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A formação territorial do Brasil remonta ao século XV, durante a Era dos

Descobrimentos. Para evitar conflitos entre as monarquias ibéricas, Espanha


e Portugal assinaram o Tratado de Tordesilhas em 1494. Esse acordo
estabelecia os limites das terras a serem ocupadas na América. A partir de
então, a formação territorial do Brasil ocorreu por meio de uma série de
iniciativas: os portugueses exploraram o litoral, especialmente o do
Nordeste, e os colonos partiram em expedições em busca de mão de obra e
metais preciosos.
O Tratado de Tordesilhas, estabelecido em 1494, definiu a divisão das terras
descobertas entre as duas potências marítimas do início da Época Moderna:
Portugal e Espanha. Sendo assim, coube a Portugal o domínio sobre uma
pequena parcela do continente americano, restrita ao litoral brasileiro.
Outras nações europeias, no entanto, questionaram a divisão estabelecida
pelas potências ibéricas e procuraram, ao longo dos séculos XVI e XVII,
apossar-se de parte do seu território colonial. O Brasil, por diversas vezes,
foi alvo de incursões e invasões estrangeiras, algumas delas causadoras de
violentos conflitos. A resistência lusa, porém, evitou a tomada de territórios
coloniais por nações europeias.
A partir do final do século XVI e ao longo do século seguinte, deu-se a
expansão e ocupação do território colonial brasileiro. Fatores de diversas
ordens contribuíram para isso, com destaque para os militares e
econômicos. Assim, em meados do século XVIII, o território brasileiro estava
praticamente definido com as dimensões atuais.
A penetração para o interior promoveu o desenvolvimento de algumas
atividades econômicas, como a extração das “drogas do sertão”, a pecuária
e a mineração. Todavia, essa interiorização do povoamento levou ao
extermínio de parte de nossa população indígena.

As invasões estrangeiras
Assinado em 1494 por Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas
provocou até um comentário irônico do então rei da França, Francisco I,
insatisfeito com a exclusão de outras nações europeias da partilha. Disse ele:
“Gostaria que espanhóis e portugueses mostrassem onde está o testamento
de Adão, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha”.
Mas não foram apenas os franceses que manifestaram seu
descontentamento com o tratado: ingleses e holandeses, que também
davam início ao seu processo de expansão marítimo-comercial, sentiram-se
prejudicados. Na verdade, tal insatisfação tinha sua razão: o domínio sobre
vastos territórios, no contexto mercantilista, garantia riqueza e poder aos
países ibéricos, que exploravam com exclusividade as terras americanas.
Em função disso, franceses, ingleses e holandeses decidiram desrespeitar os
termos do tratado: passaram a contrabandear, a saquear as riquezas
provenientes da América e, até mesmo, a invadir o território, inclusive o
Brasil.
Os franceses no Rio de Janeiro
Os franceses, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, realizaram
incursões no litoral, com o objetivo de contrabandear o pau-brasil.
Chegaram, inclusive, a fundar feitorias, que foi o motivo que levou as
autoridades portuguesas a darem início à colonização e à ocupação efetiva
do território colonial, pois temiam perdê-lo para os corsários franceses.
Contudo, não foram razões econômicas que determinaram a ocorrência da
primeira invasão francesa ao Brasil, em 1555. Os franceses que
desembarcaram na região onde hoje se situa o Rio de Janeiro, dispostos a
fundar uma colônia que se chamaria França Antártica, eram, em sua maioria,
protestantes huguenotes, violentamente perseguidos em seu país por
motivos religiosos. A liderança da invasão coube a Nicolas Durand
Villegaignon e foi auxiliada pelo almirante Coligny. A invasão foi apoiada
pelo próprio rei da França, Henrique II.

