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A Crise na Europa

Crise de 1929

A Crise de 1929 foi um abalo econômico que teve início nos Estados Unidos logo após
a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. O capitalismo internacional foi alvo dessa
crise e marcou a decadência do liberalismo econômico.

O republicano Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente em 1933, apresentando o


chamado New Deal como solução para a crise, ou seja, maior participação do Estado
na economia. A crise teve impacto na economia e na sociedade mundial. No Brasil, a
produção cafeeira entrou em colapso, e a oligarquia que estava no poder foi
enfraquecida, abrindo espaço para a Revolução de 1930.

Resumo sobre a Crise de 1929

 A Crise de 1929 foi um abalo no sistema capitalista internacional e marcou a


decadência do liberalismo econômico.
 Logo após o final da Primeira Guerra Mundial (1914–1918), os Estados Unidos
se tornaram a maior potência capitalista do mundo.

 A crise começou com a Quebra da Bolsa de Valores de Nova York, dissolvendo


toda a euforia que caracterizou a década de 1920 nos Estados Unidos.

 Uma das principais consequências da crise foi o agravamento dos problemas


sociais, como o aumento da pobreza entre os norte-americanos.

 Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente, apresentando como solução o


New Deal, ou seja, maior intervenção do Estado na economia para salvar o país
da crise.

 No Brasil, a crise desvalorizou o preço do café, enfraqueceu a oligarquia que


estava no poder e abriu espaço para a Revolução de 1930.

Antecedentes da Crise de 1929

Com o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a Europa estava arrasada por
conta do conflito. Por outro lado, os Estados Unidos se tornaram a maior potência
capitalista, e sua liderança começou a ser reconhecida no mundo todo.
Enquanto os europeus começavam a década de 1920 tentando se reconstruir, os
americanos estavam em um momento de prosperidade e bonança. Começava o
período de euforia, com crescimento econômico motivado pela superprodução e pelo
consumo desenfreado. A expansão do crédito facilitava esse cenário de prosperidade.

Se até a Primeira Grande Guerra a Europa era o modelo a ser seguido pelo mundo, os
Estados Unidos assumiram esse posto na década de 1920. Surgia o American Way
of Life, isto é, o “jeito americano de se viver”, que se tornou o padrão na busca por
felicidade. A família de classe média dos Estados Unidos se tornou o molde almejado.
O consumo de eletrodomésticos, a exaltação do prazer e a sensação de que aquela
euforia seria eterna marcaram esse novo jeito de se viver.

A Europa sozinha não conseguiria ser reconstruída após a guerra. Por conta disso, os
Estados Unidos emprestaram enorme quantidade de dinheiro para que os países
europeus assim fizessem. A economia norte-americana estava em tamanha
ascensão que não era cobrado dos europeus o pagamento do empréstimo concedido.
Esse “boom” econômico fez com que o norte-americano começasse a investir seu
dinheiro no mercado financeiro, aumentando a especulação monetária.

As ações das empresas na Bolsa de Valores tiveram aumento significativo. Os


investidores compravam essas ações para depois revendê-las, dando a sensação de
prosperidade, o que não correspondia à realidade.

Nessa época, quem estava no poder nos Estados Unidos era o Partido Republicano.
Os presidentes, até então, adotavam o liberalismo econômico e o princípio da não
intervenção do Estado na economia. Dessa forma, as ações na bolsa de valores não
eram fiscalizadas pelo governo, permitindo que o mercado conduzisse sozinho as
atividades financeiras.

Além disso, o crédito concedido para os consumidores internos e para os países


europeus se reconstituírem não era regulado, ou seja, o dinheiro era oferecido sem
nenhuma condição de pagamento.

Causas da Crise de 1929

As principais causas da Crise de 1929 foram:

 manutenção do ritmo acelerado da produção norte-americana, desprezando a


dinâmica do consumo;
 concessão de crédito sem nenhuma garantia de retorno do dinheiro emprestado;
 especulação financeira;
 falsa sensação de prosperidade, que camuflava a real situação financeira do
país.

