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SUMÁRIO

01. Código de Defesa do Consumidor................................................................................................................. 2

02. Relação de consumo .................................................................................................................................................3

03. Responsabilidade Civil no CDC......................................................................................................................... 7

Olá, aluno(a). Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso
intensivo para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as
respectivas aulas. Além disso, recomenda-se que o aluno assista as aulas
acompanhado da legislação pertinente.
Bons estudos, Equipe CEISC.

Atualizado em novembro de 2020.

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ROTEIRO DE ESTUDOS – 1ª FASE OAB INTENSIVO
DIREITO DO CONSUMIDOR
Prof.ª Patrícia Strauss

01. Código de Defesa do Consumidor


Prof.ª Patrícia Strauss
@patriciastraussr

CDC na Constituição Federal

Art. 5º da Constituição Federal. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor;
Art. 48 das Disposições Transitórias. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte
dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.

Art. 1°, do CDC. O presente código estabelece normas de proteção e defesa do


consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII,
170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

São regramentos indisponíveis, ou seja, o consumidor não pode dispor ou renunciar


os regramentos do CDC. Caso ocorra, teremos uma nulidade de cláusula, que pode ser
decretada de ofício.

 Como exceção, temos a súmula 381 do STJ. “Nos contratos bancários, é vedado ao
julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.”

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02. Relação de consumo
Prof.ª Patrícia Strauss
@patriciastraussr

Relação de Consumo
Consumidor

Art. 2° do CDC. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final. – STANDARD - PADRÃO
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. CONSUMIDOR
EQUIPARADO
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do
evento (refere-se à seção II, que trata da responsabilidade pelo fato do produto e do
serviço. CONSUMIDOR EQUIPARADO
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas
as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (refere-se ao
capítulo que trata de práticas comerciais e contratos). CONSUMIDOR POR
EQUIPARAÇÃO

Fornecedor

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

 Fornecedor é gênero.

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Produto e serviço
* Para todos verem: esquema

Produto Serviço

• Produto é qualquer bem, móvel ou • Serviço é qualquer atividade fornecida no


imóvel, material ou imaterial. mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.

 Produto não tem requisito remuneração.


Exemplo 1: Fábrica distribuir doces gratuitamente que faz com que pessoas fiquem
doentes. Há relação de consumo e aplicação do CDC.

 Serviços: remuneração.
Remuneração que pode ser direta ou indireta.
Há serviços que são gratuitos ao consumidor, mas que trazem remuneração ao
fornecedor, mantendo, assim, a aplicação do CDC.
As Cortes brasileiras aceitaram o conceito de remuneração indireta e entendem
que os serviços “gratuitos” são submetidos às regras do CDC, se houver remuneração
indireta.
Assim, transporte de passageiros idosos de forma gratuita, lavagens de carro como
brinde etc., ainda que não sejam onerosos para o consumidor, há uma retribuição para
o fornecedor, se enquadrando aqui no CDC.

 Os serviços públicos são regidos pelo CDC? Depende.


Consoante artigo 22 do CDC temos que: “os órgãos públicos, por si ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais, contínuos”.
Os serviços chamados de “uti universi” tais como segurança pública, saúde pública
etc., são financiados por impostos e, então não tem aplicação do CDC.
Os serviços chamados “uti singuli” são passíveis de determinação, tais como
telefonia, água e energia elétrica. Nestes casos, tem a aplicação do CDC.

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IMPORTANTE: teorias sobre consumidor pessoa jurídica/profissional
Aqui há algumas teorias a serem verificadas:
* Para todos verem: esquema

Teoria finalista ou subjetivista


• Restringe a figura do consumidor como sendo aquele que adquire/utiliza um produto para uso
próprio ou de sua família. Assim, o consumidor não pode ser um profissional, já que o CDC não
seria feito para destacar vulnerabilidade de alguém que seja profissional. Consumidor, então,
seriam pessoas físicas ou jurídicas não profissionais. Somente para finalidades não profissionais.

Teoria maximalista ou objetiva


• CDC seria um código geral para o consumo, instituindo normas e regramentos para todos os
agentes do mercado. A definição do artigo 2º deveria ser interpretada de forma mais ampla
possível. Não importa a finalidade. Então abrangia todas as empresas, até as que compram
insumos etc.

Teoria finalista aprofundada ou mitigada:


• Por essa interpretação, o sujeito, poderá ser considerado consumidor se estiver em uma posição
de vulnerabilidade.
• A vulnerabilidade pode ser econômica, técnica (não compra para atividade fim e sim para
atividade meio), jurídica, fática. A vulnerabilidade é verificada casuisticamente, “in concreto”.
• Exemplo: Loja de roupas (pessoa jurídica) que compra um computador (fora da área de seu
domínio, há vulnerabilidade técnica).

