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PERÍODO PRÉ-COLONIAL

A chegada de Cabral ao Brasil em 1500 foi proposital, pois sabemos que


anterior a ela, em 1494, havia sido assinado o Tratado de Tordesilhas com a
Espanha, onde a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, as terras descobertas a
leste, pertenceriam a Portugal. Além do que, em 1498, Vasco da Gama, havia
chegado as Índias, para realizar o comércio de especiarias, que gerava lucro ao
mercantilismo português.
De 1500 a 1530 se iniciou o período pré-colonial, sem um sistema
administrativo no Brasil, tendo como características as expedições guarda-
costeiras para reconhecimento do território, a extração do pau-brasil, matéria-
prima útil para construção de casas e navios, além da brazilina, substância
avermelhada contida na madeira, útil para tingir tecidos, os primeiros conflitos
com corsários franceses, interessados na colonização do território e na
exploração do pau-brasil, e os primeiros contatos com os nativos, ao qual era
realizado o escambo.

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

De 1534 a 1548, Portugal instalou no Brasil o primeiro sistema


administrativo, as Capitanias Hereditárias, transferindo a responsabilidade da
colonização para os capitães donatários, pertencentes a casa real portuguesa e
fieis a coroa.
Originalmente, foram 14 capitanias, que eram independentes entre si,
mas que deviam seguir um regulamento, sendo doadas através da Carta de
Doação.
Os forais eram os direitos e deveres dos capitães donatários, como o
direito de doar sesmarias (grandes proporções de terras), fazer uso da
escravização de indígenas e ficar com parte do lucro obtido, e o dever de
repassar parte do lucro para Portugal, incluindo o "Quinto", que corresponde a
20% dos metais preciosos, caso fossem encontrados, povoar a terra e defender
o território.
As capitanias mais prósperas foram Pernambuco, Baia de Todos os
Santos e São Vicente. As demais, decretaram o declínio do sistema
administrativo, devido aos ataques estrangeiros, com pouca comunicação,
contrabando de pau-brasil, além do abandono. Assim, em 1578, um novo
sistema administrativo é estabelecido, o Governo Geral, com a administração
centralizada nas mãos de um mandatário de Portugal.
GOVERNO GERAL

Em 1548, o rei de Portugal D. João III estabeleceu no Brasil o Governo


Geral, centralizando a administração colonial nas mãos do Governador Geral,
mas tendo também a nomeação do Provedor-mor, cuidando das finanças e
arrecadação de impostos, o Ouvidor-mor, que estabelecia a justiça e o Capitão-
mor, responsável pela defesa do território. No âmbito regional, as vilas contavam
com as câmaras municipais, que eram geridas pelos “homens bons”, ricos
propretários de terras.
O primeiro governador geral foi Tomé de Sousa, que de 1549 a 1553,
trouxe os jesuítas, através do missionário Manuel da Nóbrega, fundando o
colégio jesuístico em Salvador e a primeira capital colonial.
Duarte da Costa, governou a colônia de 1553 a 1558, e em sua gestão,
através dos padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, foi fundado o colégio
jesuítico de São e Paulo e a cidade. Duarte da Costa também entrou em conflito
com povos indígenas no recôncavo baiano, onde teve divergências com o bispo
Pero Fernandes Sardinha, que o acusoui de maltratar a população de Salvador.
Mem de Sá, foi governador de 1558 a 1572, tendo em seu governo, o
estabelecimento da Armistício de Iperoig, com José de Anchieta estabelecendo
a paz com a etnia dos Tamoios, e a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro,
onde foi fundada a cidade, quando os invasores estavam em processo de
formação da França Antártida.

