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CURSO APROV

(História)
Prof°: Rafael

Revoltas ocorridas no Brasil

Colônia (1500-1815)

Guerra do Iguape (1534 e 1536): Calcula-se que ela tenha ocorrido entre 1534 e 1536, na Capitania
de São Vicente. A região onde se situa Iguape era bem no limite do Tratado de Tordesilhas
estabelecido entre Portugal e Espanha no Rio da Prata entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Em 1532 com a chegada de Martim Afonso de Sousa no Brasil, ele decretou a
desocupação dos espanhóis na área onde era Iguape. Não sendo atendido por Ruy Garcia Moschera e
Cosme Fernandes, o "Bacharel de Cananeia", organizou uma expedição ao comando de Pero Góis para
desocupar a terra a todo custo. Segundo Martim, essas terras pertenciam a Portugal.
Quando Moschera e o Barcharel souberam dos planos dos colonos portugueses, reuniram
o apoio de aproximadamente duzentos indígenas arqueiros, e juntos saquearam um navio francês que
estava em Cananeia se apossando das armas, munições e tudo que havia lá dentro.
Após se sentirem fortemente armados, começaram a elaborar estratégias de guerra contra a coroa
portuguesa. Cavaram uma trincheira à frente de onde ficava a população de Iguape e em seguida
ficaram à espera dentro dela vinte espanhóis e cento e cinquenta índios nos manguezais do Mar
pequeno bem como na foz da Barra do Icapara. Todos estavam aguardando a chegada dos portugueses.
Os lusitanos tinham uma expedição formada por oitenta homens, que ao desembarcar
foram surpreendidos com muitos tiros e várias emboscadas. Com seu comandante Pero de Góis ferido,
partiram em retirada. Inconformados com a derrota começaram a planejar a revanche.
Em 1534 e 1536 invadiram novamente o território e esse episódio ficou conhecido como Guerra de
Iguape. Moschera e Bacharel devastaram a vila de São Vicente, libertaram presos e matando a maior
parte da população. Incendiaram o cartório de registros oficiais da cidade e o Livro do Tombo que é a
maior fonte histórica para saber as origens da fundação de uma cidade.
Após a guerra, Moschera fugiu para Santa Catarina e retornou ao rio da Prata. O Bacharel
Fernandes foi para Cananeia. A população ganhou a construção da primeira igreja da região erguida
em nome de Nossa Senhora das Neves em 1537.

Confederação dos Tamoios (1554 – 1567): Com a chegada dos portugueses em terras brasileiras, os
povos que aqui estavam (índios) entraram em diversos conflitos em função da proteção de suas terras e
ademais, muitos deles foram escravizados pelos europeus. Esse evento representou, em partes, o fim da
escravidão indígena e o início da escravidão africana, que por sua vez durou cerca de 400 anos. Foi a
partir daí que surgiram os navios negreiros, os quais exportavam africanos para serem escravizados no
Novo Mundo.
Um dos responsáveis pela Capitania de São Vicente, Brás Cubas e seu amigo João
Ramalho eram a favor da escravização indígena. Diante desse contexto, muito índios se revoltaram e
sob a liderança do chefe indígena tupinambá Cunhambebe, ao lado dos caciques Pindobuçú, Koakira,
Araraí e Aimberê, a Confederação de Tamoios representou um dos combates mais sangrentos entre
colonos e europeus, o que fortaleceu ainda mais a presença da Coroa Portuguesa no Brasil.

França Antártica (1555-1560): Desse modo, comandada por Nicolau Durand Villegaignon e o
Almirante Gaspar Coligny, os franceses chegaram ao Brasil em 1555, na atual cidade do Rio de
Janeiro, ocupando os territórios ainda não explorados pelos portugueses, a saber: Baía de Guanabara,
Laje, Uruçu-mirim (atual Flamengo) e as ilhas de Serigipe (atual Villegaignon) e Paranapuã (atual ilha
do Governador). Foi daí, que surgiu a França Antártica.
Um fator importante que firmou os franceses no território brasileiro foi a relação amistosa que
estabeleceram entre os índios Tamoios e Tupinambás, os quais se tornaram seus aliados e possuíam o
mesmo objetivo: eliminar os portugueses.
Guerra dos Aimorés (1555 – 1673): A Guerra dos Aimorés pode ser descrita como um conflito que
ocorreu entre os colonizadores e os indígenas, entre os anos de 1555 e 1673, durando, assim, 118 anos.
Esse conflito teve início por conta das várias tentativas de escravizar as populações indígenas.
Também foi o resultado das explorações feitas pelos bandeirantes pelo interior do Brasil à procura de
ouro, prata e metais preciosos. Fernão de Sá, filho do Governador Geral do Brasil na época, Mem de
Sá, era um desses exploradores e era o comandante das bandeiras pelo interior do Espírito Santo
quando encontrou a tribo dos Aimorés. A tribo tinha hábitos nômades e se espalhava desde as bacias
dos rios Jaguaripe e Paraguaçu aos atuais municípios de Ilhéus e Porto Seguro.
Houve uma série de batalhas e a primeira deles foi a chamada Batalha do Cricaré, na
região da Capitania de Espírito Santo. O combate foi travado no ano de 1557 e tinha por objetivo livrar
Vasco Fernandes Coutinho, donatário da Capitania do Espírito Santo, e seus homens, do risco de
ataque dos nativos. Para a batalha, foram usadas seis embarcações que possuíam em torno de duzentos
homens, que saíram de Porto Seguro indo na direção do Povoado do Cricaré, na capitania do Espírito
Santo. A batalha não foi nada fácil: os índios estavam se defendendo em três fortificações. Após horas
de conflito, os portugueses conseguiram derrubar duas das três fortificações, mas acabaram perdendo
força e bateram em retirada. Fernão de Sá, o comandante, acabou sendo morto nessa batalha. Os
aimorés venceram e as feitorias do bandeirantes foram destruídas por volta de 1558.

Guerra dos bárbaros (1650-1720): Ocorrida entre os anos de 1650 e 1720, a Guerra dos Bárbaros
envolveu os colonizadores e os povos nativos chamados Tapuia e teve como palco uma área que
correspondia em termos atuais a um território que inclui os sertões nordestinos, desde a Bahia até o
Maranhão.
A denominação Tapuia foi dada pelos cronistas da época, e perpetuada pela historiografia
oficial, aos grupos indígenas com diversidade linguística e cultural que habitavam o interior, em
distinção aos Tupi, que falavam a língua geral e se fixaram no litoral. Estudos atuais demonstram que
esses povos pertenceram aos seguintes grupos culturais: os Jê, os Tarairiu, os Cariri e os grupos
isolados e sem classificação. Entre eles podem ser citados os Sucurú, os Bultrim, os Ariu, os Pega, os
Panati, os Corema, os Paiacu, os Janduí, os Tremembé, os Icó, os Carateú, os Carati, os Pajok, os
Aponorijon, os Gurgueia, que lutaram ora contra ora a favor dos colonizadores de acordo com as
estratégias que visavam à sua sobrevivência.
A designação “bárbaros” era dada pelos colonizadores e cronistas da época aos povos
nativos que habitavam à região e ofereciam resistência à ocupação do território pelos portugueses. Essa
terminologia etnocêntrica convinha ao discurso colonizador que propagava a catequese e a
“civilização” dos povos indígenas nos moldes culturais do europeu ocidental. Eram descritos como
povos selvagens, bestiais, infiéis, traiçoeiros, audaciosos, intrépidos, canibais, poligâmicos, enfim,
“índios-problema”, pois não se deixavam evangelizar e civilizar. Eram, portanto, considerados os
principais obstáculos à efetiva colonização.