Vejamos decisão do STJ:


“Consumidor. Definição. Alcance. Teoria finalista. Regra. Mitigação. Finalismo
aprofundado. Consumidor por equiparação. Vulnerabilidade. 1. A jurisprudência do STJ
se encontra consolidada no sentido de que a determinação da qualidade de consumidor
deve, em regra, ser feita mediante aplicação da teoria finalista, que, numa exegese
restritiva do art. 2º do CDC, considera destinatário final tão somente o destinatário fático
e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. 2. Pela teoria finalista,
fica excluído da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como
aquele cujo produto retorna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o
custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser
considerado consumidor, para fins de tutela pela Lei nº 8.078⁄90, aquele que exaure a
função econômica do bem ou serviço, excluindo-o de forma definitiva do mercado de
consumo. 3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por
equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação temperada da
teoria finalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a doutrina vem
denominando finalismo aprofundado, consistente em se admitir que, em determinadas
hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto ou serviço pode ser equiparada
à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma

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vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor da política nacional das relações de
consumo, premissa expressamente fixada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a
proteção conferida ao consumidor.” (Terceira Turma, REsp nº 1.195.642⁄RJ, Rel. Min. Nancy
Andrighi)

Súmula 563 STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas


de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados
com entidades fechadas.
Súmula 608 STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.
Súmula 297 STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras.

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03. Responsabilidade Civil no CDC
Prof.ª Patrícia Strauss
@patriciastraussr

Responsabilidade Civil no CDC

 Responsabilidade por fato de produto: artigos 12, 13 e 17


 Responsabilidade por fato de serviço: artigos 14 e 17
 Responsabilidade por vício de produto: artigos 18 e 19
 Responsabilidade por vício e serviço: artigos 20 e 21

Pontos importantes
Fornecedor é gênero;
Não se fala aqui em responsabilidade contratual e extracontratual;
A regra é a responsabilidade objetivo, exceto a dos profissionais liberais, que é
subjetiva, conforme art. 14 parágrafo único;
Havendo a ideia de danos (materiais, morais, etc), teremos o FATO, que o legislador
chama de defeito.
Havendo a ideia de substituição, conserto, temos a ideia de VÍCIO.

FATO
Responsabilidade por fato de produto
Exemplo: Televisão explode e machuca pessoas. Comprada na Loja X. Fabricante Y.

Art. 12 do CDC. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de
seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

“O produto defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se


espera”.

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Quem são os responsáveis por fato de produto?
Regra: fabricante, produtor, construtor e importador.
Exceção: não serão responsabilizados se provarem os requisitos do art. 13, § 3º.

Art. 12, § 3°, do CDC. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será
responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Responsabilidade do comerciante

Art. 13 do CDC. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior,


quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;
II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador;
III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o
direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso.

Responsabilidade por fato de serviço

Art. 14 do CDC. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência


de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode
esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
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I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.

Quem responde por fato de serviço: o fornecedor.

Prazo para fato de produto e serviço: 5 anos

Art. 27 do CDC. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.

VÍCIO
Responsabilidade por vício de produto
O vício pode ser de qualidade ou de quantidade.

Vício de qualidade: impróprios ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o


valor, assim como aqueles decorrentes da disparidade, com indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.
No caso de vício de qualidade do produto, o consumidor poderá:
 Fornecedor terá o prazo de 30 dias para sanar o vício. Este prazo é para sanar, quando
for possível. Caso não seja possível, o consumidor poderá exigir, a sua escolha:
 Substituição do produto por outro da mesma espécie;
 Restituição da quantia paga (atualizada), podendo também pedir perdas e danos OU
 Abatimento proporcional do preço
* Para todos verem: esquema

Substituição
do produto

Restituição
30 dias para
Não sanou da quantia
sanar o vício
paga

Abatimento
do preço

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Art. 18, do CDC. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor,
assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das
partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de
uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

Vício de quantidade:

Art. 19 do CDC. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade


do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.

Não há prazo de 30 dias como há no vício de qualidade de produto.

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* Para todos verem: esquema

Substituição do
produto

Restituição da
quantia paga
Consumidor pode
exigir
Abatimento do
preço

Complementação
do peso ou
medida

Responsabilidade por vício de serviço


Também não há prazo de 30 dias (há prazo de 30 dias somente no vício de
qualidade de produto)
* Para todos verem: esquema

Reexecução
do serviço

Restituição
Consumidor
da quantia
pode exigir
paga

Abatimento
do preço

Vício de qualidade:

Art. 20 do CDC. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os


tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.

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Vício de quantidade:
Está na segunda parte do art. 20: “aqueles decorrentes da disparidade com as
indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária”.
Quais seriam as soluções? As mesmas dos vícios de qualidade.
* Para todos verem: esquemas

Depois o
Responsabilidade
Primeiro o comerciante
por fato do
fabricante (dependendo do
produto
caso)

Responsabilidade
Responsabilidade
solidária entre os
por fato de serviço
envolvidos

Responsabilidade Solidariedade
por vícios de entre fabricante e
produto comerciante

Responsabilidade Solidariedade
por vícios de entre todos
serviço envolvidos

Prazos para reclamar os vícios de produto


* Para todos verem: esquema

30 90
dias Fornecimento dias Produtos
de produtos
duráveis
não duráveis

A partir de quando começam a contar os prazos?


Vício aparente: tradição – entrega do bem ao consumidor (tanto durável quanto não
durável)
Vício oculto: a partir do momento em que fica evidenciado o problema.

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