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HISTÓRIA DA EXPANSÃO
E
DO IMPÉRIO PORTUGUÊS
Capa: Compañia
Imagem da capa: AGE / Fotobanco
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 546
NOTAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 561
BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 601
OS PRIMÓRDIOS
*
A primeira parte deste livro pretende, assim, analisar, por um lado, os
antecedentes da expansão e, por outro, os seus primeiros decénios, até que
as hesitações e a aprendizagem deram lugar a uma política imperial à escala
de quatro continentes e três oceanos. No primeiro caso (que corresponde
ao capítulo 1) buscamos principalmente dinâmicas estruturais – os compor‑
tamentos colectivos que se repetiram ao longo de séculos e que moldaram
gradualmente Portugal como uma potência marítima da Cristandade. Nos
capítulos seguintes atendemos mais à acção individualizada dos homens e
aos acontecimentos que foram gerando sucessivas novidades, rompendo com
hábitos e conhecimentos milenares.
UM PAÍS PERIFÉRICO,
CRISTÃO, MARÍTIMO1
ainda estava nas mãos dos muçulmanos (desde Valência a Lisboa), o que
dificultava a travessia do estreito de Gibraltar. E nessa época em que predo‑
minava a navegação de cabotagem, sempre à vista da costa, não se podiam
estabelecer rotas de navegação a fazer escala em território hostil. Por isso,
o comércio entre os cristãos do Sul e do Norte fazia‑se predominantemente
por via terrestre.
A cartografia do tempo testemunha‑nos a convicção de que o oceano
escondia ilhas, e até corriam lendas de que alguns desses espaços insulares
teriam servido de refúgio a amantes ou a fugitivos da invasão islâmica, mas a
braveza do mar e o lento crescimento demográfico não estimulavam a busca
desses territórios. As representações da Terra feitas por cristãos e muçulmanos
identificavam o mundo euro‑asiático e norte‑africano, e por vezes mostra‑
vam também o espaço transaariano tão desconhecido como o mar oceano
e, por isso, tão efabulado quanto o outro. E criaturas fantásticas como os
monstros marinhos preenchiam as terras da Guiné. A própria narrativa de
viagens alimentava essa visão imaginária, de que é exemplo bem marcante
o livro de Marco Pólo, que refere a existência de inúmeros seres fantásticos
no interior da Ásia.
Seguindo uma tradição que remontava a Paulo Osório, Pompónio Mela
ou Santo Agostinho, o modelo TO era a base da concepção da Terra, em que
os territórios conhecidos eram rodeados por água. Supunha‑se que as terras
emersas eram mais extensas que a superfície das águas, mas nos séculos xii,
xiii e xiv ninguém arriscava a possibilidade de buscar as terras das especia‑
rias, dos tecidos suaves e dos perfumes exóticos navegando para ocidente.
Refira‑se desde já que esta crença no fantástico continuou a alimentar
o imaginário dos pioneiros das Descobertas. E se não temos conhecimento
de que portugueses tenham andado em busca da fonte da juventude, veja‑se
que Duarte Pacheco Pereira, um dos mais célebres navegadores do final do
século xv, considerado, aliás, um experimentalista apegado à força da obser‑
vação para a produção de conhecimento, referiu no seu Esmeraldo de Situ
Orbis a existência de homens com cara de cão e de cobras com um quarto
de légua de comprido5, e até D. Manuel I escreveu aos Reis Católicos, em
1501, dizendo que o ouro levado para Sofala era transportado «por homens
que têm quatro olhos, dois diante e dois atrás»6.
Por isso, quando sentiu ter força suficiente para tentar alargar os seus
territórios, a Cristandade, incapaz de explorar o mar oceano, virou‑se antes
para o Mediterrâneo e lançou a cruzada contra a Terra Santa. E mesmo
depois da perda de Jerusalém e do colapso dos reinos cristãos do Oriente,
os príncipes cristãos continuaram sempre a sonhar com o ataque directo ao
mundo islâmico pelo Mediterrâneo. E assim também fez D. João I em 1415.
E assim continuaram a sonhar muitos dos grandes reis tardo‑medievais, como
Portugal possui a mais antiga fronteira do Mundo, pelo que os seus limi‑
tes territoriais peninsulares são estáveis desde 1297. O mar que bordejava a
costa, pelo contrário, era indefinido e vasto, e a monarquia portuguesa cedo
percebeu que os seus interesses estratégicos iam muito mais além da foz dos
rios Minho e Guadiana. Como vimos, o oceano era temido e ninguém o
disputava, pelo que era no contorno europeu que se tinham de estabelecer
os limites e aí, ao contrário do domínio da terra, várias potências podiam
interferir nas mesmas águas. Como referiu Vitorino Magalhães Godinho,
«estamos num Mundo que vai do estreito de Gibraltar ao Norte da Irlanda,
construído à volta do golfo da Gasconha, da Mancha ocidental, do canal de
São Jorge e do mar da Irlanda, abrangendo a Andaluzia, Portugal, a Galiza,
a marisma asturiano‑biscainha, as regiões de Bayonne e do Bordelais, inte‑
grando a Bretanha, a Cornualha e o Devonshire, o País de Gales e a Irlanda,
estendendo‑se no século xv às Canárias e à Madeira»14.
A sul, cedo ficou claro que os interesses de Portugal se estendiam até ao
estreito de Gibraltar, e logo em tempo d’el‑rei D. Afonso Henriques, uma
esquadra lusa terá combatido na zona de Ceuta, sob o comando do lendário
D. Fuas Roupinho. O estreito era um ponto nevrálgico na ligação entre o
Mediterrâneo e o Atlântico Norte e era um alvo óbvio para um reino que
tinha a aspiração de conquistar Marrocos.
A norte, a área sensível era o canal da Mancha, e os comerciantes precisa‑
vam de ter boas relações, pelo menos, com um dos reinos que controlavam a
passagem. Assim, além de entabular relações com a Flandres, o grande mer‑
cado intermediário entre o Sul e o Báltico, Portugal começou por privilegiar as
relações com a França, e chegou a haver laços de parentesco próximos entre
as duas casas reais por via feminina, pois D. Afonso II casou com D. Urraca
de Castela, cuja irmã, Branca, se casou, em 1200, com Luís, o herdeiro do rei
Filipe Augusto, que veio a ser Luís VIII. Assim, D. Sancho II e D. Afonso III
eram primos co‑irmãos de Luís IX. D. Afonso III, aliás, passou a sua juventude
seu carácter periférico; além disso, a sua economia era deficitária, pelo que
tinha de ir buscar no exterior a riqueza de que carecia. Assim, nos primeiros
anos de Quatrocentos, a expansão ultramarina prefigurava‑se como uma
solução para as limitações de Portugal e, com a celebração das tréguas com
Castela em 1411, Ceuta tornou‑se no primeiro alvo.
*
Vimos, deste modo, em breves linhas, o modo como o reino fundado por
D. Afonso Henriques, situado nos confins do Velho Mundo, soube afirmar‑se
e sobreviver num meio adverso e como soube encontrar um destino próprio
como potência marítima. Vimos, pois, o que podemos qualificar como os
antecedentes da Expansão Portuguesa.
Ao apresentarmos este processo de uma forma sucinta poderemos dar
a ilusão de que tudo aconteceu depressa; ao enunciarmos um conjunto de
datas, saltitando pelo tempo, poderemos fazer crer que se tratou de um pro‑
cesso rápido, mas foi exactamente o contrário. De facto, vimos em poucas
páginas um processo que demorou 268 anos, desde que o Tratado de Zamora
confirmou a independência lusa, até que a paz de 1411 pôs fim à guerra
luso‑castelhana iniciada em 1383. A definição das condições estruturais
que sustentaram a expansão ultramarina dos Portugueses foi‑se compondo
passo a passo, como se se tratasse de um puzzle, cujas peças foram sendo
colocadas no tabuleiro separadas, mas que acabaram por se unir num todo
coerente. No entanto, nada disto foi planeado, mas foi antes o resultado de
intuições e até de fracassos. A configuração de Portugal talvez fosse diferente,
se D. Afonso Henriques tivesse sido bem‑sucedido em 1169 e pela conquista
de Badajoz tivesse aberto a Andaluzia às armas lusas; o reino podia ter‑se
desagregado nas guerras civis da primeira metade do século xiii, travadas
perante os olhos cobiçosos das monarquias de Leão e de Castela; ou podia
ter‑se expandido para o interior peninsular, como ensaiou D. Dinis ou como
tentou desastradamente D. Fernando; e tudo teria sido diferente se o cali‑
fado almóada tivesse mantido a coesão ou se a invasão merínida não tivesse
sido travada no Salado; e simplesmente a aventura lusitana poderia ter sido
interrompida se o próprio Portugal tivesse soçobrado em Aljubarrota, às
mãos da cavalaria castelhana. Em cada momento, a resposta aos perigos e
às oportunidades obedeceu sobretudo à resolução de problemas imediatos;
o deslizar do centro político do reino de Coimbra para Lisboa teria tardado
se a Reconquista não tivesse submergido repentinamente grande parte do
Sul da Hispânia, e as alianças externas estiveram sempre dependentes, por
um lado, da existência de príncipes em idade casadoira na altura certa e,
por outro, da própria vontade dos soberanos.
Há, ainda assim, uma linha que parece ter tido um dinamismo suficien‑
temente forte para que estivesse sempre presente no espírito dos governan‑
tes portugueses e dos seus principais agentes económicos, enquanto iam
moldando o destino do país – a importância crucial da fronteira marítima.
Por isso, o reino apetrechou‑se; viu crescer um porto capaz de construir e
abastecer muitos navios e integrou‑se em redes de negócios internacionais
que se estendiam do Báltico ao Mediterrâneo Oriental; organizou canais
por todo o país que fizessem chegar à costa os produtos necessários para o
comércio e para a indústria naval; estendeu a sua intervenção diplomática
até às águas do estreito de Gibraltar e do canal da Mancha e desenvolveu
uma doutrina diplomática que encarava o mar oceano como uma área de
intervenção privilegiada e mesmo de hegemonia. E no Além‑Mar estavam as
ilhas que podiam ser ocupadas e as terras de África em que se podia prolongar
a guerra santa que estivera na génese de Portugal.
Assim, quando a paz foi firmada, em 1411, o reino estava organizado
política e administrativamente, e pacificado internamente; era pequeno e
queria crescer em terras e em negócios, e a solução estava no mar. D. João I
compreendeu‑o e encaminhou Portugal para uma nova era.
O primeiro impulso
nome3. Esta vontade pessoal não era suficiente para que um reino se empe‑
nhasse numa expedição militar como a de 1415, mas neste caso o desejo do
monarca encontrava eco entre a grande maioria dos seus súbditos, a começar
pelos infantes seus filhos.
D. João I teve seis filhos varões legítimos, de que cinco chegaram à idade
adulta, pois o primogénito, D. Afonso, faleceu em 1400, com 10 anos de
idade. Em 1411, os três mais velhos (D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique)
tinham 20, 19 e 17 anos. O mais velho começava a ser associado à governa‑
ção, na sua condição de herdeiro do trono, e os dois mais novos receberam
nesse ano grandes senhorios: o de Coimbra para D. Pedro, e o de Viseu para
D. Henrique. Filhos do herói de Aljubarrota, contavam entre a nobreza, que
lhes obedecia e respeitava pelo seu sangue real, todos os cavaleiros que tinham
estado ao lado do seu pai na batalha real, a começar pelo conde D. Nuno
Álvares Pereira, o condestável do reino. Por um acaso raro nesses tempos,
a maior parte dos nomes sonantes da juventude que rodeava D. João I em
1385 ainda estava viva passados mais de 25 anos, e todos estavam aureolados
pela sua participação na batalha que ia ganhando contornos miraculosos que
impregnavam os protagonistas do combate4.
Filhos de rei, faltava aos três infantes a afirmação no local próprio, que
era precisamente o campo de batalha. Diz‑nos o cronista que D. João I terá
pensado organizar um grande torneio para a cerimónia de investidura dos
filhos na cavalaria e que estes não teriam gostado da ideia. A narrativa de
Zurara não é segura, mas é verosímil, pois a referência ao desinteresse dos
infantes por esta forma de serem armados cavaleiros percebe‑se facilmente.
Com efeito, não só estavam rodeados pelos heróis de Aljubarrota, como o seu
meio‑irmão D. Afonso, filho natural do rei, nascido quando este era apenas
o mestre de Avis, ganhara a cavalaria no final da conquista de Tui, em 1398.
Não sabemos quando é que a rivalidade começou a minar a relação entre
D. Afonso e os seus irmãos até descambar na inimizade que os dividiu nos
anos 40 do século xv, mas é compreensível que os infantes não quisessem ser
subalternizados pelo bastardo que, aliás, era genro do condestável e ostentava
os títulos de conde de Neiva e conde de Barcelos5.
O desejo de D. João I em prestigiar o reino e a dinastia que ele iniciava, e
a vontade dos seus filhos em obter a cavalaria através de uma acção militar,
eram igualmente sentidos por todos os jovens nobres. Esta vontade persistente
da nobreza em afirmar‑se pelo serviço ao rei, e particularmente pela guerra,
seria uma das principais dinâmicas em que se sustentaria a expansão ultrama‑
rina portuguesa durante mais de um século. Uma expedição militar vitoriosa
significava não só o enobrecimento dos sobreviventes pelos feitos praticados
em combate, mas também o enriquecimento, fosse pelo saque, fosse pela
obtenção de novos postos militares ou ofícios político‑administrativos; e, num
a dezenas de léguas de Ceuta, para lá das montanhas do Rife, pelo que não
era este decerto um objectivo da expedição de 1415.
Finalmente, deve‑se referir que a Igreja apoiava a expedição. Nestes tem‑
pos, a maioria dos cristãos acreditava na justeza da guerra contra os mouros
e a Cristandade tinha um desejo congénito de se dilatar. Neste caso, a recon‑
quista de territórios que já haviam sido cristãos e que tinham sido perdidos
para o Islão era ainda menos questionada.
Em suma, o estabelecimento da paz com Castela, em 1411, coincidiu com
um momento em que o reino de Portugal reunia todas as condições para
desencadear uma expansão ultramarina assente na guerra e no comércio,
sustentada por uma nobreza sequiosa de honra e riqueza, e por agentes
económicos empreendedores, e legitimada pela Igreja. D. João I apercebeu‑se
deste dinamismo e canalizou‑o para uma expedição militar.
O papel de Portugal no contexto da Cristandade começava a mudar.
Poucos meses depois de o novo tratado ter sido assinado, D. Duarte pediu
aos irmãos e aos sobrinhos maiores que se pronunciassem por escrito sobre
a guerra aos mouros. Não conhecemos os pareceres dos infantes D. Pedro
e D. Fernando, mas sabemos que o primeiro era contra a continuidade das
campanhas em África e que o segundo desejava ir combater os muçulmanos.
Dos restantes, só temos um testemunho de uma vontade inequívoca – a do
infante D. Henrique, que entendia que era obrigação de todos os príncipes
cristãos guerrear os islamitas. Os demais mostram‑se hesitantes, quer quanto
à oportunidade, quer em relação ao alvo de uma eventual campanha, pois não
descartavam a hipótese de atacar Granada. Enquanto a Coroa só admitia
o assalto a Marrocos, para os grandes senhores a possibilidade de combater o
mouro em benefício de Castela era interessante. De qualquer forma, registe‑se
que, uma vez mais, a guerra aos mouros foi equacionada assim que a fronteira
terrestre voltou a ficar totalmente pacificada.
O sossego do reino dava força à pulsão expansionista, mas a sua pequenez
dificultava a organização de uma grande expedição. Além disso, a morte de
D. João I, a 13 de Agosto de 1433, obrigou D. Duarte a proceder a todas as
diligências habituais do início de um reinado de confirmação de fidelidades
e de acerto na governação. Entretanto, logo a seguir à sua subida ao trono,
doou as ilhas da Madeira e de Porto Santo ao infante D. Henrique e deu,
assim, início ao sistema das donatarias. Por esta via, a Coroa confiava as
tarefas de povoamento dos territórios insulares a privados, e estes deviam
administrá‑los exercendo a justiça e estabelecendo os impostos; o rei, por
sua vez, conservava poderes de soberania, nomeadamente a aplicação da
pena de morte e a circulação da moeda. A Casa de Viseu assumiu então a
governação, e recebeu depois a doação das ilhas dos Açores e de Cabo Verde.
Cabia ao donatário ainda nomear os seus representantes locais, de que o mais
importante era o capitão. Por isso, o sistema de governação dos arquipélagos
ficou conhecido como o das capitanias‑donatarias. As capitanias eram heredi‑
tárias e formaram‑se algumas dinastias notáveis, de que a mais relevante foi,
sem dúvida, a dos capitães do Funchal, iniciada por João Gonçalves Zarco.
Os capitães da Madeira já estavam à frente das suas jurisdições quando o
rei doou o arquipélago ao infante D. Henrique, mas as cartas de nomeação
só foram assinadas uns anos mais tarde, o que era prática comum na época.
Ao doar as ilhas, a Coroa evitava consumir energias no alargamento terri‑
torial, mas ganhava o mar, e ainda assegurava benefícios para a economia do
reino, pois as novas sociedades insulares geravam novas produções e novas
trocas que engrandeciam a actividade económica do reino. Nas décadas
seguintes tornar‑se‑ia clara a importância estratégica das ilhas atlânticas, que
sociedade europeia dava passos lentos mas seguros para a laicização. Viviam
‑se os anos fulgurantes e transformadores do Renascimento2.
Portugal foi um dos primeiros reinos europeus a desenvolver um processo
sistemático de centralização régia, que foi iniciado por D. João I e que foi
continuado persistentemente pelos monarcas da dinastia de Avis. Entalados
entre o mar e Castela, os Portugueses tinham no oceano um desafio suple‑
mentar e, sob o impulso do infante D. Henrique, enfrentaram o medo do
mar tenebroso e mudaram o curso da História, acelerando‑a e dando início
ao processo de globalização. Os Descobrimentos moldaram o país e deram
‑lhe uma nova dimensão, mas não foram apenas um episódio da História de
Portugal; na verdade, as Descobertas constituem um dos traços marcantes
da Modernidade que mudava lentamente a Europa.
*
No século xx correram teses que defendiam o protagonismo do infante
D. Pedro como o verdadeiro inventor dos Descobrimentos5. Sem provas
objectivas, assentes apenas em preconceitos que elevavam as qualidades
intelectuais de D. Pedro aos píncaros e que negavam a valia de D. Henrique
e na existência de uma crónica perdida que teria sido redigida por Afonso
Cerveira, uma série de autores embarcou numa teoria da conspiração defen‑
dendo que a nossa memória colectiva fora alterada deliberadamente depois
da derrota do duque de Coimbra na Batalha de Alfarrobeira. A morte trágica
de D. Pedro nesse recontro envolveu‑o numa aura de simpatia que detur‑
pou até o seu próprio legado, confundindo‑o com um príncipe moderno e
centralizador, quando, afinal, o duque de Coimbra foi um regente que tudo
fez para enfeudar o jovem rei à sua Casa, e assim que perdeu o poder logo
foi pedir auxílio ao condestável de Castela, para tentar recuperar o mando
sobre o reino6.
D. Pedro foi um governante que ajudou a definir Portugal como uma
potência marítima, como veremos a seguir, mas não foi o responsável pelo
desencadear dos Descobrimentos. Aliás, toda a documentação do segundo
quartel quatrocentista, incluindo a que foi assinada pelo próprio D. Pedro,
testemunha‑nos que as navegações «por mares nunca dantes navegados»
resultaram do espírito pertinaz do infante D. Henrique, como é o caso da
carta de doação do exclusivo da navegação a sul do Bojador, assinada pelo
regente, a 22 de Outubro de 14437. Quanto a Afonso Cerveira, o cronista
que o próprio Zurara cita como tendo sido o primeiro a coligir a informa‑
ção para a Crónica da Guiné, tratava‑se de um secretário de D. Henrique,
que redigiu documentos assinados pelo infante, por exemplo, em 14488. Por
desinteligências com o duque de Viseu ou por ter ficado incapaz, ou mesmo ter
falecido, Cerveira foi substituído por Zurara na tarefa de compor a crónica,
mas não há nenhum indício credível de que esse texto inicial seria um relato
de feitos patrocinados pelo infante D. Pedro.