Quebra da Bolsa de Valores de Nova York

O dia 24 de outubro de 1929 entrou para a história como a Quinta Feira Negra,
pois foi quando a economia norte-americana quebrou. Neste dia, os investidores
colocaram 12 milhões de ações à venda, o que gerou pânico no mercado financeiro.

Nos dias seguintes, esse movimento de venda de ações só aumentou, o que gerou a
desvalorização dessas ações. Era o fim do período de prosperidade e euforia para
os Estados Unidos. Não demoraria para que a crise se alastrasse pelo país inteiro,
colocasse na pobreza quem passou os últimos anos consumindo exacerbadamente e
levasse o caos econômico e social para o mundo todo.

Consequências da Crise de 1929

As principais consequências da Crise de 1929 foram:

 queda nos números de importação e exportação dos Estados Unidos;


 redução do PIB norte-americano;
 diminuição dos empréstimos internacionais;
 decrescimento da produção industrial;
 falência de empresas e bancos.

Ao diminuir os empréstimos internacionais, os Estados Unidos deixaram de investir


na recuperação europeia. Isso fez com que a crise atravessasse o Atlântico e
chegasse à Europa, afundando o continente em uma grave recessão econômica. Com
a economia em crise, o desemprego aumentou, o que motivou greves e manifestações
sociais.

Os industriais europeus começaram a financiar grupos extremistas, como os


fascistas liderados por Benito Mussolini, na Itália, e os nazistas, na Alemanha, sob o
comando de Adolf Hitler, para manter a todo custo a ordem social e conter as greves e
revoltas que se tornaram uma constante nas ruas das principais cidades da Europa.

Em 1933, Franklin Delano Roosevelt chegou ao poder com a promessa de


solucionar a crise que afundou a economia americana e deixou milhões na pobreza.
Com o New Deal, o democrata pretendia fazer o caminho inverso dos seus
antecessores.
Com o liberalismo em crise, a solução foi que o Estado intervisse diretamente na
economia, com a fiscalização das atividades bancárias e a construção de obras
públicas para gerar emprego àqueles que estavam desempregados por conta da crise.

EUA : Maior Potência


Atualmente os Estados Unidos são considerados a principal potência do mundo, mas
essa condição alcançada não ocorreu repentinamente, foram necessários vários
fatores para que este se consolidasse como uma das nações mais importantes do
planeta.

As raízes do crescimento econômico norte-americano foram fundamentais para o seu


desenvolvimento. Foram menos de quatro séculos para que os EUA passassem da
condição de colônia para superpotência, um dos motivos para essa transformação
rápida foi a ascensão econômica no sul, que tinha como principal atividade a produção
monocultora, pois o sul possui clima de características tropicais favoráveis ao cultivo, já
no norte as atividades eram distintas, esse apresenta clima temperado, no sul a
economia era voltada para o comércio, possuía os principais centros urbanos, surgiram
as primeiras indústrias e instituições financeiras.

Os EUA contavam com diversos recursos naturais que eram extremamente


importantes para as indústrias que estavam surgindo no nordeste, isso desencadeou
vários avanços. Esses impulsionaram a aceleração comercial como a expansão do
mercado interno que gerou prosperidade econômica, maciços investimentos em
mineração no século XIX, aumentando ainda mais a produção.

No final do século XIX, a descoberta e a extração do petróleo deram novos rumos à


economia norte-americana, pois esse momento promoveu uma revolução nos
transportes, com a criação do automóvel pelo empresário Henry Ford. Esse criou um
novo modelo de produção na linha de montagem, e uma nova forma de ver o mercado,
para ele a produção deveria ser em massa, assim como o consumo, o trabalhador
deveria ter momentos de descanso para poder consumir os produtos das indústrias.

A ascensão da economia norte-americana deve-se principalmente pela intensa


acumulação de capital ocorrida na segunda metade do século XIX.
No início do século XX, o país já possuía grandes empresas que detinham os
monopólios do petróleo, aço, automóveis e ferrovias.

O crescimento da economia norte-americana também foi propiciado por


acontecimentos históricos como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945) momento em que a Europa se encontrava em
reconstrução, então os EUA forneceram empréstimos e mercadorias, resultando num
gigantesco crescimento do PIB e se consolidando definitivamente como a maior
potência mundial.

