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491-26
XXXIV
EXAME
DIREITO DO
CONSUMIDOR
OABNAMEDIDA.COM.BR
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SUMÁRIO
1. CARACTERÍSTICAS DO CDC
2. ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
5. PRÁTICAS COMERCIAIS
5.1. OFERTA
5.2. PUBLICIDADE
5.3. PRÁTICAS ABUSIVAS
5.4. COBRANÇA DE DÍVIDAS
5.6. BANCOS DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES
6. PROTEÇÃO CONTRATUAL
6.1. DISPOSIÇÕES GERAIS
6.2. CLÁUSULAS ABUSIVAS
6.3. CONTRATO DE ADESÃO
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
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1. CARACTERÍSTICAS DO CDC
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
Foi nesse contexto que foi editada a Lei n. 8.078/90, com viés nitidamente protetivo e que
apresenta as seguintes características:
Como se trata de norma de ordem pública, o juiz poderá conhecer de ofício a abusividade de
uma cláusula do contrato de consumo. Entretanto, o STJ firmou posicionamento no sentido
de que nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das
cláusulas (Súmula n. 381).
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Art. 2º, caput, do CDC: “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou
utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Com o objetivo de explicar o conceito da expressão “destinatário final”, surgiram duas teorias:
teoria maximalista e teoria finalista.
Para a teoria maximalista, considera-se destinatário final aquele que retira do mercado o
produto ou serviço, mesmo que o bem não seja utilizado para atendimento de necessidades próprias
ou profissionais. Em outras palavras, destinatário final seria o destinatário fático, bastando que
a pessoa física ou jurídica retire o bem do mercado para ser considerada consumidora. A título de
exemplo, para a teoria maximalista, se uma pessoa jurídica comprar matéria prima para utilizá-la
em seu processo produtivo, ela será considerada consumidora.
Por outro lado, para a teoria finalista, a expressão “destinatário final” se refere ao caráter
econômico da relação, de modo que é considerado consumidor apenas aquele que se vale do
produto para satisfazer interesse próprio ou de sua família, excluindo praticamente de seu conceito
as pessoas jurídicas TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
Além do conceito legal acima tratado, o Código de Defesa do Consumidor traz ainda outras três
situações em que haverá o conceito do consumidor por equiparação:
Art. 2º
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento TEMA COBRADO NO XXIII EXAME DA OAB/FGV.
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Convidados de uma festa que sofreram infecção gastrointestinal em virtude dos alimentos
estragados que foram servidos no evento, ou ainda o exemplo clássico das pessoas que
apenas estavam cortando caminho por dentro do shopping Osasco Plaza e foram afetadas
pela sua explosão (REsp. 279.273/SP).
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte (“Das Práticas Comerciais” e “Da
Proteção Contratual”), equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis
ou não, expostas às práticas nele previstas.
Toda pessoa que se sentir lesada por uma publicidade enganosa ou abusiva poderá ser
considerada consumidora, ainda que não tenha comprado o produto ou contratado o serviço.
Art. 2º, caput, do CDC: Consumidor é toda Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,
pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas
produto ou serviço como destinatário final. relações de consumo (art. 2°, parágrafo único, do CDC);
Se o fornecedor não exercer a atividade de forma habitual, não será uma relação de consumo e
sim uma relação civil. Além disso, o Poder Público somente será considerado fornecedor quando
a remuneração dos serviços por ele prestados for feita por meio de pagamento de tarifa ou preço
público (ex. tarifa de transporte público, tarifa de água, luz, gás, pedágio etc);
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Para que haja relação de consumo, o serviço deve ser remunerado, ainda que indiretamente,
entendendo-se como remuneração indireta o custo embutido no empreendimento e repassado
sem cobrança direta ao consumidor, como no caso do estacionamento gratuito de shoppings e
supermercados. Assim, se determinada pessoa tiver seu carro furtado no estacionamento de
um shopping, ela será considerada consumidora, mesmo que o estacionamento seja gratuito.
• Por fim, o quadro abaixo sintetiza as principais hipóteses de aplicação ou não do CDC:
Instituições Financeiras (Súmula n. 297 do STJ) Relação entre advogado e cliente: prevalece que
não se aplica o CDC, uma vez que a relação é regida
pelo Estatuto da OAB.
Contratos de Plano de Saúde, salvo os
administrados por entidades de autogestão
(Súmula n. 608 do STJ). Relação entre condomínio e condômino.