Saque do Recife (Expedição Pernambucana de Lancaster – 1595): A "Captura do Recife", também


conhecida como "Expedição Pernambucana de Lancaster", foi um episódio da Guerra Anglo-
Espanhola ocorrido em 1595 no porto do Recife, em Pernambuco, Brasil Colônia. Liderada pelo
almirante inglês James Lancaster, foi a única expedição de corso da Inglaterra que teve como objetivo
principal o Brasil, e representou o mais rico butim da história da navegação de corso do período
elisabetano.
A expedição de James Lancaster saiu de Blackwall, na Grande Londres, em outubro de
1594, e navegou através do Atlântico capturando numerosos navios antes de atingir Pernambuco. Ao
chegar, Lancaster confrontou a resistência local, mas se deparou na entrada do porto com três urcas
holandesas, das quais esperava uma reação negativa, o que não aconteceu: os antes pacíficos
holandeses levantaram âncora e deixaram o caminho livre para a invasão inglesa, e além de não terem
oposto resistência à ação, terminaram por se associar aos ingleses, fretando seus navios para o
transporte dos bens subtraídos em Pernambuco. Lancaster então tomou o Recife e nele permaneceu por
quase um mês, espaço de tempo no qual se associou aos franceses que chegaram no porto e derrotou
uma série de contra-ataques portugueses. A frota partiu com um montante robusto de açúcar, pau-
brasil, algodão e mercadorias de alto preço. Dos navios que partiram do porto, apenas uma pequena
nau não chegou ao seu destino. O lucro dos investidores, entre eles Thomas Cordell, então prefeito de
Londres, e o vereador da cidade de Londres John Watts, foi assombroso, estimado em mais de 51 mil
libras esterlinas. Do total, 6.100 libras ficaram com Lancaster e 3.050 foram para a Rainha. Com tal
desfecho, a expedição foi considerada um absoluto sucesso militar e financeiro.

Levante dos Tupinambás (1617 – 1621): Devido à postura dos colonos, os índios se uniram para
tentar os expulsar de suas terras (atual Belém) e assim ocorreu o Levante dos Tupinambás, ou a
Guerra dos Tupinambás. Os portugueses respondiam com muita crueldade uma vez que matavam os
índios os colocando em frente a um canhão e os expondo à frente dos que não se submetiam à
colonização. Em contrapartida os Tupinambás assaltavam os colonos e tentavam reunir armas,
elaborando estratégias de guerras para tentar vencê-los. Nenhum dos lados cedia e as batalhas eram
cada vez mais constantes e sangrentas.
Em janeiro de 1618 os Tupinambás do Pará se uniram com os do Maranhão para defender
suas terras e se livrar dos abusos dos colonos. Muitos acabaram mortos, mas no geral não se renderam.
O capitão português Castelo Branco não conseguindo conter os índios, perdia cada vez mais a
credibilidade mediante a coroa portuguesa e foi deposto.
Aproveitando o incidente com o capitão, no dia 7 de janeiro de 1619 os Tupinambás atacaram o forte
da cidade de Belém e seu líder Cabelo de Velha foi morto cruelmente pelos portugueses. Como forma
de demonstrar seu poder, os colonos adentraram e atacaram as aldeias de Iguape e Guamá.
Baltazar Rodrigues foi recrutado para substituir Castelo Branco e continuou exterminando os nativos
que não se submetiam e escravizando os sobreviventes. Essas ordens eram camufladas pelos católicos
que alegavam que estavam fazendo uma catequização amigável. Mas no geral, a relação entre os
Tupinambás e os portugueses foi sangrenta havendo um genocídio entre ambas as partes.
As guerras contra os nativos acarretaram em devastação das aldeias e diminuição da
população. Após o falecimento do líder indígena Cabelo de Velha, os sobreviventes não viram outra
solução a não ser de se unirem ao exército português e os ajudarem a defender o território de outros
invasores europeus. Os que não lutavam eram prisioneiros de guerra, tornavam-se escravos e serviam
como exemplo para outras tribos que não eram submissas.

Revolta de Amador Bueno (1641): Inconformados com essa exigência da metrópole, um grupo de
bandeirantes paulistas resolveram armar um levante que exigiu o fim da proibição da escravização
indígena. Buscando a vitória, os bandeirantes se dirigiram ao fazendeiro Amador Bueno, que também
era a favor da escravização indígena.
Os bandeirantes paulistas convocaram Amador Bueno para que liderasse a revolta, aceitando o cargo
de governador da província de São Paulo. Mesmo prestigiado pelos bandeirantes, Amador Bueno
declinou a proposta por eles feita e jurou fidelidade ao governo português. De tal maneira, a revolta
bandeirante perdeu sua sustentação.

Revolta da Cachaça (1660-1661): No período colonial, a produção de cachaça era uma importante
atividade econômica no Brasil, levando a redução do consumo da bagaceira importada de Portugal.
Com o sucesso da aguardente brasileira, os portugueses, através de uma Carta Real de 13 de
setembro de 1649, proibiram a fabricação e a venda da cachaça em todo o território nacional.
Indignados com as constantes cobranças de impostos ao longo dos anos e perseguidos por vender a
bebida, os produtores de cachaça e proprietários dos engenhos se revoltaram no dia 13 de setembro de
1660 e tomam o poder no Rio de Janeiro por cinco meses resultando em um dos primeiros movimentos
de insurreição nacional, a Revolta da Cachaça.

Motim do nosso pai (Conjuração de Nosso Pai): Conjuração de “Nosso Pai” ou Revolta contra
Mendonça Furtado, foi um dos primeiros movimentos nativistas, que foram o conjunto de revoltas
populares cujo objetivo era protestar contra a relação entre metrópole e colônia, em relação à
administração colonial portuguesa no Brasil, condições estas negativas e prejudiciais para a colônia.
Ela ocorreu no ano de 1666, na Capitania de Pernambuco.
Na década de 1650, os holandeses foram expulsos de vez da região nordeste. Depois de
60 anos de presença, os comerciantes e senhores de terras acabaram estabelecendo relações comerciais
e, quando os europeus foram expulsos, Pernambuco e a região nordeste de modo geral, acabou
entrando numa crise econômica e de abastecimento de grandes proporções e as cidades de Olinda e
Recife lutavam para se reconstituir e se manterem. A Coroa Portuguesa conseguiu expulsar os
holandeses com a clara ajuda dos senhores de engenho, que eram moradores de Olinda. Importante
mencionar que esses senhores de engenho tinham ressalvas quanto ao porte de Recife, achando que
eles deveriam receber mais apoio e reconhecimento por parte da Coroa Portuguesa por terem ajudado a
expulsar os holandeses do Brasil. Mas como era de costume, o governo português acabou nomeando e
enviando para governar a capitania de Pernambuco Jerônimo de Mendonça Furtado, apelidado
pejorativamente de Xumberga, fazendo referência ao general alemão Von Schomberg (conhecido
mercenário da época).
Mendonça Furtado era estrangeiro e acabava indo contra os interesses desses senhores de
engenho de Olinda. Os pernambucanos achavam que era um deles que deveria ser nomeado como
governador, pois nasceram e viviam naquela região. Dessa maneira, pode-se citar que os motivos da
revolta foram a nomeação de Jerônimo de Mendonça Furtado como governador e também sua falta de
habilidade para negociar com os chefes da região.
Para piorar a situação, chegou ao porto de Recife uma esquadra francesa que foi muito bem recebida e
tratada pela Corte, enfurecendo os senhores de engenho que acabaram divulgando que o governador
estava a serviço dos franceses e que estes estavam preparando um ataque à província. Tudo com o
consentimento e apoio do governador.
Assim, os revoltosos se reuniram na casa de um dos senhores de engenho, João de
Novalhaes y Urréa, com a presença do juiz de Olinda André de Barros Rego, os vereadores Lourenço
Cavalcanti e João Ribeiro, os principais, com a intenção de iniciar um golpe para depor o governador.
Como desculpa para que o governo não descobrisse que era tramado um golpe, os revoltosos disseram
que a reunião era por conta de um Nosso Pai, também chamado de viático, um sacramento na Igreja
Católica ligado a Eucaristia que era ministrado aos enfermos, já que estes não podiam sair de casa. Os
revoltosos sabiam que quando o governador via uma procissão na rua, ele a acompanhava. E, assim, no
dia 31 de agosto, quando a procissão saiu as ruas, Mendonça Furtado passou a acompanhar o cortejo
que acreditava ser real. O governador acabou sendo desviado para uma igreja e recebeu voz de prisão
de André de Barros Rego, sendo feito prisioneiro na fortaleza de Brum. Ele foi colocado numa frota e
levado de volta a Lisboa.
A fim de evitar mais confrontos, o vice-rei nomeou André Vidal de Negreiros como
governador da província, pois este tinha forte ligação com os moradores da região. Mas esse governo
durou pouco tempo, sendo substituído por outro.

