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Brasil Colônia (1500-1808)

➢ Portugueses colonizaram o Brasil, explorando suas riquezas para atender às demandas


do mercado europeu.

1. Período Pré-Colonial do Brasil

➢ A colonização do Brasil foi iniciada com a chegada dos portugueses, em 22 de abril de


1500;
➢ Período pré-colonial do Brasil corresponde à primeira fase do processo de colonização
(1500-1530).
➢ A esquadra liderada por Pedro Alvares Cabral tinha como destino original as Índias, para
estreitar os laços comerciais que os portugueses haviam estabelecido com os orientais.
➢ Porém, alguns historiadores afirmam que o seu destino era, de fato, a América, pois
Portugal reconheceu a existência de novas terras a oeste logo após a chegada de Cristovão
Colombo, em 1492.
➢ A missão cabralina era assegurar o domínio português sobre as terras a serem
descobertas. Essa afirmação encontra justificativa nas discussões entre portugueses e
espanhóis na elaboração do Tratado de Tordesilhas.
➢ Logo após o desembarque, os portugueses encontraram no pau-brasil a primeira
atividade econômica da colônia recém-conquistada, pois era uma árvore abundante no litoral
brasileiro. A madeira e a seiva da árvore foram usadas pelos europeus na confecção de móveis
e no tingimento dos tecidos.
➢ Os indígenas extraíam a árvore e a colocavam nas embarcações portuguesas em troca
de produtos sem valor comercial, como espelhos e outros apetrechos (escambo).

2. Início do Brasil Colônia

➢ Com a crise do comércio das especiarias, em meados do século XVI, os portugueses


decidiram investir na ocupação e exploração do Brasil.
➢ As tentativas de invasão vindas da França e da Inglaterra também fizeram com que
Portugal ocupasse em definitivo o território brasileiro.

3. Implantação das capitanias hereditárias no Brasil Colônia

➢ Os portugueses adotaram no Brasil a mesma forma de administração utilizada nas


colônias da ilha da Madeira, no litoral africano.
➢ O território foi dividido em porções de terra para serem distribuídas entre nobres aliados
da Coroa portuguesa. Eram as capitanias hereditárias.
➢ A ideia era descentralizar a administração colonial.
➢ Os donatários, como foram chamados os que geririam as capitanias, tinham como função
garantir a segurança, verificar se a região era próspera para a exploração e garantir o pleno
cumprimento das ordens reais.
➢ A doação de uma capitania era feita através de dois documentos: a Carta de Doação e
a Carta Foral.
➢ Pela primeira, o donatário recebia a posse da terra, podendo transmiti-la para seus filhos,
mas não vendê-la. Recebia também uma sesmaria de dez léguas da costa na extensão de toda
a capitania. Devia fundar vilas, construir engenhos, nomear funcionários e aplicar a justiça,
podendo até decretar a pena de morte para escravos, índios e homens livres. Adquiria alguns
direitos: isenção de taxas, venda de escravos índios e recebimento de parte das rendas devidas
à Coroa.
➢ A Carta Foral tratava, principalmente, dos tributos a serem pagos pelos colonos. Definia
ainda, o que pertencia à Coroa e ao donatário.
➢ Se descobertos metais e pedras preciosas, 20% seriam da Coroa e, ao donatário
caberiam 10% dos produtos do solo. A Coroa detinha o monopólio do comércio do pau-brasil e
de especiarias. O donatário podia doar sesmarias aos cristãos que pudessem colonizá-las e
defendê-las, tornando-se assim colonos.
➢ O modelo de colonização adotado por Portugal baseava-se na grande propriedade rural
voltada para a exportação. Dois fatores influíram nesta decisão: a existência de abundantes
terras férteis no litoral brasileiro e o comércio altamente lucrativo do açúcar na Europa.
➢ Num primeiro momento os portugueses lançaram mão do trabalho escravo do índio e,
depois, do negro africano. A colonização iniciou-se, então, apoiada no seguinte tripé: a grande
propriedade rural, a monocultura de produto agrícola de larga aceitação no mercado europeu e
o trabalho escravo.
➢ O desinteresse dos donatários em investir no Brasil fez com que as capitanias
hereditárias não dessem certo. Apenas as capitanias de Pernambuco e São Vicente
prosperaram.

