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1.

      INTRODUCÇÃO
2.      AÇÃO GEOLÓGICA DAS ÁGUAS DO MAR
2.1        Definição do Mar
3.      MOVIMENTOS E AÇÃO EROSIVA DAS ÁGUAS DO MAR
3.1        Ondas
3.2        Correntes Marinhas
3.2.1         Correntes de Superfície
3.2.2         Métodos de Observação e Determinação das Correntes
3.2.3         Procedimentos Simples de Determinação
3.2.4         Causas das Correntes Marinhas
3.2.5         Influência das Correntes Marinhas nos Climas
4.      TRANSPORTE DOS SEDIMENTOS MARINHOS
4.1        Linhas De Costa
5.      FORMAS LITORAIS DE EROSÃO E DEPOSIÇÃO
5.1        Processos Erosivos
5.2        Erosão Pluvial (Chuva)
5.3        Erosão Fluvial (Rios)
5.4        Erosão Marinha ou Abrasão Marinha
5.5        Erosão Glacial (Gelo)
5.6        Erosão Eólica (Ventos)
6.      FORMAS LITORAIS DE EROSÃO
6.1        Deposição
7.      CONCLUSÃO
8.      RECOMENDAÇÕES
9.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.      INTRODUCÇÃO

As zonas da faixa marinha caracterizam-se por uma intensa actividade geológica


provocada pelo mar. O movimento das ondas, a subida e descida rítmica do nível das águas
consequentes das marés e as correntes marinhas resultantes da moção das águas de um local
para o outro da superfície da Terra, provoca um profundo desgaste do material da superfície
continental em determinadas zonas costeiras e a sua deposição noutros locais, por vezes
muito distantes da sua origem. Com isto salientado, podemos observar que as acções
geológicas das águas do mar têm um papel no que concerne aos diversos fenómenos que
ocorrem na terra.

2.      AÇÃO GEOLÓGICA DAS ÁGUAS DO MAR

2.1  Definição do Mar

O conceito mar provém do latim mare e refere-se à massa de água salgada que cobre
grande parte da superfície terrestre, representada a azul no globo e no mapa terrestre.
Também se chama de mar a cada uma das partes em que se pode considerar que essa massa
de água está dividida (Mar Mediterrâneo, Mar Egeu, etc.).

Por outro lado, um mar é um lago de grande extensão. Nesses casos, costuma usar-se
a denominação de mar fechado ou interior pelo facto de não comunicar directamente com
nenhum oceano. O Mar Morto é um deles.

A título de comparação, pode-se dizer que o mar é uma extensão de água salgada
cuja extensão é menor que a do oceano. Contudo, alguns especialistas não fazem a distinção
entre o mar e o oceano.

Entre as diversas classificações dos mares, destacaremos os mares litorais ou


costeiros (os quais são grandes e bastante abertos, como é o caso do mar da Noruega), os
mares continentais (os quais se encontram dentro dos continentes e que comunicam com os
oceanos por um estreito de escassa profundidade. Por exemplo: o Mar Mediterrâneo) e os
mares interiores ou fechados (os referidos lagos de grande extensão, que ocupam depressões
endorreicas).

Muitas pessoas utilizam as palavras Mar e Oceano como se elas fossem sinónimas.
A confusão entre esses dois termos é compreensível, pois a diferença entre eles é muito
pequena, pois ambos referem-se a grandes extensões de águas salgadas.

A primeira e principal diferença básica entre mar e oceano é a sua extensão


territorial. Os oceanos ocupam grandes extensões e são delimitados por porções de terra (na
verdade, são as terras emersas que são delimitadas pelos oceanos), enquanto os mares são
bem menores e costumam ser delimitados pelos continentes em boa parte de suas entradas.

Outro aspecto importante para se notar é a profundidade. Os Oceanos são tão


profundos que até hoje o homem não conseguiu chegar e nem transportar um aparelho para a
localidade mais profunda deles, com milhares de metros. Por outro lado, os mares possuem
uma profundidade que costuma ficar em algumas centenas de metros.
Na verdade, a maioria dos mares faz parte dos Oceanos. Eles são justamente aqueles
trechos mais próximos dos acidentes geográficos terrestres, possuindo uma grande
importância para inúmeros povos. Um exemplo é o Mar Mediterrâneo, uma extensão do
Oceano Atlântico.

Existem três tipos principais de mares: os abertos, que são abertos e possuem uma
ampla ligação com os oceanos; os continentais, que possuem uma ligação muito restrita com
os oceanos, e os fechados, que se ligam às águas oceânicas apenas indirectamente (através de
canais e rios).

3.      MOVIMENTOS E AÇÃO EROSIVA DAS ÁGUAS DO MAR

Os oceanos, as montanhas, os vales submersos, os vulcões submarinos e muitas


espécies de rochas e sedimentos, desempenham um papel importante na modelação da crosta
terrestre.

As águas do mar estão em constante movimento, que se revela pelas ondas, marés e
correntes marinhas, provocando uma ação erosiva sobre os materiais sólidos com que entram
em contacto quer no fundo do mar quer na costa. Esta erosão é condicionada por alguns
factores, tais como: as ondas, as marés (que dependem da atração gravítica da Lua e do Sol) e
as correntes, bem como o tipo de rochas existentes no litoral, o levantamento ou a
subsidência das zonas costeiras e as variações do nível médio das águas do mar (que
condicionam as mudanças da linha de costa).
Os oceanos são grandes extensões de águas salgadas que banham os continentes e
cobrem a maior parte da terra. Reserva-se a designação mar aos golfos, bacias e porções
limitadas dos oceanos. A oceanografia é a ciência que se ocupa do estudo dos oceanos.

3.1  Ondas

As ondas são movimentos oscilatórios da superfície do mar produzida por qualquer


ação que perturbe as águas.

Dos movimentos das águas marinhas, as ondas constituem o principal meio de que o
mar se dispõe para desgastar o litoral sobre o qual actua por abrasão. No seu movimento, as
ondas são possuidoras de uma poderosa energia cinética (força hidráulica) principalmente
quando o mar esta agitado, que é capaz de destruir grandes massas rochosas, arrancando-lhes
fragmentos por vezes de grandes dimensões.