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(ART. 4° DO CDC)
• PRINCÍPIO DA AÇÃO GOVERNAMENTAL (art. 4°, II, do CDC): o Estado deve ter uma
posição ativa no sentido de proteger o consumidor, atuando a) por iniciativa direta; b)
por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela
sua presença no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com
padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
• HARMONIA DOS INTERESSES (art. 4º, III, do CDC): o CDC visa à harmonização dos
interesses dos participantes das relações de consumo e à compatibilização da proteção
do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo
a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da CF), sempre
com base na boa-fé e no equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.
• PRINCÍPIO DA BOA-FÉ: possui previsão na parte final do art. 4º, III, do CDC, sendo
certo que o referido dispositivo se refere à boa-fé objetiva, que não se confunde com
a boa-fé subjetiva.
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BOA-FÉ OBJETIVA
BOA-FÉ SUBJETIVA ( TEMA COBRADO NO IV EXAME DA
OAB/FGV)
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• PRINCÍPIO DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DOS ABUSOS (art. 4º, VI, do CDC): refere-
se à necessidade do legislador combater os abusos praticados no mercado de
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar
prejuízos aos consumidores;
• PRINCÍPIO DO ESTUDO CONSTANTE DAS RELAÇÕES DE CONSUMO (art. 4º, VIII, do CDC):
o mercado de consumo deve ser constantemente avaliado e a lei consumerista deve
se amoldar a eventuais alterações.
O art. 5º do CDC dispõe que, para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará
o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I - manutenção de assistência jurídica,
integral e gratuita para o consumidor carente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do
Consumidor, no âmbito do Ministério Público; III - criação de delegacias de polícia especializadas no
atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV - criação de Juizados Especiais
de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de
estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor, VI - instituição de
mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial e judicial do superendividamento e de proteção do
consumidor pessoa natural; VII - instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos
de superendividamento.
Os instrumentos previstos nos incisos V e VI do art. 5º do CDC foram inseridos pela Lei nº
14.181/2021 (Lei do Superendividamento), como forma de prevenir e combater as situações de
dívidas do consumidor que possam comprometer o mínimo existencial.
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4. DIREITOS DO CONSUMIDOR
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
O art. 6º do CDC dispõe acerca dos direitos básicos do consumidor, sendo um dos artigos mais
importantes para a prova da OAB/FGV.
O art. 31, por sua vez, estabelece que “a oferta e apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade
e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança
dos consumidores”. TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV.
O inciso V do art. 6º do CDC permite a incidência da cláusula rebus sic stantibus aos contratos
de consumo, já que admite a revisão do contrato, em virtude do desequilíbrio econômico.
Entretanto, diferentemente da teoria da imprevisão adotada pelo art. 478 do código civil, que
dispõe que “nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das
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partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude
de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato”, o CDC adotou a teoria da base objetiva do negócio jurídico, sendo que, para que o
consumidor tenha direito à revisão do contrato, basta a existência de fato superveniente que
torne as cláusulas contratuais excessivamente onerosas. Além disso, o CDC prioriza a revisão
do contrato, enquanto que o código civil se refere a sua resolução.
A inversão do ônus da prova não é automática, já que depende de decisão do juiz após verificar
a existência de verossimilhança (plausibilidade das alegações, alegações razoáveis com
grande chance de serem verdadeira) ou de hipossuficiência, caracterizada pela dificuldade
processual de defesa em razão de circunstâncias técnicas, econômicas ou até mesmo jurídicas
(como no caso do consumidor que não teve acesso a documentos ou cópia do contrato). A
hipossuficiência, portanto, não se confunde com a vulnerabilidade.
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XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por
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quilo, por litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso.
Importante destacar que os direitos previstos nos incisos XI, XII e XIII do art. 6º do CDC foram inseridos
pela Lei nº 14.181/2021 (Lei do Superendividamento), como o intuito de prevenir situações graves de dívida do
consumidor que possam comprometer o seu mínimo existencial.
Para tratar do tema do superendividamento, a Lei nº 14.181/2021 inseriu ainda o Capítulo VI-A ao CDC.
De acordo com o novo art. 54-B do CDC, no fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações
obrigatórias previstas no art. 52 e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá
informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre:
II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer
natureza, previstos para o atraso no pagamento;
III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias;
V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52
deste Código e da regulamentação em vigor.
