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FUNDAÇÃO ESCOLA SUPERIOR DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Curso Preparatório para o 5º Programa


de Residência Jurídica da DPERJ
Direito do Consumidor e
Noções gerais da LGPD
Professora Tathiane Campos
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023

EDITAL: 5º CONCURSO RESIDÊNCIA JURÍDICA DPE/RJ


• V – PROVAS
• 5.1. O Exame de Seleção para o Programa de Residência Jurídica consistirá em Prova Discursiva, de caráter eliminatório e classificatório, sobre as matérias
integrantes no programa ANEXO 1, no qual serão aprovadas(os) as(os) candidatas(os) que obtiverem média igual ou superior a 30 (trinta) pontos, equivalentes
a 50% (cinquenta por cento) dos pontos possíveis.
• 5.2. Em nenhuma circunstância haverá aplicação de segunda chamada, ou repetição de provas.
• 5.3. O tempo de realização da prova será de 4 (quatro) horas, das 14h às 18h.
• 5.4. A Prova, de caráter eliminatório e classificatório, versará sobre as seguintes matérias:
• I - Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito da Criança e do Adolescente, Direito do Consumidor e Proteção de Dados;
• II - Direito Penal, Direito Processual Penal e Execução Penal; e
• III - Direito Constitucional e Princípios Institucionais da Defensoria Pública e Direitos Humanos.
• 5.5. A prova será constituída por 06 (seis) questões discursivas, sendo 02 (duas) questões de Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito da Criança e do
Adolescente, Direito do Consumidor e Proteção de Dados; 02 (duas) questões de Direito Penal, Direito Processual Penal e Execução Penal e 02 (duas) questões
de Direito Constitucional e Princípios Institucionais da Defensoria Pública e Direitos Humanos, a serem respondidas observado o limite de 20 (vinte) linhas por
questão.
• 5.6. Cada questão discursiva valerá 10,0 (dez) pontos, totalizando, portanto, 60 (sessenta) pontos como pontuação máxima a ser obtida pela(o) candidata(o).
• IX – BOLSA-AUXÍLIO
• 9.1. As(os) alunas(os)-residentes farão jus ao recebimento de bolsa-auxílio no valor de R$ 1.900,00 (um mil e novecentos reais) por mês.
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EDITAL: 5º CONCURSO RESIDÊNCIA JURÍDICA DPE/RJ


• ANEXOS AO MINUTA DE EDITAL

• ANEXO I CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

• DIRETO DO CONSUMIDOR e PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS

1. Direito do consumidor Lei 8078/1990. Diálogo das fontes. Direitos básicos do consumidor. Responsabilidade civil. Fato e vício dos produtos e serviços. Riscos
do desenvolvimento. Teoria do desvio produtivo do consumidor. Desconsideração da personalidade jurídica no Código de Defesa do Consumidor. Proteção
contratual do consumidor. Contratos de plano e de seguro de saúde. Regulação da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Empréstimos consignados.
Superendividamento do consumidor. Proteção administrativa do consumidor. Direito do consumidor e serviços públicos concedidos.

2. Proteção de dados pessoais Lei 13.709/2018. Princípios e fundamentos. Dados pessoais sensíveis. Dados pessoais de crianças e adolescentes. LGPD no setor
público. Lei de acesso à informação.
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INTRODUÇÃO

• MICROSSISTEMA DE TUTELA DO CONSUMIDOR (VULNERÁVEL)


- FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL:
• Art. 5º, XXXII
• Art. 170, V
• Art. 48 ADCT
• Art. 5º (...) XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V - defesa do consumidor;
• Art. 48 ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do
consumidor.

- FUNDAMENTO INFRACONSTITUCIONAL:
• Código de Defesa do Consumidor (CDC)

• TEORIA DO DIALÓGO DAS FONTES (art. 7º CDC) – “sempre que uma lei garantir algum direito para o consumidor, ela poderá se somar ao microssistema do CDC,
incorporando-se na tutela especial e tendo a mesma preferência no trato da relação de consumo.” (REsp 1037759)
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NORMAS CONSUMERISTAS

- Art. 1º CDC
• Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem
pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

- Normas de ORDEM PÚBLICA e de INTERESSE SOCIAL = natureza cogente e imperativa

• “As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de ordem pública e interesse
social. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e
fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a impossibilidade de o consumidor
delas abrir mão ex ante e no atacado.” (REsp 586316).
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PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO CDC

• - Princípio da Vulnerabilidade do Consumidor (art. 4º, I, CDC)

• Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção
de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
• I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

• CUIDADO (PEGADINHA DE PROVA):


• VULNERABILIDADE HIPOSSUFICIÊNCIA
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PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO CDC


• CUIDADO (PEGADINHA DE PROVA):
• VULNERABILIDADE HIPOSSUFICIÊNCIA
DIREITO MATERIAL – PRESUMIDA PELA LEI DIREITO PROCESSUAL – CABE AO JUIZ APRECIAR

- Presunção ABSOLUTA - Depende da Apreciação do Juiz (caso concreto)

- Art. 4º, I, CDC - Fenômeno direito processual – inversão do ônus da prova (ope iudicis)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


consumidor no mercado de consumo;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

• - TODO CONSUMIDOR É VULNERÁVEL, MAS NEM TODO CONSUMIDOR É HIPOSSUFICIENTE!


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PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO CDC

• OBS: INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA NO CDC

A) INVERSÃO OPE IUDICIS: determinada pelo juiz, a depender do caso concreto (art. 6º, VIII, CDC – REGRA DE INSTRUÇÃO)
• art. 6º. (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

• B) INVERSÃO OPE LEGIS: determinada pela própria lei, ou seja, opera-se automaticamente- REGRA DE JULGAMENTO- (3 situações):

(i) art. 12, §3º, CDC – fato do produto (cabe ao produtor provar que não causou o dano)

(ii) Art. 14, §3º, CDC – fato do serviço

(iii) Art. 38 CDC – publicidade enganosa

• Art. 12. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

• Art. 14. §3º. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro.

• Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
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PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO CDC

• - Princípio da Transparência/ Informação (Art. 4º, caput e III, CDC) – dever anexo (função integrativa boa-fé objetiva)
• Súmula 550-STJ: A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento
do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo
cálculo. - art. 5º, IV e 7, I, da Lei 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positivo)

- Princípio da Interpretação Mais Favorável ao Consumidor (art. 47 CDC)


• Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.

- Princípio da Segurança (art. 4º, V c/c art. 10 CDC)


• Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou
periculosidade à saúde ou segurança.

• - Princípio do Equilíbrio Econômico-Financeiro e da Preservação do Contrato – TEORIA DA QUEBRA DA BASE OBJETIVA


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PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO CDC

- Princípio do Equilíbrio Econômico-Financeiro e da Preservação do Contrato – TEORIA DA QUEBRA DA BASE OBJETIVA


• Art. 6º. V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas; (COVID-19)

• OBS:

• CC/02 – Teoria da Imprevisão (art. 317 CC) – evento superveniente + imprevisível + comprometa o valor da prestação de uma das partes

• CDC – Teoria da Quebra da Base Objetiva do Contrato – fato superveniente + parcela excessivamente onerosa

- Princípio da Reparação Integral (art. 6º, VI, CDC)


• Art. 6º (...) VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

• OBS:

• CONVENÇÃO DE MONTREAL (indenização tarifada) X CDC (reparação integral) -------- INF. 866 STF e INF.
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PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO CDC

• OBS:

• CONVENÇÃO DE MONTREAL (indenização tarifada) X CDC (reparação integral) -------- INF. 866 STF e INF.
• INF. 866 STF (REPERCUSSÃO GERAL – TEMA 210 – DJ 25/05/2017):

• “Nos termos do art. 178 da CRFB, as normas e os Tratados Internacionais limitadores de responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor.”

• ............................................................................

• INF. 626 STJ (DJ 08/05/2018):

• “É possível a limitação, por legislação internacional especial, do direito do passageiro à indenização por danos materiais decorrentes do extravio da
bagagem.”

• E QUANTO AOS DANOS MORAIS? TBM SE APLICAM AS LIMITAÇÕES PREVISTAS NAS CONVENÇÕES? NÃO
• INF. 673 (Resp. 1.842.066- DJ 09/06/2020):

• As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de voo internacional não estão submetidas à tarifação prevista na
Convenção de Montreal, devendo-se observar, nesses casos, a efetiva reparação do consumidor preceituada pelo CDC.
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CONCEITO DE CONSUMIDOR

• Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.

• QUEM PODE SER CONSIDERADO COMO “DESTINATÁRIO FINAL”???

• 03 TEORIAS:

(i) TEORIA MAXIMALISTA

(ii) TEORIA FINALISTA


(iii) TEORIA FINALISTA MITIGADA
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CONCEITO DE CONSUMIDOR

• QUEM PODE SER CONSIDERADO COMO “DESTINATÁRIO FINAL”???

(i) TEORIA MAXIMALISTA: destinatário final é todo aquele consumidor que adquire o produto para o seu uso, independente
da destinação econômica conferida ao mesmo. Tal teoria confere uma interpretação abrangente ao artigo 2° do CDC,
podendo o consumidor ser tanto uma pessoa física que adquire o bem para o seu uso pessoal quanto uma grande
indústria, que pretende conferir ao bem adquirido desdobramentos econômicos, ou seja, utilizá-lo nas suas atividades
produtivas.

(i) TEORIA FINALISTA (SUBJETIVISTA): destinatário final é todo aquele que utiliza o bem como consumidor final, de fato e
econômico. De fato porque o bem será para o seu uso pessoal, consumidor final econômico porque o bem adquirido não
será utilizado ou aplicado em qualquer finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do
adquirente (utiliza o bem para seu uso pessoal – de modo não profissional).
• Logo, destinatário final é aquele que RETIRA O BEM DO MERCADO DE CONSUMO! (Claudia Lima Marques)
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CONCEITO DE CONSUMIDOR

• QUEM PODE SER CONSIDERADO COMO “DESTINATÁRIO FINAL”???

• CRÍTICAS:
• A teoria maximalista é criticada pela sua excessiva abrangência, uma vez que o CDC se destinaria à defesa dos
consumidores hipossuficientes e vulneráveis.

• Por outro lado, a teoria finalista é atacada por ser muito restritiva, excluindo de sua incidência figuras da relação de
consumo que também poderiam ser consideradas hipossuficientes, como a pequena empresa e o profissional liberal.