4. Implantação do Governo-Geral no Brasil Colônia

➢ Como a descentralização do poder não conseguiu administrar de forma eficiente o Brasil


Colônia, a Coroa portuguesa decidiu centralizar o governo a partir da província da Bahia.
➢ Iniciava-se o Governo-Geral, com a colônia sendo governada pelo governador-geral,
uma pessoa de confiança do rei de Portugal para exercer o domínio metropolitano.
➢ "Apesar de o governador-geral ter assumido uma série de obrigações que eram dos
capitães-donatários, a administração da Colônia não era realizada somente por ele.
➢ Entre os outros cargos administrativos criados no Governo-Geral, podemos destacar:
• Ouvidor-mor: responsável pelas questões jurídicas e pela aplicação da lei portuguesa na
Colônia.
• Provedor-mor: responsável pela arrecadação dos impostos e pelo controle do orçamento
da Colônia.
• Capitão-mor: responsável pelo desenvolvimento das defesas da Colônia, seja contra
ataques estrangeiros, seja contra indígenas."
➢ O primeiro governador foi Tomé de Souza, e uma de suas ações à frente do governo foi
a construção da cidade de Salvador, que se tornou a primeira capital brasileira.
➢ O Governo-Geral investiu na construção de engenhos de cana-de-açúcar, atividade
econômica que prosperou nos primeiros tempos coloniais. Ao longo do litoral nordestino,
espalharam-se inúmeras plantações de cana-de-açúcar, cujo principal objetivo era abastecer o
mercado europeu.
➢ Portugal fez um acordo com a Holanda: os portugueses enviariam a cana-de-açúcar para
a Europa, e os holandeses ficariam responsáveis pelo refino e a comercialização do produto.
Estabeleceu-se, dessa forma, o Pacto Colonial, no qual Portugal teria o monopólio do comércio
brasileiro, fazendo que a economia colonial girasse em torno dos interesses metropolitanos.
➢ Com os governadores-gerais, chegaram ao Brasil os primeiros padres jesuítas. Esses
religiosos vieram em missão para evangelizar os indígenas. Não demorou para que os padres
entrassem em conflito com os portugueses por conta do uso do trabalho indígena.
➢ Durante o governo de Duarte da Costa, segundo governador-geral, enquanto os colonos
queriam escravizar os indígenas para o trabalho na lavoura de açúcar, os jesuítas defendiam
sua ação missionária. Esse conflito foi apaziguado com os religiosos conduzindo os indígenas
para regiões distantes do litoral e mantendo o trabalho de evangelização. Nas missões jesuíticas,
os indígenas trabalhavam na terra e dela se sustentavam.
➢ Com o fracasso na escravidão indígena e a necessidade urgente de mão de obra para
trabalhar no plantio e colheita da cana-de-açúcar, os portugueses encontraram nos negros
africanos a força trabalhadora.
➢ A partir do século XVI até 1888, o Brasil se sustentou tendo como base a mão de obra
escravizada negra, primeiramente nos engenhos de açúcar no Nordeste, e depois na mineração
no centro-sul colonial. Os negros africanos foram escravizados e o tráfico negreiro se tornou uma
das atividades mais rentáveis do Brasil Colônia.
➢ O Governo-Geral ficou responsável pela defesa da colônia, para isso, instalou em pontos
estratégicos inúmeras fortificações militares para garantir a posse portuguesa das terras
povoadas e expulsar as tribos indígenas mais avessas ao contato com o colonizador. A ameaça
dos franceses invadirem a Baía da Guanabara fez com que o governador-geral Mem de Sá
construísse a cidade do Rio de Janeiro, que, em meados do século XVIII, tornou-se capital da
colônia.

