUJEITOS DE DETERMINADA RELAÇÃO FIGURA EM UM POLO


MAIS FRÁGIL.

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- A vulnerabilidade exclui a premissa de igualdade.

A TERIA APLICADA É A FINALISTA MITIGADA na qual a pessoa que adquire bens de produção não
será considerada consumidora. Mas, se verificado no caso concreto, que há vulnerabilidade da
pessoa que adquiriu ou utilizou o produto ou serviço diante da que forneceu, excepcionalmente
poderá ter a aplicação do CDC.

VULNERABILIDADE:

a) técnica;

b) jurídica;

c) fática;

d) informacional.

Resumo do julgado

Embora consagre o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a


jurisprudência do STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar
o rigor desse critério para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre os adquirentes e
os fornecedores em que, mesmo o adquirente utilizando os bens ou serviços para suas
atividades econômicas, fique evidenciado que ele apresenta vulnerabilidade frente ao
fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada.

Em suma, a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada consiste na possibilidade de se


admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa, mesmo sem ter adquirido o produto ou
serviço como destinatária final, possa ser equiparada à condição de consumidora, por
apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade.

Existem quatro espécies de vulnerabilidade: a) técnica; b) jurídica; c) fática; d) informacional.

STJ. 3ª Turma. REsp 1195642/RJ, Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/11/2012.

a) VULNERABILIDADE TÉCNICA

Significa a ausência de conhecimento específico acerca do produto ou serviço por parte do


adquirente.

A vulnerabilidade técnica é presumida no caso do consumidor não-profissional (ex: uma família


que adquire uma geladeira).

O consumidor profissional pode excepcionalmente ser considerado tecnicamente vulnerável,


nas hipóteses em que o produto ou serviço adquirido não tiver relação com a sua formação,

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competência ou área de atuação. Ex: uma escola de idiomas que contrata uma empresa para o
desenvolvimento e instalação de um sistema de informática.

b) VULNERABILIDADE JURÍDICA (OU CIENTÍFICA)

A vulnerabilidade jurídica ou científica pressupõe falta de conhecimento jurídico, contábil ou


econômico.

A vulnerabilidade jurídica é presumida no caso do consumidor não-profissional.

Por outro lado, se a pessoa que adquiriu o produto ou serviço for profissional ou uma pessoa
jurídica, a presunção é de que não é vulnerável juridicamente, uma vez que pratica os atos de
consumo ciente da respectiva repercussão jurídica, contábil e econômica, seja por sua própria
formação (no caso dos profissionais), seja pelo fato de, na consecução de suas atividades, contar
com a assistência de advogados, contadores e/ou economistas (no caso das pessoas jurídicas).
Obviamente, essa pessoa poderá provar que, no caso concreto, era vulnerável juridicamente.

c) VULNERABILIDADE INFORMACIONAL

Trata-se de uma nova categoria, antes enquadrada como vulnerabilidade técnica. A


vulnerabilidade informacional ocorre quando o consumidor não detém as informações
suficientes para realizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço.2

➔ JULGADOS DO STJ:

A aquisição de veículo para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibilidade
de aplicação das normas protetivas do CDC.

STJ. 4ª Turma. REsp 611872-RJ, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
2/10/2012 (Info 505).

2
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundadaa. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c0f168ce8900fa56e57789e2a2f2c
9d0>. Acesso em: 04/08/2020
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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR.
COMPRA DE AERONAVE POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS.
AQUISIÇÃO COMO DESTINATÁRIA FINAL. EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE
CONSUMO.

1. Controvérsia acerca da existência de relação de consumo na aquisição de


aeronave por empresa administradora de imóveis.

2. Produto adquirido para atender a uma necessidade própria da pessoa jurídica,


não se incorporando ao serviço prestado aos clientes.

3. Existência de relação de consumo, à luz da teoria finalista mitigada.


Precedentes.

4. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

(AgRg no REsp 1321083/PR, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,


TERCEIRA TURMA, julgado em 09/09/2014, DJe 25/09/2014)

➔ Muitas pessoas mesmo não sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou
prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado. Estas pessoas podem
intervir nas relações de consumo de outra forma e ocupar uma posição de
VULNERABILIDADE.

HIPERVUNERABILIDADE – criança, pessoa com deficiência e idoso – a publicidade deve


observar padrões de proteção mais qualificados.

➔ ESPÉCIES DE CONSUMIDOR:

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Art. 2°

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que


indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço

Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

Das Práticas Comerciais

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE CHEQUE E


DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. CHEQUE FALSIFICADO DADO EM
PAGAMENTO. ACIDENTE DE CONSUMO (CDC, ART. 17). CONSUMIDOR POR
EQUIPARAÇÃO OU BYSTANDARD. COMPETÊNCIA DO FORO DO DOMICÍLIO DO
CONSUMIDOR.
1. Cuida-se de suposto uso de cheque falsificado para pagamento de estadia em
hotel, provocando a inscrição do consumidor em serviços de proteção ao crédito e
a emergência de danos morais.
2. Configura-se, em tese, acidente de consumo em virtude da suposta falta de
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segurança na prestação do serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que,
alegadamente, poderia ter identificado a fraude mediante simples conferência de
assinatura na cédula de identidade do portador do cheque.
3. Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do acidente de consumo (CDC,
art. 17).
4. Conflito conhecido para declarar competente o foro do domicílio do consumidor.
(CC 128.079/MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
12/03/2014, DJe 09/04/2014)

SÚMULAS STJ

Súmula 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.

Súmula 563 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência


complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades
fechadas.

Súmula 602 – O CDC é aplicável aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas


sociedades cooperativas.

