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Pré -História da

África Central
Parte I
Parte II
Pré -História da África
Central

• Darlin Lopes
• Kasselyne Marques
• Lucas Mateus
• Wellisson Frank
África Central
•Republica Centro-Africana
•Republica Democrática do
Congo
•Ruanda
•São Tomé
•Sudão do Sul
•Zâmbia
•Angola
•Burundi
•Congo
•Gabão
•Guiné Equatorial
 
Pré -História da África
Central
PARTE I
• A bacia do Zaire
estende‑se
geograficamente do
golfo da Guiné.
• Sua cobertura vegetal
é constituída pela
grande floresta, que é
a mais densa de toda
a África.
• No decorrer dos
milênios a floresta
regrediu, subsistindo
somente em galerias
de amplitude variável,
ao longo dos rios.
• O clima dessa região estaria muito mais próximo do
Quaternário da África oriental, ainda que com variações
locais devidas à altitude elevada das zonas montanhosas.
• Nakuriano – 2°úmido(Fase úmida definida pelos depósitos
da praia inferior à dos 102 m do lago Nakuru, no Quênia.)
• Makaliano – 1°úmido(Fase úmida reconhecida nas praias
lacustres dos 114 m e 102 m do lado Nakuru.)
• Gambliano – 4°pluvial(Pluvial definido ao redor dos lagos
Nakuru, Naivasha e sobretudo Elmenteita)
• Kanjeriano – 3°pluvial(3o pluvial definido por L. S. B.
LEAKEY com base em um depósito fossilífero descoberto
em Kanjera)
• Kamasiano – 2°pluvial(2o pluvial, cujo nome se deve a
depósitos de diatomitas estudados por Grégory em
Kamasa)
• Kagueriano – 1°pluvial (chamado com base no sistema de
terraços do rio Kaguera, na Tanzânia)
• A penetração difícil na grande floresta fez com
que vários pre‑historiadores pensassem que o
povoamento dessa zona teria sido de pouco
significativo no período que vai do Paleolítico
Inferior ao Neolítico.
• Devido ao clima úmido os vestígios orgânicos não
se conservaram devido à acidez dos terrenos e
que, portanto, com raríssimas exceções relativas
a períodos muito recentes e mesmo históricos, os
fósseis humanos, os restos de fauna e o
instrumental ósseo estão totalmente ausentes.
As industrias Pré-
Históricas
da Bacia do Zaire
• O Kafuense, A indústria é constituída de seixos de
rio, em geral apresentando destacamentos de
três lascas em três direções diferentes,
raramente em uma, o que determina um gume
grosseiro.
• O Olduvaiense, é uma indústria formada a partir
de seixos de rio, em geral menos planos que os
do Kafuense. O lascamento é mais desenvolvido,
e o gume sinuoso é obtido por meio de
destacamentos alternados, que no último estágio
dessa indústria acabam por apresentar uma
ponta, anunciando já as culturas com bifaces.
Subdivisão dos
Acheulense
• O Acheulense é uma cultura particularmente bem
representada na bacia do Zaire.
• As divisões do Acheulense em quatro ou cinco
estágios
• A indústria acheulense caracteriza‑se por
utensílios bastante variados e muito mais
elaborados do que os das culturas
pre‑acheulenses.
Acheulense I
• Este estágio é representado no Shaba pelas
jazidas de Kamoa e de Luena,descobertas por F.
Cabu. No sul de Angola, foi reconhecido na bacia
do Luembe. Algumas jazidas do oeste da
República Centro‑Africana também pertencem ao
Acheulense I.
• Com frequência os utensílios desse estágio
recolhidos nas aluviões de terraços ou de leitos
fósseis de rios apresentam‑se muito desgastados
devido ao transporte fluvial.
Acheulense II
• É uma indústria é muito semelhante à
Acheulense I, encontrável igualmente nos
cascalhos dos rios de Angola e do Shaba; seus
utensílios sofreram, no entanto,um desgaste
menor.
• As arestas dos bifaces e das machadinhas
tornam‑se mais retilíneas, ao que parece, em
consequência de retoques compercutor mole, de
madeira ou de osso.
Acheulense III
(Acheulense Médio)
• Esse estágio é encontrado na superfície, sobre os
cascalhos de Luena e Kamoa, onde se acha
incorporado aos limos fluviais.
• Revolução nas técnicas de debitagem.