5. Economia no Brasil Colônia

➢ Enquanto o Brasil esteve sob o domínio de Portugal, a economia foi de exportação, para
atender aos interesses do mercado externo.
➢ A primeira atividade econômica foi a extração do pau-brasil.
➢ Percebendo que a terra colonial era fértil e o clima favorável, os portugueses deram
início, no século XVI, à plantação de cana-de-açúcar.
➢ Engenhos foram construídos no litoral nordestino para a produção açucareira. Com o
fracasso na escravização da mão de obra indígena, a solução veio dos negros africanos. À
medida que se produzia açúcar utilizando-se do sistema plantation (latifúndios, monocultura,
escravismo, exportação), maior era o número de escravizados negros em solo brasileiro. O
tráfico negreiro se tornou uma atividade econômica altamente lucrativa.
➢ A crise do açúcar ocorreu em meados do século XVII, quando os holandeses foram
expulsos de Pernambuco.
➢ No século XVIII, bandeirantes que saíram de São Paulo para o sertão do Brasil
encontraram na região de Minas Gerais as primeiras minas de ouro. Logo que a notícia se
espalhou, milhares de pessoas se deslocaram para as regiões, dando origem às primeiras
cidades no interior brasileiro, como Ouro Preto, Mariana e Cidade de Goiás.
➢ Tal qual na produção açucareira, os metais preciosos foram levados para Portugal. Em
torno das minas de ouro, formou-se um comércio que atendia às demandas dos exploradores. A
mão de obra usada nas minas era a negra escravizada. Para aumentar o controle sobre a
produção do ouro, a Coroa portuguesa decidiu transferir a capital do Brasil de Salvador para o
Rio de Janeiro.

6. Invasões Holandesas no Brasil


➢ As invasões holandesas no Brasil aconteceram ao longo do século XVII e tiveram como
momento-chave quando os holandeses invadiram e ocuparam Pernambuco. A ocupação
holandesa no Nordeste estendeu-se de 1630 a 1654 e teve relação com o envolvimento
diplomático entre Portugal, Espanha e Países Baixos.
➢ Os holandeses tinham como objetivo montar uma colônia baseada na produção de
açúcar, e a ocupação holandesa teve como grande nome o governador Maurício de Nassau, um
alemão que esteve aqui de 1637 a 1643 e promoveu uma série de reformas e melhorias na
cidade de Recife. Os holandeses foram expulsos ao final das Guerras Brasílicas.
➢ A invasão do Nordeste pelos holandeses não foi puramente um ato motivado
por interesses econômicos, havia também um contexto que envolvia as relações diplomáticas de
três países: Portugal, Espanha e Países Baixos. Todos os detalhes envolvendo essa relação
diplomática e econômica serão explicados.
• Primeiramente, devemos lembrar-nos de que a atividade açucareira era a principal
atividade econômica do Brasil e era altamente lucrativa. Sua instalação deu-se com empréstimos
holandeses, e a participação holandesa nesse negócio também se dava no transporte,
refinamento e distribuição do produto pela Europa. Portanto, existia uma grande parceria
econômica entre Portugal e os Países Baixos que era lucrativa para os dois lados.
• Essa relação começou a ficar abalada por conta da crise da Dinastia de Avis, no final da
década de 1570. Com a morte do rei de d. Henrique, rei de Portugal, iniciou-se uma crise
dinástica que resultou na entronização de Filipe II da Espanha como rei de Portugal. Isso fez
com que os tronos espanhol e português fossem ocupados pelo mesmo monarca. Esse
acontecimento ficou conhecido como União Ibérica, e a junção das Coroas espanhola e
portuguesa durou de 1580 a 1640.
• Assim, os dois impérios unificaram-se, e as posses portuguesas passaram a ser
administradas pela Espanha. Momento em que as coisas complicaram-se, pois a Espanha
estava em guerra com os Países Baixos, e isso significava que, obviamente, os holandeses
seriam excluídos do negócio do açúcar. Como vingança, os Países Baixos decidiram atacar as
antigas posses de Portugal para recuperar seus ganhos com o açúcar.