3.2  Correntes Marinhas

A imensa quantidade de água que cobre a superfície da Terra constitui a


característica mais impressionante e mais evidente do nosso planeta quando visto do espaço.
Por isso mesmo é muitas vezes chamado de «o Planeta da água». O vapor e as partículas
atmosféricas, embora formando nuvens bem visíveis, não representam senão uma ínfima
fração do seu volume total.
A maior parte da água faz parte dos oceanos, distribuindo-se a pequena percentagem
restante pelos lagos, rios e calotes glaciares, assim como pelos poros e anfractuosidades das
rochas.
A interação entre a água, a atmosfera e a superfície da Terra, dá origem às nuvens, à
neve, à chuva, às correntes, à evaporação e à infiltração.

A água constituinte dos oceanos não é estática, ou seja, existem movimentos de


massas de água mais ou menos intensos, como são o caso das vagas, marés e correntes
marinhas. As vagas e as marés são apenas movimentos oscilatórios, que em nada interferem
na distribuição das temperaturas e da salinidade. Pelo contrário, as correntes marinhas
propriamente ditas formam uma verdadeira circulação, que modifica o estado físico e
químico da massa oceânica e cuja influência até se faz sentir de forma marcada no clima dos
continentes.

Nas águas profundas, os movimentos são muito lentos tendendo a uniformizar as


condições térmicas e de salinidade. A circulação nas camadas mais superficiais, muito mais
rápida e com contrastes mais acentuados, merece particularmente a nossa atenção.

As correntes marinhas, são movimentos em grande escala de massas de águas


oceânicas ocasionadas por processos vinculados à distribuição de calor do sol na atmosfera
terrestre e na superfície dos oceanos. A distribuição espacial dos grandes padrões de correntes
frias e quentes nos oceanos está directamente relacionada com esses diferenciais de
temperatura.

O movimento de rotação da Terra também influencia essa distribuição, assim como


a diferente salinidade e densidade das águas. Correntes frias tendem a movimentar-se no
fundo e as quentes na superfície. O exemplo mais expressivo de corrente marinha é a do
Golfo, que se origina no golfo do México, contorna a península da Flórida e direciona-se para
o hemisfério Norte banhando o litoral norte-americano e parte do litoral leste da Europa,
evitando um congelamento dessas áreas no inverno.

No oceano Pacífico, em intervalos de tempo aproximados de 10 anos ocorre o


fenómeno do El Niño, com um forte aquecimento da superfície do oceano, provocando, pela
inversão das correntes, graves efeitos climáticos em escala mundial.

A costa marítima (zona limite entre a terra e o mar), encontra-se constantemente


submetida a transformações provocadas pela ação das correntes marítimas, das marés, das
ondas, da abrasão e das flutuações do nível do mar.

3.2.1        Correntes de Superfície

As verdadeiras correntes não ocupam mais que uma pequena porção dos oceanos,
sendo a maioria unicamente a origem de derivas mais ou menos imprecisas, por outro lado, a
direcção, a velocidade e os limites de correntes estão longe de apresentar uma determinação
absoluta, as variações, por vezes sazonais são bastante imprevisíveis e de causas mal
conhecidas.

3.2.2        Métodos de Observação e Determinação das Correntes

Existem vários processos para determinar a presença ou não de correntes, e se os


resultados forem positivos, estes processos permitem determinar não só a sua direcção e
sentido mas também a velocidade do movimento da massa de água, os quais se passam a
discriminar.
3.2.3        Procedimentos Simples de Determinação

Perto das costas a determinação das correntes pode fazer-se pela observação de
flutuadores donde se marca a posição em relação à costa, podem ser prendidos a uma linha
ligada a um barco ancorado, permitindo assim uma medida bastante precisa da velocidade.
Ao largo, o procedimento mais simples consiste em comparar a rota seguida por um navio tal
como resulta do ponto feito todos os dias com a rota estimada conforme a velocidade e o
rumo. Verifica-se sempre um desvio, devido à corrente, de que se pode calcular a direcção e
medir aproximadamente a velocidade. Na navegação a partir dum ponto A bem determinado
(Fig. 3), o ponto realmente atingido B (obtido por observação astronómica), e o ponto
estimado B’ deduzido do cabo e da marcha do navio. O vector B’B representa a deslocação
devida à corrente durante o intervalo de tempo considerado. A dificuldade reside na
determinação correcta de B’ tornada mais precisa com os instrumentos tais como o compasso
giroscópico que possuem os navios modernos.

Um outro procedimento muito antigo consiste na observação dos pontos atingidos


pelos objectos flutuantes abandonados em certos lugares dos oceanos. A operação é
evidentemente morosa, necessita o emprego de um grande número de flutuadores e os
resultados são falseados pela ação do vento. Este procedimento foi empregue
sistematicamente pelo príncipe do Mónaco (1885-1890).

Os flutuadores são os dispositivos mais simples e práticos de medir as correntes


marinhas. Normalmente utilizam-se dois tipos de flutuadores; amarrados aos navios ou
deixados à deriva. Quanto aos primeiros consistem num pedaço de madeira com a forma de
um sector circular, lastrado com chumbo ao longo da margem curva e preso ao navio por uma
linha, para que flutue verticalmente na água e se desloque na corrente afastando-se do navio,
estando este imobilizado. Tomando nota da linha que se deixou correr ao fim de um certo
tempo, calcula-se facilmente a velocidade da corrente.

Quanto aos flutuadores deixados à deriva, tem que se saber de antemão o local e a
data da largada e o local e a data da chegada para se poder determinar o percurso, ou seja, a
direcção da corrente e a sua velocidade com base na relação do trajecto com o tempo
necessário para fazer esse percurso, mas não nos devemos esquecer que estes resultados não
são totalmente fiáveis e objectivos, pois diversas causas exteriores às próprias correntes
podem influenciar esses resultados, tais como o vento, a saída da zona de correntes para outra
zona onde haja ausência delas. Estes flutuadores são constituídos, normalmente, por garrafas
contendo uma nota escrita em várias línguas com indicação do local e da data da largada. O
achado de um único documento pouco significa, mas se ao longo de alguns anos se
recolherem centenas destes documentos e se se estudarem, oferecem um meio útil para a
determinação das correntes marinhas, e especialmente quando num espaço limitado do
oceano se deixam ao mesmo tempo grandes quantidades destas garrafas em diferentes
estações do ano. Ensaios sistemáticos deste género fizeram-se perto dos Açores, no golfo da
Biscaia e no mar do Norte.