Os franceses conquistaram a simpatia dos indígenas tamoios e formaram


com eles a chamada Confederação dos Tamoios. Graças a essa união, os
portugueses, sob o comando do governador-geral, Duarte da Costa, não
conseguiram expulsar os invasores. Isso resultou na substituição do
governador-geral por Mem de Sá. Este buscou o apoio dos colonos e dos
padres jesuítas – que já haviam estabelecido relações cordiais com os
indígenas – e solicitou auxílio militar da Metrópole. Os reforços chegaram
em 1563, com uma expedição chefiada pelo sobrinho do governador,
Estácio de Sá. Mem de Sá já havia firmado uma aliança com Arariboia, chefe
das tribos temiminós, inimigas dos tamoios.
Os jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta serviram de
intermediários nas negociações entre portugueses e tamoios para a
obtenção da paz. A interferência dos religiosos teve êxito e, em Iperoig, foi
assinado um armistício, que privava os invasores franceses de um aliado
vital.
Enfraquecidos, os franceses foram derrotados e expulsos do Rio de Janeiro
pelos portugueses, em 1567. Dirigiram-se, então, para o norte e nordeste
do Brasil. A luta contra os invasores favoreceu o povoamento da Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará, Pará e Maranhão.
Em 1612, os franceses invadiram o Maranhão e fundaram a França
Equinocial. Daniel de La Touche, comandante francês, deu início à formação
da cidade de São Luís - atual capital do Maranhão -, nome dado em
homenagem ao então rei da França, Luís XIII. Os portugueses, liderados por
Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, reagiram aos invasores,
que foram expulsos definitivamente do território brasileiro em 1615.
Os holandeses no Nordeste
As razões que levaram os holandeses a invadir o território brasileiro derivam
da união das coroas ibéricas, ocorrida entre 1580 e 1640, período conhecido
como União Ibérica.
Desde que Dom Afonso Henriques, fundador da dinastia de Borgonha,
proclamara a independência de Portugal em relação à Castela, os espanhóis
alimentavam o sonho de reunificar politicamente a Península Ibérica. A
oportunidade surgida com a morte de Dom Fernando, no final do século XIV,
e que motivou a Revolução de Avis, não foi aproveitada. Mas, em fins do
século XVI, a chance espanhola de incorporar Portugal a seus domínios
reapareceu.
Em 1578, o rei de Portugal era Dom Sebastião, da dinastia de Avis, homem
de espírito aventureiro, que foi lutar contra os muçulmanos no norte da
África, imbuído ainda de um espírito cruzadista. O monarca procurava
conquistar o Marrocos, mas fracassou e desapareceu durante a batalha de
Alcácer-Quibir.
Dom Sebastião sumiu sem deixar herdeiros. O único homem vivo da dinastia
era o velho cardeal, Dom Henrique, que assumiu o trono interinamente até
que se resolvesse a questão sucessória. A morte do regente em 1580,
porém, precipitou os acontecimentos: Filipe II, rei da Espanha, julgava ter
direitos sobre o trono português, na medida em que era neto de Dom
Manuel, o Venturoso, patrocinador da expedição que resultou na
descoberta do Brasil. A resistência dos portugueses fez com que o monarca
espanhol invadisse Portugal e ocupasse o trono, apoiado inclusive por uma
parcela da elite dominante lusa, que via na união das coroas uma
oportunidade de ampliar o tráfico negreiro para as colônias espanholas na