Confederação dos Cariris (1686-1692): A Confederação dos Cariris foi um movimento de resistência
indígena, ocorrido no Nordeste brasileiro (principalmente Ceará), entre os anos de 1683 e 1713. A
principal causa deste movimento foi a oposição dos índios da nação Kiriri à presença e ocupação dos
portugueses em suas terras. Os indígenas também eram contrários a ação de portugueses que
escravizavam índios, os vendendo como mercadoria.
Durante os trinta anos, ocorreram revoltas indígenas e conflitos armados entre índios e forças militares
da região. Até mesmo bandeirantes paulistas foram chamados pelas forças oficiais para combater o
movimento dos cariris.

Guerrilha dos Muras: Chamada Guerrilha dos Muras foi uma dessas batalhas indígenas contra os
portugueses. A tribo dos Muras foi um povo que resistiu durante séculos os portugueses que
penetraram na região Amazônica entre o rio Madeira e o rio Negro.
Os Muras eram uma tribo nômade que habitavam uma grande região entre os rios
Solimões, Madeira e Amazonas. Interessante observar nos estudos realizados por historiadores que
essa tribo durante o inverno viviam em canoas e durante o verão habitavam pequenas palhoças nas
praias. Esse povo tem um ponto bastante interessante, pois é o único povo que predominou em uma
área muito vasta. Eles também já eram bastante conhecidos dos portugueses, dos brancos, pois eram
bastante hostis a estes, evitando o máximo de contato possível com a civilização branca, sempre
lutando contra qualquer tentativa de invasão e dominação, tendo um profundo ódio contra tudo que
limitasse sua liberdade como resgates, descimentos, aldeamentos e missões. Também atacavam as
embarcações comerciais que usavam o rio Madeira.
Essa tribo e os portugueses viviam em confronto por conta da invasão colonial. Os
portugueses eram muito interessados no rio Madeira e em sua região já que era através desse rio que os
portugueses chegavam até a capital do Mato Grosso na época, Vila Bela, e que dava acesso para as
outras regiões. A aldeia Mura não permitia a passagem dos portugueses e negociantes pelo rio
Madeira, sobretudo os barcos que carregavam especiarias, levando um enorme prejuízo aos
comerciantes. Esse caminho também se tornou importante com a descoberta do ouro nas regiões, pois
ele dava nas minas de ouro, sendo, assim, muito utilizado. Como a dificuldade era muito grande para
navegar nesse rio e passar por essa região, tendo sempre prejuízos por causa dos ataques dos indígenas,
os comerciantes passaram a pressionar o capitão do Forte São José do Rio Negro, Francisco X. Ribeiro
Sampaio, para que este enviasse suas tropas até a aldeia indígena a fim de acabar com os índios.
Importante mencionar que, ainda no século XVIII, os jesuítas foram chamados para aldear os índios
daquela região, já que era interessante para os comerciantes, mas não obtiveram nenhum sucesso. O
capitão tinha muitos argumentos que justificavam diante da população o massacre desses índios. Ele
afirmava que os índios faziam emboscadas, impedindo uma comunicação, a colonização e o comércio,
chegando à conclusão que deveriam destruir os indígenas. Como os Muras eram nômades, possuíam
habilidade e conhecimento daquelas terras, muito mais do que os portugueses. Usaram todo seu
conhecimento que tinham da região para derrotar os portugueses, ocupando diversos lugares
estratégicos e surpreendendo os comerciantes e portugueses. É importante ressaltar que mesmo os
índios tendo o conhecimento vasto da região e atacando de surpresa, muitos índios foram mortos pelo
fato dos portugueses possuírem armas de fogo.
Esses confrontos duraram décadas e, mesmo sendo massacrados, os índios não desistiam
de lutar. Essa tribo ficou conhecida por ter resistido até o quanto pode aos portugueses, colonizadores.
Somente o final do século XVIII, as missões carmelitas conseguiram povoar a aldeia, deixando livre o
caminho dos rios para os comerciantes.

Revolta do sal (1710): A Revolta do Sal foi um conflito de caráter nativista, que ocorreu nas
províncias de Minas Gerais e São Paulo no ano de 1710. A cidade portuária de Santos foi o foco deste
movimento social de contestação econômica e também política. Em 1710, o preço do sal ficou muito
elevado, gerando grande insatisfação popular. Porém, foi um rico proprietário de terras e escravos que
deu início e liderou a revolta. Comovido e revoltado com a situação da população, o juiz ordinário
Bartolomeu Fernandes de Faria reuniu um grupo de escravos, capangas e índios, dando início à revolta.
Invadiram galpões na cidade de Santos, local de estoque de sal, e pegaram uma grande quantidade de
produto. Porém, Bartolomeu Fernandes fez questão de pagar pelo sal, mas deixando um valor em
dinheiro que achava justo. Fez questão até de pagar os impostos da Coroa Portuguesa.

Motins do Maneta (1711): Esse conflito envolveu as principais nações do continente europeu. Isso
porque a França pretendia dominar o trono espanhol alegando direito legítimo mediante a falta de um
herdeiro direito ao governo da Espanha. A Inglaterra, temendo o nascimento de uma imbatível
potência no contexto econômico europeu, declarou guerra contra os franceses. Nesse período, Portugal
que dependia economicamente da Inglaterra, se envolveu no conflito gastando grandes somas em
dinheiro.
O rombo causado nos cofres lusitanos foi diretamente sentido em terras brasileiras. Portugal, visando
melhorar suas finanças, resolveu aumentar os impostos cobrados na comercialização de sal e escravos.
Os colonos moradores da cidade de São Salvador, indignados com o desmando metropolitano,
resolveram protestar contra as novas cobranças. Entre os líderes desse levante urbano, se destacou o
comerciante brasileiro João de Figueiredo da Costa conhecido como “maneta”.
A primeira medida tomada pelos insurretos foi distribuir cartazes que incitavam o restante da
população contra o governo. Logo em seguida, o grupo urbano se voltou contra o estabelecimento
comercial do português Manuel Dias Figueiras, um dos maiores vendedores de sal da cidade.
Imediatamente, os manifestantes foram à casa do governador exigindo o fim dos impostos de valor
abusivo. Temendo um conflito maior, as autoridades revogaram a cobrança.
Naquele mesmo período, as tropas francesas entravam em guerra contra Portugal. Durante o conflito, o
governo francês autorizou a invasão da cidade do Rio de Janeiro, coordenado pelo corsário René
Duguay-Trouin. Ao saber do episódio, os colonos de Salvador se viram amedrontados com a
possibilidade de uma invasão francesa. Por isso, organizaram um novo motim onde exigiam o envio de
tropas que defendessem a cidade do Rio de Janeiro.
A nova rebelião – também conhecida como Motim Patriota – contou com a liderança de Domingos
Gomes, Domingos da Costa Guimarães e Luís Chafet. Em conseqüência à manifestação, tropas foram
organizadas com o objetivo de combater os invasores franceses da cidade do Rio de Janeiro. No
entanto, o esforço popular e militar foi todo em vão. Antes de empreender a luta, René Duguay-Trouin
partiu para a Guiana Francesa.
Passados os conflitos, as autoridades portuguesas resolveram punir exemplarmente os problemas
ocorridos naquele período. As lideranças dos motins baianos foram julgadas pelas autoridades
coloniais. Além disso, a Coroa Portuguesa resolveu nomear um novo governador para a cidade do Rio
de Janeiro.

