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FUNDAMENTOS DA

LÍNGUA ESPANHOLA

Aline Azeredo Bizello


Introdução à língua
espanhola
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a língua espanhola como elemento cultural.


 Identificar diferentes modos de comunicação em espanhol.
 Estabelecer a importância da língua espanhola no cenário mundial.

Introdução
A língua espanhola é o idioma oficial de 21 países de três continentes
diferentes, e cada um deles tem o seu conjunto de tradições e costumes,
que constituem a sua cultura. Nesse contexto de diversidade, como re-
conhecer a língua espanhola como elemento cultural? Como o espanhol
atinge determinada importância no panorama mundial?
Neste capítulo, você vai estudar a cultura da língua espanhola, os
diferentes modos de comunicação nesse idioma e a posição do espanhol
no cenário mundial.

Cultura
A língua espanhola surgiu numa região que vivia em guerra e que, por isso,
era cheia de fortificações e castelos de pedra — motivo pelo qual esse lugar
passou a se chamar Castela (em espanhol, Castilla). As pessoas que viviam
nessa região falavam o latim de forma diferente: misturavam termos germâ-
nicos e romanos.
No período da reconquista, houve uma desagregação dos povos, que fez
com que não houvesse mais comunicação entre eles. Essa não comunicação
gerou muitas diferenças e, por isso, surgiram o galego, o catalão, o basco e o
castelhano (língua de Castela). Entretanto, devido à força política e literária
de Castela, o castelhano passou a ser considerado mais importante. Dessa
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forma, o latim vulgar falado antes se modificou. Outras línguas se misturaram


a ele e, ao contrário do que ocorreu com os seus vizinhos, surgiram mais
ditongos, e os falantes diminuíram as vogais postônicas e introduziram sons
guturais e velares.
É importante destacar, porém, que essas mudanças eram predominante-
mente orais. Na escrita, a chamada língua romance ganhou mais espaço na
época dos reis católicos, pois passou a ser tratada como língua oficial da corte
e, assim, foi se desprendendo das regras latinas. Dessa forma, o castelhano
apareceu na literatura, nas crônicas reais e na legislação. Outra mudança
significativa do período do Rei Alfonso X foi a ordem da frase, que passou a
se basear em sujeito, verbo e complemento. Além disso, o latim culto passou
cada vez mais a se misturar com o latim vulgar. Nessa época, também houve
a mistura com o galego, o catalão, o italiano e o francês.
Durante a conquista da América, embora os espanhóis impusessem a sua
língua como oficial, o contato com os povos conquistados levou esse idioma a
mais transformações. No período depois da conquista da América, o espanhol
se assemelhava mais ao que é hoje. Nessa época, surgiram as regras de bom
uso da língua e, para isso, Antonio de Nebrija escreveu a Gramática castellana
e Juan Valdés escreveu o Diálogo de la lengua. Na literatura, a obra de Cer-
vantes, além da sua importância literária, surgiu como modelo de perfeição
de linguagem: ele mesclou a linguagem culta do personagem Quixote com a
língua do povo do personagem Sancho.
Outro fato que contribuiu para a força da língua espanhola foi a fundação
da Real Academia Española (RAE), em 1713, indo ao encontro do momento do
espanhol no mundo. Embora a Espanha como país não estivesse em evidência,
o espanhol era considerado a língua da ciência e da educação. De acordo com
o Portal do Governo da Espanha (2017, documento on-line), o país:

[…] contaba en 1492 con una potente maquinaria de guerra, una sólida eco-
nomía, una proyección exterior, una experiencia marinera y exploradora de
rutas mercantiles y un notable potencial científico-técnico: matemáticos,
geógrafos, astrónomos y constructores navales.

A conquista da América gerou uma questão a ser resolvida: como nomear


a língua? Castelhano, por ser a língua de Castela, ou espanhol, por ser a
língua da Espanha? Ainda que as duas denominações sejam adequadas, os
hispanohablantes da América costumam dizer que falam castelhano, e não
espanhol — que seria a língua da Espanha. Veja na Figura 1 os países que
falam espanhol (SÓ ESPANHOL, 2018).
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Figura 1. Países que falam espanhol.


