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HISTÓRIA DO MARANHÃO Professor Ranilton

M ÓDULO I – O M ARANHÃO COLONIAL


OS EUROPEUS NO MARANHÃO
Primeiros contatos
▪As Capitanias do Maranhão: Considerando os limites da atualidade, haviam
duas capitanias no Maranhão, a primeira doada a João de Barros e a
segunda a Fernão Álvares de Andrade. Em 1535 foi organizada uma
primeira expedição às terras do Maranhão em parceria com Aires da Cunha.
Porém a expedição fracassou, os navios naufragaram na baía do Boqueirão.
Todas as outras que a sucederam também fracassaram por diversos motivos,
que vão desde os obstáculos do nosso litoral até os ataques indígenas;
Obs: Esses infortúnios somados ao desinteresse geral dos portuguesas por suas
terras na América, resultou no abandono do território maranhense por
praticamente todo o século XVI;
▪A falta de um projeto estratégico de conquista por parte dos portugueses,
de suas terras americanas, acabaram estimulando a cobiça de outras
potências europeias, principalmente dos franceses que, inclusive, já
questionavam o “testamento de Adão” que dividira o mundo entre Portugal
e Espanha.

A França Equinocial

OS FRANCESES NO MARANHÃO
▪ Após estabelecer domínios coloniais no Rio de janeiro em 1555 – França
Antártica – que serviu de refúgio para calvinistas protestantes, conquista
que chegou ao fim em 1567 com a expulsão dos invasores, os franceses
promoveram uma segunda invasão ao território, desta vez ao norte, nas
terras do Maranhão;
Obs:Em 1612 se estabeleceu a França Equinocial, momento em que Portugal
e Espanha estavam unidos sob a mesma coroa, na chamada União Ibérica;
Obs. (cont)Rainha Regente da França, Maria de Médici, disponibilizou
recursos, juntamente com investidores franceses, para a organização de uma
expedição marítima com destino ao Maranhão que partiu da França em
março de 1612;
Destaca-se que navegadores franceses com Des Vaux e Riffault

O forte São Luís


•Os franceses se estabeleceram em Upaon-Açu por volta de julho de 1612,
onde mantiveram aliança com os índios e construíram um armazém;
•Também fundaram um forte, de pau a pique, localizado entre os rios Anil e
Bacanga, de frente para o litoral da ilha, denominado Forte São Luís. Para
os historiadores dos século XIX e XX, este forte é o símbolo da fundação
francesa do Maranhão. Porém, na atualidade, alguns historiadores
questionam essa versão afirmando que o forte não passou de uma
construção de madeira com modestas palhoças em volta, localizado no alto
do morro;
•Após a expulsão dos franceses, os portugueses construíram no local um
complexo militar denominado de fortaleza de São Felipe.

A CRISTIANIZAÇÃO DOS ÍNDIOS


•Os franceses adotaram como ato principal do contato com os povos
nativos da ilha, a cristianização, a catequese a partir do batismo e do uso
de crucifixos e adoção de termos e costumes religiosos;
•A missão dos Padres Capuchinhos foi exitosa, pois consolidaram uma
aliança com os nativos que, inclusive, chegaram a ser enviados para a
França;
•Outro aspecto importante da presença francesa foi o reconhecimento da
ilha e da porção norte da região conquistada. Os rios Mearim e Itapecuru
chegaram a ser descritos pelos franceses;
Obs: Os franceses, com o auxílio dos índios, construíram capelas, exploraram
a região dos rios Mearim e Itapecuru e iniciaram a plantação de algodão,
tabaco e cana fistula.