Da barca à caravela9
sempre Lagos, onde, aliás, o seu corpo foi sepultado antes da trasladação
para o Mosteiro da Batalha.
Inicialmente, as viagens de descobrimento foram levadas a cabo apenas
por membros da Casa de Viseu. O comando das caravelas coube sempre a
membros da pequena nobreza ligados ao ducado ou à Ordem de Cristo,
fossem escudeiros ou cavaleiros11. Quando as expedições recomeçaram, em
1441, as tripulações incluíam vários nobres e o ambiente a bordo era seme‑
lhante ao de uma cruzada. Buscavam‑se localidades junto à costa, habitadas
por muçulmanos, que se tornavam, por isso, em alvos legítimos para o assalto
em que os principais tentavam ganhar a honra pelas armas. Os cativos então
obtidos, bem como o saque, eram tidos como presas de guerra justa. A venda
dos prisioneiros, reduzidos à escravidão, e dos bens tomados reforçou de
imediato a dimensão económica da empresa, e fez crescer o interesse pelas
navegações. Em Agosto de 1443 um carregamento de 250 cativos foi desem‑
barcado em Lagos e D. Henrique presidiu à sua venda, depois de recolher o
quinto que lhe cabia12. Logo correu fama dos ganhos avultados que se podiam
fazer, pelo que o duque de Viseu e a Coroa perceberam que urgia regular o
acesso às águas a sul do Bojador.
serve de ilustração para toda esta fase das Descobertas. Trata‑se do relato
de Alvise Cadamosto, um mercador veneziano, que foi à Guiné em 1455 e
em 1456 em associação com o duque de Viseu. Anos mais tarde, Cadamosto
recordou as suas viagens numa narrativa viva e muito descritiva que enviou
às autoridades da Senhoria em 1464. O seu texto pode ser visto como o guião
de um filme e nele estão explicadas as principais características das viagens
henriquinas nesses anos17.
Comerciante ligado aos negócios entre o Mediterrâneo e o Atlântico
Norte, Cadamosto foi convidado por D. Henrique a ir experimentar a Guiné
numa parceria comercial com a Casa de Viseu. O veneziano aceitou e fez duas
viagens. Repete muitas das informações dadas por Zurara, com a vantagem de
serem escritas, neste caso, por um protagonista das navegações, que escrevia
sem as preocupações e as obrigações de um cronista. Cadamosto reafirma a
grande surpresa causada nos negros pela aparição de navios de grande porte
nas suas praias, a dimensão exclusivamente pacífica das viagens, em que
mesmo a resposta aos ataques dos indígenas era contida, os lucros enormes
que se podiam obter pela articulação de dois mercados regionais que não
comunicavam directamente entre si, a curiosidade dos negros pelos homens
recém‑chegados, o desejo dos próprios mercadores em tentar atrair os seus
interlocutores negros, especialmente os chefes, para a religião cristã, e a con‑
tinuação da exploração sistemática da costa africana cada vez mais para sul.
O testemunho do veneziano, quando recorda que os negros «tocavam
‑me nas mãos e nos braços [e] com cuspo esfregavam‑me, para ver se a
minha brancura era tinta ou carne; e vendo que era carne branca ficavam
em admiração», é um dos melhores exemplos da dimensão revolucionária
dos Descobrimentos. Este choque perante a existência de raças e civilizações
muito distintas repetir‑se‑ia vezes sem conta nos encontros ocorridos nas mais
desvairadas partes do Mundo, e muitos anos depois, em 1581, seria a vez
de um senhor da guerra japonês pedir que um negro se despisse da cintura
para cima para se certificar igualmente de que a cor da pele do escravo era
natural em vez de pintada18.
A progressão dos Descobrimentos na década de 50 foi mais lenta do que
na anterior, o que se justifica pela diferença substancial das características
da orla costeira africana. À rápida progressão ao longo da costa do deserto
sucedeu o desbravamento de um litoral que oferecia uma miríade de mer‑
cados novos que tinham de ser avaliados um a um; além disso, a região era
habitada por dezenas de etnias diferentes, cada uma com a sua língua, e não
convinha ir mais além enquanto não soubessem comunicar com as popula‑
ções recém‑descobertas. Em nosso entender, o que é notável nestes anos é o
facto de o avanço para sul ter continuado paulatinamente, o que decorria
da esperança de se encontrar mercados ainda mais promissores e da vontade
*
Enquanto prosseguia a exploração do mar oceano, a Casa de Viseu reali‑
zava simultaneamente a ocupação dos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
O povoamento da ilha de São Miguel contou com o empenho pessoal do
regente D. Pedro, que determinou mesmo que as penas de degredo fossem
da sua aventura pelo mar oceano. Na verdade, nesta ocasião nenhuma outra
potência europeia tinha meios técnicos capazes de prejudicar a navegação
lusa; a principal fonte de preocupação do infante e do rei eram os próprios
portugueses – os homens que estavam a par das novas práticas do mar e que
desejavam ludibriar o monopólio da Coroa para obter ganhos chorudos
numa única viagem.
Os ecos de mudanças tão extraordinárias, e da existência de uma reali‑
dade impensável até então, fascinaram vários humanistas, entre eles Poggio
Bracciolini, que escreveu uma carta de elogio ao infante D. Henrique, em data
incerta, no ano de 1448 ou 1449. Nessa missiva o antigo secretário de papas
elogiava o duque de Viseu precisamente pelo facto de ter provocado uma
dinâmica nova e de ter alcançado terras que os heróis da Antiguidade nunca
haviam atingido. Ou seja, já em meados do século xv um autor entendia
que a gesta dos Portugueses se sobrepunha aos feitos de Gregos e de Roma‑
nos, tema que seria recuperado amiúde nas décadas seguintes. Poucos anos
depois, como referimos, agentes da Coroa de Portugal e da Casa de Viseu
conseguiram que Fra Mauro, um dos cartógrafos mais conceituados do seu
tempo, introduzisse referências geográficas oriundas dos Descobrimentos
aos mapas‑mundo que desenhava. Ainda não era tempo de ocultar as terras
recém‑achadas, mas antes de as divulgar, tal como D. Henrique também fez
quando atraiu alguns mercadores italianos para as águas da Guiné.
A divulgação e glorificação dos feitos das caravelas tinha um objectivo
especial, que foi alcançado, finalmente, a 8 de Janeiro de 1455. Desde 1443,
os Portugueses tinham tomado para si as águas a sul do Bojador e atacavam
todos os que passavam o cabo sem a autorização do infante. Era uma atitude
baseada apenas na superioridade náutica e militar que tinham nessa região,
que beneficiava do facto de a Cristandade ter sido apanhada de surpresa pela
novidade e da ausência de acordos internacionais sobre essa região. Embora
fossem capazes de preservar o exclusivo, o rei e o duque queriam obter o
reconhecimento internacional da soberania proclamada unilateralmente.
A solução natural era obter uma concessão assinada pela maior autoridade
da Cristandade, o papa. Desde os anos 40 que os méritos dos Descobrimentos
eram proclamados na Cúria Pontifícia, mas só a 8 de Janeiro de 1455 é que
o papa Nicolau V promulgou a bula Romanus pontifex, em que reconhecia
à Coroa portuguesa e ao infante D. Henrique o exclusivo da navegação para
lá do cabo Bojador25. A Santa Sé como que ratificava, assim, a carta emitida
pelo infante D. Pedro a 22 de Outubro de 1443.
A data da emissão do documento pontifício é particularmente significativa
da evolução das relações luso‑castelhanas ao longo da centúria quatrocen‑
tista. Como vimos, o rei João II opôs‑se persistentemente à emergência de
um Portugal transpeninsular, e, embora tenha sido incapaz de afastar o reino
vizinho de África e de lhe fazer frente no mar oceano, teve força suficiente
para impedir que a Santa Sé consagrasse os Descobrimentos portugueses.
O monarca castelhano faleceu a 20 de Julho de 1454 e bastaram cinco meses e
meio para que Roma cedesse, finalmente, aos desejos da Coroa lusa. No trono
de Castela estava agora Henrique IV, que no mês de Maio seguinte se casa‑
ria com a infanta D. Joana, irmã de D. Afonso V, e que seria um soberano
politicamente frágil, sempre necessitado do apoio do cunhado. Durante os
vinte anos do reinado de Henrique IV, Portugal pôde avançar pelo mar sem
oposição e fortalecer a sua posição no oceano, e logo no primeiro semestre
da governação henriquina obteve a bula que João II sempre evitara.
Depois, todos os papas que sucederam a Nicolau V, na segunda metade do
século xv, emitiram nova bula no início dos seus pontificados confirmando
a Romanus pontifex26. Era, pois, a própria Santa Sé que admitia que o mar
oceano era um mare nostrum dos Portugueses.
A AFIRMAÇÃO DE UMA
POTÊNCIA MARÍTIMA
(1455‑1494)1
O Algarve d’Além‑Mar
O domínio do mar
arquipélagos da Madeira, dos Açores e de Cabo Verde, e seis meses mais tarde
obteve ainda o governo da Ordem de Cristo, contra a vontade do seu irmão.
D. Fernando recebeu também todos os benefícios económicos que a Coroa
concedera a D. Henrique, salvo o exclusivo da navegação a sul do Bojador.
Sintomaticamente, alguns dos navegadores henriquinos que pertenciam à
Casa de Viseu passaram por essa altura a integrar a Casa Real.
A exploração da costa ocidental africana não progrediu nos anos seguin‑
tes, o que se deveu, por um lado, à reorganização do empreendimento, agora
sob a tutela da Coroa, o que levou, por exemplo, a que a feitoria de Arguim
transitasse de Lagos para Lisboa, por ordem régia de 4 de Julho de 1463.
Além disso, as caravelas tinham‑se aproximado do equador e o desapareci‑
mento da estrela polar criou dificuldades que demoraram a ser superadas, o
que sucedeu com a adaptação do astrolábio à medição da latitude pela altura
do Sol. E se a descoberta de novas terras esteve interrompida, a década de
60 foi marcada pela consolidação da hegemonia marítima lusa nas águas já
conhecidas.
Em primeiro lugar, a Coroa criou uma estrutura administrativa com a
criação de diversos cargos4, como o de tesoureiro da Guiné, em 1461, o de
vedor da Fazenda das cousas do mar, em 1462, o de feitor do trato de Arguim,
em 1463, o de recebedor do trato de Arguim, em 1464, o de juiz dos feitos
da Guiné, antes de 1466. E estes cargos eram completados com a nomeação
de escrivães, almoxarifes e guardas. A quase totalidade dos oficiais nomeados
para estes cargos eram nobres da Casa Real, o que é mais um sinal do modo
como a expansão quatrocentista beneficiou especialmente a baixa nobreza,
que encontrou novas formas de protagonismo social, fosse na guerra em
África, fosse no comando das caravelas, fosse no povoamento das ilhas, fosse
ainda na máquina administrativa que começava a despontar.
D. Afonso V foi confrontado, entretanto, com uma intromissão do papado
nos assuntos ultramarinos, pois em 1462 o papa Pio II nomeou um francis‑
cano catalão para chefiar a evangelização da Guiné. O rei português reagiu
prontamente e impediu que essa missão partisse para as terras de África.
A Santa Sé mostrava, assim, o seu empenho em que a cristianização dos
povos ultramarinos se realizasse depressa, mas acabou por constatar a sua
incapacidade de intervir directamente na região. El‑rei de Portugal tinha o
monopólio da navegação para as terras de missão e não estava interessado
em que a Igreja actuasse livremente nesses territórios. Os direitos de padroado
davam‑lhe a possibilidade de enviar e custear os clérigos da sua confiança, ou
seja, aqueles que seriam coniventes com os interesses políticos e comerciais
da Coroa lusa; a evangelização ficava subordinada à vontade dos príncipes.
Manietada a Igreja, o monarca deparou‑se com outra dificuldade. Numa
altura em que o povoamento dos Açores prosseguia lentamente, com o
Depois, a costa flectiu de novo para sul e a busca da Índia entrou numa fase
polémica, pois apareceram vários autores a defender que seria mais fácil che‑
gar à zona das especiarias navegando para ocidente em vez de circum‑navegar
a África, até porque ganhava fama uma velha teoria do geógrafo alexandrino
Ptolomeu, que julgava não existir comunicação marítima entre o mar oceano
e as águas orientais. Adiada a descoberta das especiarias, a Coroa beneficiou
de uma outra descoberta extraordinária quando as caravelas chegaram ao
actual Gana. Encontraram aí um mercado de ouro em que o metal precioso
estava disponível em quantidade abundante – estava descoberta a mina de
ouro10. Monopólio régio, este negócio ficou nas mãos dos oficiais d’el‑rei,
iniciando‑se então o primeiro grande ciclo do ouro da economia portuguesa,
que estaria na base da política centralizadora e da intensidade construtiva e
decorativa que caracterizou os reinados de D. João II e D. Manuel I.
Ao mesmo tempo que controlava directamente o desbravamento da linha
costeira do continente africano, D. Afonso V estimulava os seus súbditos a
explorarem o interior do oceano. A Coroa continuava ciente da necessidade
imperiosa de dominar os espaços insulares que permanecessem ocultos pelo
oceano, pois cada um deles podia ser um ponto de apoio às rotas oceânicas,
se fossem subordinados à monarquia portuguesa, como podiam tornar‑se
em bases de flagelação da navegação lusa, se fossem tomados pelos príncipes
rivais. Por isso, o rei concedeu cartas de doação de ilhas por descobrir a todos
os que se dispunham a explorar o oceano e nos anos 70 já era salvaguardado
que a doação não tinha efeito se a descoberta ocorresse nas imediações da
costa africana, onde operavam as caravelas d’el‑rei. O interesse do monarca
era, pois, o de promover a exploração de águas mais distantes recorrendo ao
interesse de agentes privados. Esse esforço foi inglório, na medida em que o
único arquipélago descoberto nesta época foi o de São Tomé e Príncipe, por
capitães da Casa Real durante a exploração do golfo da Guiné, mas o esforço
desses navegadores privados e o apoio político que lhes foi concedido pelo
rei mostram‑nos como D. Afonso V tinha uma política global e coerente
para o oceano e que foi durante o seu reinado que Portugal consolidou a
sua posição de potência hegemónica no Atlântico e de senhor absoluto do
Atlântico Sul.
Quando rebentou a guerra com Castela, em 1474, a política expansionista
de D. Afonso V foi posta à prova de imediato, pois os seus inimigos logo
atacaram as águas da Guiné. O primeiro conflito internacional de Portugal
após a viagem pioneira de Gil Eanes teve, inevitavelmente, o mar oceano
como um dos teatros de operações.
A morte do rei Henrique IV de Castela abriu uma nova crise, pois o trono
castelhano foi disputado pela princesa Joana, filha da rainha e reconhecida
como legítima pelo monarca, e pela infanta Isabel, meia‑irmã do falecido.
Um olhar breve ao problema poderá fazer crer que se tratava de uma ques‑
tiúncula dinástica relativamente banal, mas o que estava em causa era muito
mais do que a honra da rainha e a questão técnica sobre quem era o verda‑
deiro progenitor da princesa: o rei ou Beltran de la Cueva? A dinastia dos
Trastâmara, iniciada em 1369, vivera em constante instabilidade política e a
fragilidade da monarquia acentuara‑se desde o início do reinado de João II,
em 1406. Em 1474, Castela parecia perdida e foi, na verdade, disputada
pelos seus dois vizinhos.
D. Afonso V defendeu os direitos sucessórios da sua sobrinha, a princesa
Joana, que coincidiam com os interesses políticos da monarquia portuguesa,
procurando, assim, assegurar a continuação de uma certa preponderância
lusa sobre os assuntos do reino vizinho, e a sua neutralização na concorrência
A Boa Esperança
ele próprio voltava às lides militares para «ganhar» a sua parte da Batalha
de Toro, facto que celebraria com pompa e circunstância enquanto viveu.
A 4 de Maio de 1481, D. Afonso V doou os territórios da Guiné ao prín‑
cipe, enquanto este solicitava ao papa indulgência plenária para todos os
que viessem a falecer durante a construção da fortaleza que ia ser erguida na
costa da Mina. O rei faleceu de doença breve e inesperada, a 28 de Agosto
desse mesmo ano, mas em Maio nada fazia prever tão súbito desenlace.
Percebemos, assim, que a política expansionista de D. João II teria come‑
çado a ser aplicada nesse ano de 1481, mesmo que o Príncipe Perfeito não
tivesse subido ao trono no final do verão, e que o plano da Índia aplicado
por D. João II, logo que empunhou o ceptro, tenha sido gizado pelo príncipe
em articulação com o pai; a harmonia que sempre caracterizou as relações
entre os dois e a óbvia concordância de D. Afonso V com as ideias do filho
levaram o monarca a reforçar os poderes do seu herdeiro sobre a Guiné
para que este pudesse executar o seu plano mais livremente. Quis o destino
que o Africano fechasse os olhos antes que o príncipe desencadeasse a nova
etapa dos Descobrimentos, mas é certo que o plano da Índia contou com a
participação e a aquiescência de D. Afonso V.
Assim, ao contrário do que uma certa tradição apregoa, D. João II não
recebeu do pai apenas as estradas do reino; na verdade, contava também com
o governo das ordens militares de Santiago e de Avis, com várias vilas do
país e mais o monopólio do trato ultramarino, em que se incluía o comércio
fabuloso do ouro da Mina. No reinado de D. Afonso V, incluindo a regência
de D. Pedro, a Coroa desenvolveu uma doutrina de hegemonia marítima e
aplicou‑a sistematicamente, em todas as direcções, ao mesmo tempo que
mantinha o reino de Fez sob pressão. Depois, D. João II desenvolveu um
plano com objectivos bem definidos13, aproveitando assim o extraordinário
legado que lhe foi deixado pelo progenitor.
*
A política expansionista de D. João II dividiu‑se em três dinâmicas dife‑
rentes:
a) A mais visível, e a que lhe valeu a admiração das gerações vindouras,
foi o seu empenho na exploração do mar oceano, procurando a ligação aos
mares do Oriente e a melhor rota para alcançar o ponto mais meridional do
continente africano sempre com vento favorável.
O rei desejava, assim, criar uma nova rota das especiarias, ligando a
Índia directamente a Lisboa, o que enriqueceria o reino, ao mesmo tempo
que retirava o negócio às redes mercantis muçulmanas que controlavam o
acesso da pimenta e da canela ao Mediterrâneo Oriental. O sucesso desta
navegar pelo Índico e a contactar com o reino da Etiópia, não teve nenhuma
influência na descoberta do caminho marítimo para a Índia.
c) D. João II empenhou‑se ainda sistematicamente na cristianização de
África. Era uma dinâmica claramente separada das outras duas, em que
lhe distinguimos alguns contornos inovadores, como veremos no capítulo
seguinte.
Concluindo, importa notar que o plano joanino abarcava vários teatros
de operações bem diferentes e subordinados a lógicas distintas:
– O oceano Atlântico, que começava então a ganhar forma na mente dos
Europeus, como eixo fundamental de acesso à Ásia das especiarias, e que
era também uma área de negócios importantíssima, com o fluxo crescente
de ouro vindo da Mina e as taxas que eram aplicadas ao trato dos escravos.
– A Índia, que era procurada para fazer de Lisboa o novo centro reexpor‑
tador de especiarias para a Cristandade.
– O Mediterrâneo, em geral, e o reino de Fez, em particular, como área
para retomar a guerra santa, especialmente com o apoio do Preste João.
– A África negra, como área de propagação do Cristianismo e de criação de
reinos‑satélites, irmanados com a Coroa de Portugal pela fé e cujo potencial
económico era entusiasmante, embora prejudicado pela enorme dificuldade
dos Portugueses (e demais europeus) em suportar o clima africano.
