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HISTÓRIA DO MARANHÃO

PROF: WALLYSON VERAS


Instagram: @houveessahistoria
Youtube: Houve Essa História
PRÉ – HISTÓRIA @houveessahistoria
OCUPAÇÕES HUMANAS PRÉ-HISTÓRICAS NO LITORAL MARANHENSE: UM
ESTUDO ARQUEOLÓGICO SOBRE O SAMBAQUI DO BACANGA NA ILHA DE SÃO
LUÍS, MARANHÃO
A ocupação pré-histórica da Ilha de São Luís-Maranhão, a partir do estudo arqueológico
realizado no sambaqui do Bacanga, que evidenciou vestígios materiais de populações
pescadoras- coletoras- caçadoras e ceramistas, que se estabeleceram na região, em torno
de 6.600 anos a.C. e permaneceram habitando esse assentamento até 900 a.C.
No sambaqui do Bacanga permitiram construir conhecimento inédito sobre os processos
ocorridos na pré-história da Ilha de São Luís, ao atestar a existência e permanência, por
um longo período de tempo, de populações pescadoras- coletoras- caçadoras e ceramistas
adaptadas a ambiente estuarino-marinho, cuja dieta envolvia a captura de uma variedade
de animais e a coleta de algumas espécies vegetais, mas que, contudo, encontrava a sua
base de sustentação na pesca e na utilização de crustáceos e moluscos como alimentos.
ETIMOLOGIA @houveessahistoria
Não há uma hipótese consensual para a origem do nome do estado do Maranhão. As
teorias mais aceitas são: referência à expressão em língua tupi "Mar'Anhan", que significa
"O mar que corre"; Maranhão era o nome dado ao Rio Amazonas pelos nativos da região
antes da chegada dos navegantes europeus (nos países Andinos é chamado de rio
Maranhão, ao entrar no Brasil muda para rio Solimões, na confluência com o rio Negro
muda para rio Amazonas); relação com o Rio Marañón no Peru; o estado ter um
"emaranhado" de rios.
Em 1720, o jesuíta Domingos de Araújo, publicou a obra "Crônica da Companhia de Jesus
da Missão do Maranhão", na qual sustentou que o nome foi dado por uma expedição
enviada por Cristovão Jaques que ao ver o Rio Amazonas o descreveu como "Maranhão"
(grande mar).
No contexto da história do Brasil, a primeira referência à região como sendo o Maranhão
ocorreu na época antes da criação das capitanias hereditárias, chamada de Conquista do
Maranhão, em seguida foram criadas as duas seções da Capitania do Maranhão, em 1534.
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Período Pré - Cabralino


Na época do Descobrimento do Brasil, o atual Estado do Maranhão era
povoado por diferentes tribos indígenas. Os primeiros habitantes do
Maranhão faziam parte de dois grupos indígenas: os tupis e os jês. Os
tupis habitavam o litoral. Já os jês habitavam o interior. Os dois povos
indígenas que pertencem ao grupo tupi são os guajajaras e os urubus. Os
guajajaras e os urubus apenas foram pacificados em pleno século XX. Os
dois povos indígenas do grupo jê são os timbiras e os sacamecras.
Diversas tribos do Piauí entraram no Maranhão. Isso ocorreu no século
XVIII. Naquela época, esses povos indígenas piauienses escaparam para
evitar que os brancos os caçassem.
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Período Pré – Colonial (1500 – 1612)
1534 🡪 DIVISÃO DO BRASIL EM CAPITANIAS HEREDITÁRIAS.
A Capitania do Maranhão foi divida em duas seções:

▪ A primeira cedida aos donatários Joao de Barros e Aires da Cunha.


▪ A segunda cedida a Fernão Alvares de Andrade.

João de Barros, Álvares de Andrade e Aires da Cunha juntaram suas fortunas e


esforços para colonizar o Maranhão. A empresa colonizadora fracassou.

Em 1554, Luís de Melo tentou colonizar a região, mas acabou naufragando.


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FRANÇA EQUINOCIAL (1612-1615) @houveessahistoria

Antecedentes:

✔ final do século XVI, Jacques Riffault e Charles des Vaux chegam ao Maranhão na
ilha de Upaon-Açu. Entusiasmado, des Vaux retorna à França e revela ao rei
Henrique IV o potencial do Maranhão.
✔ O rei envia imediatamente uma expedição de reconhecimento para confirmar as
informações de des Vaux.
✔ A empresa marítima desperta interesse de particulares calvinistas como o
banqueiro Nicolau de Harley e de François de Rasilly que, em conjunto com a
coroa francesa, disponibilizaram recursos necessários ao êxito do
empreendimento, cujo objetivo central era fundar uma colônia francesa na “linha
equinocial”.
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FRANÇA EQUINOCIAL (1612-1615)
Motivos para a invasão:

▪ Vulnerabilidade da costa norte;


▪ Boa posição geográfica em relação à Europa;
▪ Potencial econômico da região;
▪ Desejo de um domínio colonial na América do Sul.