• Os instrumentos são bastante regulares e
simétricos, tornando‑se as arestas laterais
praticamente retilíneas.
Acheulense IV
(Acheulense Superior)
• Nesse estágio as técnicas de debitagem
permanecem basicamente as mesmas, mas são
aperfeiçoadas.
• A seção das machadinhas é trapezoidal ou
lenticular
Acheulense V
(Acheulense Evoluído e
Final)
• O Acheulense Final presencia uma diversificação
cultural em expressões regionais mais bem
adaptadas.
• Um utensílio que desenvolve‑se de maneira
considerável:o picão, robusto e maciço, de seção
triangular ou trapezoidal; adaptado talvez para o
trabalho em madeira, com grandes peças
bifaciais alongadas.
• Em toda a bacia do Zaire, desconhecem‑
• se, infelizmente, os criadores dessa cultura, em
consequência da acidez dos terrenos, que não
permitiu a conservação de restos orgânicos.
O sangoense
 O sitio Epônimo que deu nome a cultura refente foi
Sango Bay.
 Descoberto por E. J. Wayland em 1920.
 Industria derivada diretamente do substrato
acheulense.
 Ocupa o fim do pluvial Kangeriano e continua
durante uma fase de transição entre esse pluvial e
o grande período árido que o sucede.
 Cinco estágios foram identificados nessa cultura:
Proto-Sangoense, Sangoense Inferior, Sangoense
Médio, Sangoense Superior e Sangoense Final.
• Do conjunto de utensílios líticos sangoenses, o único que chegou até nós
sofreu profundas modificações em relação ao Acheulense Final, que o
precede.
• Bifaces com o tempo tornaram-se mais maciços, largos e curtos.
• Machadinhas desaparecem e os seixos lascados ainda estão presentes.
• Os picões que apareceram no fim do Acheulense passam a ocupar um
lugar importante no conjunto de utensílios.
• O fenômeno mais notável é o aparecimento de peças bifaciais longas e
estreitas, lascadas por percussão e geralmente de grande delicadeza.
• Foram classificadas em diversos tipos: picões, plainas, buris, goivas e
punhais, que
• em geral se associam para dar origem a instrumentos múltiplos: picões
-buris,picões-plainas, picões-goivas, picões-punhais.
• Como o Acheulense, o Sangoense evolui localmente, sem grandes
contatos
• com o mundo exterior ao seu meio ambiente florestal. É sucedido por
uma
• indústria chamada Lupembiense, surgida de condições ainda pouco
definidas.
• Exemplo de peça bifacial
longa e estreita.
Lupembiense
• Desenvolveu-se no quarto pluvial chamado Gambliano.
• Uma duração de aproximadamente 25 mil anos.
• Presença na indústria de alguns bifaces, que logo desaparecem; e não foram
encontradas machadinhas.
• Predominância de lâminas e lascas.
• Cinco estágios identificados :
• Lupembiense I : Os instrumentos do Sangoense subsistem, mas evoluem,
diminuindo em dimensões absolutas. Surgem as goivas, buris, peças cortantes
e serras talhadas a partir de lâminas.
• Lupembiense II: Foi definido em Pointe Kalina por J. Colette, mas é conhecido
também no Stanley Pool. Os buris foliáceos do Lupembiense I evoluem,
transformando -se em machados.

• Lupembiense IIi: Identificado nos depósitos de superfície do Stanley Pool e em


alguns depósitos de Angola. A técnica de debitagem da pedra atinge seu
apogeu, Os utensílios do 606 Metodologia e pré -história da África Lupembiense
Antigo são encontrados aqui, mas com dimensões mais reduzidas, Fato
importante é o aparecimento de pontas de flechas de diversos tipos .
• Lupembiense IV : O Lupembiense IV é muito mal
conhecido. Sua principal característica seria a
técnica epilevalloisiense de debitagem.
• Lupembo‑Tshitoliense: é a fase árida em que
termina o Pleistoceno, na África central e oriental.
O instrumental ainda compreende buris, goivas e
bifaces, mas desaparecem os raspadores e
lâminas com dorso.
Uma indústria mesolítica:
O Tshitoliense/Neolítico
• Homens que se estalam em solos desbastados. Instrumento
Variante de uma para outro, aparecem novos utensílios
sobretudo elementos microlíticos e geométricos, pode ser
considerado um periodo pré-neolítico.