Guerra dos Manaus (1723-1728): Foi uma dessas guerras indígenas que ocorreu no século XVIII,
mais precisamente entre os anos de 1723 a 1728. Os índios da tribo dos Manaus habitavam a região da
povoação de Santa Isabel, no rio Negro e eram liderados por Ajuricaba. Importante saber que no século
XVI diversos bandeirantes foram na direção do rio Negro, atrás do que eles acreditavam ser o El
Dorado. Assim, vários povoados foram surgindo na região por conta dessa busca, que no fim, não foi
encontrado. Os índios foram sendo expulsos de suas terras para dar espaço aos portugueses e colonos
que vinham de diversas regiões. Alguns índios eram atraídos pelas armas e tecnologia que os
portugueses possuíam, se tornando aliados destes.
O líder indígena, conhecido como Ajuricaba e que era conhecido na região, já
desconfiava dos portugueses e tinha raiva destes pelos problemas que causavam em seu povo. Seu pai,
Huiuebene, foi morto pelos portugueses, em razão de um desentendimento comercial (algumas tribos
criaram relações comerciais com portugueses).
Para se ter ideia do quanto prejudicial era a presença lusitana na região e no Brasil como
um todo, na primeira metade do século XVIII, a região do vale do rio Amazonas sofreu com uma
grande epidemia de varíola, doença trazida pelos portugueses, acabando com os índios que eram
escravizados e fazendo com que os portugueses fizessem nova campanha para a captura de mais
índios. Foi assim que encontraram a tribo dos Manaus, em 1723, cujo líder era Ajuricaba. Desta
maneira, o líder Ajuricaba se aliou aos holandeses, começando a resistência contra os invasores. Os
índios barganhavam com os holandeses produtos extraídos da mata em troca de armas de fogo e
facões. A tribo de Ajuricaba também ia atrás dos índios aliados dos portugueses, considerados
traidores e os capturavam, vendendo para os holandeses como escravos.
Foi desta maneira, invadindo vilas e capturando os índios colaboradores dos lusitanos que
Ajuricaba aumentou seu poder e influência a diversos domínios e tribos, chegando a contar com a
ajuda de mais de trinta tribos, formando, assim, uma espécie de confederação indígena. Com todo esse
poder, os índios liderados por Ajuricaba destruíram os núcleos dos colonos e estes foram obrigados a
se refugiarem no Forte da Barra. O governador do Grão-Pará e Rio Negro, João da Maia da Gama,
ficou assustado e admirado com tanto poder e pediu ajuda a Portugal para que este enviasse mais
tropas para combater a tribo e Ajuricaba. Havia relatos de canibalismo e incesto nas tribos indígenas,
sem provas no entanto. Mas tudo isso também serviu como justificativa para o ataque e extermínio da
tribo. O capitão João Paes de Amaral foi enviado para exterminar toda a tribo, tendo o líder indígena
resistido por algum tempo com seus mais de mil guerreiros até que caiu prisioneiro. Mas, a caminho de
Belém para ser julgado, Ajuricaba se jogou no rio e nunca tendo sido encontrado, nem vivo nem
morto.

Resistência Guaicuru: O desenvolvimento da atividade aurífera em Cuiabá no primeiro quartel do


século XVIII interferiu no território dominado pelos temidos guaicurus às margens do rio Paraguai. Os
guaicurus lutavam para vencer: eram altamente treinados e montavam seus cavalos com grande
habilidade. Já em 1734 uma expedição punitiva partia para Cuiabá e outras se seguiriam. Somente em
1791 um tratado de paz é acordado entre os portugueses e os índios guaicuru.

Guerra Guaranítica: A Guerra Guaranítica (1753-1756) foi o conflito armado envolvendo as tribos
Guarani das missões jesuíticas contra as tropas espanholas e portuguesas, como consequência do
Tratado de Madrid (1750) que definiu uma linha de demarcação entre o território colonial espanhol e
português na América do Sul.

Conspiração do Curvelo: A expulsão dos clérigos da Companhia de Jesus por ordem do Marquês de
Pombal em 1759 gerou insatisfação em alguns espaços da colônia. Em 1776, no arraial de Santo
Antonio do Curvelo, o vigário Carlos José de Lima, padre João Gaspar Barreto e outros dezesseis
membros da elite local foram acusados de inconfidência. Ao fim, quatorze pessoas foram presas pela
culpa de inconfidência e enviadas a Lisboa.

Conspiração dos Suassunas: ocorreu no ano de 1801, ou seja, já no século XIX, na Capitania de
Pernambuco, mais especificamente em Olinda.
Esse movimento, assim como diversos outros anteriores, teve como base e inspiração as ideias
iluministas e a Revolução Francesa. Também podemos citar como inspiração a Independência das
Treze Colônias, que se tornaram Estados Unidos. Assim, no ano de 1796, algumas pessoas, incluindo
Manuel Arruda Câmara, acabaram fundando a loja maçônica Areópago de Itambé, onde só
participavam brasileiros e onde eram difundidas as ideias que permeavam a Europa. Havia também
outro lugar onde essas mesmas ideias eram difundidas e discutidas em Olinda, que era o Seminário de
Olinda, por padres e alunos seminaristas. O Seminário de Olinda foi fundado no dia 16 de fevereiro de
1800 e teve membros importantes, como o Padre Miguelinho, que viria a ter grande e importante
participação na Revolução Pernambucana de 1817. É muito importante ressaltar que os únicos que
possuíam acesso as novas ideias eram as pessoas com posses, os mais ricos, pois a maior parte da
população do Brasil era analfabeta e não possuía posses para estudar nas universidades de Portugal, o
que era muito comum na época em relação aos homens ricos. Ponto importante também era que havia
falta de comunicação e de conexão entre as capitanias, pois elas eram muito distantes uma das outras.
Assim, não havia como ser estabelecido uma unidade onde as capitanias se unissem e lutassem por um
único ideal, pelo Brasil como um todo; então, era mais fácil e comum lutar pela independência das
capitanias em si do que pelo país inteiro. O movimento não seguiu em frente, pelo fato de ter sido
delatado por algum membro (não se sabe quem).

Brasil: 1822 -

Revolta dos Mercenários (1828): Pouco conhecido na história do Brasil, o episódio da Revolta dos
Mercenários, ocorrido em junho de 1828, no Rio de Janeiro, durante o governo de D. Pedro I,
constituiu-se numa sublevação de tropas militares compostas por mercenários alemães e irlandeses.
Iniciada em 09 de junho, ela foi reprimida quatro dias depois por soldados brasileiros e populares,
entre os quais se incluíam muitos escravos capoeiristas da cidade.

Existem três versões sobre as causas que provocaram o conflito: na primeira delas, tudo aconteceu
porque os mercenários não teriam recebido da coroa os valores em dinheiro que haviam sido
combinados com eles; na segunda, o movimento estaria associado a um complô envolvendo Manoel
Dorrego, governador de Buenos Aires, e os alemães Federico Bauer e Antonio Martín Thym, cujo
objetivo seria o seqüestro e morte de Pedro I, e a proclamação da independência de Santa Catarina
(Brasil - Segredo de Estado, Sérgio Corrêa da Costa, páginas 17-29); enquanto a terceira, pode ser
encontrada no Compêndio da História Militar Terrestre do Brasil, do Ministério da Defesa, site
www.resenet.com.br, sendo a mais completa e verossímil.

Segundo ela, tudo começou quando o major Francisco Pedro Drago determinou que um de seus
soldados mercenários fosse castigado com 100 pranchadas de espada (golpe que se dá com a folha da
arma). Como seu subordinado não concordou em receber tal punição, o major mandou que o
amarrassem e lhe aplicassem 200 pranchadas, ao invés das 100. Revoltados com isso, os colegas de
farda do castigado dirigiram-se ao palácio imperial, no bairro de São Cristóvão, pretendendo
apresentar queixa contra o oficial e pedir sua demissão imediata, mas não conseguiram nenhum
resultado. Bem que o brigadeiro Joaquim Thomas Valente, conde do Rio Pardo (ilustração) e
comandante das Armas da Corte (atual 1ª Região Militar) tentou acalmá-los, mas alguns dos
amotinados mais exaltados dirigiram-se à residência do major, na atual rua Marechal Floriano, e
passaram a depredá-la, para depois incendiá-la.