A PERCEPÇÃO DO IMPÉRIO
(1481‑1502)1
O senhorio da Guiné
só podia ser suserano de reis locais, pois a sua hoste nunca poderia forçar nem
a implantação de uma colónia, nem a conquista de um território, até porque,
além do clima doentio, os negros eram inúmeros e grandes guerreiros. No seu
breve reinado, D. João II ensaiou três alianças com chefes africanos através
da ligação religiosa: com um chefe do Benim, com o Bemoim, candidato à
chefia dos Jalofos, e com o rei do Congo, mas só esta última foi bem‑sucedida.
Pouco se sabe sobre o caso do Benim. João de Barros limita‑se a informar
que um chefe quis aliar‑se ao rei de Portugal e que aceitou tornar‑se cristão,
pelo que a Coroa enviou um grupo de clérigos. Estes, quando se aperceberam
que afinal o chefe não estava verdadeiramente interessado em acatar as nor‑
mas de vivência cristã, regressaram de imediato ao reino. É particularmente
significativo este pormenor, que se repetiria, aliás, no caso da aliança com o
jalofo – os religiosos não ficavam em território de chefes gentios, pois estava
esquecido o espírito inicial do proselitismo cristão; agora não importava o
carisma do padre, mas antes a tutela de um senhor.
O episódio do jalofo merece atenção por várias razões. Trata‑se de um
caso em que a presença dos Portugueses no mar da Guiné esteve prestes a
transformar‑se num factor de desestabilização política da região, pois um
dos aspirantes à chefia da nação jalofa pediu auxílio aos brancos. Recebido
com aparato por D. João II, aceitou o baptismo em cerimónia pública e
logo regressou à sua terra com uma armada de apoio; em troca do auxílio,
autorizava os Portugueses a construir uma fortificação na foz do rio Senegal.
A empresa fracassou porque o capitão da esquadra assassinou o Bemoim,
interrompeu a construção da fortaleza e retornou ao reino, o que se deveu,
por certo, ao medo das febres e à constatação de que a posição seria insus‑
tentável se D. João Bemoim não vencesse a guerra4.
Constatamos, assim, uma vez mais, a enorme dificuldade do Portugal
tardo‑medieval em empreender uma expansão de conquista, salvo nas ilhas
desabitadas. Estamos em crer, porém, que o detalhe mais relevante deste epi‑
sódio é a data em que ocorreu – o ano de 1489, o mesmo em que D. João II
tentou construir uma fortaleza no sertão marroquino, a algumas léguas de
Arzila e de Larache. Estes acontecimentos são a melhor prova de que o plano
joanino não se resumia à busca da Índia das especiarias; como se vê, no
momento em que acabava de transformar as Tormentas em Boa Esperança,
por ter conseguido abrir a porta de acesso aos mares do Oriente, o monarca
não descurava as outras frentes da expansão e tentava forjar uma cristan‑
dade em África, ao mesmo tempo que procurava dar espessura territorial à
presença lusa em Marrocos.
Finalmente, em 1490, o rei logrou encontrar um chefe disposto a abraçar
o Cristianismo. Tratava‑se do rei do Congo, que na sequência do baptismo
logo recebeu o apoio de uma hoste que o apoiou na guerra5. No entanto, a
*
O reinado do Príncipe Perfeito foi breve e marcado por uma persistente
tensão interna, primeiro por causa da má relação entre a Casa Real e a Casa
de Bragança mais o duque de Viseu (1481‑1484), e depois devido à morte
promoveu a reforma dos forais, das comarcas, dos hospitais e dos pesos e
medidas; reorganizou os arquivos da monarquia com a Leitura Nova, pro‑
mulgou as novas ordenações e renovou muitas das cidades e vilas do país,
ao mesmo tempo que polvilhava o reino e as suas dependências ultramarinas
com uma vasta obra arquitectónica que hoje designamos por manuelino.
Ao mesmo tempo prosseguiu a política expansionista dos seus antecessores,
continuando a promover a exploração do Atlântico e o povoamento das suas
ilhas, a cobiçar o reino de Fez e a sonhar com a aliança com o Preste João,
enquanto preparava a expedição que havia de ir buscar a Índia, decisão que
ele comunicou aos membros do Conselho logo nos primeiros meses do seu
reinado.
Importa notar, porém, que, nas vésperas de alargar desmesuradamente
a área sob a influência da Coroa portuguesa, o monarca já dispunha das
principais fontes de riqueza que lhe permitiram realizar uma política abso‑
lutista com uma decoração homogénea, ao ponto de o seu símbolo pessoal,
a esfera armilar, vir a tornar‑se num dos símbolos de Portugal até aos nossos
dias. Com efeito, a riqueza da Coroa não seria alcançada pelo comércio das
especiarias, pois os ganhos extraordinários que gerou foram absorvidos em
grande parte pelos custos elevadíssimos das armadas da Índia. Na verdade, a
riqueza de Portugal estava no Atlântico: no açúcar da Madeira, nos impostos
(quarto e vintena) sobre o comércio de escravos e, sobretudo, no ouro da
Mina. O metal jorrava persistentemente desde o golfo da Guiné, adquirido
por uma bagatela e transportado em pequenas caravelas sem escolta, uma
vez por mês, sendo que raras foram as que se perderam. A Índia estava
prestes a ofuscar e a deslumbrar, mas nunca foi o sustentáculo do Império
Português.
neste ano de 1499, o rei de Portugal deixava clara a sua política imperialista
que continuava a ver o Mundo como o mapa de Fra Mauro o idealizara,
mas que não admitia a concorrência dos outros príncipes da Cristandade.
Estava criada, assim, a primeira rota marítima directa entre a Europa e
a Índia – a mais difícil das viagens criadas pelos Europeus na primeira fase
da globalização. Com efeito, era a travessia mais longa e a mais dura, com
mudanças de clima muito pronunciadas ao longo do trajecto, pois a seguir ao
início da Primavera do Hemisfério Norte seguia‑se o calor tórrido e húmido
das águas equatoriais, passando depois para o Inverno austral, para reentrar
finalmente no clima tropical e na humidade opressiva do Sudoeste Indiano.
A viagem durava cerca de cinco a seis meses, se não houvesse incidentes
graves, o que exigia uma operação logística complexa para assegurar que a
tripulação tinha víveres e água para todo o percurso. Eram poucas as escalas:
Moçambique à ida, e os Açores à volta, com o apoio das ilhas de Cabo Verde
em ambos os sentidos e da ilha de Santa Helena na torna‑viagem, a partir da
sua descoberta, em 1502.
No entanto, em 1499‑1500, o conhecimento do Atlântico Sul ainda pre‑
cisava de uns ajustes, o que foi resolvido com a segunda armada da Índia,
que zarpou em Março de 1500, sob o comando de Pedro Álvares Cabral.
A riqueza do mercado asiático e a oposição dos muçulmanos levaram o rei
a enviar uma esquadra muito mais numerosa, composta por 13 navios: dez
navios destinados à Índia para a carga de especiarias e com capacidade para
guerrear os inimigos; mais dois navios destinados a explorar a costa oriental
africana, sob o comando de Bartolomeu Dias, o vencedor do Adamastor;
finalmente, um navio de apoio, cuja missão se completou ainda no Atlântico,
como veremos a seguir12.
Cabral reforçou os laços com o rei de Melinde, na costa oriental africana,
e levou os seus navios até Calicute. Foi autorizado pelo samorim a erguer
uma feitoria, mas os muçulmanos provocaram a sua destruição e o massacre
da guarnição. Cabral ripostou com violência e fez destruir muitos navios dos
mouros, demonstrando a superioridade militar das suas naus e caravelas.
Estava lançado o mote para uma guerra secular entre Portugueses e mouros
no Índico13. O comércio das especiarias ficou em risco, mas os Portugueses
logo se aperceberam de que a fragmentação política de toda a orla costeira
afro‑asiática jogava a seu favor. Com efeito, assim que soaram as notícias
do conflito em Calicute, logo surgiu o convite do rei de Cochim (vizinho e
rival do samorim) para que a armada lusa o visitasse e se abastecesse aí das
especiarias. Estabeleceu‑se, assim, uma aliança duradoura entre Portugal e
Cochim que permitiu a afirmação de Portugal como potência dos mares da
Ásia. E estando em Cochim, Cabral recebeu o convite do rei de Cananor,
outro rival de Calicute.
elefante no actual Cais do Sodré, mas antes de uma gravura que Albrecht
Dürer desenhou e fez imprimir e que se difundiu pela Europa nesse ano de
1515, como prova do enorme interesse que os Descobrimentos suscitavam
entre a elite culta europeia. Este caso específico demonstra‑nos que já havia
canais de comunicação que difundiam rapidamente as principais novidades
que iam chegando ao Tejo, mantendo algumas personagens sempre a par do
que se passava em Lisboa.
O tempo dos Descobrimentos foi, pois, uma época de aprendizagem
intensa e recíproca. Neste olhar pelo maravilhamento dos homens deve‑se
evocar ainda a carta de Pêro Vaz de Caminha, que narra os dias em que a
armada de Pedro Álvares Cabral se deteve no Brasil. Caminha dá‑nos teste‑
munho dos sentimentos dos membros da armada em relação aos indígenas
aí encontrados. Fascinado, verdadeiramente maravilhado, o autor reconhece
que naquele ambiente não teve vergonha de estar lado a lado com mulhe‑
res nuas. Estavam numa terra diferente em que não se aplicavam as regras
sociais da Cristandade, o que despertou a esperança de terem encontrado
uma sociedade quase perfeita, por viver numa inocência em que os cristãos
só encontravam paralelo no Paraíso, antes de Adão e Eva terem trincado a
maçã do conhecimento e do pecado.
As sociedades ameríndias não viviam, de facto, nessa inocência, mas o
homem renascentista tinha a esperança de encontrar resquícios de outros
tempos menos violentos, e uma terra perdida do outro lado do oceano era um
local adequado para encontrar gente mais primitiva e mais pura. D. Manuel I
faz menção à inocência dos índios brasileiros, como gente que parecia não ter
sido manchada pelo pecado original, na carta que escreveu aos Reis Católicos
em Julho de 1501, o que nos mostra que a visão de Caminha foi acolhida pelo
monarca: «chegou uma terra que novamente descobriu a que pôs o nome
de Santa Cruz, na qual achou as gentes nuas como na primeira inocência,
mansas e pacíficas»32. E talvez tenha passado mais além, pois Jerónimo Bosch
pintou anos mais tarde o célebre Jardim das Delícias, onde há marcas claras
de influência da Expansão Portuguesa. No volante da esquerda a fauna do
Paraíso tem elementos africanos, ao contrário do habitual, incluindo a melhor
representação de um elefante na pintura europeia do primeiro quartel do
século xvi, só possível se o artista dispusesse de esboços vindos de Lisboa,
e Bosch morava, de facto, em Antuérpia, na mesma rua em que se situava
a feitoria de Portugal. Além deste pormenor, olhe‑se para o painel central
em que homens e mulheres, brancos e negros, convivem harmoniosamente,
nus, mas sem qualquer tipo de práticas sexuais; somos confrontados com
a nudez, mas não com a luxúria e, muito menos, com o deboche. Faltam, é
certo, índios nessa pintura, mas a descrição dos indígenas feita por Pêro Vaz
de Caminha pode ser ilustrada pos esta pintura de Bosch, pois remete‑nos
O IMPÉRIO MARÍTIMO
A segunda parte desta obra pretende analisar o período que medeia entre
o início do século xvi e meados do xvii – o tempo em que o paradigma do
império marítimo foi entendido pela Coroa como a essência do próprio
império, mas também o tempo em que o novo paradigma da territorialidade
se foi formando até ganhar a predominância e ser o garante da sobrevivência
de Portugal como reino independente.
O DESLUMBRAMENTO MANUELINO
(1495‑1521)1
oceanos, feito nunca alcançado antes por nenhum soberano da Terra, nem
pelos mais poderosos senhores dos grandes impérios territoriais.
*
Entre o final de 1509 e 1515, o Estado da Índia foi governado por Afonso
de Albuquerque e ganhou uma nova dinâmica. Até então, os progressos dos
Portugueses nos mares da Ásia tinham sido orientados no sentido de viabi‑
lizar a Rota do Cabo e de apertar o cerco ao sultão do Cairo, ou seja, esta‑
vam subordinados aos interesses europeus e mediterrânicos da Coroa lusa.
Ao tomar o poder, Albuquerque tinha como obrigação principal o ataque
ao mar Vermelho, e em Janeiro de 1510 organizou em Cochim uma armada
que oficialmente teria essa missão. No entanto, o governador tinha outros
planos. Estivera pela primeira vez na Índia em 1503‑1504 e rodeara‑se de con‑
selheiros que lhe tinham explicado o sistema do comércio do oceano Índico.
Embora partilhasse o sonho de cruzada com o rei, Albuquerque entendia que
os Portugueses tinham de ter uma presença mais sólida nos mares do Oriente
para poderem atacar o Islão no seu próprio centro. Na óptica do Terríbil, o
Estado da Índia devia ganhar as seguintes características:
– tinha de ter as suas bases principais em cidades conquistadas, ou seja,
onde o poder fosse exercido totalmente por oficiais d’el‑rei de Portugal;
– tinha de ser auto‑suficiente economicamente, através da sua penetração
em redes de comércio asiáticas que se destinassem a alimentar o próprio
Estado da Índia, sem benefício directo para o reino;
– tinha de ter uma população asiática cristã, seguindo o modelo de infiltra‑
ção que era usado pelos muçulmanos há alguns séculos, ou seja, o casamento
com as mulheres locais.
Em suma, o Estado Português da Índia tinha de ser uma potência asiática,
e nos seis anos em que se manteve no poder Albuquerque alcançou estes
desideratos, através da conquista de Goa (1510)13 e Malaca (1511)14, e da
dominação de Ormuz (1515)15.
A conquista de Goa e de Malaca proporcionou duas bases em que os Por‑
tugueses não estavam dependentes da vontade dos aliados que lhes empres‑
tavam uma parcela do seu território. Goa e Malaca não representam o início
da territorialização do império, mas apenas que este passava a dispor do
senhorio sobre vários portos. A ocupação de Goa e de Ormuz permitiu que
os Portugueses se apropriassem de um negócio asiático – a venda de cavalos
árabes e persas aos potentados do Hindustão a troco de ouro –, enquanto a
tomada de Malaca abriu as portas a uma miríade de negócios e ao mar da
China. E ao mesmo tempo que os negócios interasiáticos se multiplicavam,
começavam a nascer as primeiras crianças luso‑asiáticas. O que sucedera
pontualmente nas feitorias e fortalezas do Malabar ganhou um novo fôlego
com a promoção dos casamentos mistos por Albuquerque, que desta forma
sedentarizou uma parte dos seus homens em Goa; o Estado da Índia também
*
As notícias das sucessivas vitórias alcançadas nos mares do Oriente gera‑
ram um entusiasmo e um deslumbramento compreensíveis na corte portu‑
guesa e o seu rei era olhado como o Venturoso, o antigo duque de Beja que
ganhara o ducado devido à morte de todos os seus irmãos mais velhos,
que subira ao trono porque se extinguira subitamente a descendência de seu
tio, D. Afonso V, e que vira consumar‑se nos primeiros anos do seu reinado
o rasgar de horizontes que tinha sido preparado pacientemente pelo seu
antecessor, o rei D. João II. E a sua glória parecia não ter fim, pois os seus
homens de armas e a sua nobreza alcançavam vitórias em territórios que
jamais haviam sido alcançados pelos Europeus… nem o grande Alexandre
fora além do Indo, nem os Césares de Roma tinham colocado a águia impe‑
rial em terras indianas, mas os Portugueses faziam conquistas, na Índia e na
Malásia, e em 1515 el‑rei D. Manuel I enviou uma embaixada à China16.
Os homens das Letras exaltavam, e antes de Camões cantar «Cessem do
sábio grego e do troiano / as navegações grandes que fizeram / cale‑se de
Alexandre e de Trajano / a fama das vitórias que tiveram» já Duarte Pacheco
Pereira exaltava o seu César Manuel, afirmando no prólogo do Esmeraldo
de Situ Orbis: «Mas qual eloquência terá tanta perfeição, que perfeitamente
possa dizer o peso de tão grandes feitos como os do nosso César Manuel?
Cá Marco Túlio, o mais excelente dos latinos, e Homero e Demóstenes, os
principais oradores dos gregos, que por excelência sua eloquência entre todos
os mortais até agora floresceu, certamente suas mãos tremeram [de] escrever
feitos de tamanha gravidade.»17
Nunca um soberano exercera o poder em tão ampla parcela do Mundo.
Quase não tinha territórios sob o governo dos seus capitães, mas controlava
uma rede intercontinental de negócios e impunha a sua vontade em regiões
tão distantes como a Malásia, fruto de uma capacidade bélica inovadora, que
fizera dos conquistadores de Malaca, em 1511, o corpo expedicionário
que realizara a operação militar mais desapoiada de sempre.
Com efeito, as forças que atacaram Malaca não tinham condições para
se retirarem, caso a operação tivesse fracassado. Era preciso esperar alguns
meses para que a monção mudasse e os ventos voltassem a soprar em direcção
a ocidente. Os homens de Albuquerque sabiam que não podiam contar com
reforços e não podiam sequer iniciar de imediato a viagem em direcção ao
local de onde haviam partido, o que nunca sucedera neste tipo de expedições
desde os tempos antigos.
No início do século xvi, os parques tipográficos já estavam difundidos por
mais de duas centenas de cidades europeias e o texto impresso deixava de ser
uma raridade para se tornar num grande negócio. As notícias surpreendentes
tinham público assegurado e se os feitos dos Portugueses no Oriente causa‑
vam admiração, a constatação da existência de um Novo Mundo a ocidente
provocou uma verdadeira comoção na Europa. Em 1503, um folheto com um
relato de Américo Vespúcio sobre a exploração do litoral brasileiro tornou‑se
num verdadeiro best‑seller, com mais de 60 edições até 1529, impressas em
diferentes cidades e com traduções para francês, alemão, latim, flamengo e
checo, algumas com menções explícitas ao rei de Portugal, como a tradução
latina feita em Estrasburgo em 1505, intitulada De ora antarctica per regem
Portugalliie pridem inuenta. A primeira colectânea com vários textos de via‑
gens portuguesas quatrocentistas e com narrativas das viagens do Gama e de
Cabral foi dada à estampa em Vicenza, em 1507, pela mão de Francescano
Montalbodo e teve 17 edições até 1528, incluindo traduções para latim,
francês e alemão18.
O rei, que nunca foi à guerra, era representado numa edição da carta de
Vespúcio, em 1508, de armadura completa, e a sua faustosa embaixada a
Roma de 1513 espantou a Cristandade, pois todos os príncipes da Europa
tinham os seus olheiros a ver o desfile grandioso de Tristão da Cunha, que,
para lá da riqueza demonstrada, trazia um elefante para gáudio da população
e apreço do próprio papa Leão X19. E D. Manuel I tinha mais quatro paqui‑
dermes em Lisboa, a que se juntou depois o célebre rinoceronte. O exótico e
«Emanuel Malik»
expedição destinada a atacar esta vila, mas os efectivos não eram suficientes
e a armada acabou por ser útil em manobras defensivas, pois nesse mesmo
ano o sultão de Fez atacou Arzila e chegou a penetrar no casario, mas não
conseguiu vencer a resistência tenaz do conde D. Vasco Coutinho, que segurou
o castelo até à chegada de socorros. Foi o mais grave sobressalto que os Por‑
tugueses sofreram até 1515, e até o rei passou à pressa de Évora para Tavira,
mas não chegou a embarcar. Embora o inimigo tenha sido derrotado, este é
um dos muitos exemplos das dificuldades estruturais por que os Portugueses
passavam no Norte de Marrocos.
A queda do reino de Granada, em 1492, provocou uma migração maciça
de mouros para África; era gente aguerrida e sedenta de vingança que se insta‑
lou em antigas praças, como Tetuão e Xexuão, que haviam sido abandonadas
devido aos ataques sistemáticos e poderosos dos Portugueses. O desenvol‑
vimento das armas de fogo tornou esta mourama mais perigosa e as praças
do Norte estiveram sob grande pressão durante todo o reinado manuelino.
