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Benguela

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 Nota: Para outros significados, veja Benguela (desambiguação).

Benguela

Localidade de Angola 
(Município e Cidade)

O largo da Feira, ao centro, e a praia Morena, a esquerda, em 2013.

Dados gerais

Fundada em 17 de maio de 1617 (404 anos)

Gentílico benguelense

Província Benguela

Características geográficas

Área 2 100 km²

População 623.777[1] hab. (2018)

Clima BSh
Benguela

Localização de Benguela em Angola

12° 33' " S 13° 25' " E

Prefixo telefónico +244 2722

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Benguela MHI é uma cidade e município, capital da província de Benguela, no


oeste de Angola, composto somente da comuna sede, que está organizada em
seis zonas.
Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto
Nacional de Estatística, conta com uma população de 623.777 habitantes e
área territorial de 2.100 km², sendo o município mais populoso da província e o
décimo mais populoso da nação.[1]
Limita-se a norte com o município de Catumbela, a leste com os municípios
de Bocoio e Caimbambo, a sul com o município de Baía Farta e a oeste com
o Oceano Atlântico.

Índice
 1Etimologia
 2História
o 2.1Estruturação, tensões e conflitos

o 2.2Século XIX e a Confederação Brasílica

o 2.3Primeira metade do século XX

o 2.4Segunda metade do século XX - presente

 3Geografia
o 3.1Relevo

o 3.2Vegetação

o 3.3Hidrografia

o 3.4Demografia e religião

 4Economia

 5Cultura e lazer
o 5.1Festejos e manifestações culturais

o 5.2Literatura de Benguela

o 5.3Lazer

o 5.4Desporto

 6Infraestrutura
o 6.1Transportes

o 6.2Saúde

o 6.3Educação

o 6.4Comunicações

 7Ver também

 8Referências

 9Ligações externas

Etimologia
O termo "Benguela" seria de origem umbunda, de raíz original nos termos
"venga" ou "mbenga", do verbo "okuvenga" ou "okuvengela" que
em português significa "sujar, turvar ou sujar-lhe", significado associado à água
do rio Catumbela; pode significar também "escuro ou opaco", relacionado à
floresta fechada anteriormente circundante à baía das Vacas.[2]
Ainda existe a teoria que associa ao topónimo "Mbegela", nome de um rei do
primitivo reino de Benguela, que existiu de maneira independente até à véspera
dos primeiro contactos com os portugueses, quando tornou-se vassalo. Em
todo o caso, "Benguela" foi um nome aportuguesado e fortemente
convencionado, de maneira que os termos originais são estranhos na
contemporaneidade.[2]
História

Baía de Benguela e Rio Cantonbelle, na década de 1740. Obra de Jacques-Nicolas Bellin.