A expansão das multinacionais e do comércio ocorreu a partir da segunda metade do


século XX, as multinacionais norte-americanas dominaram ainda mais o processo de
acumulação de capitais, os investimentos nas multinacionais ocorreram primeiramente
em países europeus e depois em mercados em expansão como os países
subdesenvolvidos.

As primeiras multinacionais norte-americanas foram GENERAL MOTORS E FORD,


TEXACO e ESSO, COCA-COLA, NABISCO, JOHNSON & JOHNSON e GILLETE. A
expansão das multinacionais norte-americanas no mercado internacional intensificou o
ritmo de crescimento econômico, foi grande gerador de fluxos de mercadorias, hoje o
comércio externo americano corresponde a 16% do total mundial, o país mantêm
relações comerciais com grande parte das nações.

Cria dos Sociedade das Nações


Sociedade das Nações (do Francês, Société des Nations), também conhecida como
Liga das Nações (do Inglês, League of Nations), foi uma organização internacional,
idealizada em 28 de abril de 1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as
potências vencedoras da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um
acordo de paz. Sua última reunião ocorreu em abril de 1946.

Um dos pontos do amplo tratado referiu-se à criação de uma organização internacional,


cujo papel seria o de assegurar a paz. Em 28 de junho de 1919, foi assinado o Tratado
de Versalhes, que na sua I Parte estabelecia a Sociedade das Nações, cuja Carta foi
nessa data assinada por 44 Estados. O Conselho da Sociedade das Nações reuniu-se
pela primeira vez em Paris no dia 16 de janeiro de 1920, seis dias depois da entrada
em vigor do Tratado de Versalhes. A sede da organização passou em novembro de
1920 para a cidade de Genebra, na Suíça. Em setembro de 1939, Adolf Hitler, o ditador
nazista da Alemanha, desencadeou a Segunda Guerra Mundial. A Liga das Nações,
tendo fracassado em manter a paz no mundo, foi dissolvida. Estava extinta por volta de
1942. Porém, em 18 de abril de 1946, o organismo passou as responsabilidades à
recém-criada Organização das Nações Unidas, a ONU.

Sua criação foi baseada na proposta de paz conhecida como Quatorze Pontos, feita
pelo presidente estadunidense Woodrow Wilson, em mensagem enviada ao Congresso
dos Estados Unidos em 8 de janeiro de 1918. Os Quatorze Pontos propunham as
bases para a paz e a reorganização das relações internacionais ao fim da Primeira
Guerra Mundial, e o pacto para a criação da Sociedade das Nações constituíram os 30
primeiros artigos do Tratado de Versalhes.
Curiosamente, com a recusa do Congresso estadunidense em ratificar o Tratado de
Versalhes, os Estados Unidos não se tornaram membro do novo organismo. Eram
cinco membros permanentes e seis rotativos, tendo estes o mandato vencido em três
anos, com a possibilidade de reeleição.

Membros

Durante as negociações na Conferência de Paz de Paris, foi incluída na primeira parte


do Tratado de Versalhes a criação da Liga. Os países integrantes originais eram 32
membros do anexo ao Pacto e 13 dos estados convidados para participar, ficando
aberto o futuro ingresso aos outros países do mundo. As exceções foram Alemanha,
Turquia e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.). Estava permitindo,
desse modo, o Reino Unido, bem como o seu ingresso e o de seus domínios e
colônias, como o exemplo dos Domínios Britânicos (Índia, África do Sul, Austrália e
Nova Zelândia).

Uma série de problemas ocorreu no começo: o descaso do Senado dos Estados


Unidos em aprovar o Tratado produziu o primeiro atrito da sociedade, desvinculando-se
nessa ocasião uma das principais potências mundiais do pós-guerra a muito que pesar
por parte do presidente Woodrow Wilson. A U.R.S.S. deu o caráter revolucionário de
seu regime, que fomentou a criação de um círculo sanitário para evitar a propagação
da revolução bolchevique e o tardio reconhecimento diplomático ao novo regime. Estes
países foram incorporados posteriormente: Alemanha, por meio do Tratado de Locarno,
em outubro de 1925 (que permitiu seu ingresso como membro da Sociedade em
setembro de 1926), Turquia e a União Soviética em 1934. Os Estados Unidos nunca se
incorporaram à Sociedade; apenas a seus organismos afiliados.

