Namibe Etimologia

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Etimologia

O nome "Namibe" vem da palavra "namib", um termo da língua nama, uma das línguas
coissãs, e significa "lugar vasto e ermo" ou "área onde ali não há mais nada". [2]
Antes de 1975 a província tinha o nome de "Moçâmedes" (até a década de 1950 com a
grafia "Mossâmedes"), em homenagem ao Barão de Mossâmedes.

História
A província do Namibe é a terra dos povos hereros, que habitam a região desde a grande
migração banta, iniciada na primeira metade do primeiro milénio da era cristã. A formação
dos hereros se deu pelo isolamento geográfico que permitiu a fragmentação etnolinguística
banta. Anteriormente a região era de domínio dos povos coissãs.

Colonização por exploração


O principal posto colonial português na província se fez na cidade de Moçâmedes, que até
o século XV não registava presença europeia e se chamava "Chitoto Chobatua" (buraco
dos passarinhos), uma aldeia de pescadores, pastores e caçadores que existia na baía do
Namibe.
Em 1485, a aldeia de Chitoto Chobatua passou a chamar-se de "Mossungo - Bitoto", e; em
10 de julho de 1645 passou a chamar-se de "Angra dos Negros" (ou Enseada dos
Negros), nome dado por Francisco de Souto-Maior, durante a reconquista de Angola,
possivelmente em virtude do embarque de escravos feito naquela baía.[3] Anteriormente,
em uma expedição, em janeiro de 1486, chegaram a uma enorme baía, a baía de Porto
Alexandre, onde encontraram duas grandes aldeias, a que denominaram de povoado de
Angra das Duas Aldeias.[4]
Por ordem do governador de Angola José de Almeida e Vasconcelos, Barão de
Mossâmedes, constituiu-se em Benguela, no ano de 1785, uma junta de exploração
dirigida pelo engenheiro-cartógrafo tenente-coronel Eusébio Pinheiro Furtado. O tenente-
coronel Pinheiro Furtado encarregou o comerciante Gregório José Mendes de capitanear
uma expedição exploratória por terra, enquanto ele comandava outra por mar. Gregório
Mendes, com mil e trinta homens, completa a expedição em trinta e quatro dias, quando
chega à Angra dos Negros no dia 3 de agosto de 1785, partindo em seguida para fazer o
percurso de volta, pilhando as populações pastoris da região. Pinheiro Furtado permanece
em Angra dos Negros, numa tentativa de restabelecer o povoado, batizando-o como "Baía
de Mossâmedes" em homenagem ao Barão de Mossâmedes. A expedição de ambos
constatou que a pequena colónia formada em 1645, embora recebesse com frequência
esporádica visitas de comerciantes de escravos de Portugal, estava abandonada, mesmo
fornecendo os atributos para seu povoamento. [5]

Colonização por povoamento

Caravana bôer cruzando o distrito rumo á Humpata, em 1902.

A efetiva expedição de povoamento iniciou-se em 24 de setembro de 1839, com a


chegada do capitão Pedro Alexandrino da Cunha a um local de nome Curoca ou Angra
das Duas Aldeias, que o capitão denominou de Porto do Pinda (posteriormente Porto
Alexandre, atual Tômbua). A expedição do capitão Cunha fica 21 dias em Porto do Pinda,
quando zarpa para a baía dos Tigres, onde chega em 1 de novembro de 1839, ficando ali
somente dois dias, deixando o local e atracando, em 4 de novembro, na baía do Namibe.[5]
Naquela baía o capitão Cunha encontra auxiliares do tenente João Francisco Garcia, que
havia sido mandado com a missão de realizar estudos para edificações fortificadas
naquela região.[5]
Tenente Garcia foi quem iniciou as expedições ao interior do Namibe, quando partiu do
povoado de Moçâmedes no dia 4 de setembro de 1839, com destino ao Forte-Presídio de
Caconda, avançando pelas margens do rio Bero. No percurso convenceu o soba (rei tribal)
Quiatória a ficar junto do povoado de Moçâmedes, para defender-se de seus inimigos. [5]
Retornou para o povoado de Moçâmedes no dia 17 de novembro de 1839, encontrando-se
com o capitão Cunha, que o aguardava em sua embarcação. Naquele povoado tem uma
audiência com o soba Loquengo, a quem convence tornar-se súdito da Coroa Portuguesa,
batizando-o com o nome de Giraul.[5]
Em 6 de dezembro de 1839, Garcia e Cunha dirigiram-se para Benguela e depois
para Luanda, para dar conta dos relatórios das expedições de reconhecimento da costa e
do interior. A par do relatado, o governador-geral Manuel Eleutério Malheiro determinou,
em fevereiro de 1840, que o tenente Garcia, com 26 soldados, seguisse novamente até o
povoado de Moçâmedes para finalmente erguer uma fortificação. [5]
Em 13 de agosto de 1840 tenente Garcia conseguiu firmar um pacto de amizade e de
comércio com os sobas Mossungo e Giraúl, que governavam os hereros do litoral. O pacto
permitiu que, em 12 de julho de 1841, a construção da Fortaleza de São Fernando do
Namibe fosse efetivamente iniciada (só concluída em 1844) e; o tenente Garcia foi
nomeado comandante da fortaleza, com o posto de major. [5]
Na baía do Namibe foram criadas entre os anos de 1839 e 1845 oito feitorias e oito casas
de negócio, que desenvolveram a sua atividade no âmbito comercial, industrial e agrícola.
Tendo como base a fortaleza, algumas feitorias passaram a cultivar, nas margens do rio
Bero, espécies hortícolas necessárias ao seu sustento e dos seus empregados; outros
dedicaram-se à pesca, passando a exportar excedentes para Luanda e Benguela; outros
dedicaram-se ao comércio com os nativos da região e do interior, trocando fazendas,
missangas e bebidas alcoólicas (de origem europeia), por cera, marfim e couros, que por
sua vez exportavam igualmente para os distritos de Luanda e Benguela.[5]