A partir de 1578, deu-se a fixação portuguesa em Benguela-a-Velha, perto da


actual Porto Amboim. A fixação portuguesa marcou o início da exploração da
região sul de Angola.[3]
Em 1615, Filipe II de Portugal, no contexto da União Ibérica, por ato legal,
separou as terras ainda sob pleno domínio do Reino de Benguela da capitania
de Angola (ou de Luanda), para a criação da Capitania de Benguela.[3]
A fundação efetiva de Benguela viria ocorrer com uma expedição liderada
por Manuel Cerveira Pereira, capitão-general de Angola, que partiu
de Luanda em 11 de abril de 1617, à frente de uma frota naval composta por
130 homens. A expedição rumou para sul, ao longo da costa, até a baía das
Vacas (ou baía de Santo António), que alcançou em 17 de maio do mesmo
ano.[3] Na baía fundou-se uma fortaleza (que posteriormente receberia o nome
de Forte de São Filipe de Benguela); a fortificação foi o núcleo-base da
povoação que se tornaria de imediato a capital do novo domínio português ao
sul de Angola, a Capitania de Benguela — nome conservado entre 1617 e
1779, quando foi substituída pelo "distrito de Benguela". Inicialmente a
localidade surgida ao redor do forte ganhou o nome de Ombaca, até que, após
a celebração de tratado de amizade e comércio entre Portugal e o Reino de
Benguela (ainda um pequeno reino com domínio nos vales dos rios Cavaco e
Catumbela), tomou-se o nome de Benguela também para o vilarejo e a
fortaleza.[4]
Estruturação, tensões e conflitos
Em 21 de dezembro de 1641 Benguela foi ocupada por forças da Companhia
Neerlandesa das Índias Ocidentais, que manteve seu domínio até 1648,
quando uma expedição de Rodrigues Castelhano, sob ordens de Salvador
Correia, retoma a cidade. Na retomada, recria-se o distrito/capitania de
Benguela, tornando novamente a cidade o segundo posto administrativo
avançado lusitano em Angola.[5]
Após a ocupação neerlandesa, o Forte de São Filipe de Benguela foi
reconstruído e ampliado utilizando taipa e adobe, em 1661, e novamente
restaurado em 1694. Porém, em 1705, uma esquadra francesa bombardeia,
invade e saqueia Benguela, deixando-a quase totalmente destruída; o processo
de reconstrução da cidade duraria de 1710 a 1733.[5] O forte foi restaurado em
1710 e reformado em 1769, servindo de prisão e Depósito de Degredados até
sua demolição (1906‐1918). A cidade chegou a ser atacada também pelos
sobas do reino de Benguela em 1718 e 1760.[6]
Passado este período de grande tensão, a cidade ganhou o Edifício da Câmara
em 1772 (somente foi destinado à Câmara no século XIX). Já o Hospital Real
(actual Hospital Geral de Benguela) havia sido construído em 1674, porém,
após a destruição da cidade pelos franceses em 1705, só foi restaurado em
1773. Na "Descripção da Capitania de Benguella", datada do século XVIII e da
autoria de de Alexandre José Botelho de Vasconcelos, 5º capitão-tenente da
até então capitania, a cidade de São Filipe de Benguela é descrita como
estando situada à borda do mar, numa grande planície 12 graus e meio a sul
da linha do Equador, com uma enseada ao lado da parte do sul.[7]
Século XIX e a Confederação Brasílica

Um pente de marfim de meados do século XIX, utilizado pelos povos do reino de Benguela, que
tinham domínio sob o leste do território municipal benguelense.