A SDN (Sociedade das Nações) foi uma prefiguração da atual ONU (Organização das
Nações Unidas).[1]

Principais órgãos

A Liga tinha quatro órgãos principais, um Secretariado (chefiado pelo Secretário-Geral,


e com sede em Genebra), um Conselho, uma Assembleia e um Tribunal Permanente
de Justiça Internacional.[8] A Liga também teve inúmeras agências e comissões.
Autorização para qualquer ação exigia uma votação por unanimidade pelo Conselho,
além de uma maioria de votos na Assembleia.

Secretariado e Assembleia

A equipe do secretariado da Liga era encarregada de preparar a agenda para o


Conselho e Assembleia e de publicar relatórios das reuniões e outras questões
rotineiras, atuando efetivamente como funcionários da Liga. O secretariado foi muitas
vezes considerado demasiado pequeno para tratar todos os assuntos administrativos
da Liga. A Assembleia da Liga das Nações era uma reunião de todos os Estados-
Membros, na qual a cada estado era permitido até três representantes e um voto. [9] A
Assembleia se reunia em Genebra e, após as suas primeiras sessões, em 1920, [10] as
sessões passaram a ser realizadas uma vez por ano, em setembro. [9]

Conselho

O Conselho da Liga atuava como um tipo de poder executivo dirigindo os assuntos da


Assembleia.[11] Começou com quatro membros permanentes: Inglaterra, França, Itália,
Japão; e quatro membros não permanentes, que eram eleitos pela Assembleia por um
período de três anos.[12] Os primeiros membros não permanentes foram Bélgica, Brasil,
Grécia e Espanha. Os Estados Unidos seriam o quinto membro permanente, mas o
Senado dos Estados Unidos votou em 19 de março de 1920 contra a ratificação do
Tratado de Versalhes, impedindo assim a participação estadunidense na Liga.

A composição do Conselho foi alterada várias vezes, posteriormente. O número de


membros não permanentes primeiro foi aumentado para seis em 22 de setembro de
1922, e depois para nove, em 8 de setembro de 1926. Werner Dankwort da Alemanha
promoveu a entrada de seu país na Liga, obtida em 1926. A Alemanha tornou-se o
quinto membro permanente do Conselho, fazendo com que o Conselho atingisse um
total de quinze membros. Mais tarde, depois de Alemanha e Japão deixarem a Liga, o
número de assentos não-permanentes foi aumentado de nove para onze.

O Conselho reunia-se, em média, cinco vezes por ano, e ainda em sessões


extraordinárias, quando necessário. No total, 107 sessões públicas foram realizadas
entre 1920 e 1939.

Outros organismos

A Liga das Nações supervisionava o Tribunal Permanente de Justiça Internacional e


várias outras agências e comissões criadas para lidar com os questões internacionais
relevantes, como a Comissão de Desarmamento, a Organização de Saúde, a
Organização Internacional do Trabalho, a Comissão de Mandatos, a Comissão
Internacional de Cooperação Intelectual (precursora da UNESCO), o Conselho Central
Permanente do Ópio, a Comissão para Refugiados, e a Comissão de Escravatura.
Várias dessas instituições foram transferidas para a Nações Unidas após a Segunda
Guerra Mundial: a Organização Internacional do Trabalho, o Tribunal Permanente de
Justiça Internacional (como o Tribunal Internacional de Justiça), e a Organização de
Saúde (reestruturada como o Organização Mundial de Saúde) todas se tornaram
instituições das Nações Unidas.