Batalha de Guaxenduba – A JORNADA MILAGROSA


•O domínio francês na costa norte alertou os países da União Ibérica (1580-
1640), Portugal e Espanha;
• Foi enviado o português Martim Soares Moreno para fazer o
reconhecimento das conquistas francesas. Já na costa cearense, essa
expedição incendiou alguns armazéns franceses;
• Posteriormente, o governador-geral do Brasil, Gaspar de Sousa, organiza
uma expedição comandada por Jerônimo de Albuquerque e Diogo Campos
com o objetivo de expulsar os franceses do território maranhense;
• Em 15 de junho de 1614, os combates se iniciam ainda no litoral cearense
com a vitória dos lusitanos. Em seguida, ocorre a batalha que possibilitou a
expulsão definitiva dos franceses das terras maranhenses, a Batalha de
Gaxenduba;
•Em Guaxenduba, na região do Munim, as tropas portuguesas conquistam
uma vitória surpreendente, já que os franceses tinham um número superior de
combatentes, entre brancos e nativos, e possuíam melhor estrutura de guerra.
Daí a expressão “Jornada Milagrosa”;
Obs: Para consolidar a vitória portuguesa, foi enviado ao Maranhão
Alexandre de Moura que expulsou, em definitivo, os franceses que ainda
resistiam em São Luís, sob o Comando de Daniel de La Touche. Os combates
chegam ao fim em 1615. A batalha ficou conhecida como Jornada
Milagrosa em virtude da lenda do aparecimento da Virgem Maria que teria
transformado areia em pólvora.
OS HOLANDESES NO MARANHÃO
Na idade moderna, embora em luta contra a Espanha pela independência
dos Países Baixos, os holandeses consolidaram-se no comércio marítimo;
No século XVII a Holanda já era uma das maiores potências comerciais
europeias, graças a criação de grandes companhias de comércio, também com
funções militares e políticas – Companhia das Índias Orientais de 1602 e
Companhia das Índias Ocidentais de 1621;
Os holandeses eram os maiores parceiros comerciais de Portugal no
transporte, refino e distribuição do açúcar na Europa;
Essa parceria, porém, só durou até 1580 quando, com a União Ibérica, a
Espanha que passou a controlar Portugal e decretou o embargo comercial;
A Holanda, sentindo-se prejudicada, resolveu romper o embargo e conquistar
os centros produtores de açúcar no nordeste;
Em 1624 ocorreu a primeira tentativa de ocupação na Bahia que
fracassou. Em 1630 os holandeses invadem Pernambuco onde permanecem
até 1524;
Sob a administração do Conde Maurício de Nassau deflagram a
expansão da conquista por todo o nordeste, até o Maranhão, controlando
não só a produção e exportação do açúcar como também o mercado
escravista;
Assim, em novembro de 1641, 18 navios e 2000 holandeses chegaram ao
Maranhão sob o comando de Koin Anderson e Jan Kornelizoon,
desembarcando na praia do Desterro;
Obs: O que explica a continuidade da ocupação holandesa no nordeste
mesmo após o fim da União Ibérica?
Com o fim da União Ibérica, Portugal e Espanha assinaram um tratado de
paz, porém Nassau ignorou esse tratado e continuo a expandir os domínios
holandeses até o Maranhão;
Os holandeses ao desembarcarem no Maranhão, passaram a agir com
extrema violência e brutalidade, diferentemente do caráter pacífico e
conciliador que Maurício de Nassau empregou em Pernambuco;
➢Os holandeses saquearam a igreja do Desterro;
➢Obrigaram os moradores a entregarem mantimentos e dinheiro;
➢Prenderam o governador maranhense e entregaram o cargo a Pieter Bas,
representante holandês;
➢50 prisioneiros foram exilados para as Antilhas;
➢Obrigaram os maranhenses a prestarem juramento de fidelidade a
bandeira holandesa e se converterem ao culto protestante calvinista;
➢Tomaram os engenhos do Itapecuru, Mearim, Alcântara exigindo de
imediato 5000 arrobas de indenização (1 arroba = 15 kg).
A REAÇÃO MARANHENSE
Diante da brutalidade e covardia dos invasores, já nos primeiros meses da
conquista nasceu um clima de revolta entre os maranhenses;
Os padres Lopo do Couto e Benedito Amadei incentivaram a população a
reagir;
O comando da reação
coube a Antônio Muniz
Berreiros e Teixeira de
Melo que, sem contar
com reforços vindos de
Portugal, impuseram
uma derrota
surpreendente aos holandeses nas Batalhas do Convento do Carmo e do
Outeiro da Cruz, em 1644. Essa vitória foi o marco inicial da expulsão
holandesa do Brasil.
A CRIAÇÃO DO ESTADO COLONIAL DO
MARANHÃO
Em 1621 Portugal determinou a divisão político-administrativa dos
seus domínios na América, criando o Estado do Maranhão com
sede em São Luís, e o Estado do Brasil com sede em Salvador;
Obs: Essa divisão se justificava pela grande vulnerabilidade do
litoral norte da colônia, constantemente ameaçado de invasão, a
necessidade de encontrar um acesso às regiões de extração de
prata do continente e à maior proximidade da região em relação
à Portugal o que facilitava a comunicação e o transporte de
mercadorias e pessoas;
•Após sucessivas mudanças, em 1751 a sede do governo foi transferida
para Belém e o estado passou a se chamar Grão-Pará e Maranhão. Após
uma série de mudanças administrativas o estado foi mais uma vez extinto
em 1777 por Dom José I.