É em Benguela que inicia-se um dos primeiros movimentos separatistas de


Angola, quando, entre 1822 e 1823, soldados da capitania-distrito de Benguela
rebelam-se e declaram formada a Confederação Brasílica, uma entidade
nacional que buscava integração ao recém-formado Império do Brasil. O
movimento ascendeu no litoral angolano, angariando adesão até mesmo
de Luanda. Portugal, a partir de suas bases em São Tomé, agiu rápido contra a
sedição, derrotando a Confederação com facilidade.[8][9][10]
Após o movimento sedicioso na cidade, Portugal reforçou a guarnição de
Benguela. Tal período também culminou na criação da Câmara Municipal, em
1835, fato que dinamizou sobremaneira a localidade. Mesmo assim, em 1845 e
1846, em relatórios respectivamente de Lopes de Lima e Carvalho e Menezes,
foi classificada como uma "povoação de pouco mais de seiscentos" habitantes,
organizando-se junto do forte, dispondo‐se as casas de adobe ao longo de
"uma única rua e várias travessas", sendo ainda taxada de lugar "ermo e
frequentado por animais ferozes". Carvalho e Menezes, porém, relatou haver
2.400 habitantes, dos quais mais de um terço eram escravos, sendo os outros
comerciantes escravagistas, soldados e africanos livres.[6]
O panorama de Benguela mudou na década de 1880, quando tomou o epíteto
de "cidade branca", sendo descrita como "graciosa, ampla, com longas
avenidas arborizadas, um formoso jardim, espaçosas praças, muito plana,
muito limpa e regularmente iluminada". A cidade já somava 1,7 quilómetros de
orla litorânea urbanizada e dois quilómetros para o interior, atingindo uma área
total de 3,67 quilómetros quadrados. Os poderes públicos haviam efetuado
vários melhoramentos, com novos aterros sanitários, instalação de uma linha
telefónica para a Catumbela (1886), construção das pontes férreas sobre o Rio
Cavaco e o Rio Catumbela, da nova residência do governo, do mercado e o
restauro de construções antigas, como o cemitério. A condução da água do
Cavaco até aos chafarizes públicos foi instalada na década de 1890, enquanto
a luz elétrica só iluminou Benguela em 1905.[6]
Primeira metade do século XX
A viragem do século XIX para o século XX trouxe as obras do Caminho de
Ferro de Benguela, que teve seu primeiro trecho aberto ainda no ano de 1883,
numa extensão de 23 km, servindo de ligação entre Catumbela e Benguela.
Em 1905 a operação comercial da ferrovia iniciou-se, graças a chegada
ao porto do Lobito da primeira locomotiva. A ferrovia dinamizou sobremaneira a
economia benguelense, além de fazer crescer a população citadina.[11]
Tal grau de desenvolvimento permitiu que se dedicassem plantas urbanísticas
próprias para a localidade em 1900, 1939 e 1948, com a revitalização de vários
espaços como o Pelourinho, e a construção das praças de São Filipe, Quitanda
e Embondeiro. Além disso, a condição de capital de distrito e pólo de
desenvolvimento regional assegurou a Benguela ser a mais importante cidade
do sul de Angola até a ascensão do Huambo e do Lubango. A instalação de
empresas agrícolas e piscatórias fizeram afluir uma nova massa de
assalariados africanos e europeus, e a população urbana ascendeu a cerca de
14.000 pessoas, requerendo novas medidas de saneamento, a construção de
novos bairros, como o bairro Indígena, e novas estruturas viárias. Seu
dinamismo também se dava pela indústria do sisal, que assegurou o seu
crescimento demográfico em 1950 para um total de 17.690 habitantes. Nos
anos 1960, a cidade atingiria os 30.800 habitantes, como reflexo do aumento
de trabalhadores do setor industrial em plena expansão: fábricas de óleo,
açúcar, sabão, laticínios, cal, tijolo, refrigerantes, secagem e congelação de
peixe.[6]
Neste período também Benguela foi pioneira nas mídias no território do país, a
partir do lançamento do "Jornal de Benguela", em 1912, criado e editado por
Manuel Mesquita; foi o primeiro periódico de jornalismo profissional, e também
o primeiro a possuir tipografia própria.[12] Houve também pioneirismo nas
emissões de radiodifusão em 1931 e o lançamento da primeira emissora
eminentemente angolana, a Rádio Clube de Benguela, em 28 de fevereiro de
1933. Posteriormente esta rádio foi absorvida para formar a estação local
da Rádio Nacional de Angola.[13] A primeira transmissão televisiva em Benguela
apareceria somente em 1964, sob os auspícios da mesma rádio clube,
tornando-se a segunda cidade do país a ter uma emissora.[14]
Segunda metade do século XX - presente

A península em forma de morro ponta do Sombreiro, no ano de 1970, marco geográfico da cidade e
da baía das Vacas. O Sombreiro marca o limite entre os municípios de Benguela e Baía Farta.