• Varias fases que se desenvolveral no decorrer do ultimo
perido umido: o Nakuriano. Cobertura florestal mais densa,
em que homens vido dessas florestas do norte formam uma
nova cultura neolitica conhecida como do “Congo
Ocidental”

• Portadores de novas técnicas, distingue -se pelo emprego


quase exclusivo de rochas difíceis de trabalhar, como os
xistos, quartzos e a jadeíta. A introdução dos metais no
local teria ocorrido só bem mais tarde.
• Monumentos megalíticos: As culturas megalíticas
desenvolveram-se sob diversas formas na África,
particularmente na África do norte e no Saara Os
monumentos apresentam-se sob a forma de túmulos, com
dimensões variáveis, encimados por um certo número.
• Arte Rupestres: Situada entre as duas grandes regiões de
arte rupestre – Saara e África do Sul –, a bacia do Zaire
também possui uma arte rupestre, embora não tão rica
quanto se podia esperar em vista de sua localização. As
representações são essencialmente geométricas: círculos e
arcos, ora isolados, ora em grupo. A arte rupestre da bacia
do Zaire não tem nenhuma semelhança com a do Saara.
tem grande importância para o estudo das migrações e
movimentos de populações de um período muito mal
conhecido da preto -história ou mesmo da história da África
tropical.
• Monumentos megalíticos: As culturas megalíticas
desenvolveram-se sob diversas formas na África,
particularmente na África do norte e no Saara Os
monumentos apresentam-se sob a forma de túmulos, com
dimensões variáveis, encimados por um certo número.
• Arte Rupestres: Situada entre as duas grandes regiões de
arte rupestre – Saara e África do Sul –, a bacia do Zaire
também possui uma arte rupestre, embora não tão rica
quanto se podia esperar em vista de sua localização. As
representações são essencialmente geométricas: círculos e
arcos, ora isolados, ora em grupo. A arte rupestre da bacia
do Zaire não tem nenhuma semelhança com a do Saara.
tem grande importância para o estudo das migrações e
movimentos de populações de um período muito mal
conhecido da preto -história ou mesmo da história da África
tropical.
• MONUMENTO Megalitico

• Pintura Rupestres
Pré -História da África
Central
PARTE II
• Os primeiros pesquisadores que interessaram
pela África Central quiseram inicialmente
reconhecer na região períodos semelhantes aos
descritos na Europa.
• Pode-se dizer que a pesquisa cientifica só se
ampliou realmente depois da Segunda Guerra
Mundial, a apartir de então estudos sistemáticos
foram feitos.
• Mas é preciso ter em conta que a arqueologia na
África Central se depara com muitas dificuldades.
Algumas áreas, como o norte, por exemplo, não
se prestam muito bem as escavações em razão
das espessas crostas lateriticas, enquanto que na
floresta as prospecções são difíceis.
• As condições climáticas e a acidez dos terrenos
não permitiram a conservação dos restos ósseos,
o que explica sua ausência na maioria dos sítios
estudados. Há, entretanto, exceções notadamente
em Ishango e em Matupi, onde o meio calcário
possibilitou a boa conservação do material.
• A nomenclatura tem sido constantemente
revisada, e as subdivisões, discutidas com
frequência. A sucessão das antigas, média e
recente idades da pedra, entrecortada por
períodos intermediários, parece não ser mais
aceitável, nem cronológica, nem tipologicamente.
Após um período de rigorosas tentativas de
classificação, volta-se a considerar muito
relativas e provisórias essas amplas categorias.
• Ainda que os arqueólogos do mundo inteiro comecem a
demonstrar um especial interesse pelo modo de vida do
homem pré-histórico, estudando seu meio ambiente e
tentando compreender as relações que mantinha com esse
meio, a pré-história na África Central permaneceu durante
muito tempo como um estudo de tipologia e de cronologia.
Nessa nomenclatura, o espaço dedicado ao homem é
mínimo.
• Devemos nos limitar á constatação da presença do homem
num momento determinado, sem poder afirmar ainda se
ele evoluiu localmente ou se veio de fora. Certamente ele
cedo se adaptou a meio bem definidos, com clima, flora e
fauna próprios. O caçador coletor primitivo precisava
explorar esses meios para sobreviver, e já a escolha do
material existente ditava seu procedimento quando da
fabricação de utensílios. É claro que o homem deve ter
respondido de diferentes maneiras às diferentes condições
criadas pela diversidade dos meios ambientes da África
Central.