A Revolta de Beckman
•Em 1682 a Coroa Portuguesa decide criar a Companhia de Comércio do
Maranhão, estabelecendo o sistema de estanco por 20 anos, tempo em que
duraria o monopólio da companhia9;
•O monopólio metropolitano estabelecia privilégios para a coroa como o
comércio exclusivo dos produtos da lavoura maranhense;
•Em troca a companhia deveria abastecer os colonos de escravizados vindos
da África, além de gêneros manufaturados como tecidos, ferramentas e
outros gêneros de primeira necessidade;
•Obs: Ocorre que os colonos logo começaram a sofrer com os preços praticados
pela companhia que fraudava os pesos e medidas para comprar os produtos
maranhenses mais barato e, por outro lado, não abastecia os colonos com um
número suficiente de escravos, bem como trazia manufaturados de qualidade
inferior. Outra insatisfação dos colonos maranhenses era a proibição da
utilização da mão de obra dos povos originários, que então estavam sob a tutela
dos padres jesuítas que, por sua vez, utilizavam o trabalho dos nativos na lavoura
de suas missões. O clima hostil entre os colonos e os jesuítas envolveu a Câmara
Municipal, que em várias ocasiões chegou a expulsar os jesuítas. Porém, por sua
influência na Europa, os missionários acabavam voltando.
▪A Revolta de Beckman, portanto, apesar de ser identificada como um movimento
nativista, foi na verdade a primeira grande insurreição que questionava a ordem
colonial imposta ao Brasil;
▪O movimento tem início em 1684. Liderado pelos irmãos Manuel Beckman e Tomás
Beckman, os rebelados depuseram o governador Francisco Sá de Meneses,
decretaram a expulsão dos jesuítas e fecharam os armazéns do estanco e
estabeleceram uma junta governativa;
▪A revolta, no entanto, foi rapidamente reprimida em virtude do seu isolamento em
São Luís, já que não houve adesão de Belém e Tapuitapera (Alcântara);
Obs.: Tomás Beckman, então, foi enviado a Portugal com a missão de demonstrar ao
rei que a revolta não pretendia romper com Portugal, e sim denunciar o monopólio
da Companhia e a atuação dos jesuítas que traziam enorme prejuízo aos colonos e,
consequentemente, à própria corte portuguesa. A comitiva, no entanto, nem foi
recebida pelo rei que já havia sido previamente informado. Todos foram presos ao
desembarcar em Lisboa e levados de volta para o julgamento na colônia. Manuel
Beckman, traído que foi por Lázaro de Melo, foi condenado à morte por
enforcamento.
A SOCIEDADE NO MARANHÃO COLONIAL
Filhos do Reino: Poder econômico e político
Nacionais ou descendentes de europeus: Ricos Proprietários (terras e escravos)

Miscigenados: Artesãos, pequenos comerciantes e outras ocupações

Negros Escravizados: Principal mão-de-obra da lavoura

Povos Originários: Escravizados, trabalhos domésticos e


coletas extrativismo.
Obs: Na sociedade colonial maranhense havia profundo abismo social,
concentração de renda e poder político, e tinha como como principal
marca o patriarcalismo e o escravismo.
AS FRENTES DE OCUPAÇÃO DO MARANHÃO
➢Frente Litorânea: Se expandiu além do litoral, alcançando os rios
Itapecuru, Pindaré, Mearim e Munim, a partir do século XVII;
➢Frente Pastoril: Originária do nordeste, mais precisamente da
região do rio São Francisco, partindo de Pernambuco e Bahia,
passando pelo Piauí, que penetrou o sertão maranhense, por
áreas do interior, por volta de 1730, tendo como região de
entrada os sertões de Pastos Bons;
Obs: O gado bovino chegou ao Maranhão com a cana-de-açúcar,
tendo sua criação ligada aos engenhos, para servir como força de
tração, alimento e transporte. Porém, rapidamente tornou-se uma
atividade independente, voltada para o consumo local. A criação
de gado bovino foi crucial para a ocupação do interior do Brasil,
não sendo diferente no caso do Maranhão.
O PERÍODO POMBALINO NO MARANHÃO
➢A nova política implementada pela ascensão de D. José I e de Sabastão José
de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, que passou a governar Portugal e
suas colônias no contexto do chamado “despotismo esclarecido”;
➢Com o objetivo de fortalecer o Estado Português e diminuir sua dependência em
relação à Inglaterra, principalmente após o Tratado de Methuem que garantia
privilégios aos ingleses.
Principais medidas do Marquês de Pombal:
Expulsou os jesuítas de todo o reino, extinguiu o sistema de capitanias e mudou a
capital da colônia para o Rio de Janeiro; implantou a derrama que era a
cobrança compulsória dos impostos devidos à coroa; criou o estado do Grão-Pará
e Maranhão com capital em Belém em 1755; implantou a Companhia de
Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que fortaleceu o tráfico negreiro para a
região, fomentou a plantation algodoeira no Itapecuru, introduziu o arroz, sendo a
responsável pela projeção econômica do Maranhão no cenário nacional.
A lavoura algodoeira teve um estímulo externo adicional com a
guerra de independência dos EUA e com o início da revolução
industrial.
➢Após 22 anos de relevante atuação na região, a Companhia foi
extinta com a morte de D José I e a demissão do Marquês de
Pombal. A Rainha Maria I fechou as companhias, extinguiu os
investimentos e proibiu até a instalação de fábricas na colônia.
Porém a economia maranhense seguiu seu curso e os efeitos desse
período fez com que as lavouras de arroz e, especialmente, de
açúcar e algodão atingissem o seu apogeu.
OS INGLESES NO COMÉRCIO: O MARANHÃO NO SÉCULO XIX
➢Os ingleses tinham especial interesse pelo algodão maranhense e fundaram
várias casas de comércio em São Luís, onde comercializavam os mais variados
produtos, favorecidos pelo tratado de Comércio e Navegação de 1810
assinado com Portugal após a vinda da família real para o Brasil, que
garantia aos ingleses grandes privilégios.

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