Súmula 608 – Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por
entidades de autogestão.

O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável ao contrato de fiança bancária acessório a


contrato administrativo:

Não se aplica o CDC aos contratos administrativos, tendo em vista que a


Administração Pública já goza de outras prerrogativas asseguradas pela lei. A fiança
bancária, quando contratada no âmbito de um contrato administrativo, também
sofre incidência do regime publicístico, uma vez a contratação dessa garantia não
decorre da liberdade de contratar, mas da posição de supremacia que a lei confere
à Administração Pública nos contratos administrativos. Pode-se concluir, portanto,
que a fiança bancária acessória a um contrato administrativo também não
representa uma relação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.745.415-SP, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 14/05/2019 (Info 649)

Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição


financeira: não se aplica o CDC

Contrato de conta-corrente mantida entre corretora de Bitcoin e instituição


financeira: não se aplica o CDC A empresa corretora de Bitcoin que celebra contrato
de conta-corrente com o banco para o exercício de suas atividades não pode ser
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considerada consumidora. Não se trata de uma relação de consumo. A empresa
desenvolve a atividade econômica de intermediação de compra e venda de
Bitcoins. Para realizar essa atividade econômica, utiliza o serviço de conta-bancária
oferecido pela instituição financeira. Desse modo, a utilização desse serviço
bancário (abertura de conta-corrente) tem o propósito de incrementar sua
atividade produtiva de intermediação, não se caracterizando, portanto, como
relação jurídica de consumo, mas sim de insumo. Em outras palavras, o serviço
bancário de conta-corrente é utilizado como implemento de sua atividade
empresarial, não se destinando, pois, ao seu consumo final. Logo, não se aplicam
as normas protetivas do Código de Defesa do Consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp
1696214-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/10/2018 (Info 636).

Aplicação do CDC aos empreendimentos habitacionais promovidos pelas


sociedades cooperativas

Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STJ

Súmula 602-STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos


empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. STJ. 2ª
Seção. Aprovada em 22/2/2018, DJe 26/2/2018.

Transporte aéreo internacional e aplicabilidade das Convenções de Varsóvia e de


Montreal

Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STF Julgado marcado como Lido

Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo


consumidor, aplica-se o CDC ou a indenização tarifada prevista nas Convenções de
Varsóvia e de Montreal? As Convenções internacionais. Nos termos do art. 178 da
Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as
Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de
Defesa do Consumidor. Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes
aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte
internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da
reciprocidade. STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE
766618/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 25/05/2017 (repercussão geral)

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(Info 866). O STJ passou a acompanhar o mesmo entendimento do STF: É possível
a limitação, por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à
indenização por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem. STJ. 3ª
Turma. REsp 673.048-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/05/2018
(Info 626).

Indivíduo que contrata serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários é


considerado consumidor

Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STJ

Deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre a pessoa natural, que
visa a atender necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma
habitual e profissional, o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários. Ex:
João contratou a empresa “Dinheiro S.A Corretora de Valores” para que esta
intermediasse operações financeiras no mercado de capitais. Em outras palavras,
João contratou essa corretora para investir seu dinheiro na Bolsa de Valores. A
relação entre João e a corretora é uma relação de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp
1599535-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/3/2017 (Info 600).

Se o consumidor beneficiário de contrato de participação financeira cede seus


direitos, a cessionária não será considerada consumidora

Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STJ

A condição de consumidor do promitente-assinante não se transfere aos


cessionários do contrato de participação financeira. Ex: João firmou contrato de
participação financeira com a empresa de telefonia. João cedeu os direitos
creditícios decorrentes do contrato para uma empresa privada especializada em
comprar créditos, com deságio. A empresa cessionária, ao ajuizar demanda contra
a companhia telefônica pedindo os direitos decorrentes deste contrato, não poderá
invocar o CDC. As condições personalíssimas do cedente não se transmitem ao
cessionário. STJ. 3ª Turma. REsp 1608700-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 9/3/2017 (Info 600).

Não se aplica o CDC para contrato de transporte de insumos

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Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STJ

Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor - CDC ao contrato de transporte


de mercadorias vinculado a contrato de compra e venda de insumos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1442674-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 7/3/2017 (Info
600).

Aquisição de avião por empresa imobiliária

Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STJ

Empresa administradora de imóveis adquire um avião para servir como meio de


transporte para seus sócios e funcionários. Há relação de consumo neste caso? Esse
contrato é regido pelo CDC? A administradora é considerada consumidora na
situação em tela? SIM. Há relação de consumo entre a sociedade empresária
vendedora de aviões e a sociedade empresária administradora de imóveis que
tenha adquirido avião com o objetivo de facilitar o deslocamento de sócios e
funcionários. Aplica-se a teoria finalista mitigada. STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp
1321083-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/9/2014 (Info 548).

Aquisição de veículo por taxista: relação de consumo

Direito do Consumidor Conceito de consumidor Geral

Origem: STJ

A aquisição de veículo para utilização como táxi, por si só, não afasta a possibilidade
de aplicação das normas protetivas do CDC. STJ. 4ª Turma. REsp 611872-RJ, Rel.
Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 2/10/2012 (Info 505).

2.2 Fornecedor

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem,
criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

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2.3 Produto e Serviço

Art. 3º

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,


inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.

➔ REMUNERAÇÃO deve-se compreender não apenas a remuneração direta, mas também


a remuneração indireta (serviço aparentemente gratuito), ou seja, quando o custo do
serviço vem embutido na própria atividade do fornecedor. Assim, esses serviços, são
considerados “remunerados” mesmo que indiretamente, sendo, portanto, objeto da
relação de consumo.

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