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questões com gabarito!

HISTÓRIA DA

APOSTILA PREPARATÓRIA PARA O CONCURSO DA PMPB

ME. ROBSON ALVES


HISTÓRIA DA PARAÍBA
Prof. Me. Robson Alves

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

1. ORIGENS E CONQUISTA DA PARAÍBA (1574-1585);


2. A PRESENÇA DE PORTUGUESES, FRANCESES E ESPANHÓIS NO TERRITÓRIO
PARAIBANO. POVOS INDÍGENAS DO LITORAL AO SERTÃO;
3. A PARAÍBA NO SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E A CONQUISTA DO
INTERIOR;
4. HOLANDESES NA PARAÍBA. INQUISIÇÃO E EXPULSÃO DE JESUÍTAS;
5. A PARAÍBA NO SÉCULO XIX. INDEPENDÊNCIA;
6. PRIMEIRO REINADO;
7. PERÍODO REGENCIAL;
8. SEGUNDO REINADO;
9. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR;
10. A PARAÍBA E A GUERRA DO PARAGUAI;
11. A PARAÍBA E O QUEBRA-QUILOS;
12. O RONCO DA ABELHA NA PARAÍBA;
13. A PARAÍBA NA REPÚBLICA;
14. A PARAÍBA NO SÉCULO XX;
15. OLIGARQUIAS, CORONELISMO E CANGAÇO;
16. REVOLTA DE PRINCESA;
17. REVOLUÇÃO DE 30;
18. REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932;
19. INTENTONA COMUNISTA DE 1935;
20. A PARAÍBA NO ESTADO NOVO DE VARGAS. A PARAÍBA E A SEGUNDA GUERRA
MUNDIAL;
21. QUESTÕES PARA EXERCITAR

2 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


ORIGENS E CONQUISTA DA PARAÍBA (1574-1585)

CONTEXTUALIZAÇÃO

A colonização foi um processo iniciado pelos portugueses a partir de 1530, o período inicial que
vai de 1500 até 1530, é caracterizado pela vinda dos portugueses ao território apenas para
reconhecimento territorial, extração do Pau-Brasil e algumas expedições guarda-costas, com a
intenção de proteger o território da invasão de outras nações, como Inglaterra, França e
Espanha. Esse período inicial é chamado de Período Pré-Colonial (1500 – 1530). Não havia,
por parte dos portugueses, interesse imediato no território pois os portugueses estavam
preocupados apenas com o comércio com as índias e por não conseguirem encontrar, no
novo território encontrado, metais preciosos que justificassem a colonização imediata.
Esse cenário vai mudar quando o comércio com as índias sofreu duros golpes devido aos
ataques de piratas e corsários, naufrágios constantes e concorrência de outras rotas comerciais.
Além disso, os portugueses perceberam que se não tivessem cuidado com o Brasil poderiam
perder para outras nações que estavam atacando, como os franceses e ingleses. Outro fator
importante foi a crença de que seria possível encontrar metais preciosos, como os espanhóis
conseguiram no território da América, próximos ao Brasil.
Para a efetivação da colonização os portugueses decidiram criar um sistema
administrativo – as Capitanias Hereditárias.
As Capitanias Hereditárias se baseavam na experiência portuguesa no território africano que
havia sido bem sucedida. No caso do Brasil, os portugueses dividiram o território de forma
horizontal em 15 linhas.

Figura 1 – Capitanias Hereditárias

3 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


As terras das capitanias eram doadas a nobres da coroa portuguesa e que tinham a confiança
do rei. Estes recebiam uma carta de doação e nela havia a carta foral em que constavam os
direitos e deveres a serem cumpridos pelos capitães donatários (que recebiam as terras)

A CAPITANIA DE ITAMARACÁ - PARAÍBA

A Capitania de Itamaracá foi doada a Pero Lopes de Sousa em 1534. Pedro Lopes de Sousa
era um nobre fidalgo, navegador e militar que tinha grande conhecimento marítimo e era
bastante reconhecido em Portugal. Recebeu a Capitania de Itamaracá, Santo Amaro e Santana.
Originalmente, a Capitania, estava estabelecida entre o Rio Igarassu e a Baía da Traição, o que
somava 23 léguas de costa. Em 1585, no contexto de disputas com grupos indígenas,
financiada pelo esforço régio, parte da Capitania de Itamaracá foi apropriada pela Coroa,
restando aos donatários apenas 7 léguas de território.

Figura 2 – Capitania de Itamaracá

Embora tenha recebido a capitania, Pero Lopes não veio ao Brasil para se apossar das terras,
passando a sua pocessão para Francisco Braga, todavia esse possuía uma rivalidade e intrigas
com Duarte Coelho que era uma das principais figuras políticas de Portugal no tocante a
organização das capitanias. Esse sentimento conflituoso entre os dois acabou gerando pouco
interesse por parte de Francisco Braga de voltar sua atenção para a capitania, fato que
culminou fazendo com que essa entrasse em decadência. Esse problema só foi resolvido
quando João Gonçalves se apossou da terra fazendo benfeitorias nessa como a fundação da
Vila da Conceição e a construção de engenhos.
Logo após a morte de João Gonçalves a capitania entrou em declínio o que gerou
desorganização e culminou com o ataque de malfeitores o que levou a continuidade do
contrabando de madeira e de outros itens na capitania.

4 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


A TRAGÉDIA DE TRACUNHAÉM E A ANEXAÇÃO DA PARAÍBA A CAPITANIA DE
PERNAMBUCO

Para além das dificuldades em organizar a Capitania de Itamaracá por falta de um capitão
donatário que ficasse no local e se incubisse de organiza-lo, outro fator que se mostrou
extremamente dificultoso no início foram às contantes disputas territoriais contra os
nativos. Um exemplo que pode ser extraído dessas disputas foi o episódio que fez a coroa
portuguesa redobrar sua atenção para a Capitania de Itamaracá: a tragédia do engenho de
Tracunhaém.
Em 1574, dentro da Capitania de Itamaracá, havia várias tribos nativas, um dos principais
povos que havitavam aquela capitania eram os potiguaras. Famosos por resistirem de forma
ativa a dominação portuguesa, tal povo detinha esse nome, pois seu principal alimento eram
camarões, dai surge a nomenclatura “comedores de camarões”, habitavam o litoral nordestino
e estavam presentes na costa paraibana, onde ficava a Capitania de Itamaracá, nos idos de
1574 um mameluco – nome designado para quem nascia da união entre portugueses e
indígenas – chegou até a aldeia de Cupaóba que pertencia aos potiguaras, essa tribo era
comandada por Iniguassu que recebeu muito bem o mameluco que inclusive propôs casamento
com a filha de Iniguassu, a bela jovem Iratembé, conhecida na tribo como Lábios de Mel. Para
que o casamento acontecesse foi feito um acordo, o mameluco depois de se casar deveria ficar
na tribo, mas aproveitando uma ausência de Iniguassu, ele fugiu levando a bela Iratembé.
Iniguassu imediatamente envia dois de seus filhos a Olinda, em Pernambuco, para recuperar
Iratembé, o que conseguiram, por conta da decisão do governador Antonio Salema. Retornando
para sua tribo, os índios pernoitaram na casa de Diogo Dias, no engenho Tracunhaém. Na
manhã seguinte descobriram que Diogo Dias escondera Iratembé e recusava-se a devolver a
nativa. Seus irmãos seguiram viagem e chegaram à aldeia Cupaóba sem ela. Algum tempo
depois, os potiguares formaram um exército de cerca de 2000 índios e dirigiram-se para
Tracunhaém, mas não se deixaram ver na totalidade de suas armas. Julgando serem poucos os
índios que os atacavam, os defensores do engenho saíram para a luta e viram-se envolvidos
por uma multidão.
Toda a família de Diogo Dias, com exceção de duas pessoas que estavam em Olinda, foi morta.
Os Potiguares ainda atacaram outros engenhos da capitania de Itamaracá, e se diz que
morreram 614 colonos.
Após o massacre, o rei de Portugal desmembrou Itamaracá e deu a ordem de punir os índios
responsáveis pelo massacre, expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim começaram as
cinco expedições para conquistar a Capitania Real da Paraíba, atual estado da Paraíba.

EXPEDIÇÕES DE CONQUISTA

A incumbência de organizar as expedições de conquista foi, primeiramente, do Ouvidor Geral D.


Fernão da Silva. O rei de Portugal no período, D. Sebastião, entendia a importância de manter o
território da então Capitania de Itamaracá sob seus auspícios, mais que isso, a busca era
estabelecer um domínio contínuo de um território que era vizinho da Capitania que vinha se
tornando mais importante – a de Pernambuco – e com isso, fortalecer o controle metropolitano

5 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


sobre áreas de solo fértil para o plantio da cana-de-açucar. Assim, se pensou as expedições
militares como forma de firmar esse controle e redobrar a presença portuguesa no território da
capitania.

Primeira Expedição (1574)

O comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao chegar ao Brasil,
Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que houvesse nenhuma resistência, mas
isso foi apenas uma armadilha. Sua tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para
Pernambuco. Essa expedição se mostrou um fracasso, além de que evidenciou o pouco
conhecimento que os portugueses tinham dos nativos e suas estratégias de batalha.

Segunda Expedição (1575)

Quem comandou a segunda expedição foi o Governador Geral, D. Luís de Brito. Sua expedição
foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem chegaram sequer às terras paraibanas.
Três anos depois outro Governador Geral (Lourenço Veiga), tenta conquistar o Rio Paraíba, não
obtendo êxito.

Terceira Expedição (1579)

Frutuoso Barbosa, um fidalgo português de grande riqueza, se colocou como chefe responsável
dessa expedição, esse impôs a condição de que se ele conquistasse a Paraíba, a governaria por
dez anos. Essa idéia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à Paraíba, caiu
sobre sua frota uma forte tormenta e além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua
esposa.

Quarta Expedição (1582)

Com a mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido
a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Essa armadilha
consistia em deixar a frota marítima de Barbosa se aproximar da encosta, assim que
desembarcassem, sem tempo de reação, os nativos e franceses os atacaram, gerando um
tumulto e fuga de muitos portugueses, nesse fatídico evento Barbosa acaba perdendo um filho
e por isso desistiu de continuar tentando conquistar o território.

Quinta Expedição (1584)

Este teve a presença de Flores Valdez, Felipe de Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, que
conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba. Após a conquista, eles
construíram os fortes de São Tiago e São Felipe.

ALIANÇA COM OS NATIVOS E CONQUISTA DA PARAÍBA

6 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Após as cinco expedições os portugueses criaram os fortes de São Tiago e São Felipe como
forma de mostrar o domínio sobre o território e como estratégia para se defender dos nativos e
franceses que ainda se mantinham resistentes contra esse dominío. Todavia, era necessário
ingressar ainda mais no território e aumentar o domínio, para esse fim se criou jornadas
militares com incursões que ficaram sob chefia do Ouvidor Geral Martim Leitão que formou uma
tropa heterogênea, composta por brancos portugueses, alguns nativos, escravos e até
religiosos. Os embates se dão logo com a entrada no território, mas muitas tribos estavam
desprotegidas o que ocasionou na prisão e fuga de muitos nativos. Quando Martim Leitão
soube que os nativos que haviam sido presos eram Tabajaras – inimigos mortais do potiguaras
– ele os mandou soltar, pois entendia que os Tabajaras poderiam auxilia-lo na perseguição e
combates contra os potiguaras – principais inimigos da coroa portuguesa.
Com a libertação dos Tabajaras, Leitão buscou firmar uma aliança com eles, mas os nativos não
consentiram nessa aliança devido não confiarem nos portugueses. Essa aliança só viria a ser
firmada de fato em agosto de 1585, onde ambos – portugueses e tabajaras – conseguiram
expulsar os potiguaras que se mantinham amotinados em partes do território, esse evento é
importante pois marca a aliança firmada entre os portugueses e um dos chefes nativos mais
importantes do período e da história colonial – O indígena Piragibe (seu nome significava Braço
de Peixe), devido a coragem e destreza de Piragibe e dos tabajaras que liderava, os potiguaras
foram rechaçados do território e os portugueses conseguiram se estabelecer de forma mais
organizada o que configura como “conquista do território”.
Um dos elementos que confirmaram a conquista territorial foi à edificação da Cidade Nossa
Senhora das Neves, que foi erguida a mando de Martim Leitão que trouxe para o território
inúmeros profissionais com esse intento, como: carpinteiros, engenheiros e pedreiros. A partir
da construção da cidade seria necessário redobrar os cuidados com o território e isso fez com
que Leitão e suas tropas fossem até a Baía da Traição expulsar o restante dos franceses que
ainda insistiam em permanecer no território.

PRIMEIRAS CIDADES E VILAS DA PARAÍBA NO PERÍODO COLONIAL

É importante ressaltar que conforme o território foi sendo conquistado, vai se formando
pequenos povoados e vilarejos que evidenciavam a expansão portuguesa no território
paraibano, assim as primeiras vilas/cidades que surgiram foram:

Pilar: O início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando fazendas de gado
foram encontradas pelos holandeses. Hoje uma cidade sem muito destaque na Paraíba, foi
elevada à vila em 5 de janeiro de 1765. Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim
Nantes naquela região. Pilar foi elevada à município em 1985, quando o cultivo da cana-de-
açúcar se tornou na principal atividade da região.

Souza: Hoje a sexta cidade mais populosa do Estado e dona de um dos mais importantes sítios
arqueológicos do país (Vale dos Dinossauros), Sousa era um povoado conhecido por "Jardim do
Rio do Peixe". A terra da região era bastante fértil, o que acelerou rapidamente o processo de
povoamento e progresso do local. Em 1730, já viviam aproximadamente no vale 1468 pessoas.

7 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Sousa foi elevada à vila com o nome atual em homenagem ao seu benfeitor, Bento Freire de
Sousa, em 22 de julho de 1766. Sua emancipação política se deu em 10 de julho de 1854.

Campina Grande: Sua colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio de Oliveira
Ledo instalou na região um povoado. Os indígenas formaram uma aldeia. Em volta dessa aldeia
surgiu uma feira nas ruas por onde passavam camponeses. Percebe-se então que as
características comerciais de Campina Grande nasceram desde sua origem. Campina foi elevada
à freguesia em 1769, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Sua elevação à vila com
o nome de Vila Nova da Rainha se deu em 20 de abril de 1790. Hoje, Campina Grande é a
maior cidade do interior do Nordeste.

São João do Cariri: Tendo sida povoada em meados do século XVII pela enorme família Cariri
que povoava o sítio São João, entre outros, esta cidade que atualmente não se destaca muito à
nível estadual foi elevada à vila em 22 de março de 1800. Sua emancipação política é datada de
15 de novembro de 1831.

Pombal: No final do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo realizou uma entrada através do
rio Piranhas. Nesta venceu o confronto com os índios Pegas e fundou ali uma aldeia que
inicialmente recebeu o nome do rio (Piranhas). Devido ao sucesso da entrada não demorou
muito até que passaram a chamar o local de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em homenagem
a uma santa. Em 1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem à padroeira
da cidade considerada uma relíquia história nos dias atuais. Sob força de uma Carta Régia
datada de 22 de junho de 1766, o município passou a se chamar Pombal, em homenagem ao
famoso Marquês de Pombal. Foi elevada à vila em 3/4 de maio de 1772, data hoje considerada
como sendo também a da criação do município.

Areia: Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à freguesia com o
nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de 18 de maio de 1815. Esta data é
considerada também como a de sua elevação à vila. Sua emancipação política se deu em 18 de
maio de 1846, pela lei de criação número 2. Hoje, Areia se destaca como uma das principais
cidades do interior da Paraíba, principalmente por possuir um passado histórico muito atraente.

A PRESENÇA DE PORTUGUESES, FRANCESES E ESPANHÓIS NO


TERRITÓRIO PARAIBANO. POVOS INDÍGENAS DO LITORAL AO SERTÃO

Desde o período colonial que a presença europeia se deu ativamente, primeiro na Capitania de
Itamaracá e depois no então território da Paraíba. Os vários momentos de dominação europeia
evidenciam um interesse particular por esse território que possuía uma excelente localização:
no litoral e próxima a Capitania de Pernambuco, além de ser uma produtora de açúcar e com
fazendas para a criação do gado – importante mecanismo de renda para os portugueses e
europeus em geral.

8 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


PORTUGUESES: A presença portuguesa no território paraibano se deu através do processo de
colonização iniciado a partir de 1534 através do sistema de Capitanias Hereditárias, no caso da
Paraíba, o nome da Capitania que abarcava o então território paraibano era a de Capitania de
Itamaracá que em 1574, após a Tragédia de Tracunhaém, desmembrou-se e se tornou
Capitania Real da Paraiba. A presença portuguesa se intensificou ainda mais no território
buscando manter o controle e diversificar mais ainda sua possessão, visando proteger o
território de ataques de nativos e de outros europeus, bem como assentar a exploração da
terra no tocante a produção e plantio cana-de-açucar e na formação de vilas que pudessem
gerar a criação de fazendas para a criação do gado e as respectivas atividades econômicas
advindas desse.
Esse domínio só foi possível graças ao empenho de diversos portugueses que dedicaram sua
vida a manter a paz e a organização do território, vejamos esses personagens de importância a
seguir:

João Tavares

João Tavares foi o primeiro capitão-mor, o qual governou de 1585 a 1588 a Capitania da
Paraíba. Tavares foi encarregado pelo Ouvidor-Geral, Martim Leitão, de construir uma nova
cidade. Para edificação dessa cidade, vieram 25 cavaleiros, além de pedreiros e carpinteiros,
entre outros trabalhadores do gênero. Chegaram também jesuítas e outras pessoas para residir
na cidade. Foi fundado por João Tavares o primeiro engenho, o d’El-Rei, em Tibiri, e o forte de
São Sebastião, construído por Martim Leitão para a proteção do engenho.
Os jesuítas ficaram responsáveis pela catequização dos índios. Eles ainda fundaram um Centro
de Catequese e em Passeio Geral edificaram a capela de São Gonçalo. O governo de João
Tavares foi demasiadamente auxiliado por Duarte Gomes da Silveira, natural de Olinda. Silveira
foi um senhor de engenho e uma grande figura da Capitania da Paraíba durante mais de 50
anos. Rico, ajudou financeiramente na ascensão da cidade. Em sua residência atualmente se
encontra o Colégio Nossa Senhora das Neves. Apesar de ter se esforçado muito para o
progresso da capitania, João Tavares foi posto para fora em 1588, devido à política do Rei.

Frutuoso Barbosa

Devido a grande insistência perante a corte e por defender alguns direitos, Frutuoso Barbosa
foi, em 1588, nomeado o novo capitão-mor da Capitania da Paraíba, auxiliado por D. Pedro
Cueva, ao qual foi encarregado de controlar a parte militar da capitania.
Neste mesmo período, chegaram alguns Frades Fransciscanos, que fundaram várias aldeias e
por não serem tão rigorosos no ensino religioso como os Jesuítas, entraram em
desentendimento com estes últimos. Esse desentendimento prejudicou o governo de Barbosa,
pois se aproveitando de alguns descuidos, os índios Potiguaras invadiram propriedades. Vieram
em auxílio de Barbosa o
capitão-mor de Itamaracá, com João Tavares, Piragibe e seus índios. No caminho, João Tavares
faleceu de um mal súbito. Quando o restante do grupo chegou à Paraíba, desalojou e prendeu
os Potiguaras. Com o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Barbosa ordenou a construção
de uma fortaleza em Cabedelo. Piragibe iniciou a construção do forte com os Tabajaras, porém,

9 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


devido a interferência dos Jesuítas, as obras foram concluídas pelos fransciscanos e seus
homens.
Em homenagem a Felipe II, da Espanha, Barbosa mudou o nome da cidade de Nossa Senhora
das Neves para Felipéia de Nossa Senhora das Neves. Devido às infinitas lutas entre o capitão
Pedro Cueva e os Potiguaras e os desentendimentos com os Jesuítas, houve a saída da Cueva e
a decisão de Barbosa de encerrar o seu governo em 1591.

André de Albuquerque Maranhão

André de Albuquerque governou apenas por um ano. Nele, expulsou os Potiguaras e realizou
algumas fortificações. Entre elas, a construção do Forte de Inhobin para defender alguns
engenhos próximos a este rio. Ainda nesse governo os Potiguaras incendiaram o Forte de
Cabedelo. O governo de Albuquerque se finalizou em 1592.

Feliciano Coelho de Carvalho

Em seu governo realizou combates na Capaoba, houve paz com os índios, expandiu estradas e
expulsou os fransciscanos. Terminou seu governo em 1600.

FRANCESES: Os franceses, por sua vez, desde os primeiros anos em que os portugueses se
estabeleceram no Brasil que os franceses buscavam atacar e se apossar de partes do território.
Havia uma visão por parte dos franceses de que o território da América que tinha sido dividido
entre portugueses e espanhóis através do Tratado de Tordesilhas (1494), não era justo e estes
não reconheciam o território como sendo dos portugueses e espanhóis. Tal feito fez com que
ataques constantes dos franceses ocorressem ao longo de todo o período colonial e destes
ataques gerou a França Antártica, dominação francesa no território do Rio de Janeiro entre
1555 até 1560, e a França Equinocial, possessão no Maranhão entre 1612 até 1615.
Esses territórios demonstram o envolvimento da França na tentativa de estabelecer posses no
Novo Mundo e de se firmar como potência marítima ao lado das duas maiores da época –
Espanha e Portugal – todavia, em ambos os territórios, houve a expulsão dos franceses por
parte dos portugueses o que gerou o interesse sempre constante destes em voltar e atacar
novamente o território. A atenção da França se voltou, então, para a região produtora da mais
avultada iguaria portuguesa: o açúcar. A região que produzia, no período colonial, esse item
caríssimo era o Nordeste e mais especificamente a Capitania de Pernambuco. Portugal
guardava com muito cuidado essa capitania, mas o entorno não policiava tão bem o que fez os
franceses voltarem sua atenção para a então vizinha: Capitania da Paraíba.
É importante salientar que os franceses – chamados de huguenotes devido à religião ser
protestante – pouco influíam na religião nativa o que gerou para estes um contato menos
conflituoso com esses povos e possibilitou a formação de parcerias bastante proveitosas para
estes principalmente na região Sudeste onde no Rio de Janeiro fizeram aliança com os
Tupinambás e se firmaram por alguns anos no território.
No caso da Paraíba os franceses mantiverem laços de aliança com os potiguaras, inimigos dos
tabajaras que possuíam aliança com os portugueses, o que possibilitou a estes se manterem
escondidos e possuírem algumas poucas posses no território até serem de forma definitiva

10 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


expulsos pelos portugueses. O olhar de interesse francês sobre o território paraibano se
alicerçava no desejo de estabelecer um domínio no pomposo comércio do açúcar que estava
gerando para Portugal enorme lucro e poder, mas não conseguiram devido à defesa portuguesa
de um território que era estratégico devido Permanbuco.