Líder da esquadra: Daniel de La Touche.

Em julho de 1612, os franceses desembarcam na ilha de Upaon-Mirim (hoje ilha de


Santana), transferindo-se a seguir para Upaon-Açu, onde fundam o forte de São Luís,
em homenagem ao rei francês Luís XIII.
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• FRANÇA EQUINOCIAL (1612-1615)

• Jerônimo de Albuquerque: comandou a expulsão dos franceses.

• Portugueses + Tabajaras

• Franceses + Tupinambás

• Obs.: Batalha de Guaxenduba (“Jornada Milagrosa”) -1614


• Os Franceses são derrotados e expulsos pelas tropas luso-espanholas.
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• REVOLTA DE CUMÃ (1617)

Em janeiro de 1617, um motim da etnia Tupinambá, na região do Maranhão, espalham-se


rumores de que os colonizadores iriam escravizar todos os índios. Próximo à cidade de São Luís
do Maranhão e nos arredores da fortaleza de Cumã, um índio de nome Amaro leu em voz alta
uma carta que revelava uma conspiração portuguesa para generalizar o cativeiro na região. Em
reação à notícia no mesmo dia a fortaleza foi invadida. Nos meses seguintes o núcleo rebelde
faz contato com outras nações indígenas que, ao longo de quatro anos, tornaria a resistência
generalizada na região. A repressão portuguesa não tardou: os principais envolvidos foram
mortos e os demais índios escravizados. A rebelião se estendeu entre região da Capitania do
Maranhão até a Capitania do Grão-Pará e só foi rebelada em 1621 quando o capitão de campo
Bento Maciel Parente perseguiu oa rebeldes, matando os líderes e escravizando os demais
envolvidos.
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O ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO (1621)

Razões para a sua criação – SÉCULO XVII


Grande extensão territorial da costa norte;
Desejo de uma saída fluvial para a região do Potosí;
Impossibilidade de colonização do norte pela Bahia;
Necessidade de colonização para efetivar a
Exploração econômica da região.
O Estado do Maranhão era independente do estado
do Brasil, possuindo estrutura própria de
funcionamento.
O ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO (1621) @houveessahistoria

✔ A extensão do Estado Colonial do Maranhão


compreendia terras que ia do Rio Grande do Norte
ao vale Amazônico.

✔ Em 1751: Estado do Grão-Pará e Maranhão, com


capital em Belém.

✔ Em 1772: a região recebeu uma nova organização


administrativa, repartindo-se em dois estados:
Estado do Grão-Pará e Rio Negro e o Estado do
Maranhão e Piauí.
INVASÃO HOLANDESA NO MARANHÃO – SECULO XVII @houveessahistoria

✔ Em novembro de 1641, 18 navios e 2 mil holandeses


desembarcam na praia do Desterro, onde não encontram
qualquer resistência dos portugueses.

✔ Objetivos: Controle de rotas comerciais no norte do Brasil.

✔ O domínio holandês no Maranhão foi curto (1641-1644).


Os colonos organizaram-se contra o domínio holandês.

✔ Comandados por Teixeira de Melo e Antônio Muniz


Barreiros, os flamengos foram derrotados nas batalhas do
Convento do Carmo e Outeiro da Cruz. Sendo expulsos
definitivamente em 1644.
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• O ESTADO COLONIAL DO MARANHÃO (1621)

• Características da Colonização no Século XVII - ECONOMIA

• A exploração econômica no século XVII girou em torno:


• da pequena lavoura;

• pouco comércio;

• extrativismo vegetal: drogas do sertão (guaraná, salsaparrilha, anil, cravo,


pimenta, cacau, urucum, andiroba, etc.)

• caça e pesca.

• instalação de alguns engenhos.


