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Índice

Intrdução....................................................................................................................................2
Origen do Reino do Ndongo......................................................................................................3
Estrutura Social e Política.........................................................................................................3
Formação do Reino............................................................................................................4
Independência.............................................................................................................................4
Relações e guerras contra os portugueses.................................................................................4
Período Imbangala.....................................................................................................................5
Conclusão....................................................................................................................................6
Referências Bibliograficas.........................................................................................................7
Intrdução
O reino do Ndongo (ou reino do Ngola) é o nome de um estado pré-colonial africano na
actual Angola, criado por subgrupos dos Ambundu. Os registos mais antigos acerca
deste reino datam do século XVI. Ndongo foi, como Matamba, um dos vários estados
vassalos do Reino do Kongo que existiram na área habitada pelos Ambundu. Ele foi
liderado por um rei cujo título era Ngola (que deu origem à palavra "Angola"). A partir
da década de quarenta do século XVII o então reino do Ndongo passa a ser o cenário de
importantes embates internacionais. Em um primeiro plano os colonizadores
portugueses, estabelecidos nos territórios da África Centro Ocidental desde finais do
século XV, são desafiados por invasores holandeses que tinham pretensões nítidas, e até
mesmo óbvias, de tomar o controlo do fornecimento de escravos (A ocupação holandesa
de Angola data de 25 de Agosto de 1641). O momento também é o cenário da
Restauração portuguesa, marcando a retomada da soberania política portuguesa e a
ascensão da Casa de Bragança sobre o reino e sobre suas possessões coloniais.
Simultaneamente, a Coroa portuguesa e o Vaticano entram em embates sobre o controle
das atividades missionárias. Conflitos protagonizados por inacianos portugueses e
capuchinhos italianos, que não concordavam com o monopólio lusitano da
evangelização.
Origen do Reino do Ndongo

Segundo a tradição oral de acordo com a tradição oral, Ngola-Mussuri teve várias
mulheres. Mas a uma concedeu o título de ngana-inene, a dona de casa, a “grande
senhora”, que teve três filhas dele: Zunda-dia-ngola, Tumba-dia-ngola e uma terceira
cujo nome é desconhecido. Deste modo, ficava assim marcado o carácter inicialmente
matrilinear das linhagens dos futuros ngola. O facto da esposa – ngana-inene – não lhe
ter dado um filho varão, levou-o a casar a sua primeira filha com um escravo, a quem já
havia agraciado com algumas liberdades e nomeou-o “vice-rei”. No entanto, este
acabou por matar Ngola-Mussuri, seu sogro, e tinha a intenção de também matar a sua
própria mulher, caso esta não viesse a falecer repentinamente. É assim que Zunda-dia-
ngola, a primogénita de Mussuri “foi proclamada e venerada como rainha”, afirmando-
se que governou bem até à velhice, porém de uma forma triste por não ter filhos. Daí
que invejasse Tunda-dia-ngola, sua irmã, mãe de dois rapazes, casada com “Ngola
Quiluanji”. Escolheu um dos sobrinhos para herdeiro e durante algum tempo dedicou-se
a prepará-lo para a sucessão. Mas, a partir de uma determinada altura, temeu que este a
destituísse e mandou-o matar. Em represália, sua irmã Tunda e seu cunhado Ngola
Quiluanji acabaram por diligenciar também a sua morte. Com o apoio das populações,
Tunda foi proclamada rainha e procurou dividir o poder com o seu marido, mas este
declinou tais responsabilidades. De comum acordo, resolveram fazer “coroar o filho de
ambos, “Ngola Quiluanji Quiassamba”, segundo J. A. Cavazzi, “quarto rei de Angola”,
a quem foram atribuídas qualidades de “homem valoroso”, que “aumentou o reino com
novas conquistas”. Teve “muitíssimos descendentes, que foram os chefes das mais
importantes famílias do reino”, filhos de diferentes mulheres. No entanto, neste seu
relato da origem do reino do Ndongo, J. A. Cavazzi, na sua obra Descrição Histórica
dos três Reinos Congo, Matamba e Angola, teve a preocupação de chamar a atenção dos
leitores para a necessidade de dedução dos “vislumbres das tradições orais que, com o
decorrer do tempo, são sempre mais ou menos alteradas”.