O monarca ordenou, por isso, grandes reformas das muralhas das quatro
posições lusas nessa zona, que hoje ainda podemos apreciar, particularmente
no caso de Arzila. O melhor símbolo da insegurança em que se encontravam
as guarnições do Norte é a couraça que fora edificada em Alcácer Ceguer logo
a seguir à conquista da praça. Tratava‑se de um canal que permitia que os
navios chegassem à porta da fortaleza sempre sob a protecção de muralhas,
o que evidencia a incapacidade de criar uma área de segurança mínima fora
das fortalezas. Encurralados em Ceuta, Tânger, Arzila e Alcácer Ceguer, os
Portugueses mantinham, contudo, uma aura de invencibilidade, que fora
reforçada pela defesa heróica de Arzila, em 1508. No Sul, pelo contrário, os
súbditos de D. Manuel I chegaram a ser senhores do campo.
O poderio luso ganhou mais força com as campanhas desencadeadas
por Nuno Fernandes de Ataíde, quando se tornou capitão de Safim, em
151021. A hoste do Ataíde era composta por homens de armas e fidalgos
portugueses e por uns poucos milhares de «mouros de pazes» – muçulmanos
que aceitavam a suserania d’el‑rei de Portugal, que se colocavam sob a sua
protecção e autoridade e que apoiavam o capitão cristão nas suas investidas
pelo sertão. Nuno Fernandes chegou a dominar o território em redor da sua
praça num raio superior a 20 léguas e as populações desse território passa‑
ram a pagar tributo à Coroa lusa. E assim, por uns poucos anos, Marrocos
forneceu trigo a Portugal. O alargamento da zona dos mouros de pazes fez
a influência portuguesa chegar às imediações de Marráquexe, numa época
em que D. Manuel I fazia cunhar ceitis com a inscrição «Emanuel Malik»
em caracteres árabes. O rei de Portugal punha a circular moeda em língua
árabe, aumentando, assim, a impressão de que se podia assenhorear do país,
até porque dava sinais de aceitar ser suserano de fiéis do Al‑Corão, tal como
sucedera com o rei de Quíloa, que pagara páreas em 1502, e que se repetiria
com o rei de Ormuz, a partir de 1515, quando este soberano se submeteu à
soberania lusa a troco do pagamento de páreas e da instalação de uma guar‑
nição portuguesa na cidade. E Ormuz seria sempre uma cidade impermeável
ao Cristianismo, apesar dos esforços dos missionários na segunda metade
quinhentista.
A 1 de Setembro de 1513, a hoste real, comandada por D. Jaime, duque de
Bragança e sobrinho de D. Manuel I, conquistou Azamor. O rei de Fez enviou
um exército em socorro do emir de Marráquexe, mas as suas forças foram
desbaratadas pelo exército português na Batalha dos Alcaides, a 14 de Abril
de 1514. Foi a primeira grande batalha campal ferida em Marrocos, ao cabo
de cem anos de presença lusa nos campos norte‑africanos, tendo envolvido
cerca de 4000 homens do lado português, incluindo mouros de pazes, e mais
de 7000 homens no campo inimigo22.
Um ano mais tarde uma hoste luso‑marroquina chegou às portas de Mar‑
ráquexe, numa altura em que chegavam cartas a Lisboa dizendo a D. Manuel
que se cria que o emir estava prestes a ceder e a aceitar submeter‑se ao rei de
Portugal. O brilho manuelino atingia o seu máximo esplendor em Marrocos,
na mesma ocasião em que Afonso de Albuquerque criava as bases asiáticas
do Estado da Índia.
Enquanto não se consumava a rendição do emir, D. Manuel I tentou com‑
pletar o domínio da costa, enviando uma grande armada com o objectivo
de construir uma nova fortaleza na foz do rio Cebu. A expedição, porém,
foi um fracasso, pois o seu comandante, D. António de Noronha, irmão do
marquês de Vila Real e antigo capitão de Ceuta, escolheu mal a localização
da fortificação. Os mouros cercaram‑na e ganharam posições em cotas mais
altas que os inimigos e, a 10 de Agosto de 1515, o Noronha abandonou a
posição desastradamente e uma parte dos militares e dos colonos que tinham
sido enviados para a nova praça foram massacrados pelos muçulmanos. Foi a
primeira grande derrota dos Portugueses no Norte de África, tendo‑se perdido
uma centena de navios e morrido umas 5000 pessoas, mas foi o suficiente
para reanimar os mouros e o sonho de conquista manuelino esfumou‑se nos
anos seguintes.
Portugal era capaz de exercer uma hegemonia imperial à escala de dois
oceanos, mas não tinha condições para realizar uma conquista sistemática
em Marrocos. Durante a Reconquista, as monarquias cristãs hispânicas
tinham beneficiado do facto de a maioria dos habitantes da Península ter
permanecido cristã – os moçárabes –, mas neste início de Quinhentos o
domínio do antigo reino de Granada já não era tão simples. No Norte de
África, os Portugueses já não encontraram sequer resquícios de cristãos e o
controlo de vilas amuralhadas junto ao mar não promovia a propagação do
Sobressaltos
Os anos de 1515 a 1518 foram marcados por uma certa debilidade política
de D. Manuel I que teve os momentos mais dramáticos na nomeação de Lopo
Soares de Albergaria, em 1515, e com a morte da rainha D. Maria, a 7 de
Março de 1517, que deixou o monarca em grande abatimento, tendo estado
alheado da vida pública semanas a fio. No entanto, qual fénix renascida, o
rei retomou uma governação enérgica em 1518, aquando do seu terceiro
casamento, que o fez cunhado de Carlos V, o que se reflectiu na condução
do próprio império.
O ano de 1518 assinala, precisamente, o recomeço da política mais centrali‑
zadora e cruzadística no Estado da Índia, com a nomeação de Diogo Lopes de
Sequeira como governador. As listas dos capitães das naus da Índia mostram
‑nos que entre 1518 e 1521 o número de cavaleiros da Ordem de Cristo no
comando das naus cresceu muito, em sinal de uma política mais autoritária do
monarca, então mais determinado a contemporizar menos e a impor mais a sua
vontade30. Foi Diogo Lopes de Sequeira quem descobriu a cristandade etíope,
em 1520, e que enviou para Portugal a notícia do achamento do Preste João.
Antes de receber esta notícia por que tanto ansiava, D. Manuel I prosse‑
guia a sua política global que tinha uma ténue dimensão religiosa. Embora a
dilatação da fé fosse um dos propósitos sempre referidos, o carácter marítimo
do império não dava muito espaço de actuação para os clérigos, dado que
estes continuavam indisponíveis para trabalhar para lá dos limites da juris‑
dição de um potentado cristão. Refira‑se, aliás, que a conversão de gentios
não era um exclusivo dos eclesiásticos. O rei tentou, por exemplo, que o rei
de Cochim se tornasse cristão, mas não enviou para a Índia um grande pre‑
gador, preferindo antes exortar Afonso de Albuquerque a tentar convencer
o soberano indiano31.
Ainda assim, D. Manuel I fez criar a primeira diocese fora do reino, que
foi instituída no Funchal, em 1514, com jurisdição sobre todos os territó‑
rios ultramarinos sujeitos à Coroa de Portugal. Depois, em 1518, obteve a
Os construtores do império
de topo enquanto resistia ao clima, mas o controlo da terra estava nas mãos
dos naturais, mestiços ou negros.
No caso das praças marroquinas, as do Norte estiveram muitas vezes
confiadas a casas titulares, como a de Vila Real para Ceuta ou a de Redondo/
Borba para Arzila, mas genericamente a capitania das praças estava nas mãos
de fidalgos da Casa Real. A atribuição de um comando envolvia de imediato
familiares e criados do nomeado. Por exemplo, muitos dos que acompanha‑
ram Martim Afonso de Melo Coutinho à China, em 1521, já tinham estado
com ele em Marrocos, entre 1514 e 1517, enquanto o fidalgo comandou a
praça de Mazagão. As capitanias da Ásia, bem como o governo do Estado da
Índia, eram também asseguradas por redes familiares, relativamente coesas.
A importância destas solidariedades é notória nas estruturas de comando de
todos os governadores da Índia manuelinos e persistiria nas décadas seguintes,
o que foi demonstrado em vários estudos recentes36.
Desde o reinado de D. Afonso V, a Casa Real cresceu significativamente e
já foi no seu seio que este monarca recrutou a quase totalidade dos titulares
da administração ultramarina37. Os primeiros descobridores pertenciam à
Casa de Viseu, pois eram súbditos do infante D. Henrique; juntaram‑se‑lhes
depois agentes privados, mas nos anos 50, quando D. Afonso V começou
a avaliar os negócios da Guiné, os membros da Casa Real entraram nas
caravelas e tomaram‑nas para si, depois da morte de D. Henrique, em 1460.
Há mesmo o caso de um indivíduo que é referenciado, em 147838, como
tendo sido feito escudeiro da Casa Real para ir comandar uma caravela de
descobrimento, o que nos mostra que pertencia a este corpo social a tarefa
das Descobertas.
Escudeiros, cavaleiros ou fidalgos, conforme a importância do cargo ou da
missão, estes membros da Casa Real participavam no comércio como capi‑
tães, feitores, escrivães ou almoxarifes sem entenderem que estavam a praticar
uma função vil, pois não estavam a actuar como mercadores privados, mas
antes como agentes da Coroa, ou seja, estavam a prestar auxilium ao seu rei,
como era próprio de um nobre. Como grande parte dos negócios ultramari‑
nos era de monopólio régio, nomeadamente o do ouro e o das especiarias, a
expansão ultramarina permitiu a sobrevivência de amplos sectores da nobreza
sem terem de se reconverter socialmente para outras funções menos honrosas.
Desde Ceuta que os filhos segundos da nobreza viam nas partes de Além
‑Mar uma oportunidade para mostrarem as suas capacidades militares e de
poderem sobressair perante a Coroa, enquanto os plebeus tinham mais pos‑
sibilidades de melhorar as suas condições participando no povoamento das
ilhas ou entrando para as tripulações das caravelas. No tempo de D. João II
alguns pilotos ganharam privilégios próprios da nobreza, enquanto alguns
nobres viam reforçada a sua posição no seio da hierarquia nobiliárquica.
locais de que uma embaixada oficial, enviada pelo governador da Índia, não
passava de um bando de impostores44.
*
Além dos homens que forjaram o império, merece particular destaque a
cidade de Lisboa. Urbe principal do reino, era então um espaço cosmopolita
e populoso, que foi sempre capaz de responder à procura crescente da nave‑
gação. O estuário do Tejo albergava estaleiros, fornos de biscoito, armazéns
para guardar armas, apetrechos náuticos, alimentos secos e salgados, mais a
criação e o gado que eram embarcados vivos nas grandes armadas. Lisboa
era a porta de acesso aos mundos exóticos e D. Manuel I renovou‑a, viu‑a
crescer para fora da velha cerca fernandina e embelezou‑a. Todos os serviços
ligados à administração ultramarina foram reforçados, ao mesmo tempo que
o rei deixava o seu paço no castelo e se mudava para outro que ele próprio
construiu junto ao rio e à Casa da Índia45. O esforço de apresto das armadas
que estavam a construir o novo império tinha uma dimensão nacional, com
a madeira para os navios a vir de toda a bacia do Tejo e da região de Leiria,
os víveres a virem sobretudo do Alentejo e do Algarve, e as velas a serem
produzidas com linho oriundo da bacia do Douro e transformado em pano
em Vila do Conde46; os navegantes, por sua vez, eram naturais de todas as
comarcas do reino e das ilhas. O império que estava a nascer não colocou
Lisboa de costas voltadas para o país, mas antes fez de Lisboa a principal
porta de entrada e saída para a aventura oceânica. Refira‑se, a propósito, que
o estuário do Tejo era o ponto de partida e de chegada obrigatório de todas
as armadas reais, mas os demais portos do reino também participavam no
comércio atlântico, aproveitando produtos e regiões que não estavam sob
a alçada do monopólio régio.
O REALISMO JOANINO
(1521‑1557)1
*
Nos anos 20 do século xvi acentuaram‑se as mudanças pressentidas nos
últimos anos do reinado de D. Manuel I. Os Otomanos consolidaram a sua
hegemonia no Mediterrâneo Oriental, consagrada com a tomada de Rodes,
em 1522, e começaram a espreitar o Índico; em breve tornar‑se‑iam no grande
rival dos Portugueses nos mares da Ásia. Os mouros do Oriente conseguiram,
entretanto, estabelecer uma nova rota fornecedora de especiarias vindas
da Insulíndia, que chegava ao mar Vermelho com apoio nas Maldivas, e o
Estado da Índia, como vimos, não teve meios para a bloquear. Nos anos 20,
o corso luso ainda interceptou muita da navegação muçulmana que fluía para
o Egipto, mas Ormuz também vendia pimenta. A capacidade do mercado
asiático para aumentar a produção de especiarias, aliada à elasticidade do
mercado europeu para absorver o dobro da oferta daquele produto, levou a
que ambas as rotas concorrentes sobrevivessem, até porque tanto Portugueses
como mouros eram incapazes de aniquilar o rival.
Entretanto, em Marrocos, os Saadidas apossaram‑se do emirado de Mar‑
ráquexe, em 1524, e colocavam tanto os Portugueses como o reino de Fez
na defensiva. Todas as posições lusas tinham sido criadas há séculos, quando
as armas de fogo não existiam; assim, algumas das fortalezas começaram
a tornar‑se indefensáveis, apesar das reformas empreendidas no tempo de
europeus pela costa da Guiné. A França tentou mesmo, várias vezes, intervir
no Brasil, mas os agentes dos Valois foram batidos sistematicamente nas
praias brasileiras. O rei Francisco I contestava o exclusivo ibérico que havia
sido consagrado pelo Tratado de Tordesilhas, mas nunca declarou guerra a
Portugal, pois convinha‑lhe muito que os Portugueses se mantivessem neutrais
nos conflitos europeus e que não se aliassem a Carlos V, o arqui‑inimigo da
monarquia gaulesa.
As mudanças no Atlântico foram profundas nestes anos. A conquista do
México por Cortez, em 1522, e o desenvolvimento da sociedade colonial nas
Índias de Castela geraram uma nova realidade económica, com um novo fluxo
significativo de ouro e de prata aos mercados hispânicos e com uma nova
demanda de mão‑de‑obra na América que possibilitou o ressurgimento do
comércio de escravos, com a emergência das primeiras rotas afro‑americanas
sob o controlo dos Portugueses, particularmente dos moradores da ilha
de Santiago. As perdas do ouro da Mina eram compensadas pelo metal
americano que chegava a Lisboa em pagamento das primícias do êxodo de
africanos para o Novo Mundo2, ao mesmo tempo que o declínio do açúcar
madeirense era resolvido com os bons resultados da produção são‑tomense,
a que se seguiria o triunfo do açúcar brasileiro.
Versátil e dinâmico, o Império Português acomodava‑se aos ventos da
História, ao mesmo tempo que enfrentava um outro desafio difícil. No ano
de 1522 chegou à Andaluzia um navio comandado por Sebastião del Cano,
que trazia os poucos sobreviventes da primeira viagem de circum‑navegação
à Terra, que fora idealizada por Fernão de Magalhães. Este descobriu a
ligação entre o Atlântico e o Pacífico, mas morreu em combate nas Filipinas.
A expedição de Magalhães permitiu ganhar uma melhor noção do oceano
Pacífico e abriu um novo contencioso luso‑castelhano a propósito da posse
das Molucas. Entretanto, Sevilha ganhava mais protagonismo e, sintomatica‑
mente, a comunidade de mercadores alemães que trocara Veneza por Lisboa,
pelo ano de 1502, mudava‑se agora para a Andaluzia3.
A disputa pelas Molucas perdurou durante sete anos, até que as coroas de
Portugal e de Castela assinaram o Tratado de Saragoça, em 1529. Portugal
reconhecia, então, que as ilhas do cravo se situavam a oriente da linha do
antemeridiano de Tordesilhas, pelo que estavam na esfera de influência de
Castela; esta, por sua vez, reconhecia a sua incapacidade para aproveitar
economicamente as ilhas, pois não lhes podia aceder pela Rota do Cabo, e a
navegação pelo estreito de Magalhães não era favorável ao estabelecimento
de uma linha comercial. Venceu, assim, o pragmatismo e Portugal comprou
por 350 000 ducados de ouro o direito a manter as Molucas no seio do
Estado da Índia. Sabe‑se hoje que, afinal, aquelas ilhas se localizavam na
zona que pertencia a Portugal, de acordo com o que fora estabelecido em
o novo governador nomeado pelo rei (1529‑1538). Seria então que Goa se
tornaria na capital do Estado da Índia4.
Do Oriente chegavam mais notícias perturbadoras, pois as posições lusas
foram alvo de um ataque simultâneo, de Ormuz a Malaca, em 1522, e a
tentativa de aproximação à China fracassou no ano seguinte. O Guzerate
tornou‑se no principal rival a dominar, e Diu na praça mais cobiçada.
Como vimos, até 1521 o império estava subordinado quase totalmente
a uma lógica de hegemonia marítima, mas durante o reinado de D. João III
começou a mudar de paradigma, passando a incluir também políticas de
ocupação territorial. Na Ásia, esta nova realidade ganhou forma, com a
ocupação da denominada Província do Norte, que tinha por centro político
a cidade de Baçaim, ocupada em 1534. Além da cidade, os Portugueses obti‑
veram então uma faixa territorial, a que se acrescentou a região de Damão,
após a conquista desta cidade, em 1559. Entretanto, as terras contíguas a
Goa, Bardez e Salsete foram definitivamente sujeitas à Coroa portuguesa
durante o governo de D. João de Castro (1545‑1548). A ocupação destas
áreas possibilitou o enraizamento de nobres portugueses, que se tornavam
terratenentes, e provocou uma diversificação das receitas da Coroa, que se
acentuaria nos anos seguintes. Neste caso, não se tratou de uma política
idealizada pela Coroa, mas de um simples aproveitamento da superioridade
militar dos Portugueses, mas não deixa de ser uma alteração de fundo na
política imperial portuguesa que antecedeu os futuros planos de conquista
que se gizaram para o vale do Zambeze ou para a ilha de Ceilão. Embora se
tratassem de territórios periféricos e relativamente pequenos, representavam,
pois, uma novidade no processo expansionista português já centenário e eram
coincidentes com práticas semelhantes, mas de maior alcance, que começa‑
ram a ser empreendidas no Brasil, a partir de 1534. Antes, o rei enviou uma
esquadra comandada por Martim Afonso de Sousa, que entre 1530 e 1532
impôs a autoridade da Coroa lusa nas águas brasileiras. O triunfo do Sousa
levou o monarca a crer que a costa americana estava pacificada e apostou
na iniciativa privada para levar a cabo a colonização do Brasil.
Com efeito, a criação de domínios territoriais na Índia decorreu no mesmo
momento em que D. João III iniciou a ocupação sistemática dos seus territó‑
rios americanos. Neste caso, porém, havia o desejo claro da Coroa de dominar
terras. Depois de três décadas de mero controlo da orla costeira brasileira e
de extracção do pau‑brasil, o rei apostava na ocupação de grandes espaços
alargando para o Atlântico Sul o sistema das capitanias‑donatarias, que tinha
sido o modelo adoptado com sucesso para o povoamento dos arquipélagos
atlânticos. Mudava a estratégia, despontava um novo paradigma imperial,
mas ainda subsistia a experiência antiga e o monarca tentou aplicar o velho
modelo quatrocentista ao Brasil.
*
A partir de meados de Quinhentos, o império passava a ter duas áreas de
intervenção prioritária, o Estado da Índia e o Brasil, o que representava tam‑
bém uma alteração ao modelo manuelino, em que as preocupações da Coroa
estavam focalizadas, como vimos, no Oriente e em Marrocos. A novidade
sul‑americana parece ter provocado uma alteração na representação simbó‑
lica do rei nas partes ultramarinas. Apesar de o Brasil ganhar então uma nova
importância na constelação imperial, a Índia continuava a ser a área mais
prestigiada e a que atraía mais a fidalguia. A titulatura dos representantes da
monarquia tinha de reflectir precisamente essa hierarquia.