6.1. Invasão do Nordeste


➢ Com a ação holandesa, Pernambuco foi invadida em 1630, e Recife, transformada na
capital da colônia holandesa.
➢ A primeira ação dos holandeses deu-se contra as feitorias dos portugueses instaladas
no litoral do continente africano. Depois, os holandeses voltaram-se contra Salvador, atacando-
a em 1604, mas, nesse ataque, não conseguiram conquistar a cidade. Uma trégua entre as duas
nações foi assinada em 1609, estendendo-se até 1621.
➢ O fim da trégua marcou uma segunda fase nas ações holandesas contra o Nordeste
brasileiro. Em 1621, foi criada nos Países Baixos a Companhia das Índias Ocidentais (ou WIC,
na sigla em holandês). Essa empresa tinha como objetivo fundar uma colônia holandesa na
América para controlar os centros produtores de açúcar. Por meio dela, os holandeses também
se voltaram contra os postos de venda de escravos na África.
➢ Em 1624, aconteceu o primeiro grande ataque contra o Nordeste. O alvo foi
novamente Salvador, com os holandeses tentando conquistar a cidade tendo em vista
expandirem-se pelo Brasil. Após um dia de luta, eles conquistaram-na, mas não conseguiram
expandir-se para o interior da Bahia. A resistência nos arredores da cidade foi muito grande, e
os holandeses foram expulsos dela um ano depois.
➢ Entre 1637 e 1643, a colônia holandesa foi administrada pelo alemão Maurício de
Nassau.
➢ Em 1630, os holandeses voltaram com uma força armada de mais de sete mil homens,
mas, dessa vez, para atacar Pernambuco. Essa região possuía mais de 100 engenhos e era um
dos grandes produtores de açúcar do Brasil. Os holandeses conquistaram
facilmente Olinda e Recife, e, ao longo dos anos, expandiram sua colônia para outras regiões do
Nordeste.
➢ Essa expansão aconteceu entre 1630 e 1637, chegando a regiões
como Paraíba e Sergipe. A partir de 1637, a administração colonial foi entregue a João Maurício
de Nassau, um militar alemão. Ele realizou uma série de reformas em Pernambuco e priorizou
consideravelmente os principais núcleos urbanos — Recife e Olinda.
➢ Nassau procurou desenvolver a economia açucareira, destruída pela batalha; melhorar
as normas de higiene em Recife; aumentar a distribuição de alimentos; incentivar o
desenvolvimento científico e artístico em Pernambuco; e garantir a liberdade religiosa nos
territórios que controlava. Por outro lado, os holandeses mantiveram a instituição do trabalho
escravo.
➢ Os problemas financeiros da Companhia das Índias Ocidentais colocaram em xeque a
existência do projeto colonial dos holandeses no Brasil. A intenção de desenvolver uma colônia
baseada no comércio fracassou, e o momento que deixou isso perceptível foi o retorno de
Maurício de Nassau para os Países Baixos.
6.2. Fim da colônia holandesa
➢ Com a decadência da Companhia das Índias Ocidentais, a defesa da colônia holandesa
enfraqueceu-se. Os portugueses, por sua vez, passavam por um momento inverso porque,
desde 1640, o país tinha voltado a ser governado por eles. Essa foi a restauração de Portugal,
evento que marcou o fim da União Ibérica e colocou a família Bragança no poder.
➢ Com a restauração, os portugueses começaram a organizar-se para recuperar o controle
sobre o Nordeste. Assim, a partir de 1645, foi iniciada o que conhecemos
como Guerras Brasílicas, o conflito travado entre portugueses e holandeses pelo controle do
Nordeste. À medida que a situação dos holandeses no Nordeste agravava-se, o apoio aos
portugueses era aumentado.
➢ As Guerras Brasílias duraram até 1654, e nelas os holandeses foram, pouco a pouco,
derrotados. Houve uma grande mobilização de negros e indígenas que lutaram do lado
português. Tradicionalmente, dois momentos importantes, do ponto de vista português, foram as
duas Batalhas de Guararapes, que aconteceram em 1648 e 1649 e foram derrotas significativas
dos holandeses.
➢ Em 1654, os holandeses estavam reclusos na cidade de Recife, pois todo o interior do
que um dia tinha sido a colônia holandesa já havia sido recuperado pelos portugueses. Nesse
ano, a cidade de Recife foi cercada, invadida e conquistada pelos portugueses, colocando fim
na experiência colonial dos holandeses aqui. Nesse processo, os portugueses também
reconquistaram feitorias na África que tinham sido tomadas pelos holandeses.