• Resultou, daí, a existência de áreas distintas que
por vezes mostram trações comuns mas, ao
mesmo tempo, adaptações regionais, e mesmo
locais, que não se explicam simplesmente pela
influencia de condições ecológicas diferentes.
Entretanto seria prematuro falar em áreas
culturais.
Quadro geográfico
• Os traços gerais da morfologia da imensa região chamada
África Central são o resultado de uma serie de
movimentos tectônicos que já haviam começado no inicio
do Terciário, e que provavelmente ainda não cessaram.
• A bacia central, cuja altitude não ultrapassa 500m, é
rodeado por um cinturão de planaltos, de colinas ou de
montanhas, formados nas camadas geológicas que
recobrem o embasamento cristalino pré-cambriano. Este
aflora na periferia; é muito acidentado - particularmente
em Kivu, onde chega a elevar-se acima de 3000m e
bastante recortado pela erosão. Relevos muito elevados
dominam o embasamento em alguns lugares: os planaltos
basálticos (cerca de 3000m) da margem sudeste do lago
Kivu e da Adamaua (cerca de 2500m), os picos vulcânicos
na região das Virunga (cerca de 4500m), o horst do
Ruwenzori (5119 m) e o planalto do Huambo (cerca de
2600m).
• Os movimentos tectônicos que afetaram as terras
altas provocaram a formação de grabens, tais
como a fossa a leste da África Central e o
"buraco" do Benue.
• Exceto na região costeira ao sul de Angola e na
bacia do Cubango-Zambeze, a África Central
recebe chuvas abundantes. Na bacia, as
precipitações são regulares o ano todo:
representam mais de 1700 mm de água por ano.
[...] Nas regiões onde há uma estação seca (três
a sete meses) as precipitações ainda atingem a
800 a 1200 mm.
• Na África Central, a floresta densa e úmida, que
se desenvolve sob regime pluvial elevado entre
as latitudes 50 N e 4ºS, cobre a bacia do Zaire, a
maior parte da Republica popular do Congo, o
Gabão, o Rio Muni e o sul de Camarões. A leste, a
floresta transforma-se, por formações de
transição, em florestas densas de montanha que
ocupam entre 2º N e 8ºS, as cristas e as
vertentes muito bem regadas do leste do Zaire,
de Ruanda e Do Burundi. Nos lugares onde sofreu
degradação, a floresta densa foi substituída por
nova vegetação e florestas secundárias.
• A floresta equatorial é margeada por florestas
densas semidecíduas, frequentemente bastante
degradadas, todavia capazes de sobreviver a
uma estação seca de dois a três meses. Ao norte,
elas constituem uma franja pouco extensa em
latitude, que vai de Camarões ao lago Vitória,
passando pelo sul da República Centro-Africana e
na região entre os rios Bomu e Uele. Ao sul
formam, com as savanas de origem antrópica,
um mosaico vegetal que cobre parta da República
Popular do Congo, o Baixo Zaire, as terras baixas
do Cuango, o Kasai-Sankuru e o Lomami.
• Dispostas em arco ao redor da zona das florestas
densas guineenses, as florestas abertas e as
savanas sudano-zambezianas cobrem regiões
onde a estação seca chega a atingir sete meses:
o centro de Camarões, a República Centro--
Africana, o Sudão Meridional, o leste de Ruanda e
do Burundi, o Shaba no Zaire, a Zâmbia e Angola.
• Grandes depressões pantanosas são encontradas
ao longo dos rios, sobretudo no curso do Nilo
Branco ao sul do Sudão, na bacia e na depressão
do Upemba no Zaire, na bacia do Zambeze em
Angola e na Zâmbia.
Evolução do meio
ambiente
• A reconstituição do meio ambiente do homem
pré-histórico tornou-se um elemento importante
das pesquisas arqueológicas. Os primeiros
estudos a respeito foram realizados no leste da
África. Vários pesquisadores, como E. J. Wayland
(1929, 1934), P. E. Kent (1942) e E. Nilsson (1940,
1949), haviam observado, no Quartenário,
alternâncias de períodos úmidos (pluviais) e
períodos secos (interpluviais).
• Os pluviais foram considerados contemporâneos das
glaciações do Hemisfério Norte e chamados, do mais
antigo ao mais recente, Kagueriano, Kamasiano e
Gambliano. Posteriormente foram reconhecidas duas
fases úmidas do inicio do Holoceno, o Makaliano e o
Kakuriano. L.S. B. Leakey (1949), J. D. Clark (1962,
1963) e outros tentaram depois estender o uso desses
nomes, que haviam adquirido uma significação
estratigráfica especifica no leste da África, a outras
partes do continente. Por sua vez, autores como T. P.