A partir daí, e nos dois dias seguintes, os mercenários praticaram todo o tipo de desordem e confusão,
culminando por invadir e tomar conta do ministério do exército, instalado no prédio que existia onde
hoje funciona o Palácio Duque de Caixas, no campo de Santana, do qual o conde do Rio Pardo
conseguiu escapulir pulando por uma janela. Ali eles arrombaram o almoxarifado, apossaram-se das
armas que encontraram e se entrincheiraram nos cômodos que lhes ofereciam maior proteção,
aguardando os acontecimentos. No dia 12, o comandante das Armas ordenou que as forças legais
investissem à baioneta contra os rebeldes, procedimento que contou com o apoio de marinheiros
franceses e ingleses cujos navios se encontravam atracados no porto, de populares e escravos que
convocados na emergência, ali compareceram armados, e da brigada de artilharia da Marinha, da ilha
das Cobras (a qual também acabaria se revoltando três anos mais tarde, sendo pacificada pelo Batalhão
Sagrado e Guardas Municipais Permanentes, num evento onde Caxias teve papel decisivo), situada ali
perto. Ao final do confronto, 12 mercenários estavam mortos, e 50 deles feridos.

O incidente provocou, de imediato, a demissão do ministro da Guerra, seguida pela dos demais
ministros que se solidarizaram com ele, exceção feita ao marquês de Aracati. Posteriormente, após a
abdicação de D. Pedro I, os batalhões de estrangeiros foram extintos.

Federação dos Guanais (1832): A Federação do Guanais foi uma revolução nativista ocorrida na
Bahia, no ano de 1832.
Existia na Bahia um sólido desejo autonomista e republicano, presentes ainda no século XVIII, com
a Conjuração Baiana. A partir deste movimento inicial, o ideário voltou a eclodir em revoltas e
serviu de mote para congregar o povo da Bahia na luta pela Independência que, no Estado, iniciou-
se antes mesmo da proclamação oficial, em 1822, e terminando somente a 2 de julho de 23.
A situação do Brasil, após a sua emancipação, continuava indefinida, com várias correntes de ideais
almejando maiores transformações, agravadas sobretudo pela solução encontrada com a abdicação
de D. Pedro I em favor de seu filho, ainda menor. A partir da Vila de São Félix, no Recôncavo Baiano,
Bernardo Miguel Guanais Mineiro chefiou um
violento movimento federalista que, em fevereiro de 1832, chegou a estabelecer um governo
provisório.
Nove anos depois da Guerra de Independência da Bahia, as ideias republicanas e emancipacionistas
que motivaram o povo baiano à luta fizeram os revolucionários que era a hora de mudar o regime,
então conturbado pela indefinição de como seria o Governo, ausente o Imperador.
Adotaram uma bandeira de três palas: branca, azul e branca.
Apesar do apoio que receberam por parte dos proprietários, ainda tomados pelo forte sentimento
federalista, suas forças não puderam fazer frente à resistência do poder constituído.
A reação do governo foi capitaneada pelo Visconde de Pirajá. Após três dias de lutas, os revoltosos
se rendem e seu chefe, Guanais Mineiro, é mandado preso para o Forte do Mar \u2013 verdadeiro
bastão
de forma circular erguido numa ilha artificial para a defesa do porto de Salvador.
Em 1833, Guanais Mineiro consegue sublevar a fortificação onde estava confinado e, dali,
bombardeia Salvador.

Revolta do Ano da Fumaça (1833): foi um conflito regencial que aconteceu em Ouro Preto, na então
Província de Minas Gerais , em 22 de março de 1833.[1] O movimento foi nomeado dessa maneira
porque durante alguns dias daquele ano instalou-se uma grande neblina na região.[2]
Foi no dia 22 de março que o grupo político alcunhado de caramuru (restauradores)[3], aproveitando-se
da ausência do presidente da província, Manuel Inácio de Melo e Sousa, marchou sobre Ouro
Preto com o apoio do povo e assumiu o poder na então capital mineira. O movimento soltou presos
militares e deportou o conselheiro Bernardo Pereira de Vasconcelos e o padre José Bento Ferreira de
Mello.[2]
Durante dois meses, a província foi liderada por Soares de Couto. Em 5 de abril, o conselheiro
Bernardo Pereira de Vasconcelos enviou para Ouro Preto cerca de seis mil homens, sob comando de
Marechal Pinto Peixoto, a fim de acabar com a sedição. Vinte e um dias após o confronto, em 26 de
maio, Manoel Ignácio de Mello e Souza voltou para Ouro Preto. Para muitas pessoas este seria o fim
do "demônio restaurador".[1]
A Revolta do Ano da Fumaça ocorreu no mesmo período e região que a Revolta de Carrancas. Os dois
movimentos foram tentativas de promover o retorno de D. Pedro I
Revolta de Carrancas: A Revolta de Carrancas, também conhecida como Levante de Bella Cruz, foi
um movimento de revolta comandado pelos escravos no dia 13 de maio do ano de 1833,
especificamente nas propriedades da Família Junqueira,

Os escravos fizeram um levante por sua liberdade, sendo que ela começou ainda na Fazenda Campo
Alegre, sendo que os donos da propriedade foram assassinados por seus escravos. Como consequência
da Revolta de Carrancas o juiz decretou prisão dos escravos, sendo que alguns dos mais violentos
foram sentenciados à morte.

A Rusga (1834): Após o processo de independência, o cenário político nacional se viu fragmentado
em dois setores maiores que disputavam o poder entre si. De um lado, os políticos de tendência liberal
defendiam a autonomia política das províncias e a reforma das antigas práticas instauradas durante a
colonização. Do outro, os portugueses defendiam uma estrutura política centralizada e a manutenção
dos privilégios que desfrutavam antes da independência.
Com a saída de Dom Pedro I do governo e a instalação dos governos regenciais, a disputa entre esse
dois grupos políticos se acirrou a ponto de deflagrar diversas rebeliões pelo Brasil. Na região do Mato
Grosso, a contenda entre liberais e conservadores era representada, respectivamente, pela “Sociedade
dos Zelosos da Independência” e a “Sociedade Filantrópica”. No ano de 1834, as disputas naquela
província culminaram em um violento confronto que ganhou o nome de Rusga.
Segundo pesquisas, os liberais mato-grossenses organizaram um enorme levante que pretendia retirar
os portugueses do poder com a força das armas. No entanto, antes do ocorrido, as autoridades locais
souberam do levante combinado. Com isso, tentando desarticular o movimento, decidiram colocar o
tenente-coronel João Poupino Caldas – aliado dos liberais – como novo governador da província.
Apesar da mudança, o furor dos revoltosos não foi contido.
Na madrugada de 30 de maio de 1834, ao som de tiros e palavras de repúdio contra os portugueses,
cerca de oitenta revoltosos partiram do Campo do Ourique e tomaram o Quartel dos Guardas
Municipais. Dessa forma, conseguiram conter a reação dos soldados oficias e tomaram as ruas da
capital em busca dos “bicudos”. “Bicudo” era um termo depreciativo dirigido aos portugueses que foi
inspirado pelo nome do bandeirante Manuel de Campos Bicudo, primeiro homem branco que se fixou
na região.

Revolta dos Lisos (1844): O motivo alegado foi a parcialidade do Governo Provincial em favor dos
liberais lideradas por Cansanção Sinumbú. Em face disto os conservadores, ou lisos ,sob a liderança de
José Tavares Bastos apelaram às armas, ocupando duas vezes Maceió, obrigando o presidente a buscar
refúgio em um navio no porto.
Houve reação legal vitoriosa liderada ao final pelo brig do Exército Antônio Correia Ceara.

