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Capítulo 7 - A grande depressão, o fascismo e o nazismo

A Europa foi a região mais atingida pela Primeira Grande Guerra. Já os estados Unidos saíram do conflito
prestigiados e enriquecidos. Prestigiados pela participação decisiva para o resultado da guerra e enriquecidos
por fornecerem armas e alimentos a várias nações europeias.
Os capitais acumulados durante a guerra e leis que
aumentavam os impostos de produtos estrangeiros
favoreceram a arrancada dos Estados Unidos nos anos
posteriores ao conflito.

Os “anos felizes”

Na década de 1920, a produção industrial norte-americana


aumentou 64%. Os Estados Unidos eram a maior economia do
mundo. Para boa parte dos norte-americanos, aqueles tempos
foram de prosperidade e otimismo. Por isso, os anos 1920
ficaram conhecidos como “anos felizes”.

A confiança nessa prosperidade levava os norte-americanos


a consumir cada vez mais. O ideal era possuir o último modelo
de carro, geladeira, fogão, rádio, aspirador de pó, etc. Nascia o
estilo de vida americano (the american way of life)

Na época foram criadas centenas de estações de rádio nos Estados Unidos. O rádio chegou aos lares
e, com o cinema, ajudou na campanha das mulheres europeias pela conquista do direito ao voto. Nos EUA
as mulheres lutaram muito para que fosse votada, e depois aceita, em 1920, a emenda Susan Anthony, que
transformou o voto feminino em um direito constitucional.

A Grande Depressão

Os EUA saíram da Primeira Guerra Mundial


prestigiados e enriquecidos. Prestigiados porque ajudaram
a vencer a guerra; enriquecidos porque forneceram armas
e alimentos a vários países europeus. Nos anos 1920, os
EUA tinham se tornado a maior economia do mundo e
viviam uma época de prosperidade e otimismo. A
prosperidade foi acompanhada de uma febre de
investimentos na Bolsa de Valores de Nova York. As
pessoas compravam ações, esperavam algumas semanas e
vendiam-nas com grande lucro. Quem aplicou $100 em
março de 1928 em ações da General Eletric, em setembro
do ano seguinte vende-as por $300. Atraídos pelo lucro
fácil, muitos empresários aumentavam artificialmente os
preços das ações de suas empresas na Bolsa, isto é,
especulavam.

A quebra da Bolsa de Valores (O crash de 1929)

Com essas altas constantes, no final dos anos 1920, o preço das ações já não correspondia à situação
real das empresas. Até que uma grande empresa inglesa faliu provocando a desconfiança dos investidores.
Em 24 de outubro de 1929, quinta-feira (conhecida como a quinta-feira “negra”), os investidores correram
para vender suas ações, mas não havia compradores para elas. Os preços das ações começaram a despencar,
o que levou ao crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York na semana seguinte. Iniciava-se a Grande
Depressão (como ficou conhecida uma das maiores crises da história do capitalismo).
Razões da Grande Depressão

a) A concentração de riquezas nas mãos de poucos: Em 1929, 13% da população dos Estados Unidos
possuía 90% da riqueza nacional. As maiores empresas dos Estados Unidos possuíam juntas, a maior
concentração de riquezas.

b) A crise agrícola: a prosperidade dos anos 20 estava ligada à indústria, e não à agricultura, que esteve
em crise durante toda a década. Com a mecanização e a eletrificação ocorrida no campo, produzia-
se muito acima da capacidade de consumo. Os preços dos produtos agrícolas mantinham-se baixos
e os agricultores eram obrigados a pedir dinheiro aos bancos. Não podendo pagar as dívidas, perdiam
as terras que haviam dado de garantia

c) A concorrência que a Europa passou a fazer aos EUA no mercado internacional: A partir de 1924,
os países europeus começaram a se recuperar e voltaram a produzir o que compravam dos Estados
Unidos.

Resumindo: a concentração de riqueza, a concorrência europeia – reduzindo o mercado dos produtos


americanos – e a crise agrícola contribuíram para que houvesse muito mais mercadorias do que pessoas com
dinheiro para comprá-las. Configura-se, assim, uma crise de superprodução.

Nas cidades, muitos industriais faliram; outros diminuíam a produção e despediam trabalhadores. Os
agricultores começaram a perder as terras por não terem como pagar as dívidas contraídas com os bancos,
o que colaborou para que muitos fechassem suas portas. O governo norte-americanos diminuiu suas
compras do exterior, cortou os investimentos externos e parou de conceder empréstimos. Com isso a crise
agravou e atingiu outros países, inclusive o Brasil.

O New Deal

Enquanto a crise se alastrava pelo mundo, nos Estados Unidos, em 1932, o líder do Partido
Democrata, Franklin Delano Roosevelt, foi eleito presidente da república. Sua equipe econômica adotou
então as ideias do economista inglês Jonh Maynard Keynes,
que tinha previsto a crise e propunha soluções para enfrentá-
la.