O art. 54-D, por sua vez, passou a dispor que, na oferta de crédito, antes da contratação, é dever do
fornecedor ou do intermediário:
II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações
disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação
sobre proteção de dados;
Ressalta-se ainda que os direitos previstos no art. 6º do CDC não representam um rol
exaustivo, ou seja, não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de
que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas
autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do
direito, analogia, costumes e equidade, além do que, tendo mais de um autor a ofensa, todos
responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo (art. 7º
do CDC).
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ferimento do consumidor se mal utilizada, mas esses riscos são inerentes para o desempenho
da sua função de furar a parede), obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
informações necessárias e adequadas a seu respeito.
O caput do art. 10 do CDC, por sua vez, proíbe o fornecedor de colocar no mercado de consumo
produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade
à saúde ou segurança.
PRODUTOS
OU SERVIÇOS PRODUTOS OU
RISCOS NORMAIS POTENCIALMENTE SERVIÇOS COM ALTO
E PREVISÍVEIS NOCIVOS OU GRAU DE NOCIVIDADE
(ART. 8º do CDC) PERIGOSOS OU PERICULOSIDADE
(ART. 9º do CDC)
Fornecedor é obrigado a dar Fornecedor deve informar de Não pode ser colocado
informações necessárias maneira ostensiva e adequada. no mercado.
e adequadas.
O art. 10 prevê ainda o procedimento do recall, estabelecendo que o fornecedor, assim que
tiver conhecimento de que seus produtos e/ou serviços introduzidos no mercado de consumo
apresentam grau considerável de periculosidade ao consumidor, deverá, às suas expensas,
comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante
anúncios publicitários veiculados na imprensa, rádio e televisão.
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Determinada montadora de veículos percebe que toda linha produzida de determinado modelo
de carro, fabricado desde 2013, apresenta um problema grave no dispositivo de acionamento
do airbag, podendo colocar em risco a saúde e segurança dos consumidores. Nessa situação,
deverá a empresa efetuar o recall, convocando, por meio de anúncios publicitários, os
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Deve-se registrar ainda que se o consumidor não for encontrado pelo recall ou, ainda que encontrado,
não comparecer para trocar o produto, o fabricante não ficará isento da obrigação de indenizar em
caso de eventual acidente, já que a responsabilidade do fabricante é objetiva (art. 12 do CDC).
Conforme previsto no § 2º do art. 12 do CDC, o produto não é considerado defeituoso pelo fato
de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. Assim, o fato de existir um produto
de melhor qualidade à venda, uma furadeira com mais tecnologia, por exemplo, não desqualifica
nem torna defeituoso ou viciado os demais produtos similares do mercado. Seguindo a mesma
linha de raciocínio, o § 2º do art. 14 do CDC dispõe que o serviço não é considerado defeituoso
pela adoção de novas técnicas.
Com relação à responsabilidade pelo fato do serviço, também se trata, como regra geral,
de responsabilidade objetiva, sendo que o fornecedor apenas se eximirá da responsabilidade de
indenizar quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiros.
Art. 14
(...)
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.
A FGV entende que o hospital deve responder objetivamente pelos danos causados pelo
serviço defeituoso prestado por médico dentro do estabelecimento hospitalar, mesmo que o
profissional não seja empregado do hospital TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.
Digno de nota ainda que, de acordo com o art. 27 do CDC, a pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço prescreve em cinco anos, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
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Além do dever de indenizar em razão de eventuais danos causados por produtos ou serviços
defeituosos, é importante lembrar ainda que, a depender da conduta adotada, poderá haver a
configuração de crime, conforme artigos do CDC abaixo transcritos.
No caso de vício da qualidade do produto, se o vício não for sanado no prazo máximo de 30 (trinta)
dias, o consumidor poderá exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por
outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga,
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monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional
do preço (§ 1° do art. 18 do CDC). TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV.
Tendo o consumidor optado pela substituição do bem, mas não sendo possível substituí-lo por
outro da mesma espécie, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço.
Registra-se que o prazo de 30 dias para solução do vício poderá ser alterado pela vontade das
partes, mas não poderá ser fixado em patamar inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias.
Além disso, nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado,
por meio de manifestação expressa do consumidor.
Destaca-se, ainda, que, se em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
essencial, o consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas § 1° do art. 18 do CDC, dispensando-se
o prazo de 30 dias (§ 1° do art. 18 do CDC). TEMA COBRADO NOS EXAMES V E XVIII DA OAB/FGV.