Motim do Flecha-Flecha e Mata Mata: Em Pernambuco e Bahia, em 1848: Foram manifestações de


descontentamentos sociais, talvez pioneiras, segundo Joaquim Nabuco, reflexos da Revolução
Francesa. Em Recife o intelectual Antônio Pedro Figueiredo gritou em praça pública:
"Que significam as reformas políticas sem as reformas sociais? São uma máscara e nada mais!"
Estas perguntas acionaram insatisfações políticas e sociais populares. Em set 1844 estourou o Fecha
Fecha em Recife, os fechamentos de casas comerciais de portugueses e repetido em setembro 1848.
Em dez 1847 e junho 1848 tiveram lugar os motins Mata mata marinheiro, contra marítimos
manifestações contra portugueses, uma característica recifense. Enfim assuntos que merecem
aprofundamentos por cientistas sociais, pois eram tratados como casos de polícia, ou por
poleomologistas talvez

Revolta do Ronco de Abelha: Ficou conhecida como Revolta do ronco da abelha a movimento
popular armado ocorrido entre dezembro de 1851 e fevereiro de 1852, que envolveu vilas e cidades de
cinco províncias do Nordeste: Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Sergipe, sendo mais forte nas
duas primeiras províncias. Nos dias de feiras os revoltosos causavam um enorme burburinho entre a
população. Quando perguntavam o porquê de tantos comentários, as vozes mais precavidas diziam que
era apenas "o ronco da abelha", nome por qual acabou ficando conhecido o movimento.
Os incidentes foram provocados por dois decretos imperiais, de junho de 1851, o 797 e o 798, cujo
propósito era instituir o Registro Civil dos Nascimentos e Óbitos. O primeiro decreto estabelecia o
Censo Geral do Império, logo após a divulgação em editais em jornais ou a afixação em igrejas
matrizes. O 798 obrigava todo brasileiro a se apresentar nas paróquias e à frente de juízes de paz das
diferentes localidades, para fornecer os dados pessoais, data e local de nascimento, filiação, estado
civil e cor da pele. A real intenção do Estado era colher dados para calcular a população, com o
objetivo de sistematizar o recrutamento de homens para o serviço militar.

Levante dos marimbondos (1852): Foi um levante nas províncias do Nordeste, em especial
Pernambuco, Ceará, Alagoas e Rio Grande do Norte, de pequenos agricultores inconformados com a
promulgação, em 1851, do Regulamento do Registro dos Nascimentos e Óbitos no Império e da lei que
instituía a realização de um censo.
Tal regulamento visava a registrar civilmente a população brasileira, todavia, os sertanejos, livre e
alforriados, viam na passagem do registro da igreja para o Estado como um meio de reverter a sua
situação, levando-os novamente ao cativeiro. Em decorrência do levante, o Império desistiu de sua
implantação, que só veio a se concretizar depois da Proclamação da República Brasileira.

Revolta de Ibicaba (1857) Foi uma manifestação de trabalhadores estrangeiros contra a exploração do
trabalho.
Em meados do século XIX, a mão-de-obra escrava começou a ser restringida no Brasil. Impulsionados
por leis e proibições inglesas, os políticos brasileiros também promulgaram medidas que reduziam a
capacidade de comércio escravo. As novas imposições contra o trabalho compulsório fizeram crescer o
interesse por outro tipo de trabalhador no país, o estrangeiro. Este, de preferência europeu, era
contratado para trabalhar, geralmente, em fazendas de café.
Entre os anos de 1847 e 1857, o senador Nicolau de Campos Vergueiro trouxe aproximadamente 180
famílias de diversas regiões da Europa para trabalhar na lavoura brasileira. O próprio político
preparava o contrato de prestação de serviço que os imigrantes deveriam assinar para trabalhar no
Brasil. Através deste documento, ficava estabelecido o que seria de propriedade do fazendeiro, livre
para comercializar o produto da maneira que desejasse, e também o que caberia à família dos
trabalhadores. No entanto, essa relação que se estabelecia com o trabalho incluía uma série de medidas
exploratórias.

Motim da Carne sem osso (1858): A Câmara Municipal estabeleceu que, a partir de 12 de janeiro de
1857, toda a farinha de mandioca comercializado em Salvador deveria somente ser vendida em locais
determinados, principalmente no Celeiro Público, espécie de Mercado Municipal à beira mar.
A medida visava controlar o preço da farinha que “andava nas alturas” eliminando os atravessadores
que monopolizavam distribuição  do produtor  e diminuindo o custo da  distribuição e o sobreço. 
Tal decreto desagradou profundamente o Presidente da Província da Bahia, Josē Luiz Vieira
Cansanção de Sinimbu. Filho de senhor de engenho, vivera e estudara na Europa por 4 anos antes de
voltar ao Brasil e ocupar diversos postos administrativos no Império. “Fora presidente de Alagoas e
Rio Grande do Sul, deputado no Parlamento, senador, juiz da comarca de Cantagalo no Rio de Janeiro
e chefe de polícia da Corte.”
28 de fevereiro, segundo domingo da Quaresma do ano de 1858. Um conflito envolvendo a resistência,
por parte de meninas e moças residentes no convento da Santa Casa de Misericórdia, à transferência da
administração do convento para freiras francesas, levou à punição das mesmas pelas freiras e membros
(homens) da mesa diretora da Casa. Os gritos das moças foram ouvidos pelos fiéis que estavam na
igreja e pelas pessoas que passavam na rua. A multidão foi acudir as noviças e as freiras tiveram de
fugir, protegidas pelos mesários e outras pessoas, para o Palácio Presidencial.
A revolta contra as irmãs vicentinas se espalha pela cidade de Salvador e a multidão se reúne na Praça
do Palácio a poucos passos da Santa Casa para protestar contra as irmãs de caridade e contra aquele
que as protegia.
Uma coisa levou a outra é logo um grito de ordem se fez ouvir: “queremos carne sem osso e farinha
sem caroço”. O Palácio foi invadido e apedrejado, um soldado atirou e a confusão se instalou. “A
tropa, inclusive a cavalaria, calou baionetas e atacou a multidão, que não pode fugir do local pois todas
as saídas haviam sido bloqueadas. Muitos saíram feridos, de um lado pelas pedras retiradas do calda,
Enti e atiradas pela multidão, e de outro, pelas patas dos cavalos, baionetas e espadas. 
1º de março, a Câmara se reúne novamente, o Presidente da Câmara pede a presença de força policial
para desocupar a casa. Os amotinados foram presos alguns, dispersos outros, alguns empurrados
montanha abaixo, outros escaparam pela ladeira do Pau da Bandeira. 
A câmara, agora formada pelos vereadores suplentes resolve se reconciliar com o presidente e declara
nula a medida. Os vereadores mais antigos mantêm o antagonismo.
Mas o presidente Sinimbu não estava sozinho, apoiando ele estava a Associação Comercial da Bahia
que representava os principais comerciantes da praça de Salvador que afirmava que “(…) não ocorre
meio nenhum (…) senão a concorrência entre os comerciantes (…)” de se baixar o preço da farinha. 
O cônsul inglês revelou, em 16 de março, que tinha informações de que a vida de Sinimbu corria
perigo. Duas semanas antes desse dia o mesmo cônsul havia requerido, ao representante britânico no
Rio de Janeiro, o envio de um navio de guerra para defender os ingleses na Bahia, a quase totalidade
dos quais era comerciante e portanto, potencial alvo de descontentamento popular.
Sinimbu embarca no navio para o Rio de Janeiro em 25 de março após sofrer um atentado à bala
enquanto presidia manobras militares da sacada do palácio.