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SÉCULO XVII – REVOLTA NATIVISTA

A Revolta de Beckman (1684)

Causas:
✔ a ausência de escravos africanos;
✔ os conflitos entre colonos e jesuítas;
✔ o estanco colonial exercido pela Companhia de
Comércio do Estado do Maranhão.
✔ desmandos e abusos cometidos pelas autoridades
locais.
Função da Companhia de Comércio:
✔ mandar 500 negros por ano ao Maranhão;
✔ fornecer alimentos importados e comprar a produção
maranhense.
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A Revolta de Beckman (1684)
Líderes: Manuel Beckman, Tomás Beckman, Jorge Sampaio, Eugênio
Maranhão, Francisco Deiró.
Ações: deposição do governador (Francisco de Sá e Menezes), expulsão
dos jesuítas, fechamento dos armazéns da companhia de comércio,
formaram uma Junta Governativa e envio de Tomás Beckman a
Metrópole.
Repressão: A esquadra enviada pelo rei de Portugal e comandada por
Gomes Freire de Andrade (futuro governador) eliminou o movimento.

Resultados: Extinção da Companhia de Comércio do Maranhão; retorno


dos jesuítas; execução de alguns líderes do movimento
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A COLONIZAÇÃO DO MARANHÃO
Linhas da colonização do Maranhão:
✔ Frente Litorânea:
a partir do século XVII, alcançando os rios Pindaré, Mearim,
Itapecuru e Munim.
- Estimulada pelo Estado português.

✔ Frente Pastoril:
- por volta de 1730, através dos Pastos Bons.
- Iniciativa privada.

O Maranhão se articula com o Nordeste açucareiro através da


pecuária.
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O MARANHÃO POMBALINO (SÉCULO XVIII)
Sebastião José de Carvalho e Melo
✔ Segunda Metade do século XVIII 🡪 Projeção do Maranhão no cenário nacional e
internacional.

✔ 1751 🡪 Estado do Grão-Pará e Maranhão - Transferência da capital para Belém.


✔ Criação da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão (1755-1778):
✔ 1772 Divisão: Estado do Grão Pará e Rio Negro e Estado do Piauí e Maranhão
✔ visava dinamizar a área norte da colônia;
✔ ampliação do tráfico negreiro (“O algodão, que era branco, tornou-se negro”);
✔ investiu maciçamente na “plantation” algodoeira;
✔ introduziu o arroz da Carolina (desenvolvimento da rizicultura).
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PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA (SÉCULO XIX)

A ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDÊNCIA

✔ Forte vínculo do norte da colônia com Portugal.

✔ Resistência de parte da elite maranhense 🡪 O grupo não aceitava as ordens vindas


do Rio de Janeiro por ter interesse em continuar com as relações com Portugal.

✔ Junta Governativa Provisória, instalada no início de 1822, presidida pelo bispo


português Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré 🡪 conclamou o povo a lutar
contra a separação do Maranhão de Portugal.
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A Adesão do Maranhão à Independência

Legião Cívica da Cidade de São Luís 🡪 objetivo: proteger a capital contra a


invasão dos independentes ou qualquer manifestação interna a favor da causa
da independência.
Eixos do processo de independência do Maranhão:
✔ Tropas que se deslocaram do Ceará e Piauí, penetrando no interior do
Maranhão, pela região do Itapecuru, onde Caxias, São José dos Matões
(primeira vila a aderir) e Itapecuru-Mirim abraçaram a causa da
independência.
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A ADESÃO DO MARANHÃO À INDEPENDÊNCIA

✔ Cerco da capital, São Luís, realizada pela esquadra comandada pelo


mercenário inglês, Lord Cochrane, o Barão do Maranhão, que viera da
Bahia, e ameaçou bombardear a capital.

✔ Em 28 de Julho de 1823, o Maranhão aderia à causa da independência.

Em 2 de outubro de 1964, o então governador do Maranhão Newton de


Barros Bello, declara feriado estadual o dia 28 de julho.
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PRIMEIRO REINADO

O MARANHÃO PÓS-INDEPENDÊNCIA

✔ Nos anos que se seguiram à independência, o Maranhão mergulhou em


novas crises políticas protagonizadas pela disputa do poder local entre
brasileiros e portugueses pelo controle da administração provincial.
✔ Crescimento do sentimento antilusitano.
✔ Vigência de um clima de tensão, violência e rebeliões
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PERÍODO REGENCIAL

A SETEMBRADA OU MOTIM DO CAMPO D’OURIQUE (1831)