Nesta mesma ordem de ideias, a observação de restos de naufrágios, sabendo o seu


local de origem, também nos pode dar resultados interessantes. Alguns casos ficaram
célebres, como o do Jeannette (naufrágio dum navio americano) cuja deriva trouxe as
primeiras luzes sobre as correntes do Oceano Glacial Árctico. Assinalemos igualmente a
célebre deriva do Farm aprisionado pelos gelos (1893), e a proeza dos exploradores russos
construindo um observatório sobre um iceberg à deriva (1937-1938).

3.2.4        Causas das Correntes Marinhas

A massa oceânica é constantemente deslocada e misturada por movimentos mais ou


menos rápidos, provocados pela interferência de dois mecanismos fundamentais: os ventos e
as diferenças de densidade, cuja origem se encontra na superfície de contacto entre a
atmosfera e o mar.
                  
Os especialistas estão longe de um acordo sobre a importância relativa de cada uma
dessas causas. Evidentemente, os antigos autores deixaram-nos opiniões bastante fantasistas.
Muitos, mesmo ainda actualmente, atribuem uma influência preponderante ao movimento de
rotação da Terra. É um erro grave, a força centrífuga complementar que representa a sua
ação, sendo nula para um corpo em repouso, não podendo produzir uma deslocação, mas
antes, tem um papel importante na perturbação do movimento devido a outras causas. O
vento foi durante muito tempo considerado como a única causa (correntes de impulsão); sem
negar a sua influência, acrescenta-se também a importância das diferenças de densidade
(correntes de descarga). Enfim, há a considerar todas as numerosas influências perturbadoras,
pois estão todas relacionadas umas com as outras.

3.2.5        Influência das Correntes Marinhas nos Climas

As trocas constantes de calor e humidade na superfície de contacto entre as águas


marinhas e a atmosfera dão origem a desequilíbrios de densidade, provocando assim os
movimentos de conjunto do oceano. A repercussão destas trocas nas camadas inferiores da
atmosfera diferencia também as massas de ar, cujo comportamento é um dos factores
determinantes da variedade climática do Globo. Em relação aos continentes, o oceano fornece
parte da humidade e modera a temperatura. Para entender este duplo papel é preciso ter ideia
dos mecanismos de troca entre o oceano e a atmosfera, que são bastante complexos e
diferentes dos que actuam à superfície dos continentes.

Por um lado, os vários movimentos que agitam as camadas marinhas superiores


fazem com que o calor recebido da atmosfera penetre até várias dezenas de metros de
profundidade, a despeito da tendência das águas mornas e leves para permanecerem à
superfície, tornando assim o aquecimento superficial lento e demorado. Mais lenta ainda é a
restituição do calor armazenado e o arrefecimento invernal muito moderado, já que as águas
frias mergulham à medida que se formam. Este facto constitui uma diferença marcante em
relação aos continentes, onde o aquecimento diurno e o arrefecimento nocturno das rochas
não penetra além de escassos centímetros e onde a própria variação anual se atenua e
desaparece em poucos metros.

Por outro lado, as trocas de calor são interdependentes das trocas de humidade, que
modificam as características da atmosfera, absorvendo ou restituindo grandes quantidades de
calor. Se é preciso em média uma caloria para aquecer de 1ºC um grama de água, são
absorvidas 80 cal pela fusão e 596 cal pela evaporação da mesma quantidade. Quando a
temperatura da água do mar é mais elevada que a da atmosfera, a evaporação é forte, uma vez
que o ar aquecido na base se torna instável em vários milhares de metros de espessura,
havendo renovação constante da camada de ar em contacto com a água, que nunca chega
assim à saturação. O arrefecimento mecânico progressivo da massa de ar ascendente dá
origem a nuvens de grande desenvolvimento vertical, donde provêm as precipitações.

Pelo contrário, sobre águas frias, a camada atmosférica inferior arrefece e torna-se
muito estável, chegando assim facilmente à saturação; formam-se nevoeiros, incapazes de
provocar chuva, devido à sua pouca espessura. A temperatura das águas mais quentes é
moderada directamente pela forte evaporação e indirectamente pela nebulosidade provocada.
A fusão estival dos gelos mantém nos oceanos polares uma temperatura superficial muito
baixa e regular. Daí resulta que, de uma maneira geral, a amplitude anual da temperatura das
águas marinhas superficiais seja muito fraca, sobretudo entre os trópicos e nas altas latitudes,
onde nunca atinge 5ºC, ficando em muitos lugares abaixo de 2ºC. Mesmo nas latitudes
temperadas é raro ultrapassar 10º.

A evaporação é fraca nas latitudes polares porque o ar frio não é capaz de absorver
muita humidade; entre os trópicos é sobretudo forte na parte ocidental mais quente dos
oceanos e, nas latitudes temperadas, maior no Inverno do que no Verão. Os máximos
absolutos são registados nas latitudes médias do hemisfério norte, à superfície das águas
quentes da corrente do Golfo e do Kuro-Shivo, sobre as quais, nos meses de Inverno, sopra o
ar frio proveniente da América e da Ásia cobertas de neve. Pelo contrário, sobre as águas
frescas da parte oriental dos oceanos intertropicais, a evaporação não ultrapassa, em média
anual, a das grandes florestas húmidas das regiões equatoriais.

Sendo a evaporação no mar em média muito mais activa do que em terra, os oceanos
fornecem aos continentes uma parte da humidade que transmitem à atmosfera. Quase um
terço da precipitação nos continentes provém directamente da evaporação marinha. O ciclo
fecha-se pela restituição desta água ao mar, através dos rios e dos glaciares.

O efeito das correntes marinhas nos climas é um dado adquirido. O exemplo


clássico, sempre citado, é o efeito da Corrente do Golfo, que faz com que as zonas mais
setentrionais da Europa ocidental sejam habitadas (a temperatura média do mês de Fevereiro
no norte da Noruega é aproximadamente 20º superior à temperatura normal a esta latitude),
no entanto, ao contrário, do outro lado do Atlântico, as águas geladas da corrente do Labrador
torna toda a cultura impossível a latitudes que correspondem às da Irlanda e Inglaterra.

Se os ventos têm uma influência determinante em bastantes correntes marinhas, indo


influenciar o estado da atmosfera. É indiscutível que, se a circulação marinha tem vindo a
mudar, os climas dos continentes também têm sofrido modificações importantes. Esta
mudança na circulação marinha é uma das causas que se invocam para explicar as
modificações dos climas da Terra ao longo da história geológica.