OPÇÕES DO CONSUMIDOR
NO CASO DE O VÍCIO DE
QUALIDADE DO PRODUTO NÃO
SER SANADO EM 30 DIAS
Restituição imediata da
Substituição do produto por
quantia paga, monetariamente Abatimento
outro da mesma espécie, em
atualizada, sem prejuízo de proporcional do preço.
perfeitas condições de uso;
eventuais perdas e danos;
Se, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a
qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial,
o consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas acima, dispensando-se o prazo de 30
dias (§ 1° do art. 18 do CDC).
VÍCIO NA QUANTIDADE
DO PRODUTO
Substituição do produto
Abatimento Restituição
Complementação por outro da mesma
proporcional imediata da
do peso ou medida espécie, marca ou modelo,
do preço quantia paga
sem os aludidos vícios
Nesses casos, de acordo com o art. 20 do CDC, o consumidor poderá exigir, alternativamente
e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível, que poderá
ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor; II - a restituição
imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV.
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OPÇÕES DO CONSUMIDOR
NO CASO DE VÍCIO DE
QUALIDADE DO SERVIÇO
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Ressalta-se ainda que no fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de
qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes
de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do
fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor (art. 21 do CDC).
Não é demais recordar que apenas incidirão as regradas do CDC em relação ao vício de
qualidade se o serviço público for prestado mediante pagamento de tarifa ou preço público. Nas
hipóteses em que houver pagamento de taxa, não há que se falar em relação de consumo, conforme
anteriormente estudado no item “Elementos Subjetivos da Relação de Consumo”.
No caso específico dos serviços públicos com vício de qualidade, como ficaria inviável aplicar
a regra geral prevista no art. 20, o CDC estabelece que “nos casos de descumprimento, total ou
parcial, das obrigações referidas, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar
os danos causados” (parágrafo único do art. 22 do CDC).
No que diz respeito à responsabilidade pelos danos causados por fato do produto e do serviço,
prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados, iniciando-se a contagem
do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria (art. 27 do CDC).
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PRAZO DECADENCIAL
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É importante salientar ainda que os prazos decadenciais acima citados são prazos estipulados
legalmente, sendo possível que o fornecer estipule um prazo de garantia maior.
Se o fornecedor conceder prazo de garantia, o art. 50 do CDC estipula que a garantia contratual
deve ser fornecida por escrito e o seu prazo é complementar à legal, ou seja, primeiro computa-se
o prazo de garantia contratual que depois será acrescido do prazo da garantia legal.
No direito civil, para que haja a desconsideração da personalidade jurídica deve-se caracterizar
a gestão fraudulenta, pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial (art. 50 do CC), do contrário,
o patrimônio dos sócios não é atingido pelas dívidas da empresa (teoria maior).
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5. PRÁTICAS COMERCIAIS
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O presente capítulo cuidará das principais práticas comerciais cobradas no exame da OAB/
FGV, lembrando-se que o art. 29 do CDC equipara a consumidor todas as pessoas determináveis
ou não, expostas às práticas comerciais previstas.
5.1. OFERTA
Com efeito, o art. 30 do CDC preceitua que “toda informação ou publicidade, suficientemente
precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado”.
No âmbito do CDC, portanto, se a oferta por suficientemente precisa, ou seja, suficiente para
o consumidor ter o seu convencimento sobre a viabilidade do bem ou serviço ofertado, ela será
vinculante, obrigando o fornecedor a cumpri-la e integrando o futuro contrato a ser celebrado
(princípio da vinculação da oferta), sendo que a negativa ao cumprimento da oferta configura
prática abusiva, conforme art. 39, II, do CDC TEMA COBRADO NO EXAME XIII DA OAB/FGV.
Aliás, se o fornecedor se recusar a cumprir a oferta, além de configurar prática abusiva (art. 39,
II, do CDC), o consumidor poderá alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento
forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto
ou prestação de serviço equivalente ou III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
A oferta feita para estimular o consumo por meio de expressões subjetivas como “o melhor”, “o
mais saboroso” não obriga o fornecedor, uma vez que a avaliação de ser “o melhor” ou “o mais
saboroso” não é intrínseca ao produto, dependendo da avaliação do consumidor. No mesmo
sentido, as ofertas notoriamente exageradas (puffing), que veiculam expressões como “o
melhor produto do mundo” o “produto realizará todos os seus sonhos” também não vinculam
o fornecedor, já que, em razão do exagero, não garantem a precisão da informação. Já no que
diz respeito às ofertas com notório erro de digitação, como por exemplo um computador de
R$ 2.000,00 (dois mil reais) sendo anunciado por R$ 2,00 (dois reais), o fornecedor não ficará
vinculado em razão do princípio da boa-fé.