ESPANHÓIS: Os espanhóis se mostraram fortes e obstinados no início das grandes


navegações, fortalecendo seu domínio em grande parte do território americano, como na
América Cetral (parte da América do Norte) e na América do Sul. Mais que isso, os espanhóis se
dedicaram desde o início a extração de metais preciosos, como ocorreu na região do Peru e
México. O avultado lucro proveniente dessa prática fez com que os espanhóis dedicassem sua
atenção ao território americano e por isso o tinha como necessário e importante para os seus
intentos metropolitanos.
A relação com os portugueses se deu, inicialmente, de forma conflitosa, sobretudo no tocante a
divisão da América que só ocorreu quando houve um acordo firmado no dia 7 de junho de 1494
denomiado Tratado de Tordesilhas. A divisão se daria a partir de um meridiano estabelecido a
370 léguas de Cabo Verde. Nessa partição, as terras descobertas a oeste da linha imaginária
pertenceriam aos espanhóis e as terras descobertas a leste pertenceriam aos portugueses. O
fim do tratado se deu com a formação da União Ibérica, quando os reinos de Portugal e
Espanha foram unificados.
No caso especifico da Paraíba os espanhóis não buscaram tomar o território dos portugueses,
na verdade, ajudaram a defende-lo quando os holandeses estabeleceram possessões em
Pernambuco e buscaram também atacar a Paraíba, esse fato ocorreu no período conhecido
como União Ibérica que se estendeu de 1580 a 1640 e representou a união das Coroas da
Espanha e de Portugal a partir da coroação de Filipe II como rei de Portugal. Filipe II da
Espanha disputou o trono de Portugal e foi coroado rei do país em 1580, tornando-se também
Filipe I de Portugal.

POVOS NATIVOS: Na Paraíba haviam duas raças de índios, os Tupis e os Cariris (também
chamados de Tapuias). Os Tupis se dividiam em Tabajaras e Potiguaras, que eram inimigos. Na
época da fundação da Paraíba, os Tabajaras formavam um grupo de aproximadamente cinco
mil pessoas. Eles eram pacíficos e ocupavam o litoral, onde fundaram as aldeias de Alhanda e
Taquara. Já os Potiguaras eram mais numerosos que os Tabajaras e ocupavam uma pequena
região entre o rio Grande do Norte e a Paraíba.
Esses índios locomoviam-se constantemente, deixando aldeias para trás e formando outras.
Com esta constante locomoção os índios ocuparam áreas antes desabitadas. Os índios Cariris se
encontravam em maior número que os Tupis e ocupavam uma área que se estendia desde o
Planalto da Borborema até os limites do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
Os Cariris eram índios que se diziam ter vindo de um grande lago. Estudiosos acreditam que
eles tenham vindo do Amazonas ou da Lagoa Maracaibo, na Venezuela. Os Cariris velhos, que
teriam sido civilizados antes dos cariris novos, se dividiam em muitas tribos; sucuru, icós, ariu e
pegas, e paiacú. Destas, os tapuias pegas ficaram conhecidos nas lutas contra os bandeirantes.
O nível de civilização do índio paraibano era considerável. Muitos sabiam ler e conheciam ofícios
como a carpintaria. Esses índios tratavam bem os jesuítas e os missionários que lhes davam
atenção. A maioria dos índios estavam de passagem do período paleolítico para o neolítico. A

11 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


língua falada por eles era o tupi-guarani, utilizada também pelos colonos na comunicação com
os índios. O tupiguarani mereceu até a criação de uma gramática, elaborada por Padre José de
Anchieta.
Piragibe, que nos deu a paz na conquista da Paraíba; Tabira, que lutou contra os franceses e
Poti, que lutou contra os holandeses e foi herói na batalha dos Guararapes, são exemplos de
índios que se sobressaíram na Paraíba. Ainda hoje, encontram-se tribos indígenas Potiguaras
localizadas na Baía da Traição, mas em apenas uma aldeia, a São Francisco, onde não há
miscigenados, pois a tribo não aceita a presença de caboclos, termo que eles utilizavam para
com as pessoas que não pertencem a tribo. O Cacique dessa aldeia chama-se Djalma
Domingos, que também é o prefeito do município de Baía da Traição. Aos poucos, a aldeia vai
se civilizando; um exemplo disso é um posto telefônico implantado na mesma há um mês.
Nessas aldeias existem cerca de 7.000 índios Potiguaras, que mantém as culturas antigas. Eles
possuem cerca de 1.800 alunos de 7 a 14 anos em primeiro grau menor.
No Brasil, só existem três tribos Potiguaras, sendo que no Nordeste a única é a da Baía da
Traição. Em 19 de Abril eles comemoraram seu dia fazendo pinturas no corpo e reunindo as
aldeias locais na aldeia S. Chico e realizaram danças, como o Toré. A principal atividade
econômica desses índios é a pesca e em menor escala, a agricultura.

HOLANDESES NA PARAÍBA – INVASÕES HOLANDESAS

Em 1578 o jovem rei de Portugal, D. Sebastião, foi morto na batalha de Alcácer-Quibir, na


África, deixando o trono português para seu tio, o cardeal D. Henrique, o qual devido à sua
avançada idade acabou morrendo em 1579, sem deixar herdeiros. O Rei da Espanha, Felipe II,
que se dizia primo dos reis portugueses, com a colaboração da nobreza portuguesa e do seu
exército, conseguiu em 1580 o trono português.
A passagem do trono português à coroa espanhola prejudicou os interesses holandeses, pois
eles estavam travando uma luta contra a Espanha pela sua independência e a Holanda era
responsável pelo comércio do açúcar nas colônias portuguesas, o que lhes garantiam altos
lucros. Dessa forma, rivais dos espanhóis, os holandeses foram proibidos de aportarem em
terras portuguesas, o que lhes trouxe grande prejuízo.
Interessados em recuperar seus lucrativos negócios com as colônias portuguesas, o governo e
companhias privadas holandesas formaram a Companhia das Índias Ocidentais, para invadir as
colônias. A primeira tentativa de invasão holandesa ocorreu em 1624, em Salvador. O
governador da Bahia, Diogo de Mendonça Furtado, havia se preparado para o combate, porém
com o atraso da esquadrilha holandesa, os brasileiros não mais acreditavam na invasão quando
foram pegos de surpresa. Durante o ataque o governador foi preso. Mas orientadas por Marcos
Teixeira, as forças brasileiras mataram vários chefes batavos, enfraquecendo as tropas
holandesas. Em maio de 1625, eles foram expulsos da Bahia pela esquadra de D. Fradique de
Toledo Osório. Ao se retirarem de Salvador, os holandeses, comandados por Hendrikordoon,
seguiram para Baía da Traição, onde desembarcaram e se fortificaram. Tropas paraibanas,
pernambucanas e índios se uniram a mando do governador Antônio de Albuquerque e Francisco
Carvalho para expulsar os holandeses. A derrota batava veio em agosto de 1625.
Após esse conflito aos holandeses seguiram para Pernambuco, onde o governador Matias de
Albuquerque, objetivando deixá-los sem suprimentos, incendiou os armazéns do porto e
12 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
entrincheirou-se. Na Paraíba, por terem ajudado os holandeses, os Potiguaras foram expulsos
por Francisco Coelho. Percebe-se nesse período a grande defesa da terra. Temendo novos
ataques, a Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo, foi reconstruída e guarnecida e a sua
frente, na margem oposta do Rio Paraíba, foi construído o Forte de Santo Antônio. Aos cinco
dias de dezembro de 1632, comandados por Callenfels, 1600 batavos desembarcaram na
Paraíba. Ocorreu um tiroteio, os holandeses construíram uma trincheira em frente à fortaleza
de Santa Catarina, mas foram derrotados com a chegada de 600 homens vindos de Felipéia de
Nossa Senhora das Neves a mando do governador. Após esse acontecimento os brasileiros
tentam construir uma trincheira em frente a fortaleza. Os holandeses tentam impedir, mas o
forte resiste. Incapazes de vencer, os batavos se retiram para Pernambuco. Os holandeses
decidem atacar o Rio Grande do Norte, mas Matias de Albuquerque, 200 índios e três
companhias paraibanas os impediram de desembarcar. Os holandeses voltam à Paraíba para
atacar o Forte de Santo Antônio, mas ao desembarcarem percebam a trincheira levantada pelos
paraibanos, fazendo com que eles desistissem da invasão e voltassem ao Cabo de Santo
Agostinho.
Após um tempo os holandeses resolvem tentar invadir a Paraíba novamente, pois ela
representava uma porta para a invasão batava em Pernambuco. Dessa forma, em 25 de
novembro de 1634 partiu uma esquadra de 29 navios para a Paraíba. Aos quatro dias de
dezembro de 1634, bem preparados os soldados holandeses chegam ao Norte do Jaguaribe,
onde desembarcaram e aprisionaram três brasileiros, entre eles o governador, que conseguiu
fugir. No dia seguinte o resto da tropa holandesa desembarcou aprisionando mais pessoas. No
caminho por terra para Cabedelo os batavos receberam mais reforços. Antônio de Albuquerque
Maranhão enviou à Paraíba tudo o que foi preciso para combater com os chefes holandeses na
região do forte. Enquanto isso, Callabar roubava as propriedades. Vieram reforços do Rio
Grande do Norte e de Pernambuco. O capitão Francisco Peres Souto assumiu o comando da
fortaleza de Cabedelo.
Apenas em 15 de novembro chegou à Paraíba o Conde Bagnuolo, para auxiliar os paraibanos.
Como os paraibanos já se encontravam em situação irremediável, resolveram entregar o Forte
de Cabedelo e logo em seguida o Forte de Santo Antônio. O Conde de Bagnuolo foi para
Pernambuco; Antônio de Albuquerque e o resto da tropa, juntamente com o resto do povo,
tentou fundar o Arraial do Engenho Velho. Os holandeses chegaram com seus exércitos na
Felipéia de Nossa Senhora das Neves em 1634, e a encontraram vazia. Foram então à procura
de Antônio de Albuquerque no Engenho Velho, mas não o encontraram.
O comandante das tropas holandesas entendeu-se com Duarte Gomes, que procurou a Antônio
de Albuquerque, que prendeu-o e mandou-o para o Arraial do Bom Jesus. Depois, os
holandeses mandaram libertar Duarte Gomes. No Engenho Espírito Santo, os nossos guerreiros
venceram os invasores, que eram chefiados por André Vidal de Negreiros.
Os paraibanos continuavam com a idéia de querer expulsar os holandeses. Buscaram forças
para isso: arranjaram homens no Engenho São João e contaram com o apoio de André V. de
Negreiros. Quando os holandeses descobriram, também se prepararam para o combate. Os
paraibanos reuniram-se em Timbiri, e depois seguiram para o Engenho Santo André, onde
foram atacados por Paulo Linge e sua tropa. Após várias lutas, morreram oitenta holandeses e
a Paraíba perdeu o capitão Francisco Leitão. Os combatentes, que estavam recolhidos no
engenho Santo André, continuaram com as provocações aos holandeses, tornando assim

13 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


complicada a situação de Pernambuco. A fortaleza de Pernambuco estava entregue aos
prisioneiros soltos por Hautyn. Francisco Figueroa chegou para governar a capitania por um
determinado tempo. Em 1655, chegou João Fernandes Vieira para assumir a Capitania da
Paraíba. Jerônimo de Albuquerque conquistou o Maranhão com a ajuda de seu filho Antônio de
Albuquerque Maranhão. Em 1618, então este teve por herança o governo do Maranhão, que
teria a assessoria de duas pessoas escolhidas pelo povo. Antônio não gostou muito de seus
auxiliares e os dispensou. Seguindo os assessores seu próprio caminho, Antônio de
Albuquerque abandonou o governo do Maranhão e casou-se em Lisboa, tendo desse casamento
dois filhos. Antônio voltou ao Brasil em 1627, com a nomeação de Capitão-Mor da Paraíba.

AS ORDENS RELIGIOSAS NA PARAÍBA

Os Jesuítas: Os jesuítas foram os primeiros missionários que chegaram à Capitania da


Paraíba, acompanhando todas as suas lutas de colonização. Ao mando de Frutuoso Barbosa, os
jesuítas se puseram a construir um colégio na Felipéia. Porém, devido a desavenças com os
fransciscanos, que não usavam métodos de educação tão rígidos como os jesuítas, a idéia foi
interrompida. Aproveitando esses desentendimentos, o rei que andava descontente com os
jesuítas pelo fato de estes não permitirem a escravização dos índios, culpou os jesuítas pela
rivalidade com os fransciscanos e expulsou-os da capitania. Cento e quinze anos depois, os
jesuítas voltaram à Paraíba fundando um colégio onde ensinavam latim, filosofia e letras.
Passado algum tempo, fundaram um Seminário junto à igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Atualmente essa área corresponde ao jardim Palácio do Governo. Em 1728, os jesuítas foram
novamente expulsos. Em 1773, o Ouvidor-Geral passou aresidir no seminário onde moravam os
jesuítas, com a permissão do Papa Clementino XIV.

Os Franciscanos: Atendendo a Frutuoso Barbosa, chegaram os padres franciscanos, com o


objetivo de catequizar os índios. O Frei Antônio do Campo Maior chegou com o objetivo de
fundar o primeiro convento da capitania. Seu trabalho se concentrou em várias aldeias, o que o
tornou importante. No governo de Feliciano Coelho, começaram alguns desentendimentos, pois
os franciscanos, assim como os jesuítas, não escravizavam os índios. Ocorreu que depois de
certos desentendimentos entre os franciscanos, Feliciano e o governador geral, Feliciano
acabou se acomodando junto aos frades. A igreja e o convento dos franciscanos foram
construídos em um sítio muito grande, onde atualmente se encontra a praça São Francisco.

Os Beneditinos: O superior geral dos beneditinos tinha interesse em fundar um convento na


Capitania da Paraíba. O governador da capitania recebeu o abade e conversou com o mesmo
sobre a tal fundação. Resolveu doar um sítio, que seria a ordem do superior geral dos
beneditinos. A condição imposta pelo governador era que o convento fosse construído em até 2
anos. O mosteiro não foi construído em dois anos, mesmo assim, Feliciano manteve a doação
do sítio. A igreja de São Bento se encontra atualmente na rua nove, onde ainda há um cata-
vento em lâmina, construído em 1753.

14 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Os Missionários Carmelitas:

Os carmelitas vieram à Paraíba a pedido do cardeal D. Henrique, em 1580. Mas devido a um


incidente na chegada que colheu os missionários para diferentes direções, a vinda dos
carmelitas demorou oito anos. Os carmelitas chegaram à Paraíba quando o Brasil estava sob
domínio espanhol. Os carmelitas chegaram, fundaram um convento e iniciaram trabalhos
missionários. A história dos carmelitas aqui é incompleta, uma vez que vários documentos
históricos foram perdidos nas invasões holandesas. Frei Manuel de Santa Teresa restaurou o
convento depois da revolução francesa, mas logo depois este foi demolido para servir de
residência ao primeiro bispo da Paraíba, D. Adauto de Miranda Henriques. Pelos carmelitas foi
fundada a Igreja do Carmo.

A INQUISIÇÃO CATÓLICA NA PARAÍBA E EXPULSÃO DOS JESUÍTAS

Homens e mulheres sofreram muitas punições dadas pela Inquisição do Santo Oficio, na
Paraíba. As áreas de maior concentração das penalidades sofridas foram as mais ricas e
prósperas; lugares onde havia presença de judaísmo; aldeias, pois os índios também sofreram
com as ações da Inquisição. Muitas pessoas sobreviviam com a economia de subsistência da
agricultura e algumas possuíam escravos.
Pode-se dizer que, a Inquisição atuou na Paraíba numa área política, social e de econômica
favorável. Na época em que a Igreja se encontrava unida ao Estado, através de proprietários de
terras e nobres ligados ao rei, fazendo parte: banqueiros, artesãos, mercadores, geralmente
protestantes e mouros. Eles se sentiam ameaçados, pois o Santo Ofício confiscava os bens das
vítimas, sendo os réus transferidos para a Metrópole, mas o Brasil enquanto colônia se
empobrecia.
Após a descoberta a rota do ouro nas áreas ricas, como o Rio de Janeiro e Minas Gerais, os
inquisidores orientaram buscas aos moradores de origens judaicas, na Paraíba, onde foram
presos aproximadamente 49 lavradores, ligados à produção de açúcar nos engenhos, onde seus
bens dos cristãos-novos foram confiscados, assim como condenados, através dessas ações a
coroa Portuguesa recebeu aproximadamente 2.646 gramas de ouro, em diversas regiões do
Brasil e Paraíba.
De acordo com Vieira a Inquisição instalou na capital o Ato de Publicação, através de uma
procissão pela cidade, missa na matriz de Nossa Senhora das Neves com a divulgação do
Monitório, ou seja, lista de crimes. E foi na mesma Matriz em 1595 que a Inquisição de Lisboa
ordenou que se publicasse um edital, chamando todos fiéis católicos a ir denunciar, os
pecadores sob pena de excomunhão aos que não comparecessem.
Em Assis, o Brasil ao mesmo tempo em que era palco da ausência de tribunais inquisitoriais
modernos, estabelecido e atuante, trazia à tona problemas diários maiores do que as questões
da fé, como a presença pouco efetiva do Estado, a carência econômica, o perigo de ataque por
animais selvagens, o risco de doenças tropicais, ou as ameaças de ataques de piratas, corsários
e dos gentis indômitos, fazendo aliados de primeira hora contra inimigos comuns e maiores do

15 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


que meras suspeitas de heresia religiosa, na busca primordial pela sobrevivência em ambiente
inóspito.
Para Paiva a sociedade que formava a Paraíba sofreu por muito tempo, diante do
conservacionismo da Igreja Católica, assim como pelas suas faces: a política e a teológica, que
de certa forma influenciou na mudança de comportamento e na forma de pensar. E sobre a
atuação da Inquisição Portuguesa terras do Brasil, Paiva argumenta: “centrou sua atividade na
perseguição aos cristãos-novos judaizantes”.
A Visitação do Santo Ofício não só atuou na vigilância da fé ou doutrinamento dos habitantes.
Havia também o poder do Estado, evidentemente havia os interesses econômicos que se
entrelaçavam na vida privada dos colonos que desbravavam a recém-conquistada Capitania. A
pedagogia do medo e o terror psicológico eram mais um problema a ser superado. O Santo
Ofício se fez presente desde o nascimento do Brasil, pois o conceito era mais um aparato do
Estado (da coroa portuguesa), do que um cunho meramente teológico, o qual visava a
dominação financeira para os interesses da Metrópole.
O objetivo da inquisição, segundo a visão da Igreja era acabar com as heresias, num mundo
cheio de atitudes pecaminosas. A questão herética era dividida entre o jurídico, do ponto de
vista de julgar pelas ações cometidas e o teológico com opinião contrária à moral cristã da
Igreja, a exemplo de adivinhações, porções mágicas ou curativas, bigamia, protestantismo,
islamismo, judaísmo, entre outros sob a pena de degredo (exílio), punições com torturas ou
penas de execuções como a queima na fogueira existiram.
Os crimes em terras da Paraíba foram relacionados à sodomia (homossexualidade masculina),
bigamias, blasfêmias, suspeitas de judaísmo, feitiçarias, libertinagens e proposições heréticas,
onde sempre havia um denunciante para tais casos. De acordo com Mott, “a Paraíba ocupou
seguramente o terceiro lugar dentre as Capitanias nordestinas, depois da Bahia e Pernambuco,
em número de habitantes que foram denunciados ou processados por este terrível tribunal
eclesiástico”. Ainda segundo o autor supracitado, a Paraíba teve o maior número de espiões nas
capitanias vizinhas.