Entre 1505 e 1548, o Estado da Índia foi governado quase sempre por
fidalgos com o título de governador. As três excepções foram D. Francisco
de Almeida (1505‑1509), D. Vasco da Gama (1524) e D. Garcia de Noro‑
nha (1538‑1540). Em 1548, D. João III renovou o mandato do governador
D. João de Castro e tomou uma medida que nunca se repetiu, ao elevar o
estatuto do Castro para vice‑rei. A partir de então, todos os governantes
da Índia nomeados directamente pela Coroa receberam sempre o título de
vice‑rei, enquanto o de governador ficou reservado para os que sucediam
na Índia, em caso de morte ou impedimento do vice‑rei, através do sistema
das cartas de sucessão. É indiscutível que na segunda metade quinhentista a
maioria dos vice‑reis foram fidalgos com maior estatuto que os governadores
dos primeiros anos, mas a razão para esta mudança foi decerto a criação do
governo‑geral do Brasil, precisamente em 1548.
A importância simbólica deste território era muito menor do que a do
Oriente, e assim continuou a ser durante muito tempo, como veremos nos
capítulos seguintes. Por isso, o representante d’el‑rei na América não podia
ter o mesmo título do que a cabeça do Estado da Índia. Só muito mais tarde,
em 1640, é que o Brasil teve pela primeira vez um vice‑rei, e o território só
se tornou definitivamente num vice‑reinado em 1714.
Novos protagonistas
Um sentimento de decadência
AS CONTRADIÇÕES DE UM IMPÉRIO
PLURICONTINENTAL PUJANTE
(1549‑1580)
de Portugal nos conflitos europeus, pois de outra forma as suas forças navais
teriam enormes dificuldades para se movimentar nas águas costeiras do Velho
Continente. Por isso, o rei de França não podia enviar os seus soldados para
o Brasil, o que tornou mais fácil a tarefa dos homens de Mem de Sá.
O crescimento do domínio territorial português na América levou ao
desenvolvimento da produção açucareira e a colónia foi‑se tornando num
sustentáculo económico do reino3. Inicialmente, os colonos recorriam à escra‑
vização dos índios como forma de obter a mão‑de‑obra necessária. Tirando
partido da inimizade entre as tribos, os colonos cativavam tranquilamente os
inimigos dos seus aliados, embora fossem sofrendo uma oposição cada vez
mais encarniçada dos Jesuítas, que defendiam a liberdade dos índios e que
procuravam agrupá‑los em aldeias separadas das vilas coloniais. A escraviza‑
ção dos índios prosseguiu nas décadas seguintes, mas a partir de 1570 as capi‑
tanias do Nordeste começaram a importar maciçamente escravos africanos, o
que gerou novos circuitos florescentes do trato negreiro. Os Africanos tinham
uma capacidade quase inesgotável de vender prisioneiros aos Europeus e as
sociedades coloniais americanas atraíram milhões de escravos ao longo do
tempo, gerando um dos mais intensos êxodos humanos da História, a par
do próprio fluxo de europeus para o Novo Mundo.
Pouco depois, a produção açucareira gerou novos produtos para o trato
oceânico, pois, além do açúcar que adoçava o paladar dos Europeus, come‑
çou a ser enviada aguardente para África, numa diversificação dos géneros
que compravam os cativos e iniciando uma ligação directa afro‑americana,
que se intensificou nas décadas seguintes e que seria enriquecida, mais tarde,
com a venda de tabaco, produto que teve grande sucesso por todo o Mundo.
O sucesso no Brasil acabou por intensificar os contactos lusos com o con‑
tinente africano. A partir de 1560 cresceu o interesse em criar uma colónia
que controlasse a bacia do Cuanza e a Coroa criou a capitania de Angola, e
em 1576 foi fundada a vila de Luanda. Aumentavam as fontes de escravos,
mas despontava simultaneamente uma rede de interesses que se iria imis‑
cuindo no sertão africano; embora a criação da capitania se relacionasse
predominantemente com a velha lógica do imperialismo marítimo e a busca
de novas rotas oceânicas, cedo a presença lusa em Luanda extravasou este
objectivo inicial e os Portugueses começaram a intervir na bacia do Cuanza,
entrando em negócios da terra e fixando entrepostos, depois transformados
em pequenas posições militares ao longo do curso do rio. Assim, a chegada
dos Portugueses a Angola, na segunda metade quinhentista, espelha bem as
transformações por que passava o império, com a gradual emergência do
paradigma da territorialidade.
O mesmo se passava na costa oriental africana, pois, além das fortale‑
zas principais de Moçambique e de Sofala e de outras posições costeiras
Um episcopado imperial
criação de quatro novas dioceses: Angra, Cabo Verde, São Tomé e Goa.
O rei reconhecia, assim, a especificidade dos arquipélagos atlânticos, espa‑
ços antigos de territorialização, e encarava ainda as ilhas africanas como
possíveis pólos de coordenação da evangelização do continente africano;
ao mesmo tempo dotava o Estado da Índia de uma indispensável autono‑
mia para a celebração plena dos sacramentos pelos seus súbditos a leste
do cabo da Boa Esperança. A Índia fora visitada por bispos desde o final
do reinado de D. Manuel I, mas a sua passagem breve pelos mares do
Oriente tivera pouco efeito. O crescimento do número de cristãos exigia
uma solução permanente.
Nos últimos anos do seu reinado, o monarca obteve a fundação do pri‑
meiro bispado brasileiro (Salvador), em 1551. O envio de um prelado para
o Brasil era a confirmação da importância que o soberano atribuía à colónia
sul‑americana e a sua consolidação impunha a fundação da diocese. Foi ainda
D. João III que tratou do processo que levou à elevação de Goa à dignidade
metropolita, passando a ter como bispados sufragâneos o de Cochim e o
de Malaca, cujas bulas de criação foram assinadas em 1558, já depois do
falecimento do monarca.
Ainda incipiente, contando então com oito dioceses, quando as Índias de
Castela já tinham 25, a estrutura episcopal ultramarina criada por D. João III
é, ainda assim, mais um testemunho das mudanças estruturais por que passou
o Império Português durante este reinado. Foi, de facto, neste período que
a Coroa passou a ter súbditos ultramarinos em número significativo; além
disso, a partir dos anos 50, as dioceses de Além‑Mar também começaram
a ser encaradas como potenciais pólos difusores do Evangelho. Assim, o
sucesso da evangelização do Japão, onde os jesuítas contabilizavam mais de
30 000 baptizados em 1570, aliado às esperanças de se conseguir novas áreas
de missão nos territórios em torno do mar da China, levou a Coroa a obter
da Santa Sé uma nova sede diocesana para Macau, em 1576. O crescimento
acentuado da cristandade nipónica, já com mais de 150 000 baptizados
em 1582, levou mesmo a Santa Sé a criar uma diocese do Japão em 1588.
O bispado do Japão atingiu os 300 000 baptizados no final do século xvi,
e o bispo D. Luís Cerqueira foi o único prelado que tinha a sua sede numa
cidade sem qualquer apoio de forças europeias e foi também o único que
trabalhou com clero diocesano exclusivamente nativo19.
A par dos esforços de missionação, D. João III ainda conseguiu negociar
com Roma o envio de um patriarca para a Etiópia. O reino do mítico Preste
João tornara‑se num aliado dos Portugueses, mas não dispunha de produtos
interessantes para o jogo das trocas e até tivera necessidade de pedir auxílio
a Goa perante a ameaça otomana. O corpo expedicionário luso fora coman‑
dado por D. Cristóvão da Gama, filho de Vasco da Gama, que perdera a vida
*
Por meados do século xvi, os próprios portugueses que davam corpo ao
império começavam a ser um testemunho destes novos tempos em que gentes
outrora separadas começavam a conviver duradouramente.
A experiência colonial lusa só se efectivou seriamente com a criação das
capitanias‑donatarias no Brasil, mas mesmo nessa ocasião poucas mulheres
cruzaram o oceano em direcção às cidades do império. Aquando da primeira
conquista, com a ocupação de Goa, Afonso de Albuquerque apostara nos
casamentos com as mulheres da terra como forma de criar uma população
de origem portuguesa na Ásia. Estes homens e os seus descendentes são
designados na documentação como os «casados», e constituíram a massa
agregradora que deu forma e força à expansão dos Portugueses, e viviam
muitas vezes em conflito com os oficiais do império, na medida em que ten‑
diam a sobrepor os seus interesses privados e regionais às directivas vindas
do reino e às estratégias globais da Coroa.
Na segunda metade quinhentista, muitos dos portugueses adultos que
combatiam e que comerciavam pelos mares do Oriente nunca haviam estado
em Portugal, eram bilingues ou trilingues e tinham uma compleição física
mestiçada, embora fossem cristãos e se vestissem, muitas das vezes, à portu‑
guesa. O império luso cresceu sem que o potencial reprodutivo do reino fosse
afectado, pois as mulheres ficavam e mesmo as que eram casadas com os que
iam e vinham iam gerando filhos após as passagens dos maridos por casa.
Isto significa que a massa humana que sustentava o império era composta por
reinóis, por indígenas submetidos ou aliados, e também pelos mestiços, fruto
O reformismo de D. Sebastião
uma imagem desfocada mas que era tomada como certa pela maioria das
pessoas. A corrupção e o desvio de receitas da Coroa para os bolsos de
privados existiam, mas os mesmos que lesavam a Coroa eram mal pagos;
e quando as posições militares ficavam em perigo, os mesmos que tenta‑
vam ludibriar a alfândega pagavam o esforço militar do seu próprio bolso,
prática que prosseguiria nos séculos seguintes31. Começavam então as
queixas pela morosidade dos processos administrativos, nomeadamente a
verificação dos procedimentos pelos oficiais que tinham concluído as suas
funções32. Nesta matéria, a grandeza do império nunca foi acompanhada
pelo alargamento necessário da máquina de fiscalização. Genericamente, os
organismos da administração régia funcionavam mal, mas o império crescia
e os negócios prosperavam. Coroa e privados mantinham, pois, um jogo
do gato e do rato que beneficiava uns e outros, mas dificilmente poderia ter
sido diferente – o Império Português era a primeira entidade a espalhar‑se
por cerca de 180 graus de longitude, cuja comunicação interna se fazia
por via marítima, com alguns locais a mais de dois anos de distância para
a chegada de uma carta e cerca de cinco anos para obter uma resposta33.
Organizar uma máquina burocrática capaz de controlar em tempo útil
tamanha dispersão era uma tarefa ciclópica que, por isso mesmo, nunca
foi concretizada numa forma ideal.
Apesar das dificuldades, além do alargamento e gradual reconfiguração do
império, há que registar melhorias e, principalmente, um esforço reformista
por parte do jovem rei. Um dos dados mais relevantes deste reinado é que
as décadas de 60 e de 70 registaram os melhores resultados da Carreira da
Índia. Após um número excessivo de naufrágios nos anos 50, a Rota do Cabo
teve então o seu melhor desempenho, com a conclusão de mais de 90% das
viagens, quer à ida quer à volta. A partir de 1570, a Coroa passou a arrendar
a privados a gestão das naus da Índia.
O reinado de D. Sebastião foi marcado por uma forte produção legis‑
lativa, como é próprio de um período reformista, em que se incluiu a pro‑
mulgação de novas leis relativas ao império. Parece‑nos relevante assinalar
as leis de 1570 que proibiam a escravização de chineses, japoneses e índios
do Brasil. Embora o comércio de escravos fosse uma das principais fontes
de receita da Coroa, esta manifestava algum respeito para com os povos
com que os seus súbditos conviviam, deixando a escravatura confinada
basicamente aos negros de África. Vislumbra‑se nesta legislação a influência
dos Jesuítas, que defendiam particularmente a liberdade dos índios, mas
tanto os mercadores do mar da China como os colonos do sertão brasileiro
desrespeitaram a legislação régia. E se a escravização dos índios era um
fenómeno localizado no Brasil, temos notícia até da existência pontual de
escravos chineses e japoneses no reino.
Alcácer Quibir34
decerto na mira de uma outra vitória posterior. Foi neste contexto que se
organizou a expedição de 1578, contra a qual se insurgiram poucas vozes.
A guerra em África continuava a ser popular e os preparativos decorreram
num ambiente optimista. Os titulares acompanhavam o monarca, e o duque
de Bragança, que se encontrava adoentado, enviou o seu herdeiro, D. Teo‑
dósio, que tinha 10 anos. Este exemplo mostra bem o espírito de confiança
que envolveu a campanha.
No contexto da História da Expansão Portuguesa, a expedição de 1578
representava uma espécie de regresso às origens. Totalmente desligada da
geoestratégia oceânica que a Coroa privilegiava desde 1522, estava mais
associada ao contexto político e estratégico do próprio reino e às fragilidades
da dinastia. Por isso, a derrota de Alcácer Quibir, embora tenha ocorrido
num teatro de operações ultramarino, teve graves consequências para o reino
e não para o império propriamente dito, que nem sequer sofreu perdas em
Marrocos no rescaldo do desastre.
Os detalhes da expedição e da batalha são sobejamente conhecidos e não
cabe retomá‑los nestas linhas. O que nos parece mais relevante notar é
o seguinte:
O exército foi mal comandado, pois o rei era corajoso mas inexperiente
e os oficiais que o rodeavam nunca souberam substituí‑lo na coordenação
da batalha. Apesar da organização deficiente da estrutura militar, as forças
portuguesas estiveram em vantagem na fase inicial do combate, numa altura
em que Mulei Abdelmeleque acabara de falecer na sua liteira. Só o sangue
‑frio dos que rodeavam o cadáver do sultão é que impediu que a notícia se
difundisse e que as tropas mouras desmoralizassem e se desmobilizassem.
E no ardor da luta, quando os mouros pareciam estar a ser vencidos, mesmo
sem saber da morte do seu soberano, alguém gritou «Sus!» e a soldadesca
portuguesa perdeu o élan, hesitou e foi incapaz de suster o contra‑ataque
do inimigo.
Quer isto dizer que em Alcácer Quibir, como em tantas outras batalhas,
uma série de factores imponderáveis contribuiu para o desenlace final.
A derrota do exército português não espelha, só por si, uma decadência há
muito anunciada. Aliás, o grande drama político daquele dia não foi a morte
de cerca de 5000 homens, pois a Coroa sofreu perdas em igual número em
1515, no desastre da Mamora, sem que isso tivesse sequer grande impacto
na opinião pública e na memória colectiva, então anestesiada pelos sucessos
da Índia. O acontecimento fortuito de 4 de Agosto de 1578 que fez desta
batalha um momento‑chave da História de Portugal foi o facto de o rei
ter desaparecido nos combates. É certo que a sua morte era evitável, e que
durante muito tempo D. Sebastião teve condições para se retirar do campo
de batalha, ou mesmo para se render. Mas o jovem rei que buscava a glória
CRISE E RECONFIGURAÇÃO
(1580‑1640)
Ao mesmo tempo que deixava de ser uma potência hegemónica nos ocea‑
nos, Portugal continuou a alargar as áreas sob seu domínio nas partes do
Além‑Mar.
Veja‑se, em primeiro lugar, o caso do Estado da Índia, em que a navegação
lusa foi quase aniquilada. Deve‑se notar desde logo que a vitória neerlandesa
nos mares não afectou, como referimos, as regiões onde os Portugueses domi‑
navam territórios; a excepção foi a ilha de Ceilão, mas neste caso a territo‑
rialidade era exercida sobre uma ilha, e Goa foi incapaz de manter as rotas
que a ligavam à Índia, o que levou ao isolamento das posições e à sua perda,
mais tarde, para os Holandeses com o apoio dos inimigos locais. Nos outros
casos, especialmente a Província do Norte e a área em torno de Goa deno‑
minada das «Velhas Conquistas», não houve perdas, e nem sequer ataques
dos Holandeses. Focados no desenvolvimento de uma hegemonia marítima
igual à que os Portugueses tinham montado havia um século, os agentes da
VOC não queriam submeter áreas territoriais cuja produção agrária não
alimentava as grandes redes mercantis do Oriente e as rotas euro‑asiáticas.
O grande objectivo dos bloqueios a Goa era impedir a circulação das naus
da Carreira da Índia. Além disso, a ilha de Moçambique resistiu a dois cercos
consecutivos, em 1606 e 1607. Em ambos os ataques, os Neerlandeses foram
incapazes de fechar o cerco, devido ao bom relacionamento da guarnição
portuguesa com as populações costeiras, que a apoiaram e asseguraram o
fornecimento de víveres durante os assédios. A presença lusa na África Orien‑
tal consolidou‑se então no vale do Zambeze, e a Coroa começou a emitir
cartas de doação conhecidas como os «prazos da Zambézia». Portugueses
ou, sobretudo, luso‑asiáticos penetravam pelo vale do grande rio e obtinham
territórios juntando‑se, as mais das vezes, com negras da terra23. Não criavam
colónias brancas, mas aumentavam o número dos súbditos d’el‑rei de Portu‑
gal, actuando em seu nome… tanto para o bem como para o mal.
Na costa ocidental africana, a influência lusa foi crescendo em torno de
Luanda e Cuanza acima, e em 1610 foi fundada uma nova praça em Benguela,
enquanto na Guiné despontava a praça de Cacheu24. Todas estas posições,
como as do Zambeze, estavam completamente dependentes da capacidade
de negociação com as populações locais, pois a superioridade tecnológica
era insuficiente para compensar a desproporção numérica entre portugueses
e africanos.
No entanto, o grande progresso do paradigma da territorialidade resultou
do alargamento da fronteira do Brasil entre 1580 e 1622. Já vimos que a flage‑
lação da orla costeira pelos inimigos europeus não era seguida por tentativas
de conquista das praças lusas na América. Assim, apesar da fragilidade no
mar, a hoste portuguesa logrou dominar toda a linha da costa até à foz do
Amazonas. Depois da conquista da Paraíba, em 1587, de Sergipe, em 1589,
e do Rio Grande do Norte, em 1597, seguiu‑se o Ceará, entre 1607 e 1612;
na sua caminhada para norte, os portugueses derrotaram os franceses em
1614, na luta por São Luís do Maranhão, e depois escorraçaram os holan‑
deses da boca do Amazonas, em 162025. No sentido inverso, os Portugueses
começaram a cobiçar os territórios a sul da capitania de São Vicente, por
volta de 1624, mas a fronteira só avançaria cerca de trinta anos mais tarde.
A conquista foi efectuada pelos exércitos mistos de colonos e índios, que
eram comuns no Brasil desde a criação do governo‑geral, mas não era alimen‑
tada por exércitos coloniais saídos de Lisboa. Como notou João Fragoso, a
ocupação de novos territórios foi alimentada pelo crescimento das famílias
das primeiras gerações de colonos, que precisavam de novas terras para os
seus descendentes26.
Além de alargarem o domínio da costa, os Portugueses exploravam o
sertão, tendo São Paulo como principal centro coordenador das expedições
de reconhecimento do interior do território. As bandeiras proporcionavam
receitas valiosas, através da captura de índios que eram depois vendidos
como escravos, o que suscitou atritos frequentes entre os colonos e os Jesuí‑
tas. Estas expedições eram estimuladas pela Coroa, na mira da descoberta
de novas minas de metais ou de jazidas de pedras preciosas. Depois, Belém
do Pará também assumiu um papel relevante na exploração do sertão, atra‑
vés do rio Amazonas. Uma grande expedição, com cerca de 2500 pessoas,
partiu desta localidade em 1637, tendo chegado a Quito no ano seguinte, e
retornado depois a Belém. Apesar das reclamações do Conselho das Índias,
os Portugueses aproveitaram o desinteresse de Madrid pelo caso para se
assenhorearem de toda a bacia amazónica, avançando muito para ocidente
do meridiano de Tordesilhas.