Esta influência incide tanto ao nível das temperaturas como das precipitações.
Quanto ao papel térmico, o mais importante, as correntes exercem uma influência marcante
pelos locais onde passam e nas zonas limítrofes. As correntes quentes geram massas de ar
quente em toda a sua espessura, pois o aquecimento na base arrasta uma convecção que a
agita. As correntes frias e a ascensão de águas frias exercem o efeito contrário, de tal forma
que, a camada fria é pouco espessa, de 200 a 300 metros, o suficiente, contudo, para refrescar
singularmente os climas onde se fazem sentir.

Quanto ao efeito nas precipitações, dois fenómenos conexos estão em causa: a


evaporação mais ou menos grande e a estabilidade forte ou nula, segundo a temperatura da
água. Quando a água é mais quente que o ar ambiente, a evaporação é activa e o vapor de
água, por causa da convecção, é difundido em toda a espessura da massa de ar sobrejacente.
O aquecimento permite-lhe o acréscimo da capacidade de saturação.

Quando a água é mais fria que o ar ambiente, não há, ou há pouca evaporação e a
humidade fica instalada nas baixas camadas onde provoca nevoeiros persistentes mas pouco
espessos, de 200 a 300 metros de espessura.

Quando o ar é aquecido pela base, o gradiente aumenta e a sua instabilidade é


grande. Quando o ar é arrefecido pela base é o contrário.

Resumidamente, as correntes quentes geram massas de ar quente, húmidas e muito


instáveis, ou seja, susceptíveis de originar grandes precipitações. As costas com correntes
quentes são sempre bem irrigadas e verdejantes. Estas correntes constituem lugares de
ciclogénese, formando a origem das perturbações ciclónicas tropicais e temperadas. Ao
contrário, as correntes frias, originam massas de ar frio ou fresco e seco, muito estáveis, ou
seja incapazes de gerar precipitação. Os piores desertos do mundo são banhados nas suas
costas pelas correntes frias e, mesmo no oceano é raro chover.

Assiste-se de tempos a tempos a flutuações ou modificações na circulação marinha,


que se traduzem imediatamente por invasões ou desaparecimento de espécies marinhas, e
cuja ação no clima não é menos importante.

Entre as modificações recentes, das quais fomos testemunhas, assinalemos o


desenvolvimento anormal ao longo da costa ocidental da América do Sul, durante o Inverno
de 1925, de uma corrente quente vinda do norte, corrente que fez desaparecer praticamente a
corrente fria dita de Humboldt, que banha estas costas. Durante o mesmo Inverno, constata-se
na costa ocidental da África do Sul um fenómeno idêntico: a corrente fria, de Benguela, foi
reenviada ao largo, e as águas quentes vindas do golfo da Guiné aqueceram de uma maneira
anormal as costas do sudoeste africano.

Estas modificações nas correntes marinhas tornam-se por vezes visíveis nas latitudes
médias pelos gelos que transportam. Entre 1892 e 1897, por exemplo, ocorreu uma
verdadeira invasão de gelos antárcticos, que se encontravam à latitude de Montevideo.

Da mesma forma, em 1901, assinalou-se no norte da Rússia, uma invasão de gelos


polares, que bloquearam durante todo o verão o Mar de Barentz. Ao contrário, em 1922, uma
corrente quente excepcional fez reinar temperaturas relativamente altas nas altas latitudes.

É difícil dar uma explicação indiscutível destas flutuações da circulação oceânica,


dependendo, sem dúvida, de flutuações paralelas na circulação atmosférica ou da variação da
radiação solar.

4.      TRANSPORTE DOS SEDIMENTOS MARINHOS

A maior parte das partículas geradas pelo intemperismo e erodidas nos continentes
são depositadas nas áreas oceânicas, embora possam também vir de outros processos como
nos mostra a figura abaixo.
Grande parte dos depósitos sedimentares marinhos é composta por um ou vários
tipos de sedimentos de origens diversas tais como os precipitados de sais a partir da água do
mar (sedimentos autigénicos), conchas e matérias orgânicas derivadas da vida marinha e
terrestre (sedimentos biogénicos), produtos vulcânicos e hidrotermais originados das
actividades magmáticas no meio marinho (sedimentos vulcanogénicos), além de uma
pequena quantidade de fragmentos cósmicos, atraídos pela gravidade terrestre, que se
depositam em bacias oceânicas (sedimentos cosmogénicos).

Todos estes materiais depositam-se ao longo da costa e formam uma cintura


contínua na periferia dos continentes. Podemos considerar a partir da costa a seguinte ordem
de deposição: blocos, calhaus, rolados, cascalhos, areias e vasas.

Segundo a localização, maior ou menor profundidade e arrastamento da costa, os


sedimentos marinhos repartem-se pelas seguintes categorias: litorais ou costeiros, neríticos,
batiais e abissais.

Os sedimentos litorais ou costeiros, formam-se na plataforma litoral. Os detritos são


dos mais diversos tamanhos e são constituídos por blocos, cascalhos, calhaus, areias e vasas.
Os sedimentos de precipitação formados nas lagunas ou deltas dos rios, são normalmente
depósitos salinos ou calcários de precipitação.

Os sedimentos neríticos constituem-se até às cotas de 200 metros no planalto


continental. Os detritos são constituídos por cascalhos, areias, vasas e os de precipitação são
algumas vasas calcárias.
Os sedimentos batiais constituem-se para além dos 200 metros sobre o talude
continental, e o seu afastamento pode ir até aos 300 quilómetros da costa. São constituídos
por detritos de pequeníssimas dimensões e geralmente são vasas argilosas que podem
apresentar várias cores como azuis, vermelhas e verdes.

Os sedimentos abissais constituem-se a profundidades para além dos 2000 metros.


Denominam-se sedimentos pelágicos por serem constituídos, em grande parte, por restos de
seres platónicos depositados a grandes distâncias da costa.

A ação erosiva e de transporte da água é um agente modelador das faixas costeiras


das áreas continentais. As formas litorais resultam de processos de erosão e deposição.