✔ Revolta antilusitana.
✔ Líderes: os liberais José Cândido, Francisco M. de Abranches e pelo líder
camponês João Damasceno.
✔ A causa imediata da Setembrada foi a notícia de um levante no Pará,
articulado pelo restauradores, somado à prisões de muitos liberais.
✔ O movimento eclodiu efetivamente em 13 de dezembro de 1831, pedindo
medidas que limitassem a ação dos portugueses no comércio, no meio
militar, na propriedade de terras e nas finanças.
✔ O principal objetivo do movimento era a saída definitiva dos portugueses
do Brasil, mas como não tinha objetivos políticos bem definidos, não
obteve sucesso.
PERÍODO REGENCIAL @houveessahistoria

A BALAIADA (1838-1841)

Contexto Geral:

✔ Intensa disputa política entre as elites e o poder local


(Bem-te-vis e Cabanos);
✔ Instabilidade política do próprio poder central;
✔ Luta das camadas pobres para conquistar melhores
condições de vida e a luta dos escravos pelo fim da
escravidão;
✔ Utilização da população mais pobre como massa de
manobra pelas elites, etc.
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• A Balaiada (1838-41)

• Causas:

✔ Ligada aos desmandos da política local e pela disputa pelo poder


entre liberais (Bem-te-vis) e conservadores (Cabanos), o
movimento teve como principais causas as péssimas condições
de vida, a crise econômica da província, a opressão escravista, o
recrutamento forçado, a Lei dos Prefeitos etc. -, e a
consequente insatisfação da maioria da população do Maranhão.
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A Balaiada (1838-41)

Principais lideranças:

✔ Raimundo Gomes, o “Cara Preta”;


✔ Manuel dos Anjos, o “Balaio”;
✔ Negro Cosme Bento (líder de 3 mil quilombolas).

Estopim:
✔ 13 de dezembro de 1838: Raimundo Gomes invadiu a cadeia da vila da
Manga do Iguará para libertar os presos. (atual município de Nina
Rodrigues).
A Balaiada (1838-41)

Características
✔ Os saques e pilhagens acabaram se constituindo na principal característica do
movimento.
✔ A revolta se espalhou por Guimarães, Viana, Itapecuru, Manga, Vargem
Grande, Chapadinha, Brejo, Barra do Corda, Pastos Bons, Matões, São
Bernardo, Balsas, Icatú, Grajaú, Codó, etc.
✔ Os rebeldes conquistaram Caxias, uma das maiores cidades do Maranhão.
✔ Repressão liderada por Luís Alves de Lima e Silva.

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SEGUNDO REINADO (1850 – 1889) @houveessahistoria

Economia Maranhense no Séc. XIX

Principais características:

✔ Mesmo com o fim do período Pombalino, a cotonicultura e a


rizicultura continuam em alta até o início do século XIX.
✔ Pós-independência – decadência. Razões:
- concorrência com o mercado externo e interno (Ex.
Pernambuco);
- falta de maquinário e de estrutura;
- fretes caros, etc.
Economia Maranhense no Séc. XIX @houveessahistoria

Principais características:
✔ Década de 1860: a Guerra de Secessão promove um crescimento
da cotonicultura, recuperando-se da crise no setor.
✔ Codó, Aldeias Altas, Caxias: destacam na produção.
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Economia Maranhense no Séc. XIX

Obs.: “O algodão é uma falsa euforia” Celso Furtado.


✔ Economia Açucareira:
- Durante o Período Colonial a produção de açúcar foi
inexpressiva.
- Tornou-se importante na segunda metade do século XIX.
- Motivos da expansão: investimentos públicos (construção de
Engenhos Centrais) e privados (Martinus Hoyer – Engenho Central de
São Pedro (Pindaré)); introdução de máquinas.
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Economia Maranhense no Séc. XIX

✔ Economia Açucareira:
- Em 1860: 410 engenhos 🡪 284 movidos à vapor e à força
hidráulica.
- Meados da década de 1880: a economia açucareira entra em
decadência.
Motivos: competição promovida no mercado interno e externo, o açúcar
antilhano era mais aceito no mercado internacional, a expansão do
açúcar de beterraba na Europa, falta de reaparelhamento do
maquinário e o colapso da escravidão.
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Economia Maranhense no Séc. XIX

✔ Parque Fabril:
- Companhias de Comércio, de Água, de Luz, Bancárias, etc., são
instaladas no maranhão na segunda metade do século XIX,
fomentando a economia fabril.
- Destaques: Companhia de Fiação e Tecidos Maranhenses (1888);
Companhia de Fiação e Tecelagem (1894); Companhia de Fiação e
Tecido do Rio Anil (1893); Companhia de Fiação e Tecido de
Cânhamo (1891), etc.
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✔ Após 1919 até 1930, mesmo decadente, as fábricas ainda possuíam um


bom desempenho. Mas, de 1940 a 1960, fecham as últimas fábricas
remanescentes do final do século XIX (faltava estrutura, capital, mão de
obra qualificada ...).
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Sociedade Maranhense no Séc. XIX