A importância do Nordeste levou mesmo a Coroa a criar o Estado do
Maranhão, separado do resto do Brasil, em 1621. Entre 1609 e 1612, Madrid
voltara a ensaiar a criação de um governo‑geral separado para as capitanias
do Sul, mas a experiência abortou de novo. Além do progresso da conquista
ao longo da costa, estes anos assistiram também ao reforço da exporta‑
ção de açúcar para a Europa, estimando‑se que por volta de 1580 saíram
350 000 arrobas anuais, e que em 1600 as exportações atingiram a cifra de
1 200 000 arrobas anuais27. Este crescimento da produção açucareira era a
consequência da consolidação da conquista territorial e da gradual penetra‑
ção dos colonos para o sertão, a única forma de aumentar a área produtiva.
Vemos, assim, que a hecatombe nos mares constituiu apenas uma
parte da realidade do Império Português nos reinados de D. Filipe I e de
D. Filipe II. Apesar dos desastres que causaram tanta comoção, o império
À beira do abismo
uma guerra sem que eclodissem protestos da mesma envergadura e sem que
ocorressem manifestações importantes defendendo o regresso à Monarquia
Católica. Além disso, as conspirações contra D. João IV reduziram‑se sempre
à iniciativa de indivíduos ou de pequenos grupos sem expressão nacional.
Esta unanimidade quase absoluta em torno da Restauração repetiu‑se
por todo o império.
*
O período entre 1640 e 1668 representou, pois, sem dúvida, um dos
momentos cruciais da História de Portugal: o reino suportou uma longa
guerra de fronteira, rechaçando invasões consecutivas, ao mesmo tempo que
mantinha uma verdadeira guerra mundial contra a Holanda e que tinha no
trono um rei frágil desde 1656. A monarquia lusa suportou dois golpes de
Estado enquanto vencia a Espanha e derrotava a Holanda no Atlântico Sul
e se afirmava definitivamente na cena internacional como um reino inde‑
pendente com uma ligação estreitíssima à sua grande colónia sul‑americana.
A partir de 1640 começou a escrever‑se, de facto, uma história luso‑brasileira.
Os ecos da Restauração
A notícia propagou‑se rapidamente por todo o país. O novo rei foi acla‑
mado em Santarém no dia 3, em Coimbra no dia 4, em Lagos e Olivença
a 5, e a 6 no Porto, no mesmo dia em que o monarca entrou em Lisboa.
Seguiram‑se, entre outras localidades, Vila Viçosa a 7, Guimarães no dia 10 e
Bragança e Viseu no dia 16 de Dezembro. A 19 de Dezembro todo o reino já
tinha aderido ao golpe, e seguiram nesse dia as primeiras cartas oficiais para
a Madeira, depois de um primeiro emissário ter zarpado para os Açores no
dia 17. Por todo o país a notícia gerou a adesão pronta da quase totalidade
da população, pelo que os mais calculistas não tiveram oportunidade de arre‑
fecer os ânimos e a nova dinastia impôs‑se pacificamente. Entretanto, o corte
com a Monarquia Católica fora sabido em Madrid, logo a 7 de Dezembro,
e em Janeiro a notícia começou a difundir‑se pela Europa. A diplomacia da
Restauração foi activada rapidamente, e entre Janeiro e Fevereiro de 1641
seguiram emissários para a Catalunha, a França, a Inglaterra e a Holanda.
D. João IV foi jurado solenemente no Funchal, a 13 de Janeiro de 1641,
e a 5 de Fevereiro na ilha de Porto Santo e na de Santiago, em Cabo Verde.
Também o fora em Mazagão, mas não foi reconhecido pelos capitães de
Ceuta e de Tânger; Ceuta ficaria ligada definitivamente a Espanha, enquanto
o capitão de Tânger, o 1.º conde de Sarzedas, acabou por mudar para
onde a aliança do rei de Cândia com os Holandeses foi fatal para os inte‑
resses lusos.
Entre 1642 e 1652 foi mantida uma trégua entre Goa e a VOC, mas as
dependências portuguesas associadas exclusivamente ao trato marítimo
foram‑se tornando peças inadequadas ao Estado da Índia – sem os negócios
oceânicos eram entrepostos que consumiam uma fatia elevada do orçamento
geral sem gerarem proveitos e sem desempenharem sequer um papel estra‑
tégico relevante. A inércia e a incapacidade de assumir a mudança própria
do tempo levavam os Portugueses a manter essa herança de uma época que
já passara. Com o reacender das hostilidades entre Portugal e a Holanda, a
nova grande potência marítima dos mares da Ásia tomou todas as posições
que lhe faziam falta e que, diga‑se a verdade, do ponto de vista de Goa eram
perfeitamente dispensáveis.
Assim, a VOC tomou a costa do Canará entre 1652 e 1654 e concluiu a
conquista de Ceilão entre 1656 e 1658; neste ano também tomou Negapatão
na costa do Choromândel e, finalmente, atacou o Malabar em 1658. Primeiro
ocupou Coulão, logo em 1658, depois Cranganor, em 1662 e, finalmente,
Cochim e Cananor, em 16638. Registe‑se a lentidão do processo, apesar da
fragilidade das forças portuguesas empenhadas no conflito, o que se relaciona
certamente com a crescente dificuldade da VOC em alargar sistematicamente
os seus domínios, na medida em que estas conquistas exigiam uma maior
mobilização de meios humanos e uma dispersão das forças militares. Além
disso, o centro económico e militar da VOC estava em Java, na Ásia do
Sueste, pelo que a extensão da sua rede de fortalezas para a Índia e o Cei‑
lão foi difícil; mais tarde, todas estas posições passariam para as mãos dos
Ingleses. Com o tratado luso‑holandês de 1669 terminou o conflito, com
o reconhecimento do novo mapa político dos mares da Ásia por ambas as
partes. Os inimigos asiáticos também aproveitavam a fraqueza de Goa, e o
sultanato de Omã apoderou‑se de Mascate em 1650, pondo fim à presença
lusa no golfo Pérsico, e o sultão de Golconda tomou Meliapor, em 16629.
Afastados do domínio dos portos, os Portugueses continuaram a comerciar
por todo o oceano como agentes privados, e a memória da primeira hege‑
monia europeia sobre os mares da Ásia tardou a ser esquecida, pois durante
décadas o português continuou a ser a língua franca das cidades marítimas e
muitos dos primeiros acordos que a VOC celebrou com as potências asiáticas
foram redigidos em português.
O Estado da Índia concluía, assim, o seu primeiro reajustamento, e passava
a assentar nos domínios territoriais em torno de Goa e de Baçaim, com a sua
produção agrícola, e no aprofundamento da presença na África Oriental e no
seu comércio com a Índia, especialmente com Diu. A perda de mais de uma
dezena de praças inúteis e deficitárias facilitou a gestão orçamental, embora
*
Entretanto, a própria Coroa abdicou de mais um pequeno território ao
incluir a ilha de Bombaim (situada no extremo sul da Província do Norte)
no dote da infanta D. Catarina, quando esta se casou com Carlos II, rei de
Inglaterra, em 1662. Se dez anos antes os diplomatas da Restauração e o rei
chegaram a admitir a perda do Nordeste brasileiro para assegurar a indepen‑
dência do reino, compreende‑se que o minúsculo território em questão não
levantasse grandes dificuldades aos negociadores, que precisavam desespe‑
radamente do auxílio inglês nos anos em que recrescia a ofensiva espanhola.
Para os Ingleses, pelo contrário, Bombaim representava o primeiro entreposto
na costa ocidental da península hindustânica11.
Juntamente com o território indiano, os Portugueses cederam também
Tânger, outra das peças obsoletas do seu império. Talvez os Ingleses julgassem
que essa cidade lhes daria algum controlo sobre o estreito de Gibraltar, mas
acabaram por a abandonar, ainda antes de ganharem o rochedo de Gibraltar.
A singularidade de Macau
analisadas com muita cautela, pois mesmo quando anunciavam que a cidade
(e eles próprios) estava pobre conseguiam sempre arrecadar verbas elevadas
para agradar aos mandarins que garantiam a sobrevivência de Macau.
Perdido o Japão, em 1640, e interrompido o trato com Manila, em 1642,
Macau logo deu um sinal de vitalidade, ao passar a obter a prata em Macassar,
sultanato situado nas Celebes. Em 1651, viviam aí cerca de 3000 católicos;
Macassar era também o elo de ligação a Timor e tornara‑se num centro
redistribuidor de especiarias. Entre 1662 e 1666, porém, a VOC impôs a sua
autoridade sobre o sultanato e os Portugueses tiveram de abandoná‑lo, mas
logo reataram os seus circuitos regionais através do sultanato de Bantém,
localizado no extremo ocidental da ilha de Java. Uma vez mais, os macaenses
obtinham aí a prata de Manila, além de especiarias. Em 1682, a VOC con‑
quistou também este sultanato, mas nessa ocasião já estava restabelecida a
paz luso‑holandesa e os navios de Macau podiam circular livremente pelos
mares da Ásia, e viriam a apostar pouco depois na exportação de ópio da
Índia para a China14.
O equilíbrio entre as diferentes potências europeias foi permitindo um
ajuste dos interesses de cada uma, e a VOC acabou por reduzir as suas opera‑
ções com o Celeste Império; este, por sua vez, só negociava com os Europeus
através de Macau e mantinha a escolha dos Portugueses como seus parceiros
preferenciais.
No entanto, a sobrevivência de Macau também enfrentou dificuldades
vindas da terra. Em 1644, os Manchus conquistaram Pequim e derrubaram
a dinastia Ming. Começava a era dos Qin, que tomaram Cantão em 1647.
Os últimos generais Ming refugiaram‑se no Sul e particularmente em Taiwan,
de onde desferiam ataques contra o continente, depois de terem expulsado
os holandeses da ilha. Em 1662, Pequim decretou o ermamento da costa,
ordenando que todos os seus súbditos se afastassem cerca de 25 km do mar,
o que foi, de facto, realizado nas províncias do Sul, incluindo o Guangdong,
onde se situa Macau. Os chineses que viviam aí também deixaram a cidade,
que terá ficado momentaneamente reduzida a uns 2500 habitantes. Macau
dependia dos territórios vizinhos para se alimentar e os víveres escassearam
perigosamente, e passaram a ser vendidos a preços especulativos. Na mesma
altura, o império hostilizava os Jesuítas; os padres da Companhia estavam
em Pequim desde 1601 e já tinham alcançado lugares de destaque na corte,
mas nesse momento de crise estiveram prestes a ser expulsos ou executados.
Entre 1665 e 1667 os portugueses pagaram vários subornos elevadíssimos aos
mandarins, o que nos mostra que, apesar de tudo, a cidade tinha recursos, e
a pressão terminou em Agosto de 1667, quando subiu ao trono o imperador
Kangxi, que se revelou uma pessoa interessada pela cultura ocidental, pro‑
tegeu os jesuítas e permitiu a continuidade de Macau15.
Nos anos seguintes, Macau afirmou‑se como a base dos europeus que
negociavam com a China e como escápula de novos negócios com Batávia e
com a Índia. O seu hinterland não era um domínio colonial, mas antes uma
capacidade pertinaz de negociação. Talvez os Portugueses fossem os estran‑
geiros menos perigosos do ponto de vista chinês, ou mesmo os mais débeis;
mas também eram os que estavam mais associados à terra, fosse por serem
mestiços na sua maioria, fosse por terem arquitectado redes de confiança
depois de porfiarem décadas a fio na região16. Foi, pois, nos Portugueses que
o Império Chinês confiou então como interlocutor dos povos do Ocidente,
tanto quanto era governado por uma dinastia nativa, os Ming, como quando
foi subjugado por um povo estrangeiro, os Manchus. Esta opção perduraria
durante muitas décadas, e mesmo quando os Ingleses puderam instalar‑se em
Cantão, o único entreposto controlado por europeus continuou a ser Macau,
até que a China foi vergada pelo poder militar britânico e cedeu Hong Kong,
já em meados do século xix, quase 200 anos depois de Macau ter sobrevivido
ao turbilhão de meados de Seiscentos.
total que sofreram no Atlântico Sul. O fatalismo típico dos Portugueses ajuda
a perceber por que tendo ganhado os dois, cada um em seu teatro de opera‑
ções, e empatado os dois à escala mundial, a memória neerlandesa olhe com
mais satisfação para este período do que a portuguesa quando, afinal, ambos
os países consolidaram então a sua (difícil) independência.
O saudosismo focado nos «anos dourados» dos alvores de Quinhentos
estava bem presente, inclusive, nos próprios diplomatas da Restauração, o
que nos ajuda a compreender como esta perspectiva errada se entranhou na
memória colectiva dos Portugueses. Uma troca de correspondência entre o
padre António Vieira e Duarte Ribeiro de Macedo dá‑nos conta de que estes
diplomatas da Restauração discutiram a possibilidade de experimentar o
cultivo das especiarias asiáticas em solo brasileiro. Se a experiência fosse
bem‑sucedida o negócio mudava radicalmente, pois a pimenta, o gengibre
ou a canela produzidos na América do Sul chegariam aos mercados europeus
em melhores condições e a um preço mais baixo, pelo que suplantariam a
oferta vinda da Ásia. Até aqui estamos perante um plano de cariz comercial
perfeitamente lógico e que fazia sentido, pois representaria uma valorização
do Brasil e aumentaria a riqueza de Portugal. Além disso, o padre António
Vieira esperava que o sucesso da operação levasse à falência da VOC (tal
como no início do século xvi os Portugueses arruinaram o sultanato dos
Mamelucos), o que facilitaria o negócio e teria o sabor especial da desforra.
O sonho de Vieira, porém, não era o abatimento dos rivais europeus –
o que ele esperava, de facto, era que, por esta via, Portugal aproveitasse o
colapso dos Neerlandeses e restaurasse o Estado da Índia na sua configura‑
ção quinhentista17. Ou seja, nem sequer Vieira, diplomata da Restauração,
missionário no Brasil e gigante das Letras e da alma lusitana, compreendeu
a grandeza do novo império de meados de Seiscentos e o papel central do
Brasil no universo português. Inexplicavelmente, cem anos depois, o velho
discurso da «decadência» continuava a sobrepor‑se à realidade.
No entanto, o império continuou a desenvolver‑se de acordo com o seu
novo paradigma, indiferente aos olhares dos que o concretizavam, conti‑
nuando cegos à realidade presente por se deixarem ofuscar por um passado
que maravilhara as gentes de outrora, mas que fora forjado em condições
muito mais favoráveis das que existiam nesta época difícil em que o reino de
Portugal e o seu império se separaram da Monarquia Católica.
O IMPÉRIO TERRITORIAL
EM BUSCA DA CONSOLIDAÇÃO
(c. 1650‑c. 1700)
O quadro geral que vimos esboçando não ficaria completo sem uma
referência aos extremos geográficos do Estado da Índia e à sua situação
neste período. Com efeito, importa lembrar que, nas franjas, a capacidade de
actuação do centro político era bem menor e, consequentemente, o controlo
efectivo dos poderes e agentes locais e a imposição de um domínio de jure e
de facto estavam longe de assegurados, sendo possível falar, como para outros
espaços, de uma «autoridade negociada». Além do mais, o crónico problema
da escassez de efectivos demográficos oriundos da Europa, sobretudo do
género feminino, estava sempre presente. Se os brancos eram uma minoria
étnica em centros como Goa ou Baçaim, nessas sociedades de fronteira a sua
presença era ainda mais ténue. Neste contexto, em função das circunstân‑
cias e da relação de forças à escala local, a mestiçagem foi uma das formas
de responder aos problemas da ocupação do espaço. Na África Oriental,
a presença portuguesa no sertão tinha sido conseguida graças à acção dos
Dominicanos, presentes no vale do Zambeze desde 1580, e à assinatura
dos tratados de 1607 e 1629 com o reino do Monomotapa23. No seguimento
deste tratado, o diploma de 6 de Fevereiro de 1608 regulou num primeiro
momento o sistema dos prazos, um modelo de colonização que implicava
a distribuição de terras pela Coroa portuguesa, seguindo‑se a provisão de
3 de Março de 1670 e legislação subsequente, não identificada24. Porém, os
projectos de colonização e exploração com contingentes de colonos europeus
(1635, 1677, 1682) falharam ou tiveram resultados limitados, persistindo
a reduzida dimensão de população branca. Todavia, esta região, pelas suas
riquezas e potencial, era central para a Coroa e para os privados. Assim,
por um lado, edificaram‑se fortalezas e, por outro, a expansão portuguesa
continuou em direcção ao interior a partir de Quelimane, Sena e Tete, ao
longo do Zambeze, rumo às minas e aos reinos do interior e, mais além, à
ambicionada ligação com a costa ocidental25.
O processo de territorialização nessa região tinha como base as fortifica‑
ções e o sistema dos prazos. Um tópico recorrente em documentação coeva
e na historiografia é o facto de os senhores dos prazos, que lutavam com
frequência entre si, se africanizarem em duas ou três gerações. Os prazos
coincidiam com as chefaturas africanas e a africanização destas instituições
também se manifestou ao nível das produções agrícolas (sorgo, milho
‑painço e milho‑maís). A resposta da Coroa portuguesa para evitar a perda
do controlo sobre estas terras estratégicas foi a mudança no sistema de atri‑
buição dos prazos, que desde a década de 1670 passaram a ser concedidos
a mulheres nascidas de progenitores portugueses, que teriam de casar com
brancos. A sucessão seria por via feminina e, passadas três gerações, a doação
devia reverter para a Coroa. Esta foi uma decisão que teve consequências
no longo prazo.
No entanto, a partir da década de 1680, a entrada em cena dos Rozvi de
Butua sob o comando do changamira Dombo, que culminou com a tutela
sobre os mutapa e colocou vários reinos na sua esfera de influência, represen‑
tou um duro golpe para os interesses portugueses na região. Em 1693, os tem‑
plos dominicanos existentes no sertão foram destruídos, os prazos invadidos e
os portugueses expulsos de Dambarare, de Chicova e de Sofala e das feiras de
Manica e de Ongué, no planalto karanga, onde se obtinha a maior parte das
mercadorias destinadas à Índia, em particular o ouro do Monomotapa, ouro
que também se podia encontrar no reino Teve, e ainda o marfim. Muitos dos
assentamentos portugueses no sertão não foram recuperados e instituíram‑se
novos estabelecimentos na zona do Zambeze. A instabilidade prolongou‑se
pelos anos seguintes até à derrota do changamira, já na segunda década de
Setecentos. Se a este clima de guerra somarmos a perda de Mascate, em 1650,
e a presença francesa em Madagáscar desde 1655, podemos visualizar um
panorama geral de dificuldades na costa oriental africana, embora mereça
ser sublinhado que os concorrentes europeus de Portugal não conseguiram
instalar‑se entre Moçambique e a baía de Lourenço Marques. No contexto
finissecular, a criação de uma Junta do Comércio, de pouca duração, e de
companhias de comércio constituiu uma tentativa de dinamizar a economia
de acordo com os modelos então dominantes. Mas a derrota da Companhia
Geral atesta quer as diferenças de perspectiva entre Lisboa e Goa, quer a
impossibilidade de se aplicar e defender um exclusivo face à concorrência e ao
contrabando. Em contrapartida, e apesar das queixas dos afro‑portugueses,
a continuidade dos baneanes e da sua sociedade comercial até 1777 revela
bem a importância das redes locais e familiares para o sucesso das rotas e
dos subsistemas de comércio costeiros e no Índico.
No pólo oposto do Estado da Índia, em Macau, o advento da dinastia
Manchu reflectiu‑se no maior controlo do comércio por parte do poder
imperial e dos seus representantes, o que afectou a actividade dos armadores
e mercadores instalados nesse porto, que constituía um complemento do
de Cantão. Os anos finais do século xvii e os primeiros do século seguinte
foram marcados por dificuldades económicas e fiscais para os portugueses
de Macau. No entanto, os mercadores portugueses de Macau, com o apoio
do senado, participaram activamente nos circuitos comerciais do mar da
China, ampliando mesmo a sua intervenção em mercados até então menos
procurados e concorrendo com a VOC, como sucedeu em Banjarmassin, no
Sul do Bornéu26. Por fim, e apesar das rivalidades, também se encontravam
homens de negócio portugueses em Batávia, transportando cargas suas ou de
mercadores de Cantão em chalupas e em barcos de semelhante tonelagem.