Na sua ação contínua sobre a costa, as ondas provocam a sua destruição, arrancando-
lhe detritos, por vezes de grandes dimensões. Depois de embater nas falésias (escarpa
íngreme, à beira mar, formada pela ação da erosão marinha) ou de se estender nas praias
(porção da costa, levemente inclinada, entre a linha media mais baixa da maré vazia e a linha
media mais alta da preamar, coberta de areias, pedras ou fragmentos rochosos que resultam
da abrasão marinha sobre o litoral), a agua das ondas regressa ao ma, originando uma
corrente de refluxo que arrasta consigo uma serie de materiais.

Os maiores e mais achatados são depositados mais próximos da linha de costa e os


mais rolados são arrastados para mais longe. Quando o processo actua por um período de
tempo longo, acaba por cavar cavidades subterrâneas que diminuem a resistência das falésias,
escarpas (rampa ou declive de terreno, deixado pela erosão, nas beiras ou limites dos
planaltos e mesas geológicas) ou arribas que vão sendo destruídas, recuando. Este trabalho é
facilitado se a rocha apresentar fissuras.
Assim se alarga a plataforma litoral ou plataforma de abrasão (região da costa que
fica a descoberta na maré baixa e coberta de agua durante a maré alta). Nas zonas da costa
onde as rochas não são muito resistentes à erosão, em pouco tempo, os materiais são
facilmente desgastados e originam praias, que constituem as principais formas de deposição.

As acções conjuntas de erosão, transporte e sedimentação, tendem a tornar a linha de


costa rectilínea. Quando há um levantamento da linha de costa ou uma descida do nível do
mar, forma-se um terraço marinho ou praia levantada.

Quando as arribas, escarpas ou falésias são constituídas por material litológico


heterogéneo, de desigual dureza, o trabalho erosivo do mar, acompanhado do transporte e
sedimentação de material arrastado, pode dar origem a acidentes diversificados como baías,
arcos naturais, leixões, ilhas barreira, etc.

4.1  Linhas De Costa

As ondas, as correntes longilitorais e as correntes de maré interagem com as rochas e


a tectónica costeira para modelar as linhas de costa numa multiplicidade de formas. Uma
dessas formas, talvez a mais conhecida, é a praia. Uma praia é uma linha de costa constituída
por areia e seixos. As praias podem mudar de forma de dia para dia, de semana para semana,
de estação para estação e de ano para ano. As ondas e as marés alargam, por vezes, e
estendem uma praia por deposição e, outras vezes, estreitam-nas através do transporte da
areia que constitui as praias.

Muitas praias são faixas estreitas de areia mais ou menos compridas, outras, são
pequenos crescentes de areia incrustados entre promontórios. Os cordões dunares limitam a
comunicação com o continente em muitas praias; outras são limitadas por rochedos ou por
arribas de sedimentos ou de rochas. As praias podem possuir terraços de maré – áreas pouco
profundas e planas entre a praia superior e uma barra arenosa exterior – nos seus locais
próximos de mar.

Para fora fica o largo (offshore), limitado pela zona de rebentação (surf zone), onde
o fundo começa a ficar suficientemente pouco profundo para as ondas rebentarem. A praia
baixa (foreshore) inclui a zona de rebentação, o terraço de maré e a zona de ressaca (swash
zone). A praia alta (backshore) estende-se desde a zona de ressaca até ao nível mais alto da
praia (o cordão dunar ou a arriba).

Uma praia constitui um cenário de movimento incessante. Cada onda movimenta


areia para a frente e para trás com a ressaca da água. Tanto a deriva como as correntes
longilitorais transportam a areia ao longo da praia. No final e ao longo de uma parte da praia,
a areia é removida e depositada em águas profundas. Na praia alta ou ao longo das arribas são
libertados areia e seixos pela erosão, alimentando as praias.

O vento que sopra sobre a praia transporta areia, algumas vezes para o largo, para a
água, outras vezes para terra. Todos estes processos juntos mantêm um equilíbrio entre a
adição e a remoção de areia, resultando numa praia aparentemente estável mas que, na
realidade, permuta material por todos os lados. Deste modo, sumariamente:

Ganhos:
    Sedimentos erodidos dos rochedos da praia alta pelas ondas;
    Sedimentos erodidos da praia alta pela deriva e corrente longilitoral;
    Sedimentos trazidos pelos rios;

Perdas:

    Sedimentos transportados para as dunas da praia alta por ventos vindos do largo;
    Sedimentos transportados ao longo da praia pela deriva e corrente longilitoral;
    Sedimentos transportados para águas profundas por correntes de maré e pelas ondas.

Se o total de ganhos equilibra o total de perdas, a praia está em equilíbrio e mantém


a mesma forma geral. Se os ganhos e as perdas não estão equilibrados, a praia tanto pode
crescer como minguar. Os desequilíbrios temporários são naturais durante semanas, meses ou
mesmo anos. Uma série de grandes tempestades, por exemplo, pode movimentar grandes
quantidades de areia para águas mais profundas situadas para além da zona de rebentação,
estreitando a praia.

De seguida, num lento retorno ao equilíbrio durante semanas de tempo ameno e


ondas baixas, a areia pode ser novamente transportada para a costa, reconstruindo uma praia
larga. Sem esta constante mudança de areias, as praias poderiam ser incapazes de recuperar
dos lixos e de outros tipos de poluição. Em um ou dois anos até os derrames de petróleo serão
transportados e enterrados fora de vista, apesar de os resíduos poderem ser, mais tarde
descobertos em alguns pontos. As praias limpar-se-iam a si próprias mais rapidamente se o
vazamento de lixos parasse.

Podemos agora explicar a formação de algumas das praias mais comuns. As praias
que crescem em locais onde os ganhos são abundantes, frequentemente onde a costa é
constituída por sedimentos brandos, são longas, largas e arenosas. Quando a praia alta se
situa a uma cota baixa e os ventos sopram do largo, grandes cordões dunares limitam a praia.

Se a linha de costa é elevada tectonicamente e as rochas são duras, a costa é limitada


por rochedos e por arribas litorais e qualquer pequena praia que possa existir é composta por
materiais erodidos das arribas. Quando a costa é baixa e plana, a areia é abundante e as
correntes de maré são fortes, são depositados extensos terraços de maré, que ficam expostos
nas maré baixa.