Fonte: Só Espanhol (2018).

Um aspecto que merece destaque é que, ao longo da história do castelhano,


houve uma mistura com outras línguas que se adequaram ao espanhol. Segundo
Fuentes (1991, p. 97), “[…] a partir de la revolución industrial del siglo XIX, y
con la intensificación del comercio anglosajón, se adoptaron muchos términos
del inglés que se adecuaron al español”.
Nesse contexto, foi construída a identidade cultural da língua espanhola:
com diversidade e mistura de valores. Aliás, a própria história da Espanha se
fundamenta na diversidade e na influência de diferentes povos, que deixaram
as suas marcas nas tradições, na língua e na arquitetura do país.
Uma das tradições mais conhecidas da Espanha é a tourada, um evento
ocorre em Plazas de Toros espalhadas por todo o país. Entretanto, na atualidade
esse aspecto cultural tem sofrido modificações e é inclusive proibido em várias
regiões. De acordo com Jokura (2018, documento on-line):

É um espetáculo sangrento em que um toureiro enfrenta, quase sempre até a


morte, um touro selvagem dentro de uma arena. A fiesta nacional da Espanha
tem origem em caçadas a touros que rolavam já no século 3 a.C. No fim do
século 18 — quando assumiu seu formato atual —, a distração já havia caído
definitivamente no gosto popular.
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Além disso, a Espanha é conhecida pelas suas festas populares.

 Las Fallas: ocorre em Valência como uma competição de grandes


esculturas, que são conhecidas como fallas.
 Semana Santa: no sul da Espanha, durante a Páscoa, várias procissões
percorrem as cidades, principalmente Sevilha e Granada, as quais são
decoradas com flores e símbolos religiosos.
 Feira de Abril: em Sevilha, ocorre uma festa com comidas e bebidas
típicas, apresentações culturais e passeios de carruagem com trajes
típicos.
 Fiestas de San Fermín: ocorrem em Pamplona como uma homenagem
ao padroeiro da região. Os participantes se vestem de branco e usam
um lenço vermelho no pescoço, antes de saírem correndo diante dos
touros que são soltos nas ruas estreitas da cidade.
 La Tomatina: trata-se de uma batalha de tomates que ocorre em Buñol,
a qual começa às 11h e dura o dia todo. Surgiu em 1945, quando um
grupo de amigos fez uma guerra de tomates.

A Argentina, na época das imigrações europeias, recebeu muitos estran-


geiros, e a sua cultura é resultado dessa mistura. O tango, uma das suas
maiores marcas, era considerado no início impróprio a ambientes familiares,
pois surgiu nos subúrbios e bordéis. Quando passou a ser admitido nos salões,
abdicou das coreografias mais extravagantes e sensuais. Outras marcas desse
país são o futebol, o churrasco e o vinho.
A Bolívia é um dos países colonizados pela Espanha que mais apresenta
uma cultura autóctone. A tradição artística indígena aparece no exterior dos
edifícios, geralmente revelando a flora e a fauna locais.
O Chile é um país que apresenta uma mistura cultural: há uma forte presença
indígena (especialmente os mapuches) junto aos costumes católicos herdados
dos espanhóis. Uma curiosidade a respeito desse país é que ele foi conquistado
pela Espanha apenas no século XVII. A partir disso, teve uma grande explo-
ração dos recursos naturais, que o levou a um auge econômico. A literatura
chilena conta com prêmios Nobel (Pablo Neruda e Gabriela Mistral) e com
muitas vendas internacionais, principalmente com as obras de Isabel Allende.
A Colômbia é um país marcado pelas festas culturais. O carnaval de negros
e brancos ocorre em Pasto, a partir da primeira semana de janeiro, desde 1546,
reunindo tradições étnicas andinas e do pacífico. Em 2009, foi declarado
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O carnaval de
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Barranquilla é o principal festival colombiano, sendo reconhecido internacio-