Fundação do distrito
Ver artigo principal: Distrito de Mossâmedes
A colonização definitiva das terras do sudoeste angolano viria ocorrer por causa de um
episódio de violência e desentendimento entre brasileiros e luso-brasileiros que ficou
conhecido como revolução Praieira, entre 1848 e 1849, na província de Pernambuco,
no Império do Brasil. Em consequência do massacre contra os luso-brasileiros, estes
solicitaram ajuda ao Reino de Portugal, que lhes forneceu duas embarcações e construiu
infraestruturas no ainda modesto povoado de Moçâmedes, com vistas a formar uma
robusta colónia agrícola-comercial, que viria satisfazer os objetivos do império colonial. A
primeira das embarcações, o brigue Douro, chegou na baía do Namibe em 1 de agosto de
1849, seguido pela embarcação Tentativa Feliz, em 3 de agosto. [5]
Na expectativa da instalação destes luso-brasileiros, já se havia criado, em 19 de abril de
1849, o distrito de Mossâmedes (precursor da atual província), com sede no povoado
homónimo, com António Sérgio de Sousa como primeiro governador. No dia 4 de agosto
de 1849 há a inauguração oficial do distrito de Mossâmedes, com o discurso dos
representantes portugueses na presença das autoridades tradicionais, os sobas Mossungo
e Giraúl. Os colonos foram instalados nos alojamentos temporários para os luso-
brasileiros. Uma segunda leva de luso-brasileiros viria para Moçâmedes no ano seguinte. [5]
Em 1854 os empreendimentos coloniais portugueses decidem marcar presença em Porto
Alexandre (atual Tômbua e anteriormente Porto do Pinda), após tomar conhecimento da
visita de um explorador britânico de nome James Edward Alexander, que decidiu pôr seu
nome na aldeia dos hereros que havia naquela baía. O empreendimento português
consistiu primeiramente em construir uma colónia militar, com a categoria de vila já em
1855, e; em 1860 trazer vários portugueses algarvios, experimentados na arte pesqueira,
para formar a vila pesqueira de Porto Alexandre e a vila de São Martinho dos
Tigres (abandonada em 1975).[4]
A despeito dos dois primeiros anos da chegada dos colonos luso-brasileiros, em que uma
severa seca destruiu as plantações e empreendimentos agrícolas, com o tempo o distrito
passou a ser mais auto-suficiente, tanto que nas grandes reformas administrativas de
1857, 1861 e 1866 permanece com seu status político. [5]

De 1900 à década de 1960


Em 2 de setembro de 1901 foi criado, por desmembramento do distrito de Moçâmedes, o
novo distrito da Huíla (precursor da atual província de mesmo nome), com sede
no Lubango, sendo esta a segunda e maior perda territorial namibense. A primeira havia
sido a faixa ao sul do rio Cunene para os britânicos, em função da Conferência de Berlim,
que outrora eram virtualmente de posse portuguesa.
A primeira metade do século XX seria marcado por uma grande virada para a região, em
virtude da preocupação portuguesa em cumprir o princípio da ocupação efetiva, delineado
na Conferência de Berlim. Para tal, a nação empreendeu a construção do Caminho de
Ferro de Moçâmedes, obra vital para o desenvolvimento de localidades interioranas, nos
município de Bibala, Camucuio e Virei.

Período das guerras


No início da Guerra de Independência de Angola, o MPLA e a UNITA, os dois únicos
movimentos com capacidade de manter operações ao sul, não conseguiram tomar
Moçâmedes dos portugueses, contentando-se em fazer pequenas incursões no interior.
Esse panorama mudou quando o MPLA lançou a VI Região Militar, em 1970, de
operações em terras namibenses, além de Huíla e Cunene. O movimento conseguiu
controlar boa parte da província (tornou-se província em 1973).
Já na expectativa da proclamação de Independência de Angola, a Força de Defesa da
África do Sul, apoiando a UNITA, lança a Operação Savana, onde invadem
Caraculo, Bentiaba, Lucira, Moçâmedes e Tômbua, sem contudo dominar por inteiro as
duas últimas. Com o apoio da SWAPO e das Forças Armadas de Cuba, o MPLA consegue
expulsar os sul-africanos da província, denominando-a, em seguida, como Namibe.

