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Propagandas estimulavam o
consumo em massa no contexto da
década de 1920.
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FONTE 2 – “Não há modo de vida como o americano”
Imenso cartaz que apresenta uma
família de classe média em passeio de
automóvel. Todos parecem felizes. No
alto, a mensagem diz que o padrão de
vida norte-americano é o mais alto do
mundo. A imagem é completada pela
frase: “Não há modo de vida como o
americano”. Em frente ao cartaz,
vemos uma fila para a sopa para
desempregados e desabrigados,
Kentucky, 1937.
TEXTO 1: A nova era: imagem e realidade
“Muitos [...] se maravilharam com o crescimento econômico dos Estados
Unidos depois da breve recessão do período pós [Primeira] guerra. Os
números eram impressionantes: a produção industrial cresceu 60%, a
renda per capita aumentou em um terço, o desemprego e a inflação
caíram. Avanços tecnológicos nos processos de produção na indústria [...]
criaram produtos inovadores a preços cada vez mais acessíveis.
Circulavam entre as massas produtos antes restritos aos ricos – carros,
luz elétrica, gramofone, rádio, cinema, aspirador de pó, geladeira e
telefone –, o ‘jeito americano de viver’ (american way of life)
tornou-se o slogan exaltado do período.
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A nova indústria de propaganda e marketing – ajudada pelos jornais,
revistas de grande circulação e rádio, que atraía grande audiência –
disseminou a ideia de liberdade associada ao consumo, em oposição à
ideia de liberdade associada a mudanças nas relações de trabalho. A busca
por autonomia econômica e soberania política foi substituída, nas mentes
de muitas pessoas, pelas possibilidades de consumo como elemento
essencial de felicidade e cidadania” (PURDY, 2015).
TEXTO 2 – A crise se anuncia na prosperidade
“O fenômeno da prosperidade foi particularmente notável nos Estados
Unidos, onde a expansão do consumo e da produção se estimulavam
reciprocamente [...] por diversas razões: o aumento dos salários reais
resultante dos ganhos de produtividade ou deliberadamente elevados
pelos empresários para dinamizar o mercado, como fez Henry Ford; a
destruição do espírito de poupança, por causa da crise monetária, e a
ampliação da assistência social, que estimulava o gasto em bens de
consumo e serviços; a ampliação do crédito voltado para o consumo,
responsável por 15% das vendas realizadas no mercado
em geral e por 60% no mercado de automóveis;
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a baixa dos preços agrícolas, que permitiu o deslocamento do poder
aquisitivo para o consumo de produtos industriais e serviços; e,
finalmente, a atuação crescente da publicidade, que estimulava o
consumo criando novas necessidades para os consumidores e produzindo
a figura do novo consumidor. [...] Por todas essas razões os Estados Unidos
concentravam, em 1929, 44,8% da produção industrial do mundo”
(ARRUDA, 2005).
Correção
A fonte 1, que retrata uma família de classe média cercada de produtos
industrializados em seu “churrasco dominical", evidencia a imagem da
felicidade pelo consumo – em que comprar, gastar e ter tempo livre nas
atividades de lazer em família, são o centro de tudo. Já a fonte 2, de
1937, revela a contradição entre o outdoor, cuja mensagem exprime o
ideal dos anos de prosperidade econômica ( o “mais alto padrão de vida
do mundo – o americano”), e a realidade das pessoas em plena crise, à
espera da distribuição gratuita de alimento (contexto posterior a 1929).
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Correção
Após a Primeira Guerra Mundial, as indústrias e bancos norte-americanos
beneficiaram-se com a guerra, aumentando tanto a produção quanto o
mercado de ações em mais de 60%. O período de “prosperidade” trouxe
inovações tecnológicas e de produtos industrializados, fabricados em série,
nas linhas de produção (fordismo/taylorismo), transformando o modo de
vida da população com suas geladeiras, máquinas de lavar e demais
aparelhos eletrônicos, além dos automóveis Ford. Também, o período
expandiu a publicidade com o rádio e o cinema, tornando-os grandes
disseminadores de valores morais, políticos e culturais, ou seja, a chamada
sociedade do consumo começa a delinear-se nos anos de 1920, nos EUA.
Continua...
Especulação e quebra na bolsa de valores
“O boom econômico estadunidense nos anos 1920 foi acompanhado por uma
febre de especulação na Bolsa de Valores de Nova York, localizada em Wall
Street. [...] Contagiados pela febre do lucro fácil, muitos empresários especulavam
aumentando artificialmente os preços das ações de suas empresas, estimulando
com isso a corrida às bolsas de valores. Depois de uma alta espetacular no
primeiro semestre de 1929, os preços não correspondiam mais, nem de longe, à
real situação das empresas. Até que, em dado momento, percebendo que o valor
de suas ações tinha subido exageradamente, milhares de investidores começaram
a oferecê-las à venda. E, como não havia compradores para elas em número
suficiente, os preços desabaram, atingindo os piores níveis na quinta-feira, 29 de
outubro, dia do Crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York.
O fato marcou o início da maior crise da história do capitalismo, que ficou
conhecida como Grande Depressão (1929-1933).
Entre 1929 e 1932, verificou-se a falência de 3.463 bancos e de 84 mil
indústrias. Outras indústrias diminuíram drasticamente sua produção.
Consequentemente, milhões de estadunidenses conheceram o desemprego
e, em pouco tempo, a mendicância e a fome. Uma particularidade da crise nos
Estados Unidos foi o extraordinário aumento de crédito ao consumidor.