Características
✔ Hegemonicamente escravista (na segunda década do século XIX, a
população de escravos chegou a aproximadamente 55%).
Classe dominante: altos escalões administrativos; aristocracia rural e
ricos comerciantes.
Extrato médio: pequenos fazendeiros, oficiais militares, burocratas,
profissionais liberais, etc.
Extrato baixo: negros forros, vaqueiros, artesãos, pescadores,
caçadores, na base, os escravos.
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Sociedade Maranhense no Séc. XIX

São Luís: o mito da “Atenas Brasileira”


✔ Construção simbólica, fabricada pela intelectualidade maranhense
do século XIX numa referência à intensa atividade literária existente
em São Luís, cujos maiores representantes faziam parte do Grupo
Maranhense do Romantismo Brasileiro.
✔ Principais representantes: Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo,
Raimundo Correia, Coelho Neto, Nina Rodrigues, Artur Azevedo,
Sousândrade.
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A Transição da República para o Império

Pelo que narram os historiadores, no Maranhão, as ações voltadas para a


instalação do novo regime foram inexpressivas e desarticuladas. Das
cidades maranhenses identificadas com a mudança da forma de governo,
apenas Barra do Corda se empolgou e fundou um Clube Republicano, em
1888, tendo como figuras destacadas o juiz municipal, Isaac Martins, o
promotor público João Dunshee de Abranches, Frederico Figueira e Antônio
Rocha Lima, este, dono do jornal O Norte, que fazia propaganda republicana.

Em São Luís, os ideais republicanos custaram a encontrar adeptos que se


preocupassem com a veiculação por meio dos jornais das ações ocorridas na
capital do país, com vistas à mudança de regime.

Só nas proximidades do fim do reinado de Pedro II é que apareceram alguns


poucos e apáticos republicanos, que se juntaram para fundar um clube, de
cuja organização faziam parte o jornalista Paula Duarte e Casemiro Dias
Vieira Júnior, este, dono do jornal O Globo, que se tornou o porta-voz do
movimento para instalação da República no país.
Só três dias após o ato do marechal Deodoro, o comandante do @houveessahistoria
Exército em São Luís, o coronel João Luís Tavares, resolveu agir, já
que o presidente do Maranhão, Tito Augusto Pereira de Matos, por
acomodação ou medo, não sabia o que fazer. O militar, no dia 18 de
novembro, para manter a tranquilidade social e restabelecer a
governabilidade, reuniu a tropa, nas primeiras horas da manhã, declarando
a Adesão do Maranhão à República. Em seguida, em cumprimento às
ordens recebidas do Rio de Janeiro, nomeou a Junta Provisória
Governativa para responder não mais pelos destinos da Província, mas de
um dos vinte Estados Unidos da República do Brasil.

No mesmo dia, uma solenidade simples, rápida e sem a presença do povo,


que assistia passivamente e sem entender o que acontecia no palácio,
onde a Junta Governativa, presidida pelo coronel João Luís Tavares
tomava posse.

Como tudo aqui continuava a ocorrer com atraso, só a 22 de novembro


uma passeata de estudantes desfilou pela cidade em regozijo ao novo
regime.
Posteriormente, no dia 30, as ruas de São Luis também assistiram @houveessahistoria
manifestações populares, organizadas pelo poeta Joaquim Sousândrade, que
endereçou uma mensagem de saudação ao marechal Deodoro com estas
singelas palavras: “Paus d’arco em flor, Viva a República”.

Como todo governo que toma conta do poder, os republicanos que assumiram
o comando do Maranhão deflagraram diversas medidas de caráter vingativa,
ressaltando-se a destruição de materiais e símbolos do antigo regime –
bandeiras, insígnias, brasões e retratos do ex-imperador -, demissões de
funcionários públicos, extinção de instituições, como a Escola de Aprendizes
Artífices, prisões dos considerados inimigos ou adversários do regime
implantado, e castigos aos negros que idolatravam a Princesa Isabel, que lhes
outorgara o direito à liberdade.