Geografia

Mulheres da etnia himba, num cerimonial tradicional, na província do Namibe, em 2012.

A província do Namibe é limitada ao norte pela província de Benguela, ao leste pelas


províncias de Huíla e Cunene, ao sul pela Namíbia e, ao oeste pelo Oceano Atlântico.
O rio que tem o maior volume de água da província é o Cunene, seguido pelo rio Giraul.
Outros rios importantes são o Bero e o Curoca. Com exceção do Cunene, todos os demais
são intermitentes.[6]
A maior formação montanhosa totalmente namibense é a Serra da Neve, havendo na
divisa com a província de Huíla as serras da Chela e da Leba.[6]

Proteções litorâneas
Muitas proteções litorâneas importantes estão no litoral namibense, sendo as principais
a baía de Porto Alexandre, a baía dos Tigres, a baía das Luciras e a baía do Namibe,
áreas vitais de pesca, de turismo e para o transporte marítimo. [6]

Clima
A província do Namibe têm grande parte do seu território tomado por áreas de deserto,
fato que influencia decisivamente no clima, que insere-se nas categorias de desértico
quente (BWh) e semiárido quente (BSh), segundo a proposição da classificação climática
de Köppen-Geiger.

Patrimônio natural
No deserto da Namíbia pode ser vista a welwitschia mirabilis, planta símbolo da província,
encontrada principalmente nos perímetros do Parque Nacional do Iona. Na região do
Parque do Iona também encontram-se fósseis de tubarões,
tartarugas, mosassauros, plesiossauros e saurópodes do cretáceo superior, além
das pinturas rupestres de Chitundo-Hulu.

Demografia
A província do Namibe é escassamente habitada, principalmente na faixa sul, onde o
Parque do Iona se sobrepõe como área de proteção ambiental. As principais etnias que
habitam o território nambibense são os grupos hereros (mucubais e himbas) e pequenos
grupos coissãs (cuisi e cuepe), que coexistem com
europeus, brasileiros, ovimbundos, ambundos e congos vivendo basicamente na zona da
capital.

Economia
Agropecuária e extrativismo

Pescadores namibenses, em 2011.

Mesmo em condições climáticas tão extremas, a província do Namibe produz para


subsistência e para excedente, em lavoura temporária, o milho, massambala e massango,
feijão, batata rena, repolho, cebola, tomate e cenoura. Já nas lavouras permanentes,
encontra-se registo de citrinos, oliveiras, videiras e goiabas.[7]
A pesca artesanal é outro meio de sustento para o povo do Namibe, que encontra na
cidade do Tômbua o maior centro piscatória do tipo da província e um dos maiores
do país. A característica da província, com rios intermitentes, faz com que a pesca seja
maioritariamente marítima.[7]
Na criação de animais, para carne, leite e peles, existem consideráveis rebanhos
de pecuária de ovinos caraculos e de caprinos. Há também criação de galináceos para
carne e ovos.[7]
Indústria e mineração
O parque industrial provincial está concentrado nas áreas próximas da cidade de
Moçâmedes, trabalhando com o beneficiamento agroindustrial de carnes, peles e
derivados de leites, além do semi-beneficiamento de frutas, óleos e produtos da terra.
Outros itens produzidos são bebidas, alimentos secos e estalagem de embarcações. [8]
A extração mineral industrial encontra relevo nos seguintes
minerais: ouro, cobre, manganês, cromo, estanho, lenhite e mármore.[8]

Comércio e serviços
Nó comércio, Namibe têm como principal referência a cidade de Moçâmedes, dado que é
o grande porto da faixa sul da nação, servindo como um dos mais importantes centros
atacadistas de Angola.[8]
Nos serviços, Moçâmedes concentra atividades financeiras, educacionais, de saúde,
administrativas e de entretenimento, enquanto que os outros centros de serviços, as
cidades de Tômbua e Lucira, tem especialização para o subsetor turístico.[8]
Outros serviços muito relevantes estão relacionados às atividades de logística,
nomeadamente portuária e ferroviária.[9]

Infraestrutura
O Namibe dispõe de algumas infraestruturas de transporte que servem para conectá-la ao
restante da nação, sendo que as mais utilizadas são as rodovias, que concentram-se em
dois troncos principais: a rodovia EN-100, de sentido norte-sul, ligando o Namibe
à província de Benguela e á Namíbia, e; a rodovia EN-280, de sentido oeste-leste, que a
liga com a Huíla. Existe ainda a Estrada Provincial Tômbua, a EN-104 (região de
Bibala), EN-105 (região de Bibala) e a EN-292, esta última servindo à cidade de Virei,
interligando-a com a Huíla.
Outro meio fundamental é o Caminho de Ferro de Moçâmedes, uma via de transporte
muito segura que transporta passageiros e cargas no trecho até o Cuando-Cubango, tendo
como saída o porto do Namibe, a facilidade logística formadora da província. Outro porto
que existe, embora menor, é o porto do Saco.
A província ainda dispõe do Aeroporto Internacional Welwitschia Mirabilis.

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