Em 1 de agosto de 1956[15] Benguela ganharia sua primeira instituição de


ensino,[16] o Liceu Nacional de Benguela (em funcionamento somente no ano
seguinte) que, em 1967, passaria a denominar-se Liceu Nacional Comandante
Peixoto Correia;[17] instalado em uma portentosa obra arquitetónica de autoria
de Lucínio Cruz,[18] no pós-independência ganhou a denominação de Escola
Secundária Comandante Cassange. No mesmo ano (1956), também é
formalmente criada a Escola Industrial e Comercial Venâncio Deslandes (actual
Instituto Médio Industrial de Benguela-IMIB[19]) e a primeira escola primária.
Antes, a educação era ofertada de maneira informal e irregular pela igreja
Católica, e somente aos filhos de portugueses. Em 22 de abril de 1967, ocorre
a fundação da Escola do Magistério Primário de Benguela, a precursora da
formação superior na cidade.[20]
A 24 de junho de 1967, Câmara Municipal de Benguela foi agraciada com o
grau de Membro-Honorário da Ordem do Império.[21]
Embora Benguela tenha enfrentado somente pequenas escaramuças com as
forças nacionalistas do MPLA e UNITA durante toda a Guerra de
Independência de Angola (justamente por ser um centro militar português muito
reforçado), foi só nos estágios finais, em 6 e 7 de novembro de 1975, que um
largo conflito atingiu a cidade. Na Batalha de Benguela e Loboto, unidades
militares sul-africanas, com suporte da UNITA, capturaram Benguela, que
estava sob controle conjunto do MPLA, Cuba e Portugal. Em dezembro do
mesmo ano, na batalha de recaptura das duas cidades, Cuba e MPLA fizeram
a UNITA e a África do Sul recuar para o planalto do Amboim.[22]
Somente em 1994 a cidade receberia um campus (ISCED-Benguela)
da Universidade Agostinho Neto (UAN), que em 2001 tornou-se o Centro
Universitário de Benguela (CUB). Em 2009, o mesmo centro universitário foi
transformado na Universidade Katyavala Bwila.[23]

Geografia

Os Paços do Concelho de Benguela, em 2008.


Benguela situa-se a oeste de Angola, sendo a capital e principal município
da província de Benguela. Sua área territorial é de 2.100 km², contando com
uma população de 623.777 habitantes,[1] segundo os dados do Instituto
Nacional de Estatística no âmbito das estimativas de 2018.[24]
O município compõe-se somente da comuna sede, que está organizada em
seis zonas: Zona A, Zona B, Zona C, Zona D, Zona E e Zona F. Vilas
municipais importantes são Coruteva, no sul, Gunque, no norte, e Binga, no
centro; as três vilas estão a leste da cidade, que domina toda a faixa litorânea
da baía das Vacas.
Benguela tem vivido a mesma situação que os municípios da província de
Luanda, com construções mal organizadas, ruas sem saídas, valas
de água poluídas, lixo nas ruas. Bairros como os de Camanigã e Calohombo
sofrem com muitos desses problemas.
Forma, juntamente com as cidades de Baía Farta, Catumbela e Lobito,
a Região Metropolitana de Benguela, uma área de forte conurbação e ligação
de serviços urbanos.[25]
Relevo
No relevo, predominam as colinas monolíticas situadas ao norte do município e
encontradas na maior parte do território da província.[26] A zona leste municipal é
dominada por planaltos escalonados, que são, em sua maioria, cortados por
vales e rios.[26]
Vegetação
A vegetação do município é composta predominantemente formações
de estepe, assim como formações de florestas abertas e savanas arborizadas.
[26]

Hidrografia
O território municipal de Benguela também possui diversos cursos de água,
centrado principalmente no rio Cavaco e nos afluentes deste, que compõem a
bacia do Cavaco. Outro rio importante é o Coringe, que corta o centro histórico
da cidade. Já na área nordeste do município é banhada pelo rio Catumbela. A
característica semiárida de Benguela faz com que vales e rios secos acumulem
enormes volumes de água no período das chuvas.[26]
Demografia e religião
Existem em Benguela diversos credos e manifestações religiosas, tendo, entre
os locais de culto, principalmente igrejas e templos cristãos Católicos
Romanos (sob coordenação da Diocese de Benguela), da Igreja Evangélica
Congregacional em Angola, da Igreja Evangélica Reformada de Angola,
da Igreja Batista, da Igreja Universal do Reino de Deus, da Igreja Assembleia
de Deus Missão e da Igreja Adventista do Sétimo Dia; outras denominações
cristãs têm número reduzido de fiéis e templos.[27] Há também
mesquitas muçulmanas.

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