Organização de Saúde

A Organização de Saúde da Liga tinha três órgãos: um Gabinete de Saúde, contendo


funcionários permanentes da Liga; uma seção executiva; o Conselho Geral, composto
por médicos peritos; e um Comitê de Saúde. O Comitê tinha por objetivo conduzir
pesquisas, supervisionar o funcionamento dos projetos de saúde da Liga, e preparar as
propostas a serem apresentadas ao Conselho. [13] Este organismo concentrava-se na
erradicação da lepra, da malária e da febre amarela, estas duas últimas, por meio de
uma campanha internacional para exterminar os mosquitos transmissores. A
Organização Mundial da Saúde também trabalhou com sucesso com o governo da
União Soviética para impedir epidemias de tifo, incluindo a organização de uma grande
campanha educacional sobre a doença. [

Organização Internacional do Trabalho

Em 1919, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada como parte do


Tratado de Versalhes e tornou-se parte das operações da Liga.[15] Seu primeiro diretor
foi Albert Thomas.[16] A OIT restringiu com sucesso o uso de chumbo em pigmentos,[17]
e convenceu vários países a adotarem uma jornada de oito horas de trabalho por dia, e
quarenta e oito horas de trabalho semanal. Também trabalhou na erradicação do
trabalho infantil, no aumento dos direitos da mulher no local de trabalho, e na
responsabilização dos proprietários de embarcações pelos acidentes envolvendo
marinheiros.[15] A organização continuou a existir depois do fim da Liga, e tornou-se
uma agência das Nações Unidas em 1946.[18]

Conselho Central Permanente do Ópio

A Liga pretendia regulamentar o comércio de drogas e estabeleceu o Conselho Central


Permanente do Ópio para fiscalizar o sistema de controle estatístico introduzido pela
segunda Convenção Internacional do Ópio que mediava a produção, manufatura,
comércio e varejo de ópio e de seus subprodutos. O conselho também estabeleceu um
sistema de certificados de importação e autorizações de exportação para o comércio
lícito de narcóticos.

Comissão de Escravatura

A Comissão procurou erradicar a escravidão e o comércio de escravo em todo o


mundo, e combateu a prostituição forçada.[19] Seu principal êxito veio através da
pressão aos governos que administravam países por mandatos para eliminar a
escravidão nessas localidades. A Liga firmou um compromisso com a Etiópia para
eliminar a escravidão como condição de adesão, em 1926, e trabalhou com a Libéria
para abolir o trabalho forçado e a escravidão inter-tribal.[19] Promoveu a emancipação
de 200 mil escravos na Serra Leoa e organizou investidas contra negociantes de
escravos em seus esforços para pôr fim à prática do trabalho forçado na África.
Também conseguiu reduzir a mortalidade de trabalhadores da construção da ferrovia
de Tanganica (na atual Tanzânia), de 55% para 4%. Mantinha registros de controle da
escravidão, da prostituição e do tráfico de mulheres e crianças. [20]

Comitê para os Refugiados

Liderado por Fridtjof Nansen, o Comitê para os Refugiados cuidou dos interesses dos
refugiados, inclusive supervisionando sua repatriação e, quando necessário, seu
reassentamento.[21] No fim da Primeira Guerra Mundial, havia entre dois e três milhões
de ex-prisioneiros de guerra espalhados por toda a Rússia, [21] e em cerca de dois anos
de fundação, em 1920, o Comitê havia ajudado 425 mil deles a voltar para casa. [22]
Estabeleceu campos na Turquia em 1922 para ajudar o país em uma crise de
refugiados que estava enfrentando, ajudando a prevenir a doença e a fome. Também
criou o passaporte Nansen como um meio de identificação para os apátridas.[23]

Comitê para o Estudo do Estatuto Jurídico da Mulher

O Comitê para o Estudo do Estatuto Jurídico da Mulher procurou fazer uma pesquisa
sobre o estatuto das mulheres em todo o mundo. Foi formado em abril de 1938, e
dissolvido no início de 1939. Entre os membros da comissão estavam P. Bastid
(França), de Ruelle (Bélgica), Anka Godjevac (Iugoslávia), HC Gutteridge (Grã-
Bretanha), Kerstin Hesselgren (Suécia), Dorothy Kenyon (Estados Unidos), Paul M.
Sebastyen (Hungria) e o secretário Hugh McKinnon Wood (Grã-Bretanha).