ECONOMIA COLONIAL DOS SÉCULOS XVI E XVII

A cana-de-açúcar era cultivada principalmente no litoral do nordeste,


tendo na capitania de Pernambuco e Baía de Todos os Santos, a sua maior
força. Havia uma experiência bem sucedida na arrecadação de lucros ,nas
ilhas atlânticas, e assim, as mudas foram trazidas para o Brasil. Tratava-se de
um produto para a exportação, realizado em latifúncios, com mão de obra de
escravizados, com a utilização de acordos comerciais com os Países Baixos
(Holanda) para a montagem, manutenção dos principais engenhos, além da
distribuição do açucar pela Europa.
A pecuária era inicialmente uma atividade extensiva (baixo custo),
realizada no sertão do nordeste, sendo responsável pelo povoamento do
interior, utilizando mão de obra livre e assalariada, tendo o mercado interno
como o principal foco, no abastecimento de carne, couro, leite e transporte,
dando suporte a sociedade açucareira.
As drogas do sertão eram especiarias como o guaraná, a castanha do
Pará, urucum, pau-cravo, cacau, entre outros, ecnontradas pelas entradas e
bandeiras na extensão do rio Amazonas, tendo grande valor na Europa e
sendo responsável por maior conhecimento do território brasileiro pelos
exploradores.

UNIÃO IBÉRICA E INVASÃO HOLANDESA

A união Ibérica foi o domínio espanhol sobre Portugal, de 1580 a 1640,


após a Guerra de Sucessão ao trono, quando D. Sebastião havia falecido, sem
deixar herdeiros. Assim, Felipe II, da Espanha passou a governar a península
ibérica. Durante esse período, os Espanhóis expulsaram os Holandeses que
viviam no Brasil, em acordo comercial com Portugal para o refino e
comercialização do açúcar.
De 1624 a 1625, os holandeses invadiram a cidade de São Salvador, com
o objetivo de conquistar as áreas mais fortes no plantio de cana-de-açúcar.
Porém, foram expulsos novamente.
Em 1630, os holandeses, através da Companhia das Índias Ocidentais,
invadiram a capitania de Pernambuco, ficando até 1654. Sob o governo de
Maurício de Nassau, os agricultores receberam créditos para o cultivo de cana-
de-açúcar, ocorreu a modernização da vila de Recife e um processo de
“Tolerância Religiosa” entre católicos e protestantes.
Em 1640, ocorreu a restauração da coroa portuguesa, e a pressão para a
expulsão dos holandeses se atenuou. Assim, aliado as altas cobranças da
Companhia das Índias Ocidentais aos agricultores em Pernambuco, que causou
insatisfação, ocorreu a Insurreição Pernambucana, quando, quando portugueses
e população local, expulsaram definitivamente os holandeses no ano de 1654.
Como consequência, a Holanda passou a focar na produção do açúcar das
antilhas, derrubando a concorrência portuguesa, e assim, ocorreu o declínio da
lavoura açucareira.

SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA

Em 1703 foi assinado entre o Tratado de Methuen, ou “Panos e Vinhos”,


onde Portugal se comprometia a vender o seu mais barato, e em troca a Grã-
Bretanha vendia produtos manufaturados, como tecidos a menor preço. Tal
situação propvocou o endividamento dos cofres portugueses.
O ouro foi encontrado em fins do século XVII, através das expedições de
bandeirantes paulistas, mas de 1707 a 1709, ocorreu a Guerra dos Emboabas,
quando os portugueses venceram os paulistas na disputa do controle da
extração aurífera.
A economia mineradora contribuiu para a formação de núcleos urbanos
no interior da colônia, o deslocamento do eixo econômico, do norte para o sul,
com a mudança da capital, de Salvador para o Rio de janeiro em 1763, o
desenvolvimento de outras atividades voltadas para o mercado interno, como a
agricultura e a pecuária na região sul, o tropeirismo, responsável por abastecer
as cidades mineradoras com produtos de primeira necessidade, e o surgimento
da classe média urbana.
Os impostos do ouro eram cobrados pela Intendência das Minas, sendo o
principal, o Quinto, que correspondia a 20% do ouro anual de cada minerador.
Mas também existia a Finta, sendo um imposto fixo, a Capitação, cobrado de
acordo com o número de escravizados do senhor e em 1751 foi cobrada a
Derrama, imposto abusivo, quando o mínimo do quinto não foi atendido.
Em 1720 ocorrei a Revolta de Vila Rica, ou Filipe dos Santos, quando os
mineradores criticavam os abusos da cobrança do Quinto. Como resultado,
foram criadas as Casas de Fundição, responsáveis pela fundição do ouro em
barras, para controle maior da fiscalização, e foi criada a Capitania de Minas
Gerais.