Revolta dos Muckers: É conhecido pelo nome de Revolta dos Muckers o episódio ocorrido entre
1868 e 1874 na região da cidade gaúcha de São Leopoldo. Alguns incidentes derivados da recolta
principal ainda iriam ressoar em datas longínquas, até mesmo 1898.
Primeira colônia alemã fundada no Rio Grande do Sul, o núcleo de São Leopoldo vinha se
desenvolvendo desde a década de 1820 sem maiores sobressaltos. Os problemas começam com um
certo fanatismo religioso que começa a tomar conta da comunidade. Ocupando uma região chamada
Padre Eterno, atualmente o município de Sapiranga, que ficava próximo ao vilarejo Fazenda Leão e
Campo Bom, entre Ferrabraz e Hamburgerberg, os "muckers" eram assim chamados pelos seus pares
da comunidade alemã como um sinônimo para "beato", "fanático" ou "santarrão". Tal grupo era
formado por imigrantes que se reuniram em torno do carpinteiro e agricultor João Jorge Maurer e de
sua mulher Jacobina Mentz Maurer, inicialmente para obter esclarecimentos de natureza espiritual, e
mais tarde, como seguidores religiosos.
É conhecido pelo nome de Revolta dos Muckers o episódio ocorrido entre 1868 e 1874 na região da
cidade gaúcha de São Leopoldo. Alguns incidentes derivados da recolta principal ainda iriam ressoar
em datas longínquas, até mesmo 1898.
Primeira colônia alemã fundada no Rio Grande do Sul, o núcleo de São Leopoldo vinha se
desenvolvendo desde a década de 1820 sem maiores sobressaltos. Os problemas começam com um
certo fanatismo religioso que começa a tomar conta da comunidade. Ocupando uma região chamada
Padre Eterno, atualmente o município de Sapiranga, que ficava próximo ao vilarejo Fazenda Leão e
Campo Bom, entre Ferrabraz e Hamburgerberg, os "muckers" eram assim chamados pelos seus pares
da comunidade alemã como um sinônimo para "beato", "fanático" ou "santarrão". Tal grupo era
formado por imigrantes que se reuniram em torno do carpinteiro e agricultor João Jorge Maurer e de
sua mulher Jacobina Mentz Maurer, inicialmente para obter esclarecimentos de natureza espiritual, e
mais tarde, como seguidores religiosos.

Revolta do Quebra-Quilos o movimento popular iniciado na Paraíba, a 31 de outubro de 1874, e que


se opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos e medidas do sistema internacional,
recém introduzidas no Brasil. Praticamente sem uma unidade e sem liderança, a revolta logo se
alastrou por outras vilas e povoados da Paraíba, estendendo-se a Pernambuco, Rio Grande do Norte e
Alagoas.
A denominação de quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de Janeiro, quando elementos
populares invadiram casas comerciais que haviam começado a utilizar o novo sistema de pesos e
medidas, e aos gritos de "Quebra os quilos! Quebra os quilos", depredavam tais estabelecimentos. A
expressão começou a ser utilizada indiscriminadamente para se referir a todos os participantes dos
movimentos de contestação ao governo com relação ao recrutamento militar, à cobrança de impostos e
à adoção do sistema métrico decimal.
No entendimento supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e o peso, tornados válidos por
decreto imperial em 1872, consistiam em representações do demônio, e a tentativa de adotá-los criou
entre o povo a ideia que estavam sendo enganados pelos comerciantes e poderosos. Os revoltosos,
sentindo-se ofendidos em seus sentimentos deixavam extravasar suas queixas e partiam para os
povoados e se apoderavam das "medidas", quebrando-as e lançando-as no rio.
Guerra das Mulheres (1875-1876): O movimento que ocorreu a 4 de setembro de 1875 na cidade de
Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. Naquele dia, cerca de trezentas mulheres saíram pelas
ruas da cidade em passeata, com o objetivo de protestar contra a obrigatoriedade do alistamento
militar.[1] As mulheres fizeram de refém o escrivão de paz e em praça pública rasgaram o livro e os
papéis que recrutavam os homens mossoroenses.
Revoltadas, mulheres nordestinas invadiram repartições públicas e delegacias, armadas com pedras e
pedaços de pau, para rasgar documentos que convocavam seus maridos para o Exército ou para a
Marinha.
A sede do jornal O Mossoroense (terceiro mais antigo do Brasil e o quarto da América Latina ainda em
atividade) foi o principal palco do motim.[2]
Entre as líderes da revolta, estavam Joaquina de Souza, Maria Filgueira e Anna Rodrigues Braga,
conhecida como Anna Floriano, esta última chegou a empunhar um espeto de ferro para defender a
redação do jornal local da invasão dos mandantes de um político que queria impedir a publicação dos
fatos.

Revolta do Vintém: No final de 1879, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil Imperial,
assistiu a deflagração de uma revolta de caráter eminentemente popular. Um levante de
aproximadamente cinco mil manifestantes se colocou em frente o campo de São Cristóvão, sede do
palácio imperial, para exigir a diminuição da taxa de vinte réis (um vintém) cobrados sobre o
transporte público feito pelos bondes de tração animal que serviam a população.
Contidos pelas autoridades policiais, os revoltosos esperavam uma resposta de um dos principais
líderes daquele protesto: o jornalista Lopes Trovão. O imperador, que prometia abrir negociação para
resolver a contenda, teve seu pedido negado pelo jornalista republicano que adotou uma nova
estratégia. Lançando seus argumentos no jornal Gazeta da Noite, Lopes Trovão convocava a população
carioca a reagir com violência contra a medida imperial.
No primeiro dia do ano seguinte, data em que o valor seria oficializado, novos levantes seriam
organizados pelos populares simpatizantes à causa. Mais uma vez incitados por Lopes Trovão, uma
massa de revoltosos se dirigiu até o Largo do São Francisco, local de partida e chegada da maioria dos
bondes. A presença de autoridades policiais só aumentou o clima de tensão instaurado. Impacientes, os
revoltosos começaram a gritar “fora o vintém”, esfaquear mulas e espancar os condutores dos bondes.

BÔNUS:

República Cunani: Em 1885, um grupo de aventureiros franceses proclamou a caricata República de


Cunani, que se estendia do Oiapoque até o Araguary, exatamente na região contestada pela França.
Esses homens elegeram presidente vitalício do no Estado, o cientista francês Jules Gross, romancista e
membro da Sociedade de Geografia Comercial de Paris. Mas aquilo que poderia se consolidar numa
República Independente malogrou perante as deficiências geográficas e jurídicas.
Mesmo assim eles emitiram selos e cunharam moedas.
A aventura teve duração efêmera embora Gross houvesse constituído o governo, criando a Ordem da
Cavalaria Estrela de Cunani, para condecorar os simpáticos à causa, o que rendeu bons proventos
financeiros pela larga e bem paga concessão que dela fez o esperto "chefe de Estado". Enfim, eles
providenciaram tudo para que o mundo reconhecesse o novo país incrustado no meio equatorial. O
governo francês, ante o escândalo que representava tal façanha, em 2 de setembro de 1887 resolveu
acabar com ela.
A República do Cunani era tão caricata, tão de brincadeira, que a maioria dos ministros nomeados por
Jules Gross não arredou os pés de Paris, atém por causa do pavor irradiado por algumas paragens sul-
americanas, como a nossa. Portanto, não foi difícil desestabilizaá-la.
Na opinião de Arthur Cezar Ferreira Reis (A Amazônia e a Cobiça Internacional - Manaus, 1946), se
o Ministério da República do Cunani funcionava em Paris e não em Cunani, nada havia que
autorizasse o funcionamento de um governo local subordinado ao tal gabinete ou em obediência a
Jules Gross; e por saber que o corpo administrativo era integrado por indivíduos estranhos à vida de
Cunani, o governo francês achou por bem rechaçar tal República que só gracejos e piadinhas de mau
gostou causou à Coroa Francesa... um povoado de apenas 300 pessoas (na época).
O jornalista Hélio Pennafort, que deu notáveis contribuições, com suas reportagens sobre a vida
interiorana, a respeito de Cunani escreve:
"Jules Gross e sua turma desejavam transformar em Estado Independente a cobiçadíssima área
encastada entre o Oiapoque e o Araguary. Este ano (o artigo
de Penafort é de 1985), segundo alguns historiadores, a República Independente
de Caunany completaria cem anos de proclamação se a França não tivesse agido energicamente,
certa de que a situação só iria causar embaraços aos planos que estava paulatinamente executando
com vistas à ocupação integral do território amapaense, que na época não havia nenhuma definição
concreta a quem pertencia. E em muitas partes da região, chamada então Zona do Contestado, havia
muitas riquezas que vinham sendo exploradas por quem quisesse, com os franceses detendo a maioria,
devido à proximidade com a sua Guiana, onde uma boa estrutura naval facilitava a vinda de milhares
de trabalhadores, principalmente para a coleta do ouro e a extração de madeira e sementes
oleaginosas. O
interesse da França era tão grande que chegou até a patrocinar a construção de uma estrada de ferro
unindo a região aurífera de Lourenço à cachoeira da Sidomena, na cidade de Calçoene". (Histórias
do Amapá – Nunca vi rio tão
danisco de bom" – Artigo publicado no Jornal do Dia, de 11 de maio de 1997 – Macapá-AP). Hélio
assegura em seu relato, que "os vagonetes chegavam sobrecarregados de ouro que eram embarcados
em navios, usando como trapiche as próprias barracas da margem. Em Oiapoque, outra região
bastante explorada pelos franceses, a carga principal era o pau-rosa que descia do Cricou (afluente
do lado brasileiro), em pequenas embarcações até a enseada do Maripá, onde havia o transbordo
para barcos maiores, que levavam a carga para Cayenne. A essência
do pau-rosa é matéria prima muito requisitada pelos fabricantes de perfumes franceses. Assim, não
podia haver espaço para Gross e seguidores. As autoridades da França, portanto, devem ter pensado:
Como se não bastassem as esporádicas reações dos lusitanos e brasileiros,ainda aparece esse grupo
de psedo-conquistadores querendo competir com o nosso comércio fácil e de altíssima rentabilidade".
Mas deu trabalho o processo de desestabilização da República Independente do Caunany. Foram dois
anos de muito trabalho e enorme pressão. Isto porque para Jules Gross, Cunani não era simples
aventura. Ele levou tão a sério a sua idéia que mandou emitir emblemas, cunhar moedas, emitor selos
e fez uma propaganda enorme para que o país ficasse conhecido em todo o planeta".