Keynes defendia que o Estado deveria intervir na economia,


fazendo investimentos maciços e planejando-a de modo que
garantisse emprego. Assim, no início de seu governo,
Roosevelt lançou o New Deal (“Novo Acordo”), uma nova
forma de gerenciar a economia. Entre suas principais
medidas estavam:

• o investimento maciço em obras públicas: o governo


investiu 4 bilhões de dólares na construção de usinas
hidrelétricas, barragens, pontes, hospitais, escolas,
aeroportos etc. Tais obras geraram milhões de novos
empregos.

• a destruição dos estoques de gêneros agrícolas: como


algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preços.

• o controle sobre os preços e a produção: para evitar a


superprodução na agricultura e na indústria.

• a diminuição da jornada de trabalho: com o objetivo de abrir novos postos. Além disso, fixou-se o
salário mínimo, criaram-se o seguro desemprego e o seguro-velhice (para os maiores de 65 anos).
Com essas medidas, o desemprego diminuiu, a indústria e a agricultura recuperaram-se
parcialmente, os salários pararam de cair, a partir de 1934, a renda nacional voltou a crescer.

A ascensão dos fascismos

No resto do mundo, os efeitos da Grande Depressão levaram milhões de pessoas a ficar sem
trabalho e sem esperança. Essa situação favoreceu o surgimento de políticos e partidos autoritários que
acusavam as democracias liberais de serem incapazes de resolver os problemas da população. Para esses,
a solução era um governo forte, dirigido por um líder único que fosse uma espécie de “salvador da pátria”.
Surgiram, assim, inúmeros fascismos, entre os quais o fascismo italiano e o nazismo alemão.

Principais ideias fascistas

a) a primazia do grupo, perante o qual todos têm deveres [...] e a subordinação do indivíduo a esses deveres;

b) a crença de que o [...] grupo é vítima, sentimento esse que justifica qualquer ação, sem limites jurídicos
ou morais, contra seus inimigos, tanto internos quanto externos;

c) o pavor à [...] influência [...] do liberalismo [...], dos conflitos de classe e das influências estrangeiras;

d) a necessidade da autoridade de chefes [...] (sempre de sexo masculino), culminando num comandante
nacional, [...] capaz de encarnar o destino histórico do grupo; [...]

e) a beleza da violência e a eficácia da vontade, sempre que voltadas para o êxito do grupo;

f) o direito do povo eleito de dominar os demais, sem restrições provenientes de qualquer tipo de lei
humana ou divina [...].

O fascismo na Itália

Após o fim da Primeira Guerra, a Itália amargava grandes perdas materiais e humanas e devia somas
elevadas aos banqueiros norte-americanos e ingleses. O desemprego, que já era alto, aumentou ainda mais
com a volta de 2 milhões de soldados; além disso, muitos italianos reclamavam de o seu país não ter ganho
territórios, apesar de ter lutado na guerra ao lado dos vencedores.

Tirando proveito dessa situação, o ex-combatente


Benito Mussolini fundou, em 1919, os fasci italiani di
combattimento, organização que deu origem ao
movimento e ao partido fascista.

Uma característica importante do fascismo é o


nacionalismo extremado. Os fascistas defendiam a
necessidade de uma nação forte, unida, sem lutas de
classes, a fim de que a Itália revivesse as glórias do antigo
Império Romano. O líder máximo do fascismo na Itália foi
Benito Mussolini.

A marcha sobre Roma

O fascismo italiano cresceu rapidamente com base


no apoio de grandes empresários assustados com o
crescimento dos socialistas e comunistas nas eleições
parlamentares italianas. Esses empresários começaram a ver no movimento fascista o único meio de manter
a ordem social que os favorecia.
Em 1921, fortalecido, o movimento fascista transformou-se em um partido político, o Partido
Nacional Fascista e, em poucos meses, já contava com 300 mil integrantes obedientes ao Dulce (chefe)
Benito Mussolini.

No ano seguinte, aproveitando-se de uma greve geral deflagrada por comunistas e socialistas,
Mussolini ameaçou: ou o governo italiano restabelecia a ordem ou os fascistas o fariam. Percebendo que o
rei italiano fraquejava, Mussolini planejou e comandou o assalto ao poder. Em 1922, liderou a Marcha sobre
Roma: milhares de fascistas provenientes de várias partes da Itália invadiram a capital para exigir o poder.
Pressionado, o rei da Itália, Vittorio Emanuelle III, convidou Mussolini para o cargo de primeiro-ministro –
o chefe do governo italiano.

O governo de Mussolini

No poder, Mussolini evitava conflitos com seus adversários, mas, às escondidas, incentivava o vale-
tudo. Fortalecido com o apoio que o rei lhe dava, Mussolini implantou uma brutal ditadura: suprimiu todos
os partidos de oposição, conservando apenas o Partido Nacional Fascista; fechou jornais; mandou prender
centenas de jornalistas; criou uma política secreta, a OVRA, que perseguia, prendia e assassinava os
adversários.