Estrutura Social e Política

A região de língua Quimbundo era conhecida como a terra dos Ambundos e, de acordo


com relatos do final do século XVI, era dividida em 736 pequenas unidades políticas
governadas por sobas. Esses sobas e seus territórios (chamados murinda) eram
agrupamentos compactos de aldeias (senzala ou libatas, provavelmente seguindo o
termo divata em Quicongo) em torno de uma pequena cidade central (mbanza).
Essas unidades políticas eram frequentemente agrupadas em unidades maiores
chamadas candas e, às vezes, províncias. Reinos maiores podem ter surgido em épocas
anteriores, mas no século XVI, a maioria dessas regiões havia sido unidas pelos
governantes do Reino do Dongo. A capital de Dongo, Kabasa (Caculo Cabaça),
localizada no planalto próximo à atual N'dalatando. Esta era uma cidade grande, com
cerca de 50.000 habitantes em seu distrito densamente povoado.
O rei do Dongo e os líderes das várias províncias governavam com um conselho de
nobres poderosos, os macota, e tinham uma administração chefiada pelo tendala, uma
figura judicial, e o ngolambole, um líder militar. No próprio Ndongo, o governante tinha
um grupo ainda maior de burocratas, incluindo um contramestre chamado quilunda e
outro oficial semelhante chamado mwene kudya.
A estrutura social estava ancorada nos ana murinda (filhos da murinda) ou plebeus
livres. Além dos plebeus, havia dois grupos servis - os ijiko (sing., Kijiko), plebeus não-
livres que estavam permanentemente ligados à terra como servos e os abika
(sing., Mubika) ou escravos vendáveis.
Formação do Reino
O Reino do Dongo era um estados tributário do Reino do Congo, juntamente com vários
outros pequenos reinos ao redor mesmo. O Reino de Ambundo no sul e o Cacongo no
norte sempre estiveram em conflito, mas o Congo conseguiu cobrar tributos desses
estados desde antes da colonização pelos portugueses

Independência
Em 1518 o Reino de Dongo enviou uma embaixada a Portugal pedindo missionários e
reconhecimento como estado independente do Congo. Uma missão portuguesa chegou
ao Dongo em 1520, mas disputas locais e talvez a pressão do Congo forçaram o
missionários para retirar. O manicongo Afonso I levou os missionários para o Congo e
deixou o seu próprios padres no Dongo.
Por volta de 1556, Dongo enviou outra missão a Portugal em busca de assistência
militar e oferecendo-se para ter os líderes e o povo batizados, embora os oficiais
portugueses na época não tivessem certeza da devoção religiosa. Em 1901, o historiador
E.G. Ravenstein afirmou que esta missão foi o resultado de uma guerra entre Congo e
Dongo, na qual o Dongo venceu e reivindicou sua independência, que também foi
reivindicada pelo historiador Jan Vansina em 1966 e depois por outros, mas isso parece
ter sido uma leitura errada das verdadeiras origens. O Dongo pode ter visto a missão
como uma espécie de declaração de independência, já que a resposta do Congo à missão
de 1518 sugere que ainda mantinha controle suficiente para evitar que fosse um
movimento independentista.
A segunda missão portuguesa chegou à foz do rio Cuanza em 1560, chefiada por Paulo
Dias de Novais, neto do famoso explorador Bartolomeu Dias, e incluindo vários padres
jesuítas, incluindo Francisco de Gouveia. Esta missão também falhou e Dias de Novais
regressou a Portugal em 1564, deixando Gouveia para trás.

Relações e guerras contra os portugueses

Na altura da terceira missão em 1571, o rei de Portugal Sebastião I tinha decidido