Os Brasis
para o interior, mas em boa medida este continuou por dominar. A actividade
pecuária passou por períodos extremamente duros, quer devido às condições
climatéricas que dificultam a ocupação de largas parcelas do território, quer
devido à oposição indígena. A chamada «Guerra dos Bárbaros» marcou
durante anos a vida do sertão nordestino42. Prolongando‑se de 1651 a 1720,
as várias campanhas englobadas sob aquela designação inscrevem‑se no pro‑
cesso de abertura das fronteiras interiores e corresponderam a uma procura
de novos espaços para a actividade económica no Nordeste, que empurrou
as populações indígenas para fora dos seus territórios. As guerras contra os
grupos tapuias e outras populações «bárbaras» do «sertão de dentro» resul‑
taram quer da necessidade de defender a distribuição de terras em regime de
sesmaria desde a década de 1670, quer da expansão da criação de gado e das
fazendas associadas à pecuária. Com efeito, no final do século xvii o sertão
das capitanias do Nordeste foi procurado para criação de gado, sobretudo
após a publicação da provisão régia de 20 de Junho de 1698, que ordenou que
os criadores conduzissem os gados para o interior, para não devastarem os
terrenos dedicados à lavoura. De qualquer modo, a busca de novas áreas para
a criação e circulação da pecuária desenvolveu‑se desde a década de 1670.
A concessão de sesmarias na capitania do Ceará confirma‑o amplamente:
entre 1679 e 1709 foram distribuídas 837 dadas para a pecuária, 19 para
uma actividade agro‑pecuária e nenhuma para a agricultura43.
Esta actividade escapava parcialmente da lógica da economia de planta‑
ção, pois a pecuária e a pastorícia não dependiam da mão‑de‑obra escrava.
Todavia, havia recurso a trabalho indígena, sobretudo para conduzir as
boiadas, e uma parte do gado era destinada ao mundo dos engenhos, como
força motriz e alimento. Mas se o açúcar era o produto dominante, outras
produções tinham também lugar assegurado nos circuitos do trato, como o
tabaco, cultivado no Pará, no Maranhão, em Pernambuco e na Baía, situando
‑se as zonas produtoras mais importantes a sul e a oeste de São Salvador.
Menos prestigiosa e mais barata do que a economia do açúcar, a agricul‑
tura do tabaco estava também firmemente ancorada no trabalho escravo.
O tabaco produzido no recôncavo baiano era um produto‑chave, quer no
tráfico que os homens de negócio e os armadores da Baía desenvolviam na
Costa da Mina, quer nas reexportações do tabaco de melhor qualidade para
as principais praças europeias a partir de Lisboa. Os dados conhecidos con‑
firmam o crescimento do comércio do tabaco, contribuindo para revitalizar
a economia portuguesa, em particular no espaço atlântico. Entre 1687 e
1695, as receitas do monopólio do tabaco cresceram e o papel da Junta da
Administração do Tabaco, criada em 1674, reforçou‑se, controlando uma
parte do comércio com a Índia. O facto de o poderoso duque de Cadaval
presidir à Junta contribuiu certamente para que esta aguentasse os embates
do Rio de Janeiro para as Minas Gerais por Garcia Rodrigues Pais. Com
o estabelecimento de uma ligação directa entre o Rio de Janeiro e a região
mineira, São Paulo perdeu a sua posição de «porta de entrada» para as Gerais,
que assim ficaram na zona de influência do Rio de Janeiro51. Além do Rio
de Janeiro, também a vila de Parati beneficiou do surto mineiro enquanto
porto por onde se cruzavam bens e tratos que uniam as Minas ao Atlântico
e ao império. Em 1699, pela carta régia de 20 de Janeiro, foi criado o ofício
de juiz nas freguesias do sertão. Era a constatação por parte das autorida‑
des de que a multidão que se ia dispersando pelas Gerais precisava de estar
enquadrada e sujeita às leis e à justiça, como forma de tentar travar situações
de conflito ou ilegalidade. As décadas iniciais do século xviii demonstraram
que, apesar da produção legislativa e da nomeação de oficiais de justiça, não
era fácil impor a lei e a autoridade no sertão brasileiro.
de 1710, José Soares da Silva dava conta nas suas notas de que um navio
de licença chegara da Baía trazendo a notícia de que os Ingleses faziam o
seu trato na América Portuguesa enviando navios à Baía, ao Rio de Janeiro
e a Pernambuco e regressando depois à Europa com ouro, açúcar e tabaco.
Concluía o registo expondo o seu receio de que, caso um tão danoso negó‑
cio continuasse, estaria em risco a posse do Brasil, pois «com a demora se
faz irreparável, como tambem a perda deste nosso Reyno sem a utilidade
daquellas Conquistas»11.
Lidas retrospectivamente, as palavras do memorialista José Soares da Silva
parecem proféticas. Nesse ano, a cidade do Rio de Janeiro foi atacada por uma
pequena esquadra composta por cinco vasos de guerra e cerca de mil homens,
uma força armada em Brest e em Rochefort semanas antes sob o comando
de Jean‑François Duclerc. Um pescador avistara os navios a 16 de Agosto e
quando, na manhã do dia seguinte, a expedição surgiu na entrada da barra
da baía as guarnições portuguesas estavam já em estado de alerta e abriram
fogo contra os navios inimigos, que rumaram por isso em direcção à ilha
Grande, onde enfrentaram a oposição das forças locais. A frota de Duclerc
deslocou‑se então para norte, desembarcando os seus efectivos na praia de
Guaratiba a 11 de Setembro. Foi a partir daqui que, a pé, marcharam sobre
o Rio de Janeiro, alcançando a cidade oito dias mais tarde e dando início
ao ataque por terra. O governador Francisco de Castro Morais tomara as
medidas necessárias para acautelar a defesa. Deste modo, apesar de a Alfân‑
dega e a Casa dos Contos terem sido destruídas durante a invasão, devido à
explosão da Casa da Pólvora, os franceses foram derrotados e Duclerc ficou
prisioneiro com seiscentos ou setecentos homens. Todos os demais foram
mortos. A vitória foi celebrada com festa e luminárias e o governador escreveu
a D. João V, informando‑o do grande sucesso das armas portuguesas. Deste
evento, porém, o rei só teve notícia nos começos do ano seguinte.
Uma segunda investida francesa teve sorte diferente. Apesar da sua expe‑
riência no governo de Pernambuco (1703‑1707) e do sucesso obtido contra
Duclerc e os seus homens, Francisco de Castro Morais não mostrou a mesma
determinação quando, em Setembro de 1711, uma poderosa esquadra fran‑
cesa, sob o comando de René Duguay‑Trouin, entrou na baía e atacou o Rio
de Janeiro. O governador não coordenou a defesa da cidade e capitulou,
aceitando os termos da rendição que lhe foram impostos e caindo assim
em desgraça. Na noite de 21 de Setembro, moradores e defensores fugiram,
abandonando a cidade. Os Franceses assenhorearam‑se do Rio de Janeiro
durante algumas semanas, partindo somente quando uma força portuguesa
de socorro ida de Minas chegou à cidade. Perante o contra‑ataque conduzido
a partir do sertão, Duguay‑Trouin retirou‑se, levando consigo um resgate em
ouro, as caixas de açúcar que encontrou e outros bens de valor12.
que tinham a sua origem nos anos iniciais da guerra e, no terreno, as demar‑
cações revelaram‑se de difícil execução, conforme atesta a correspondência
trocada entre o governo da colónia e a corte nos anos de 1718 e 171917.
Um dos problemas por resolver dizia respeito ao valor equivalente proposto
por Filipe V pela Colónia do Sacramento em virtude do que ficara acordado
na paz ajustada com Portugal em Utrecht18. Para o Consejo de Indias, exis‑
tiam grandes inconvenientes em entregar‑se a Colónia a Portugal, e muita da
acção desenvolvida pelo embaixador espanhol na corte de Lisboa nos anos
de 1716 e 1717 passou pela tentativa de evitar a devolução desse território.
A diplomacia bourbónica argumentava que a Colónia do Sacramento estava
longe dos núcleos portugueses e que o seu solo não era fértil, por ser arenoso,
constituindo apenas motivo de inquietação e gastos para o rei de Portugal19.
A conjuntura balizada pela formação da Quádrupla Aliança, em 1718,
contra as ambições de Filipe V – que, em 1720, acabaria por integrar a
mesma, renunciando ao trono francês –, e pela assinatura do Tratado de
Cambrai, a 27 de Março de 1721, confirmando a nova aliança franco
‑espanhola, revelou‑se preocupante para os interesses portugueses na Amé‑
rica do Sul20. Neste contexto, a crise sísmica e vulcânica que assolou a ilha
do Pico nos anos de 1717, 1718 e 1720 constituiu o momento oportuno
para o Conselho Ultramarino promover o povoamento português no Brasil
meridional, apoiando a súplica das populações atingidas pelos efeitos da
crise, que requeriam passar às partes do Brasil21. Para os conselheiros, em
nome da segurança e do aumento do Estado do Brasil, era urgente mandar
povoar todos os portos até aos rios de São Francisco Xavier e Rio Grande
de São Pedro e ainda a ilha de Santa Catarina, cujos moradores, em reduzido
número, viviam receosos de ataques de piratas. Entre 1720 e 1723, o Conse‑
lho Ultramarino procurou organizar, com a colaboração do corregedor dos
Açores e das câmaras islenhas, o alistamento de casais que deveriam rumar
ao Brasil meridional, iniciativa que adquiriu maior relevo após o episódio
da ocupação do sítio de Montevideu pelos Portugueses (1723‑1725). Porém,
face às dificuldades de alistamento e transporte, a Coroa suspendeu tempo‑
rariamente o projecto em 172922. É provável que as atenções de D. João V
estivessem sobretudo voltadas para o diferendo que mantinha com Roma
e para as negociações em torno do duplo enlace dos príncipes de Portugal
e de Espanha, o que pode ter contribuído para uma menor dinâmica do
processo de alistamento de casais açorianos, mas não impediu o monarca de
atender aos pedidos que, desde o Brasil, defendiam a ocupação das regiões
meridionais da América Portuguesa23. Entretanto, as notícias que davam
conta da situação no Oriente, que reclamava uma resposta enérgica, terão
igualmente pesado junto da Coroa no tocante à introdução de uma pausa
no processo de alistamento de casais.
régios que recaíam sobre a produção aurífera. Todavia, embora desde cedo
se procurasse cobrar o «quinto», a fiscalidade régia não foi, de início, muito
eficaz ou coerente. Neste contexto, as elites locais desempenharam um papel
de relevo no processo de instalação das instituições da monarquia e bene‑
ficiaram da riqueza gerada. Foi somente quando a Coroa procurou impor
formas de controlo da mineração mais apertadas e mecanismos de tributação
mais rigorosos, como a instalação das Casas de Fundição, onde se faria a
cobrança dos quintos, que se deparou com a resistência das câmaras e teve
de enfrentar motins antifiscais. Em 1720, durante a revolta de Vila Rica, o
palácio do governador da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, o conde
de Assumar, na vila de Ribeirão do Carmo, hoje Mariana, foi cercado por
algumas centenas de amotinados, o que é revelador da dimensão dos protes‑
tos. Mas a reacção do governador foi violenta e ficaria na memória.
Na trama desta história, o ano de 1733 merece um destaque especial. Por
um lado, por carta de 8 de Maio, Gomes Freire de Andrade foi nomeado
governador da capitania do Rio de Janeiro. Permaneceria à frente dos des‑
tinos da capitania quase três décadas, afirmando‑se como uma personagem
central em vários processos coevos, desde a cobrança de impostos nas Minas
Gerais à demarcação dos limites entre as coroas de Portugal e de Espanha
após a assinatura do Tratado de Madrid, em 175043. Ainda em 1733, na
corte joanina, Alexandre de Gusmão, natural de Santos, recuperou algum do
protagonismo que tivera em anos anteriores apresentando a D. João V o seu
projecto de capitação e maneio, após ter consultado elementos da primeira
nobreza da corte e do Conselho Ultramarino, o secretário de Estado Diogo
de Mendonça Corte Real, padres da Congregação do Oratório e dos Jesuítas.
O sistema de cobrança proposto incidia sobre toda a população, com algumas
excepções próprias de uma sociedade de privilégios, e não somente sobre os
mineiros. Os escravos estavam incluídos. A proposta, acolhida pelo rei, foi
estudada e ouviram‑se muitos pareceres que, desde logo, exprimiram opi‑
niões contrárias, como a do Conselho Ultramarino. Deste modo, entre 1733
e 1736, por entre muita negociação, foram introduzidas várias alterações na
proposta original.
Antes da implementação do novo processo de cobrança, mandava o
Regimento outorgado pelo monarca que as vilas cabeças de comarca fossem
ouvidas. Assim devia ser numa monarquia corporativa, com respeito pelas
múltiplas hierarquias de poder que, à escala local e regional, adaptavam e
incorporavam na prática quotidiana as lógicas de uma cultura política holista
e de um modelo societal estruturante. E esta auscultação era ainda mais
importante em matéria de novos impostos, conforme ficara demonstrado no
século anterior. A tarefa de garantir a aplicação do sistema de capitação foi
confiada a Martinho de Mendonça de Pina e Proença, homem da confiança
perante a Academia das Ciências uma memória na qual expôs as suas reflexões
sobre a questão da longitude. Os argumentos expostos tinham consequências
para o estabelecimento dos meridianos de demarcação entre os territórios
reivindicados por Portugal, e que o Tratado de Utrecht lhe reconhecera, e os
das monarquias francesa e espanhola na América do Sul. De acordo com os
cálculos de Delisle, as terras do Cabo do Norte e a Colónia do Sacramento
ficavam para além do meridiano de Tordesilhas. D. Luís da Cunha, em Paris,
adivinhou o aproximar da turbulência e, em 1721, comunicaria à Coroa
portuguesa o teor da dissertação de Delisle.
Desconhecendo ainda o que se pronunciara em Paris e a muitos quiló‑
metros de distância, quase um mês depois, na capital portuguesa, D. João V
criava a Real Academia da História. O monarca apostou decididamente na
recuperação da memória histórica portuguesa como estratégia de afirmação
à escala internacional. A Academia da História Eclesiástica de Portugal, que
no ano seguinte se transformou na Real Academia da História, reuniu‑se
pela primeira vez a 8 de Dezembro de 1720, no Paço da Casa de Bragança,
em Lisboa, por ordem do rei. Segundo explicou então Manuel Caetano de
Sousa, o projecto régio visava a redacção de uma história eclesiástica e outra
secular do reino de Portugal e incluía a recolha de manuscritos e a formação
de um corpo de escritores. Uma das iniciativas de maior alcance tomadas pelo
monarca foi a decisão de mandar copiar de forma sistemática a documentação
dispersa por arquivos nacionais e, sobretudo, estrangeiros. Assim se copiou
em Roma a Symmicta Lusitanica e também documentos relativos à história
da Companhia de Jesus no Oriente. Quanto à cartografia, teve no engenheiro
‑mor Manuel de Azevedo Fortes um dos seus mais empenhados defensores
e o iniciador do levantamento topográfico do reino.
D. Luís da Cunha travou a mesma batalha. Cabendo‑lhe representar e
defender os interesses da Coroa portuguesa na estrangeiro, o arguto diplo‑
mata compreendera cedo qual o impacto da memória lida por Guillaume
Delisle. Homem culto e protótipo do diplomata cosmopolita e ilustrado da
primeira metade de Setecentos, constatou no ambiente dos congressos qual o
lugar da cartografia. E, convicto de que Portugal carecia de bons mapas dos
territórios onde existia um povoamento português e para os quais defendia
uma maior ocupação do espaço, para defesa e conservação das conquistas
de acordo com o princípio do uti possidetis, reclamava desde 1719 contra
essa lacuna e advogava o uso da cartografia nas negociações diplomáticas.
Residiu nesta certeza a sua aproximação na década de 1720 a Jean‑Baptiste
Bourguignon D’Anville (1697‑1782), geógrafo do rei em 1719 e primeiro
‑geógrafo do rei de França após a morte de Delisle, em 1725. Apesar de
geógrafo de gabinete, D’Anville trabalhava com base em métodos rigoro‑
sos, aliando a cartografia, a geografia histórica e a erudição a informações
o credito, e o respeito que nos tinham os Asiaticos», pelo que «não devemos
considerar a India como foi, se não como de presente he». Preconizava, por
fim, a criação de uma companhia comercial que sustentasse a recuperação
política e económica do Estado da Índia, solução recorrente no pensamento
económico mercantilista dos séculos xvii e xviii91.
O vice‑rei sabia que não era tarefa fácil atingir os objectivos propostos e
definiu de forma exemplar o problema que se colocava aos domínios asiá‑
ticos da monarquia portuguesa em declaração de 8 de Fevereiro de 1746:
«Este Estado he huma Republica militar, e a sua conservação está unicamente
dependente das armas, e da marinha, estas duas partes absorvem a melhor
porção da Fazenda de V. Magestade.»92 Uma república militar que, como
outras no passado, precisava de uma Marinha e de um comércio activo,
mas também de bases territoriais. Embora crítico da conquista de posições
no interior, entre 1746 e 1749 conduziu campanhas contra o Bonsuló,
que se traduziram na conquista de diversas praças, permitindo a Portugal
iniciar um processo de ampliação do território dominado. Estas iniciativas
valeram‑lhe ter o título mudado para marquês de Alorna por carta régia de
9 de Novembro de 1748. Registemos, por fim, a instrução que o marquês
de Alorna deixou ao seu sucessor no governo da Índia, o 3.º marquês de
Távora. O documento, datável de 1750‑1751, apresenta a perspectiva do
vice‑rei baseada na sua experiência de governação. Referindo‑se aos poten‑
tados amigos e inimigos, às nações europeias e ao governo do Estado da
Índia, permite avaliar a evolução da visão do marquês entre 1745 e 1750 e
representa, nesta matéria, um testemunho da maior importância93. Espécie
de «testamento político», revela o pensamento de um actor que conhecia a
geografia física e humana em que se inscrevia o Estado da Índia, a geopo‑
lítica que o enquadrava e condicionava, e os meandros, vícios e problemas
da sua administração, que inventaria e comenta – um Conselho de Estado
inútil, desembargadores da Relação que actuavam segundo os respectivos
interesses, a dissimulação dos ministros, a circulação de boatos, as distân‑
cias e mais obstáculos que dificultavam os socorros e, por fim, o reduzido
número de portugueses em algumas parcelas do Estado, como Timor, ilha à
qual dedicara em tempos a sua atenção94.
A glória elevara o marquês de Alorna, que acreditou certamente que voaria
ainda mais alto. A intriga cortesã tê‑lo‑á impedido. Mas podemos pensar que
se o Tratado de Madrid orientou e balizou a política portuguesa na América
do Sul nas décadas subsequentes, a citada instrução, elaborada por alguém
que chegou a ser falado para primeiro‑ministro, embora tenha sido afastado
do paço real durante um tempo95, talvez tenha sido, de algum modo, lem‑
brada nas decisões que se tomaram para as conquistas a leste do cabo da
Boa Esperança e nas reformas que vieram a implementar‑se no reinado de
UM TEMPO DE RUPTURA?
(1750‑1778)
modo geral, o período que vai de 1750 a 1777 tem sido avaliado mais em
termos de ruptura do que de continuidade, buscando‑se naquela as marcas da
«modernidade» do Iluminismo. Neste quadro, duas leituras que costumam
andar entrelaçadas são as que contemplam o reinado a partir da figura do
ministro, o marquês de Pombal, e concomitantemente que o consideram como
um paradigma do «despotismo esclarecido», alguém que tinha um projecto
e que procurou implementá‑lo linearmente desde a primeira hora.