(i) TEORIA FINALISTA MITIGADA ou APROFUNDADA (STJ): considera-se consumidor tanto a pessoa que adquire para o uso
pessoal quanto os profissionais liberais e os pequenos empreendimentos que conferem ao bem adquirido a participação
no implemento de sua unidade produtiva, desde que, nesse caso, demonstrada a VULNERABILIDADE, sob pena da relação
estabelecida passar a ser regida pelo Código Civil.
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CONCEITO DE CONSUMIDOR

- TEORIA FINALISTA MITIGADA ou APROFUNDADA (STJ):

• STJ. TERCEIRA TURMA. RECURSO ESPECIAL Nº 1195642. REL. MIN. NANCY ANDRIGHI. DJE DATA:21/11/2012 RDDP VOL.:00120
PG:00135 RJP VOL.:00049 PG:00156 ..DTPB. EMENTA: CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO.
FINALISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. VULNERABILIDADE. 1. A jurisprudência do STJ se encontra
consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria
finalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático e econômico
do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalista, fica excluído da proteção do CDC o consumo
intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e,
portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº
8.078/90, aquele que exaure a função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de consumo. 3. A
jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para
uma aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem denominando finalismo
aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço
pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o
princípio-motor da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima
toda a proteção conferida ao consumidor.
Defensoria RJ | RESIDÊNCIA 2023

CONCEITO DE CONSUMIDOR

- CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO (BY STANDER):

• Art. 2º. (...) Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

• Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento.

• Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as
pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.

- REGRA: RESPONSABILIDADE FORNECEDOR É OBJETIVA INDEPENDE DA COMPROVAÇÃO DE CULPA!

- Aquele que coloca no mercado de consumo prod/serviço assume os riscos da atividade econômica por ele desempenhada,
na medida em que aufere lucros de tal atividade. (TEORIA DO RISCO DA ATIVIDADE/EMPREENDIMENTO)

- Dever de garantir a qualidade e segurança dos produtos e serviços colocados no mercado de consumo.

• Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito
à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

• d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• EXCEÇÃO: RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA PROFISSIONAL INTELECTUAL- CONFIANÇA (ART. 14,§4º, CDC)
• Art. 14. § 4. A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação
de culpa.
• ATENÇÃO: MÉDICO
OBRIGAÇÃO DE MEIO OBRIGAÇÃO DE RESULTADO
- É aquela em que o fornecedor se obriga tão somente a usar de prudência - O fornecedor garante entregar o resultado específico contratado. Assim, o
e diligência, empregando todos os esforços possíveis para atingir consumidor poderá exigir do fornecedor a produção de um resultado
determinado resultado, sem, contudo garantir tal resultado. específico, sem o qual se terá o inadimplemento contratual.

- Responsabilidade Civil Subjetiva (sem inversão do ônus da prova) – cabe - CULPA IMPRÓPRIA (CULPA PRESUMIDA) – a responsabilidade civil
ao consumidor demonstrar a falha na prestação do serviço. continua sendo SUBJETIVA, porém, haverá a inversão do ônus da prova.

Ex: cirurgia para retirar nódulo/coração Ex: cirurgia plástica

• CUIDADO: A responsabilidade SUBJETIVA é apensas do médico. A responsabilidade civil do HOSPITAL será OBJETIVA!
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• CUIDADO: A responsabilidade SUBJETIVA é apensas do médico. A responsabilidade civil do HOSPITAL será OBJETIVA!

• “A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação dos médicos contratados que neles laboram,
é subjetiva, dependendo da demonstração de culpa do profissional, não se podendo, portanto, excluir a
culpa do médico e responsabilizar objetivamente o hospital. Assim, a responsabilidade do hospital
somente se configura quando comprovada a culpa do médico integrante de seu corpo plantonista,
conforme a teoria de responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais abrigada pelo CDC. Vale
ressaltar que, comprovada a culpa do médico, restará caracterizada a responsabilidade objetiva do
hospital.” STJ. 3ª Turma. REsp 1579954/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/05/2018.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• A responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao paciente-consumidor pode ser assim sintetizada:
A) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de recursos materiais e humanos auxiliares adequados
à prestação dos serviços médicos e à supervisão do paciente, hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge
somente em decorrência de defeito no serviço prestado (art. 14, caput, do CDC);

• Ex: Soro Contaminado – Ausência de responsabilidade do Hospital - REsp 1556973/PE - quando a contaminação ocorre nas etapas de fabricação do
produto, a responsabilidade por danos causados aos consumidores em razão da sua utilização é exclusiva do fabricante e não do hospital- fato
exclusivo de terceiro (art. 14, §3º, II, CDC – contaminação por falha exclusivamente do fabricante)

• B) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com o hospital são imputados ao profissional
pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer responsabilidade (art. 14, § 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano;

C) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem
solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado
indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de
natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da
prova (art. 6º, VIII, do CDC).
• STJ. 4ª Turma. REsp 1145728/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel. p/ Acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/06/2011.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• IMPORTANTES SÚMULAS SOBRE PLANO DE SAÚDE: SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ)

• Súmula n. 302 STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.

• Súmula n. 469 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde.

• Súmula n. 597 STJ: A cláusula contratual de plano de saúde que prevê carência para utilização dos serviços de assistência médica nas
situações de emergência ou de urgência é considerada abusiva se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas contado da data da
contratação.

• Súmula n. 608 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por entidades de
autogestão.

• Súmula n. 609 STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames
médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• IMPORTANTES SÚMULAS SOBRE PLANO DE SAÚDE: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RJ

• Súmula n. 209 TJ/RJ : Enseja dano moral a indevida recusa de internação ou serviços hospitalares, inclusive home care, por parte do seguro
saúde somente obtidos mediante decisão judicial.

• Súmula n. 210 TJ/RJ: Para o deferimento da antecipação da tutela contra seguro saúde, com vistas a autorizar internação, procedimento
cirúrgico ou tratamento, permitidos pelo contrato, basta indicação médica, por escrito, de sua necessidade.

• Súmula n. 338 TJ/RJ: É abusiva a cláusula contratual que exclui tratamento domiciliar quando essencial para garantir a saúde e a vida do
segurado.

• Súmula n. 339 TJ/RJ: A recusa indevida ou injustificada, pela operadora de plano de saúde, de autorizar a cobertura financeira de
tratamento médico enseja reparação a título de dano moral.

• Súmula n. 341 TJ/RJ: É abusiva a recusa pelo plano de saúde, ressalvadas hipóteses de procedimentos eminentemente estéticos, ao
fornecimento de próteses penianas e mamárias imprescindíveis ao efetivo sucesso do tratamento médico coberto.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:
- Lei n. 9.656/98: dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.

- COBERTURA:
• Art. 10. É instituído o plano-referência de assistência à saúde, com cobertura assistencial médico-ambulatorial e hospitalar, compreendendo partos e tratamentos,
realizados exclusivamente no Brasil, com padrão de enfermaria, centro de terapia intensiva, ou similar, quando necessária a internação hospitalar, das doenças listadas
na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, da Organização Mundial de Saúde, respeitadas as exigências mínimas
estabelecidas no art. 12 desta Lei, exceto:
• I - tratamento clínico ou cirúrgico experimental;
• II - procedimentos clínicos ou cirúrgicos para fins estéticos, bem como órteses e próteses para o mesmo fim;
• III - inseminação artificial;
• IV - tratamento de rejuvenescimento ou de emagrecimento com finalidade estética
• V - fornecimento de medicamentos importados não nacionalizados;
• VI - fornecimento de medicamentos para tratamento domiciliar, ressalvado o disposto nas alíneas ‘c’ do inciso I e ‘g’ do inciso II do art. 12;
• VII - fornecimento de próteses, órteses e seus acessórios não ligados ao ato cirúrgico
• ....
• PERGUNTA: O PLANO DE SAÚDE É OBRIGADO A COBRIR TRATAMENTOS NÃO PREVISTOS EXPRESSAMENTE NA LISTA DA ANS?
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:
• PERGUNTA: O PLANO DE SAÚDE É OBRIGADO A COBRIR TRATAMENTOS NÃO PREVISTOS EXPRESSAMENTE NA LISTA DA ANS?

• ANTES: STJ tinha decidido que o rol dos procedimentos autorizados pela ANS era TAXATIVO, razão pela qual os planos de saúde – via de regra- não precisariam custeá-los.

• ATUALMENTE: Lei n. 14.454/22 passou a prever que o rol de procedimentos aprovados pela ANS é meramente exemplificativo.

• No tocante a alegação de que o tratamento pretendido não se encontra incluído no rol de procedimentos e eventos em saúde da ANS e que, portanto, não
teria cobertura obrigatória por parte da operadora de plano de saúde, cumpre observar a Lei n° 14.454, de 21 de setembro de 2022, que “altera a Lei nº 9.656,
de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos privados de assistência à saúde, para estabelecer hipóteses de cobertura de exames ou tratamentos de
saúde que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar”.
• “Art. 10.
• § 12. O rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, atualizado pela ANS a cada nova incorporação, constitui a referência básica para os planos privados de
assistência à saúde contratados a partir de 1º de janeiro de 1999 e para os contratos adaptados a esta Lei e fixa as diretrizes de atenção à saúde.
• § 13. Em caso de tratamento ou procedimento prescrito por médico ou odontólogo assistente que não estejam previstos no rol referido no § 12 deste artigo, a
cobertura deverá ser autorizada pela operadora de planos de assistência à saúde, desde que:
• I - exista comprovação da eficácia, à luz das ciências da saúde, baseada em evidências científicas e plano terapêutico; ou
• II - existam recomendações pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), ou exista recomendação de, no mínimo, 1
(um) órgão de avaliação de tecnologias em saúde que tenha renome internacional, desde que sejam aprovadas também para seus nacionais.”
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:
• PERGUNTA: O PLANO DE SAÚDE É OBRIGADO A COBRIR TRATAMENTOS NÃO PREVISTOS EXPRESSAMENTE NA LISTA DA ANS?

• ANTES: STJ tinha decidido que o rol dos procedimentos autorizados pela ANS era TAXATIVO, razão pela qual os planos de saúde – via de regra- não precisariam custeá-los.
• ATUALMENTE: Lei n. 14.454/22 passou a prever que o rol de procedimentos aprovados pela ANS é meramente exemplificativo.
• NOVO ENTENDIMENTO DO STJ: (efeito backlash)

• CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA DE TRATAMENTO QUE
NÃO CONSTA NO ROL DA ANS. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. RECUSA INDEVIDA. DANOS MORAIS DEMONSTRADOS NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DO STJ.
DECISÃO MANTIDA. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. (STJ - AgInt no REsp 2040629 / DF, AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2022/0372224-6, RELATOR Ministro MOURA RIBEIRO, ÓRGÃO
JULGADOR: T3 - TERCEIRA TURMA, DATA DO JULGAMENTO: 06/03/2023, DATA DA PUBLICAÇÃO Dje 09/03/2023)

• .............

• AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA.


RECUSA INJUSTIFICADA. ANS. ROL EXEMPLIFICATIVO. TRANSTORNO DEPRESSIVO GRAVE . TRATAMENTO. DEVER DE COBERTURA. RECUSA INDEVIDA. DANOS MORAIS. CARACTERIZAÇÃO.

• 2. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça reafirmou a jurisprudência no sentido do caráter meramente exemplificativo do rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
reputando abusiva a negativa da cobertura, pelo plano de saúde, do tratamento considerado apropriado para resguardar a saúde e a vida do paciente.

• 3. A jurisprudência desta Corte Superior reconhece a possibilidade de o plano de saúde estabelecer as doenças que terão cobertura, mas não o tipo de tratamento utilizado para a cura de cada uma delas.


4. É abusiva a negativa da cobertura, pelo plano de saúde, de tratamento/medicamento considerado apropriado para resguardar a saúde e a vida do paciente.


5. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que, tendo se caracterizado a recusa indevida de cobertura pelo plano de saúde, deve ser reconhecido o direito à indenização por danos
morais, pois tal fato agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do usuário, já abalado e com a saúde debilitada. (STJ - AgInt no REsp 1976123 / DF, AGRAVO INTERNO NO RECURSO
ESPECIAL 2021/0384772-5, RELATOR Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, ÓRGÃO JULGADOR: T3 - TERCEIRA TURMA, DATA DO JULGAMENTO: 28/11/2022, DATA DA PUBLICAÇÃO Dje 09/12/2022)
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:

- DOENÇA PREEXISTENTE:

• Art. 11. É vedada a exclusão de cobertura às doenças e lesões preexistentes à data de contratação dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei após vinte e quatro meses de vigência do aludido instrumento contratual,
cabendo à respectiva operadora o ônus da prova e da demonstração do conhecimento prévio do consumidor ou beneficiário

• Súmula n. 609 STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se não houve a
exigência de exames médicos prévios à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:

- CARÊNCIA:
• Art. 12. São facultadas a oferta, a contratação e a vigência dos produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei,
nas segmentações previstas nos incisos I a IV deste artigo, respeitadas as respectivas amplitudes de cobertura definidas no
plano-referência de que trata o art. 10, segundo as seguintes exigências mínimas:
• V - quando fixar períodos de carência:
• a) prazo máximo de trezentos dias para partos a termo;
• b) prazo máximo de cento e oitenta dias para os demais casos;
• c) prazo máximo de vinte e quatro horas para a cobertura dos casos de urgência e emergência;
• .....
• Art. 35-C. É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos:
• I - de emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida ou de lesões irreparáveis para o paciente, caracterizado em
declaração do médico assistente;
• II - de urgência, assim entendidos os resultantes de acidentes pessoais ou de complicações no processo gestacional.
• III - de planejamento familiar.
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


•PRODUTO/SERV.
PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:
- PROIBIÇÃO À DISCRIMINAÇÃO AO IDOSO E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA:
• Art. 14. Em razão da idade do consumidor, ou da condição de pessoa portadora de deficiência, ninguém pode ser impedido de participar de
planos privados de assistência à saúde.

• - REAJUSTE – PESSOA IDOSA:


• Art. 15. A variação das contraprestações pecuniárias estabelecidas nos contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, em
razão da idade do consumidor, somente poderá ocorrer caso estejam previstas no contrato inicial as faixas etárias e os percentuais de reajustes incidentes
em cada uma delas, conforme normas expedidas pela ANS, ressalvado o disposto no art. 35-E.
• Parágrafo único. É vedada a variação a que alude o caput para consumidores com mais de sessenta anos de idade, que participarem dos produtos de que
tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o, ou sucessores, há mais de dez anos.
• STJ
• É vedado às operadoras de planos de saúde efetuarem a majoração dos valores dos contratos celebrados antes da entrada em vigor da Lei 9.656/1998, cujos
beneficiários, com vínculo há mais de 10 (dez) anos, ultrapassaram a idade de 60 (sessenta) anos (AgInt no REsp 1899296/SP, DJe 17/03/2021
• .............................................................................................
• “O reajuste de mensalidade de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido desde que:
(i) haja previsão contratual,
(ii) sejam observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e
(iii) não sejam aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor
ou discriminem o idoso (REsp 1568244/RJ, DJe 19/12/2016, Tema 952 e AgInt no REsp 1902493/SP, DJe 12/03/2021)
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:

- DIREITO DE PERMANÊNCIA PLANO DE SAÚDE – DEMISSÃO:


• “Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no
caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas
condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.”
• §1º. O período máximo de manutenção da condição de beneficiário a que se refere o caput será de um terço do tempo de permanência nos produtos de
que tratam o inciso I do §1º do art. 1º, ou sucessores, com um mínimo assegurado de 06 meses e um máximo de 24 meses.

• STJ:
• Os trabalhadores demitidos sem justa causa têm direito a manter, pelo período máximo de 24 meses, o plano de saúde com as mesmas condições que
gozavam durante o contrato de trabalho, desde que assumam o pagamento integral da contribuição.
• O empregado, ao ser demitido sem justa causa, deve ser expressamente comunicado pelo ex-empregador do seu direito de permanecer no plano.
Enquanto não for informado e não passar o prazo de opção, ele não poderá ser desligado do plano.
• STJ. 3ª Turma. REsp 1237054-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/4/2014 (Info 542)

• OBS:
• Não se garante ao ex-empregado o direito à manutenção de plano de saúde vigente durante o contrato de trabalho quando há rescisão de contrato de
plano de saúde coletivo entre a empregadora estipulante e a operadora (AgInt no REsp 1879071/SP, DJe 30/11/2020)
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: PONTOS IMPORTANTES:

- AUSÊNCIA DE DIREITO DE PERMANÊNCIA PLANO DE SAÚDE – CANCELAMENTO PLANO EMPRESARIAL PELA EMPRESA:
• “Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o § 1º do art. 1º desta Lei, em decorrência de vínculo empregatício, no
caso de rescisão ou exoneração do contrato de trabalho sem justa causa, é assegurado o direito de manter sua condição de beneficiário, nas mesmas
condições de cobertura assistencial de que gozava quando da vigência do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.”

• STJ:
• Não se garante ao ex-empregado o direito à manutenção de plano de saúde vigente durante o contrato de trabalho quando há rescisão de contrato de
plano de saúde coletivo entre a empregadora estipulante e a operadora (AgInt no REsp 1879071/SP, DJe 30/11/2020).
• ............................................
• Nas hipóteses de cancelamento de contrato de plano de saúde coletivo firmado entre a seguradora e a ex-empregadora do beneficiário, não há
fundamento legal para obrigar o plano de saúde a manter o ex-empregado no contrato coletivo extinto, com as mesmas condições e valores
anteriormente vigentes. Todavia, o beneficiário pode fazer a migração para plano de saúde na modalidade individual ou familiar, sem cumprimento de
novos prazos de carência, desde que se submeta às novas regras e encargos inerentes a essa modalidade contratual (AgInt nos EDcl no REsp 1784934/SP,
DJe 29/10/2020).
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: IMPORTANTES JULGADOS:

• 1) DEVER DE CUSTEAR PARTO DE URGÊNCIA:

• A operadora de plano de saúde tem o dever de cobrir parto de urgência, por complicações no processo gestacional, ainda que o plano tenha
sido contratado na segmentação hospitalar sem obstetrícia.

• STJ. 3ª Turma. REsp 1947757-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/03/2022 (Info 728).

• 2) PROIBIÇÃO DE COBRANÇA DE COPARTICIPAÇÃO – EM PERCENTUAL – PARA INTERNAÇÃO (EXCEÇÃO: INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA):

• É ilegal a cobrança, pelo plano de saúde, de coparticipação em forma de percentual no caso de internação domiciliar não alusiva a tratamento
psiquiátrico. A contratação de coparticipação para tratamento de saúde, seja em percentual ou seja em montante fixo, desde que não
inviabilize o acesso ao serviço de saúde é legal (válida). Todavia, em regra, é vedada a cobrança de coparticipação apenas em forma de
percentual nos casos de internação. A exceção são os eventos relacionados à saúde mental. STJ. 3ª Turma. REsp 1947036-DF, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: IMPORTANTES JULGADOS:

• 3) NECESSÁRIA NOTIFICAÇÃO DO CONSUMIDOR INADIMPLENTE ANTES DE PROCEDER O CANCELAMENTO DO PLANO POR INADIMPLEMENTO:

• Diante do inadimplemento do pagamento da mensalidade, o plano de saúde deverá notificar o segurado para regularizar o débito e informar os meios
hábeis para a realização do pagamento, tal como o envio do boleto ou a inserção da mensalidade em atraso na próxima cobrança.

• STJ. 3ª Turma. REsp 1.887.705-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Moura Ribeiro, julgado em 14/09/2021.

• 4) DEVER DO PLANO DE SAÚDE NO CUSTEIO DE MEDICAMENTOS:

• REGRA: em regra, os planos de saúde não são obrigados a fornecer medicamentos para tratamento domiciliar.

• EXCEÇÕES: Os planos de saúde são obrigados a fornecer:

• a) os antineoplásicos orais (e correlacionados);

• b) a medicação assistida (home care); e

• c) outros fármacos incluídos pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) no rol de fornecimento obrigatório.

• STJ. 3ª Turma. REsp 1692938/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 27/04/2021 (Info 694).
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO


PRODUTO/SERV.
• PLANO DE SAÚDE: IMPORTANTES JULGADOS:

• 5) É ilícita a conduta da operadora de plano de saúde que nega a inscrição de recém-nascido no plano de saúde de titularidade de avô, sendo a genitora
dependente/beneficiária desse plano:

• Inicialmente, caso o consumidor queira, a operadora é obrigada a inscrever o recém-nascido, filho de dependente e neto do titular, no plano de saúde,
na condição de dependente, quando houver requerimento administrativo (art. 12, III, b c/c art. 21 Lei Plano de Saúde).