Além disso, o fato da oferta ser vinculante não impede que o fornecedor se retrate ou revogue
a oferta anteriormente feita. A título de exemplo, se determina televisão com valor de R$ 5.000
(cinco mil reais), foi equivocadamente ofertada por R$ 3.000 (três mil) reais, o fornecedor poderá
retificar ou revogar a oferta, desde que o faça pela mesma publicidade veiculada originariamente. 22
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Neste caso, entendemos que a revogação ou retratação tem efeito ex nunc (não retroage), ou seja,
desobriga o fornecedor apenas a partir da data da publicação da retratação/revogação.
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre
os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Nos produtos refrigerados
oferecidos ao consumidor, as informações serão gravadas de forma indelével, ou seja, de forma
que não possam ser apagadas (art. 31 do CDC).
Registra-se ainda que, de acordo com o art. 32 do CDC, os fabricantes e importadores deverão
assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação
do produto. Além disso, caso a produção ou importação sejam cessadas, a oferta deverá ser mantida por
período razoável de tempo, na forma da lei TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
Importante registrar, também, que a reparação do produto por peça ou componentes de reposição
usados, sem autorização do consumidor, constitui crime, conforme previsto no art. 70 do CDC.
O CDC proíbe a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao
consumidor que a origina (parágrafo único do art. 33 do CDC).
Por fim, estabelece o art. 34 do CDC que o fornecedor do produto ou serviço é solidariamente
responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
5.2. PUBLICIDADE
A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal, ou seja, deve ser feita de forma clara e ostensiva, sendo vedada mensagens
subliminares e dissimuladas, divulgadas em um contexto em que o consumidor não perceba que
se trate de publicidade para consumo.
Digno de nota ainda que alguns produtos possuem restrição constitucional quanto a sua
veiculação em publicidade, dispondo o § 4º do art. 200 da Constituição Federal que a propaganda
comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a
restrições legais e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de
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seu uso.
Para disciplinar o referido dispositivo constitucional foi editada a Lei n. 9.294/96, que estabeleceu
restrições e obrigações no que concerne à publicidade de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas,
medicamentos e produtos agrícolas.
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
Para configurar publicidade enganosa na modalidade comissiva basta que ela seja capaz de
induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. Já para
configurar a modalidade omissiva, a publicidade deve deixar de informar sobre dado essencial
do produto ou serviço, conforme § 3º do art. 37.
• Publicidade abusiva (art. 37, § 2º, do CDC) - é abusiva, dentre outras a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor
a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV.
Apenas comissiva
O código de defesa do consumidor prevê como sanção administrativa para o fornecedor que
incorrer na prática de publicidade enganosa ou abusiva a contrapropaganda, que será divulgada,
sempre às expensas do infrator, da mesma forma, frequência e dimensão e, preferencialmente
no mesmo veículo, local, espaço e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da publicidade
enganosa ou abusiva (art. 60 do CDC).
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Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a
natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade,
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
As práticas abusivas são enumeradas exemplificativamente (rol não exaustivo) no art. 39 do CDC:
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como
o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta
lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
mais entram com ações judiciais. A proibição, evidentemente, não abrange os serviços
de proteção ao crédito.
Não podemos esquecer que o art. 29 do CDC equipara a consumidor todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas abusivas.
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Por outro lado, se o consumidor for cobrado em quantia indevida, terá direito à repetição do
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificável (parágrafo único do art. 42 do CDC).
A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, normalmente encaminhada por carta, não se exigindo, entretanto, o
aviso de recebimento (AR), conforme disposto na Súmula n. 404 do STJ:
Aliás, a recusa ao fornecimento das informações que constam no banco de dados pode caracterizar
o crime previsto no art. 72 do CDC TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV:
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele
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O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas (§ 3° do art. 43 do CDC).
Digno de nota ainda que os cadastros e dados de consumidores não podem conter informações
negativas referentes a período superior a cinco anos, além do que, consumada a prescrição
relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas
de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao
crédito junto aos fornecedores (§§ 1° e 5° do art. 43 do CDC).