Tabela 01 - Moradores da Paraíba confessados na


1ª Visita do Santo Ofício
Nomes
Pecados
- Manoel Barroso, branco, 31 anos, mercador Blasfêmia
- João de Paris, castelhano, branco, 30 anos, barbeiro 3 - Blasfêmia
Cecília Fernandes, branca, 70 anos Blasfêmia
4 - Francisco Lopes, 42 anos, mameluco5 - Blasfêmia
Maria Simões, branca, 40 anos
Bigamia
6 - Antônio Costa Almeida, branco, 36 anos, Governador7 - Bigamia
Pedro Alvares, branco, 33 anos, mercador Bigamia
Sodomia
7 - Fulgêncio Cardoso, branco, 35 anos, mercador

16 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Na tabela 01 com a relação dos moradores confessados na 1ª Visita do Santo Ofício, na
Paraíba, onde tais crimes não foram extremamente graves, onde o visitador Heitor Furtado de
Mendonça deu conselho que não se repetisse tais heresias atentando à religião de Cristo, pois
os colonos deixaram escapar certas palavras consideradas como heresia.
Nos estudos de Mott diz que, a primeira pessoa denunciada para o Santo Ofício foi Salvador
Romeiro, foi acusado do crime de bigamia, corria a fama que dormia com homens, por isso foi
levado preso a Lisboa e degredado para as terras no Brasil.
Pode-se entender com os estudos do autor citado, que durante o período inquisitorial, era óbvio
que esses atos seriam piores fora do casamento ou em casos com clérigos, pois cabia à Igreja
resolver a seu modo, mas de qualquer forma todos os tipos de heresias seriam julgados com a
justificativa de serem contra os preceitos de Deus.
Houve casos de homossexualidade, a exemplo do sodomita português Baltazar Lomba, era
afeminado e trabalhava fazendo faxina, chamado de “soldada” (assalariado), os índios o
chamavam de “tibiro” por manter relações sexuais, servindo de fêmea, assim como se envolvia
com índios, foi preso em Olinda e diante da Mesa Inquisitorial chorou, dizendo-se arrependido
de seus pecados e por isso os inquisidores não o levaram à fogueira, mas o mandaram para as
galés (trabalhos forçados no Reino) e proibido de voltar à Capitania. Outro sodomita, o lavrador
João Fernandes de Olinda tinha caso com escravo de 17 anos, foi condenado há dois anos nas
galés, durante a viagem os marinheiros perceberam que tinha doença venérea e o mesmo foi
exilado para a Paraíba.
A inquisição na Paraíba se desenrolou contra várias ações julgadas pecaminosas e passíveis de
condenação. A Igreja Católica, como forma de manter seu poder e controle, fomentava a
inquisição como maneira de evitar a expansão daquilo que ela julgava como “desvios da moral
cristã e ética de Cristo”. Por isso, fundamentava a inquisição em ações práticas e rígida sendo a
Paraíba um dos lugares em que imperou a truculência da Igreja.
Logo nos primeiros anos da colonização do território paraibano, fixaram-se três grandes ordens
religiosas: os franciscanos, os beneditinos e os jesuítas. Os membros dessa última ordem
durante um relativo período foram detentores do domínio hegemônico da pedagogia, dando
uma significativa parcela ao processo educativo na Paraíba. Num primeiro momento, os jesuítas
permaneceram na Paraíba de 1585 a 1589 e foram expulsos durante o governo de Feliciano
Coelho, que não concordava com a posição desses religiosos que se manifestavam contrários à
escravidão do gentio. Ainda no final da primeira metade do século XVIII, teve início na Europa
um intenso embate contra a Companhia de Jesus. E sob o argumento de que a Companhia de
Jesus havia perdido o antigo espírito de seu fundador, universidades, parlamentos, autoridades
civis e eclesiásticas, bem como outras ordens religiosas, pediam a sua extinção, fator também
contribuição para a decisão do Marques de Pombal, que via nos jesuítas ações que poderiam
servir de obstáculos ao seu projeto político. A prática educativa desenvolvida pelos padres da
Companhia de Jesus espelhava-se no pensamento humanista, de forma que ficavam bastante
visíveis os interesses desses padres de dotarem os jovens da grande colônia portuguesa na
América, de um senso crítico e investigativo, que lhe conduzissem à autonomia. Na época, o
interesse dos jesuítas não passou despercebido por parte da Coroa portuguesa. E esta
constatação fortemente contribuiu para acelerar o processo de expulsão desses padres do
Brasil. Com a saída dos jesuítas, a Paraíba perdeu significativamente em termos de educação.

17 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


A PARAÍBA NO SÉCULO XIX: INDEPENDÊNCIA

A transição do período colonial para o Império brasileiro foi marcado por conflitos separatistas
nas províncias brasileiras que visavam abolir o poder de Portugal em algumas partes do Brasil.
De forma geral esse momento de transição é conhecido como Crise do Sistema Colonial e
ocorreu devido ao declínio da produção de açúcar, da escassez do ouro e das aspirações de
liberdade influenciadas pelas emancipações de outras colônias pelo mundo.
Na América portuguesa, as medidas adotadas no Período Pombalino aumentaram ainda mais a
crise econômica e política. O fracasso do Marquês de Pombal em articular o Absolutismo
Ilustrado com as bases mercantilistas acirrou ainda mais os ânimos coloniais na medida em que
crescia a arrecadação de impostos. Movimentos de caráter emancipacionista indicavam um
caminho sem volta para a independência. Apesar dos mártires deixados pelas trilhas sangrentas
das ciladas armadas pelo Estado Português, as resistências se tornaram uma constante,
passando a fortalecer os ideais de um Estado Independente. Juntaram-se a essas
instabilidades, o Terremoto de Lisboa (1755), a crise do comércio açucareiro e a queda na
produção aurífera, além de crises sociais decorrentes de políticas administrativas
implementadas no Estado do Grão-Pará e Maranhão, as quais resultaram na expulsão dos
jesuítas e na tentativa de criação de uma economia agrícola em larga escala com a utilização da
mão de obra indígena regulamentada pelo Diretório dos Índios. Apesar da disseminação das
ideias francesas e norte-americanas, as reformas sociais foram controladas pelas elites. Após a
queda de Pombal, conjurações de caráter emancipacionistas, mesmo em perspectivas locais,
passaram a ocorrer em diferentes regiões.
Nas Minas Gerais, em 1789, uma crise econômica, resultante da escassez de ouro, aumentava
as pressões da Coroa portuguesa pela cobrança do Quinto (100 arrobas anuais – valor
equivalente à 1.468,9kg de ouro) através da execução da Derrama (cobrança compulsória dos
Quintos em atraso – Invasão de cidades, vilas, fazendas e casas a procura de ouro para
alcançar o valor do Quinto). Como resposta, a elite local pretendeu tomar o poder e instituir
uma república através do fracassado evento denominado de Conjuração Mineira. A Conjuração
Baiana, iniciada com as elites, em 1798, tomou projeções de caráter social, a partir do ingresso
de mulatos, ex-escravos, homens brancos pobres, alfaiates, pedreiros, soldados e bordadores
que passaram a defender a proclamação de uma república na Bahia, o fim da escravidão e das
diferenças baseadas na cor da pele. Por estas razões, a conjuração acabou perdendo seu apoio
maçônico e sucumbindo naquele mesmo ano.

VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL (1808)

Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, transformações de caráter


econômico iniciaram o processo de independência econômica das colônias portuguesas. A
Abertura dos Portos dava fim ao exclusivo colonial (principal aspecto que une uma colônia a sua
metrópole), permitindo que as nações aliadas a Portugal (naquele momento, a Inglaterra)
pudessem desenvolver relações comerciais com o Brasil e o Estado do Grão-Pará e Maranhão,
anulando suas dependências econômicas unilaterais. A instalação de manufaturas, fundação do
Banco do Brasil (1808), a invasão da Guiana Francesa (1808), elevação do Brasil à categoria de
18 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
Reino Unido à Portugal e Algarves (1815), a Insurreição Pernambucana (1817) e a ocupação da
Banda Oriental do Uruguai, após a Guerra contra Artigas (1816-1820), alteraram o lugar das
colônias portuguesas no cenário intercontinental. Enfim, a Revolução do Porto (1820),
decorrente de uma crise política em Portugal, concorreu para o enfraquecimento das relações
com o Brasil e a consequente Proclamação da Independência, em 1822.

A PARAÍBA E A INDEPENDÊNCIA

Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, a Paraíba passou à condição de província.
D. João VI, que governava Portugal e suas colônias, como príncipe-regente, no lugar de sua
mãe D. Maria (que estava doente – problemas mentais), fugiu para o brasil com toda sua corte,
por causa de guerras na Europa entre França e Inglaterra. A Paraíba participou, então, dos
movimentos contra o domínio português. Esses movimentos tinham como objetivo separar o
Brasil de Portugal. Em 1817, quando se iniciou em Pernambuco uma revolta contra o domínio
Português, na Paraíba logo se aderiu ao movimento. Participando ativamente do movimento e
muitos paraíbanos ilustres perdeam sua vida lutando por esse ideal entre eles: José Peregrino
de Carvalho, Amaro Gomes Coutinho e padre Antônio de Albuquerque. A revolução foi
derrotada, mas a idéia de libertação continuou viva.
Aumentava a cada dia nos brasileiros o desejo de independêcia e este sentimento se espalhava
por todo o território nacional. D. João voltou a Portugal, para assumir o governo em Lisboa,
pois os franceses já tinham se retirado. Deixou no Brasil seu filho D. Pedro I, que proclamou
nossa independência; as margens do riacho do Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro
de 1822. Ele se tornou imperador do Brasil. Assim a Paraíba foi uma das primeiras provincias a
declarar apoio a D.Pedro I e a reconhecer a sua autoridade para resolver todos os negócios do
Brasil, antes mesmo da proclamação da independência. Essa atitude fez com que José Bonifácio
de Andrada e Silva se dirigi-se ao povo paraibano, chamando de “povo bom e leal da paraíba”.
A Paraíba recebeu com festas a notícia da proclamação da independência e a da aclamação de
D.Pedro I como Imperador do Brasil.

O PRIMEIRO REINADO E A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

O Primeiro Reinado é o período datado de 1822 – quando o Brasil se tornou independente de


Portugal – até 1831 – quando D. Pedro I renunciou e voltou para Portugal a fim de assumir o
trono português. Os primeiros dois anos do Brasil como nação independente tiveram como
principal debate (além da procura pelo reconhecimento internacional) a elaboração de uma
constituição para o país. Esse documento seria elaborado por uma [Assembleia] Constituinte
que havia sido escolhida em eleições realizadas após a independência.
A Constituinte assumiu suas funções em maio de 1823, e a elaboração da Constituição gerou
desentendimentos profundos entre os deputados e D. Pedro I. O grande debate era acerca do
alcance dos poderes políticos do imperador. Os constituintes queriam que os poderes do
imperador fossem limitados e que ele não tivesse a permissão de dissolver a Constituinte
quando bem entendesse. Essa postura dos constituintes, de procurar limitar o poder real,
naturalmente, gerou insatisfação em D. Pedro I, que defendia que seu poder fosse
centralizador e autoritário sobre a nação. Essa disputa entre os constituintes e o imperador
19 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
resultou em um evento conhecido como Noite da Agonia. No dia 12 de novembro de 1823, por
ordens de D. Pedro I, militares invadiram a Assembleia Constituinte e prenderam os deputados
opositores do imperador. Com isso, a constituição que havia sido elaborada foi barrada por D.
Pedro I. Essa medida de D. Pedro I aconteceu porque, em setembro do mesmo ano, a
Constituinte havia finalizado a elaboração da constituição que, além de possuir um caráter
liberal, também limitava os poderes reais. A partir da prisão de seus opositores e da
impugnação desse documento, D. Pedro I formou um Conselho de Estado e passou a elaborar
uma constituição que lhe agradasse.
A constituição elaborada por D. Pedro I e seu conselho foi outorgada, isto é, foi imposta por
vontade do imperador no dia 25 de março de 1824. Portanto, a primeira constituição brasileira
foi produto do autoritarismo e definida de cima para baixo. Esse conjunto de regras também
possuía alguns princípios liberais, porém dava poderes irrestritos ao imperador brasileiro.
A Constituição de 1824 tinha como principais fundamentos estabelecidos:
 Existência de quatro poderes: o executivo, legislativo, judiciário e o poder moderador. O
poder moderador representava unicamente a figura do imperador e cediam-lhe direitos
políticos plenos.
 O imperador foi considerado figura sagrada e inviolável.
 Forma de governo escolhida foi à monarquia, com a transmissão do poder feita de
maneira hereditária.
 As eleições foram estabelecidas como indiretas, e o direito ao voto era censitário, ou
seja, foram estabelecidos critérios de renda para determinar quem teria direito ao voto.
Além desses critérios, foi estabelecido que somente homens livres e com mais de 25
anos poderiam votar.
 A constituição também garantiu alguns direitos individuais importantes, como tolerância
religiosa (foi permitido o culto privado a outras religiões que não fossem o catolicismo),
proteção à propriedade privada etc.

A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR E A PARAÍBA (1824)

Logo após a proclamação da independência do Brasil, foi convocada uma Assembleia


Constituinte, em 1823, com o intuito de elaborar a primeira Constituição brasileira. Na abertura
dos trabalhos da assembleia, o imperador Dom Pedro I fez um discurso e afirmou que a
Constituição deveria ser “digna do Brasil e de mim mesmo”, uma clara demonstração de que o
texto constitucional deveria seguir as vontades do monarca. Ao votarem os poderes do
imperador, os Constituintes decidiram pela limitação, o que provocou violenta reação de Dom
Pedro, ordenando o fechamento da Assembleia e a prisão dos constituintes.
Em 1824, Dom Pedro I outorgou a Constituição do império brasileiro que lhe garantiu amplos
poderes por meio da criação do Poder Moderador. Ao fechar a assembleia e elaborar uma
Constituição sem nenhuma discussão, ele mostrou os perigos do seu autoritarismo. Contudo, o
Nordeste não aceitaria a centralização do poder político de forma passiva. Os pernambucanos
decidiram pegar em armas para lutar contra o autoritarismo do governo central.

O Nordeste atravessava um momento crítico nos primeiros anos do Brasil independente. Desde
a crise do açúcar, logo após a expulsão dos holandeses, no século XVII, que a economia da
20 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
região não conseguia se desenvolver plenamente como nos tempos coloniais. A crise econômica
se associou aos problemas sociais e disputas de poderes dentro das províncias. A alta carga
tributária também desagradou aos nordestinos.
Enquanto o Brasil se tornava uma monarquia, as antigas colônias espanholas se tornavam
republicanas, tal qual os Estados Unidos, que haviam se tornado referência no processo
emancipatório. Ao seguir o caminho oposto, alguns grupos das províncias decidiram organizar
movimentos armados para derrubar o monarca autoritário e implantar a república no Brasil.
Contudo, o governo central estava decidido a enviar suas tropas e usar todas as forças
disponíveis para abafar essas revoltas. Os motivos que levaram essa revolta foram: crise
econômica e social, altos impostos e o autoritarismo de D. Pedro I.
Durante a Confederação do Equador a Paraíba contribuiu com a continuidade da revolta, já que
essa foi deflagrada em Pernambuco. No caso da Paraíba é notório o desejo por emancipação ao
lado das demais províncias. Embora a Paraíba tenha recebido com alegria a Independência,
ficou claro que o desejo por autonomia política e maior dinamismo econômico não
iriam acontecer com D. Pedro I no poder, pelo contrário o autoritarismo estava se tornando a
tônica principal do governo imperial. Assim, a solução encontrada pela elite política paraibana
ao lado das demais do Nordeste era pensar uma revolta que tornasse as províncias livres, ou
seja, se desejava uma República que seria liderada por Pernambuco, mas que garantiria o
federalismo para as demais partes desse novo governo que estava sendo pensado.
Mesmo contando com a participação ativa da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e
Pernambuco (na liderança), não conseguiu a desejada República, pois não havia entre as
províncias participantes nem entre as elites que gestaram a revolta uma visão unificada de
governo. O resultado final do confronto foi a execução e prisão da maioria de seus líderes,
posto que fora reprimido pelas forças imperiais comandadas pelo almirante britânico Thomas
Cochrane. Por fim, o jornalista Cipriano Barata foi preso, Padre Mororó foi executado e Frei
Caneca, mentor intelectual do movimento, foi fuzilado dia 13 de janeiro de 1825 no largo das
Cinco Pontas, no Recife, enfraquecendo, dessa maneira, a Confederação do Equador e pondo
final a essa revolta.

O PERÍODO REGENCIAL E A PARAÍBA

O Período Regencial é como conhecemos o período intermediário que existiu entre o Primeiro e
o Segundo Reinado. Estendeu-se de 1831 a 1840 e foi iniciado após o imperador D. Pedro I ter
abdicado do trono em favor de seu filho no ano de 1831. Foi encerrado em 1840 com o que
ficou conhecido como Golpe da Maioridade, que garantiu a coroação de D. Pedro II como
imperador do Brasil.
O Período Regencial resultou diretamente da maneira como terminou o Primeiro Reinado
(época em que o Brasil foi governado por D. Pedro I). O Primeiro Reinado ficou marcado pelo
autoritarismo do imperador e pelos crescentes confrontos entre brasileiros e portugueses. As
tensões e as pressões existentes fizeram o imperador abdicar do trono brasileiro em abril de
1831.

Quando D. Pedro I abdicou do trono, o sucessor naturalmente era seu filho, Pedro de
Alcântara. Todavia, o príncipe do Brasil possuía apenas cinco anos e, por lei, não poderia ser
21 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
coroado imperador do Brasil até que completasse a maioridade, que só seria alcançada quando
obtivesse 18 anos.
Assim, a saída legal existente e que constava na Constituição de 1824 era a de fazer um
período de transição em que o país seria governado por regentes. Esse período deveria ter
acontecido até 1844, quando Pedro de Alcântara completaria 18 anos, mas seu fim foi
antecipado para 1840 por meio de um golpe parlamentar.
O Período Regencial teve uma duração razoavelmente curta (apenas nove anos). De toda
forma, ao longo desse período, o Brasil possuiu quatro regências diferentes, as quais podem ser
utilizadas como marcos divisórios do Período Regencial. Os quatro períodos foram: Regência
Trina Provisória (1831); Regência Trina Permanente (1831-1834); Regência Una de Feijó
(1835-1837); Regência Una de Araújo Lima (1837-1840). Alguns eventos de importância devem
constar como cruciais nesse momento, como a criação da Guarda Nacional (1831) e a criação
do Ato Adicional (1834), o primeiro com a intenção de estabelecer dentro das províncias um
policiamento ligado ao Império e que pudessem evitar possíveis revoltas, já o segundo, era
uma política voltada para diminuir a tensão referente a petição das províncias por mais
liberdade e autonomia , assim, ambas as políticas visavam estabelecer a paz interna e manter o
controle imperial sobre as províncias que já davam sinais de revolta contra a centralização
política existente no período.
Essa insatisfação ficou clara quando estouraram de Norte a Sul do Brasil, inúmeras revoltas.
Como: Revolta dos Farrapos (1835 – 1845), no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Revolta dos
Malês (1835), na Bahia, Revolta da Cabanagem (1835 – 1840), no Grão-Pará, Revolta da
Sabinada (1837), na Bahia e Revolta da Balaiada (1838 – 1841), no Maranhão. Essas revoltas
evidenciam o desejo por liberdade por parte das províncias que viam o governo regencial como
autoritário e centralizador, além disso, a intenção de parte dessas revoltas era trazer uma
melhoria de vida para a população.

SITUAÇÃO DA PARAÍBA DURANTE O PERÍODO REGENCIAL

A Província da Paraíba estava sob a administração do então presidente José Thomas Nabuco de
Araújo quando tomou conhecimento da abdicação da D. Pedro I, através de um Aviso da Corte
do Império, a correspondência informava também a nomeação da Regência Trina Provisória e
do respectivo Ministério. Ao tomar conhecimento do fato, a população e a elite local
demonstraram “grande satisfação”, essa “alegria” foi representada por comemorações que
duraram três dias de festas, com iluminuras, cantorias e vivas pelas ruas, inclusive foi celebrada
uma missa de ação de graças encomendada pela câmara municipal da Cidade da Paraíba. Uma
representação litúrgica que deixava transparecer os interesses da elite política paraibana
através dos atos dos seus representantes. Naquele momento a Câmara municipal da Cidade da
Paraíba era representada pelos senhores: Francisco José Meira, José Lucas de Souza Rangel,
Ignácio de Souza Gouveia, Joaquim Leitão. Entre os quais José Lucas de Souza Rangel era um
dos membros fundadores do partido conservador, juntamente com os Carneiro da Cunha
(Joaquim Manuel, Manuel Florentino, e Manuel Maria), entre outros políticos influentes da
época.
O ponto mais importante relacionado a Paraíba nesse período foi a mudança nos Códigos de
Posturas da Cidade da Paraíba. As Posturas referentes à província da Paraíba aprovadas, em

22 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


1831, têm por característica comum regulamentar as normas de convívio no meio urbano,
dessa forma, entre as normas de Postura percebemos, entre os objetivos, por exemplo, a
proibição da queima de fogos artificiais de diversas qualidades, entre eles, traques, bombas,
entre outras, sendo permitida, apenas a queima de tais fogos em dias de festa, e estes estavam
restritos a lugares como ao adro das Igrejas, como estava determinado entre os artigos da Lei
de Posturas Municipal. A partir das Posturas Municipais percebemos o processo de urbanização
chegar até a Província da Paraíba, pois a partir de então começa a se esboçar não só o modelo
de comportamento individual no âmbito coletivo, como também as medidas de ordenamento
urbanístico e paisagístico no meio urbano, sobretudo na Cidade da Paraíba.

SEGUNDO REINADO E A PARAÍBA

O Segundo Reinado foi um período que se estendeu de 1840 a 1889 e no qual o trono brasileiro
foi ocupado por D. Pedro II. Ele assumiu como imperador por meio do Golpe da Maioridade e,
durante seus 49 anos de reinado, diversos acontecimentos marcantes ocorreram, como a
Guerra do Paraguai e a abolição da escravidão. Foi destronado com a Proclamação da
República, em 1889. Esse momento é dividido em três períodos: Consolidação (1840-1850):
quando o imperador estava no poder e estabeleceu-o, a seu modo, sobre o país, colocando
políticos e províncias rebeldes sob seu controle; Auge (1850-1865): quando o poder do
imperador era amplo e sua posição estava consolidada; Declínio (1865-1889): quando surgem
contestações contra a posição de D. Pedro II, e a economia do país não ia bem.