Quando ela se instalou, milhões de pessoas deixaram de pagar suas
prestações. O desdobramento mais terrível da Grande Depressão para os
assalariados foi o desemprego, que atingiu níveis altíssimos e sem
precedentes na história do capitalismo, em vários países do mundo. Mas a
crise não atingiu a todos da mesma maneira. Os mais pobres, entre os quais
estavam os negros e os latinos, foram os mais duramente afetados.
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Razões da crise de 1929
● Concentração de riquezas. Em 1929 (ano da quebra), 13% da população do
país mais rico do mundo era dona de 90% da riqueza nacional, enquanto 21%
recebiam 83 dólares por mês, o que acabou restringindo o consumo. O
resultado disso foi o acúmulo de estoques;
● Crise agrícola. Com a modernização ocorrida no campo e o aumento
crescente da oferta de gêneros agrícolas, os preços mantiveram-se baixos
durante toda a década de 1920, obrigando os agricultores a pedirem
empréstimos aos bancos e hipotecar suas terras;
● Concorrência dos produtos europeus frente aos dos estadunidenses no
mercado internacional. A partir de 1924, os países europeus começaram a
se recuperar e voltaram a produzir o que antes compravam dos Estados
Unidos, voltaram a concorrer com os Estados Unidos no mercado
internacional”. (BOULOS JR., 2020).
A crise liberal
Com a Grande Depressão, o liberalismo econômico caiu no descrédito. Para
muitos economistas, a crise teve origem nas práticas liberais de condução da
economia. A crise atingiu tão duramente as sociedades que acabou
contribuindo para o fortalecimento de soluções alternativas ao liberalismo
econômico e à democracia liberal, como a ascensão de regimes totalitários na
Europa. [...] O capitalismo desmoronou com a crise de 1929 e, com ele, os
princípios que regiam a economia liberal. (VAINFAS, 2018).
Rompendo com a hegemonia do pensamento liberal da época,
John Maynard Keynes (1883-1946) foi um defensor de doutrinas intervencionistas na
economia. Segundo o economista, caberia aos governos implantar políticas econômicas
que garantissem o pleno emprego dos trabalhadores. Ele também defendia uma
redistribuição dos lucros, para que o poder aquisitivo dos consumidores aumentasse de
forma proporcional ao desenvolvimento dos meios de produção. Continua...
O New Deal
“No poder, o novo presidente Franklin Delano Roosevelt lançou um audacioso
plano de intervenção e planejamento do Estado na economia, chamado New Deal
(Novo Acordo), que previa:
● Investimento de 4 bilhões de dólares em obras públicas: de fato, o dinheiro foi
aplicado na construção de usinas hidrelétricas, hospitais, escolas, aeroportos,
portos, represas;
● limitação da produção industrial às necessidades reais dos consumidores: essa
medida pretendia elevar os preços dos produtos industriais, rebaixados pela
crise;
● diminuição da jornada de trabalho, fixação de um salário digno para os
trabalhadores, seguro-desemprego e seguro-velhice para os maiores de 65
anos”. (BOULOS JR., 2020).
Faça agora!
A partir das fontes nos slides a seguir, construa sua análise (por escrito):
● Sobre as fontes 1 e 2: O que é possível inferir sobre a economia
estadunidense a partir das fotografias e do depoimento para a
Comissão de Assuntos Trabalhistas? Por que as pessoas passavam
fome, se havia excesso de produção?
● Sobre as fontes 3 e 4: Quais as críticas contidas nas charges em
relação às políticas de Franklin Delano Roosevelt, propostas no New
Deal? Em que aspectos essa política rompeu com os preceitos do
liberalismo econômico? Cite os casos apresentados pelo texto.
FONTE 1 – Fotografias da Grande Depressão
Hoovervilles, como eram chamados jocosamente os Florence Thompson e filhos. Família que vivia
assentamentos (favelas/Slums) com o sobrenome do da agricultura, migra para buscar melhores
presidente dos EUA, Herbert Hoover – “as cidades de condições em outras regiões dos EUA.
Hoover” (culpabilizado por deixar o país em ruínas), Nipomo, Califórnia.
durante a Grande Depressão. Seattle, Washington, 1931. Foto: Dorothea Lange, 1936. Biblioteca do
EUA. Washington State Historical Society. Congresso dos EUA.
FONTE 2 – Depoimento de Oscar Ameringer
Audiências perante um subcomitê da Comissão de Assuntos Trabalhistas.
Câmara dos Deputados, 72º Congresso, primeira sessão, 1932.
“Durante os últimos três meses, eu (Oscar Ameringer, de Oklahoma City)
visitei, como já disse, uns vinte Estados deste belo país
extraordinariamente rico. Eis algumas das coisas que vi e ouvi. [...] Em
Oregon, vi milhares de alqueires de maçã apodrecendo nos pomares.
Somente as maçãs absolutamente perfeitas podiam ser vendidas, por 40
ou 50 centavos a caixa de duzentas maçãs. Ao mesmo tempo, há milhões
de crianças que, por causa da pobreza de seus pais, não
comerão maçã alguma neste inverno. Continua...
As estradas do oeste e do sudoeste pululam de pessoas famintas pedindo
carona. As fogueiras dos acampamentos dos desabrigados são visíveis ao
longo de todas as estradas de ferro.
Vi homens, mulheres e crianças caminhando penosamente pelas estradas. A
maioria deles (...) eram proprietários de fazendas que tinham perdido tudo na
recente baixa de preço do trigo e do algodão [...]. Os fazendeiros estão sendo
pauperizados pela pobreza das populações industriais, e as populações
industriais pauperizadas pela pobreza dos fazendeiros. Nenhum deles tem
dinheiro para comprar o produto do outro: consequentemente há excesso de
produção e carência de consumo, ao mesmo tempo e no mesmo país"
(ROBERTS, 1974).
FONTE 3 – Charges New Deal