nalmente, e se destaca entre outros importantes festivais da América Latina.
As Festas de Padroeiro (em San Andrés) envolvem todo o complexo de ilhas,
com muita música caribenha e pratos típicos dessa região insular. Vale ressaltar
também que, na Colômbia, há touradas em muitas festas.
A Costa Rica é um grande mosaico cultural. Há uma mistura da cultura
africana, trazida pelos escravos, da caribenha, da espanhola e da jamaicana,
resultado da imigração de trabalhadores.
Cuba é um país conhecido pela implementação e manutenção do regime
socialista, e pouco se fala nas mídias sobre a sua cultura. Ela é fruto da mistura
dos aspectos espanhóis com costumes africanos, e a música é a expressão mais
destacada nessa cultura: a rumba e a salsa são dançadas em todos os espaços.
O Equador tem na sua cultura a expressão da mistura de povos indígenas.
As culturas pré-colombianas se destacam em cerâmica, confecção, escultura,
pintura e trabalhos com ouro e prata. Na arte religiosa, presente em museus e
igrejas, destacam-se as obras coloniais religiosas realizadas pelos indígenas.
Em El Salvador, há uma mistura da cultura indígena (representada pelo
legado do mundo maia) com a cultura espanhola (representada pelas constru-
ções arquitetônicas religiosas).
Na Guatemala, a cultura maia está na religião, na arquitetura, nos costumes
e nas vestimentas. Entretanto, a presença espanhola na época da colonização
fez com que aspectos europeus se misturassem a essa cultura e formasse o
que hoje é a cultura guatemalteca.
A Guiné Equatorial está localizada na África Ocidental. Como foi inicial-
mente colonizada por portugueses, tem raízes portuguesas na sua cultura —
alguns habitantes da região falam português, mas cerca de 90% da população
fala espanhol. Essa mistura de colonizadores deixou marcas, como o legado
ibérico na gastronomia: a preferência por frutos do mar e o uso de azeite
estão muito presentes. O cristianismo é a religião com mais praticantes, mas
também há influências africanas.
Em Honduras, o espanhol é a língua predominante, embora alguns habi-
tantes usem o inglês, e há misturas com dialetos indígenas e com o dialeto
garifuna. Mistura é a palavra-chave para definir a cultura hondurenha: as
ilhas da Baía têm população composta quase que totalmente por ingleses,
contrastando com as ilhas de Bata, cuja população é em sua maioria negra.
O México foi território de muitas civilizações, das quais se destacam os
maias e os astecas; logo, a sua cultura é marcada pelo legado desses povos
e pela colonização espanhola. Uma evidência da pluralidade mexicana é a
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gastronomia, que foi reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade


pela UNESCO em 2010. De acordo com o Portal Universia ([201-?], documento
on-line),

[...] a cozinha mexicana mistura ingredientes típicos da época pré-hispânica,


como o milho, o chile, o cacau, o abacate e o nopal, com outros que foram
introduzidos durante a época colonial, como as carnes, o arroz e o trigo. O
pulque, a tequila e o mescal são as bebidas mais características.