Poderes Mandatários

Os territórios eram governados por "Poderes Mandatários", como o Reino Unido, no


caso da Mandato da Palestina e a União da África do Sul, no caso de Sudoeste
Africano, até que os territórios fossem considerados capazes de auto-governo.
Existiram catorze territórios sob mandato divididos entre os seis Poderes Mandatários
do Reino Unido, França, Bélgica, Nova Zelândia, Austrália e Japão. Com exceção do
Iraque, que aderiu à Liga em 3 de outubro de 1932, estes territórios não começariam a
conquistar sua independência até depois da Segunda Guerra Mundial, em um processo
que não terminou antes de 1990. Após o desaparecimento da Liga, a maioria dos
mandatos remanescentes se transformou em Protetorados das Nações Unidas.

Além dos mandatos, a própria Liga governou o Sarre por quinze anos, antes de ser
devolvido à Alemanha após um plebiscito, além da Cidade Livre de Danzig (atual
Gdańsk, Polônia) de 15 de novembro de 1920 a 1 de setembro de 1939.

Resolução de disputas territoriais

O fim da I Guerra Mundial trouxe muitas questões a serem resolvidas entre as nações,
incluindo a posição exata das fronteiras nacionais e a que país determinadas regiões
seriam anexadas. A maioria destas questões foram manipuladas pelos Aliados, que
saíram vitoriosos da guerra, em organismos como o Conselho Supremo dos Aliados.
Os Aliados buscavam resolver as questões particularmente difíceis para a Liga. Disto
resultou que, durante os três primeiros anos da década de 1920, a Liga desempenhou
pequeno papel na resolução do tumulto gerado pela guerra. As questões que a Liga
considerou em seus primeiros anos foram as designadas pela Conferência de Paz de
Paris (1919).[25]

Com o desenvolvimento da Liga, seu papel foi expandido, e até meados de década de
1920, ela se tornou o centro da atividade internacional. Esta mudança pode ser
observada na relação entre a Liga e os não-membros. Os Estados Unidos e a Rússia,
por exemplo, passaram a trabalhar cada vez mais com a Liga. Durante a segunda
metade dos anos 1920, a França, a Grã-Bretanha e Alemanha estavam todas
utilizando a Liga das Nações como foco para sua atividade diplomática e seus
respectivos ministros do exterior participaram de reuniões da Liga em Genebra, durante
este período. Eles também utilizaram os mecanismos da Liga para tentar melhorar
suas relações e resolver suas diferenças.[26] Apesar das críticas, a liga teve muito
sucesso na resolução de vários conflitos, dentre os quais o da Alta Silésia, da fronteira
greco-búlgara, a questão da crise de refugiados da Guerra Greco-Turca de 1919-1922,
o do Território de Memel e do conflito entre Suécia e Finlândia em torno das Ilhas
Åland.

Alta Silésia

As Forças Aliadas encaminharam o problema da Alta Silésia para a Liga após terem
falhado em resolver a disputa territorial.[28]

Após a Primeira Guerra Mundial, a Polônia reivindicou a Alta Silésia, que tinha sido
parte de Prússia. O Tratado de Versalhes havia recomendado um plebiscito na região
para determinar se o território deveria ser parte da Alemanha ou da Polônia. Queixas
sobre a atitude das autoridades alemãs levaram a manifestações e, culminaram nos
dois primeiros levantes silesianos (1919 e 1920). Um plebiscito foi realizado em 20 de
março de 1921 com 59,6% dos votos (cerca de 500 mil) a favor da adesão à Alemanha,
mas a Polônia alegou que as circunstâncias do referendo eram injustas. Esse resultado
levou ao terceiro levante silesiano, em 1921.[29]

Em 12 de agosto de 1921, a Liga foi chamada para resolver a questão, e o Conselho


criou uma comissão com representantes de Bélgica, Brasil, China e Espanha para
estudar a situação.[30]

A comissão recomendou que a Alta Silésia deveria ser dividida entre a Polônia e a
Alemanha, de acordo com as preferências indicadas no plebiscito e que os dois lados
deveriam decidir os detalhes da interação entre as duas áreas. Por exemplo, se as
mercadorias deveriam passar livremente através da fronteira, devido à
interdependência econômica e industrial das duas áreas. [31]