América.
Durante 60 anos, Portugal e suas possessões ultramarinas permaneceram
sob o domínio espanhol, lutando, porém, para restaurar sua autonomia, o
que se deu em 1640.
Antes de Portugal, a Espanha já havia estabelecido seu domínio sobre a
região que hoje corresponde aos Países Baixos. O afluxo de metais preciosos
oriundo da América enriquecia e fortalecia a monarquia espanhola, que
buscava obter a hegemonia política no continente europeu.
Em 1572, a Holanda iniciou uma luta sistemática contra a dominação
espanhola. Anos depois (1581), nasceu a República das Províncias Unidas,
onde se concentrava uma ativa burguesia mercantil. A autonomia definitiva
da região só veio em 1648, após violentos choques com a Espanha.
Durante o confronto entre Espanha e Holanda, Portugal e suas colônias
caíram sob o domínio espanhol. A Espanha, visando a enfraquecer a luta dos
holandeses, prejudicando-os em suas atividades comerciais, proibiu o
comércio entre a Holanda e as regiões dominadas pelos espanhóis. Ora, os
holandeses, como vimos, haviam patrocinado a instalação da empresa
açucareira no nordeste brasileiro, obtendo, em troca, inúmeras vantagens
no comércio do açúcar: detinha o monopólio sobre o refino, transporte e
distribuição do produto no mercado europeu – o que lhe rendia lucros
vultosos.
O bloqueio ao comércio do açúcar nordestino traria grandes prejuízos à
economia holandesa. Nesse sentido, os mercadores flamengos decidiram
buscar na "fonte" os produtos que costumavam negociar na Europa. Tais
foram as circunstâncias que redundaram na ocupação de certas áreas do
Brasil pelos holandeses.
Inicialmente, os holandeses se voltaram para as colônias lusas no Oriente.
Criaram a Companhia das Índias Orientais, em 1602, e conseguiram apossar-
se de inúmeras colônias portuguesas no Oriente. Os lucros assim
conseguidos no Oriente estimularam a criação da Companhia das Índias
Ocidentais (1621), a qual se dedicaria a organizar as expedições em
território brasileiro.
Os holandeses acreditavam que bastava ocupar o centro administrativo da
colônia para dominar o resto do território. Assim, em 1624, atacaram e
ocuparam a cidade de Salvador, prenderam e deportaram o governador-
geral, Diogo de Mendonça Furtado, e estabeleceram um governo holandês
no nordeste do Brasil, assegurando que respeitariam a vida e a propriedade
dos habitantes.
Os invasores, em sua maioria, calvinistas, não contavam, porém, com o
efeito da propaganda católica. Sob a liderança do bispo Dom Marcos
Teixeira, senhores de engenho, escravos e índios lutaram contra os
holandeses. Em 1625, a chegada de uma esquadra portuguesa pôs fim à
ocupação holandesa à Bahia.
Os holandeses, porém, não desistiram do objetivo de ocupar as áreas
produtoras de açúcar no Brasil. Durante algum tempo, por meio da atuação
da Companhia das Índias Orientais e da pirataria, acumularam recursos e
planejaram nova invasão às terras brasileiras.
Em 1630, retornaram ao Brasil, tomando, dessa vez, as cidades de Olinda e
Recife. A resistência foi eficiente até que Domingos Fernandes Calabar
passou para o lado do invasor. Conhecedor profundo da região, indicou aos
holandeses os redutos guerrilheiros, o que determinou a rendição lusa, em
1635. A partir de então, o litoral nordestino, de Sergipe ao Maranhão, ficou
sob o controle holandês.