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6. PROTEÇÃO CONTRATUAL
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Para a prova da OAB, deve-se considerar que os prazos decadenciais de 30 dias (produto não
durável) e 90 dias (produto durável) previstos no art. 26 do CDC integram o prazo de garantia
legal, os quais devem ser somados aos prazos de garantia contratual. Assim, se o consumidor
adquirir um carro com garantia de 5 anos e este possuir um vício de fácil constatação, ele
terá o prazo de 5 anos (garantia contratual) + 90 dias (garantia legal de produto durável) para
reclamar do vício. É importante registrar que o STJ entende que se o vício for oculto, o prazo se
inicia com a sua constatação pelo consumidor, desde que ela ocorra dentro do prazo de vida útil
do produto, ou seja, aquele estimado para a duração em boas condições do bem.
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;
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XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
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XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;
Os incisos XVII e XVIII foram acrescidos ao artigo 51 do CDC pela Lei n. 14.181/2021 (Lei do
Superendividamento).
Súmula n. 302 do STJ: “É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo
a internação hospitalar do segurado”.
A Lei nº 13.819/2019 acrescentou o art. 10-C à Lei nº 9.656/98, estabelecendo que os planos
de saúde devem incluir cobertura de atendimento à violência autoprovocada e às tentativas
de suicídio. Assim, as operadoras de plano de saúde não poderão mais negar cobertura aos
seus clientes no caso de violência autoprovacada e de tentativa de suicídio, sendo abusiva
qualquer cláusula contratual nesse sentido.
Deve-se salientar que a nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida todo
o contrato, salvo se sua ausência, apesar dos esforços de integração, causar ônus excessivo a
qualquer das partes (§ 2° do art. 51 do CDC).
Digno de nota também que, nos termos do art. 52 do CDC, no fornecimento de produtos ou serviços
que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,
entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: I - preço do produto ou serviço
em moeda corrente nacional; II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III -
acréscimos legalmente previstos; IV - número e periodicidade das prestações e V - soma total a pagar,
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com e sem financiamento. Além disso, as multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações
no seu termo não poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação e é assegurado ao
consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional
dos juros e demais acréscimos TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV.
De acordo com o art. 54 do CDC, contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
Preceitua o § 2° do art. 54 que nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória (aquela
que deixa a arbítrio de uma das partes a extinção contratual), mas essa cláusula apenas terá
validade se for utilizada em favor do consumidor, ou seja, desde que fique a critério do consumidor
a manutenção ou resolução do contrato.
Os contratos de adesão escritos devem ser redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar
sua compreensão pelo consumidor, além do que as cláusulas que implicarem limitação de direito
do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
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A defesa do consumidor em juízo poderá ser feita por ações individuais ou por ações coletivas.
No entanto, enquanto a tutela individual é balizada pelas normas do CDC e, subsidiariamente,
pelas normas do NCPC, a tutela coletiva é regida pelo microssistema formado pelo CDC, pela Lei
de Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85) e, subsidiariamente, pelo NCPC.
O cabimento da tutela coletiva, por sua vez, está relacionado à existência de interesses difusos,
coletivos ou individuais homogêneos, conforme disposto no art. 81 do CDC:
• Interesses individuais homogêneos (art. 81, III, do CDC): são aqueles decorrentes
de origem comum. Esses interesses são essencialmente individuais, mas poderão ser
tutelados coletivamente se forem homogêneos e possuírem origem comum de fato ou
de direito (vítimas de uma explosão ocorrida em um shopping center). O objeto nos
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Interesses transindividuais são aqueles que extrapolam os limites de um único indivíduo. Deixam
de ser direitos egoísticos e passam a ser direitos altruísticos.
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O tipo de interesse poderá ser identificado no caso concreto a partir da pretensão formulada em
juízo, ainda que se trate do mesmo fato. A título de exemplo, no caso de explosão do shopping
center acima citado, se o pedido for para interditar o estabelecimento, haverá a tutela de
interesses difusos (proteção de um grupo indeterminável de consumidores). Se, por outro lado,
a pretensão for para a instalação de um sistema de proteção para tutelar os trabalhadores do
shopping, haverá interesse coletivo. Por fim, se o pedido por de reparação dos danos sofridos
pelas vítimas do evento, haverá interesse individual homogêneo.