Em novembro de 1921 uma conferência foi realizada em Genebra para negociar uma
convenção entre a Alemanha e a Polônia. Um acordo final foi alcançado, após cinco
sessões, em que a maior parte da área era dada à Alemanha, mas com a seção
polonesa abrangendo a maioria dos recursos minerais e boa parte de sua indústria.
Quando este acordo veio a público em maio de 1922, a Alemanha expressou um
amargo ressentimento, mas o tratado ainda seria ratificado por ambos os países. A
solução apaziguou a região até as vésperas da Segunda Guerra Mundial.[30]
Albania

As fronteiras da Albânia não haviam sido definidas durante a Conferência de Paz de


Paris (1919), ficando a cargo da Liga a sua decisão, mas ainda não tinha sido
determinada até setembro de 1921. Isto criou uma situação instável, com as tropas
gregas repetidamente invadindo o território albanês, em operações militares no sul e
forças da Iugoslávia ocuparam a parte setentrional do país após confrontos com tribos
albanesas. A Liga enviou uma comissão de representantes de várias potências para a
região e, em novembro de 1921, decidiu que as fronteiras da Albânia deveriam ser as
mesmas de 1913 com três pequenas alterações que favoreceram a Iugoslávia. Forças
iugoslavas retiraram-se após algumas semanas mais tarde, não obstante alguns
protestos.[32]

As fronteiras da Albânia novamente tornar-se-iam causa de conflito internacional


quando o general italiano Enrico Tellini e quatro de seus assistentes foram
emboscados e mortos em 24 de agosto de 1923, enquanto assinalavam a nova
fronteira, recentemente restabelecida entre a Grécia e a Albânia. O episódio irritou o
líder italiano Benito Mussolini, que exigiu a criação de uma comissão para investigar o
incidente e que as suas investigações deveriam ser concluídas dentro de cinco dias.
Mussolini insistia que o governo grego deveria pagar à Itália cinquenta milhões de liras
por reparações, independentemente dos resultados do inquérito. Os gregos disseram
que não iriam pagar, a menos que fosse provado que o crime fora cometido pelos
gregos.[33]

Mussolini enviou um navio de guerra para bombardear a ilha grega de Corfu e forças
italianas ocuparam a ilha em 31 de agosto de 1923. Isto violava o tratado da Liga,
então a Grécia recorreu para a Liga para resolver a situação. Os Aliados, porém,
concordaram (por insistência do Mussolini), que a Conferência de Embaixadores
deveria ser responsável para resolver o litígio, uma vez que foi a conferência que tinha
nomeado o general Tellini. O Conselho da Liga analisou a disputa, mas, em seguida,
passou suas conclusões ao Conselho dos Embaixadores para que este tomasse a
decisão final. A Conferência aceitou a maior parte das recomendações da Liga
forçando a Grécia a pagar cinquenta milhões liras à Itália, embora os autores do crime
nunca tenham sido descobertos.[34] Mussolini pôde deixar Corfu em triunfo.

Deficiências gerais

O surgimento da Segunda Guerra Mundial demonstrou que a Liga tinha falhado no seu
objetivo primário, que era o de evitar uma futura guerra mundial. Houve uma variedade
de razões para o fracasso, muitas ligados às deficiências gerais dentro da organização.

Origens e estrutura

As origens da Liga como organização criada pelas Forças Aliadas como parte do
acordo de paz para pôr fim à Primeira Guerra Mundial fez com que fosse vista como
uma "liga dos vitoriosos".[35][36] Esse fato também vinculou a Liga ao Tratado de
Versalhes, de modo que quando o Tratado foi desacreditado e tornou-se impopular,
isto refletiu na Liga das Nações.

A suposta neutralidade da Liga costumava manifestar-se como indecisão. Era


necessária uma votação unânime de seus nove e, mais tarde, quinze, membros do
Conselho para aprovar uma resolução, e portanto, uma ação conclusiva e eficaz era
difícil, se não impossível. Também era lenta em chegar às decisões, já que certas
questões precisavam de consentimento unânime de toda a assembleia. Este problema
resultava essencialmente do fato de que os principais membros da Liga das Nações
não estavam dispostos a aceitar a possibilidade de que seu destino fosse decidido por
outros países e, por meio da exigência da votação por unanimidade, davam a si
mesmo o poder de veto.