encarregar Dias de Novais da conquista e subjugação do "Reino de Angola",
autorizando-o a governar a região, trazer colonos, e construir fortes.[1] Dias de Novais
chegou a Luanda por acordo com o rei Álvaro I do Congo em retribuição pela ajuda de
Portugal contra os Jagas. Quilongo, o rei de Angola, renovou as relações com Portugal
em 1578.[2] Incapaz de conquistar qualquer território por conta própria, Dias de Novais
fez alianças com o Congo e o Dongo, servindo como um exército mercenário.
Em 1579, mercadores portugueses que se estabeleceram no Congo, liderados por
Francisco Barbuda, avisaram a Quilombo Quiacasenda que Portugal pretendia apoderar-
se do seu país. Agindo com base nesta ameaça e inteligencia, Njinga Ndambi enganou
as forças portuguesas para uma emboscada e massacrou-as em sua capital.
A guerra que se seguiu testemunhou uma invasão do Congo, que foi derrotada por
pouco tempo em 1580, e uma ofensiva portuguesa no rio Cuanza, resultando na
fundação de seu forte em Massangano em 1582. Vários sobas mudaram sua aliança para
Portugal e logo muitos dos províncias costeiras foram unidas à colônia. Em 1590, os
portugueses decidiram atacar o núcleo do Dongo e enviaram um exército contra a
Cabaça. Dongo, no entanto, recentemente selou uma aliança com a vizinha Matamba, e
as forças portuguesas foram esmagadas. Após esta derrota, o Dongo fez uma contra-
ofensiva e muitos dos ex-sobas pró-portugueses regressaram ao lado do reino.
Entretanto Portugal conseguiu reter grande parte das terras que ganhou nas guerras
anteriores e, em 1599, Portugal e o Dongo  formalizaram sua fronteira

Período Imbangala
Durante o início do século XVII, uma paz armada foi mantida entre Portugal e o Dongo.
Os portugueses continuaram a sua expansão ao longo do Cuanza, fundando o presidio
de Cambambe em 1602, e tentaram, sempre que possível, interferir na política do reino,
especialmente no que se referia ao ténue domínio do Dongo sobre Kisama e outras
terras a sul do Rio Cuanza. No decurso das suas actividades na região sul do Cuanza os
portugueses entraram em contacto com os Imbangala, um grupo desenraizado de
invasores nómades que assolavam o país. Em 1615, o governador provisório de
Angola Bento Banha Cardoso encorajou alguns Imbangala a cruzar o rio e entrar ao
serviço dos portugueses, e com a ajuda deles expandiu a colônia ao longo do rio Lukala,
ao norte de Dongo.
Em 1617, o novo governador Luís Mendes de Vasconcelos, após rejeitar o uso de tropas
Imbangala, comprometeu-se com a aliança e iniciou campanhas agressivas contra o
Dongo. Graças à ajuda dos Imbangala comandados por Kasanje, Kasa e outros, ele
conseguiu invadir Dongo, saquear a capital e forçar o Rei Angola Ambandi a se refugiar
na ilha de Kindonga no rio Cuanza. Milhares de súditos do Dongo foram feitos
prisioneiros e Mendes de Vasconcelos tentou, sem sucesso, criar um governo fantoche
para permitir o domínio português.
Os sucessores de Mendes de Vasconcelos, como João Correia de Sousa tentaram fazer
as paz com Dongo, e, em 1621, Angola Ambandi enviou a sua irmã, Ginga Ambandi, a
Luanda para negociar em seu nome. Ela negociou um tratado de paz no qual Portugal
concordou em retirar seu forte avançado de Ambaca no Lukala, que serviu de base para
a invasão do Dongo, devolvendo um grande número de ijiko cativos para Dongo e
forçando os bandos de Imbangala que ainda devastavam o Dongo para sair. Em troca,
Angola Ambandi deixaria a ilha e se restabeleceria na capital e se tornaria vassalo
português, pagando 100 escravos por ano como tributo.
No entanto, João Correia de Sousa envolveu-se numa guerra desastrosa com o Congo e
na sequência foi expulso da colónia por cidadãos irados. O seu sucessor temporário, o
bispo, não conseguiu executar o tratado, cabendo então ao novo governador, Fernão de
Sousa, resolver a questão aquando da sua vinda em 1624.
Conclusão

Após a Restauração, os territórios africanos dominados pelos portugueses foram palco


de vários conflitos envolvendo interesses e motivações diversas. A ameaça holandesa, e
a sua efetiva ocupação, exigiram que os portugueses organizassem estratégias para
minimizar os efeitos gerados pela aliança de alguns reis e de vários sobas que, nesse
contexto, preferiram negociar com os agentes da WIC. A resistência nas terras de
Massangano foi fundamental para a garantia das alianças com Ngola Ari, rei do Ndongo
e fiel vassalo português, e para o contra ataque liderado por Salvador Correia de Sá, que
deu início à um período de governos, que em suas ações destoaram, e muito, dos
discursos da Coroa que pregavam a cooperação e o estabelecimento de alianças
pacíficas com as lideranças africanas.
Referências Bibliograficas

https://www.revistas.usp.br/sankofa/article/download/88793/91679/126264
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_do_Ndongo

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