REVOLTAS COLONIAIS

As revoltas coloniais são divididas em nativistas, que visavam a resolução


de conflitos coloniais, mas sem a necessidade de emancipação em relação a
Portugal, e as revoltas separatistas, que tinham influência do iluminismo, e
acreditavam na emancipação em relação a Portugal.

As principais revoltas nativistas foram a Revolta de beckman, de 1684,


ocorrida no Maranhão, liderada pelos irmãos Tomas e Manuel Beckman, que
criticavam a Companhia do Comércio do Maranhão, que deveria comprar o
excedente agrícola dos agricultores em crise, além de fornecer 500 escravizados
por ano, mas que não cumpriu; a Guerra dos Mascates, de 1710, ocorrida em
Pernambuco, quando os agricultores em crise de Olinda, cobravam impostos dos
comerciantes de Recife, resultando na emancipação de Recife. Também ocorreu
a Guerra dos Emboabas (1707-1709), consistindo na disputa pela exploração
aurífera entre paulistas e portugueses, e a Revolta de Vila Rica, ou Filipe dos
Santos, de 1720, quando os mineradores se revoltaram com a cobrança abusiva
do quinto e a instalação das Casas de Fundição.
As principais revoltas separatistas foram a Inconfidência Mineira, de 1789,
quando a classe média de Minas Gerais criticava a possível cobrança da
derrama, e buscavam a emancipação da capitania em relação a Portugal, com
ideais republicanos, influenciados pela independência dos EUA, sem discutir a
abolição da escravidão, e a Conjuração Baiana, de 1798, formada por uma
camada da classe média, mais principalmente por ex-escravizados e
escravizados, que criticavam a carestia de alimentos e os abusos da coroa
portuguesa, buscando a formação de uma república e a abolição da escravidão.

PERÍODO JOANINO

O Período Joanino (1808-1821) foi o período correspondente a regência


de D. João VI e a vinda da família real portuguesa ao Brasil, fugindo dos
empasses causados por Napoleão Bonaparte (França), ao decretar o bloqueio
continental a Grã-Bretanha, ao qual, Portugal não gavia aderido. Após alguns
dias em Saçvador, antiga capital colonial, seguiram para o Rio de Janeiro.

Como características, temos a “europeização” do Rio de Janeiro, com a


fundação da Bliblioteca Real, o Jardim Botânico, a Academia Real de Belas
Artes, a anexação da Cisplatina (Atual Uruguai) como resposta aos interesses
napoleônicos na região, a criação da Imprensa Régia, e economicamente,
estabeleceu o Alvará de 1808, que permitia a instalação de manufaturas e
indústrias no Brasil, a Abertura dos Portos as Nações Amigas, também de 1808,
que colocava fim ao monopólio entre o Brasil e Portugal, o Tratado de Comércio
e Navegação, de 1810, que garantia menos impostos para compra de produtos
ingleses, e enfim, o Tratado de Aliança e Amizade, também de 1810, que
compremetia Portugal com a Grã-Bretanha a abolir gradativamente a escravidão
em suas colonias.