A luta entre holandeses e brasileiros não interessava nem a uns nem a


outros. Os combates arrasavam canaviais, favoreciam a fuga de escravos e
determinavam uma queda na produção de açúcar, sem falar nos custos com
armamento e manutenção dos combatentes. Assim, o fim do conflito
armado era desejado tanto pelos produtores brasileiros quanto pelos
negociantes holandeses.
À Companhia das Índias interessava estabelecer um governo que
consolidasse a dominação holandesa sobre o Brasil, obtivesse um bom
relacionamento com os produtores de açúcar e administrasse o nordeste de
maneira a atender os interesses mercantilistas. Para isso, foi escolhido o
Conde Maurício de Nassau, que governou o Brasil holandês entre 1637 e
1644.
Conde Maurício de Nassau: governador do Brasil Holandês
Durante sua administração, concedeu empréstimos aos senhores de
engenho para que reestruturassem a produção e adquirissem escravos;
estabeleceu a tolerância religiosa; criou as Câmaras dos Escabinos, órgãos
de representação municipal junto ao governo holandês; reurbanizou a
cidade de Recife, cuidando de sua pavimentação, construção de pontes,
palácios e jardins; e promoveu a vinda de intelectuais e artistas para o Brasil.

O velho Recife: herança de Nassau


A restauração da independência portuguesa, em 1640, levou o novo rei de
Portugal, Dom João IV, a manifestar sua intenção de restabelecer o domínio
luso sobre as suas antigas possessões que, durante a dominação espanhola,
permaneceram sob seu controle. Para isso, era necessário expulsar os
holandeses do nordeste brasileiro. Por outro lado, a Holanda em meio à luta
contra a Espanha, procurou reforçar a exploração de seus domínios no Brasil:
aumentos os impostos sobre o açúcar, encareceu os fretes marítimos e
passou a exigir o pagamento imediato dos empréstimos concedidos sob
pena de confisco de terras e engenhos.
A atitude de Nassau face às exigências do governo holandês em relação ao
Brasil foi de reprovação, o que determinou sua substituição. A demissão de
Nassau e o arrocho holandês sobre os produtores de açúcar no Brasil
provocaram uma violenta reação por parte destes últimos. Conclamando a
participação popular, os senhores de engenho nordestinos lutaram durante
dez anos contra os invasores holandeses, sem receber qualquer ajuda das
autoridades lusitanas (movimento chamado Insurreição Pernambucana). Na
liderança do movimento estavam André Vidal de Negreiros, João Fernandes
Vieira, o negro Henrique Dias e o índio Felipe Camarão, conhecido como
Poti. As batalhas mais importantes foram as de Guararapes e Campina do
Taborda, as quais determinaram a rendição e a expulsão dos holandeses do
território brasileiro.
Uma vez expulsos do território brasileiro, os holandeses passaram a
produzir açúcar em suas colônias nas Antilhas. A abundância de capital, a
tecnologia avançada e a facilidade para a distribuição do produto no
mercado europeu foram fatores que determinaram a supremacia comercial
do açúcar antilhano sobre o brasileiro. Em consequência, a produção
nacional de açúcar decaiu rapidamente e a sociedade açucareira entrou em
profunda crise, a qual teve sérias repercussões sobre a economia
portuguesa, que já não andava bem, devido aos gastos com a luta pela
retomada da soberania em relação à Espanha. Fazia-se urgente descobrir
um novo produto que substituísse o açúcar na pauta de exportações luso-
brasileiras e reequilibrasse as finanças do Império Ultramarino.
Outro efeito importante da luta portuguesa contra o domínio espanhol foi
afirmação do controle britânico sobre Portugal. A Inglaterra havia
colaborado com a restauração da autonomia portuguesa, mas havia exigido,
como veremos, o estabelecimento de uma série de vantagens econômicas e
políticas.

Expansão e ocupação do território


O povoamento do Brasil, nos primeiros tempos da Colônia, concentrou-se
no litoral, mesmo porque o Tratado de Tordesilhas estabelecia que aquela
era a parte que cabia aos portugueses. Aos poucos, porém, houve um
movimento de penetração e ocupação do interior do país.
A Amazônia e o litoral norte
O litoral norte do Brasil era alvo de “visitas” frequentes de piratas e
contrabandistas estrangeiros, ameaçando com sua presença o domínio
lusitano sobre a região. Do ponto de vista estratégico-militar, era essencial
para os portugueses evitar as incursões estrangeiras no litoral norte do
Brasil, sobretudo a dos franceses.
Após terem sido expulsos do Rio de Janeiro, os franceses fixaram-se em
regiões desabitadas do litoral norte, chegando a fundar uma cidade, São
Luís, atual capital do Estado do Maranhão. A ocupação francesa punha em
risco o domínio luso-espanhol sobre a região, o que determinou a união das
forças militares das duas nações com o objetivo de expulsá-los.
Organizaram-se, nesse sentido, dezenas de expedições militares que
acabaram por vencer os franceses. Das lutas contra os invasores nasceram
fortificações militares no litoral, em torno das quais, posteriormente,
desenvolveram-se núcleos populacionais que deram origem a algumas das
mais importantes capitais nordestinas da atualidade. É o caso do forte
Filipeia de Nossa Senhora das Neves, que deu origem à atual cidade de João
Pessoa (Paraíba); é o caso também dos fortes dos Reis Magos e de Nossa
Senhora do Amparo, embriões das atuais capitais do Rio Grande do Norte
(Natal) e do Ceará (Fortaleza), respectivamente.