Desaparecimento e legado

Quando a situação na Europa se encaminhava para a guerra, a Assembleia delegou ao


Secretário-Geral em 30 de setembro de 1938 e 14 de dezembro de 1939 o poder de
permitir a existência legal da Liga e a sua continuidade em operações menores. [37] A
sede da Liga, o Palácio da Paz, permaneceu vazio durante quase seis anos, até o fim
da Segunda Guerra Mundial.[38]

Na Conferência de Teerã, em 1943, as Forças Aliadas concordaram em criar um novo


órgão para substituir a Liga: as Nações Unidas. Muitos órgãos da Liga, como o
Organização Internacional do Trabalho, continuaram a funcionar e, posteriormente,
foram absorvidos pela ONU.[18] A estrutura da Organização das Nações Unidas foi
projetada para ser mais eficaz do que a Liga.

A última reunião da Liga das Nações foi realizada em abril de 1946, em Genebra.
Delegados de 34 nações participaram da assembleia. [39] Esta sessão concentrou-se na
liquidação da Liga: ativos no valor de aproximadamente 22 milhões de dólares em
1946,[40] incluindo o Palácio da Paz e os arquivos da Liga, foram doados para a ONU,
fundos de reserva foram devolvidos para as nações que lhes havia fornecido, e as
dívidas da Liga foram liquidadas.[39] Robert Cecil resumiu o sentimento da reunião durante um
discurso para a assembleia final quando disse:

“ Permitam-nos ressaltar que a agressão, onde quer que ocorra e mesmo que ”
possa ser defendida, é um crime internacional, que é dever de todas as nações
que amam a paz ressentir-lo e empregar a força que for necessária para
impedi-la, e que o mecanismo da Carta, não menos do que o mecanismo do
Tratado, é suficiente para esse efeito, se adequadamente utilizado, e que todo
cidadão de bem de cada Estado deveria estar pronto para sofrer qualquer
sacrifício, a fim de manter a paz … Arrisco-me a afirmar aos meus ouvintes que
a grande obra da paz descansa não só sobre os estreitos interesses de nossos
próprios países, mas ainda mais sobre os grandes princípios de certo e errado,
dos quais dependem as nações, como os indivíduos.
A Liga está morta. Longa vida às Nações Unidas

A proposta que dissolveu a Liga foi aprovada por unanimidade: "A Liga das Nações
deixa de existir, exceto para efeitos de liquidação de seus negócios." [41] A proposta
também fixou a data para o fim da Liga como o dia seguinte ao encerramento da
sessão. Em 19 de abril de 1946, o Presidente da Assembleia, Carl J. Hambro da
Noruega, declarou "encerrada a vigésima primeira e última sessão da Assembleia
Geral da Liga das Nações".[40] Como resultado, a Liga das Nações deixou de existir em
20 de abril de 1946.[42]

O professor David Kennedy sugere que a Liga foi um momento único, quando os
assuntos internacionais foram "institucionalizados", em oposição aos métodos do
direito e da política anteriores à Primeira Guerra Mundial.[43] Os principais Aliados da
Segunda Guerra Mundial (o Reino Unido, a União Soviética, a França, os Estados
Unidos e a China) tornaram-se membros permanentes do Conselho de Segurança da
ONU; estas novas "Grandes Potências" assumiram significativa influência internacional,
assumindo o papel que era do Conselho da Liga. As decisões do Conselho de
Segurança da ONU são vinculativas a todos os membros da ONU, no entanto, não é
necessária a unanimidade nas decisões, ao contrário do Conselho da Liga. Aos
membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU também são conferidas
salvaguardas para proteger seus interesses vitais, o que tem impedido a ONU de atuar
decisivamente em muitos casos.

Do forma similar, a ONU não tem suas próprias forças armadas, mas tem tido mais
êxito do que a Liga ao convocação seus membros a contribuírem em intervenções
armadas, como durante a Guerra da Coreia e a missão de paz na ex-Iugoslávia. A
ONU, em alguns casos, tem recorrido a sanções econômicas. A ONU também tem sido
mais bem sucedida do que a Liga em atrair membros dentre as nações do mundo,
alcançado uma maior representatividade.

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