• Ainda que o recém-nascido NÃO se inscrevesse como dependente, o plano estaria obrigado a custear seu tratamento pelo prazo de 30 dias, nos termos
do art. 12, III, c, da Lei, Ademais, caso o neonato não se recupere em 30 dias a contar do parto do beneficiário do plano, ainda assim será abusiva a
atitude da operadora que tenta descontinuar o custeio de internação do neonato. O recém-nascido sem inscrição no plano de saúde não pode ficar ao
desamparo enquanto perdurar sua terapia, sendo sua situação análoga à do beneficiário sob tratamento médico, cujo plano coletivo foi extinto. STJ. 3ª
Turma. REsp 2.049.636-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/4/2023 (Info 773).

• 6) TRATAMENTO EM HOME CARE:

• “A cobertura de internação domiciliar, em substituição à internação hospitalar, deve abranger os insumos necessários para garantir a efetiva assistência
médica ao beneficiário - insumos a que ele faria jus caso estivesse internado no hospital -, sob pena de desvirtuamento da finalidade do atendimento em
domicílio, de comprometimento de seus benefícios e da sua subutilização enquanto tratamento de saúde substitutivo à permanência em hospital.” STJ.
3ª Turma. REsp 2017759-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/2/2023 (Info 765).
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FATO DO PRODUTO/SERV. X VÍCIO DO PRODUTO/SERV.


VÍCIO NO PRODUTO FATO DO PRODUTO (DEFEITO/ACIDENTE DE CONSUMO)
- Art. 18 CDC - Art. 12 CDC
- Qualidade- Adequação - Qualidade- Segurança
- Intrínseco ao produto/serviço - Extrínseco ao produto/serviço
- Vício é a inadequação do produto ou serviço para os fins a que se - O art. 12, § 1º do CDC afirma que defeito diz respeito a
destina. circunstâncias que gerem a insegurança do produto ou serviço.
- É uma falha ou deficiência que compromete o produto em Está relacionado, portanto, com o acidente de consumo.
aspectos como a quantidade, a qualidade, a eficiência etc. - No entanto, a doutrina e o STJ entendem que o conceito de “fato
do produto” previsto no § 1º do art. 12 pode ser lido de forma
mais ampla, abrangendo todo e qualquer vício que seja grave a
ponto de ocasionar dano indenizável ao patrimônio material ou
moral do consumidor.

Art. 26 CDC: prazo DECADENCIAL Art. 27 CDC: prazo PRESCRICIONAL: 05 ANOS


• 30 dias para serviços e produtos não duráveis;
• 90 dias para serviços e produtos duráveis.
OBS: §3º (vício oculto – conhecimento/evidenciado)
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VÍCIO NO PRODUTO:

• ART. 18 CDC: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS FORNECEDORES:


• Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios
ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

• OBS:
• Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

- DIREITO DO FORNECEDOR DE REPARAR O DANO NO PRAZO DE 30 DIAS:

• Art. 18. (...) § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
• I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
• II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
• III - o abatimento proporcional do preço.
• § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.

• EXCEÇÃO: PRODUTO ESSENCIAL/ DANO PUDER COMPROMETER A QUALIDADE DO PRODUTO


• Art. 18. (...) § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas
puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.


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VÍCIO NO PRODUTO:

• EXCEÇÃO: PRODUTO ESSENCIAL/ DANO PUDER COMPROMETER A QUALIDADE DO PRODUTO


• Art. 18. (...) § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas
puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.

• DOUTRINA :
• O produto essencial é aquele que possui importância para as atividades cotidianas do consumidor não sendo razoável exigir que o consumidor deixe seu produto essencial
para conserto pelo prazo de 30 dias, quando o bem é fundamental para desenvolver suas atividades. (BENJAMIM, MARQUES, BESSA, 2007)

• JURISPRUDÊNCIA:

• TJ-RJ - RECURSO INOMINADO RI 00207862220098190042 RJ 0020786-22.2009.8.19.0042 (TJ-RJ); Data de publicação: 10/09/2010


• Ementa: ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO 1ª TURMA RECURSAL RECURSO N 0020786-22.2009.8.19.0042 RECORRENTE : CAMILA ESTEVES MULLER
RECORRIDAS : CASAS BAHIA COMERCIAL LTDA E MOTOROLA INDUSTRIAL LTDA. EMENTA - Relação de consumo. Aquisição de aparelho telefônico celular que veio a
apresentar defeito no prazo de garantia contratual. Aparelho que é utilizado para serviço essencial. Falta de predicado do produto colocado no mercado de consumo.
Garantia do consumidor de ter produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho, na exata dicção do art. 4º, II, "d" do
Estatuto Consumerista. Direito subjetivo de exigir a substituição do bem defeituoso de forma imediata, aplicando-se a regra do parágrafo 3º do art. 18 do CDC.
Posicionamento recente da ANATEL identificando a aparelho celular como produto essencial. Prevalência dos direitos fundamentais do consumidor previstos no art. 6°, III,
IV, VI e VIII do CDC. Dano imaterial configurado, não se podendo arredar que a situação desbordara ao mero aborrecimento ou dissabor, informando tribulação espiritual
pela supressão temporal não razoável do serviço importante atualmente.
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VÍCIO NO PRODUTO:
• SERVIÇO PÚBLICO:
• Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
• Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

• OBS 1: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: art 37, §6º, CRFB c/c art. 22 CDC (caso de falha na prestação serviço público- responsab. Civil OBJETIVA)

• OBS2: SERVIÇO ADEQUADO


• Art. 6 Lei 8987/95. (...) Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

• OBS3: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL: atrelado ao p. constitucional da dignidade da pessoa humana (mínimo existencial)

• PERGUNTA:
• - Pode a concessionária de abastecimento de água CORTAR o fornecimento de tal serviço essencial por ausência de pagamento do usuário?
CONFLITO APARENTE DE NORMAS: ART. 22 CDC X ART 6º, §3º, LEI 8987

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VÍCIO NO PRODUTO:

• SERVIÇO PÚBLICO: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL


• PERGUNTA:
• - Pode a concessionária de abastecimento de água CORTAR o fornecimento de tal serviço essencial por ausência de pagamento do usuário?

CDC LEI N 8987/95
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer
serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
§ 3ºNão se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso,
essenciais, contínuos.
quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

NOVIDADE LEGISLATIVA (2020);

§ 4º A interrupção do serviço na hipótese prevista no inciso II do § 3º deste artigo não poderá iniciar-se na sexta-feira, no
sábado ou no domingo, nem em feriado ou no dia anterior a feriado. (Incluído pela Lei nº 14.015, de 2020)
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VÍCIO NO PRODUTO:
• SERVIÇO PÚBLICO: PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO ESSENCIAL
• PERGUNTA: Pode a concessionária de abastecimento de água CORTAR o fornecimento de tal serviço essencial por ausência de pagamento do usuário?

• ARGUMENTOS FAVORÁVEIS A INVIABILIDADE DO CORTE POR INADIMPLEMENTO:


• - Princípio da continuidade do serviço público essencial é um corolário do p. const. Dignidade da pessoa humana (mínimo existencial) – art. 1º, III, CRFB
• - Logo, seria INCONSTITUCIONAL qualquer norma que autorize a interrupção do serviço público essencial por mera falta de pagamento, pois a garantia da dignidade, vida sadia, e do meio
ambiente equilibrado é constitucional, sendo que tais direitos não podem ser sacrificados em função do direito de crédito
• - Além de violar a dignidade humana e o princípio da continuidade do serviço público, tal prática é vedada pelo art. 42 do CDC, já que o consumidor não pode ser compelido a pagar as
contas devidas com base na ameaça ou constrangimento que caracteriza o corte da prestação deste serviço.
• - Em suma, os prestadores de serviços devem utilizar outros meios, em especial as ações judiciais de cobrança, para satisfazerem seus créditos junto aos devedores. Especialmente
porque não se pode admitir a justiça privada pela parte mais forte na relação contratual (contrato de adesão), contra o hipossuficiente.

• ARGUMENTOS FAVORÁVEIS A POSSIBILIDADE DO CORTE POR INADIMPLENTO:


• - Os serviços essenciais devem ser contínuos no sentido de que não podem deixar de ser ofertados a todos os usuários, podendo sofrer solução de continuidade em casos individuais
onde forem descumpridas as normas administrativas que regem a espécie, “do contrário seria admitir, de um lado, o enriquecimento sem causa do usuário e, de outro, o desvio de
recursos públicos por mera inatividade da concessionária, sem prejuízo da ofensa ao princípio da igualdade de tratamento entre os destinatários do serviço público”.
• -Não há violação de interesse da coletividade quando se está diante de um caso individual de usuário inadimplente. A exceção a esta regra é a interrupção do abastecimento dos locais
em que a Administração presta serviços públicos utilizados pela coletividade, como é o caso de hospitais, escolas, delegacias de polícia entre outros, já que nestes há interesse público a
ser preservado
• - Imperioso destacar que todos os autores que defendem o corte de água por falta de pagamento são uníssonos em afirmar que este deve ser precedido de aviso prévio. Aliás, é isso que
prevê o art. 6º, §3º da Lei nº 8.987/95 e o art. 40, inc. V e §2º da Lei nº 11.445/2007 (interrupção serviço água), este último com previsão de aviso com antecedência mínima de 30 dias.
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VÍCIO NO PRODUTO:
• PRAZO DECADENCIAL PARA RECLAMAR O VÍCIO NO PRODUTO:
• Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:

• I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;


• II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.

• § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços.

• CAUSAS QUE OBSTAM A FLUÊNCIA DO PRAZO DECADENCIAL:

• § 2° Obstam a decadência:
• I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca;
• II - (Vetado).
• III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

• VÍCIO OCULTO:
• § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
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FATO DO PRODUTO (ACIDENTE DE CONSUMO):


• RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO:

• Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem,
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua utilização e riscos.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA

• - PEGADINHA: RESPONSABILIDADE CIVIL DO COMERCIANTE PELO FATO DO PRODUTO:

• Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

• I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;


• II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
• III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
• Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso.
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FATO DO PRODUTO (ACIDENTE DE CONSUMO):

• PRAZO PRESCRICIONAL PARA AJUIZAR DEMANDAS ATRELADAS AO FATO DO PRODUTO: 05 ANOS

• Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do
serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria.

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DIREITO DE ARREPENDIMENTO

• Art. 49 CDC:

• Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora
do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

• Natureza Jurídica: Causa de Resolução Contratual Legal

• Requisitos:

(i) Tratar-se de contrato consumerista celebrado fora do ponto comercial (à distância);


(ii) Manifestação da desistência no prazo de 07 dias corridos, a contar do recebimento do prod/serviço;
(iii) Possibilidade de retorno ao status “a quo” do produto/serviço (*reutilização)
(iv) Independe de justificativa e independe de ação judicial (via administrativa)
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DIREITO DE ARREPENDIMENTO

• - O direito de arrependimento é aplicável aos contratos celebrados pela internet?