Uma festa popular no México é a que celebra o dia dos mortos: nos ce-
mitérios, as pessoas comem, bebem, tocam músicas e realizam oferendas.
Na Nicarágua, não há religião oficial, mas a maioria da população é católica.
A literatura nicaraguense projetou-se no mundo com o modernista Rubén
Darío, considerado um dos maiores poetas hispano-americanos.
O Panamá apresenta uma cultura em que há uma mistura das tradições
espanholas, africanas, ameríndias e norte-americanas. De acordo com Nadale
(2018, documento on-line), “No Corpus Christi, uma das tradições são os
‘diabinhos sujos’: figuras com máscara de papel machê, mortalha (geralmente
preta e vermelha), castanholas e um sininho. Eles dançam pelas ruas, jogam
água nas pessoas e fazem bagunça com as crianças”.
A principal língua falada no Peru é o espanhol, a segunda mais falada é o
quéchua — a língua antiga dos incas. Essa coexistência de culturas se mani-
festa em todos os aspectos da sociedade peruana, como a religião: a maioria
da população peruana é católica, mas muitas crenças e costumes tradicionais
permanecem. Há vários festivais tradicionais que mostram isso; o exemplo
mais famoso é o festival Inti Raymi, quando Inti, o deus do Sol da cultura
inca, é honrado em uma procissão.
Porto Rico tem uma cultura marcada pela colonização espanhola e pela
condição contraditória de, mesmo após a independência, sofrer intervenções
dos Estados Unidos. Essa peculiaridade surge também na língua. De acordo
com as informações do Portal São Francisco ([201-?]), a “guerra da língua”
demonstra que a população quer defender a sua identidade todas as vezes
em que algum dos governadores tenta mudar a Lei da língua oficial única
(1949), a qual determina que o ensino na escola pública seja feito somente em
espanhol. “Porto Rico não é uma ilha bilíngue, mas um centro significativo,
criador de cultura hispânica, onde é utilizado também o inglês como instru-
mento de comunicação”, frisa Ramón-Darío Molinary (apud PORTAL SÃO
FRANCISCO ([201-?], documento on-line).
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A República Dominicana tem como principal aspecto da sua identidade


o merengue. Esse ritmo musical, que tem origem na fusão das músicas afri-
canas com o pasodoble espanhol, era considerado vulgar, mas atualmente é
a principal manifestação cultural da ilha.
O Uruguai tem forte tradição na figura do gaúcho, de onde surgem algumas
danças e músicas folclóricas, como a milonga. Contudo, as danças e os rituais
de origem africana revelam um rico folclore afro-uruguaio. O candomblé é
uma dança que surgiu dessa tradição.
Na Venezuela, a música é uma forte expressão da sua cultura. Trata-se de
uma mistura de espanhol com ritmos africanos e indígenas.
Em resumo, a língua espanhola é um elemento cultural de vários países de
diferentes continentes. Essa diversidade e mistura caracterizam as manifesta-
ções culturais de todas as regiões e contribuem com as variações linguísticas.

Comunicação em espanhol
Como em qualquer língua, há diferentes maneiras de expressar a mesma ideia
em espanhol. Contudo, há as mais usuais e mais adequadas, de acordo com o
contexto. Segundo Raúl Prada (2018, documento on-line):

[…] se puede definir la comunicación como el encuentro de un organismo


viviente con su medio ambiente o entorno, cuando se entiende por dicho
encuentro la recepción de informaciones sobre el mundo circundante y una
reacción ante la información recibida. Esta fórmula abarca todas las posi-
bilidades de "encuentro" del hombre con su medio ambiente físico, social y
cultural; las relaciones humanas en sus diversas manifestaciones: económicas,
políticas, deportivas, etc.; donde caben también niveles de relación con los
productos de la tecnología: comunicación hombre máquina en la industria, en
los procesos de aprendizaje y en los del entretenimiento. Incluye, asimismo,
la relación del hombre con los medios masivos. Cubre el entorno variado y
complejo que rodea al ser humano, esfera dentro de la cual actúa reaccionando
objetos, hechos, funciones y relaciones son agentes emisores de mensajes
para el receptor. Del entorno parten señales de variada índole que el hombre
acomoda a sus necesidades.

Nesse sentido, quem deseja se comunicar em outra língua — nesse caso, em


espanhol — precisa conhecer e praticar formas simples de comunicação. Por
exemplo, para perguntar um nome, podem-se usar as seguintes interrogações:
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¿Cómo te llamas?
¿Cuál es tu/su nombre?
¿Cómo se llama usted?

Observe que as duas primeiras formas, com o uso de se, são utilizadas em
contextos formais. Para dizer o seu nome, uma pessoa pode dizer:

¡Hola! Me llamo...
Mi nombre es...
Soy...

Contudo, a segunda forma indicada é pouco aplicada no dia a dia, surgindo


mais em contextos formais. Para saudar alguém, usa-se:

¡Buenos días! ¡Buenas tardes! ¡Buenas noches!


¿Cómo está usted? ¿Cómo tú estás? ¿Como está vos?
Hola, ¿qué tal?