A liderança de Trajano

O lado histórico do Cunani, de fato, é rico em proezas e peripécias que


infelizmente o relaxamento dos nossos contadores de história nos sonegam. Só quem tem a dita de
consultar bibliotecas francesas é que pode conhecer com mais detalhes o que aconteceu por lá, no
século passado. Aliás, todo esse trabalho foi baseado na documentação de Cayena sobre o fato.
No entanto, mesmo na pobreza historiográfica, dá para saber que na época em que o Amapá era
chamada de Zona do Contestado – não estava ainda decidido se pertencia ao Brasil ou à França – a
dificuldade era pouca para alguém chegar por aqui e dizer-se dono de pedaços de terra. Mas um grupo
de franceses liderados pelo geógrafo Jules Gross foi mais além. Como vimos antes, eles simplesmente
proclamaram uma república com terras que abrangiam praticamente toda a área do Contestado. história
da Primeira República de Cunani vai mais além. Não muito tempo depois da charge republicana, a vila
voltou a servir de cenários para acontecimentos que decididamente muraram os rumos da região.
Vindo do interior do Pará, um negro de meia-idade, baixo e de boa musculatura, chamado Trajano
Benitez, ali chegou para aventurar a sorte, atraído pelas notícias que propagavam a fartura de ouro no
Calçoene. Trajano deve ter preferido morar no Cunani porque a maioria da população era negra. Ele
começou, então, a se meter em assuntos que envolviam a vida comunitária, mostrando logo sua
vocação política. Deixemos, agora, o relato com Hélio Penafort:

"O governo francês estava precisando de um indivíduo popular e simpático às pretenções francsas, e
Trajano era tudo isso. Não demorou muito estava ele liderando quase toda a extensão das ribanceiras
do Cunani, contestando abertamente a autoridade do Triunvirato brasileiro que governava a vila do
Espírito Santo do Amapá e lugares próximos. Recebeu de Caiena o título de Representant dês Intérets
Français à Counani e aí é que se encheu de dedos. Encurtando a história, quando a turma do
Triunvirato deu por si, Trajano já havia mandado rasgar a bandeira brasileira e hastear o pavilhão
francês em lugar mais nobre do Cunani. E defendia mais os crioulos da Guiana que trabalhavam nas
minas do que seus patrícios que perambulavam pelos interiores.
Vendo que a situação periclitava a cada dia, o Triunvirato mandou um destacamento para Cunani,
que prendeu Trajano e o levou para a vila de Amapá. E foi justamente a prisão de Trajano que
provocou a invasão do Amapá pelos soldados do capitão Lunier, em 15 de maio de 1895. E foi
justamente a invasão do Amapá que apressou a reunião da Corte Internacional que julgou a questão
da
Zona do Contestado e deu ao Brasil as terras que hoje formam o Estado do Amapá.

Adolph Brezet - A Segunda República

Em princípios de 1893 a vida em Cunani volta à normalidade, e o episódio da Primeira República


parece que foi esquecido. Maioria da população, formada por brasileiros, vivia da coleta de especiarias,
da pesca nos lagos, e do fabrico de
grude de peixe para um comércio manhoso. De repente, a descoberta do ouro
pelos garimpeiros de Curuçá, Germano e Firmino Ribeiro, em Lourenço, começou
a modificar o quadro: a população, em poucos meses, de 600 habitantes chegou a 5 mil, só em Cunani.
Isto provocou inúmeros incidentes na região, como o conflito de 15 de maio de 1895, que culminou
com a vitória dos brasileiros e a ligeireza na resolução da questão do Contestado, através do
arbitramento de Berna, em 1º de dezembro de 1900.
Preocupado com a colonização da região, o governo do Pará, com o aval do governo brasileiro,
nomeou um Conselho de Intendência, que passou a vigorar a partir do dia 30 de abril de 1902. Para
isso, foram escolhidos o capitão Amaro Brasilino de Farias (presidente do Conselho) e os membros
Joaquim Félix Belfort, Daniel Ferreira dos Santos e Manoel Agostinho Batista, que assumiram seus
cargos respectivos no dia 15 de maio.
Em maio de 1902 um aventureiro francês de nome Adolphe Brezet, tentando restaurar a República de
Gross, começou a encaminhar ofícios à região de Cunani, comunicando uma nova proclamação, e as
nomeações de Félix Antonio de Souza, Antonio Napoleão da Costa e João Lopes Pereira para seu
ministério.
O plano de Brezet foi imediatamente denunciado por Daniel Ferreira dos Santos ao intendente
Brasilino, que baseado em farta documentação, escreveu
imediatamente ao coronel João Franklin Távora que a essas alturas se encontrava em Belém. Este
levou o incidente imediatamente ao conhecimento do Governo do Pará que, em seguida, instruiu o
primeiro prefeito de Belém, Henrique Lopes de Barros, para ir pessoalmente, acompanhado de uma
força policial de 33 praças, comandadas por um oficial, para proceder sindicâncias necessárias.
Ao desembarcar no município de Amapá, em julho de 1902, o prefeito tratou logo
de prender os ministros de Brezet que estavam reunidos na residência de Antonio Napoleão, um deles.
Ali foram encontrados vários exemplares em português e francês, de propaganda e legislação da nova
República de Brezet. Colocando um policiamento ostensivo em todo o município, e com a ajuda da
própria população, Henrique Barros se dirigiu em seguida à vila de Cunani, e conseguiu a prisão de
mais dois envolvidos: José da Luz e Raimundo Rodrigues Brasil.
Todos foram encaminhados à Comarca de Aricari, na sede municipal (Amapá), e colocados à
disposição da Justiça. Os inquéritos duraram 15 dias. Após sua conclusão, os revoltosos receberam
umas lições de civismo, e em seguida foram colocados em liberdade. Quanto a Brezet, ele resolveu
ficar mesmo em Paris, caladinho, em recolhimento. Nunca mais se ouviu falar dele.

Fontes: Infoescola, Todamateria, UFF, UFRJ, Tribuna do Norte, Multirio

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