A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO PRAEIRA (1848 – 1850)

A disputa pelo poder entre o Partido Liberal e o Conservador em Pernambuco, sempre foi
muito conturbada. De 1844 até 1848, esteve no poder o Partido Liberal. Em outubro de 1848,
assumiu a Presidência daquela Província, o Partido Conservador, na pessoa de Herculano
Ferreira Pena. Teve início, então, uma série de hostilidades por parte do Governo, contra seus
adversários políticos.
Dessa forma, começou a se criar um clima de revolta que resultaria no movimento sedicioso
que ficou conhecido por Revolução Praieira. Essa denominação se deu pelo fato do Partido
Liberal contar com o apoio do Jornal diário Novo, com sede na Rua da Praia, em Recife (PE). O
movimento chefiado pelo Deputado Geral Nunes Machado, se concentrou inicialmente em
Olinda (PE) e se destinava a depor o Presidente daquela Província, Herculano Ferreira Pena,
que foi substituído em dezembro de 1848, por Manuel Vieira Tosta, também conservador. O
novo Presidente intensificou a repressão aos revoltosos, o que fez aumentar a tensão e tornar a
luta ainda mais ardorosa.
A 2 de fevereiro de 1849, os Praieiros contando aproximadamente com 2 mil homens invadiram
o Recife, objetivando depor o Presidente Manuel Vieira Tosta, encontrando severa defesa da
Tropa de Linha. Nessa luta morreram mais de 200 revolucionários e o seu principal Chefe, o
Deputado Nunes Machado. Rechaçados no Recife, os revolucionários fugiram para o interior, se
reunindo em Igarassú (PE). Daí se dividiram em duas colunas de 500 homens cada, seguindo
uma em direção a Garanhuns (PE) e outra, sob o Comando de Manuel Pereira Morais, para
Goiana (PE).
23 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
O objetivo dessas colunas era fazer a propaganda revolucionária e adquirir adeptos para,
reorganizados, dar continuidade à luta. Em Goiana, os rebeldes aprisionaram a guarnição local
e se apropriaram de armas, munições e mantimentos.
Tropas de Linha sediadas em Pernambuco, sob o Comando do Tenente Coronel Feliciano
Antônio Falcão, saíram de Recife em perseguição aos revoltosos. No dia 13 de fevereiro de
1849, no sítio Pau Amarelo, nas proximidades de Goiana, verifica-se um encontro entre Tropas
do Tenente Coronel Falcão e a Coluna Revolucionária, saindo vitoriosa a Tropa Legalista. Com
esse resultado, a Coluna, em sua fuga, invadiu a cidade de Pedras de Fogo (PB), fato ocorrido
no dia 15 daquele mesmo mês. De Pedras de Fogo, os Revolucionários seguiram na direção de
Itabaiana (PB), Alagoa Grande (PB) e Areia (PB), onde foram finalmente derrotados.
Muito antes da deflagração violenta do movimento revolucionário em Recife, ocorrido em 2 de
fevereiro de 1849, seus efeitos já tinham atingido a paz na Paraíba. Em maio de 1848, o
Presidente da Paraíba, Dr. João Antônio de Vasconcelos, foi informado da possibilidade dos
Liberais de Pernambuco, invadirem a Cidade de Goiana e a Vila de Pedras de Fogo.
Em consequência, esse Governante, temeroso que tal movimento se alastrasse à sua Província
e os Revolucionários atacassem a Capital Paraibana, se dispôs a ajudar o Presidente da
Província de Pernambuco, remetendo tropas para a Vila de Pedras de Fogo e para as
proximidades de Goiana, deixando-as à disposição das autoridades daquela Cidade.
Seguiram para essa missão Tropas de Linha, parte da Guarda Nacional e o efetivo da Força
Pública disponível na Capital, ficando essa Cidade guarnecida por um contingente da Guarda
Nacional. Temendo ainda que essa providência não surtisse os efeitos desejados, o Dr. João
Antônio ordenou que para a defesa da cidade, fossem construídas trincheiras nas partes por
onde fosse possível a chegada de invasores. Completando esses cuidados, foi solicitado ao
Presidente da Província de Pernambuco, o envio por mar, de 100 homens da Tropa de Linha,
pedido esse que não foi atendido.
O contingente da Força Pública que se dirigiu para Goiana foi comandado pelo Capitão Genuíno
Antônio Atahyde de Albuquerque, e era composto de 40 Praças e mais um efetivo da Guarda
Nacional. Os ataques à Goiana e Pedras de Fogo, não se deu na época prevista, mas o clima de
tensão continuou. O Capitão Genuíno retornou a Capital para organizar novos efetivos, que
contavam até com índios.
No dia 13 de dezembro de 1848, a cidade de Goiana foi atacada pelos Revolucionários de
Olinda. A cidade achava-se defendida por um efetivo de 60 homens da Força Pública da
Paraíba, sob o Comando do Capitão Genuíno e mais componentes da Guarda Nacional. Iniciado
o ataque, grande parte da Guarda Nacional desertou, enfraquecendo a defesa. Dado o elevado
número de revoltosos, a Força Pública foi obrigada a ceder terreno, depois de uma luta que
resultou em 7 mortes e 7 feridos.
Depois da tomada de Goiana, os Revolucionários invadiram Pedras de Fogo, no dia 15 daquele
mês, de onde só saíram depois de derrotados em confronto com as Tropas de Linha, vindas do
Recife, seis dias depois.

Depois de derrotados em Recife, no início de fevereiro de 1849, os Revolucionários Praieiros


outra vez invadiram Goiana e Pedras de Fogo, tendo chegado nessa cidade no dia 13 daquele
mês.

24 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Perseguidos por Tropas de Linha de Pernambuco, os Praieiros deixaram Pedras de Fogo e
invadiram, no dia 14, o Distrito de Itabaiana, sem encontrar resistência, aí permanecendo até o
dia 17. De Itabaiana seguiram para Alagoa Grande e no dia 18, invadiram Areia, onde
encontraram apoio de uma parte da população.
Ao tomar conhecimento desses fatos, o Presidente da Paraíba voltou a reforçar as medidas de
defesa da Capital e destacou um grupo formado por 30 componentes da Força Pública, sob o
Comando do Chefe de Polícia, para fazer contato com os Revolucionários e intimá-los a depor
as armas ou se retirarem da Província.
O Chefe de Polícia requisitou a Guarda Nacional sediada em Guarabira (PB) e junto com seu
efetivo, dirigiu-se ao Distrito de Alagoa Grande para se juntar a Tropa de Linha de Pernambuco
que vinha em perseguição aos rebeldes. Entretanto, ao chegar nesse local a Tropa de
Pernambuco já havia seguido para Areia, no combate ao inimigo.
No dia 20 de fevereiro de 1849, sob o Comando do Tenente Coronel Feliciano Falcão, a
Tropa de Linha vinda de Pernambuco invadiu a Comarca de Areia, que se achava ocupada pelos
Revolucionários, travando combates em diversos pontos do percurso, como na Serra da Onça,
Serra do Tatu e na Rua da Palha, tendo a Força Legalista obtido a vitória. O ataque, iniciado
às 7 horas da manhã, teve a duração de 10 horas, resultando em 11 Revolucionários mortos e
64 feridos e presos. Desalojados de Areia, os Praieiros fugiram com destino a Campina Grande
(PB) e depois rumaram de volta com destino à Província de Pernambuco, já desorganizados e
sem oferecer perigo a manutenção da ordem. Com a expulsão dos rebeldes da Paraíba, foram
instaurados os Inquéritos e formalizados os Processos de julgamento das responsabilidades,
sendo indiciados diversos paraibanos que aderiram à Revolução.

A PARAÍBA E O RONCO DA ABELHA (1851)

Durante o período imperial no Brasil aconteceram várias revoltas populares contra as práticas
políticas adotadas pelo governo, sendo que as rebeliões provinciais foram as mais conhecidas
na sociedade brasileira do século XIX, que vitimou muitas pessoas. A revolta do ronco da
Abelha ou Revolta dos Marimbondos foi um movimento popular que lutou contra o governo
imperial por causa de medidas políticas que não agradavam a população. Essa revolta ficou
assim chamada pelos sons semelhantes ao de uma abelha que os revoltos faziam, e aconteceu
em diversas províncias do território brasileiro a partir de 1851.
O principal motivo dessa revolta foi a resistência popular na aceitação de ideias modernizantes
elaboradas por D. Pedro II. Dentre essas ideias estava a realização de um controle demográfico
no país, onde um cadastramento em relação ao número de nascimentos e mortes dos cidadãos
seria realizado. Contudo, essa medida era vista pelo imaginário popular como uma alternativa
do império para escravizar as pessoas pobres da região e, por isso, elas se revoltaram.
O governo brasileiro, a fim de atingir seu objetivo, criou o decreto 797 - Censo Geral do
Império, para realizar a contagem da população e o decreto 798 para o registro dos
nascimentos e dos óbitos. Contudo, os revoltos começaram a se articular contra esses decretos
e um exemplo de resistência aconteceu na Província de Pernambuco, no dia 1° de Janeiro de
1852, quando homens, mulheres e meninos armados invadiram a igreja Matriz Pau D`Alho, sob
a liderança de João dos Remédios, e arrancaram das paredes os avisos sobre os decretos.
Desse modo, o acontecimento em Pernambuco contribuiu para outros movimentos em
25 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
diferentes províncias, como Paraíba, Ceará, Alagoas e Minas Gerais, onde a parcela pobre
dessas regiões contestavam essas medidas criadas pelo imperador.
Na Paraíba a revolta ganhou proporções grandiosas, tendo em vista o medo da população do
censo que estava sendo realizado. Na Paraíba não tem relatos da Província de revoltosos
utilizando armas, parece ser de uma dimensão menor em termos de números de participantes,
porém em múltiplas comarcas aparecerão os motins, como Alagoa Grande, Ingá, Villa do Piancó
e outras comarcas. Centenas de pessoas invadiam os cartórios, queimavam todos os papéis,
quebravam os móveis e ameaçavam os moradores. A revolta se espalhou por várias outras
Vilas no brejo paraibano. Todo efetivo da Força Policial sediado na Capital foi deslocado para o
interior a fim de serenar os ânimos. Depois de cerca de três meses de intensa atividade, a
Força Policial pacificou o movimento.

A PARAÍBA E A GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870)

A Guerra do Paraguai foi reflexo da consolidação das nações da Bacia Platina (Argentina,
Uruguai, Brasil e Paraguai) e resultou em enorme destruição e grande saldo de mortos. Conflito
de maior duração e proporção de toda a história da América do Sul, a Guerra do Paraguai foi
um grande divisor de águas para todos os países envolvidos. A Guerra do Paraguai foi resultado
direto do processo de formação das nações da bacia platina (Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai) e dos choques de interesses em questões políticas e econômicas desses países
envolvidos. As tensões que levaram ao efetivo início desse conflito concentraram-se na Guerra
Civil Uruguaia.
Os primeiros atos de agressão relacionados ao início da Guerra do Paraguai foram o
aprisionamento de uma embarcação brasileira (Marquês de Olinda), que navegava pelo rio
Paraguai em direção a Cuiabá, e a invasão do Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul), ocorrida
em 26 de dezembro de 1864. O ataque paraguaio ao Brasil foi uma represália à invasão do
território uruguaio, conduzida pelo governo brasileiro em favor dos colorados e contra os
blancos (aliados de Solano López).
A ocupação paraguaia no Mato Grosso foi conduzida por 7.700 soldados, que derrotaram
facilmente as fracas forças de defesa dessa região (875 militares do Exército e 3 mil membros
da Guarda Nacional). Esse território continuou sob posse paraguaia até meados de 1868,
principalmente devido à dificuldade de acesso ao Mato Grosso. Naquela época, o único caminho
para essa província consistia na navegação dos rios da Bacia Platina.
Em seguida, as forças de Solano López foram encaminhadas em direção ao Rio Grande do Sul e
ao Uruguai. Solano enviou milhares de soldados para o Uruguai com o objetivo de socorrer os
blancos na guerra contra o Brasil e os colorados. Para isso, solicitou passagem por Corrientes
para Mitre, presidente argentino.

Mitre, que era aliado dos colorados na Guerra Civil Uruguaia, negou o direito de passagem às
tropas paraguaias. Como consequência, Solano López declarou guerra à Argentina e invadiu
Corrientes. Essa declaração de guerra ocasionou o surgimento da Tríplice Aliança, formada por
Brasil e Argentina, juntamente com colorados uruguaios, para lutar contra os paraguaios. Essa
aliança foi formalizada em 1º de maio de 1865.

26 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


A ofensiva paraguaia no Rio Grande do Sul e em Corrientes foi um grande fracasso. As tropas
paraguaias conquistaram a inimizade das populações locais por causa dos saques realizados e
foram cercadas por tropas adversárias, sendo forçadas à rendição ou retirada. A partir dessas
derrotas, que ocorreram na segunda metade de 1865, o Paraguai assumiu uma posição
defensiva na guerra.
A fase final da guerra foi marcada pelo esgotamento do Paraguai e pelas sucessivas derrotas,
com destaque para a capitulação da fortaleza de Humaitá em 1868 e a invasão e o saque de
Assunção em 1º de janeiro de 1869. Depois da conquista de Assunção, a guerra transformou-se
em uma caçada a Solano López — que foi considerado traidor da pátria pelo governo provisório
paraguaio a partir de 1869. Nesse período (1868-1869), os exércitos brasileiros foram liderados
por Caxias, o maior nome do exército brasileiro.
A partir de finais de 1869, a liderança dos exércitos brasileiros foi assumida por Conde d’Eu, já
que Caxias era contrário à continuação do conflito. A caçada a Solano encerrou-se na batalha
de Cerro Corá, em março de 1870, quando soldados brasileiros mataram o ex-ditador
paraguaio. Finalizava-se assim a Guerra do Paraguai.

RELAÇÃO DA PARAÍBA COM A GUERRA

Outro acontecimento histórico de grande repercussão nacional que a Força Policial da Paraíba
participou foi a Guerra do Paraguai. Depois de declarada a guerra, o Império convocou toda as
Tropas de Primeira Linha existentes nas Províncias. Da Paraíba seguiram também para o Rio de
Janeiro, onde se incorporaram às forças imperiais, contingentes da Guarda Nacional e Corpos
de Voluntários. Todo efetivo da Força Policial, totalizando 210 homens, sob o Comando do Maj
José Vicente Monteiro da Franca, embarcou para a Capital do Império, no dia 23 de junho de
1865, saindo de Cabedelo no Vapor Paraná. Enquanto aguardava o embarque, a Força Policial
ficou aquartelada na Fortaleza da Santa Catarina. Faziam parte do efetivo da Força Policial, os
Capitães José Francisco de Atayde Melo, Frederico do Carmo Cabral e José Silva Neves, além
dos Tenentes Francisco Gomes Monteiro, Pedro César Paes Barreto e Joaquim Ferreira Soares.
Depois das batalhas, o Capitão Frederico foi condecorado com medalha de honra, o que revela
que o contingente da Força Policial teve papel destacado na guerra, de onde só retornou após
sua conclusão.

A PARAÍBA E A REVOLTA DO QUEBRA QUILOS (1874)

Ficou conhecida pelo nome de Revolta do Quebra-Quilos o movimento popular iniciado na


Paraíba, a 31 de outubro de 1874, e que se opunha às mudanças introduzidas pelos novos
padrões de pesos e medidas do sistema internacional, recém-introduzidas no Brasil.
Praticamente sem uma unidade e sem liderança, a revolta logo se alastrou por outras vilas e
povoados da Paraíba, estendendo-se a Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas.
A denominação de quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de Janeiro, quando elementos
populares invadiram casas comerciais que haviam começado a utilizar o novo sistema de pesos
e medidas, e aos gritos de "Quebra os quilos! Quebra os quilos", depredavam tais
estabelecimentos. A expressão começou a ser utilizada indiscriminadamente para se referir a

27 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


todos os participantes dos movimentos de contestação ao governo com relação ao
recrutamento militar, à cobrança de impostos e à adoção do sistema métrico decimal.
No entendimento supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e o peso, tornados válidos
por decreto imperial em 1872, consistiam em representações do demônio, e a tentativa de
adotá-los criou entre o povo a ideia que estavam sendo enganados pelos comerciantes e
poderosos. Os revoltosos, sentindo-se ofendidos em seus sentimentos deixavam extravasar
suas queixas e partiam para os povoados e se apoderavam das "medidas", quebrando-as e
lançando-as no rio.
Em 1874, a Força Policial da Paraíba teve outra importante participação em acontecimento
histórico. Foi a pacificação do movimento que ficou conhecido como a Revolta de Quebra Quilo.
Nesse período havia no seio da população interiorana da Paraíba, um sentimento de revolta
com recentes acontecimentos religiosos envolvendo o Estado, a igreja e seguimentos
maçônicos, que resultaram na prisão de um Bispo em Pernambuco. Ainda nessa época, o Brasil
passou a adotar o sistema métrico decimal, o alistamento militar e, na Paraíba, começava-se a
cobrar o imposto de Chão, para permitir a prática de comércio nas feiras-livres.
Essas medidas não eram bem explicadas à população. A soma desses fatos provocou o
movimento que ficou conhecido como a revolução de quebra-quilo. Centenas de pessoas, como
na revolta do Ronco da Abelha, invadiam as Vilas, quebravam os pesos e outras medidas,
queimavam arquivos, soltavam presos, e gritavam "morte aos maçons". Esses fatos ocorreram
em Ingá, Fagundes, Areia, Campina Grande, Guarabira e outras cidades do brejo paraibano.
Todo efetivo da Força Policial, sob o Comando do Tenente Coronel Francisco Antônio Aranha
Chacon, foi deslocado no dia 18 de novembro de 1874 para pacificar o movimento. Depois de
muitos confrontos, que duraram cerca de dois meses, sem registros de mortes, a revolta foi
pacificada e o contingente Policial retornou a Capital.

A PARAÍBA NA REPÚBLICA

Em 15 de novembro de 1889 foi proclamada a República pelo marechal Manoel Deodoro da


Fonseca com o apoio de grande parte da oficialidade do Exército e ausência do povo nas
primeiras decisões republicanas, instaurando-se no País um novo regime de governo, que pôs
término ao período do Brasil Imperial. O Imperador D. Pedro II e a sua família são obrigados a
deixar o país. A Câmara dos Deputados (temporária) e o Senado (vitalício) são dissolvidos. São
tomadas as primeiras medidas para a laicização do Estado, como a instituição do casamento
civil e a secularização dos cemitérios. É instalado um Governo Provisório, presidido pelo
marechal Manoel Deodoro da Fonseca, com três funções básicas: consolidar o novo regime;
institucionalizá-lo com aprovação de uma Constituição republicana; e executar as reformas
administrativas do Estado que se faziam necessárias.
A República Velha, ou Primeira República, é o primeiro período dessa história, compreendida
entre a Proclamação da República em 1889 e a Revolução de 1930. Inicialmente ela foi
caracterizada pela presidência de dois marechais do exército, o que lhe garantiu o nome de
República da Espada. Após esses dois mandatos, a elite rural paulista e mineira passaram a
deter o poder do governo federal, garantindo o poder da oligarquia agrária, o que deu
fundamento aos historiadores para chamarem esse período de República Oligárquica.

28 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Foi nesse período que o país conheceu uma série de revoltas urbanas e rurais decorrente das
mudanças sociais e políticas pelas quais passaram o país. É de se destacar a Guerra de
Canudos, de 1896-1897, e a Revolta da Vacina, de 1904. Foi nesse período que o Brasil iniciou
sua industrialização, alterando a paisagem urbana de algumas cidades e criando as condições
para a formação da classe operária em território nacional.
Essas mudanças resultaram em novas pressões políticas e sociais, que as oligarquias paulistas e
mineiras não poderiam mais controlar. A Revolução de 1930 foi o ápice desse processo, o que
resultou no período conhecido como Era Vargas.

A PARAÍBA NO SÉCULO XX

O período republicano foi iniciado na Paraíba tendo como primeiro governador, chamado de
‘presidente de estado’ à época, Venâncio Neiva. Ele era juiz na cidade de Catolé do Rocha, no
Sertão da Paraíba, e chegou ao comando do estado após uma articulação política chefiada por
um militar republicano. O governo de Venâncio Neiva durou cerca de dois anos, entre 1889 e
1891. Para o historiador Jean Patrício, a gestão foi marcada pelas tentativas de estabilidade do
sistema republicano no estado.
Com a implantação da República, a Paraíba continuou com destacada participação nos
acontecimentos políticos do país. Foi o único estado do Nordeste, na Velha República, a eleger
um Presidente. Trata-se do paraibano Epitácio Pessoa que após ocupar o mais alto cargo da
magistratura, na esfera federal, elegeu-se Presidente da República, quebrando o acordo da
política do café com leite firmado entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais.
O grande momento da História da Paraíba, no contexto sociopolítico nacional, é a Revolução de
30, movimento de natureza política que foi liderado pelo Estado da Paraíba, além de envolver
diretamente os Estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Esses estados criaram a Aliança
Liberal e lançaram Getúlio Vargas como candidato à Presidência da República, tendo como vice,
o então Presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. O resultado
deu vitória a Júlio Prestes que, no entanto, não foi reconhecido como legítimo.
O assassinato do Presidente João Pessoa, embora não tenha sido considerado como crime
político, constituiu-se, mesmo assim, como estopim da Revolução de 30, levando ao poder o
representante das forças revolucionárias, o gaúcho Getúlio Vargas.
Não foi somente no Movimento Revolucionário de 30 que a Paraíba teve participação ativa no
cenário sociopolítico do país. Ao longo de toda a História do Brasil, é destacado o papel
exercido pela força política paraibana nos momentos de significativa importância, tais como: a
Redemocratização de 1945; na instalação da Nova República que aconteceu no ano de 1985,
com o fim do período da ditadura militar (1964-1985) e também no engajamento na luta pelas
Diretas Já, que culminou com eleições livres e democráticas no ano de 1989.
Atualmente a Paraíba é reconhecida no cenário nacional como sendo o estado que procura
desenvolver um processo de gestão moderna e competitiva. As forças populares e democráticas
têm de forma consciente ocupado espaços nos diversos setores da sociedade paraibana.