Note que, ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, as saudações


de acordo com o turno do dia (primeiro exemplo), em espanhol, são feitas
no plural. As indicações que constituem o segundo exemplo são utilizadas
tanto na finalidade social (isto é, apenas para saudar) como para realmente
obter a resposta de como a pessoa está. Usted é usado em situações formais e
pode ser substituído, por exemplo, por ¿Cómo la señora está?. Tú indica um
tratamento mais informal e íntimo, enquanto vos ocorre em localidades em
que se usa o voseo.

Voseo é o uso do pronome vos na segunda pessoa do singular, no lugar do pronome tú.
O vos usa as mesmas estruturas gramaticais que o tú, e os verbos que o acompanham nas
frases quase sempre serão conjugados da mesma forma como se conjuga usando o tú.

Verifique no Quadro 1 as maneiras formais e informais de perguntar e de


responder como uma pessoa está.
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Quadro 1. Comparativo de perguntas formais e informais no espanhol

Formal Informal

¿Cómo está, Sr...? ¿Qué tal? ¿Cómo estás?

Muy bien, gracias. Muy bien, gracias.

¿Cómo se siente, Doña…? ¿Cómo te sientes, hijito?

Estoy mejor. Estoy mejor.

¿Qué le pasa, Don...? ¿No se siente bien? ¿Qué te pasa, …? ¿No te sientes bien?

No, me siento mal. No, me siento mal.

Observe que os formais se relacionam com os pronomes de tratamento,


que são flexionados na terceira pessoa. Já os informais são flexionados na
segunda pessoa. Os verbos são conjugados de acordo com o pronome utilizado.
Há também diferentes formas de perguntar sobre o estado civil de alguém.
Veja os exemplos a seguir.

¿Cuál es el estado civil de tu hermana?


¿Tu abuela está casada?
¿Tu primo está soltero?
¿Estás soltera o casada?

Observe que uma pessoa pode estar soltera ou casada e ser viúda ou
divorciada. Para conversar sobre a profissão das pessoas, pode-se recorrer a
diferentes perguntas:

¿A qué te dedicas?
¿En qué trabajas?
¿Qué haces?

Para responder a essas perguntas, o interlocutor pode dizer:

Soy...
Trabajo en...
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A comunicação pode ter como tema as datas. Nesse caso, podem surgir
questões como:

¿Qué día es hoy?


¿Qué día de la semana...?
¿Cuándo es...?

Num diálogo, os interlocutores podem fazer perguntas referentes a des-


crições, como:

¿Cómo es?
¿De qué número/talla?
¿De qué color?
¿Con qué estampa?
¿De qué está hecho?
¿Cómo está?

Veja no Quadro 2 como seria uma conversa sobre pedidos de comida.

Quadro 2. Pedidos de comida em espanhol

Falante A Falante B

¿Qué vamos a comer? Me gustaría...

¿Qué vamos a almorzar? Lo de siempre...

¿Qué hay para cenar? De entrada, hay...

¿Qué sirven en este restaurante? Una comida muy buena, tiene...

Há diferentes formas de pedir informações sobre uma localização. Veja:

¿Cómo se llega a ...?


¿Hay una... cerca de aquí?

Você notou que há situações em que se usa o verbo tener e, em outras,


o verbo haber? Geralmente, o verbo tener é utilizado para indicar posse, já
haber é aplicado para mostrar a existência. Além disso, haber nunca vai para
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o plural, enquanto tener nunca aparece com preposição. Assim, observe os


exemplos a seguir:

Mi barrio no tiene árboles.


En la sala, hay dos alumnos.
Las salas tienen aire condicionado.
En este barrio hay muchas flores.

Ao contrário do que ocorre na língua portuguesa, o verbo tener é utilizado


diante de hambre, sed, sueño e ganas. Veja:

Tengo hambre.
Todos tienen sed aquí.
Ella tiene sueño.
Tengo ganas de pasear.

Há situações em que a comunicação se relaciona com convites. Veja a


seguir como fazer para convidar alguém:

¿Quieres ir?
¿Te gustaría ir conmigo?
¿Te apuntas?