As Revoltas do Período Colonial Brasileiro de interesses nativistas


1. Revolta de Beckman

➢ A Revolta de Beckman foi uma rebelião de comerciantes nordestinos contra a


Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, criada pela Coroa Portuguesa para estimular
o desenvolvimento econômico da região.
➢ Com a saída dos holandeses do país e a crise do açúcar que se seguiu, a região
Nordeste se tornou um lugar com estagnação econômica. Muitos estados do nordeste ficaram
extremamente pobres, quase abandonados como o estado do Maranhão. É na tentativa de
melhorar essa economia que a Coroa Portuguesa, em 1682, criou a Companhia Geral do
Comércio do Estado do Maranhão.
➢ A função dessa companhia era comprar os produtos agrícolas daquela região, vender
produtos manufaturados e abastecer as elites coloniais com escravos, chegando ao número de
500 escravos africanos por ano.
➢ No final, o governo português não cumpriu com o prometido e não forneceu os
escravos, gerando conflitos entre a elite e os jesuítas que não permitiam a escravização dos
índios. Também não comprava a produção dos donos de terras e fornecia materiais
manufaturados de péssima qualidade e com um valor muito alto. Com todos esses problemas, a
insatisfação na região foi aumentando ao longo do tempo.
➢ Em 1684 teve início a revolta nativista chamada de Revolta de Beckman, liderada
pelos irmãos Tomás e Manuel Beckman, dois senhores de engenho da região do Maranhão.
➢ A rebelião se deu por meio de uma invasão ao depósito da Companhia de Comércio
do Estado do Maranhão, com o apoio dos comerciantes.
➢ Os revoltosos também expulsaram os jesuítas e tiraram o governador de seu cargo.
Tomás Beckman foi enviado para a metrópole a fim de jurar fidelidade ao rei, retornando com
outro governador, Gomes Freire de Andrade, não encontrando resistência dos revoltosos.
➢ Manuel Beckman foi condenado a morte e Tomás foi expulso de sua terra, enquanto
o restante dos revoltosos foram condenados a prisão perpétua.

2. Guerra dos emboabas


➢ A Guerra dos Emboabas tem início no ano de 1707 e segue até o de 1709.
➢ O século XVIII, importante ressaltar, foi marcado pela descoberta de ouro e pedras
preciosas na região das Minas Gerais, atraindo muitos desbravadores para essa região.
➢ Para as minas e arredores eram atraídos pessoas de todo o tipo a fim de conseguir
explorar o ouro e obter lucro.
➢ Em pouco tempo, as jazidas encontradas se tornaram alvo de uma violenta disputa:
a população de outras províncias que iam atrás das pedras preciosas e dos portugueses, que
também rumaram para a região.
➢ Os primeiros a encontrarem o ouro e as pedras preciosas foram os desbravadores
paulistas que entraram para a história como bandeirantes, mais especificamente em 1698,
quando Antônio Dias de Oliveira descobriu as minas de Ouro Preto. Como a notícia se espalhou,
muitas pessoas foram para a região na busca de ouro.
➢ Esses bandeirantes paulistas queriam que a exploração das minas fosse de
exclusividade deles, já que foram eles que haviam descoberto.
➢ É importante destacar que a população da região das minas era dividida em dois
grupos inimigos: os paulistas que foram os primeiros a acharem as minas e os Emboabas. A
palavra “emboaba” tem o significado em tupi de “pássaro de pés emplumados” e era usado
pejorativamente para designar os forasteiros, pois eles utilizavam botas.
➢ A fim de controlar o contrabando do ouro, a Coroa determina algumas medidas, mas
ele continua ocorrendo sob a liderança de Nunes Viana. Borba Gato, líder dos paulistas, decidiu
expulsar os emboabas da região, que haviam se apoderado de suas terras e minas.
➢ Mas como os paulistas eram minoria, acabaram sendo expulsos por Viana, indo na
direção de Goiás e Mato Grosso, descobrindo novas jazidas. Viana acabou sendo expulso de
Minas pelo governador do Rio de Janeiro após o massacre feito pelos emboabas contra os
paulistas num lugar que ficou conhecido como Capão da Traição.
➢ As consequências dessa guerra, além das mortes e do massacre que ocorreu, foi
que, no ano de 1709, a capitania de São Vicente chegou ao fim e, assim, foi criada a capitania
de São Paulo e Minas de Ouro que, em 1720, acabou sendo dividida e tornando-se a capitania
de São Paulo e a capitania de Minas Gerais.