OLIGARQUIAS E CORONELISMO NA PARAÍBA

29 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


No dia 16 de Novembro, chegou à Paraíba a notícia oficial da Proclamação da República. O
proprietário do jornal conservador e antirrepublicano, Eugênio Toscano, aderiu, imediatamente,
ao novo regime, convocou um grupo de políticos, militares e civis e organizou uma junta
governativa, que duraram dois dias. No dia 18 foi proclamada, de uma das janelas do quartel,
outra junta, liderada pelo militar Coronel Honorato Caldas e, no mesmo dia, o presidente da
província, Gama Rosa, deixou a Paraíba. O novo regime iniciava-se sem mudanças significativas
para a conjuntura local.
Percebemos então, que nessas proclamações de juntas, não havia a presença da população,
não vemos a participação do povo, assim como não houve a participação popular na
proclamação no Rio de Janeiro. Isso demonstra, no nosso entender, todo o caráter antipopular
que se instalaria nos primeiros passos da república na Paraíba, a qual seria marcada por lutas
pelo poder das oligarquias paraibanas e os domínios destas, no campo da política. Assim, vale
ressaltar que a primeira república paraibana tem como característica a presença e a dominação
por oligarquias políticas.
Durante o primeiro período republicano o poder passou a ser exercido pelos coronéis e as
oligarquias que controlavam a Paraíba. Como as coisas não mudaram muito e a Província agora
convertida em Estado continuaram pobres e com a população ainda mais carente, as
oligarquias assumiram o lugar do Império unitário. Com isso, a chamada República Velha de
1889 a 1930, é também denominada na Paraíba como no Brasil, de república oligárquica, isto é,
de predomínio das oligarquias. Nesta fase o Estado passou por três oligarquias: o venancismo
(Venâncio Neiva), o alvarismo (Álvaro Machado), epitacismo (Epitácio Pessoa).
Percebemos que não diferente das outras províncias de outras regiões, a presença de
oligarquias, a falta de liberdade política e opressão causada por essa, será mais um traço
característico da política paraibana do período. Esse período também foi marcado pela
corrupção, violência, e a prática do coronelismo, esses foram meios bastante utilizados na
república paraibana.
Na Paraíba, durante a República Velha, as lutas entre famílias foram uma constante. A
corrupção e a violência caracterizaram as disputas entre a oligarquia situacionista e
oposicionista nos municípios. Comumente “coronéis” mandavam seus “cabras” emboscar e
agredir seus adversários, quando não se articulavam com bandos de cangaceiros para maior
eficiência do “serviço”.
Sobre a participação do povo no processo eleitoral, é conhecido a famosa prática do voto de
cabresto, cada oligarquia buscava recrutar o maior número de eleitores, utilizando-se muita das
vezes de alistamento clandestino, bem como o falseamento de votos nas urnas. Portanto, a
participação da população no processo de eleição era apenas uma teatralização para fortalecer
o poder das oligarquias paraibanas.
Durante a Primeira República, a participação do eleitorado no processo político tinha aspecto
meramente formal e decorativo, eram convocados apenas para homologar as escolhas
previamente estabelecidas pelos chefes políticos. As máquinas eleitorais eram, aparentemente,
acionadas pelos partidos, mas a vontade que prevalecia era o partido do chefe estadual com
alianças locais, em outras palavras, predominava na Paraíba um mandonismo local. Notamos
assim que esse período será marcado por essa combinação, de um lado a atuação das forças
oligárquicas e por outro o apoio da política coronelista, essas duas frentes de atuação iram ditar
o comportamento dos jogos de poder na política paraibana.

30 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Entretanto, voltando o nosso o olhar para a formação dessas primeiras tentativas de juntas
governamentais, destaquemos que a primeira junta do coronel Caldas foi anulada e
desintegrada, pois o coronel Honorato Caldas não aceitava a presença de um civil, então, logo
após esse episódio, foi formada outra junta e no lugar do civil quem assumiu o posto foi
Venâncio Neiva, esse fato acabou irritando Caldas que queria continuar governando e ser
proclamado governador da Paraíba. Essa sede do poder o levou a realizar um comício para
conseguir a aclamação com o apoio de alguns catetes, no entanto, o plano não dá certo e no
fim o coronel acaba sendo preso no quartel.
No desenrolar desse processo, para harmonizar a situação do quadro dos primeiros passos da
republicana paraibana, quem assume o governo, por um período curto, foi o Capitão João
Claudino de Oliveira Cruz. E por ordem do Ministro da Guerra Benjamim Constant, o Capitão
João Claudino de Oliveira Cruz assumiu o governo da Paraíba onde permaneceu até o dia 6 de
dezembro quando chegou de Catolé do Rocha para investir-se no cargo o Doutor Venâncio
Neiva que politicamente harmonizou a família paraibana desavinda em dois partidos desde o
império da Paraíba.
Dois anos após a Proclamação da República e com a crise do governo provisório e a renúncia
de Deodoro da Fonseca em 1891, e ascenção ao poder por Floriano Peixoto, temos uma
consequência direta na Paraíba, a queda da sua primeira oligarquia: o venancismo.
Todavia, apesar de um curto governo, podemos destacar alguns fatos que marcaram o
governo, como: o uso da máquina pública para favorecer seus familiares com os cargos mais
rentáveis, a eleição de três senadores e cinco deputados para a primeira constituinte nacional,
bem como a promulgação da constituição da Paraíba em 5 de agosto 1891 e a organização
política do Estado e seus municípios. Também vale ressaltar o apoio político que Venâncio Neiva
deu a família Pessoa, a qual futuramente se tornaria uma forte oligarquia política no Estado,
principalmente no apoio a figura de Epitácio Pessoa, que na época do venancismo era
secretário-geral do governo do Presidente de Estado, e que futuramente chegaria a ser
Presidente da República (1918 – 1922).
Após esse episódio da troca de Presidente da República e o término do venancismo na Paraíba,
temos o estabelecimento de uma nova força política que permaneceu no poder por vinte anos:
a oligarquia alvarista. A oligarquia Alvarista tinha como presidente Álvaro Machado e como vice-
presidente Walfredo Leal, ambas as figuras públicas que pertenciam às famílias ligadas a
propriedade rural, sendo responsáveis por fundar o Partido Republicano da Paraíba (PRP), o
qual irá exercer uma forte oposição ao Partido Autonomista liderada por Venâncio Neiva.
A oposição ao poder de Álvaro Machado tornou-se inoperante do ponto de vista de espaço
político-administrativo. Os alvaristas, assegurados pela política dos governadores e pela prática
do coronelismo, garantiam que a oposição não lograsse a chegar ao poder municipal nem ao
estadual. Com isso, a oligarquia situacionista perpetuava-se no poder, sempre beneficiada por
concessões dadas pelo Presidente da República.

CANGAÇO NA PARAÍBA

A sociedade é constituída pelos homens e para os homens. Todos devem participar de seus
benefícios e de seus encargos: é o princípio da igualdade perante a lei. E é por desrespeito à
lei, ligado aos problemas sociais, que surgem os maiores conflitos. A história registra, em

31 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


passado não muito distante a atuação de milhares de bandoleiros nos sertões do Nordeste.
Poucos, entretanto, chegaram a ser famosos. O Nordeste viveu longos anos de agitação, pelas
lutas sangrentas entre soldados (chamados de macacos) e cangaceiros.
Ao contrário do que teve muitos cangaceiros, sobressaindo-se apenas dois: Chico Pereira e
Osório Olímpio de Queiroga, coincidentemente nascidos na região de Pombal. Como ninguém
nasce cangaceiro, os dois entraram no cangaço para vingar a morte dos seus pais. O primeiro
foi assassinado pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte, no município de Acari. E o segundo,
absorvido na comarca de Pombal, ingressou na PM da Paraíba, tornando-se um oficial
respeitado, sensato e equilibrado, reformando-se no posto de coronel.
Ao contrário do que muitos pensam, Manoel Batista de Morais, o Antônio Silvino, não era
paraibano. Nasceu em Afogados de Ingazeiras, em Pernambuco. Viveu muitos anos na Paraíba,
morrendo aos 69 anos na cidade de Campina Grande, no dia 9 de outubro de 1944, ainda certo
do grande trabalho prestado à comunidade sertaneja, pois ainda ninguém conseguia convencê-
lo ao contrário, como afirma o jornalista e escritor Barroso Pontes, autor de quatro livros que
tratam do cangaceirismo no Nordeste.
No verão 1914, Antônio Silvino invadiu a cidade de Mogeiro, na Paraíba. A cerca assolava
terrível e levas de flagelados exibiam a sua miséria pelas estradas ressequidas. Silvino, ao
apossa-se da cidade, não cometeu nenhuma violência contra pessoas físicas, mais apoderou-se
dos gêneros alimentícios estocados no depois seria preso, quando ferido em combate com a
força do então major Teófanes Torres (da Polícia Militar de Pernambuco) numa fazenda do
distrito de Frei Miguelino, município de Vertentes onde costumava se acoitar. De fatos como
aquele, acontecido na cidade de Mogeiro recheia a história de Antônio Silvino e a sua fama
ainda hoje corre pelo mundo.
Antônio Silvino, Jesuíno Alves de Melo Calado, vulgo Jesuíno Brilhante e Virgulino Ferreira da
Silva, o famoso Lampião, que tiveram atuação na Paraíba, embora este último “não tenha
levado boa vida”, em virtude da perseguição do comando militar chefiado pelo coronel Manoel
Benício da Silva. O escritor Barroso Pontes, por sua vez, informou, que Antônio Silvino foi posto
em liberdade no dia 20 de fevereiro de 1937, tendo logo em seguida telegrafado ao ministro
José Américo de Almeida: Solicito de Vossa Excelência um emprego federal pelos relevantes
serviços que prestei ao Nordeste”. Não se sabe se o emprego foi dado, embora alguns
informaram que sim.
A história registra que o privilégio do combate ao cangaço coube ao presidente João Pessoa. Se
não conseguiu a extinção, é o responsável maior pelo início do combate, feito numa época em
que a transição política impunha novos métodos, sem menosprezar a ação dos autênticos
líderes interioranos implantando costumes tanto compatíveis ao tempo, como inaceitável aos
nossos dias. É sem discussão que o mais temido bando de cangaceiros foi o de Lampião, com
atuação nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Sergipe e
Bahia. Foi também o de maior duração, com vinte anos consecutivos de atuação. O segundo,
com 16 anos, foi o de Antônio Silvino. Conta à história que Antônio Silvino tinha uma formação
diferente de Virgulino Ferreira da Silva. Ao passar por uma localidade e observando
irregularidades, por culpa de administradores, chamavam os responsáveis e mandava corrigi-
las.
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi tragicamente morto no dia 27 de julho de 1938,
acredita-se, ainda hoje, que o coiteiro Pedro Cândido, que o traiu tenha se vendido a polícia.

32 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Pedro Cândido teria sido encarregado de introduzir, com o auxílio de uma agulha de injeção,
um veneno letal nas garrafas de vinho destinadas a Lampião e seu bando. O trabalho foi feito
com arte e não provocou nenhum dano as rolhas de cortiça dos vasilhames.
Jesuíno Brilhante, o primeiro dos três, foi tido e havido como o cangaceiro gentil-homem e
bandoleiro romântico, morreu em 1879, no lugar Santo Antônio, entre Caraúbas e Campo
Grande, no mesmo Estado onde nasceu. Jesuíno foi o maior cangaceiro do século XIX, como
afirmou o historiador cearense Gustavo Barroso, em seu livro Heróis e Bandidos. Era de família
abastada, conservando-se fiel às tradições sertanejas, respeitando o alheio, acatando a honra
das donzelas, primando pelo comprimento da palavra empenhada, sendo por isso considerado
homem de caráter e sempre exaltado pelas populações sertanejas do seu tempo. As vezes que
cometeu assaltos fê-los no sentido de ajudar alguém, já que dedicava a melhor atenção à
pobreza, tudo fazendo para prestar seu apoio aos necessitados. Em relação a Jesuíno Brilhante,
sabe-se ainda que invadiu, de madrugada, a cadeia pública de Pombal, liberando seu irmão e
os demais presos.
O imortal paraibano Assis Chateaubriand definia o fenômeno cangaceirismo como sinônimo de
virilidade e coragem pessoal, pioneirismo, inovações, impetuosidades e decisões agressivas.
Dizem que cangaceiros autênticos, reais, o Nordeste só conheceu três: Jesuíno Brilhante,
Antônio Silvino e Virgulino Ferreira, o Lampião.

OS CANGACEIROS DA PARAÍBA

Para destacar os principais, que entraram no cangaço, não por vocação, mas por obrigação,
que a própria época exigia, destacam-se Francisco Pereira e Osório Francisco Ferreira, ainda
jovem, de família conceituada, por força do destino entrou no cangaço, para vingar a morte do
pai, barbaramente assassinado. Seu pai era um homem pacato, fazendeiro honrado, que antes
de morrer pronunciou as seguintes palavras: “Vingança não”.

Disse diante desse pronunciamento, à família, especialmente os filhos, ficaram num dilema,
porque era determinação da própria sociedade, da época, a vingança. Mas resolveram atender
o pai. O filho, Chico Pereira, procurou a Polícia, registrou a queixa e insistiu com o delegado
para que fosse feita a prisão do assassino do pai, tendo a autoridade policial afirmado: “Chico,
a gente solta uma vaca e para achá-la, não é facil, imagine um criminoso perigoso, como este
que matou teu pai”. Chico Pereira, desejando dar satisfação à família, pediu uma autorização ao
delegado, por escrito. Logo depois encontrou o criminoso, dormindo. Com rara dignidade,
mandou que o sujeito acordasse e o levou preso, para a Polícia. Volta para casa e a família
ficou satisfeita com o episódio da prisão. Um dia depois o criminoso se encontrava em
liberdade. Chico compreendeu que não havia justiça. Chico compreendeu que não havia justiça
e se viu na contingência de fazê-la com as próprias mãos.

Na mesma região de Pombal, registrou-se outro caso, Osório um garoto de poucos meses de
nascido, encontrava-se numa rede quando o pai chegou baleado, quando afirmou: “Este
gatinho que está na rede vai vingar minha morte”. À medida que ia crescendo, Osório ouvia de
outro: a determinação do pai. Ao completar 18 anos, recorreu à justiça da época, o rifle, e
matou o assassino do pai e outros que cruzaram seu caminho. Osório Olímpio de Queiroga foi

33 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


realmente um cangaceiro respeitado. Depois conseguiu absolvição, na comarca de Pombal, e
ingressou na Polícia Militar da Paraíba, chegando a coronel e se conduzindo sempre como um
militar digno e correto. O mesmo chegou a ser prefeito de Catolé do Rocha.
O problema do cangaceirismo e coronelismo vem, segundo consta, da Guerra Brasil-Paraguai,
quando foi fortalecida a guarda nacional e, entre as pessoas recrutadas, eram dadas patentes.
Nos séculos passados, no entanto, a Paraíba teve inúmeros grupos de bandidos, que invadiam
as cidades, saqueavam o comércio e matavam. As causas principais eram a seca e a fome. No
ano de 1887, registraram-se invasões e violências. A polícia nada podia fazer para garantir a
vida do cidadão e da propriedade alheias, sempre ameaçadas pelos bandidos. Os jornais da
época denunciavam a insegurança nos sertões, sem que qualquer providência tivesse sido
adotada para coibir o abuso.
José Américo de Almeida, no Livro A Paraíba e seus problemas, relacionou inúmeros grupos de
bandidos que agiam impunemente no sertão. O grupo de Jesuíno Brilhante, com atuação no
século passado, foi um exemplo. Ele residiu, por alguns anos, na localidade Boa Vista próxima a
Pombal, sem qualquer diligencia da polícia para capturá-lo. Foi dessa maneira que a miséria
juntou-se ao terror. Fazendeiros abastados, que poderiam resistir à crise, durante alguns
meses, emigraram sem demora, temerosos de assaltos. Em maio do mesmo ano, a cadeia de
Campina Grande foi arrombada e muitos indivíduos implicados ao movimento do quebra-quilos
fugiram. Dentro de mais algumas semanas, outros presidiários fugiram, entre os quais o
famigerado Alexandre de Viveiros, chefe do levante de 1874. Ainda foi arrombada a cadeia de
Mamanguape e, ao mesmo tempo muitos sentenciados caíram fora.
José Américo de Almeida conta, também, que, desta maneira, iam-se tornando mais terríveis as
correrias com a aquisição de novos profissionais do crime da Paraíba e do Ceará. Ressalte-se a
fraqueza das autoridades que permitiam que fossem engrossando os grupos, como o do
Calangro, evadido da cadeia do Crato e cabeça dos 60 assalariados de Inocêncio Vermelho: o
de Sebastião Pelado, inimigo dos primeiros: e dos irmãos Viriatos, formado de mais de 40
bandidos: e dos Mateus, entre outros. Um desses bandos assaltou duas propriedades em
Alagoa Grande.
O senhor Gustavo Barroso, por exemplo, retrata o comportamento de Viriato, um dos principais
cangaceiros da época: “O Viriato foi um dos cangaceiros mais célebres, mais rasteiros e mais
tortuosos do Cariri. Era um miserável estabanado nos atos, com uma infinidade de
predisposições redutíveis ao roubo, ao estupro e ao assassinato. Inventava torturas para as
vítimas. Gostava mais de matar às facadas do que de fuzilar, dizia que era “mais barato”. Esse
bandido obrigou um fazendeiro de São João do Cariri a casar-se com a irmã de seu compassa
Veríssimo. Foi assassinado, de emboscada, no lugar Riachão, o Dr. Vicente Ribeiro de Oliveira,
quando voltava da Bahia para reassumir o Juizado de Direito da Comarca de Piancó. Esse crime
foi atribuído aos cangaceiros.

A REVOLTA DE PRINCESA NA PARAÍBA (1930)

Movimento rebelde liderado por José Pereira Lima, deflagrado no município de Princesa, atual
Princesa Isabel (PB), em fevereiro de 1930, em oposição ao governo estadual de João Pessoa
Cavalcanti de Albuquerque. João Pessoa era também o companheiro de Getúlio Vargas na
chapa da Aliança Liberal, concorrendo à vicepresidência da República nas eleições de 1º de
34 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
março daquele ano. Com o assassinato de João Pessoa no mês de julho, o movimento perdeu
substância, e seus líderes entraram em acordo com o governo federal para a pacificação da
Paraíba.

ANTESCEDENTES

O episódio de Princesa teve sua origem na posse de João Pessoa na presidência da Paraíba, em
22 de outubro de 1928. Pretendendo reformar a estrutura políticoadministrativa e reerguer as
finanças do estado, o novo presidente decidiu deslocar para o litoral a hegemonia do comércio
estadual. Até então, na ausência de qualquer barreira tributária, as cidades do interior
comerciavam diretamente com os estados vizinhos, especialmente Pernambuco.
Indiferente ao poder dos “coronéis” — chefes políticos do sertão — e de suas famílias, João
Pessoa deu sequência a seu projeto implantando um rigoroso sistema de arrecadação tributária
que distinguia entre as mercadorias importadas pelo litoral, através do porto de Cabedelo, e
aquelas que entravam na Paraíba pelas fronteiras terrestres. Essas medidas, consubstanciadas
na Lei nº 673, de 17 de novembro de 1928, tornaram praticamente impossível o comércio
sertanejo com os estados vizinhos.
Em Recife, cujo comércio foi atingido pela nova política do governo paraibano, os irmãos
Pessoa de Queirós, primos de João Pessoa, passaram a liderar uma ferrenha campanha contra
essa “guerra tributária” através de seu periódico, o Jornal do Comércio. Por sua vez, A União,
jornal oficial da Paraíba, defendia a administração e o presidente do estado dos ataques e
denúncias que lhes dirigia o jornal pernambucano.
A discussão travada através da imprensa aguçou o descontentamento dos chefes políticos do
interior, que vinham sendo sistematicamente desprestigiados pelo governo. De fato, João
Pessoa chegara a ordenar a apreensão de armas, “do caboclo ao coronel”, além de promulgar
leis que restringiam o domínio até então incontestável destes últimos. As atitudes inovadoras de
João Pessoa valeram-lhe também atritos com velhos correligionários do Partido Republicano da
Paraíba (PRP), ligados por laços de fidelidade partidária a seu tio Epitácio Pessoa, ex-presidente
da República (1919-1922) e líder supremo da política paraibana.
Entre os chefes políticos atingidos por João Pessoa destacava-se José Pereira, considerado um
dos maiores “coronéis” do Nordeste e o mais poderoso da Paraíba. Membro da comissão
executiva do PRP, seu prestígio transcendia os limites municipais, alcançando as esferas
estadual e federal. Seu reduto político era o município de Princesa, a 428 km da capital, perto
da fronteira com Pernambuco. Essas condições faziam com que a economia de Princesa fosse
totalmente voltada para o estado vizinho.

A ALIANÇA LIBERAL

Com a aproximação das eleições presidenciais de 1930, as unidades da Federação passaram a


ser consultadas a respeito de seu apoio à chapa Júlio Prestes-Vital Soares, apresentada pelo
presidente da República Washington Luís. Em 29 de julho de 1929, após reunir o diretório do
PRP, do qual era presidente, João Pessoa declarou que decidira não apoiar a chapa oficial. Essa
atitude ficou conhecida como o “Nego”, termo que mais tarde seria incorporado à bandeira do
estado.

35 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


A resistência de João Pessoa à política do Catete resultou na escolha de seu nome para
participar da chapa da Aliança Liberal ao lado de Getúlio Vargas. Sua candidatura, lançada em
30 de julho de 1929, unificou por algum tempo o PRP, desgastado por brigas internas. Mais que
isso, com exceção de uma facção do partido oposicionista, o Republicano Conservador (PRC) da
Paraíba, liderada por Heráclito Cavalcanti, toda a Paraíba se solidarizou com seu presidente.
Por outro lado, a adesão do estado à Aliança Liberal resultou numa série de medidas de
represália do governo central. Essa hostilidade reforçou internamente os ganhos políticos de
João Pessoa, que empreendeu uma excursão por vários municípios a fim de obter o apoio
eleitoral dos “coronéis” que vinha combatendo desde o início de seu mandato. João Pessoa
visitou assim os municípios de Princesa e de Teixeira, este último dominado pela família Dantas,
em cujo apoio político nem mesmo Epitácio Pessoa confiava.