Observe que a segunda pessoa é sempre a forma escolhida. Para aceitar,


o interlocutor pode dizer:

¡Claro!
¡Por supuesto!
¡Sí!
¡Cuenta conmigo!

Para recusar, o interlocutor pode dizer:

No va a ser posible.
No, perdona, tengo otro compromiso.
Lo siento, no puedo.
12 Introdução à língua espanhola

Em situações de comunicações comerciais, costuma-se perguntar:

¿Cuánto vale?
¿Cuánto cuesta?
¿A cuánto está?

De forma geral, essas diferenças referem-se ao estilo do falante e à situação


de comunicação. Todavia, os diferentes modos de comunicação podem ser
oriundos das variações linguísticas. Nesse sentido, encontram-se, na língua
espanhola, diferenças de léxico (na Espanha, abacaxi é designado como piña;
na América, como ananá) e de pronúncia (a letra y pode ser pronunciada como
fonema vocálico ou como fonema consonantal palatal).
Em resumo, a observação e a aplicação dessas estruturas são fundamentais
para o desenvolvimento da aprendizagem de uma língua estrangeira. Segundo
Rosales Bremont, Zarate Ortiz e Lozano Rodríguez (2018, documento on-line):

En el aprendizaje de una segunda lengua son importantes dos términos: uno de


ellos es el aprendizaje de una lengua en sí, entendido éste como el desarrollo
de conocimiento consciente de la segunda lengua; es decir, el dominio de sus
reglas y fórmulas por medio de un estudio formal.

Portanto, para que haja uma comunicação eficiente em língua espanhola,


é necessário conhecer a cultura, os costumes e as variedades desse idioma.

Língua espanhola no cenário mundial


Quando se fala em comunicação, é inegável o papel da linguagem na com-
preensão e na possibilidade de relações políticas, financeiras, comerciais e
profissionais. Em um mundo globalizado, a comunicação eficiente é uma
exigência. Para isso, utilizar ou conhecer os mesmos sinais e símbolos que o
interlocutor é fundamental para emissores e receptores de mensagens. Assim,
num mundo composto por tantas línguas diferentes e culturas diversificadas,
é importante conhecer idiomas e culturas que podem facilitar ou engrandecer
as relações.
Apontar uma língua predominante ou mais importante é uma atitude
complexa, visto que há vários aspectos envolvidos, tanto nos critérios de
escolha quanto nos elementos que promovem um idioma. De acordo com
Xoán Lagares (2018, documento on-line):
Introdução à língua espanhola 13

[...] ao pensarmos as relações entre línguas no espaço mundial, devemos prestar


atenção nas relações entre os falantes, no modo como eles interagem entre
si, com falantes da sua mesma língua e de outros idiomas. Essas relações são
mediadas, por sua vez, por todo tipo de representações em torno de ideias de
beleza, utilidade, identidade, representatividade etc., e mesmo por interdições
sociais que têm a ver com os âmbitos de uso, as funções comunicativas ou
os gêneros discursivos implicados na utilização de uma ou de outra língua.
Assim, por exemplo, as "escolhas" de uso de falantes bilíngues, em situações
de línguas em contato, estão condicionadas por toda uma história de coer-
ções sociais construídas na relação entre grupos humanos e pelas relações
de poder existentes.

O espanhol soma um total de 480 milhões de falantes no mundo, segundo


o relatório do Instituto Cervantes de Madri (2018). Dessa forma, revela-se
como o segundo idioma mundial em termos de nativos — perde apenas para
o chinês. Se considerarmos ainda os aprendizes distribuídos em todos os
continentes, esse número supera os 577 milhões. Isso significa que “[...] el
español es la segunda lengua materna del mundo por número de hablantes,
tras el chino mandarín, y también la segunda lengua en un cómputo global de
hablantes (dominio nativo + competencia limitada + estudiantes de español)”
(INSTITUTO CERVANTES, 2018, p. 5). Veja outros dados indicados pelo
Instituto Cervantes (2018, p. 14):

En 2018, el 7,6% de la población mundial es hispanohablante (esos 577 millo-


nes de usuarios potenciales de español mencionados en la primera línea). Las
previsiones estiman que el peso de la comunidad hispanohablante en 2050
será ligeramente superior al actual (concretamente el 7,7% de la población
mundial). Sin embargo, dichas previsiones también pronostican que, en 2100,
este porcentaje se situará en el 6,6%, debido fundamentalmente al descenso de
la población de los países hispanohablantes. Más de 21 millones de alumnos
estudian español como lengua extranjera em 2018. En concreto 21.815.280.