Esse legado de represálias que a República trouxe no seu bojo, perdura até
hoje no Maranhão, a despeito dos avanços democráticos conquistados pelo
povo brasileiro. Se há algo que os detentores do poder aprenderam com o
regime instalado em 1889, são as práticas consubstanciadas nas
perseguições e nos revanchismos contra os eventuais opositores e
adversários.
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O Maranhão na República Velha
O poder oligárquico no Maranhão:

✔ Coronelismo no Maranhão: controle da política local por Benedito


Leite e Urbano Santos.
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A Guerra do Léda (1885-1889)


Contexto:
✔ Dicotomia Sertão/Litoral, o que historicamente causou a divisão
política, social e econômica entre as duas regiões.

✔ A “Guerra” proclamava por uma independência política no sertão. As


lideranças políticas sertanejas solicitavam uma maior presença do
Estado (escolas, postos de saúde, estradas, investimentos). O
“esquecimento” com relação ao sertão, levou algumas facções a
defender a autonomia do sertão.
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A Guerra do Léda (1898-09)


FAMÍLIAS LÉDA E MOREIRA (Liberais)
X
Araújo Costa (Conservador) e, a posteriori, Federalistas representados na
pessoa de Jeferson Nunes.
✔ Local: Grajaú, expandindo-se para outras localidades.
✔ Assassinato do promotor Estolano Polary.
✔ Reação do Governo: forças militares são enviadas para combater os
oposicionistas em Grajaú.
✔ Exílio de Léda em Boa Vista, norte de Goiás.
Leão Leda iniciou sua carreira política ainda no período monárquico, quando foi nomeado @houveessahistoria
suplente do Juiz Municipal de Grajaú. Mas foi após a Proclamação da República que seu
poder e prestígio atingiram o auge. Com o advento da República, tornou-se o principal
chefe político de Grajaú, com influência em todo o sul do Maranhão. Como a figura do
Partido Liberal mais influente do interior maranhense, angariou diversos inimigos que
queriam ver sua influência reduzida, entre os mais destacados, os líderes conservadores
Benedito Pereira Leite, Araújo Costa e o federalista Jeferson Nunes.

De líder liberal à Guerra do Leda

Nos embates políticos entre 1895 e 1898 em Grajaú, conhecidas como a "Guerra do Leda",
Leão Leda foi a figura mais proeminente. Angariou apoio em todo o Alto Sertão do Mearim,
arregimentando grupos armados que corriqueiramente confrontavam as forças oficiais do
governo conservador de São Luis. O estopim da fúria do governo maranhense foi quando
declarou em Grajaú a formação da República de Pastos Bons, auto-declarando-se seu
primeiro presidente. Não obteve o apoio desejado, e mergulhou seu grupo num sangrento
conflito no ano de 1898.
Em 16 de agosto de 1898, durante o auge do conflito, é assassinado o Promotor Público
de Grajaú, Dr. Estocolmo Eustáquio Polary, em agosto de 1898, morte atribuída ao grupo
de Leda e ao seu genro Tomaz Moreira. A morte do promotor justificou o envio pelo
governo maranhense de um grande contingente do Corpo Militar do Estado, forçando o
grupo de Leda a fugir para o norte do estado do Goiás (atual Tocantins).
Prefeito e Revolta de Boa Vista @houveessahistoria

Entre 1898 e 1889 vagou pelo sul do Maranhão e norte do Goiás até que em 1900
fixa-se em Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis). Adquiriu várias propriedades
rurais na região de Boa Vista, tornando-se muito rico. Aos poucos refaz seu grupo
político.
Como o apoio do presidente do estado de Goiás Rocha Lima, disputa e vence as
eleições municipais de Boa Vista do Tocantins em 1907, dando um grande golpe no
poder das autoridades eclesiásticas, que dominavam a política local. Por conta do
resultado dessa eleição angaria outro rival, o padre e político João de Sousa Lima.
Como Padre João passou a fazer oposição às suas ações à frente da prefeitura, os
grupos passam a confrontar-se com armas, além de realizar saques contra as
propriedades de membros rivais de seus grupos. Leão Leda declarou no calor da
Segunda Revolta de Boa Vista a criação do Estado de Pastos Bons, pondo toda a
região naquele que foi o maior conflito do Bico do Papagaio até a Guerrilha do
Araguaia.
O grupo de Leda qual a princípio vencia o conflito teve um grande revés com a eleição
do Padre Lima como deputado estadual. O Padre Lima conseguiu apoio do governo e
realizou diversas manobras enfraquecendo politicamente o grupo rival. A escalada do
conflito chegou ao seu apogeu quando foi assassinado o genro de Leda, Tomaz
Moreira pelo grupo do Padre Lima; o conflito destruiu toda a estrutura da cidade de
Boa Vista. Vendo-se cercado, o grupo de Leda foge para o Pará
Chegada a Conceição e Morte @houveessahistoria

Em finais de 1908, Leão Leda instalou-se em Conceição do Araguaia que tinha sido
incorporada (juntamente com Marabá, São João do Araguaia e o restante do sudeste
do Pará) ao estado de Goiás, durante os desdobramento da Segunda revolta de Boa
Vista no Pará (Revolta dos Galegos e Declaração de Marabá). O artífice da vinda de
Leda à Conceição foi Estevão Maranhão que era seu sobrinho.