• R: SIM, nos termos do art. 5º do Decreto n. 7.962/2013

• Decreto n. 7.962/2013: dispõe sobre a contratação no comércio eletrônico.


• Art. 5º O fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do
direito de arrependimento pelo consumidor.

• ATENÇÃO: Lei n. 14.010/2020: SUSPENDEU o direito de arrependimento para certas atividades no período da pandemia (COVID-19)

• Art. 8º Até 30 de outubro de 2020, fica suspensa a aplicação do art. 49 do Código de Defesa do Consumidor na
hipótese de entrega domiciliar (delivery) de produtos perecíveis ou de consumo imediato e de medicamentos.
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Questão de Prova

• CASO CONCRETO:
• Joana, residente na comunidade Babilônia, trabalha como cabelereira em um cômodo improvisado em sua casa para sustentar seus quatro filhos.
• No dia 01/04/2023, Joana comprou um secador da TAIFF no valor de R$ 299,00 reais, no site das Lojas Americanas, para melhorar a qualidade da sua atividade de
cabelereira, sendo este entregue no dia 10/04/2023. Contudo, nesse meio tempo ganhou um sorteio na Comunidade de Moradores recebendo um secador profissional e
uma chapinha profissional.
• Dessa forma, no dia 11/04/2023, Joana se dirige a loja física da ré para trocar o secador por outro produto sendo informada que tal ato não poderia ser realizado porque:
(i) a compra foi realizada online; (ii) não existe o direito de trocar produto que está em perfeito estado de funcionamento e, (iii) a fornecedora encontra-se em recuperação
judicial desde janeiro/23, sendo proibida a devolução de valores ou cancelamento de compras.
• Joana se dirige à Defensoria Pública do Estado de São Paulo no dia 14/04/2023 para saber se existe algum mecanismo para cancelar sua compra, eis que esse valor fará
muita diferença nos seus gastos mensais.

• A) Joana pode ser considerada como consumidora? Qual conceito de consumidor adotado pelo ordenamento jurídico pátrio?

• B) Existe algum mecanismo jurídico para Joana reaver o valor da compra?

• C) Existe o direito a troca de produto em perfeita condição de uso (sem qualquer vício)?
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Questão de Prova
• CASO CONCRETO:
• Joana, residente na comunidade Babilônia, trabalha como cabelereira em um cômodo improvisado em sua casa para sustentar seus quatro filhos.
• No dia 01/04/2023, Joana comprou um secador da TAIFF no valor de R$ 299,00 reais, no site das Lojas Americanas, para melhorar a qualidade da sua atividade de
cabelereira, sendo este entregue no dia 10/04/2023. Contudo, nesse meio tempo ganhou um sorteio na Comunidade de Moradores recebendo um secador profissional e
uma chapinha profissional.
• Dessa forma, no dia 11/04/2023, Joana se dirige a loja física da ré para trocar o secador por outro produto sendo informada que tal ato não poderia ser realizado porque:
(i) a compra foi realizada online; (ii) não existe o direito de trocar produto que está em perfeito estado de funcionamento e, (iii) a fornecedora encontra-se em recuperação
judicial desde janeiro/23, sendo proibida a devolução de valores ou cancelamento de compras.
• Joana se dirige à Defensoria Pública do Estado de São Paulo no dia 14/04/2023 para saber se existe algum mecanismo para cancelar sua compra, eis que esse valor fará
muita diferença nos seus gastos mensais.

• A) Joana pode ser considerada como consumidora? Qual conceito de consumidor adotado pelo ordenamento jurídico pátrio? SIM, Joana preenche os requisitos elencados
pela TEORIA FINALISTA MITIGADA para caracterizar-se como consumidora, devendo ser aplicável ao caso em tela a legislação consumerista, nos termos da jurisprudência
pacífica do Superior Tribunal de Justiça.

• B) Existe algum mecanismo jurídico para Joana reaver o valor da compra? Joana adquiriu o bem de consumo à distância, uma vez que efetuou a compra pela internet (site
da loja comerciante). Dessa forma, aplicável ao caso o instituto do direito de arrependimento previsto no art. 49 do Código de Defesa do Consumidor.

• C) Existe o direito a troca de produto em perfeita condição de uso (sem qualquer vício)? Em regra não, somente se o fornecedor assim prever em cláusula contratual. O
CDC somente prevê o direito de troca de produto viciado, nos termos do art. 18, §1º. Repare que, no caso em tela, o produto adquirido por Joana estava em perfeito
estado de funcionamento, ou seja, não apresentava qualquer vício de adequação que pudesse justificar a troca do produto ou o cancelamento da compra, nos moldes
previstos no art. 18 do Código de Defesa do Consumidor.
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PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO A OFERTA

- Art. 30 CDC:

• Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado.

• E SE O FORNECEDOR RECUSAR O CUMPRIMENTO DA OFERTA?

• Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha:
• I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;
• II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
• III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.
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TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR

- Marcos Dessaune: “Teoria Aprofundada do Desvio Produtivo”

- Nova Espécie de Dano: DANO EXTRAPATRIMONIAL – DANO AUTÔNOMO

- Interesses Jurídicos Envolvidos: - TEMPO


• - ATIVIDADES EXISTENCIAIS

• GASTO DE TEMPO VITAL - recurso produtivo limitado (finito/inacumulável/irrenunciável)

• DESVIO DAS ATIVIDADES EXISTENCIAIS – interesses jurídicos tutelados constitucionalmente (trabalho/lazer/estudo) -


projeto de vida
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TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO DO CONSUMIDOR

- Fornecedor – criar um problema de consumo:

(i) induz o consumidor a gastar o seu tempo vital para solucionar o problema;
(ii) induz o consumidor a adiar algumas atividades existenciais;
(iii) desvia a rotina e planos do consumidor;
(iv) faz com que o consumidor assuma os deveres e custos que na verdade são do fornecedor

- DANO AUTÔNOMO (DANO TEMPORAL)

- Ag Resp. 1.260.458 STJ e Apelação Cível 0024656-53.2018.8.19.0206 TJRJ – LIGHT (TOI) (nov/2019)
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T.O.I.

• - LIGHT (concessionária de serviço público ESSENCIAL) – art. 37, §6º, CF e art. 22 CDC

• SÚMULA nº 254 TJRJ: “Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor à relação jurídica contraída entre
usuário e concessionária."

• - Relação Jurídica Consumerista Peculiar – Tutela Jurídica Diferenciada (Cláudia Lima Marques):

- Serviço público essencial – regime de monopólio – da redução da autonomia privada do consumidor

- CONTRATO CATIVO DE LONGA DURAÇÃO


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T.O.I.

• - DA ABUSIVIDADE NA CONDUTA DA LIGHT: documento produzido de forma unilateral


• Art. 129, §4º, da Resolução n. 414/2010- ANEEL (perícia técnica) – art. 5º, LV, CRFB

• ACP - apelação cível nº 0108775-92.2009.8.19.0001 (7ª Câmara Cível TJ/RJ – irregularidade cobrança TOI)

• Lei Estadual nº 7.790/2018: VEDA a cobrança de valores decorrentes da lavratura do (TOI) na mesma conta, fatura ou boleto bancário, no
qual se remunere o serviço, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro.

• SÚMULA nº. 256 TJ/RJ: "O termo de ocorrência de irregularidade, emanado de concessionária, NÃO ostenta o atributo da presunção de
legitimidade, ainda que subscrito pelo usuário.“

• SÚMULA nº. 192 TJ/RJ: "A indevida interrupção na prestação de serviços essenciais de água, energia elétrica, telefone e gás configura dano
moral.“

• Apelação Cível n. 0024656-53.2018.8.19.0206- 21ª Câmara Cível TJRJ – DANO TEMPORAL (TOI)
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T.O.I.

- JURISPRUDÊNCIA TJ/RJ: Para que seja caracterizada a irregularidade na conduta do consumidor, a simples lavratura do Termo de
Ocorrência de Irregularidade - TOI - não se revela suficiente, já que confeccionado com base em inspeção unilateral. Sem a devida
constatação de fraude por perícia oficial, não se justifica a imputação de débito a título de recuperação de consumo, configurando tal
conduta falha na prestação do serviço e dano moral in re ipsa.

• DIREITO DO CONSUMIDOR. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. ENERGIA ELÉTRICA. TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE (T.O.I.). COBRANÇA. CONTRADITÓRIO.
AMPLA DEFESA. SÚMULA 256 DO PJERJ. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. EXCLUDENTES. DANO MORAL.
• 1- A relação jurídica estabelecida entre as partes encontra seu fundamento nas normas previstas no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990).

• 2-A concessionária amolda-se ao conceito de fornecedor contido no referido diploma legal (art. 3º, caput e §2º do CDC), porquanto presta serviço público de natureza essencial.
• 3-Ao exercer atividade no campo do fornecimento de bens e serviços, tem o fornecedor o dever de responder pelos fatos e vícios resultantes do empreendimento,
independentemente de culpa, eximindo-se somente se houver prova da ocorrência de uma das causas de exclusão do nexo causal.
• 4- Inegável a responsabilidade da concessionária de fiscalizar e manter a segurança do fornecimento do serviço de energia elétrica.
• 5- Contudo, para que seja caracterizada a irregularidade na conduta do consumidor, a simples lavratura do Termo de Ocorrência de Irregularidade - TOI - não se revela suficiente, já
que confeccionado com base em inspeção unilateral, afastada, sobretudo, dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
• 6-Dispõe o enunciado nº 256 da súmula da jurisprudência dominante do PJERJ: "O termo de ocorrência de irregularidade, emanado de concessionária, não ostenta o atributo da
presunção de legitimidade, ainda que subscrito pelo usuário".
• 7-Sem a devida constatação de fraude por perícia oficial, não se justifica a imputação de débito a título de recuperação de consumo, configurando tal conduta falha na prestação do
serviço. 8- Dano moral in re ipsa, cuja verba deve ser fixada em patamar compatível com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como ao caráter punitivo-
pedagógico.
• (TJRJ. 0007400- 07.2021.8.19.0202 – APELAÇÃO - Des(a). MILTON FERNANDES DE SOUZA - Julgamento: 26/07/2022 - QUINTA CÂMARA CÍVEL)
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Segundo Claudia Lima Marques, superendividamento pode ser definido:

• “como impossibilidade global do devedor-pessoa física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de
consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundas de delitos e alimentos) em um tempo razoável com sua capacidade atual de rendas e
patrimônio”

• De acordo com a doutrina, o fenômeno do SUPERENDIVIDAMENTO pode ser classificado da seguinte forma:

• 1) SUPERENDIVIDAMENTO ATIVO:

• A.1. CONSCIENTE: Consumidor de má-fé que contrai dívidas, sabendo que restará impossibilitado de quitá-las, com intenção deliberada de fraudar os
credores.