O'Brien (1939), H. B. S. Cooke (1958), R. F. A. Flint
(1959), F.F. Zeuner (1959) e W. W. Bishop (1965)
expressaram suas reservas quanto à generalização da
teoria: as pesquisas efetuadas na África Central
mostraram que existem intervalos de tempo
consideráveis entre as fases pluviais das duas regiões.
• J. de Ploey (1963) foi o primeiro a reconhecer na África
Central a existência de um período semi-árido no
Pleistoceno Superior, ao menos em grande parte
contemporâneo da glaciação de Wurn na Europa.[...]
Uma oscilação mais úmida por volta de 6000 B.P. foi
descoberta por J. de Ploey (1963) no Baixo Zaire, em
Mose no Shaba (Alexandre, comunicação pessoal) e
em Moussanda no Congo (Delibrias et al., 1974, 47).
[...] A oscilação úmida entre 12 000 B.P e 8000 B.P. é
contemporânea da extensão dos lagos no leste da
África, encontrada por K. W. Butzer et al. (1972). Os
estudos de J. de Ploey (1963, 1965, 1968, 1969) no
Baixo Zaire e de J. Moeyersons (1975) em Kamoa
indicam que os períodos mais secos eram
caracterizados por uma intensificação dos processos
morfogenéticos.
• A evolução do meio ambiente na África Central
foi, portanto, fortemente marcada pelas
condições climáticas dos últimos cinquenta
milênios.
• Os estudos relativos às formações vegetais atuais
e ao seu equilíbrio com o clima, bem como as
análises palinológicas de diversos sítios
permitiram a reconstituição da cobertura vegetal
antiga e das condições climáticas que a
determinam.
• É nas regiões montanhosas do leste que se pode
perceber melhor alterações climáticas que acompanham
as mudanças dos estágios de vegetação. Os diagramas
polínicos das turfeiras de altitude refletem uma sucessão
de floras frias, floras quentes e úmidas e floras secas, a
qual se evidencia sobremaneira no sítio de Kalambo
Falls, situado a 1200 m de altitude na Zâmbia. J. D. Clark
e E. M. van Zinderen Bakker (1964) descobriram no local
uma longa fase seca entre 55.000 B. P. e 10.000 B. P.,
com duas oscilações úmidas por volta de 43.000 B. P. e
28.000 B. P., e o inicio de uma fase úmida mais longa por
volta de 10.000 B. P. Durante os períodos áridos a
temperatura baixou sensivelmente nas terras altas ao
redor do graben, como J. A. Coetzee e E. M. van Zinderen
Bakker (1970) já haviam assinalado no monte Quênia,
onde evidenciaram a "Mount Kenya glaciation" entre
26.000 B.P. e 14.000 B. P.
• J. D. Clark e E. M. van Zinderen Bakker (1962)
também estudaram a evolução da cobertura
vegetal na região de Lunda. Uma floresta aberta
seca de Brachystegia ocupou a região entre 40.000
B.P. e 10.000 B.P., dando lugar depois a uma
floresta mais cerrada durante a fase úmida de
10.000 B.P. a 5000 B.P.
• Parece ter havido um período seco do Acheulense
Final até 15.000 B.P.
• Segundo M. Streel (1963), as florestas abertas
secas e as savanas de Acacia teriam se estendido
grandemente entre 50.000 B.P. e 20.000 B.P. Essa
extensão, que supostamente começou no Zambeze
oriental, teve como efeito o recuo da floresta densa
em direção à bacia
• Para P. Duvigneaud (1958), o Shaba pode ser considerado
um cruzamento, onde a vegetação é o reflexo de
influências de diversas regiões: guineo -congolesa,
zambeziana e afro -oriental.
• Concluindo, a África Central conheceu entre 5000 B.P. e
10.000 B.P. uma longa fase seca contemporânea da
glaciação de Würm, enquanto a fase úmida que se iniciou
por volta de 12.000 B.P. corresponderia às oscilações
climáticas que marcaram o início do Holoceno. Durante
esse longo período seco, provavelmente interrompido por
uma oscilação úmida por volta de 28.000 B.P., foram
intensos os processos morfodinâmicos, e a floresta aberta
ganhou maior extensão. No período úmido do início do
Holoceno, a floresta densa estendeu--se sobre a maior
parte da África Central, e seu recuo atual é atribuído à
ação do homem.