Além desses números, que mostram a relevância do idioma, o espanhol é


o segundo idioma mais utilizado na comunicação internacional e o terceiro
oficial no campo da política, da economia e da cultura internacional. Veja a
seguir os números indicados pelo Instituto Cervantes (2018, p. 25).

La contribución del conjunto de los países hispanohablantes al PIB mundiales


del 6,9%.
El PIB generado por el conjunto de los países hispanohablantes es superior
al generado por el conjunto de los países donde el francés tiene estatus de
lengua oficial.
14 Introdução à língua espanhola

Norteamérica (México, Estados Unidos y Canadá) y España suman el 78%


del poder de compra de los hispanohablantes.
En 2016, el poder de compra de la población hispana de Estados Unidos era de
1,4 billones de dólares y se espera que en 2021 este alcance los 1,66 billones.
En el caso del español, la lengua común multiplica por cuatro las exportaciones
bilaterales entre los países hispanohablantes.
El 79% de las empresas exportadoras españolas cree que el hecho de que
en el mercado de destino se hable en español puede facilitar su actividad
internacional.

Parte desses números se deve à influência dos latinos na sociedade: dos


21 países nos quais o espanhol é a língua oficial, 19 são da América Latina.
Estes mostram um grande crescimento econômico, e isso gera a necessidade
de parcerias para negócios e o desenvolvimento de negociações. Nesse sentido,
amplia-se a importância da língua espanhola no cenário mundial. Para quem
negocia com esses países, é fundamental conhecer as suas particularidades,
isto é, a sua cultura. Esse conhecimento torna-se uma importante ferramenta,
já que quem desconhece a cultura de um povo pode cometer erros e gafes nas
relações cotidianas de trabalho, numa imigração a um país de fala hispânica
ou até mesmo num simples turismo no exterior. Conhecer a cultura de um
povo garante o respeito à identidade da população e uma adaptação menos
traumática para quem chega com outros costumes e vivências.
Vale ressaltar que algumas empresas têm exigido o diploma de espanhol
como língua estrangeira (DELE) para que possam se certificar do nível de
conhecimento que os seus colaboradores têm do espanhol. Para os brasileiros,
a importância desse conhecimento é ainda maior, porque, com os acordos
firmados com o Mercosul, ampliou-se o número de negócios entre empresas
brasileiras e estrangeiras que têm o espanhol como principal idioma. Essa
necessidade de desenvolver a língua dos hermanos é ratificada pelas exigência
de um mundo globalizado. Afinal, a comunicação com pessoas de diferen-
tes lugares do mundo é não só uma realidade, mas também uma exigência.
Conhecer outras línguas é, portanto, indispensável, seja no trabalho, seja
nos estudos, seja para o lazer, seja para o simples contato com pessoas de
outros países. Nesse sentido, vale ressaltar que o espanhol é a terceira língua
mais utilizada nas redes sociais. Veja os resultados de pesquisas do Instituto
Cervantes (2018, p. 40).

El español es la tercera lengua más utilizada en la Red.


El 8,1% de los usuarios de Internet se comunica en español.
El uso del español en la Red ha experimentado un crecimiento del 1.696%
entre los años 2000 y 2017.
Introdução à língua espanhola 15

Solo un país de habla hispana, México, se encuentra entre los diez con el
mayor número de usuarios en Internet.
El español es la segunda lengua más utilizada en Wikipedia, en Facebook
y em Twitter.
El número de usuarios de Facebook en español coloca a este idioma a gran
distancia del portugués y del francés.
El español es la segunda lengua más utilizada en Twitter en ciudades mayo-
ritariamente anglófonas como Londres o Nueva York.