3. Guerra dos Mascates


➢ A chamada Guerra dos Mascates foi uma das revoltas daquelas que ficaram
conhecidas como Movimentos Nativistas, que tiveram como principal causa os
descontentamentos entre os colonos com relação às medidas tomadas pela Coroa Portuguesa.
Essa revolta ocorreu nos anos de 1710 e 1711, no estado de Pernambuco e acabou envolvendo
duas cidades: Olinda e Recife.
➢ É interessante destacar que Recife, cidade que cresceu muito com a presença
holandesa, não passava por essa crise açucareira, pois havia uma intensa atividade econômica
dos mascates, como eram conhecidos os comerciantes portugueses da região.
➢ A principal cidade, então, era Olinda e Recife era subordinada a ela. Com o
crescimento de Recife, pois possuía um excelente porto, os mercadores, ou seja, os mascates
que para lá foram atraídos, queriam se libertar de Olinda, ter mais autonomia.
➢ Os senhores de terras que viviam e controlavam a cidade de Olinda não ficaram
satisfeitos com essa decisão dos mascates.
➢ Estes conseguiram que Recife fosse elevado à vila, ganhando uma câmara
municipal, deixando os donos de terras de Olinda apreensivos com a cobrança das dívidas por
parte de Recife.
➢ Assim, em 1710, os senhores de Olinda invadem Recife, dominando a cidade e
sendo retomada logo em seguida. Essa guerra continuou até 1711 quando a Coroa nomeou Félix
José de Mendonça como governante, que acabou apoiando os mascates.
➢ Este novo governante ordenou a prisão dos senhores de Olinda envolvidos na revolta
e decidiu que, para evitar conflitos, a cada semestre, a administração seria chefiada por cada
cidade, evitando favoritismos.
➢ Em 1712, Recife conseguiu sua autonomia e se tornou sede administrativa de
Pernambuco.

4. Revolta de Filipe dos Santos

➢ A chamada Revolta de Filipe dos Santos é também conhecida pelos historiadores


como Revolta de Vila Rica, por ter ocorrido nesta cidade, hoje sendo a cidade de Ouro Preto. Ela
ocorreu no século XVIII, no ano de 1720 e, nessa época, a região das Minas Gerais era chamada
de Real Capitania das Minas de Ouro e dos Campos Gerais dos Cataguases e é considerada
uma revolta antecessora da Inconfidência Mineira.
➢ Minas Gerais se tornou o maior centro de mineração e foi palco propício para diversos
episódios de revoltas, rebeliões e motins.
➢ A Coroa Portuguesa iria, no final, acabar tributando muito essa região, cobrando altos
impostos e taxas sobre o ouro, a prata e os metais preciosos.
➢ Com o contrabando que havia nesses lugares, os tributos aumentavam cada vez
mais. Um exemplo muito conhecido de imposto era o quinto, que era o imposto cobrado em cima
de todo o ouro extraído, ou seja, 20% desse ouro tinha que ser pago para o governo português.
➢ Também era proibido que o ouro circulasse em sua forma de pó ou em pepitas, pois
se tornava mais fácil o contrabando e, assim, a sonegação do quinto. Logo, o ouro só podia
circular em barra e quem desrespeitasse era severamente punido.
➢ Todas essas taxas e impostos cobrados gerava insatisfação na população, nos
colonos e nos donos de minas.
➢ Nesse contexto, Filipe dos Santos, um fazendeiro da região e também tropeiro, dono
de tropas de mulas que transportavam as mercadorias, acabou atraindo as camadas mais
populares e classe médias urbanas. Ele discursava sobre o fim das Casas de Fundição e a
diminuição da fiscalização feita pela metrópole.
➢ Em 1720 foi instalada a Casa de Fundição de Vila Rica. E assim se iniciou a revolta
liderada por Filipe dos Santos e que tentou diminuir o quinto do ouro. Também tentou combater
o monopólio de vários produtos que eram consumidos na região.
➢ Mais de 2000 pessoas se rebelaram e não havia tropas para combater os rebeldes.
➢ Assim, o Conde de Assumar prometeu atender as reivindicações, mas acabou
reprimindo com violência assim que uma tropa foi formada. Filipe foi condenado a morte e as
Casas de Fundição continuaram. O que realmente mudou foi que Minas Gerais se separou da
capitania de São Paulo.