• A.2. INCONSCIENTE: Consumidor que agiu de modo impulsivo, de forma imprudente e desprovido de malícia, se omitindo em fiscalizar seus gastos (“gastou
mais do que deveria”).

• 2) SUPERNDIVIDAMENTO PASSIVO: Consumidor que se endivida involuntariamente. É afetado por fatores externos, como desemprego, doença, morte,
divórcio, nascimento, necessidade de empréstimos, redução de remuneração.
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SUPERENDIVIDAMENTO

• QUAL PROTEÇÃO JURÍDICA DO INSTITUTO?


• Com o advento da Lei n. 14.181/2021, surge a chamada “Lei do Superendividamento”, acrescentando importantes dispositivos no Código de
Defesa do Consumidor e no Estatuto do Idoso.

• Ex:

• Art. 4º, IX e X e art. 5º VI e VII CDC (novos princípios e instrumentos da PNRC)

• Art. 6º, XI, XII, XIII, CDC (novos direitos básicos do consumidor)

• Art. 51, XVII e XVIII, CDC (inseriu novas cláusulas abusivas)

• Art. 54-A do CDC (regras sobre prevenção e proteção ao superendividamento)

• Art. 104-A/art.104-C CDC (estímulo à conciliação e mediação nos casos de superend)


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SUPERENDIVIDAMENTO
• - Art. 4º, IX e X e art. 5º VI e VII CDC (novos princípios e instrumentos da PNRC)

• Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:

• IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores;

• X - prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar a exclusão social do consumidor.

• Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:

• VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural;

• VII - instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de superendividamento.

• - Art. 6º, XI, XII, XIII, CDC (novos direitos básicos do consumidor)

• Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

• XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de educação financeira e de prevenção e tratamento de situações de superendividamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;

• XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão de crédito;

• XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Art. 51, XVII e XVIII, CDC (inseriu novas cláusulas abusivas)

• Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

• XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;

• XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de pagamento a partir
da purgação da mora ou do acordo com os credores;

• Art. 54-A do CDC (regras sobre prevenção e proteção ao superendividamento)

• Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor.

• § 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e
vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.

• § 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a
prazo e serviços de prestação continuada.

• § 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente
com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor.
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SUPERENDIVIDAMENTO

- Art. 54-C CDC – condutas proibidas:

• Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou não:

• I - (VETADO);

• II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor;

• III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da venda a prazo;

• IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto,
doente ou em estado de vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio;

• V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários
advocatícios ou a depósitos judiciais.
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SUPERENDIVIDAMENTO

- Art. 54-F – contratos coligados/conexos:

• Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos
acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito;

• I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito;

• II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado.

• § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução
de pleno direito do contrato que lhe seja conexo.

• § 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço,
o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito.

• § 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput
deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive
relativamente a tributos.
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SUPERENDIVIDAMENTO
• Art. 104-A/art.104-C CDC: PROCEDIMENTO

• Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá instaurar PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DE DÍVIDAS, com vistas à realização de audiência
conciliatória, presidida por ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor
apresentará proposta de plano de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, e as garantias e as formas de
pagamento originalmente pactuadas.

• § 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois)
anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação.

• .................................................................

• Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração
dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante PLANO JUDICIAL COMPULSÓRIO e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o
acordo porventura celebrado.

• § 4º O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido, corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total
da dívida, após a quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 5 (cinco) anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e sucessivas.

• - INF. 768 STJ:

• O processo de repactuação de dívidas do superendividado (art. 104-A do CDC) é de competência da Justiça Estadual mesmo que também envolva a Caixa Econômica
Federal
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE
- O empréstimo consignado apresenta-se como uma das modalidades de - Diversamente, nas demais espécies de mútuo bancário, o estabelecimento (eventual) de -
empréstimo com menores riscos de inadimplência para a instituição financeira cláusula que autoriza o desconto de prestações em conta corrente, como forma de pagamento,
mutuante, na medida em que o desconto das parcelas do mútuo dá-se diretamente consubstancia uma faculdade dada às partes contratantes, como expressão de sua vontade,
na folha de pagamento do trabalhador regido pela CLT, do servidor público ou do destinada a facilitar a operacionalização do empréstimo tomado, sendo, portanto, passível de
segurado do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, sem nenhuma ingerência revogação a qualquer tempo pelo mutuário.
por parte do mutuário/correntista, o que, por outro lado, em razão justamente da
robustez dessa garantia, reverte em taxas de juros significativamente menores em - Nesses empréstimos, o desconto automático que incide sobre numerário existente em conta
seu favor, se comparado com outros empréstimos. corrente decorre da própria obrigação assumida pela instituição financeira no bojo do contrato
- Nessa modalidade de empréstimo, a parte da remuneração do trabalhador de conta corrente de administração de caixa, procedendo, sob as ordens do correntista, aos
comprometida à quitação do empréstimo tomado não chega nem sequer a pagamentos de débitos por ele determinados, desde que verificada a provisão de fundos a esse
ingressar em sua conta corrente, não tendo sobre ela nenhuma disposição. Sob o propósito.
influxo da autonomia da vontade, ao contratar o empréstimo consignado, o
mutuário não possui nenhum instrumento hábil para impedir a dedução da parcela - Registre-se, inclusive, que enquanto no empréstimo consignado os valores são deduzidos
do empréstimo a ser descontada diretamente de sua remuneração, em diretamente pela fonte pagadora, no mútuo bancário os descontos são realizados da conta
procedimento que envolve apenas a fonte pagadora e a instituição financeira. corrente do cliente (consumidor), logo, pode recair sobre qualquer valor ali depositado (não
- É justamente em virtude do modo como o empréstimo consignado é ficando restrito apenas a verba de natureza salarial).
operacionalizado que a lei estabeleceu um limite, um percentual sobre o qual o
desconto consignado em folha não pode exceder. Revela-se claro o escopo da lei - Assim, de acordo com o STJ, essa forma de pagamento não consubstancia indevida retenção
de, com tal providência, impedir que o tomador de empréstimo, que pretenda ter de patrimônio alheio, na medida em que o desconto é precedido de expressa autorização do
acesso a um crédito relativamente mais barato na modalidade consignado, acabe titular da conta corrente, como manifestação de sua vontade, por ocasião da celebração do
por comprometer sua remuneração como um todo, não tendo sobre ela nenhum contrato de mútuo.
acesso e disposição, a inviabilizar, por consequência, sua subsistência e de sua
família.”
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE

- Art. 45 da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º da Lei nº 10.820/2003:

• Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.
• § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e com reposição de custos, na forma definida em
regulamento.
• § 2º O total de consignações facultativas de que trata o § 1º não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente para:
• I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
• II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
• ................................
• Art. 1º Os empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, poderão autorizar, de forma irrevogável e irretratável, o
desconto em folha de pagamento ou na sua remuneração disponível dos valores referentes ao pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de arrendamento mercantil
concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos.
• § 1º O desconto mencionado neste artigo também poderá incidir sobre verbas rescisórias devidas pelo empregador, se assim previsto no respectivo contrato de empréstimo, financiamento, cartão de
crédito ou arrendamento mercantil, até o limite de 40% (quarenta por cento), sendo 35% (trinta e cinco por cento) destinados exclusivamente a empréstimos, financiamentos e arrendamentos
mercantis e 5% (cinco por cento) destinados exclusivamente à amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito consignado ou à utilização com a finalidade de saque por meio de
cartão de crédito consignado.
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE

- Art. 45 da Lei nº 8.112/90 e no art. 1º da Lei nº 10.820/2003: limitação até 35% (p/ servidor público) e 40% (para CLT), sendo um % reservado as despesas específicas

• OBS:

• Importante registrar que a Lei nº 14.131/2021, recentemente, ampliou, até 31/12/2021, esse limite:
• Art. 1º Até 31 de dezembro de 2021, o percentual máximo de consignação nas hipóteses previstas no inciso VI do caput do art. 115 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, no § 1º do
art. 1º e no § 5º do art. 6º da Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, e no § 2º do art. 45 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, bem como em outras leis que vierem a
sucedê-las no tratamento da matéria, será de 40% (quarenta por cento), dos quais 5% (cinco por cento) serão destinados exclusivamente para:
• I - amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
• II - utilização com finalidade de saque por meio do cartão de crédito.
• ...
• Art. 2º Após 31 de dezembro de 2021, na hipótese de as consignações contratadas nos termos e no prazo previstos no art. 1º desta Lei ultrapassarem, isoladamente ou combinadas
com outras consignações anteriores, o limite de 35% (trinta e cinco por cento) previsto no inciso VI do caput do art. 115 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, no § 1º do art. 1º e no
§ 5º do art. 6º da Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, e no § 2º do art. 45 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, será observado o seguinte: (...)
• ATENÇÃO:
• A limitação trazida pelo art. 45 da Lei nº 8.112/90 e pelo art. 1º da Lei nº 10.820/2003 refere-se à consignação em folha de pagamento (e não para o desconto das prestações do empréstimo contratado).
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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO
- EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO EMPRÉSTIMO BANCÁRIO COM AUTORIZAÇÃO DE DESCONTO EM CONTA CORRENTE

• ATENÇÃO:
• A limitação trazida pelo art. 45 da Lei nº 8.112/90 e pelo art. 1º da Lei nº 10.820/2003 refere-se à consignação em folha de pagamento (e não para o desconto das prestações do empréstimo contratado).

• “São lícitos os descontos de parcelas de empréstimos bancários comuns em conta corrente, ainda que utilizada para recebimento de salários, desde que previamente
autorizados pelo mutuário e enquanto esta autorização perdurar, não sendo aplicável, por analogia, a limitação prevista no § 1º do art. 1º da Lei n. 10.820/2003, que
disciplina os empréstimos consignados em folha de pagamento.”