O bispo do Araguaia, Dom Domingos Carrerot, aliado de Padre Lima, começou a


confrontar a ele e seu grupo publicamente, em virtude de suas posições liberais e da
convicção quanto a criação de um estado englobando o sudeste do Pará e o norte do
Goiás. Dom Carrerot começou difamando sua pessoa, afirmando ser ele um maçom e
herege. Acusou-o também de ser judeu, que de fato era.

Os grupos de Carrerot e Leda atacavam-se mutuamente até que em 8 de março de


1909, aproximadamente às 11 horas da manhã, uma turba incendiada por Dom
Carrerot cercou a casa de Leão Leda; após 24 horas de conflito, a maioria das
pessoas que estava na casa havia sido morta. A turba capturou Leda e seu filho
Mariano, sendo linchados e mortos em praça pública no dia 9 de março de 1909.
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Massacre de Alto Alegre (1901)


✔ Local: Barra do Corda, comunidade de Alto Alegre.
✔ Causas: - o avanço do latifúndio e a expansão do gado, levando os
índios a perderem suas terras; - a tentativa violenta de imposição
cultural do branco; -a captura de curumins à força.
✔ 13/março/1901: massacre de aproximadamente 200 pessoas, entre
padres, freiras e colonos pelos índios Guajajaras.
✔ Cerca de 800 índios foram mortos na reação das autoridades nos
dias subsequentes. E outros tantos nos anos seguintes.
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Manoel Bernardino - o “Lênin do Sertão”


✔ Camponês que morava na região entre D. Pedro e Presidente Dutra.
✔ Lutou contra os desmandos dos coronéis e defendia os
camponeses. Diante da oposição a seu governo, Urbano Santos
mandou um contingente de 600 homens para região. Não
encontrando Bernardino, alguns de seus seguidores foram fuzilados.
✔ Em 1925, Manoel Bernardino e os perto de duzentos homens que o
seguiam se juntaram à Coluna Prestes.
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A ECONOMIA MARANHENSE NA REPÚBLICA VELHA

AGRICULTAVEIS
Plantado principalmente em Balsas, Barra do Corda, Mearim e Itapecuru
BABAÇU
- Utilidades: óleo bruto, combustível, ceras, sabonetes e glicerina
- Era exportado para os países europeus envolvidos na primeira guerra
- Instalação de uma empresa estrangeira no maranhão, a overseas company
ARROZ
- Se desenvolveu graças a disponibilidade de mão de obra e terras agricultáveis
CRISE DA INDÚSTRIA
Falta de mão de obra
Crise econômica gerada pela crise do encilhamento
Preço dos fretes elevados
O Vitorinismo (1947-1964) @houveessahistoria
✔ Vitorino Freire
• Egresso do movimento tenentista;
integrou a equipe do ministro de Viação e Obras Públicas, José Américo de Almeida e dirigiu o
Departamento de Meteorologia sob a gestão do ministro da Agricultura, Juarez Távora, cargo
do qual se afastou para combater a Revolução Constitucionalista de 1932. Diretor do
Departamento Nacional de Saúde Pública por força do ministro da Educação, Gustavo
Capanema, foi escolhido secretário-geral do Maranhão em 1933 e nessa condição serviu ao
interventor Antônio Martins de Almeida. Oficial de gabinete do presidente da Câmara dos
Deputados, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, afastou-se da política maranhense durante o
Estado Novo por recomendação do presidente Getúlio Vargas e foi contemplado com uma vaga
no gabinete de João de Mendonça Lima, ministro de Viação e Obras Públicas.
Na capital maranhense foi diretor dos jornais A Tarde e Diário de São Luís.
• Volta na década de 40 para consolidar o poder de Getúlio.
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O Vitorinismo (1947-1964)
✔ Vitorino Freire: foi o mais influente político maranhense durante a
República Populista 🡪 todos os governadores eleitos foram
correligionários de Vitorino Freire e indicados por ele.
✔ Nomeou delegados, procuradores, elegeu deputados, senadores e
governadores.
✔ “Vou ao Maranhão apertar as cangalhas!”
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O Vitorinismo (1947-1964)
✔ Greve Geral de 1951, a “Balaiada Urbana”:
- Maior movimento urbano de São Luís;
Eugênio Barros (Apoiado por Vitorino)
X
Saturnino Belo (Oposições Coligadas)
Apoiado por Neiva Moreira.

