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É no berço da história da cana de açúcar no Brasil, que nasce

nossa cachaça... 
Nossas terras estão localizadas nas proximidades do povoado do Rio do Engenho, uma área de
relevante importância histórica, que já foi sede de um grande engenho de açúcar pertencente
a Mem de Sá, o terceiro Governador Geral do Brasil. É a cana de açúcar voltando a semear na
região!

Tudo começou com a chegada da esquadra portuguesa, comandada por Pedro Álvares Cabral,
que aportou em 22 de abril de 1500 no litoral baiano. A partir daí, toda terra, fauna, flora e
povos nativos foram transformados em propriedade da Coroa Portuguesa. Assim, até 1530, o
Brasil era representado pela exploração de recursos naturais.

Com a queda dos lucros, a necessidade de aumentar os gastos de guerra para garantir a posse
das colônias e o crescente interesse de outros países também ocuparem as terras do Brasil,
levaram o governo português a tomar medidas para a colonização efetiva deste vasto
território.

Dessa forma, as terras foram divididas em 15 grandes lotes e doadas a


12 pessoas abastadas do reino. Inicia-se assim o sistema de Capitanias Hereditárias.

A Capitania de São Jorge dos Ilhéos, que iniciava-se ao sul da Ilha de


Itaparica e estendia-se até o atual rio Jequitinhonha, foi doada pelo
Rei de Portugal ao fidalgo da corte Jorge de Figueredo Corrêa.

O documento de doação apontava as seguintes obrigações dos capitães donatários: fundar


vilas e implantar fazendas, tornar as terras produtivas e lucrativas, além de defendê-las contra
os povos estrangeiros ou nativos que se opusessem aos interesses da Coroa Portuguesa.

Mas Jorge de Figueredo não saiu da corte para tomar posse da capitania e designou Francisco
Romero como seu representante, que desembarcou na Ilha de Tinharé com cerca de 250
homens para iniciar a exploração das terras. Logo encontraram outro lugar, mais ao sul, que
ficava em uma península, entre quatro ilhéus e desaguadouro de rios no mar. Local que
possibilitava fáceis ações de defesa e excelente ancoradouro. Ali fundaram a Vila de São Jorge,
que se tornou sede da Capitania.

Apesar de muito rico, Jorge de Figueredo associou-se a outras pessoas influentes para investir
na produção de açúcar. Assim, em 1537, distribuiu 03 sesmarias, sendo uma delas de Mem de
Sá, localizada às margens do rio Santana. Ali ergueu-se um engenho de açúcar de grande
porte, movido a energia hidráulica e utilizando extensa mão de obra escrava. Sua capacidade
de produção chegava a 10 mil arrobas de açúcar por ano.

O Engenho de Santana foi o centro econômico da Capitania durante séculos, sendo


considerado um modelo para os fazendeiros da região.

As estratégias de dominação e utilização dos indígenas para o trabalho nos engenhos


causaram diversos levantes e fugas dos Tupiniquim e Aimoré que habitavam a região. Em 1559
o próprio Mem de Sá comandou o exército que atacou os índios rebelados. Jesuítas foram
enviados pela coroa portuguesa para catequizá-los como forma de “pacificação”, mas as
revoltas continuaram.
Mem de Sá faleceu em 1572, deixando suas terras para a filha Felipa de Sá que se casou com
Dom Fernando de Noronha (Conde de Linhares). Felipa morreu em 1618 e, sem herdeiros,
deixou seus bens ao Colégio de Santo Antão de Lisboa.

De 1618 a 1759, o Engenho de Santana passou a funcionar sob os cuidados dos padres de
Ilhéus e Lisboa, que adquiriram escravos africanos e recuperaram o prestígio do engenho.

Em 1759, o governo português expulsa os padres jesuítas e o engenho é posteriormente


arrematado em leilão público pelo Provedor da Casa da Moeda da Bahia, Manuel da Silva
Ferreira.

Em 1789 ocorreu uma histórica luta de escravos no Engenho de Santana, os mesmos se


rebelaram, paralisando a produção por dois anos. Sendo assim, o governo enviou uma
expedição militar para debelar a revolta, e quando foram atacados, os escravos escreveram
um tratado de paz, objetivando negociar as condições para voltar ao trabalho.

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