• STJ. 2ª Seção. REsp 1.863.973-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/03/2022 (Info 728).
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IMPORTANTES JULGALDOS

1) A SIMPLES COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTO INDUSTRIALIZADO CONTENDO


CORPO ESTRANHO É SUFICIENTE PARA CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL,
NÃO SENDO NECESSÁRIA A SUA EFETIVA INGESTÃO(INF. 656 STJ)
• A aquisição de produto de gênero alimentício contendo em seu interior corpo estranho expõe o consumidor à risco concreto de lesão à sua saúde e
segurança, ainda que não ocorra a ingestão de seu conteúdo. Logo, isso enseja o direito de o consumidor ser indenizado por danos morais, considerando
que há ofensa ao direito fundamental à alimentação adequada, corolário do princípio da dignidade da pessoa humana.

• A simples comercialização de produto contendo corpo estranho possui as mesmas consequências negativas à saúde e à integridade física do consumidor
que sua ingestão propriamente dita. Existe, no caso, dano moral in re ipsa porque a presença de corpo estranho em alimento industrializado excede aos
riscos comumente esperados pelo consumidor em relação a esse tipo de produto, caracterizando-se a situação como um defeito do produto, a permitir a
responsabilização do fornecedor.

STJ. 2ª Seção. REsp 1.899.304/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/08/2021.
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 2) DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: TEORIA MENOR (RELAÇÕES DE CONSUMO-


ART;28, §5º, CDC) – LOGO, NA HIPÓTESE DE RESPONSABILIDADE DERIVADA DE RELAÇÃO DE
CONSUMO, AFASTA-SE A REGRA GERAL DO CC DA AUSÊNCIA DE SOLIDARIEDADE ENTRE
CONSORCIADAS (STJ)
• Art. 28 CDC. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei,
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
• § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
• § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.

• § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa.


• § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
• ....................................................................................................
• “(...) 2. A segunda instância concluiu pela existência de legitimidade passiva do consórcio e o cabimento de sua responsabilidade solidária com as empresas integrantes do sistema de
transporte municipal. Em razão da ocorrência de lesão corporal ocasionada na parte autora em acidente de trânsito, reconheceu-se a existência de danos morais, fixando-se a
reparação em R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Aplicação das Súmulas 5 e 7/STJ.
• 3. Consoante orientação do Superior Tribunal de Justiça, "na hipótese de responsabilidade derivada de relação de consumo, afasta-se a regra geral da ausência de solidariedade
entre as consorciadas por força da disposição expressa contida no art. 28, § 3º, do CDC. Essa exceção em matéria consumerista justifica-se pela necessidade de se atribuir máxima
proteção ao consumidor, mediante o alargamento da base patrimonial hábil a suportar a indenização. Não obstante, é certo que, por se tratar de exceção à regra geral, a previsão de
solidariedade contida no art. 28, § 3º, do CDC deve ser interpretada restritivamente, de maneira a abarcar apenas as obrigações resultantes do objeto do consórcio, e não quaisquer
obrigações assumidas pelas consorciadas em suas atividades empresariais"
• AgInt no AREsp n. 2.041.309/RJ, relator Ministro Marco AurélioBellizze, Terceira Turma, julgado em 13/6/2022, DJe de 15/6/2022.)
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 3) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS INTEGRANTES DA CADEIA DE CONSUMO NO CASO DE VENDA


ONLINE DE INGRESSOS DE EVENTO CANCELADO E FALTA DE INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR (STJ)

• Resp. 1.985.198/MG (2022)


• 5- Em se tratando de responsabilidade pelo fato do serviço, não faz o Diploma Consumerista qualquer distinção entre os fornecedores, motivo pelo qual é uníssono o entendimento
de que toda a cadeia produtiva é solidariamente responsável. Doutrina e jurisprudência.
• 6- A venda de ingresso para um determinado espetáculo cultural é parte típica do negócio, risco da própria atividade empresarial que visa ao lucro e integrante do investimento do
fornecedor, compondo, portanto, o custo básico embutido no preço. Com efeito, é impossível conceber a realização de espetáculo cultural, cujo propósito seja a obtenção de lucro
por meio do acesso do público consumidor, sem que a venda do ingresso integre a própria escala produtiva e comercial do empreendimento.
• 7- A recorrente e as demais sociedades empresárias que atuaram na organização e na administração da festividade e da estrutura do local integram a mesma cadeia de fornecimento
e, portanto, são solidariamente responsáveis pelos danos suportados pelos recorridos, em virtude da falha na prestação do serviço, ao não prestar informação adequada, prévia e
eficaz acerca do cancelamento/adiamento do evento.
• 8- A jurisprudência desta Corte é no sentido de que os integrantes da cadeia de consumo, em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao
consumidor, não cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes. Precedentes.
• (STJ. REsp n. 1.985.198/MG, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 5/4/2022, DJe de 7/4/2022.)
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 4) RESPONSABILIDADE CIVIL DO MERCADO LIVRE PELAS COMPRAS REALIZADAS


PELOS USUÁRIOS EM SUA PLATAFORMA:
• - Aqueles que disponibilizam ao consumidor toda a estrutura necessária para a concretização da venda, além das ferramentas de busca de mercadorias, fazem
parte da cadeia de fornecimento, devendo responder solidariamente pelo insucesso das compra online.

• APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. COMPRA EM PLATAFORMA VIRTUAL.
MERCADO LIVRE. SOLIDARIEDADE ENTRE O SITE INTERMEDIADOR DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA E O VENDEDOR DO PRODUTO. DEVER DE INDENIZAR. 1.
Reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor, o Código Consumerista traz, dentre outras medidas, a previsão de responsabilidade solidária da cadeia de
fornecimento perante o consumidor. 2. No que tange à responsabilidade dos fornecedores de diversos tipos de serviços ofertados no meio virtual, o Superior Tribunal
de Justiça já se posicionou no sentido de que aqueles que disponibilizam ao consumidor toda a estrutura necessária para a concretização da venda, além das
ferramentas de busca de mercadorias, fazem parte da cadeia de fornecimento, nos termos do art. 7º, do CDC, juntamente com o vendedor do produto. 3. Atuando o
Réu como intermediador entre o vendedor e a consumidora, deve responder de forma solidária pelo insucesso das compras on line. 4. Falha na prestação do serviço. 5.
Dano moral configurado. Situação vivenciada pela Autora que ultrapassou a esfera do mero aborrecimento ou dissabor cotidiano. 6. Quantum indenizatório dos danos
morais que deve ser reduzido para o montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), se mostrando mais condizente com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 7.
Quanto aos danos materiais, inexiste dúvida que estes correspondam ao valor pago na aquisição de produto, devidamente corrigido.
• (TJRJ. 0001906-50.2021.8.19.0045 – APELAÇÃO - Des(a). TERESA DE ANDRADE CASTRO NEVES - Julgamento: 21/07/2022 - VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL)
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 5) A OPERADORA DE PLANO DE SAÚDE NÃO É OBRIGADA A CUSTEAR O


PROCEDIMENTO DE FERTILIZAÇÃO IN VITRO ASSOCIADO AO TRATAMENTO DE
ENDOMETRIOSE PROFUNDA:
• O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que, se não houver previsão contratual expressa, o plano de saúde não é obrigado a custear o
tratamento de fertilização in vitro. Existe julgado no qual o STJ afirmou que é devida a cobertura, pelo plano de saúde, do procedimento de
criopreservação de óvulos de paciente fértil, até a alta do tratamento quimioterápico, como medida preventiva à infertilidade (STJ REsp 1.815.796/RJ).
• No entanto, nesse acórdão, foi feita a seguinte distinção aplicável aqui: • tratamento da infertilidade: não é de cobertura obrigatória pelo plano de saúde;
• prevenção da infertilidade, enquanto efeito adverso do tratamento prescrito ao paciente: é coberto pelo plano de saúde. No caso concreto, o
procedimento de fertilização in vitro não foi prescrito à mulher para prevenir a infertilidade decorrente do tratamento para a endometriose. O
procedimento foi prescrito como tratamento da infertilidade coexistente à endometriose. Logo, não há cobertura do plano. STJ. 3ª Turma. REsp 1859606-
SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Turma, julgado em 06/10/2020 (Info 681).
• ..................................................
• ATENÇÃO:
• É devida a cobertura, pela operadora de plano de saúde, do procedimento de criopreservação de óvulos de paciente fértil, até a alta do tratamento
quimioterápico, como medida preventiva à infertilidade (REsp 1815796/RJ, DJe 09/06/2020)
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 6) DEVER DO COMERCIANTE DE RECEBER E ENVIAR OS APARELHOS VICIADOS


PARA A ASSISTÊNCIA TÉCNICA OU PARA O FABRICANTE (INF. 678 e 619 STJ)
• O comerciante tem o dever de receber do consumidor o aparelho que esteja viciado (“defeituoso”) com o objetivo de encaminhá-lo
à assistência técnica para conserto? Sim. O comerciante tem a obrigação de intermediar a reparação ou a substituição de produtos
nele adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação (vício oculto de inadequação), com a coleta em suas lojas e remessa ao
fabricante e posterior devolução. STJ. 3ª Turma. REsp 1568938-RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678).

• Ainda sobre o tema: Cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do produto em 30 dias - levar o
produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante. STJ. 3ª Turma. REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619).
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 7) NÃO É LÍCITA A COBRANÇA DE TARIFA DE ÁGUA NO VALOR DO CONSUMO MÍNIMO MULTIPLICADO PELO
NÚMERO DE ECONOMIAS EXISTENTES NO IMÓVEL, QUANDO HOUVER ÚNICO HIDRÔMETRO NO LOCAL,
DEVENDO A COBRANÇA SE DAR PELO CONSUMO REAL AFERIDO, SOB PENA DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO (TJ/RJ)
• APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. SERVIÇOS DE ÁGUA E ESGOTO. OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZATÓRIA. TARIFA MÍNIMA MULTIPLICADA PELO NÚMERO
DE ECONOMIAS. ILICITUDE. TESE FIRMADA NO RECURSO REPETITIVO Nº 1.166.561-RJ, SOB O TEMA Nº 414 DO STJ. PRESCRIÇÃO DECENAL. REFATURAMENTO.
RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES PAGOS. VIOLAÇÃO À BOA-FÉ. ERESP 1.413.542-RS. INTERRUPÇÃO INDEVIDA DO SERVIÇO ESSENCIAL. DANO MORAL
CONFIGURADO. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
1. Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com indenizatória em razão de cobrança do consumo de água por tarifa mínima multiplicada pelo número de
economias, tendo o imóvel hidrômetro, além interrupção no fornecimento do serviço.
2. A decisão prolatada no ProAfR no REsp 1.937.887-RJ determinou a suspensão dos feitos em segundo grau de jurisdição que versem sobre tarifa progressiva, não
sendo esse o caso dos autos.
3. O STJ pacificou o entendimento de que o prazo prescricional para a responsabilidade civil contratual é dez anos, nos termos do art. 205 do Código Civil.
4. No REsp repetitivo nº 1.166.561-RJ (Tema nº 414), foi firmada a tese de que 'Não é lícita a cobrança de tarifa de água no valor do consumo mínimo multiplicado pelo
número de economias existentes no imóvel, quando houver único hidrômetro no local', devendo a cobrança se dar pelo consumo real aferido.
5. A cobrança indevida acarreta a restituição em dobro, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC, conforme entendimento pacificado pelo STJ no julgamento dos
Embargos de Divergência nº 1.413.542-RS, consubstanciando a cobrança indevida conduta contrária à boa-fé objetiva.
6. A interrupção do fornecimento do serviço essencial violou o disposto no art. 22 do CDC, restando configurado o dano moral.
• (TJRJ. 0028636-17.2018.8.19.0203 – APELAÇÃO - Des(a). ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME - Julgamento: 19/07/2022 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL)
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IMPORTANTES JULGALDOS