As Revoltas do Período Colonial Brasileiro de interesses separatistas

1. Inconfidência Mineira (Conjuração Mineira)

1.1. Contexto histórico


➢ O contexto histórico em que surgiram as primeiras descobertas auríferas em terras
brasileiras apresentava as seguintes características:
• graças à eclosão da Revolução Industrial, a economia europeia completava a transição
do sistema feudal para o modo capitalista de produção.
• a supremacia mercantil dos holandeses estava sendo progressivamente substituída pelo
primado industrial britânico.
• a associação de interesse entre a camada dominante portuguesa e o capital comercial
holandês cedia lugar à subordinação econômica de Portugal à Grã-Bretanha.
• a economia colonial brasileira conhecia uma etapa de crise, provocada pelo surgimento
de outras áreas coloniais de produção açucareira, notadamente a holandesa, nas Antilhas.
➢ A mineração nas Gerais, que resultou da experiência adquirida pelos vicentinos nas
incursões preadoras e na descoberta do ouro aluvional, apresentou os seguintes aspectos:
• não exigia tecnologia sofisticada.
• dispensava mão de obra especializada.
• ocorreu no interior da colônia, exigindo, em consequência,vias de circulação entre a zona
aurífera e o litoral.
• obrigava o contínuo deslocamento dos exploradores, pois os depósitos de minerais
nobres estavam situados na superfície e se esgotavam rapidamente.
• não demandavam grandes investimentos de capital.
• utilizava, fundamentalmente, o braço escravo africano.
➢ O aparecimento do depósito aurífero nas Gerais determinou a mudança da capital da
colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763.

1.2. Principais causas


➢ É também a questão da exploração aurífera e pesada política tributária portuguesa
sobre os grandes senhores de minas, um dos motes da Inconfidência Mineira.
➢ Os laços entre as elites mineiras e governo regional foram duramente abalados
quando, em 1782, foi nomeado para região Cunha de Menezes, pois ele privilegiou seus amigos
mais próximos em detrimento das tradicionais elites locais.
➢ A situação piorou ainda mais quando o novo governador, Visconde de Barbacena,
em 1788, recebeu claras instruções da coroa para executar as fintas: era a famigerada derrama.
➢ A derrama consistia na execução das fintas atrasadas – a finta era um imposto anual
equivalente a 1,5 toneladas de ouro (cem arrobas).
➢ O temor da derrama foi o estopim para o desencadeamento de uma sublevação
liderada pelas elites mineiras, descontentes com essa e outras medidas que vinham da
metrópole.
➢ Somou-se a esse descontentamento a influência das ideias iluministas e o
movimento bem-sucedido de independência dos Estados Unidos da América, em 1776. Iniciou-
se a articulação.