O que acontece se um dos ganhos é cortado – por exemplo, por um paredão de betão
na parte superior da praia de forma a prevenir a erosão? Uma vez que a erosão é um dos
ganhos de areia da praia, a sua prevenção corta o fornecimento de areia e diminui a praia.
Tentativas de salvar uma praia com molhes, quebra-mares, paredões, esporões e campos de
esporões podem acabar por a destruir por completo.

A topografia da linha de costa, tal como a do interior, é um produto das forças


tectónicas que elevam ou afundam a crosta terrestre, da erosão que a desgasta e da
sedimentação que preenche as zonas mais baixas. Assim, os principais agentes são:

    Ascensão da região costeira, levando a formas de erosão costeira;


    Subsidência da região costeira, levando a forma de deposição costeiras;
    Natureza das rochas ou dos sedimentos na linha de costa;
    Mudanças no nível médio do mar, que afectam a submersão ou a emersão da linha de costa;
    A altitude média das ondas de tempestade;
    A altitude das marés, que afecta tanto a erosão como a sedimentação.

A erosão é activa nas costas rochosas elevadas tectonicamente. Ao longo destas


costas, os promontórios e as arribas proeminentes penetram mar adentro, alternando com
estreitas enseadas e baías irregulares com pequenas praias. As ondas embatem contra as
arribas, erodindo-as por baixo. Esta abrasão marinha faz com que rochas fiquem sem apoio e
acabem por cair (derrocada em bloco) sob ação da gravidade. À medida que os blocos caem,
a falésia recua e os blocos são degradados pela água. Por vezes, a abrasão marinha pode fazer
com que se abram cavernas e se formem arcos que, por evolução, formam leixões.

O recuo das arribas deixa atrás de si uma plataforma rochosa que pode ficar a
descoberto nas maré baixa e é constantemente erodida e aplanada pela rebentação, pela
ressaca e pelas ondas. A esta espécie de terraço dá-se o nome de plataforma de abrasão
(wave-cut terrace). Por vezes, estas plataformas de abrasão podem sofrer ascensão tectónica,
tornando-se mais elevadas que a linha de costa na maré alta. A uma plataforma nestas
condições dá-se o nome de terraço marinho ou praia levantada. A erosão pelas ondas pode
alisar as costas à medida que os promontórios recuam e as baías são colmatadas com os
sedimentos erodidos dos cabos.

Onde existem costas constituídas por sedimentos relativamente brandos ou por


rochas sedimentares, os declives são mais suaves e a altitude das falésias é menor. As ondas
erodem eficientemente estes materiais mais brandos, pelo que a erosão neste tipo de arribas
pode ser extraordinariamente rápida. Estima-se que mais de 70% do comprimento total das
praias arenosas em todo o Mundo tenha recuado a uma velocidade de, pelo menos, 10 cm por
ano em décadas recentes e cerca de 20% do comprimento total tenha recuado mais de um
metro por ano. Muito deste movimento pode ser devido à construção de diques e barragens
nos cursos de água, o que diminui o aporte de sedimentos às linhas de costa.

Os sedimentos acumulam-se nas áreas onde a subsidência tectónica afunda a crosta


ao longo de uma costa. Tais costas são caracterizadas por praias longas e largas e planícies
costeiras largas, planas, baixas, constituídas por estratos sedimentares. As formas costeiras de
deposição incluem barras arenosas, ilhas arenosas baixas e terraços de maré extensos.

As praias longas crescem ainda mais à medida que as correntes longilitorais


transportam mais areia ao longo da praia e no final da mesma, onde se acumula, primeiro
como uma barra submersa, depois como uma barra emersa que se prolonga da praia,
constituindo uma restinga. Outras designações para as restingas de areia são cordão litoral,
flecha litoral ou cabedelo.

As barras arenosas ao largo podem sofrer acumulações de material e tornar-se


emersas, tornando-se ilhas-barreira, que formam uma espécie de barricada entre o oceano
aberto e a linha de costa principal, formando-se uma laguna entre esta e as ilhas-barreira. É
este o caso da impropriamente designada “ria” Formosa, em Faro, no Algarve, pois trata-se,
afinal, de uma laguna e não de uma ria.

Outro caso de laguna em Portugal é o da, de novo impropriamente chamada, “ria” de


Aveiro. Neste caso, como a separação é feita por intermédio de longas restingas e não de
ilhas-barreira, a laguna toma a designação de haff-delta. As ilhas-barreira são bastante
comuns, em especial ao longo de costas baixas, compostas por sedimentos facilmente
erodíveis e transportáveis ou por rochas sedimentares pouco cimentadas e onde as correntes
longilitorais são fortes.

À medida que as barras são construídas sobre as ondas, a vegetação pode aí fixar-se,
estabilizando as ilhas e ajudando-as a resistir à erosão das ondas durante as tempestades. Para
além das lagunas, as ilhas-barreira também podem estar separadas da costa pelos terraços de
maré. Tal como as praias na costa principal, as ilhas-barreira estão em equilíbrio dinâmico
com as forças que as modelam.

Se o seu equilíbrio é perturbado por mudanças naturais no clima ou nos regimes


ondulatórios ou das correntes ou por desenvolvimento habitacional antrópico, as ilhas-
barreira podem ser destruídas ou devegetadas, levando a um aumento da erosão ou, mesmo, à
sua total desaparição. Outras ilhas-barreira podem, pelo contrário, tornar-se grandes e
estáveis.

Outras formas deposicionais costeiras são os tômbolos, que se formam a partir da


refração das ondas em redor de uma ilha situada perto da costa ou de um leixão. Nessa zona,
por detrás do obstáculo, a água é mais calma e ocorre sedimentação, acabando por se formar
uma barra arenosa que liga o obstáculo ao continente. É este o caso do tômbolo de Peniche,
em Portugal que, com a laguna de Faro, o haff-delta de Aveiro e os estuários do Tejo e do
Sado constituem os cinco acidentes típicos da costa portuguesa.

Existem vários tipos de costa, de entre os quais vale a pena destacar:

Costa De Rias: forma-se quando o mar invade antigos vales fluviais adjacentes;

Costa De Fiordes: forma-se quando o mar invade antigos vales glaciários;


Costa Deltaica: forma-se através da deposição de sedimentos fluviais num delta;

Costa Estuarina: forma-se quando o mar invade um vale fluvial actual;

Costa Atlântica: costa constituída por promontórios e por baías;

Costa Pacífica Ou Tipo Dálmata: costa constituída por ilhas-barreira de origem tectónica;

Costa De Ilhas-Barreira: costa constituída por ilhas-barreira de origem sedimentar;

Costa Vulcânica: forma-se pela acumulação de material lávico e piroclástico de um vulcão;

Costa De Atol Ou De Recife Coralígeno: forma-se pela acumulação de corais em redor de um


vulcão submarino ou em redor de um substrato rochoso;

Costa De Falha: forma-se quando existe uma falha e o bloco rebaixado se encontra
inundado.