RESUMINDO:
INTERESSES
INTERESSES
INTERESSES DIFUSOS INDIVIDUAIS
COLETIVOS HOMOGÊNEOS
O requisito da pré-constituição de pelo menos 1 ano das associações pode ser dispensado pelo
juiz quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano,
ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido (§ 1° do art. 82 do CDC).
Além disso, o art. 83 do CDC estabelece que, para a defesa dos direitos e interesses protegidos
pelo código, são admissíveis todas as espécies de ações (declaratória, constitutiva e condenatória)
capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela.
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No caso específico das ações que tenham por objeto o cumprimento de obrigação de fazer
ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
Com efeito, cabe ao fornecedor assegurar o cumprimento perfeito de sua oferta, fornecendo
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
A multa diária (astreinte) pode ser fixada de ofício pelo juiz, ou seja, independentemente do
pedido do autor (§ 4° do art. 84 do CDC).
Tem-se, portanto, que o Código de Defesa do Consumidor estabeleceu como medida prioritária
a efetivação da tutela específica, cabendo a conversão em perdas e danos apenas se o autor assim
requerer ou se for impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.
Além disso, dispõe o § 2° do art. 84 do CDC que a indenização por perdas e danos se fará sem
prejuízo da multa, ou seja, o fato de o juiz ter fixado uma multa em caso de descumprimento de
obrigação de fazer ou não fazer (astreinte) não impossibilita eventual condenação do réu ao pagamento
de indenização por perdas e danos, já que a astreinte possui caráter coercitivo e a indenização por
perdas e danos caráter reparatório TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
Por fim, é muito importante destacar que nas ações coletivas, se o Ministério Público não
intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
Para facilitar o acesso do consumidor à justiça e estimular o uso as ações coletivas, o CDC
dispensa o adiantamento de qualquer despesa processual, além do que isenta o autor do
pagamento de honorários de advogados, custas e despesas processuais, salvo no caso de má-fé,
hipóteses em que a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da
responsabilidade por perdas e danos.
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O Código de Defesa do Consumidor trata especificamente da ação coletiva para defesa dos
interesses individuais homogêneos, deixando a cargo principalmente da lei de ação civil pública
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Estabelece o art. 93 do CDC que, ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para
a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito
local; II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou
regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.
Proposta a ação coletiva que tutela interesses individuais homogêneos, será publicado edital
no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa
do consumidor.
A execução coletiva, por sua vez, far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação,
da qual deverá constar a ocorrência ou não do trânsito em julgado, sendo promovida pelos
legitimados de que trata o art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas
em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
A coisa julgada no processo coletivo varia de acordo com o interesse veiculado na ação,
conforme a seguir explicado:
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INTERESSES
INTERESSE INTERESSES INDIVIDUAIS
DIFUSOS COLETIVOS HOMOGÊNEOS
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8. CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
Entende-se por convenção coletiva de consumo o instrumento feito por escrito, em que
fornecedores e consumidores, por meio de suas entidades representativas, estabelecem
antecipadamente determinados elementos e regras que irão compor os contratos individuais de
consumo, como condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características
de produtos e serviços, bem como no que diz respeito à composição de eventuais conflitos.
Importante destacar ainda que a convenção de consumo não pode prever qualquer restrição,
ainda que indireta, aos direitos previstos no CDC, sob pena de nulidade da cláusula que restringir
ou obstaculizar o direito.
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9. SUPERENDIVIDAMENTO
OAB NA MEDIDA | DIREITO DO CONSUMIDOR
As novas regras inseridas pela Lei nº 14.181/2021, conhecida como Lei do Superendividamento,
aumentam a proteção de pessoas superendividadas, ou seja, consumidores pessoas físicas de
boa-fé, que não conseguem pagar suas dívidas sem comprometimento do mínimo existencial.
De acordo com o art. 54-A, § 3º, do CDC, não há que se falar em superendividamento, ou seja,
não haverá proteção do CDC, se as dívidas do consumidor: a) forem contraídas mediante fraude
ou má-fé; b) forem oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não
realizar o pagamento; c) decorrerem da aquisição ou contratação de produtos e serviços de
luxo de alto valor.