1.3. Tiradentes
➢ Tiradentes era um apelido pejorativo concedido ao alferes – apenas o primeiro posto
entre os oficiais militares – Joaquim José da Silva Xavier, que para complementar a renda
trabalhava como arrancador de dentes, uma espécie de cirurgião barbeiro dentista, profissão que
exigia grande esforço físico, mal vista e mal paga naquela época.
➢ Era o único que destoava entre os ilustres inconfidentes, mas seu descontentamento
nasceu pelo posto de observação que perdera e somou-se aos outros problemas que a região
das Minas, em especial, Vila Rica, sofria. Embora não fosse um homem das letras, sua retórica
impressionou os outros participantes e o alferes virou um dos principais propagandistas das
ideias do movimento.
➢ Os inconfidentes almejavam separa-se da metrópole e construir, ali em Vila Rica, um
estado independente e republicano, sustentado pela maior riqueza de sua região, o ouro que
era, em grande medida, extraído basicamente por escravizados. O movimento não tinha
pretensões de alterar a estrutura social existente, aliás, mantendo-se inclusive a escravidão.
Desejavam somente alterações de cunho político e econômico no que tangia à dominação
portuguesa.

1.4. Traição de Joaquim Silvério dos Reis


➢ O final dessa história é que todos terminaram mal, foram traídos.
➢ Joaquim Silvério dos Reis tramou a revolta contra a coroa, mas temeroso por sua
própria vida e contaminado pela ganância delatou os companheiros.
➢ Foi o encaminhando de uma das principais denúncias recebidas pelo governador
Barbacena acerca de um movimento sedicioso da região.
➢ Em troca de suas informações recebeu a anistia plena, por ter se envolvido com os
rebeldes e o perdão de suas dívidas.

2. Conjuração Baiana

➢ A Conjuração Baiana, que ocorreu no final do século XVIII, entre 1798 e 1799, na
Capitania da Bahia, também ficou conhecida como Revolta dos Alfaiates porque havia membros
importantes desse movimento que exerciam essa profissão.
➢ Em 1788 até 1801, quem governou a capitania da Bahia foi Fernando José de
Portugal e Castro, mas a população em geral não estava nem um pouco satisfeita com o governo
vigente, fervilhando com queixas, pois os preços das mercadorias básicas eram elevados todos
os dias.
➢ A população passou a realizar saques nos açougues, mercados e vendas no geral,
a fim de obter essas mercadorias essenciais.
➢ Cerca de dez anos antes ocorreu a chamada Inconfidência Mineira, as ideias
iluministas e republicanas das Treze Colônias Inglesas. Eles ficaram sabendo que a revolta das
Treze Colônias deu resultado e agora estavam livres da tirania de sua metrópole, a Inglaterra.
➢ Importante ressaltar que essas ideias revolucionárias eram, em sua maior parte,
difundidas pela elite cultural da Bahia, reunidas em associações como nas Lojas Maçônicas.
➢ Haviam seis principais motivos de revolta que a Conjuração Baiana adotou e
reivindicou que eram:
• a abolição da escravidão;
• a proclamação da República;
• a diminuição dos impostos;
• a abertura dos portos;
• o fim do preconceito;
• e o aumento salarial.
➢ Essa e outras ideias foram divulgadas em forma escrita por Luiz Gonzaga das
Virgens, que era soldado, e Cipriano Barata. Este último, que foi o principal líder da revolta e era
médico e filósofo, tinha grande influência da maçonaria e da própria população já que ele era um
conhecido médico dos pobres e estava sempre envolvido em todas as revoltas.
➢ Foi no dia 12 de agosto de 1798 que o movimento estourou. Os membros da revolta
estavam distribuindo panfletos sobre o movimentos em frente a igrejas e as ruas da capitania,
quando algumas autoridades prenderam essas pessoas.
➢ O movimento foi duramente reprimido.
➢ Centenas de pessoas foram denunciadas, entre eles militares, funcionários públicos,
pessoas da igreja como padres, sendo que quarenta e nove dessas foram presas. No ano
seguinte que algumas pessoas importantes do movimento foram enforcadas como o aprendiz de
alfaiate Manuel Faustino dos Santos Lira, o soldado Luís Gonzaga das Virgens e o mestre
alfaiate João de Deus Nascimento. Os seus restos mortais deles foram colocados em praças
públicas para servir como exemplo àqueles que lutavam contra a Coroa.

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