Mussolini não usou apenas a força, recorreu também a aliança com a Igreja Católica e à propaganda
de massas para se conservar no poder. Buscando legitimar seu poder, Mussolini assinou um acordo com o
Papa Pio XI, em 1929, o Tratado de Latrão, pelo qual reconhecia o Vaticano com Estado independente. Em
compensação, obtinha o apoio de parte das autoridades católicas. Situado dentro da cidade de Roma, o
Estado do Vaticano possui apenas cerca de 0,5 quilômetros quadrados e é dirigido pela Igreja católica.

Para combater efeitos da Grande Depressão, o Estado fascista interveio na economia, favorecendo
as grandes empresas e bancos. Essa política beneficiou as elites e a classe média.

O Nazismo na Alemanha: Partido e ideologia

O aprofundamento da crise favoreceu, por um lado, o crescimento de socialistas e comunistas nas


eleições; por outro, abriu caminho para o surgimento de partidos que prometiam soluções rápidas e
“mágicas”. Um desses partidos foi o Partido Nazista, fundado em 1919, ano em que admitiu em suas fileiras
o ex- cabo Adolf Hitler.

Falando ao público, Hitler culpava os políticos liberais pela


derrota da Alemanha na guerra e pelas condições
humilhantes impostas ao país pelo Tratado de Versalhes.
Dizia também que o povo alemão era “superior aos demais e,
apesar disso, estava entregue aos pontapés do resto do
mundo”. Com esse discurso inflamado e demagógico Hitler
tornou-se, em pouco tempo, o líder absoluto do Partido
Nazista.

Em 1920, o Partido Nazista criou as SA – Tropas de Assalto -


, encarregadas de eliminar fisicamente seus adversários
políticos. Três anos depois, Hitler tentou a tomada do poder
por meio de um golpe de Estado na cidade alemã de Munique,
mas fracassou e foi preso. Na cadeia, ele produziu boa parte
do livro Mein Kampf (Minha Luta) contendo os princípios básicos do nazismo. São eles:

• A superioridade da “raça ariana”: “raça pura” da qual provinha os alemães, que era superior a todas
as outras
• Antissemitismo – ódio aos judeus: justificavam seu ódio aos judeus dizendo que eles haviam
contaminado a “raça ariana” e para “purifica-la” os judeus deveriam ser exterminados.

• Necessidade de um espaço vital: os alemães precisavam conquistar territórios de outras nações,


afim de se realizarem plenamente.

Hitler no poder

No início da gestão de Hitler, os nazistas conseguiram uma maioria no Parlamento nas eleições
parlamentares de 1933.

No poder, Adolf Hitler implantou uma das mais cruéis ditaduras da história da humanidade. Os nazistas
queimaram livros, demitiam democratas e comunistas de seus empregos e perseguiam os judeus (estes
foram proibidos de namorar, casar ou manter relações sexuais com os alemães). Em 1934, com a morte de
Von Hindenburg, Hitler assumiu a presidência com o título de Führer (guia, condutor) e, no governo, não
cumpre nenhuma de suas muitas promessas: os salários são congelados, a reforma agrária ficou só no papel
e os trustes ganharam maior liberdade. Magnatas, como os do grupo alemão Krupp, aderiram ao nazismo.
Então, Hitler e seus auxiliares intensificaram a propaganda e a violência física contra os adversários.

• Na política externa, a Alemanha nazista aliou-se a Itália fascista em 1936, ano em que, por
intensa pressão de Hitler, a capital alemã sediou os Jogos Olímpicos. E é claro que a intenção do
Führer naqueles jogos era a de comprovar a superioridade alemã.

• No campo econômico, o nazismo desenvolveu as indústrias de base (ferro, aço, máquinas),


investiu em obras públicas e estimulou as fábricas de armas, diminuindo assim o desemprego.

• As ideias nazifascistas ganharam seguidores em várias partes do mundo, como Espanha,


Portugal e Brasil.

Movimentos fascistas em outros países

Na Espanha, o impacto da Grande Depressão gerou forte insatisfação popular e favoreceu a queda
da monarquia e a proclamação da república, em 1931. Grupos da elite e das camadas médias se uniram e
formaram a Falange, partido fascista que também usava a violência para combater e eliminar os
adversários. Socialistas e comunistas se aliaram aos republicanos e formaram a Frente Popular, que venceu
as eleições em 1936.

Os fascistas, liderados pelo General Francisco Franco, reagiram pegando em armas e dando início
a uma sangrenta guerra civil. As forças de Franco, apoiadas por Hitler e Mussolini, venceram e o general
franco instalou na Espanha o franquismo, uma brutal ditadura.

Outro exemplo de fascismo foi o salazarismo, nome pelo qual ficou conhecida a ditadura instalada
em Portugal pelo professor de economia Antônio de Oliveira Salazar, entre 1933 a 1974.

No Brasil, os ideais fascistas inspiraram a criação da Ação Integralista Brasileira, cujo chefe supremo
era o escritor e jornalista Plínio Salgado.

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