Conforme estudamos nos capítulos anteriores, a Lei nº 14.181/202, a fim de garantir proteção
ao superendividamento, inseriu regras importantes no CDC no que diz respeito aos princípios e
instrumentos para execução Política Nacional das Relações de Consumo, direitos do consumidor e
também sobre cláusulas abusivas, conforme abaixo resumido:
1) Inseriu no art. 4º do CDC (incisos IX e X) dois novos princípios da Política Nacional das
Relações de Consumo: IX - fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental
dos consumidores e X - prevenção e tratamento do superendividamento como forma de evitar
a exclusão social do consumidor.
2) Inseriu no art. 5º do CDC (incisos VI e VII) dois novos instrumentos da Política Nacional das
Relações de Consumo: VI - instituição de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial
e judicial do superendividamento e de proteção do consumidor pessoa natural; VII - instituição
de núcleos de conciliação e mediação de conflitos oriundos de superendividamento.
4) Inseriu no art. 51 do CDC (incisos XVII e XVIII) duas novas cláusulas consideradas
abusivas: XVII - que condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do
Poder Judiciário; XVIII - que estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das
prestações mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de
seus meios de pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores;
Além disso, conforme também já estudado, a Lei nº 14.181/2021 inseriu o Capítulo VI-A ao CDC, sendo
que, para a prova da OAB, consideramos importantes os artigos 54-B e 54-D do CDC.
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De acordo com o novo art. 54-B do CDC, no fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações
obrigatórias previstas no art. 52 e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o
consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre:
II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza,
previstos para o atraso no pagamento;
III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias;
V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste
Código e da regulamentação em vigor.
O art. 54-D, por sua vez, passou a dispor que, na oferta de crédito, antes da contratação, é dever do fornecedor ou
do intermediário:
I – informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e a modalidade do
crédito oferecido, todos os custos incidentes e as consequências genéricas e específicas que eles sofrerá em caso
de inadimplemento;
II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das informações
disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste Código e na legislação sobre
proteção de dados;
III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros coobrigados cópia
do contrato de crédito.
A Lei nº 14.181/2021 acrescentou ainda três artigos para tratar da Conciliação no Superendividamento,
destacando-se dois instrumentos importantes: a) Processo de Repactuação de Dívidas e b) Processo por
Superendividamento:
• Processo de Repactuação de dívidas (art. 104-A do CDC): O juiz poderá instaurar, a pedido do
consumidor superendividado, processo de repactuação de dívida. Nesse caso, será designada uma audiência
de conciliação, com a presença de todos os credores (essa audiência pode ser presidida pelo juiz ou por
conciliador credenciado). Nessa audiência, o consumidor deve apresentar proposta de plano de pagamento
com prazo máximo de 5 anos, sendo possível, entre outras medidas, dilação de prazo e redução de encargos,
referência à suspensão ou extinção das ações judiciais em curso e a data para exclusão do consumidor de
bancos de dados e de cadastros de inadimplentes. O pedido para instauração da repactuação não acarreta
declaração de insolvência civil, além do que somente poderá ser repetido após decorrido o prazo de 2
anos, contado da liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo
de eventual repactuação. Havendo conciliação, com qualquer credor, a sentença judicial que homologar
o acordo descreverá o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de título executivo e força de coisa
julgada (§ 3º do art. 104-A).
Conciliação Administrativa: O art. 104-C do CDC passou a permitir que os órgãos do Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor (PROCON, por exemplo) realizem a fase conciliatória e
preventiva do processo de repactuação.
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De acordo com o art. 104-A, § 1º, do CDC, excluem-se do processo de repactuação as seguintes
dívidas: a) oriundas de contratos celebrados dolosamente sem o propósito de realizar pagamento;
b) provenientes de contratos de crédito com garantia real; c) provenientes de financiamentos
imobiliários; d) provenientes de crédito rural.
• Processo por superendividamento (art. 104-B do CDC): se não houver êxito na conciliação da
repactuação das dívidas, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por superendividamento
para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano
judicial compulsório e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o
acordo porventura celebrado. Os credores serão citados para, no prazo de 15 dias, juntar documentos e
apresentar as razões pelas quais se negam a aceder (anuir) ao plano voluntário ou se negam a renegociar.
O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido, corrigido
monetariamente por índices oficiais de preço. Além disso, preverá a liquidação total da dívida, após a
quitação do plano de pagamento consensual, em, no máximo, 5 anos, sendo que a primeira parcela será
devida no prazo máximo de 180 dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será
devido em parcelas mensais iguais e sucessivas (art. 104-B, § 4º).
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BIBLIOGRAFIA
• NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 11. Ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
• MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 7ª. Ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2018.
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