O ROMPIMENTO DE JOSÉ PEREIRA

Paralelamente às eleições presidenciais, em 1º de março de 1930 seriam realizadas eleições


para a Câmara dos Deputados e para a renovação de 1/3 do Senado. Ao ser preparada a chapa
situacionista paraibana, João Pessoa defendeu o princípio da não reeleição e propôs o
revezamento dos candidatos. Reunindo-se a comissão executiva do PRP, a idéia da renovação
total da bancada não conseguiu unanimidade de votos. Dos cinco membros efetivos da
comissão, um — João Espínola — não compareceu, dois — Júlio Lira e Inácio Evaristo —
votaram pela reeleição da bancada, e os dois restantes — o próprio João Pessoa e Demócrito
de Almeida — votaram pela substituição. Valendo-se então da prerrogativa do “voto de
qualidade”, João Pessoa desempatou o resultado em favor da proposta de revezamento,
mantendo, no entanto a candidatura do já deputado Carlos Pessoa, seu primo.
A atitude de João Pessoa visava, sobretudo, afastar João Suassuna, ex-presidente do estado,
deputado federal em duas legislaturas e aliado de famílias poderosas do interior como a dos
Pereira Lima e a dos Dantas. Após ter comunicado a seus correligionários, às vésperas das
eleições, a chapa oficial composta à revelia da comissão executiva do PRP, João Pessoa recebeu
um telegrama de José Pereira, datado de 24 de fevereiro, anunciando seu rompimento com o
governo estadual. José Pereira deixava as fileiras do PRP para ingressar no PRC, que defendia a
candidatura Júlio Prestes-Vital Soares. Acompanhavam-no vários líderes da política paraibana,
como João Suassuna, Oscar Soares, Pedro Firmino, o padre Manuel Otaviano, Inácio Evaristo,
Cícero Parente, Nilo Feitosa, Duarte Dantas e outros.
Dias depois, a imprensa oposicionista divulgou as modificações sofridas pela chapa do PRC, que
passou a incluir alguns dos dissidentes do PRP. O dia 24 de fevereiro de 1930, data da cisão no
PRP, é considerado o início do movimento rebelde de Princesa.

A LUTA ARMADA

Alguns dias após o rompimento de José Pereira, os fatos se revestiram de uma feição
francamente guerreira. Para evitar que as eleições em Princesa viessem alterar seus planos,
João Pessoa ordenou o esvaziamento da máquina burocrático-administrativa do município,
deixando-o “fora da lei”. Enviou também para lá contingentes da polícia estadual, sob o
pretexto de garantir o pleito. Por outro lado, desde o rompimento, José Pereira vinha armando

36 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


sua gente, tendo conseguido reunir em pouco tempo cerca de dois mil homens entre agregados
seus e de outros chefes políticos. A polícia estadual contava com apenas 850 homens.Logo
após as eleições de 1º de março, iniciou-se no sertão paraibano a luta armada. Os rebeldes
contavam com o auxílio em dinheiro e em munições dos Pessoa de Queirós, de Pernambuco, e
ainda com o assentimento do governo federal, que, interessado na derrota política de João
Pessoa, impedia Minas e Rio Grande do Sul de lhe enviar reforços. O objetivo dos sublevados
era, aliás, forçar o governo federal a intervir na Paraíba, o que precipitaria a queda de João
Pessoa. Por sua vez, João Pessoa defendia vigorosamente a autonomia estadual, tentando
demonstrar que o levante de Princesa não significava o caos político em sua administração e
que a situação estava sob controle.
Em 3 de maio de 1930, o presidente da República Washington Luís sugeriu ao Congresso que
este lhe apresentasse um pedido formal de intervenção na Paraíba. A sugestão não foi aceita
por ferir a Constituição. Para que a intervenção fosse legal, seria necessário que o próprio João
Pessoa a solicitasse. Por essa época, os combates limitavam-se a pequenos avanços e recuos
das partes conflitantes. A polícia estadual não tinha condições de tomar Princesa, e nenhuma
vitória significativa era alcançada. Por sua vez, os revoltosos encontravam-se também em
dificuldade, pois se esgotavam os recursos de que dispunham para se alimentar e se manter
em armas.
No início de junho, em vista da relutância do Congresso na questão da intervenção, Washington
Luís enviou à Paraíba cinco batalhões de caçadores do Exército e um vaso de guerra. Enquanto
isso, os Pessoa de Queirós e outros líderes da revolta arquitetavam um plano para forçar a
intervenção: propunham proclamar Princesa “território livre” através da promulgação de um
“decreto” assinado por José Pereira. Seria ainda editado um jornal e composto um livro. O
“decreto” foi assinado no dia 9 de junho de 1930 por uma “junta governativa” integrada por
José Pereira, José Frazão Medeiros Lima e Manuel Rodrigues Sinhô. Seu texto, lido na Câmara
no dia 13, causou grande polêmica, abrindo a primeira discussão formal sobre o chamado “caso
da Paraíba”. Em 21 de junho, saiu o primeiro e único número do Jornal de Princesa.
Diante desses acontecimentos, um avião do governo do estado sobrevoou Princesa e lançou um
boletim intimando os revoltosos a se renderem sob pena de o município ser bombardeado. Em
resposta, José Pereira enviou um telegrama a João Pessoa ameaçando “invadir o estado e
implantar o terror”. Na verdade, nenhuma das partes teria condições de cumprir tais ameaças.

O ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA

Em 26 de julho de 1930, ocorreu o fato culminante de todo esse processo político: João Pessoa
foi assassinado em Recife por João Duarte Dantas. Aliado de José Pereira e de João Suassuna,
João Dantas alimentara durante muito tempo um intenso rancor contra João Pessoa, acusando
o de cometer arbitrariedades contra membros de sua família. Os dois haviam mesmo travado
um debate através da imprensa, dando vazão a seu ódio pessoal. A divulgação pelo jornal A
União de documentos íntimos apreendidos pela polícia paraibana no apartamento de João
Dantas precipitou os acontecimentos.
Com a morte de João Pessoa, o governo federal resolveu pôr termo à Revolta de Princesa. O
general Lavenère Wanderley, comandante da 7ª Região Militar, sediada em Recife, foi

37 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


incumbido de restabelecer a paz na Paraíba. Seu primeiro ato foi telegrafar a José Pereira
informando-o de que seria necessário que “as forças do Exército ocupassem Princesa”.
Em 11 de agosto de 1930, um contingente do Exército com seiscentos homens comandados por
João Facó chegou a Princesa. Ao mesmo tempo, vários batalhões passaram a guarnecer as
fronteiras do estado. Diante de providências tão concretas, José Pereira entregou ao Exército os
armamentos de sua gente. No dia 19 de agosto, o general Lavenère Wanderley participou a
Álvaro de Carvalho, sucessor de João Pessoa no governo do estado, a pacificação da Paraíba.
Os “propósitos apaziguadores” do governo federal foram, entretanto criticados pelos aliancistas,
que denunciaram a permanência de tropas no estado como uma forma de intervenção. Por
outro lado, causando indignação e pesar em todo o país, o assassinato de João Pessoa
constituiu um fator decisivo para a articulação do movimento revolucionário que eclodiria em 3
de outubro de 1930.

A REVOLUÇÃO DE 1930 E A PARAÍBA

A Revolução de 1930 foi um movimento de revolta armada ocorrido no Brasil. Um Golpe de


Estado tirou o presidente Washington Luís do poder. O movimento era liderado pelos estados
do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba. Foi desencadeado, principalmente, devido à
insatisfação com o resultado das eleições presidenciais. A derrubada do governante em 24 de
outubro de 1930 impediu a posse do presidente eleito, Júlio Prestes. O episódio marcou o fim
da República Velha (1889-1930). Com o apoio de chefes militares, Getúlio Vargas chegou à
presidência da República.
Antes do golpe, o Brasil era governado pelas oligarquias de Minas Gerais e São Paulo. Por meio
de eleições fraudulentas, essas oligarquias se mantinham no poder e conseguiam alternar na
presidência da República políticos que representassem os interesses dos dois estados. Essa
prática ficou conhecida como “política do café-com-leite”. O acordo gerava descontentamento
em setores militares que buscavam a moralização política do país.
A escolha dos candidatos à presidência da República para as eleições de 1930 deram origem ao
movimento. As oligarquias de Minas Gerais e São Paulo entraram em um sério conflito político.
De acordo com a política adotada, seria a vez de Minas Gerais indicar o candidato a presidência.
Entretanto, a partir de 1928 o presidente Washington Luís, ligado ao Partido Republicano
Paulista (PRP), passou a apoiar a candidatura do então presidente de São Paulo, Júlio Prestes.
Essa atitude visava assegurar a continuidade de sua política econômico-financeira de
austeridade e de contenção de recursos para a cafeicultura. Tal postura desprezava os
interesses de Minas Gerais.
O contexto social e econômico no qual estava inserido o movimento de 1930 era de grande
apreensão. Em outubro de 1929, a economia mundial é abalada por uma forte crise provocada
pela falência da bolsa de valores de Nova York. A quebra da Bolsa atingiu proporções mundiais,
esmagando todas as economias com alguma participação nos mercados internacionais, como
era o caso do Brasil e suas exportações de café. Diante da crise, os cafeicultores recorreram ao
apoio do governo federal que foi incapaz de dar continuidade à política de proteção ao setor.
Esse foi um fator importante que contribuiu para o enfraquecimento político das oligarquias
cafeeiras.

38 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Em junho de 1929, o Partido Republicano Mineiro (PRM) decidiu lançar candidatura própria
tendo Getúlio Vargas, o presidente do Rio Grande do Sul, e João Pessoa, o presidente da
Paraíba, concorrendo, respectivamente, à presidência e à vice-presidência da República.
Em agosto de 1929, no Brasil, formou-se a Aliança Liberal. O objetivo de sua criação era fazer
oposição à candidatura de Júlio Prestes à presidência da República. Formavam a Aliança os
estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, além de partidos políticos oposicionistas
de diversos estados, inclusive do Partido Democrático de São Paulo.
O programa da Aliança Liberal, entre outros pontos, incluía o voto secreto e a anistia, questões
que suscitaram considerável mobilização popular. A campanha iniciou-se em São Paulo, e após
um grande comício realizado na esplanada do Castelo, no Rio de Janeiro, uma caravana
percorreu o Norte e o Nordeste, sendo recebida com ruidosas manifestações. Em 20 de
setembro, numa convenção realizada no Rio de Janeiro, a Aliança Liberal aprovou a chapa
Vargas-João.
Em 1ª de março de 1930, data das eleições presidenciais, num sábado de carnaval, o pleito deu
a vitória a Júlio Prestes e Vital Soares, eleitos com 1.091.709 votos. Getúlio Vargas obteve
742.797 votos. No Rio Grande do Sul o candidato aliancista alcançou 100% dos votos. Os três
estados ligados à Aliança Liberal somaram um total de 610 mil. Já nos 17 estados prestistas a
votação de Getúlio foi inexpressiva. No antigo Distrito Federal, a cidade do Rio de Janeiro,
houve empate. A apuração dos resultados da eleição foi demorada e tensa, se estendendo até
maio de 1930. Sua posse na presidência deveria ocorrer no dia 15 de novembro do mesmo ano.
A hipótese de desencadear um movimento armado no caso de derrota nas urnas, já estava
sendo planejado desde 1929, pela corrente mais radical da Aliança Liberal. O grupo era
formado por políticos jovens como João Neves da Fontoura, Osvaldo Aranha e Virgílio de Melo
Franco. Cogitou-se, inclusive, solicitar a colaboração dos “tenentes”, tendo em vista seu
passado revolucionário, sua experiência militar e seu prestígio no interior do Exército.
Paralelamente as negociações de caráter eleitoral, os “tenentes” oriundos dos levantes da
década de 1920, e elementos mais radicais das dissidências oligárquicas articulavam-se visando
desencadear um novo movimento revolucionário. Logo após a derrota nas eleições foram
retomadas as articulações entre ambos para um movimento de revolução.
Alguns fatos provocaram a retração do movimento, como a impossibilidade de contar com dois
dos principais líderes tenentistas. Um deles era Luís Carlos Prestes, exilado em Buenos Aires,
que rompeu com a Aliança Liberal em maio de 1930. Prestes havia sido convidado a assumir a
chefia militar do movimento ao lado de Vargas. Porém, os recursos financeiros prometidos
tardaram e, quando Osvaldo Aranha enviou a Prestes cerca de oitocentos contos de réis para a
compra de armamento, Prestes já decidira não mais participar da revolução. O outro fato foi à
morte de Siqueira Campos, em um acidente no mesmo mês. Após uma reunião com Prestes na
capital Argentina, Siqueira tomou um avião na madrugada do dia 10 de maio de 1930. Por volta
das três e meia, o avião caiu nas águas do Rio da Prata.

Em 26 de julho de 1930, o movimento foi reativado após o assassinato de João Pessoa, em


Recife, por João Dantas. O crime teve como motivação conflitos de caráter privado e ligava-se
também a Revolta de Princesa, movimento rebelde ocorrido no interior da Paraíba. No entanto,
naquele momento a responsabilidade foi atribuída ao governo federal. O fato gerou revolta
popular em várias regiões do Brasil. O presidente paraibano tornou-se mártir do movimento.

39 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


João Pessoa foi enterrado no Rio de Janeiro, acompanhado por uma grande multidão em
ambiente de enorme comoção.
Durante os meses de agosto e setembro, preparou-se o movimento nos diversos estados.
Foram escolhidas as lideranças e a chefia do estado-maior da revolução foi entregue ao
tenente-coronel Góis Monteiro. Nesse período, conseguiram-se várias adesões importantes à
causa revolucionária, inclusive a de Borges de Medeiros que, em seguida às eleições de março,
concedera uma entrevista à imprensa reconhecendo publicamente a derrota da Aliança Liberal.
Em 25 de setembro, Getúlio Vargas e Osvaldo Aranha decidiram desencadear a revolução no
dia 3 de outubro. Segundo o plano adotado, o movimento deveria irromper simultaneamente
no Rio Grande do Sul, Minas e estados do Nordeste. A ação deveria ter início, por escolha de
Osvaldo Aranha, às dezessete horas e trinta minutos, no fim do expediente nos quartéis, o que
facilitaria a ação militar e a prisão dos oficiais em suas casas.
Na data marcada, a revolução eclodiu. O Rio Grande do Sul foi rapidamente dominado pela
insurreição, e grandes contingentes ultrapassaram a divisa do estado, tomando em poucos dias
Santa Catarina e o Paraná e estacionando as portas do estado de São Paulo.
Em Minas Gerais, apesar da resistência oferecida pelo 12º Regimento de Infantaria, sediado em
Belo Horizonte, e de alguns núcleos na região da Mantiqueira, o movimento foi amplamente
vitorioso. Forças revolucionárias mineiras se deslocaram para o Espírito Santo, ocupando
Vitória.
O Norte e o Nordeste do país tiveram a Paraíba como sede do movimento revolucionário.
Juarez Távora era o comandante militar e José Américo de Almeida o chefe civil da revolução.
Mas o movimento não eclodiu na Paraíba no dia 3 de outubro, devido a um equívoco entre
Juarez e Osvaldo Aranha em relação à hora marcada para o início do movimento, o que
possibilitou a organização da defesa governista em algumas cidades.
Todas as quinzenas, Juarez mandava para o quartel-general de Porto Alegre, em código, as
datas mais convenientes para o início da revolução. Os dias coincidiam exatamente com
aqueles em que estava de prontidão a companhia comandada por Juraci Magalhães. Essa era a
única unidade dentro do 22º Batalhão de Caçadores onde havia uma organização
verdadeiramente revolucionária comandada pelo próprio Juraci, por Jurandir Mamede, Agildo
Barata e Paulo Cordeiro.
Naquele 3 de outubro, Agildo Barata era o oficial do dia e interceptou os telegramas que
anunciavam o início da revolução no Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Desse modo, ante a
mobilização das tropas governistas, o levante na Paraíba foi antecipado. Aos 30 minutos da
madrugada do dia 4 de outubro, iniciou-se a revolução no Estado com o ataque ao 22º BC. Lá
se encontrava o general Alberto Lavenère Wanderley, comandante da 7ª Região Militar. O
general morreu durante as primeiras ações, juntamente com o tenente Paulo Lobo e seus dois
ajudantes de ordens.
O levante seguiria por Teresina com o ataque a companhia do 25º BC, comandada pelo capitão
Joaquim de Lemos Cunha. Em São Luís, o alvo foi o 24º BC, comandada por Anacleto Tavares.
Em Natal, a investida foi à companhia do 29º BC, comandada por Aluísio Moura, que estava em
Campina Grande, além de intervenções na Escola de Aprendizes-Marinheiros e na Capitania dos
Portos.
Em Sousa, no interior do estado da Paraíba, o 23º BC, deslocado de Fortaleza, rebelou-se sob o
comando do tenente Carlos Cordeiro. Nos combates, foi morto o comandante do batalhão,

40 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


coronel Pedro Ângelo Correia. O destacamento de Princesa só aderiu à revolução um pouco
mais tarde.
Em Recife, nas duas primeiras horas da madrugada do dia 4 de outubro, o comando das tropas
do governo já estava alertado, o que permitiu forte resistência. Juarez Távora convocou os
jovens do 33º Tiro de Guerra e o capitão de polícia Muniz Faria. A ordem era resistir até a
chegada de reforços vindos da Paraíba. Ao retornar a João Pessoa deu ordens para que fosse
iniciada a descida para Recife. O batalhão de Agildo Barata partiu imediatamente, seguido de
Juraci Magalhães e Paulo Cordeiro.
Em Pernambuco, o movimento contou com ampla participação popular. Após o levante do Tiro
de Guerra e o assalto ao 21º BC, os revolucionários comandados pelo capitão Muniz Faria
atacaram o paiol do quartel da Soledade, distribuindo armas e munições aos populares que
aderiram à revolução.
No dia 5 de outubro pela manhã, ao chegarem os reforços da Paraíba, a capital pernambucana
já se encontrava controlada pelas forças revolucionárias. A resistência em Recife durou, de toda
forma, até o dia 6 de outubro, quando Estácio Coimbra, presidente do estado, abandonou o
governo.
As tropas revolucionárias marcharam em direção a Alagoas. Após a derrubada do governo,
dirigiram-se para a Bahia e, em seguida, para Aracaju. Em Sergipe não houve resistência, pois
o 28º BC aderiu à revolução.
Em meados de outubro, as tropas legalistas estabeleceram na Bahia o quartel-general das
Forças em Operação no Norte da República (FONR), sob o comando do general Antenor de
Santa Cruz Pereira de Abreu. Após mobilizar a polícia do estado, o general Santa Cruz se
deslocou rumo à divisa com Sergipe, a fim de impedir o avanço da coluna revolucionária em
direção à capital federal. Outro quartel-general foi implantado em São Paulo. Ambas as
iniciativas buscavam deter o avanço dos revolucionários vindos do Nordeste e do Sul.
A marcha seguiu em direção a São Paulo. O destacamento principal deslocava-se por via férrea,
sob as ordens de Miguel Costa. Sem maiores obstáculos, chegou a Ponta Grossa. João Alberto,
enviado a Curitiba para coordenar a ação das tropas que estavam sendo transportadas do Rio
Grande do Sul, também não se deparou com contratempos para avançar até Capela da Ribeira,
a leste de Itararé, além da divisa do Paraná com São Paulo. Entretanto, o mesmo não
aconteceu em Santa Catarina. A Divisão do Litoral enfrentou forte bombardeio nas
proximidades de Florianópolis, onde o Exército se manteve fiel a Washington Luís, e resistiu
enquanto aguardava reforços.
Em 10 de outubro, Getúlio Vargas e Góis Monteiro, acompanhados de todo o estado-maior civil
e militar da revolução, seguiram de trem com destino ao norte do Paraná. Eles previam que
haveria choques violentos com as tropas legalistas comandadas pelo general José Pais de
Andrade. O comboio revolucionário estacionou em Ponta Grossa. Viajavam nele também Flores
da Cunha, João Neves da Fontoura, Maurício Cardoso, Virgílio de Melo Franco e numerosos
oficiais.
Enquanto Vargas e sua comitiva permaneciam em um dos vagões da composição ferroviária,
Góis montou seu quartel-general numa das dependências do grupo escolar da cidade. No local,
planejou o ataque geral do dia 25 de outubro que seria deflagrado sobre São Paulo, tomando
por base a frente de Itararé.