Em 1815, D. João VI eleva o Brasil a condição de Reino Unido a Portugal


e Algarves, estabelecendo o fim do pacto colonial. Em 1817, ocorreu a
Revolução Pernambucana, de caráter liberal, que criticava os altos custos da
corte portuguesa no Brasil, e desejava a emancipação, e em 1820, através da
Revolução Liberal do Porto, a elite portuguesa ordenava o retorno da família real
e a recolonização do Brasil. No ano de 1821, D. João VI retorna a Portugal, e D.
Pedro fica no Brasil, se tornando regente, até a independência, em 7 de
Setembro de 1822.
PRIMEIRO REINADO

De 1821 a 1822, D. Pedro se tornou regente do Brasil, devido ao retorno


de D. João VI a Portugal, e haviam correntes de pensamento distintos, como o
Partido Brasileiro, que almejava a independência, e o Partido Portugues, que
almejava a recolonização. No dia 7 de Setembro de 1822, foi declarada a
independência do Brasil, com forte pressão de invasões lusitanas, tendo foco de
conflito em algumas regiões.

Em 1823 foi formada a Assembleia Constituinte, mas o caréter liberal


desagradou D. Pedro, que fechou a Constituinte (Noite da Agonia) e outorgou
uma lei autoritária em 1824, contendo além dos poderes Legislativo, com
parlamento bicameral (deputados e senadores) com voto censitário, Executivo,
Judiciário, o poder Moderador, que era representado na figura do imperador. A
primeira Constituição também definia o padroado, com a igreja católica
subordinada ao Estado.

O governo de D. Pedro I também foi marcado por forte repressão a


Confederação do Equador, em 1824, quando no nordeste, províncias lideradas
por Pernambuco, almejavam a emancipação, a perda da Guerra da Cisplatina,
quando se formou a Banda Oriental do Uruguai, a falência do Banco do Brasil, a
herança das dívidas que Portugal tinha com a Inglaterra e a Noite das
Garrafadas, em 1831, quando brasileiros realizavam críticas a postura do
imperador, que favorecia ainda políticas de resquícios coloniais. D. Pedro I
retornou a Portugal, deixando seu filho Pedro de Alcântara (Futuro D. Pedro II)
no Brasil, com apenas cinco anos de idade.

PERÍODO REGENCIAL

Período que durou de 1831 a 1840, quando D. Pedro I havia retornado a


Portugal, e seu filho Pedro de Alcântara (futuro D. Pedro II) não poderia assumir
devido a sua idade. As regência trina permanente (1831-1834) criou a Guarda
Nacional, dando poder aos ricos proprietários de terras (coronelismo),
estabeleceu o Ato Adicional, dando maior autonomia as províncias, como o
direito de eleger seus deputados em assembleias provinciais, e definiu as
regências unas.
A Regência Una de Antônio Feijó (1835-1837), de caráter liberal
moderado recebeu duras críticas de políticos e latifundiários conservadores, e
por isso, Feijó renunciou. Assim, o conservador Pedro de Araújo Lima (1837-
1840) foi eleito, e revisou o Ato Adicional, retirando a autonomia das províncias.
Devido a grande conturbação, em meio a revoltas provinciais, foi criado por
liberais o Clube da Maioridade, para garantir a maioridade em lei e coroar D.
Pedro II, para estabelecer a ordem. Os conservadores aprovaram a ideia.

Entre as revoltas regenciais destacam-se a Cabanagem, no Pará, quando


a população pobre, aliada a fazendeiros locais, se revoltou contra as ações
centralizadoras na região, resultando em média de 30.000 mortos. Em Salvador,
a Revolta dos Malês lutava pela tolerância religiosa ao islamismo e pelo fim da
escravidão. Ainda na Bahia, ocorreu a Sabinada, que de 1836 a 1838, queriam
se separar do Brasil, até a maioridade de D. Pedro II. No Maranhão, de 1838 a
1841, ocorreu a Balaiada, de caráter popular, porém, Luís Alves de Lima e Silva,
o Duque de Caxias reprimiu violentamente a revolta. Enfim, de 1835 a 1845, o
Rio Grande do Sul e Santa Catarina se viram proclamando suas repúblicas
através da Revolução Farroupilha, feita pelas elites locais, e através do Tratado
de Ponche Verde, recuaram e entregaram as suas armas.

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