• 8) O ROUBO À MÃO ARMADA EM ESTACIONAMENTO GRATUITO, EXTERNO E DE


LIVRE ACESSO CONFIGURA FORTUITO EXTERNO, AFASTANDO A
RESPONSABILIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INF. 648 STJ)
• Em casos de roubo, o STJ tem admitido a interpretação extensiva da Súmula 130 do STJ, para entender que há o dever do fornecedor de
serviços de indenizar, mesmo que o dano tenha sido causado por roubo, se este foi praticado no estacionamento de empresas destinadas à
exploração econômica direta da referida atividade (hipótese em que configurado fortuito interno) ou quando esta for explorada de forma
indireta por grandes shopping centers ou redes de hipermercados (hipótese em que o dever de reparar resulta da frustração de legítima
expectativa de segurança do consumidor).
• Por outro lado, não se aplica a Súmula 130 do STJ em caso de roubo de cliente de lanchonete fast-food, se o fato ocorreu no estacionamento
externo e gratuito por ela oferecido. Nesta situação, tem-se hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior), que afasta do
estabelecimento comercial proprietário da mencionada área o dever de indenizar (art. 393 do Código Civil).
• Logo, a incidência do disposto na Súmula 130 do STJ não alcança as hipóteses de crime de roubo a cliente de lanchonete, praticado mediante
grave ameaça e com emprego de arma de fogo, ocorrido no estacionamento externo e gratuito oferecido pelo estabelecimento comercial.
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IMPORTANTES JULGALDOS

• E SE O ROUBO TIVESSE OCORRIDO NO ESTACIONAMENTO DE UM GRANDE SHOPPING CENTER?

• Neste caso, haveria sim o dever de indenizar, conforme já decidiu o STJ: REsp 1.269.691-PB, Rel. originária Min. Isabel
Gallotti, Rel. para acórdão Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/11/2013 (Info 534).

• Para o STJ, o fornecedor dos serviços deverá indenizar o consumidor em caso de roubo armado ocorrido em:

• • Estacionamentos privados (pagos);

• • Estacionamentos de grandes shopping centers;

• • Estacionamentos de grandes redes de hipermercados;


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IMPORTANTES JULGALDOS

- RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS PELA SEGURANÇA DE SEUS


CLIENTES: NÃO SENDO POSSÍVEL AFASTAR A RESPONSABILIDADE CIVIL COM FUNDAMENTO EM
FORÇA MAIOR OU CASO FORTUITO:

• PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. ASSALTO EM LOTÉRICA LOCALIZADA NA GALERIA
DE HIPERMERCADO. VÍTIMA ATINGIDA POR PROJÉTIL DE ARMA DE FOGO. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA
AFASTADA PELO ACÓRDÃO. PRETENSÃO DE ALTERAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. FORÇA MAIOR.
INEXISTÊNCIA. SÚMULA 83/STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE
SIMILITUDE FÁTICA. AGRAVO DESPROVIDO.
• 1. Nos termos da orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, faz parte do dever dos
estabelecimentos comerciais, como shopping centers e hipermercados, zelar pela segurança de seus clientes,
não sendo possível afastar sua responsabilidade civil com base Em excludentes de força maior ou caso fortuito.
• (STJ. AgInt no AREsp n. 1.805.922/PR, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 4/4/2022, DJe de
4/5/2022.)
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NOÇÕES GERAIS LGPD

- LEI 13.709/2018:

- A Lei n. 13.709/2018 dispõe sobre o tratamento de dados pessoais.

- Trata-se da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. Essa lei traz regras para disciplinar a forma como os dados pessoais dos indivíduos podem ser armazenados por
empresas ou mesmo por outras pessoas físicas, isso porque, com o avanço das redes cadastrais as fornecedoras estão criando um cadastro com vastas informações
pessoais de seus usuários, por exemplo, em toda interação que fazemos via internet (redes sociais e compras online), há coleta de dados. Tais dados são muito valiosos
economicamente porque eles definem tendências de consumo, políticas, religiosas, comportamentais, podendo servir para que empresas e políticos direcionem suas
estratégias de acordo com essas informações.

- OBJETIVO: proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.

- DADOS PESSOAIS: consideram-se “dados pessoais” todas informações relacionadas a uma pessoa natural, tais como, seu nome, RG, CPF, telefone, estado civil, profissão,
grau de escolaridade, raça, nacionalidade, dentre outros.

- PERGUNTA: O vazamento de dados pessoais gera dano moral presumido? NÃO


• “O vazamento de dados pessoais NÃO gera danos morais presumido” (inf. 766 STJ)
• Todavia, o vazamento de dados pessoais SENSÍVEIS gera sim dano moral presumido.
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NOÇÕES GERAIS LGPD

- LEI 13.709/2018:

- FUNDAMENTOS: Art. 2º

• Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos:


• I - o respeito à privacidade;
• II - a autodeterminação informativa;
• III - a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião;
• IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem;
• V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação;
• VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e
• VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais.
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NOÇÕES GERAIS LGPD

- LEI 13.709/2018:

• - CONCEITOS:
• Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:

• I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável;

• II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente
à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural;

• III - dado anonimizado: dado relativo a titular que não possa ser identificado, considerando a utilização de meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu tratamento;

• IV - banco de dados: conjunto estruturado de dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais, em suporte eletrônico ou físico;

• V - titular: pessoa natural a quem se referem os dados pessoais que são objeto de tratamento;

• VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais;

• VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador;

• (...)

• XII - consentimento: manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada;

• XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer operação de tratamento, mediante guarda do dado pessoal ou do banco de dados;

• XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto de dados armazenados em banco de dados, independentemente do procedimento empregado;

• XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, difusão, transferência internacional, interconexão de dados pessoais ou tratamento compartilhado de bancos de dados pessoais por órgãos e
entidades públicos no cumprimento de suas competências legais, ou entre esses e entes privados, reciprocamente, com autorização específica, para uma ou mais modalidades de tratamento
permitidas por esses entes públicos, ou entre entes privados;
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NOÇÕES GERAIS LGPD

- LEI 13.709/2018:

• - PRINCÍPIOS:
• Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes princípios:

• I - finalidade: realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma incompatível com
essas finalidades;
• II - adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas ao titular, de acordo com o contexto do tratamento;
• III - necessidade: limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos em relação
às finalidades do tratamento de dados;
• IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, bem como sobre a integralidade de seus dados pessoais;
• V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu
tratamento;
• VI - transparência: garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento, observados os
segredos comercial e industrial;

• VII - segurança: utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda,
alteração, comunicação ou difusão;
• VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados pessoais;
• IX - não discriminação: impossibilidade de realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos ou abusivos;

• X - responsabilização e prestação de contas: demonstração, pelo agente, da adoção de medidas eficazes e capazes de comprovar a observância e o cumprimento das normas de proteção
de dados pessoais e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
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NOÇÕES GERAIS LGPD


- LEI 13.709/2018:
• - DADOS PESSOAIS SENSÍVEIS:
• Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
• II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político,
dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural;
• .........................................................................................................
• Art. 11. O tratamento de dados pessoais sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes hipóteses:
• I - quando o titular ou seu responsável legal consentir, de forma específica e destacada, para finalidades específicas;
• II - sem fornecimento de consentimento do titular, nas hipóteses em que for indispensável para:
• a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;
• b) tratamento compartilhado de dados necessários à execução, pela administração pública, de políticas públicas previstas em leis ou regulamentos;
• c) realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais sensíveis;
• d) exercício regular de direitos, inclusive em contrato e em processo judicial, administrativo e arbitral, este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996
• e) proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiro;
• f) tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária; ou
• g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do titular, nos processos de identificação e autenticação de cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os direitos mencionados no
art. 9º desta Lei e exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais.
• § 5º É vedado às operadoras de planos privados de assistência à saúde o tratamento de dados de saúde para a prática de seleção de riscos na contratação de qualquer modalidade, assim
como na contratação e exclusão de beneficiários.
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NOÇÕES GERAIS LGPD


- LEI 13.709/2018:

- DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES:

• Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças e de adolescentes deverá ser realizado em seu melhor interesse, nos termos deste artigo e da legislação pertinente.
• § 1º O tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o consentimento específico e em destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo responsável
legal.
• § 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º deste artigo, os controladores deverão manter pública a informação sobre os tipos de dados coletados, a forma de sua
utilização e os procedimentos para o exercício dos direitos a que se refere o art. 18 desta Lei.
• § 3º Poderão ser coletados dados pessoais de crianças sem o consentimento a que se refere o § 1º deste artigo quando a coleta for necessária para contatar os pais ou o
responsável legal, utilizados uma única vez e sem armazenamento, ou para sua proteção, e em nenhum caso poderão ser repassados a terceiro sem o consentimento de que
trata o § 1º deste artigo.
• § 4º Os controladores não deverão condicionar a participação dos titulares de que trata o § 1º deste artigo em jogos, aplicações de internet ou outras atividades ao
fornecimento de informações pessoais além das estritamente necessárias à atividade.
• § 5º O controlador deve realizar todos os esforços razoáveis para verificar que o consentimento a que se refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela criança,
consideradas as tecnologias disponíveis.
• § 6º As informações sobre o tratamento de dados referidas neste artigo deverão ser fornecidas de maneira simples, clara e acessível, consideradas as características físico-
motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, com uso de recursos audiovisuais quando adequado, de forma a proporcionar a informação necessária
aos pais ou ao responsável legal e adequada ao entendimento da criança.
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• FIM!

• OBRIGADA

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