41 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Antes mesmo que as tropas governamentais enfrentassem as forças rebeldes, o Exército e a
Marinha depuseram o presidente Washington Luís. Exigiu-se a renúncia do presidente através
de um documento encaminhado por intermédio de dom Sebastião Leme, cardeal arcebispo do
Rio de Janeiro. Ante a negativa de Washington Luís, no dia 24 de outubro os militares
determinaram o cerco do palácio Guanabara e a prisão do presidente. Uma junta governativa
foi criada para gerir o país. Era composta pelos generais Tasso Fragoso e Menna Barreto e pelo
almirante Isaías Noronha.
No dia 28 de outubro, chegaram ao Rio de Janeiro Osvaldo Aranha e Juarez Távora, a fim de
conferenciar com a junta sobre a composição do novo governo. No mesmo dia, as forças
gaúchas e paranaenses entraram no estado de São Paulo, enquanto parte do comando militar
revolucionário chegava à capital paulista. Na madrugada do dia 31, o chefe supremo da
revolução, Getúlio Vargas, desembarcava no Rio de Janeiro, onde foi alvo de inúmeras
homenagens.
Em novembro de 1930, os militares transferiram o poder governamental para o gaúcho Getúlio
Vargas. Instaurava-se, assim, a Era Vargas, nome dado ao período em que Getúlio Vargas
governou o Brasil por 15 anos, de forma contínua (1930-1945).
Entre 1930 e 1934, Vargas governou o Brasil de forma provisória. Em 1934, foi eleito pela
Assembleia Constituinte como presidente constitucional do Brasil, com mandato até 1937.
Porém, através de um golpe com apoio de setores militares, permaneceu no poder até 1945,
período conhecido como Estado Novo.
Os primeiros anos da Era Vargas foram marcados pela presença dos “tenentes” nos principais
cargos do governo. Representantes do governo foram designados para assumirem o controle
dos estados. A medida tinha como finalidade anular a ação dos antigos coronéis e sua
influência política regional.
Devido à tensão entre as velhas oligarquias e os militares interventores, além da pressão
popular, o presidente convocou eleições para a Constituinte em 1934. Naquele ano uma nova
constituição foi promulgada. A Carta de 1934 deu maiores poderes ao poder executivo, adotou
medidas democráticas e criou as bases da legislação trabalhista. Além disso, sancionou o voto
secreto e o voto feminino. Por meio dessa resolução e o apoio da maioria do Congresso, Vargas
garantiu mais um mandato.
O Governo Constitucional (1934-1937) foi marcado por uma política de centralização do poder.
Vargas declarou estado de sítio, perseguiu seus oponentes e desarticulou o movimento
comunista brasileiro. Sob a justificativa da ameaça comunista, Getúlio Vargas anulou a nova
eleição presidencial que deveria acontecer em 1937. Também revogou a Constituição de 1934 e
dissolveu o Poder Legislativo.
Na ditadura do Estado Novo (1937-1945), o presidente outorgou a Constituição de 1937. Foi a
quarta Constituição do Brasil e a terceira da República. Ficou conhecida como Polaca por ter
sido baseada na Constituição autoritária da Polônia. Foi redigida por Francisco Campos, então
ministro da Justiça do novo regime.
Durante esse período, Vargas impôs a censura aos meios de comunicação, reprimiu a atividade
política, perseguiu e prendeu seus inimigos políticos, adotou medidas econômicas
nacionalizantes e deu continuidade a sua política trabalhista com a criação da CLT
(Consolidação das Leis do Trabalho). Além disso, publicou o Código Penal e o Código de
Processo Penal, todos em vigor atualmente. Também foi responsável pelas concepções da

42 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário mínimo, e pelo descanso semanal
remunerado.

A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932 E A PARAÍBA

A Revolução Constitucionalista foi um movimento armado iniciado em 9 de julho de 1932,


liderado pelo estado de São Paulo, que defendia uma nova Constituição para o Brasil e atacava
o autoritarismo do Governo Provisório de Getúlio Vargas. Durante quase quatro meses, os
paulistas entraram em confronto com tropas fiéis a Vargas e, isolados, foram derrotados. O
levante não foi em vão, pois, em 1934, era promulgada a nova Constituição brasileira.
Quando, em 1932, eclodiu a Revolução Paulista ou Revolução Constitucionalista, Getúlio Vargas
convocou as Tropas federais sediadas nos outros Estados e as Forças Públicas Estaduais para
combater esse movimento. Por ocasião desses fatos a Paraíba era Governada pelo Dr.
Gratuliano de Brito, na condição de Interventor. Por ser seguidor ardoroso de Getúlio, como já
dito, era normal que se interessasse em enviar as suas tropas para participarem do movimento.
Da Paraíba seguiram de imediato, para participar das lutas, duas companhias do 1º Batalhão, e
um Batalhão Provisório. Posteriormente foram enviados mais três batalhões, que não chegaram
a participar dos confrontos. Esses batalhões eram formados por 26 voluntários e os oficiais
eram civis comissionados, escolhidos entre integrantes de famílias tradicionais do estado.
Nesse momento estava à frente da Força Policial o Tenente Coronel José Mauricio da Costa,
que participou das lutas de Princesa Isabel e da revolução de 1930 além de participar dos
conflitos em Recife contra os revolucionários que pretendiam depor o Governo daquele Estado.
José Maurício era considerado o oficial mais qualificado intelectualmente da Corporação naquela
época.
Em 1932 o efetivo do Regimento policial, nome dado a Polícia Militar, era de 1.100 homens que
eram distribuídos em dois batalhões: um em de João Pessoa e outro em Campina Grande.
“Para aumentar o número de homens e alcançar o número equivalente ao de um batalhão foi
necessário convocar parte dos Destacamentos do interior do estado além de serem criados
mais três batalhões provisórios, formados por voluntários”. Assim, convocada a Força Policial
paraibana, foram enviados mais de 1.600 homens, distribuídos em quatro batalhões, que
seguiram rumo ao Rio de Janeiro, onde, juntos com as Tropas de Getúlio, partiram para as
frentes de combate. O papel dos paraibanos teve grande relevância na vitória dos legalistas.
Observando também o fato da convocação das tropas federais e PMs do país feita por Getúlio,
é inquestionável o papel essencial das tropas paraibanas no movimento, uma vez que o
contingente da Paraíba teve destacadas participações em combates ocorridos na cidade de
Capão Bonito, Buri e Itapetinga, na frente sul e em Lindóia, Monte Sião, Campinas e Itapira, na
frente norte. Em diversas oportunidades os combates foram decididos em lutas de corpo a
corpo, e com uso de arma branca, prevalecendo à destreza e a coragem pessoal dos
paraibanos.
Vários foram os meses que se seguiram de batalhas e as tropas paraibanas se mantinham
firmes no território paulista e lutavam braviamente para vencer os revoltosos. Com intenso
acompanhamento da imprensa paraibana, os jornais mostravam a coragem e luta dos oficiais
da PM da Paraíba que não mediram forças para mostrar sua disposição e coragem para o então
presidente Getúlio Vargas. Para além de São Paulo, é válido citar que as tropas paraibanas
43 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
enfrentaram diversos obstáculos e lutas em diversos lugares, como em Minas Gerais, por
exemplo. A região pela qual passavam a zona montanhosa de Minas Gerais apresentava terreno
descampado, cheio de ondulações. Passaram por Brumado, Amparo, Coqueiros nesta ultima os
paraibanos tiveram certo trabalho até fazerem o inimigo recuar. Em um desfiladeiro o cap. José
Guedes e seus homens foram atacados. As armas automáticas convergiam para o leito da
estrada interceptando a marcha da Cia Guedes. Recuaram então, como nos mostra Falcone
[s.n.t.] em um de seus relatos. O cap. Guedes articula sua unidade. Partem para o ataque com
a seção de metralhadoras leves. Somente assim os paulistas recuaram deixando as forças
paraibanas seguirem viagem.
A luta se estendeu por diversos meses até que as tropas paulistas começaram a dar sinais de
falência, o que ficou claro quando começaram a abandonar as trincheiras – o que gerou muita
revolta entre os voluntários civis, que acusaram o comando da Força Pública de traição. Era o
fim da luta armada.

A INTENTONA COMUNISTA DE 1935 E A PARAÍBA

A quebra da bolsa de Nova York, ocorrida em 1929, assinalou o início de uma grave crise no
Capitalismo de todo mundo. Enquanto isso, no decorrer da década de 1920, registrou-se a
consolidação do Comunismo, principalmente na Rússia.
Por conta da expansão Comunista no continente Europeu, pressionando o Capitalismo, surgiram
os movimentos Nazista e Fascista, respectivamente na Alemanha e na Itália. Ambos os
movimentos defendiam o enfraquecimento do Parlamentarismo e a implantação de Governos
Totalitários, como forma de manutenção do Capitalismo. Aos poucos o Comunismo e o Nazi-
Fascismo foram se disseminando em outros países.
No Brasil, as primeiras Organizações de um Partido Comunista, datam de 1922. Porém, só a
partir de 1931, com a adesão de Luiz Carlos Prestes ao Comunismo, e sua viagem para Moscou,
a fim de estudar tal doutrina, é que foi possível a obtenção de resultados mais concretos, por
essa organização.
O Fascismo chegou ao Brasil em 1932, através da criação do Movimento Integralista Brasileiro,
que, pelo fato de se insurgir contra o Comunismo e defender princípios como Deus, Pátria e
Família, valores próprios da Cultura Nacional, angariou a simpatia e adesão dos Militares.
A Internacional Comunista (IC) órgão destinado a expandir o Comunismo em todo mundo, foi
pressionada por Luiz Carlos Prestes, para investir em uma Revolução no Brasil, que se
destinasse a tomada do Poder. Prestes se encontrava na Rússia, onde tinha adquirido grande
prestígio junto ao Órgão máximo da organização comunista. Em 1934, diversos agentes da
Internacional Comunista, vieram ao Brasil, clandestinamente, para sob a direção de Prestes,
que retornava ao país, prepararem uma revolução.
Encontrando dificuldades de penetração nas massas populares e rejeição de ordem legal, o
Partido Comunista do Brasil criou, em 1934, um movimento denominado Aliança Nacional
Libertadora (ANL), destinada a consagrar o operariado e a classe camponesa, bases para os
propósitos revolucionários.
O clima político da época era favorável aos objetivos da ANL, uma vez que havia um grande
descontentamento da massa popular com o Governo Revolucionário, que não conseguia
resolver as grandes questões sociais.
44 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
Pelo fato do Partido Comunista e da Aliança Nacional Libertadora serem dirigidas por Prestes,
receberam muitas adesões de Militares insatisfeitos com o governo de Vargas. A estratégia para
o movimento era a preparação do povo, através da ANL e a infiltração nos meios militares.
A ANL passou a promover intrigas regionais, pregando o separatismo no Rio Grande do Sul e
São Paulo, além de expressar ideias contrárias no Rio de Janeiro. No Norte e Nordeste pregava-
se a luta contra os privilégios do sul. Era dividir para conquistar. Percebendo a manobra, e
pressionado pelo Movimento Integralista, que era anticomunista, o Governo fechou, em junho
de 1935, a ANL. Na clandestinidade geral, Prestes perdeu espaços.
A Internacional Comunista, que só a partir de então passou a se interessar pelo Brasil, exigiu de
Prestes a continuidade do movimento. Com bases formadas por civis e militares, no Rio Grande
do Norte, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Prestes planejou, para o mês de
novembro de 1935, um movimento que partindo dos Quartéis encontraria, na avaliação de
Prestes, fácil apoio do povo.
Tomando conhecimento dos planos, através de agentes infiltrados nos movimentos, o Governo
se preparou e conseguiu, com certo esforço, debelar o movimento, que ficou conhecido como
Intentona Comunista. Foram registradas muitas lutas em Natal, Recife, Rio de Janeiro e Porto
Alegre.

DEFLAGRAÇÃO DO MOVIMENTO

No dia 23 de novembro, um sábado, aproveitando-se da ausência da maior quantidade de


Oficiais no Quartel, as Praças do 21º Batalhão de Caçadores (BC), em Natal, liderados pelo
funcionário civil Lauro Cortez Lago, prenderam o Oficial de Dia e apoderaram-se do Quartel.
O Coronel José Otaviano Pinto, Comandante do 21º BC, sem condições de reação, dirigiu-se ao
Quartel do Comando da Polícia Militar, de onde, juntamente com o Major Luiz Júlio,
Comandante daquela Corporação, organizou heroica resistência aos rebeldes. O tiroteio entre
os rebeldes e a Polícia Militar que começou no início da noite do dia 23, prolongou-se até a
manhã seguinte, com a rendição da Tropa Legal, e prisão de todos os Oficiais. O Governador do
Rio Grande do Norte, Rafael Fernandes e seus auxiliares, ao tomar conhecimento do
movimento se refugiam no Consulado da China, naquela Capital.
Em seguida, foram saqueados o Banco do Brasil, e outras Reparti-ções, apreendidos caminhões
públicos e particulares, e praticadas muitas desordens na cidade. Durante três dias, a
população viveu um clima de terror.
Todas as ligações de Natal com o resto do País foram cortadas. Tomada a Capital, os
revolucionários formaram três Colunas e se dirigiram ao interior daquele Estado, ocupando as
cidades de Ceará-Mirim, Baixa-Verde, São João de Malibu, Santa Cruz e Canguaretama.
Nos planos de Prestes o início do movimento seria no dia 27, porém através de um radiograma
forjado pelo serviço de informações do Governo, a ação em Natal foi antecipada. A pretensão
do Governo era precipitar as ações para facilitar a sua debelação.
Ao tomar conhecimento do movimento de Natal, logo no dia 24 daquele mês, grupos liderados
pelo Tenente Lamartine Coutinho, iniciaram a revolta no Quartel do 29º BC, em Socorro, nas
proximidades de Recife. Presos os Oficiais que não aderiram ao movimento e tomado o Quartel,
os rebeldes marcharam para o centro do Recife.

45 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


A resistência em Recife foi iniciada com a parte da Tropa Federal que se mantinha leal ao
Governo e a Polícia Militar de Pernambuco. No dia seguinte, seguiram para Recife o 22º BC de
João Pessoa, e o 20º BC de Alagoas. No dia 26 de novembro, o movimento de Recife tinha sido
controlado, com a vitória do Governo.
No Rio de Janeiro, o movimento que ocorreu em diversos Quartéis, foi iniciado no dia 26, dele
participando muitos Oficiais. Como o início do movimento no Rio de Janeiro, ocorreu dentro do
programado, e o Governo estava preparado, a luta foi das mais sangrentas.

A PARTICIPAÇÃO DA PM DA PARAÍBA

Enquanto se desenrolavam as lutas em Recife e no Rio de Janeiro, pouco se sabia a respeito da


situação de Natal. Ao tomar conhecimento do movimento do Recife e da suspeita de que o
mesmo ocorria em Natal, o Governador da Paraíba, Argemiro de Figueiredo, começou a
mobilizar a Força Pública, denominação da Polícia Militar na época, objetivando guarnecer a
Capital e as fronteiras da Paraíba com o Rio Grande do Norte.
No dia 24 de novembro, chegou a João Pessoa, vindo de Campina Grande, um efetivo de 70
homens da Polícia Militar. Os Destacamentos do Sertão foram deslocados para Campina
Grande.
Atendendo a um pedido do Governador Argemiro de Figueiredo, o Deputado Américo Maia,
percorreu as cidades fronteiras com o Rio Grande do Norte, conclamando as autoridades locais,
a iniciarem preparativos para resistência.
Por ordem do Governador, ainda no dia 24, o Capitão Manuel Benício, concentrou os
Destacamentos do Brejo, na cidade de Caiçara, proximidades de Nova Cruz, que se achava
ocupada pelos rebeldes.
Grupos de civis armados sob a liderança de políticos e os Destacamentos locais, sob o Comando
de Oficiais, tomaram posição nos principais pontos dos limites com o Rio Grande do Norte. Em
Pombal, o Capitão Jacob Frantz contava com um efetivo de 200 homens para seguir para Caicó.
Por sua vez, o Tenente João Alves de Lira aprontou 300 homens em Santa Luzia.
Em Patos, o Prefeito Adalgísio Olyntho e o Tenente Vicente Chaves, contavam com 200 homens
armados, prontos para invadir Barreiras-RN. Em Picuí, o Tenente Severino Lins, dispunha de
300 homens. Em Brejo do Cruz foi formado um efetivo de 100 homens pelas lideranças locais.
Outros grupos começaram a se formar em Sousa e Malta. Esses grupos, formados de Militares e
Civis, aguardavam ordem para entrar em ação. O governo aguardava a chegada das Tropas
Federais vindas de Fortaleza, Alagoas, Pernambuco e Bahia.
Tropa Comandada pelo Capitão Jacob Frantz, invadiu Caicó, e grupos liderados por Adalgísio
Olyntho, invadiram Parelhas, porém constataram clima de normalidade, e de lá regressaram,
sem necessidade de lutas.
No dia 26 daquele mês, circulou em João Pessoa a notícia de que um grupo armado, vindo de
Gramame, ao sul da cidade, iria invadir a Capital Paraibana. Um Destacamento da PM composta
por 70 homens, sob o Comando do Capitão João Pereira Diniz, deslocou-se até Gramame, onde
constatou a existência de um grupo de Caboclos, que tinha sequestrado um proprietário local,
conhecido por Major Alves. Sem oferecer resistência, o grupo foi disperso nas matas ali
existentes.

46 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


O Tenente Coronel Elias Fernandes, na época Delegada de São João do Cariri, foi convocado
para Comandar uma Companhia que seguiria para Natal. Na tarde do dia 26 de novembro, o
Tenente Coronel Elias Fernandes, manteve audiência com o Governador e o Coronel Delmiro
Pereira, Comandante da Força Pública.
Às 19 horas daquele dia, o Tenente Coronel Elias Fernandes, se dirigiu à Natal, juntamente com
um efetivo de 130 homens. A tropa, que viajava de caminhão, pernoitou em Mamanguape, de
onde saiu às 11 horas do dia seguinte, ingressando em território rio-grandense
aproximadamente às 13 horas, onde pernoitou acantonada em Canguaretama.
No dia 26 de novembro, o Capitão Manuel Benício partiu de Caiçara e ocupou Nova Cruz, onde
ocorreu um confronto com os rebeldes, resultando na prisão de cinco e na morte de dois deles.
No dia seguinte, o Prefeito e o Delegado da cidade, que haviam se ausentado com a chegada
dos rebeldes, a ela retornaram e ocuparam as suas funções, com a proteção da tropa do
Capitão Benício.
De Nova Cruz, o Destacamento do Capitão Benício, formado por 112 homens, marchou em
direção a Vila Nova, naquele Estado, em perseguição aos grupos rebeldes. Nesse percurso
foram efetuadas várias prisões e apreendido veículos, armas, munições e dinheiro em poder
dos rebeldes presos. Ainda em marcha, esse Destacamento travou luta com os rebeldes em
Baixio e Santo Antônio. Em Vila Nova a ordem foi restabelecida, com as autoridades
constituídas retornando as suas funções.
De Vila Nova, o Capitão Benício e seu Destacamento seguiram ao encontro do Destacamento do
Tenente Coronel Elias Fernandes, a quem se apresentou no dia 28 de novembro em
Canguaretama.
Com a junção desses dois efetivos, o Tenente Coronel Elias Fernandes deu nova organização a
tropa que recebeu a denominação de 2º Batalhão de Infantaria, formado por duas Companhias,
a 1ª Comandada pelo Capitão Antônio Pereira Diniz e mais 110 homens, e a 2ª sob o Comando
do 2º Tenente Antônio Benício, também composta por 110 homens. O Capitão Benício passou à
função de Subcomandante do Batalhão.
Assim organizado o 2º Batalhão de Infantaria, reiniciou no dia 29 daquele mês a viagem, agora
de trem, com destino a Natal. Nesse percurso foram registradas paradas em Goianinha e São
José de Mapibu, onde foram embarcados rebeldes presos.
Na estação de Cajupiranga o Batalhão esperou pelo Major José Andrade Farias, Comandante do
20º BC de Alagoas, que viajava de trole para fazer contatos com o Comandante da Tropa
Paraibana. Depois de entendimento dessas autoridades, o Batalhão seguiu viagem.
Ao chegar a Natal, o 2º Batalhão da Paraíba foi recebido por autoridades locais e alojado no
Regimento de Cavalaria no Bairro do Tyrol, naquela Capital.
No dia 30 de novembro foi destacado um reforço do 2º Batalhão para a cidade de Nova Cruz. A
missão do 2º Batalhão foi efetuar a Guarda da cadeia, onde havia muitos presos políticos,
Quartel da PM, o Banco do Brasil, e o Policiamento da Cidade.
Uma patrulha formada por 42 homens dessa Unidade foi enviada ao Recife, a bordo do navio
BUTI, escoltando presos políticos, saindo de Natal no dia 12 de dezembro e retornando no dia
15 do mesmo mês.
Depois de bastante homenageada pelas autoridades norte-rio-grandenses, o 2º Batalhão de
Infantaria retornou a Capital Paraibana no dia 23 de dezembro, onde foi recebida com muitas

47 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


honras. Na ocasião foi efetuado um desfile da Estação Ferroviária até o Quartel na Praça Pedro
Américo.
Naquela data, a Corporação ganhava nova denominação, passando de Força Pública para
Polícia Militar. Mas, em 1940 voltou a ser Força Pública, para finalmente em 1946, receber sua
atual denominação.