Povoamento da África
Central
• Na ausência de ossadas humanas, admite-se, de
modo geral, que a primeira manifestação da presença
do homem sejam os seixos fraturados, denominados
"seixos lascados".
• Estes se comparam aos artefatos do Olduvaiense, do
sítio epônimo de Olduvai, na Tanzânia.
• Mas nem sempre é fácil saber se esses seixos foram
lascados pelo homem ou por agentes naturais. Não
nos parece correto (embora o fato seja muito
frequente) considerar utensílios todos os seixos que
indubitavelmente apresentam marcas de lascamento
intencional, uma vez que se verifica serem, na maior
parte, núcleos de onde foram destacadas lascas.
Estas é que foram empregadas, quer como utensílios
para fins diversos, quer como raspadores.
• Podemos imaginar que os seixos lascados foram
produzidos pelo Australopithecus ou pelo Homo
habilis, que, segundo observações feitas em
vários lugares da África, certamente eram
necrófagos. Entretanto, a vida social deve ter-se
organizado a partir desse momento.
• Mas foi somente com o instrumental do
Acheulense que obtivemos a primeira prova
indiscutível da presença do homem na África
Central. O estágio mais antigo, o Acheulense
Inferior, só é conhecido na região de Lunda
(Clark, 1968). O Acheulense Superior, em geral
encontrado em meios áridos, foi descoberto em
diferentes pontos da periferia da bacia central;
• O Acheulense caracterizou-se pelos bifaces e
machadinhas, que foram objeto de inúmeras tentativas
de classificação morfológica (Cahen, Martin, 1972).
• Embora as descobertas do Acheulense sejam
abundantes, os sítios onde essa indústria pode ser
considerada como estando arqueologicamente em seu
próprio contexto, ou mesmo representada de forma
homogênea, ainda são raros.
• Um dos únicos sítios onde o Acheulense foi encontrado
em estratigrafia localiza-se às margens do rio Kamoa,
no Shaba (Cahen, 1975). Este sítio tem vários hectares
de extensão. Os caçadores-coletores que o habitavam
deixaram no local seus utensílios e os resíduos de
preparação. Pode-se, então, deduzir que se trata de um
tipo de oficina-habitat. Em vista da homogeneidade da
indústria, na qual não se distingue evolução, pode-se
pensar ainda numa acumulação de ocupações sazonais.
• De acordo com descobertas feitas em outras
regiões da África, sabemos que essa indústria
deve ser atribuída ao Homo erectus. Esse
hominídeo devia depender da caça e da coleta
para subsistir. Supõe-se que a vida social
continuasse a se desenvolver e que o homem
tivesse alcançado o domínio do fogo.
Conclusão
• O passado da África Central é ainda pouco
conhecido, pois só recentemente passou a ser
estudado de maneira sistemática; mas a
arqueologia já registra seus primeiros resultados.
• Assim, no espaço de alguns anos, o número de
datações por carbono 14 quase quintuplicou
(Maret, van Noten, Cahen, 1977) e puderam ser
esboçadas as primeiras sínteses (van Noten, em
preparação).
• O objetivo primordial das novas pesquisas era
efetuar uma série de escavações, abrangendo
regiões e períodos diferentes, a fim de chegar,
em prazo razoável, ao estabelecimento de um
quadro cronoestratigráfico geral para a África
Central.
• Gombe, colocou em questão não só as nomenclaturas
existentes, mas também a validade das observações
estratigráficas; outros sítios.
• Matupi, forneceram novas indústrias cujas datações
questionaram sua inserção num amplo quadro onde
“indústrias” e “culturas” encontrariam definitivamente
seu “lugar”.
• Longe de perseguir infatigavelmente a caça, essas
populações devem ter desenvolvido uma cultura própria,
síntese harmoniosa entre o meio ambiente e as tradições
ancestrais. Não acreditamos em um determinismo
absoluto do meio. Uma vez estabelecido o equilíbrio
ecológico, o instrumental pode permanecer imutável por
longos períodos. Nesse caso, responde plenamente às
exigências do meio e de seus habitantes; enquanto esse
delicado equilíbrio foi mantido, nada houve que impeliu o
homem a evoluir rapidamente.

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