O povoamento do Vale Amazônico ocorreu tanto por razões estratégicas


quanto por questões de fundo econômico. Os contrabandistas europeus
exploravam as riquezas naturais da região, as chamadas drogas do
sertão (cravo do maranhão, canela, castanha-do-pará, guaraná, urucum,
cacau, essências para perfumes, plantas medicinais), obtendo com esse
comércio ilícito, lucros elevados. Na verdade, a extração desses gêneros era
realizada pelos indígenas, profundos conhecedores da flora amazônica, que
haviam estabelecido relações amistosas com os contrabandistas, em troca
de presentes recebidos.
Com o objetivo de impedir a ocupação estrangeira à região e obter lucros
significativos com a exploração das riquezas da Floresta Amazônica,
fundaram-se também fortalezas militares e povoados no norte do Brasil. Em
1615, nasceu o Forte do Presépio que, mais tarde, converteu-se na cidade
de Belém do Pará.
Os contrabandistas deixaram de frequentar a região e foram substituídos
pelos jesuítas no controle da população nativa. Surgem as missões, locais
onde os padres inacianos concentravam grande número de indígenas,
ensinando-lhes a doutrina católica. Os índios, assim aglutinados,
continuavam a se dedicar ao extrativismo vegetal, trazendo para a missão,
produtos obtidos na mata; além disso, entretanto, passaram também a
cultivar roças e criar animais, com o objetivo de sustentar os habitantes da
missão. Os jesuítas acabavam por comercializar os frutos do trabalho
indígena, garantindo para a ordem inaciana lucros consideráveis.
Atividade pecuarista
A criação de animais, imprescindível ao funcionamento dos engenhos, dava-
se, durante o século XVI, nas próprias fazendas de cana. Aos poucos, porém,
as autoridades lusitanas e os senhores de engenho perceberam os
inconvenientes de se criar gado dessa forma: algumas das áreas que
deveriam estar produzindo cana-de-açúcar eram destinadas à pecuária;
além disso, muitas vezes, os animais escapavam e destruíam parte dos
canaviais, gerando prejuízos consideráveis aos produtores.
À Coroa portuguesa interessava aumentar as exportações de açúcar, dada a
grave crise econômico-financeira em que se achava mergulhada desde
a Restauração (1640, independência em relação à Espanha), acentuada pela
crise da produção do açúcar devido à concorrência holandesa. Julgava que a
melhor solução para esse problema seria deslocar a atividade criatória para
o interior do Brasil. Assim, proibiu, em 1701, a criação de gado a menos de
dez léguas do litoral.
A busca de novas pastagens determinou a formação de fazendas de gado,
especialmente no interior do Maranhão e Piauí. Tal movimento favoreceu a
ocupação de vastas regiões semiáridas no sertão nordestino.
Duas regiões podem ser consideradas zonas de irradiação da pecuária:
Olinda, a partir da qual se deu a ocupação do interior do Maranhão e Piauí,
e cuja produção destinava-se exclusivamente aos engenhos de açúcar; e
Salvador, cuja produção destinava-se também ao abastecimento dos
engenhos baianos, mas que posteriormente dirigiu-se para as regiões
mineradoras do Centro-Sul do país. A partir de Salvador, irradiou-se a
criação de gado e deu-se a ocupação do vale do rio São Francisco (currais de
dentro).

A pecuária integrava os diversos centros econômicos da colônia, pois era


uma atividade que visava ao mercado interno. Serviu ainda para diminuir as
tensões surgidas no seio da classe dominante, reduzindo o número dos que
se dedicavam à produção do açúcar.
A situação do vaqueiro nordestino diferia substancialmente da do lavrador.
O que mais chama a atenção é que o vaqueiro usufruía de maior liberdade
que "o cabra de eito" (trabalhador agrícola). Muitos não eram escravos e,
mesmo quando o eram, não se achavam sob a vigilância constante do
proprietário. Além disso, depois de alguns anos de serviço, o vaqueiro
começava a receber cabeças de gado, podendo assim fundar uma fazenda
por sua conta.

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