5.      FORMAS LITORAIS DE EROSÃO E DEPOSIÇÃO

5.1  Processos Erosivos


Processos erosivos são fenómenos referentes à transformação dos solos, que
ocorrem em processos de retirada ou transporte de sedimentos da superfície. Eles acontecem
a partir de etapas de desgaste, transporte e sedimentação das rochas ou do próprio solo.

Trata-se de um fenómeno natural, responsável pela dinâmica constante dos solos. No


entanto, a ação antrópica pode intensificar tal processo, provocando o surgimento de
inúmeros problemas. Esses problemas podem ser originários da utilização incorrecta dos
solos, a exemplo da agricultura intensiva, e da remoção da vegetação, responsável, muitas
vezes, por garantir a coesão dos sedimentos em áreas com elevada declividade, além de
proteger a superfície de agentes de transformação como a água e o vento.

Os processos erosivos costumam se iniciar com a lixiviação (lavagem da camada


superior dos solos), que é responsável pela retirada da cobertura superficial dos solos e pela
formação de pequenas rugosidades externas, chamadas de sulcos. Se expostas à ação dos
agentes exógenos de transformação do relevo, essas rugosidades podem aumentar e
transformarem-se em ravinas, que são tipos erosivos mais profundos.

Ainda existe um estágio mais avançado nos processos de formação de erosões, que
são as voçorocas. Elas possuem maiores proporções e provocam verdadeiros estragos sobre
áreas agricultáveis ou habitáveis, alcançando até mesmo o lençol freático.
Muitas vezes, a ocorrência de processos erosivos pode estar ligada ao fenómeno do
intemperismo, que é um conjunto de elementos que ocasionam a fragmentação ou destruição
da camada superficial da Terra em virtude da ação de agentes químicos, físicos e biológicos.
Tal processo provoca o deslocamento de sedimentos para outras localidades, onde se
reagrupam em um processo chamado de acúmulo ou sedimentação, podendo gerar novas
erosões.
Para que haja um controle sobre a ocorrência e proliferações sobre o solo, é preciso
planejar e regulamentar a ação humana, além de desenvolver técnicas de manejo que não
prejudiquem a superfície terrestre.

Os processos erosivos se dão em três etapas: A erosão (desgaste), o transporte e a


sedimentação (deposição). A erosão é o processo de desagregação e remoção de partículas do
solo ou de fragmentos de partículas de rocha, pela ação combinada da gravidade com a água,
vento, gelo e organismos.

Ela desenvolve-se em condições de equilíbrio com a formação do solo. Em


condições naturais, o ciclo do desgaste erosivo é equilibrado pela renovação e é graças a esse
equilíbrio que a vida sobre a Terra é mantida. As contínuas modificações ocorridas na
superfície terrestre pelos rios, ventos, geleiras e as enxurradas das chuvas, deslocam,
transportam e depositam continuamente partículas do solo, processo este denominado de
erosão geológica ou natural.

Quando existe uma interferência do homem, os processos erosivos podem se


intensificar, causando enormes prejuízos ao meio ambiente, como um manejo inadequado do
solo. Uma erosão antrópica pode ser considerada quando sua intensidade é superior a
formação do solo, não permitindo a sua recuperação natural. Isso acontece quando não se
conhece as propriedades do solo, pois alguns possuem fragilidades a erosão maiores do que
outros. Outros factores como a declividade do terreno e o tipo climático, como os tropicais,
acabam tornando a fragilidade a erosão ainda maior.
5.2  Erosão Pluvial (Chuva)

É uma remoção e transporte dos horizontes superiores do solo pela água. Inicia-se
com o salpico de gotas de chuva directamente sobre a superfície desprotegida e continua com
a formação de enxurradas que formam Sulcos de diversas proporções. Estes sulcos podem
evoluir (aumentar a profundidade) e passar a ser chamado de Ravina. Quando estas atingem
magnitudes maiores ainda, como chegar à profundidade do lençol freático, passam a ser
chamadas de Voçorocas (ou Boçorocas).

5.3  Erosão Fluvial (Rios)

Este tipo de erosão acontece naturalmente pelas águas dos rios. Estas provocam um
certo desgaste nos solos das margens dos rios podendo até causar o desmoronamento dos
barrancos. Este processo pode se intensificar quando não há uma mata ciliar ao longo das
margens do rio.

5.4  Erosão Marinha ou Abrasão Marinha

É a erosão provocada pela ação das águas do mar. Elas actuam sobre os materiais do
litoral (linha de costa) desgastando-os através da sua ação química e da sua ação mecânica. O
aspecto da linha de costa é variável de acordo com a natureza dos materiais rochosos que a
constituem. De um modo em geral podemos detectar dois tipos de costa:

        A costa de arriba - de natureza alta e escarpada


        A costa de praia - baixa e arenosa.

A água do mar reage quimicamente com alguns materiais rochosos desgastando-os.


A ação mecânica das águas faz-se sentir quando o mar atira contra a costa rochas de
dimensões variáveis originando fracturas nas rochas do litoral.

A ação que o mar exerce sobre os continentes faz-se sentir aos seguintes níveis
desgaste, transporte e deposição. A ação de desgaste está condicionada pelos seguintes
factores:

        Reacções químicas entre a água e os materiais;


        Ação mecânica da água;
        Força e direcção das rochas;
        Natureza das rochas - dureza, constituição química e coesão.

O desgaste origina materiais soltos, de dimensões muito variáveis que as correntes


marítimas transportam, por vezes, a grandes distâncias. Quando a velocidade e força das
correntes diminuem os materiais transportados são depositados.