A SEGUNDA GUERRA E A PARAÍBA

Os estudos sobre os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial no cotidiano do Brasil têm


avançado bastante nos últimos anos, especialmente no que concerne ao Nordeste do país.
Como é sabido, a localização geográfica dessa região era bastante estratégica e durante a
efervescência do conflito muitos foram os ataques ao litoral pelas forças do Eixo, a exemplo dos
navios Itagiba, Arara e Jacira, afundados no litoral baiano entre os dias 17 e 19 de agosto de
1942 pelo submarino alemão U-507.
Para além dos torpedeamentos aos navios brasileiros, os estudos apontam que ocorreram
desdobramentos em virtude da guerra em todos os estados, seja em maior ou menor escala:
racionamento de alimentos, alterações no campo da moda e do cinema, censura, espionagem,
educação patriótica, impactos na economia e nas festividades culturais (como os enredos
carnavalescos que aderiram ao tema da guerra), dentre outros, são exemplos dos efeitos
causados pelo conflito bélico. Para João Pessoa, capital do estado da Paraíba, não foi diferente.
Os anos de guerra geraram fortes impactos para a cidade, especialmente o ano de 1942,
período em que o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com o Eixo, entrou
oficialmente na guerra ao lado dos Aliados e fomentou forte campanha mobilizatória.
O artigo “Paraibanidade em favor da guerra no cotidiano de João Pessoa”, integrante da
coletânea Nordeste do Brasil na II Guerra Mundial, aborda os desdobramentos causados à
capital da Paraíba e discute como se deu a construção de um sentimento de paraibanidade, que
foi essencial para o esforço de guerra e ocorreu através da imprensa oficial do estado, o jornal
A União. Deste modo, o governo paraibano noticiou diversas matérias patrióticas e discursos
oficiais que tinham a intenção de valorizar a identidade do povo paraibano, com adjetivos como
“forte”, “guerreiro” e “preocupado (com os destinos do país)”, a fim de atrair o apoio da
população.
Um exemplo dessa construção patriótica que passava pelo apelo à identidade local foram as
notícias sobre três paraibanos que estavam a bordo dos navios torpedeados no litoral baiano,
em agosto de 1942. O desfecho desses ataques culminou na declaração oficial de entrada do
Brasil na guerra, em 22 de agosto, e no dia seguinte à entrada do país no confronto, o discurso
proferido pelo A União era em tom de pesar, suscitando a comoção popular, em face da
desumanidade com que os alemães atingiram os navios brasileiros. O jornal deu destaque às
fotografias das três vítimas, aos nomes dos seus familiares, bem como suas atividades
profissionais e breve descrição sobre suas trajetórias de vida, o que transparecia uma apelação
na tentativa de sensibilizar a população. Com isso, a ideia do luto pela perda dos paraibanos foi
uma estratégia utilizada pelo governo na tentativa de induzir o povo ao patriotismo e a apoiar a
entrada do país na guerra.
Neste sentido, é possível perceber que o jornal oficial do estado foi um dos principais
propagadores da campanha patriótica desenvolvida pelo governo Vargas. Através desse
48 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES
periódico, eram divulgadas notícias sobre a guerra, manifestações cívicas, discursos de
intelectuais favoráveis à entrada do Brasil no confronto e pronunciamentos em tom patriótico
de Ruy Carneiro, o interventor do estado da Paraíba no período, que atuava como um porta-voz
do governo ditatorial varguista.
Ou seja, quando se fala em Segunda Guerra a intenção era angariar recursos para mudanças
paisagísticas das cidades – sobretudo a capital. Além disso, houve o envio de homens, embora
poucos para o front de batalha, isso se deu num conjunto de ações por parte do governo
brasileiro que contou com os oficiais que nomearam de “pracinhas” e que foram cruciais para a
vitória brasileira e dos aliados contra o facismo e o nazismo na Europa.

QUESTÕES PARA EXERCITAR

01. (IBADE-CBM-2018)

Registra-se na história da Paraíba um evento conhecido como Tragédia de Tracunhaém. A mais


correta definição para esse episódio histórico encontra-se em:

a) Extermínio de índios potiguares pelos portugueses.


b) Consequência da guerra de uma aliança entre índios e holandeses contra portugueses.
c) Extermínio de índios tapuias pelos espanhóis.
d) Ataque dos índios potiguaras a um engenho da região.

02. (IBADE – 2018)

Nos primórdios da colonização brasileira, o rei de Portugal, pelos idos de 1530, resolveu que
devia povoar a costa brasileira para conter os contrabandistas estrangeiros, e, para isso criou o
sistema de Capitanias Hereditárias. Foram 15 capitanias para 12 donatários.

Em relação ao sistema de Capitanias Hereditárias e a história da Paraíba, naquela época, leias


as afirmativas a seguir.

I. Não foi criada a capitania da Paraiba num primeiro momento, pois na região foi criada a
capitania de Itamaracá.

II. Originalmente conhecida como capitania da Paraíba, foi fundada na região uma capitania
entre Pernambuco e Rio Grande.

III. A capitania que deu origem ao estado que é hoje a Paraíba no início se chamava capitania
do Ceará.

Está correto apenas o que se afirmativa em:

49 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


a) II.
b) l e ll .
c) III.
d) I.

03. (FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS – FCC – 2013)

A Tragédia de Tracunhaém é a denominação do episódio histórico

a) Em que centenas de indígenas, que habitavam o território entre Pernambuco e Paraíba,


foram massacrados por conquistadores portugueses, em um ataque surpresa liderado
por Frutuoso Barbosa.
b) Ocorrido no rio de mesmo nome, quando uma frota de embarcações portuguesas foi
alvo do ataque de tribos indígenas e de colonizadores holandeses, sendo todos os
tripulantes mortos.
c) Que resultou na morte de todos os colonos que habitavam o engenho de mesmo nome,
motivando a determinação dos portugueses em controlar mais rigorosamente a região
por meio da criação da capitania da Paraíba.
d) No qual uma forte epidemia de varíola se alastrou e dizimou, em poucos meses, várias
aldeias indígenas e as populações que habitavam diversas vilas em Pernambuco, na
Paraíba e no Rio Grande do Norte.
e) Decorrente do enfrentamento entre colonizadores franceses e portugueses, aliados a
tribos indígenas, que terminou com a destruição completa dos vilarejos da capitania de
Itamaracá, e um grande número de mortos de ambos os lados.

04. (IBADE – 2018)

O primeiro Capitão Donatário da região que se tornaria a Paraíba foi Pero Lopes de Souza.
Entre as suas realizações pode-se registrar corretamente o (a):

a) desalojamento de franceses que já tinham se estabelecido na região.


b) desenvolvimento imediato da capitania.
c) importação imediata de escravos para a região.
d) declaração de guerra aos espanhóis presentes nas fronteiras do Império Português.

05. (FCC-AL-PB-2013)

“Em verdade, os portugueses aproveitaram-se das diferenças étnicas entre as tribos indígenas
para jogar umas contra as outras e prevalecer. Assim, aliás, atuará sempre o colonialismo...
Sem a cisão do campo
dos naturais da terra, os representantes do Império não teriam dominado parte alguma do
mundo.”

50 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Com base no texto e no conhecimento histórico, pode-se afirmar que o sucesso da expedição
chefiada por João Tavares na conquista da Paraíba em 1585 deveu-se, principalmente,

a) Aos acordos de paz entre os missionários e índios do grupo Tapuias.


b) Ao estímulo português a conflitos entre índios Potiguaras e invasores.
c) À agressividade dos indígenas na luta entre portugueses e Tapuias.
d) À rivalidade existente entre os indígenas Tabajaras e Potiguaras.

06. (IBADE-CBM-PB-OFICIAL-2018)

Com relação aos povos indígenas que desde o tempo da colonização estiveram presentes em
territórios paraibanos, é correto afirmar que:

a) os potiguaras foram habitantes da região antes mesmo da colonização portuguesa.


b) os primeiros habitantes da região da Paraíba foram índios oriundos de nações que mais tarde
se tornaria a
América Espanhola.
c) os tabajaras foram os primeiros habitantes da região e posteriormente migraram para o sul
do Brasil
d) as aldeias primitivas da região eram formadas por índios tupis, guaranis e tupinambás.

07. (IDECAN – 2015)

“Um dos fatores fundamentais para a conquista da Paraíba foi à divisão existente entre os
antigos habitantes das terras, os índios ______________ e os ______________, estes últimos
vieram das margens do rio São Francisco na Bahia e se tornaram aliados dos portugueses em
terras paraibanas.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa
anterior.

a) Caetés / Tupinambás
b) Tupinambás / Caetés
c) Potiguaras / Tabajaras
d) Tabajaras/Potiguaras

08. (FCC – 2013)

As dificuldades encontradas pelos portugueses na conquista da Paraíba tiveram relação com

a) a prévia ocupação francesa na região, e as alianças entre os franceses e as tribos


Potiguaras.
b) a animosidade dos índios Tabajaras que, ao resistirem às tentativas de ocupação,
provocou seu extermínio.
c) os ataques empreendidos pelas vilas coloniais, fundadas por espanhóis e densamente
fortificadas.

51 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


d) o descaso da Coroa com a conquista dessa região, uma vez que nenhum tipo de
exploração econômica havia sido implantado.

09. (FCC – 2013)

A fundação, no final do século XVI, de conventos e mosteiros na Paraíba, então denominada


Filipéia de Nossa Senhora das Neves, foi vista com bons olhos pelos colonos, pois estes

a) encontravam-se em minoria, acuados por tribos hostis, razão que os fez solicitar da
Coroa e do Papa a instalação de missões jesuíticas fortificadas, no interior das quais
pudessem habitar.
b) pretendiam fazer prevalecer o catolicismo e combater as religiões protestantes, como o
calvinismo trazido pelos conquistadores franceses, ao qual a população local havia
aderido massivamente.
c) acreditavam que a presença de religiosos contribuiria para a catequização e a
“pacificação” das aldeias indígenas nas proximidades, garantindo a segurança da
população branca.
d) ansiavam estabelecer trocas comerciais com os índios, como o escambo, prática que até
então não havia sido implementada, uma vez que somente os freis eram os únicos
autorizados a fazer esse tipo de transação.

10. (IDECAN – 2015)

No Brasil colônia, as origens do estado da Paraíba estão relacionadas a que capitania, dentre as
relacionadas a seguir?

a) Ceará.
b) Trindade.
c) Itamaracá.
d) Maranhão.

11. (IDECAN – 2015)

“Somente na V Expedição Oficial, os portugueses finalmente conseguiram expulsar os franceses


e conquistar a Paraíba, construindo os fortes São Tiago e São Felipe. Um dos responsáveis pela
expedição vitoriosa, já havia tentado outras vezes, tendo sofrido derrotas em outros momentos
e perdido inclusive pessoas importantes de sua família.” Trata‐se de:

a) Luís de Brito.
b) Lourenço Veiga.
c) Felipe de Moura.
d) Frutuoso Barbosa.

52 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


12. (FCC – 2013)

Missionários e bandeirantes tiveram importante papel no processo de conquista do interior da


Paraíba. As bandeiras eram

a) expedições que, em geral, se valiam do curso natural dos rios e tinham por objetivo
aprisionar índios para vendê-los como escravos.
b) incursões oficiais da Coroa no interior do território brasileiro a fim de abrir caminhos e
construir vias férreas.
c) caravanas de colonos responsáveis pela instalação nas vilas, de uma grande cruz e a
bandeira portuguesa, como símbolos da colonização.
d) tropas militares bem armadas e chefiadas por um colonizador europeu, conhecedor da
região, a fim de eliminar tribos hostis.

13. (IBADE – 2018)

Após invadirem o nordeste brasileiro, os holandeses conquistaram o apoio de alguns


importantes senhores de engenho e proprietários de terras. Esse apoio foi obtido com a ajuda
de várias medidas empregadas pelo governo de Maurício de Nassau, dentre as quais podemos
destacar

a) a introdução de novas técnicas de cultivo da cana e a organização de um governo


democrático.
b) o estimulo à produção de diversas culturas, sem ênfase na exportação do açúcar, e ao
desenvolvimento do mercado interno.
c) a tolerância religiosa e a distribuição dos lucros da Companhia das Índias Ocidentais entre a
elite local.
d) a concessão de empréstimos e a taxação de impostos mais baixos que os cobrados por
Portugal.

14. (IBADE – 2018)

A passagem do trono português às mãos da coroa espanhola em 1580 (união Ibérica ),


prejudicou os interesses e negócios de holandeses na produção de açúcar no Brasil.

Interessados em recuperar seus negócios os holandeses resolveram invadir o Brasil em 1624.


Sobre a tentativa de ocupação holandesa da região paraibana é correto afirmar que:

a) a primeira tentativa de ocupar a região paraibana fracassou.


b) os donos de engenho da região paraibana aceitaram sem resistência a presença
holandesa.
c) os holandeses nunca conseguiram se estabelecer na região.

53 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


d) as guerras de resistência à ocupação da região paraibana não tiveram a participação de
indígenas da região.

15. (IBADE – 2018)

As principais motivações para a proclamação da Confederação do Equador, que ocorreu entre


julho e novembro de 1824, foram a

a) difusão da recém-promulgada Doutrina Monroe, que alimentava o sentimento antieuropeu,


e a popularidade de Frei Caneca junto às massas, fator responsável pela grande adesão popular
e pela absolvição desse clérigo após o fim da Confederação.
b) insatisfação das províncias do Norte e do Nordeste com a forte exploração econômica
exercida pelo Sudeste, e a abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho, ato que fragilizou a
centralização política.
c) continuidade dos ideais e propósitos defendidos pela Revolução de 1817, e a ameaça de
dominação política por parte do governo da Bahia, que encabeçava uma luta pela emancipação
do Nordeste brasileiro, defendendo a instauração de outra monarquia.
d) reação ao autoritarismo de D. Pedro I, que outorgou uma constituição nesse mesmo ano, e
a tentativa de formar uma república composta por unidades federativas, fundamentalmente:
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

16. (IBADE – 2018)

Após a expulsão dos holandeses, a administração portuguesa incentivou o povoamento do


oeste da Paraíba. As práticas adotadas para concretizar essa ocupação foram

a) o incentivo às entradas e a autorização para a livre mineração, uma vez que nesse período
foram descobertas dezenas de jazidas de ouro na região, em torno das quais se formavam os
primeiros arraiais.
b) a instalação de fazendas de criação de gado bovino em áreas bem servidas por rios, e a
fundação sistemática de povoações, freguesias e vilas que garantiam a posse portuguesa
daquele território.
c) a construção de quartéis e a transferência dos engenhos de cana-de-açúcar situados
próximos ao litoral para o sertão, a fim de promover o desenvolvimento de núcleos urbanos no
interior.
d) o estímulo e o patrocínio, por parte da Coroa Portuguesa, às famílias europeias pobres que,
ao emigrarem, recebiam sesmarias e volumosos recursos para se instalarem em lugares
isolados.

17. (IDECAN – 2021)

A respeito de um movimento de insurreição que eclodiu no município, em 1874, analise as


afirmativas a seguir:

54 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


I. Tratava-se do movimento conhecido por “Quebra-quilos”, que era contrário ao novo sistema
de pesos e medidas.

II. O movimento se opunha à decretação de impostos.

III. Tal movimento foi um grito de revolta isolado, tendo ficado restrito ao âmbito de Campina
Grande.

Assinale

a) apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.


b) apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
c) apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
d) todas as afirmativas estiverem corretas.

18. (IBADE – 2020)

Como ficaram conhecidos, na Paraíba, os movimentos armados contra resoluções do governo


imperial implantadas através dos decretos de 1851, que instituíram o “Censo Geral do Império”
e o “Registro Civil de Nascimentos e Óbitos”, eventos ocorridos em diversas províncias entre
dezembro de 1851 e março de 1852?

a) Revoluções Liberais
b) Revolução Praieira
c) Ronco da Abelha
d) Confederação do Equador

19. (IBADE – 2020)

O movimento popular iniciado na Paraíba em 31 de outubro de 1874, e que se opunha às


mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos e medidas do sistema internacional,
recém-introduzidas no Brasil foi denominado de:

a) Revolta do Quebra-Quilos.
b) Inquisição da Paraíba.
c) Revolta dos Farrapos.
d) Correrias.

20. (IBADE – 2020)

Com a denominação de Força Pública, a Polícia Militar da Paraíba cumpriu, ao longo do Século
XIX, missões específicas com deslocamentos de tropas, combates, mortes, vitórias e derrotas,

55 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


sempre em defesa da legalidade e da manutenção da ordem. As lutas da PM da Paraíba que
ocorreram no final de 1848 e começo de 1849, tinham por objetivo o combate a:

a) Revolta do Quebra-Quilos.
b) Revolta de Princesa.
c) Inquisição na Paraíba.
d) Revolução Praieira.

21. (CPCON/UEPB – 2019)

“Desde o final do século XIX que o sonho da modernidade vinha sendo compartilhado pela elite
e os intelectuais da Parahyba. Acompanhar a modernidade era o mesmo que estar apto para
acompanhar o mundo, era preciso poder compartilhar com o mundo, como outras cidades
brasileiras, a modernidade e o progresso. Esse desejo de acompanhar o mundo moderno não
envolvia, portanto, apenas as grandes metrópoles, envolveu também as pequenas cidades. O
encantamento que a modernidade provocava alcançou a elite política e intelectual da Parahyba
do Norte.” (ARAÚJO, Edna Nóbrega. 2008, p.54)

A partir da citação acima, é CORRETO afirmar:

a) A modernidade e seu projeto civilizador buscou educar a todos para combater o progresso.
b) O conceito de modernidade exaltava o novo e o antigo e não atingiu a cidade da Parahya, ao
tentar provocar mudanças de cunho conservador nas estruturas urbanas das grandes cidades.
c) O conceito de modernidade, ao exaltar o novo, foi mal recebido na tradicional cidade da
Parahyba, hoje João Pessoa, por se tratar de uma das cidades mais atrasadas do país.
d) A modernidade e seu projeto civilizatório objetivou confundir os indivíduos citadinos quando
não buscou excluir o passado e, sim, maquiar os cenários urbanos com o futuro que nunca
conseguiu chegar.
e) O conceito de modernidade, ao exaltar o novo, espalhou-se como um desejo para as cidades
brasileiras do final do século XIX e início do século XX, a exemplo da Cidade da Parahyba do
Norte, hoje chamada de João Pessoa.

22. (FACET – 2018)

Assinale a alternativa que apresenta apenas revoltas populares que ocorreram na Paraíba:

a) Quebra-quilos e Revolução Praieira

b) Ronco da Abelha e Revolução Praieira


c) Revolta Farroupilha e Revolução Praieira
d) Ronco da Abelha e Quebra-quilos

23. (PM/PB – 2018)

56 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


Leia o texto a seguir sobre algumas revoltas populares que ocorreram na Paraíba no século XIX.
A _______ ocorreu em 1874, ficou assim conhecida pela modificação que provocou no sistema
de pesos e medidas, fato este que desencadeou uma grande revolução na Paraíba.
A _______ ocorreu em cinco províncias do Nordeste. Os revoltosos eram contrários aos
decretos imperiais que obrigava a população a fornecer dados pessoais, tais como: número de
nascimentos e óbitos na família; filiação; estado civil; cor da pele.
Na _______ os revoltosos eram os liberais adversativos dos conservadores (grandes
latifundiários e comerciantes portugueses). A revolta se iniciou em Recife, os liberais exigiam: a
divisão dos latifúndios; a liberdade de imprensa; o fim da oligarquia política.
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas do texto.

a) Revolta do Quebra-Quilos; Revolta do Ronco da Abelha; Revolução Praieira


b) Revolta do Ronco da Abelha; Guerra dos Mascates; Revolução Praieira
c) Guerra dos Mascates; Revolta do Ronco da Abelha; Revolução de Princesa
d) Revolução de Princesa; Revolta do Quebra-Quilos; Intentona Comunista de 1935

24. (IBFC – 2014)

A Força Policial da Paraíba teve outra importante participação em acontecimento histórico. Foi a
pacificação do movimento que ficou conhecido como a Revolta de Quebra Quilo. Essa Revolta
se deu no ano de:

a) 1874.
b) 1849.
c) 1834.
d) 1865.

25. (IBFC – 2014)

O movimento popular ocorrido entre dezembro de 1.851 e fevereiro de 1.852, que envolveu
vilas e cidades de cinco províncias do Nordeste, ficou conhecido como a Revolta do Ronco da
Abelha. Os incidentes foram provocados por dois decretos imperiais, de junho de 1.851, que
são:
a) Decretos 796 e 797.
b) Decretos 797 e 798.
c) Decretos 798 e 799.
d) Decretos 795 e 796.

26. (CESPE CEBRASPE – 2009)

Sob o ponto de vista político, na Primeira República, a Paraíba não era uma exceção no
conjunto do país, pois, em ambos os casos, prevalecia

57 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


a) o amplo domínio das elites oligárquicas
b) a ocorrência de eleições limpas, imunes à fraude.
c) o voto secreto e universal, incluindo as mulheres.
d) a concepção liberal e democrática de política.
e) o moderno conceito de direitos sociais e de cidadania.

27. (IBADE – 2018)

Em todos os movimentos cívicos da História do Brasil, a Paraíba sempre esteve presente dando
a sua contribuição valiosa e precisa. Em um movimento revoltoso em especial ela lidera todo o
processo histórico a nível nacional. É a Paraíba o quartel general do Norte. A morte do seu
Presidente é o estopim desse movimento, que agitou o Brasil de norte a sul em uma luta
fratricida, em um movimento revolucionário.

O texto refere-se à:

a) Revolução de 1930.
b) Revolta do Quebra-Quilos.
c) Proclamação da República.
d) Revolução de 1917.

28. (IBADE – 2018)

Observe a bandeira do Estado da Paraíba a seguir.

Imagem questão

A expressão que aparece escrita no pavilhão paraibano justifica-se pela:

a) recusa do governante paraibano em participar da Guerra do Paraguai.


b) declaração de recusa de participação da Paraíba na Primeira Guerra Mundial.
c) representação da não aceitação do sucessor à presidência da república indicado pelo
presidente Washington Luís.

58 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


d) pela negação do Presidente Washington Luiz em indicar João Pessoa à candidatura da
presidência da República

29. (IBADE – 2018)

Entre as consequências da Revolta de Princesa na Paraíba em 1930, pode-se marcar


corretamente:

a) resultou na dominação por parte de Pernambuco sobre parte do território paraibano.


b) envolveu os estados da Região Norte do Brasil na Revolução Constitucionalista de 1932.
c) acarretou a anexação de terras de Pernambuco por parte da Paraíba .
d) surgiu provisoriamente um estado independente da Paraíba na região hoje conhecida
como Serra do Teixeira.

30. (IBADE – 2018)

O texto acima refere-se a um movimento popular ocorrido em todo o Brasil, no século XX, que
teve na Paraíba as consequências descritas. Tal movimento denomina-se:

a) Intentona Comunista de 1935.


b) Revolução de 1930.
c) Revolta da Armada.
d) Revolução Constitucionalista de 1932.

GABARITO

1. D
2. D
3. C
4. A
5. D
6. A
7. C
8. A
9. C
10. C
11. D
12. A
13. D

59 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES


14. C
15. D
16. B
17. A
18. C
19. A
20. D
21. E
22. D
23. A
24. A
25. B
26. A
27. A
28. C
29. D
30. B

60 HISTÓRIA DA PARAÍBA – ROBSON ALVES

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