O Brasil está muito próximo de países que têm o espanhol como o idioma
oficial. Além disso, em algumas regiões dos Estados Unidos, essa também é
uma língua importantíssima nas relações comerciais — 15% da população do
país têm o espanhol como a sua primeira língua. Portanto, conhecê-la facilita
também os negócios financeiros e profissionais com a maior potência do mundo.
Há ainda muitos estudantes de espanhol nos Estados Unidos: “[…] el número
de alumnos matriculados en cursos de español en las universidades estadou-
nidenses supera al número total de alumnos matriculados en cursos de otras
lenguas” (INSTITUTO CERVANTES, 2018, p. 15). Na África, desde 2001 o
espanhol é considerado uma das línguas oficiais da Organização da Unidade
Africana (OUA), juntamente com o árabe, o francês, o inglês e o português.
Isso significa que, nesse contexto, a língua espanhola se revela como uma das
escolhas mais vantajosas para as questões profissionais, acadêmicas e culturais.
No mundo acadêmico, principalmente no âmbito dos cursos de pós-graduação,
há muita bibliografia escrita em espanhol e que não tem tradução para o portu-
guês. Vale ressaltar a forte presença do espanhol na ciência e na cultura. Veja
a seguir os dados apresentados pelo Instituto Cervantes (2018, p. 49).

El porcentaje de participación del conjunto de los países hispanohablantes en


la producción científica mundial ha experimentado un crecimiento constante
desde 1996.
El principal actor en la difusión científica en español sigue siendo España,
seguido a gran distancia de México.
Casi el 75% de la producción científica en español se reparte entre tres áreas te-
máticas principales: ciencias sociales, ciencias médicas y artes y humanidades.
Tres países hispanohablantes (España, Argentina y México) se encuentran
entre los quince principales países productores de películas del mundo.
España es el tercer país exportador de libros del mundo.
Dos países hispanohablantes (España y Argentina) se encuentran entre los
15 principales productores de libros del mundo.
El español científico y técnico se encuentra relegado a un plano secundario
en el ámbito internacional.
16 Introdução à língua espanhola

Quando se analisa o âmbito acadêmico, nota-se também a gama de opor-


tunidades de estudos no exterior. Para os brasileiros, é mais próximo e mais
barato estudar nos países vizinhos do que, por exemplo, ir aos Estados Unidos
ou à Europa. Porém, como no Brasil há o costume de valorizar e seguir a
cultura norte-americana, pouco se aproveita para imergir na cultura dos países
hispanohablantes. Quando brasileiros se permitem conhecer esse universo,
notam não só uma variedade de folclores, tradições, festividades, valores, mas
também a similaridade com a diversidade cultural brasileira. Somos latino-
-americanos, colonizados por europeus, oriundos da mistura com povos pré-
-colombianos, marcados pela escravidão. Essa percepção é construída também
pelos turistas: cresce cada vez mais o número de turistas no mundo hispânico.
No entanto, o espaço político do espanhol no mundo está relacionado tam-
bém à valorização dada a esse idioma em cada país no qual ele é língua oficial.
Segundo Xoán Lagares (2018), esse espaço está em permanente mutação,
num jogo dinâmico de confrontos e de solidariedades. A crise econômica na
Espanha e os sucessivos recortes orçamentários em políticas públicas provo-
caram nos últimos anos uma evidente desaceleração das ações de expansão
ideadas pelos agentes da política linguística do espanhol. Por outro lado,
novas iniciativas — muitas delas calcadas no modelo de ação inaugurado
pela própria Espanha — surgem em diversos pontos do mundo hispânico. A
Colômbia e a Argentina, por exemplo, têm investido no turismo idiomático,
promovendo cursos para estrangeiros e buscando destacar a importância do
espanhol no cenário mundial.
Em síntese, a língua espanhola está crescendo e ocupando um lugar de
destaque no cenário mundial. Assim, os aprendizes desse idioma têm maiores
chances de se inserir na comunicação em âmbito global.

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Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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