- Com a apuração, Saturnino começa a sair na frente. Vitorino, percebendo


que a derrota se aproximava, consegue que o TER anulasse 31 seções (16.000
votos aproximadamente).
Após o ingresso no PSD foi eleito deputado federal em 1945 e assim ajudou a @houveessahistoria
elaborar a Constituição de 1946. Contudo, em questão de poucos meses, migrou
para o Partido Proletário do Brasil (PPB) e elegeu-se senador em 1947, ano que seu
correligionário, Sebastião Archer, elegeu-se governador do Maranhão. Mudar de
partido foi a saída que a corrente "vitorinista" encontrou para conquistar o Palácio dos
Leões após a vitória de Genésio Rego à convenção do PSD.

Em 1950 discordou da escolha de Altino Arantes como candidato a vice-presidente da


República via PSD e disputou o cargo de forma avulsa pelo PST e nesse ínterim foi o
mais votado em todo o Maranhão, o que permitiu ao seu aliado, Eugênio de Barros,
eleger-se governador do estado. Reintegrado ao PSD, foi reeleito senador em 1954 e
1962, escolhendo filiar-se à ARENA após a outorga do bipartidarismo pelo Regime
Militar de 1964.

A hegemonia do "vitorinismo" terminou em 1965 quando o deputado federal José


Sarney venceu as eleições para o governo do Maranhão pela UDN com o auxílio do
presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, embora o novo governador,
curiosamente, tenha iniciado a carreira política no PSD. Estabelecida a rivalidade,
cada um passou a liderar sua própria facção da ARENA. Graças à amizade de seu
líder com o presidente Ernesto Geisel, o "vitorinismo" foi agraciado com a escolha de
Osvaldo da Costa Nunes Freire como titular do Palácio dos Leões em 1974.
A Greve de 51 @houveessahistoria
A greve de 1951, não foi somente o resultado de uma aliança eleitoral. Significou o mais
formidável movimento urbano da história do Maranhão. Representou movimento popular amplo,
radical e heterogêneo que mobilizou a massa urbana revoltada com as práticas fraudulentas e
coronelistas de Victorino Freire, cujas consequências foram marcantes. Ela também foi um
poderoso movimento social, onde as multidões obrigaram realmente todas as correntes a
enfrentar as questões colocadas pelos manifestantes maranhenses. Apesar da proibição das
forças de repressão, acabou se desenvolvendo uma manifestação. Evocou-se um movimento
espontâneo e a ira dos trabalhadores, operários e trabalhadores em geral foi crucial para o
sucesso da revolta. A contradição entre os revoltosos e a moderação dos dirigentes e políticos,
que não desejavam, aparecia mais claramente nos jornais no dia a dia de São Luís. Durante o
desfecho do movimento, como estratégia, os rebeldes fecharam o porto de São Luís,
diminuindo a oferta de alimentos no Estado. São Luís ficou totalmente paralisada por uma
greve geral nos meses de fevereiro, março e posteriormente setembro e outubro. Nesse
contexto, o movimento alcançou grande repercussão nacional e internacional,
transformando-se numa campanha de libertação contra o julgo vitorinista.
A ERA SARNEY (1966-2006) @houveessahistoria
✔ Eleito deputado federal em 1958, pela UDN, iniciou sua trajetória política. o golpe
de 1964, forneceu-lhe as condições materiais para a formação da nova oligarquia
maranhense (Governo patrimonialista).
✔ 1966: Eleito governador do Maranhão, vencendo Renato Archer e Costa Rodrigues.
✔ Processo de modernização e desenvolvimento: “Maranhão Novo”.
✔ Recebeu apoio financeiro dos militares.
✔ Criação da TVE, SUDEMA, Hidrelétrica de Boa Esperança, Escolas de Agricultura,
Administração e Engenharia, Rodovias, Porto de Itaqui, Ponte sobre o Rio Anil,
Projeto ALUMAR.
✔ Criação da Lei de Terras do Maranhão (regulamentação das terras públicas
estaduais) – favorecimento de particulares e grupos estrangeiros
✔ Ruptura: José Reinaldo Tavares
✔ Jackson Lago e Flavio Dino

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