5.5  Erosão Glacial (Gelo)

É causada pela ação da água na forma sólida: o gelo. Elas podem se dar de duas
maneiras: a água na estação quente penetrando nas fracturas das rochas é congelada na
estação fria. Quando isso acontece há uma expansão, fazendo com que ocorra um
fracturamento da rocha, deixando sedimentos soltos e propícios ao transporte.
A segunda maneira é causada quando existe uma movimentação de grandes blocos
de gelo, como as geleiras. Quando estas se movimentam, causa um grande atrito com a
superfície, fazendo com que esta se desgaste. As formações sedimentares resultantes deste
processo se chama Moraina (ou Morena).

5.6  Erosão Eólica (Ventos)

É um tipo de erosão causada pela ação do vento. Este, dependendo de sua


velocidade, pode carregar sedimentos, que em contacto com superfícies como rochas e solos,
pode os desgastar. Ou seja, os sedimentos transformados pelo vento se chocam contra as
rochas com fossem lixas. O vento forte pode até destruir casas mal construídas e também
destruir as matas.
Os ventos fortes podem ainda remover os horizontes superficiais do solo, deixando
muitos buracos no solo deixando-o ainda pobre em substâncias nutritivas não servindo assim
para a agricultura. Esta erosão pode acontecer das seguintes maneiras:

Corrosão: Processo de desgaste físico das rochas através, principalmente, do impacto e/ou
atrito de partículas transportadas pelo vento.

Deflação: Erosão pelo vento com a retirada superficial de fragmentos mais finos

Ainda podemos destacar o processo de formação de dunas, que o vento age como um agente
geológico que transporta os sedimentos e os deposita, em forma de dunas.

6.      FORMAS LITORAIS DE EROSÃO

As zonas costeiras ou zonas da orla marinha caracterizam-se por uma intensa


actividade geológica provocada pelo mar. O movimento das ondas, a subida e descida rítmica
do nível das águas resultantes das marés e as correntes marinhas resultantes do movimento
das águas de uns locais para os outros da superfície da Terra provocam um profundo desgaste
do material da superfície continental em determinadas zonas costeiras e a sua deposição
noutros locais, por vezes muito distantes da sua origem.

O mar é o receptor final dos sedimentos gerados no continente e constantemente


drenados para as bacias oceânicas. Calcula-se que apenas 10% dos sedimentos depositados
no mar sejam efectivamente produzidos pelo próprio mar. A observação das linhas de costa
permite apreciar o trabalho do mar sobre o litoral e formas de acumulação de sedimentos.

Nas regiões costeiras, onde as massas rochosas, estratificadas ou não, penetram na


água com forte inclinação, proporcionam-se as condições para a formação de escarpados.
Com o decorrer dos tempos geológicos, regiões costeiras podem afundar-se ou, por outro
lado, as águas marinhas elevarem-se e inundarem regiões anteriormente emersas.

Na linha de costa, existe sempre uma interação de forças destrutivas, resultado da


meteorização, erosão e, por outro lado, acções construtivas, por acumulação de detritos.

As formas litorais de erosão:


        Resultam do desgaste provocado pelo impacto das ondas do mar (ondulação, correntes,
marés).
        Ao desgaste provocado pelo mar dá-se o nome de abrasão marinha.

6.1  Deposição

No âmbito da geografia, o termo Deposição designa um fenómeno ou processo


conducente à acumulação de materiais (limon, argila, areia, cascalho, etc.), transportados por
água corrente, vento, gelo, etc., de que resultam os sedimentos e posteriormente as rochas
sedimentares. Por ser sub-hídrica ou subaérea, conforme se verifique em meio aquático ou
em meio aéreo.

7.      CONCLUSÃO

O presente trabalho procurou demonstrar, de forma sucinta os pontos de


convergência da ação geológica das águas do mar, em especial os aspectos relacionados aos
movimentos e ação erosiva das águas do mar; transporte dos sedimentos marinhos e
formas litorais de erosão e deposição . Não foi  pretensão deste trabalho esgotar o referido
tema, o que não seria possível no formato de um trabalho científico, mas sim, despertar os
pontos mais interessantes e imprescindíveis do assunto tão apaixonante no âmbito do estudo
da geologia.

Portanto, como vimos anteriormente, as zonas costeiras caracterizam-se por uma


intensa atividade geológica, que é em grande parte provocada pelo mar. O movimento das
ondas, a subida e a descida do nível das águas resultantes das marés e as correntes marinhas
resultantes do movimento das águas de uns locais para os outros, provocam o desgaste do
material da superfície continental em determinadas zonas costeiras e a sua deposição em
outros locais. A erosão e a deposição de sedimentos conduzem a formas de relevo
características, das quais se salientam as praias (acumulação de sedimentos) e as arribas
(erosão marinha).
8.      RECOMENDAÇÕES

A erosão tem provocado vários problemas para o ser humano. Constantemente, ocorrem
deslizamentos de terra em regiões habitadas, principalmente em regiões carentes, provocando
o soterramento de casas e mortes de pessoas. Os prejuízos econômicos também são
significativos, pois é comum as erosões provocarem fechamento de rodovias, ferrovias e
outras vias de transporte.

Assim, recomendamos a todos os presentes a adotarem algumas medidas básicas de


segurança sugeridas na nossa pessoa:

         Planejar qualquer tipo de construção (rodovias, prédios, hidrelétricas, túneis, etc) para que
não ocorra, no momento ou futuramente, o deslocamento de terra, especialmente em zonas
perto do mar;

         Monitorar as mudanças que ocorrem no solo;


9.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, J. Geografia, Plátano Editora, Lisboa; 1990

BRANDÃO, J. Geologia - 12.º ano, Texto Editora; Lisboa; 1991

CARVALHO, A. M. G. Geologia - Morfogénese e Sedimentogénese, Universidade Aberta,


Lisboa; 1996

CORREIA, A. A. Mendes. A Geografia do Mar, Sociedade de Geografia de Lisboa, Lisboa,


1953

DAVEAU, Suzane. O Ambiente Geográfico Natural, INCM, Lisboa. 1976

GOUVEIA, J.; Dias, A. Geologia 12º ano; Areal Editores, Porto. 1995

HOOK, B. Enciclopédia Geográfica, Selecções do Reader's Digest, SA; Lisboa, 1988

PINTO, F. Barbosa e PINTO, R. Barbosa. O Livro Azul - Uma Exploração no


Maravilhoso Reino dos Oceanos, Publiclub, Lisboa. 1980

ROQUE, M.; Ferreira, M.; Castro, A. Geologia - 12.º ano, Porto Editora; Porto; 1998

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