Esta perspectiva é redutora e impede uma cabal compreensão do que foi
o reinado josefino e do que podem ter representado as reformas ensaiadas
naquele reinado e no seguinte, quer no reino, quer no império. De resto, como
já destacara Jorge Borges de Macedo, as políticas seguidas por Sebastião José
de Carvalho e Melo não constituíram uma ruptura com as grandes linhas
definidas no reinado de D. João V. Assim, durante o reinado de D. José foram
continuadas algumas das linhas de rumo que orientavam o governo joanino.
Não poderia ser de outro modo, se atentarmos no facto de que muitos dos
executores dos modos de governar haviam sido providos no reinado de
D. João V, estando alguns no exercício dos seus cargos havia largos anos,
sendo o caso mais notório o de Gomes Freire de Andrade. Foi ainda Jorge
Borges de Macedo quem afirmou não ser correcto pretender que o período
de 27 anos de permanência de Sebastião José de Carvalho e Melo no governo
tenha tido sempre as mesmas características ou sequer que os modelos políti‑
cos subjacentes à acção governativa estivessem configurados desde a chamada
do futuro marquês de Pombal à Secretaria de Estado dos Negócios Estran‑
geiros e da Guerra3. Deste modo, apesar do que poderá ter sido uma linha
de actuação contra o predomínio inglês e a favor dos grandes negociantes de
Lisboa ou Porto, no arco cronológico 1750‑1777 são identificáveis diversas
conjunturas, que exigiram do poder respostas adequadas à situação interna
e externa e que devem ser interpretadas de acordo com os respectivos con‑
textos e os seus intérpretes concretos4. Serão estas as questões expostas nas
páginas seguintes.
e dos seus principais representantes era, por vezes, mais formal que real.
Para além da fragmentação jurisdicional das capitanias, havia que vencer
as lonjuras, a resistência das populações ou das elites locais, os conflitos de
jurisdição e, com frequência, a falta de meios, humanos e materiais. Valha
o exemplo da recuperada capitania de São Paulo e do morgado de Mateus,
zeloso a executar as ordens recebidas e actor também de motu proprio, sem‑
pre pronto a valorizar as suas iniciativas. Cedo se apercebeu de uma dificul‑
dade insuperável para o bom governo do território, o excesso das distâncias,
e, embora tenha procurado aplicar as instruções recebidas e as que lhe foram
sendo transmitidas, deparou‑se com a oposição de algumas câmaras face às
suas iniciativas e a resistência das populações ao recrutamento e disciplina
militares. Se alimentou ilusões quanto ao seu futuro pós‑imperial, fiando‑se
na intimidade com Sebastião José e a sua Casa, face aos resultados e confli‑
tos com o vice‑rei regressou ao reino sem aclamação e sem resposta às suas
pretensões a receber um título24.
Neste quadro de reorganização territorial, em matéria de geografia
político‑administrativa merece ainda referência a divisão operada no Estado
do Grão‑Pará e Maranhão em 1772 com a criação de dois governos, o
Estado do Grão‑Pará e Rio Negro e o do Maranhão e Piauí, materializada
pela provisão de 9 de Julho de 1774. A nova configuração, justificada pela
extensão e enormes distâncias, que prejudicavam os moradores do Mara‑
nhão quando estes tinham de recorrer às autoridades sedeadas em Belém,
articulou mais de perto espaços com maiores afinidades entre si mas, no
geral, não modificou o rumo da governação na região amazónica. Os suces‑
sores de Francisco Xavier de Mendonça Furtado prosseguiram a política
implementada na década de 1750, com relevo para Manuel Bernardo de
Melo e Castro. No plano económico, cresceu a produção de géneros como
o cacau, o algodão e o arroz, estimulada pela acção da Companhia Geral
do Grão‑Pará e Maranhão25.
No Sul, a disputa entre Espanhóis e Portugueses manteve‑se até 1778,
com a mobilização de efectivos portugueses para a Colónia do Sacramento,
o Rio Grande e a ilha de Santa Catarina. A defesa competia à tropa de linha,
a auxiliares e ordenanças e, de acordo com o disposto na carta régia de
22 de Março de 1766, de aplicação em todas as capitanias, o recrutamento
para estes corpos abrangeu nobres e plebeus, brancos, mulatos e negros,
fossem livres ou escravos. A recruta estendeu‑se às ilhas açorianas, pro‑
cesso que continuou ao longo do século26. Em 1774, criaram‑se as Juntas da
Fazenda de São Paulo e do Rio Grande, subordinadas à do Rio de Janeiro,
de modo a assegurar a subsistência das tropas. A necessidade de assegurar
a soberania portuguesa nos territórios do Sul levou à manutenção de uma
esquadra portuguesa, composta, em 1776, por 13 navios27. A sua existência
Em contraste com o que sucedeu nas ilhas de Cabo Verde, foram evidentes
os efeitos indutores das companhias na transformação da geografia humana e
no crescimento económico do Norte e do Nordeste. Após o surto de criação
de vilas no final da década de 1750 e na de 1760, no final do reinado jose‑
fino existiam mais de 60 vilas nas capitanias do Grão‑Pará, São José do Rio
Negro, Maranhão e Piauí. Se alguns destes núcleos resultaram da iniciativa
de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, é também inegável que a com‑
panhia contribuiu para o processo de ocupação do território, promovendo
a fixação de núcleos populacionais, através da articulação entre o fomento
da agricultura e a exportação dos principais géneros da região.
No que respeitava ao regime jurídico dos prazos, a sua moldura legal sofreu
modificações com a nova relação de poderes, embora os efeitos da mudança
não se tenham sentido de imediato. De um modo geral, aproximou‑se o
regime da propriedade daquele que existia no Brasil, tendo como referência
as sesmarias e a legislação produzida para os territórios sul‑americanos, ten‑
dência reforçada ao longo da segunda metade do século. A clara aposta no
comércio e na concentração das populações em espaços organizados segundo
o modelo português, para melhor se promover, ainda que limitadamente, a
constituição de uma «sociedade civil», é contemporânea das directivas que
se aplicavam na América do Sul e sugere que a mão de Sebastião José ou
dos dois irmãos Carvalho esteve na concepção das instruções. Estava em
linha com o ideário conhecido do secretário de Estado, defensor do papel do
comércio e, neste, do lugar das companhias no desenvolvimento do Estado.
De qualquer modo, como o infeliz Calisto Rangel morreu durante a viagem
que o levava para Moçambique, as instruções só começaram a ser aplicadas
com o sucessor, João Pereira da Silva Barba, em 1763.
No começo do reinado de D. José, novas propostas, com velhas ideias,
surgiram para fomentar o comércio com a Ásia. A Companhia de Comér‑
cio da Ásia, de Feliciano Velho Oldemberg, foi criada com a protecção do
secretário de Estado Diogo de Mendonça Corte Real e largos privilégios,
mas caiu como consequência do terramoto de 1755, morrendo pobre o seu
principal accionista. No caso de Moçambique, como o comércio da capitania
deixara de estar subordinado ao Estado da Índia, também foram formuladas
propostas com o mesmo fim. Antes mesmo da concessão aos moradores da
Ásia Portuguesa da liberdade de comércio com Moçambique, com excepção
do estanco do velório ou missanga, pelo alvará de 10 de Junho de 1755,
alargada a todos os súbditos portugueses por alvará de 7 de Maio de 1761, já
o primeiro governador, Francisco de Melo e Castro (1752‑1758), defendera
o projecto de uma companhia para o Índico e o estabelecimento de armadores
e negociantes na ilha de Moçambique. Francisco de Melo e Castro, aliás, devia
saber do que falava, pois favorecia o circuito dos navios negreiros que unia
Moçambique às ilhas francesas (Mascarenhas e Comores). Mas, à semelhança
de experiências anteriores, as companhias pensadas para o comércio asiático
falharam ou não passaram da idealização63.
Outros velhos problemas não tinham desaparecido como por milagre,
após a separação do governo de Moçambique do Estado da Índia. Os des‑
caminhos da Fazenda Real continuavam a fazer‑se sentir e, em 1762, uma
carta régia dirigida ao governador da praça de Moçambique mandava que
se tomassem todas as providências para prevenir o contrabando de tabaco,
actividade que tinha aumentado depois da abertura dos portos brasileiros.
Esta decisão foi de capital importância na dinâmica comercial do período,
assinou tratados de paz com o rei de Sunda, em 1760, e, no ano seguinte, com
os Maratas e o Bonsuló. Em termos domésticos, coube‑lhe prender e expulsar
os Jesuítas e confiscar‑lhes os bens e documentos, tarefa que cumpriu com
o mesmo empenho que colocou na defesa dos interesses portugueses contra
as pressões inglesas ou os potentados regionais. Em cartas para a corte, afir‑
mou que tentava retirar o Estado da Índia da situação de pobreza em que
se encontrava, desenvolvendo a economia. Para tal, criou a Companhia de
Bengala unicamente com mercadores hindus, brâmanes Saraswat, aventura
que em 1760 suspendeu a actividade por ordens emanadas da Secretaria de
Estado da Marinha e Ultramar74; reabriu fábricas de panos para abastecer
o comércio imperial, algo que já fora tentado no reinado anterior75; e pediu
apoio financeiro a Lisboa para construir oito fragatas de guerra e investir em
manufacturas. O que não significa que Manuel de Saldanha tenha abdicado de
se rodear dos luxos devidos a um vice‑rei, tal como não abdicou de retorquir
às críticas e observações que lhe faziam de Lisboa e de enaltecer o quanto
se empenhava no serviço régio. Crítico do Conselho de Estado e do estado
eclesiástico, o período final do governo de Manuel de Saldanha foi marcado
pela intriga e pela luta política que lhe moveram os oponentes no governo
do Estado. Acusado de gastos excessivos e de má avaliação do contexto em
que se integrava o Estado da Índia, embarcou de regresso ao reino no Natal
de 1765, sendo preso à chegada e encarcerado dois anos. Foi libertado em
Dezembro de 1768, cego e debilitado. A trajectória do conde da Ega ilustra
como no exercício de um cargo ultramarino, e apesar das relações pessoais e
da relativa proximidade com o centro do poder, se podia passar da glória ao
purgatório76. De igual modo, a existência de distintas perspectivas quanto ao
modo como se devia conduzir a política e governar os domínios ultramari‑
nos mostra como, para lá das tentativas da Coroa para impor uma linha de
acção em determinados períodos, era preciso contar com a autonomia dos
agentes no terreno e com os contextos específicos em que estes se moviam e
que influenciavam as suas decisões.
Após a partida do conde da Ega, e falecendo o seu sucessor em viagem,
entre 1765 e 1768 o Estado da Índia teve à sua frente um conselho de governo,
que integrava D. João José de Melo, fidalgo que vivia há muito no Oriente
e foi nomeado governador em 1767, cargo que exerceu até à sua morte, em
1774. Durante o seu governo, em Timor, o governador António José Teles
de Meneses, cercado em Lifau, após uma rebelião e o ataque de Francisco
de Hornay, abandonou a localidade e instalou‑se em Díli, que se tornou a
capital (1769)77. Após o óbito de D. João José de Melo e o curto período de
exercício interino de Filipe de Valadares Sotomaior, militar natural de Tavira,
com longos anos da Índia e que se dedicava ao comércio, falecendo em 1775,
foi nomeado para o governo do Estado da Índia, por carta de 4 de Fevereiro
Que terá pensado D. José Pedro da Câmara ao avistar Goa pela primeira
vez, ao desembarcar e ser recebido pelos oficiais que iriam saber por si das
mudanças que na corte se haviam decidido para o Estado da Índia? É que
a transformação da arquitectura institucional do Estado da Índia iniciou
‑se com um conjunto de diplomas promulgados a partir de 15 de Janeiro
de 1774 e que foram implementados pelo novo governador. O alvará com
força de lei daquele dia, redefinindo a administração da justiça no tocante
aos governos político, civil e económico do Estado da Índia, terá sido rece‑
bido com choque e escândalo por parte de quase todos os que corporizavam
as instituições afectadas pelo diploma. E, todavia, pela carta régia de 10 de
Fevereiro, D. José fez questão de afirmar que o objectivo para o Estado da
Índia era «restaural‑o, e fundal‑o de novo»80. Uma louvável intenção, mas,
afinal, nada que outros Bragança não tivessem também perseguido. Agora,
porém, o quadro era outro.
No alvará de 15 de Janeiro, o soberano – era o rei a cabeça da monarquia –
começava por explicar e afirmar o princípio geral na base da legislação agora
apresentada: «devendo todas as Leis Politicas, Civis, e Economicas ser sempre
accommodadas, não só aos lugares, mas tambem aos tempos», tratava‑se
de uma lei «adaptada á presente situação da mesma Cidade, e Estado».
Em suma, novos tempos, nova legislação, que a vigente já não correspondia
ao que a monarquia pretendia para o governo dos povos no Oriente. Por esse
diploma, a Relação de Goa foi extinta – seria restabelecida sob D. Maria I pelo
decreto de 2 de Abril de 1778 –, cabendo ao governador e capitão‑general
do Estado da Índia assumir o cargo de regedor das Justiças e aplicar o Regi‑
mento que se publicava, assim como o da Casa da Suplicação, com apoio do
ouvidor‑geral. Também desse dia datou o alvará determinando que a câmara
de Goa continuasse usando os seus privilégios e que regulou as eleições.
Com data dos dias subsequentes, novos diplomas aboliram o antigo uso de
cartazes (16 de Janeiro) e regularam a Alfândega de Goa (20 de Janeiro).
A História, se não pode ser revivida, pode ser reescrita. Desde o reinado
de D. José que as interpretações sobre o período têm sido dominadas pela
figura de Sebastião José de Carvalho e Melo. De facto, este esteve presente,
em pessoa na corte, através de gente do seu círculo de parentes e clientes no
reino e nos domínios, mas não era omnipresente nem omnisciente. Afinal,
como resumiu a propósito de Angola o preclaro Francisco Inocêncio de Sousa
Coutinho, quando era embaixador na corte espanhola: «Não hé possivel,
que hum menistro d’Estado possa saber tudo, e muito mais de regioens tam
distantes.»88 Algo semelhante havia dito também o conde da Ega acerca do
desconhecimento da Ásia por parte do centro político.
Para bem governar é preciso conhecer. E, em matéria de reformas, para
além dos fundamentos e objectivos perseguidos, importa considerar o que de
facto foi implementado, isto é, que saiu do papel e foi colocado em execução
e por quem, e, por outro lado, por quanto tempo vigoraram as mudanças
introduzidas. Apesar do aumento das despesas com os gastos militares como
consequência dos cenários de guerra que marcaram o reinado de D. José e
da «monopolização da defesa» por parte da monarquia – o dinheiro é o
nervo da guerra –, verificou‑se um entesouramento e, por 1777, as finanças
públicas estavam de boa saúde89. No contexto de uma sociedade corporativa
e de privilégios, caracterizada por um policentrismo de poder, a experiência
governativa de Sebastião José depois do marco cronológico de 1755‑1756
desequilibrou a balança a favor do pólo monárquico e perturbou a con‑
formidade e os arranjos tradicionais que configuravam as relações entre a
monarquia e os corpos sociais dominantes. O Estado administrativo que se
pretendeu erguer recorreu a uma grande produção de leis, mas, face à rigidez
normativa e à imposição que contrastavam com a negociação e a flexibilidade
política, as reacções fizeram‑se sentir ainda em tempo do secretário de Estado
ou depois, explícitas ou em surdina.
Chegavam os oficiais régios a todos os pontos do império? Nem todos
seriam como Francisco Xavier de Mendonça Furtado ou teriam acesso a
iguais recursos. E conseguiriam sem qualquer tipo de resistência fazer exe
cutar as leis ditadas a partir de uma longínqua corte? Ou contariam com
o apoio da corte para as decisões tomadas? Quem mandava, de facto, em
Macau, no vale do Zambeze, nos presídios do sertão angolano, no Cuiabá?
Quantos homens e mulheres de todas as condições, no seu quotidiano e de
diferentes modos, construíram um império transoceânico e multiétnico des‑
conhecendo, na maioria dos casos, que existiam tantas leis que pretendiam
regular as várias dimensões das suas vidas? D. Rodrigo de Sousa Coutinho,
filho de D. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho e figura destacada do
Iluminismo tardio português, admirava o marquês de Pombal. Pensava, a
partir do seu lugar de estrangeirado, na massa de leis produzidas e no esforço
CONTINUIDADES
E PROJECTOS REFORMISTAS
(1777‑1807)
de problemas elencados pelas elites locais não divergiu muito do que era a
perspectiva do centro político. Mas as análises foram amadurecendo e os
discursos burilados. Um dos tópicos presentes nas representações dos oficiais
das câmaras era o da adequação das medidas emanadas do centro político à
realidade das Minas; outro, era o do papel dos lavradores. No entanto, apesar
das chamadas de atenção e das críticas, não se verificou uma inflexão nas
prioridades da Coroa. O secretário de Estado Martinho de Melo e Castro,
aliás, pautou a sua actuação relativamente à capitania com uma recusa dos
argumentos dos naturais e a exigência de medidas mais duras para com os
desobedientes.
Ainda assim, não podemos falar de uma fractura identitária que radicaria
na antinomia centro/periferia ou metrópole/colónia, fractura essa que, con‑
forme foi sugerido por Maria Odila Leite da Silva Dias em textos clássicos e,
mais recentemente, a partir de estudo sobre a circulação de elites na monar‑
quia brigantina, não terá sido muito profunda até 180836. Neste quadro, os
«filhos das Minas» eram portugueses como os demais vassalos da monar‑
quia e, de resto, muitos haviam sido integrados nos ofícios da monarquia
na segunda metade de Setecentos. Em relação à participação dos colonos
da América Inglesa na Guerra dos Sete Anos, conforme afirmou John Shy,
em 1763, os Americanos sentiam‑se orgulhosos da sua contribuição para o
desfecho da guerra e optimistas quanto ao futuro37. O conflito que veio a
opor os colonos à Coroa e ao governo britânicos nasceu da recusa em pagar
os impostos decretados pela metrópole sem a consulta das colónias, questão
central nas relações de poder entre o centro monárquico e as periferias, no
reino ou no império, o inglês como o português. A partir desta ideia, pode‑
mos sugerir que, tal como no passado, foi o descontentamento das elites
mineiras – ou de fracções dessas elites – com a pressão fiscal que as afastou
da cooperação com os agentes da monarquia. Por outro lado, tendo alguns
dos descontentes bem presente o exemplo das colónias norte‑americanas, a
argumentação a favor da eventual constituição de uma república indepen‑
dente em Minas Gerais, tal como surge nos autos da devassa, surgia como
um objectivo a perseguir por uns quantos.
Ora, a propósito desta questão, convirá não esquecer que, nas Minas como
na Baía ou na distante Goa, a politização destas sociedades de Antigo Regime
nos trópicos não era geral nem homogénea. Mesmo ao nível das elites, poucos
eram aqueles que possuíam uma cultura informada pela leitura de autores
europeus ou informação actualizada sobre os acontecimentos que tinham
lugar para além das fronteiras do território em que decorria o seu quoti‑
diano. Muita da informação que conformava o que se designaria mais tarde
como opinião pública era transmitida de forma difusa através de rumores e
murmurações, nas estradas, nas ruas e praças, nas tabernas. De igual modo,
A MONARQUIA LUSO‑BRASILEIRA
(1808‑1822)
que ofendem os meus vassalos, e que resistem aos brandos meios de civiliza‑
ção que lhes mando oferecer»28. Palavras bem‑intencionadas e próprias do
«pai dos povos», mas com suficiente latitude para responder às pressões e
aos interesses das autoridades regionais e dos colonos que pretendiam con‑
tinuar a avançar sertão adentro, pacificando os índios ou exterminando‑os,
se necessário fosse.
As primeiras e infrutíferas tentativas para controlar o sertão do rio Doce
tinham‑se registado na década de 1730. Desde então, nas franjas da colo‑
nização portuguesa, europeus e ameríndios estavam em contacto e diversos
grupos indígenas resistiram ao avanço dos colonos. A legislação pombalina,
aplicada também na capitania de Minas Gerais, constituiu a moldura legal
que permitiu a tomada de decisões que afectaram as populações ameríndias
e, embora o Directório dos Índios tenha sido extinto em 1798, no final do
século xviii e no início do século xix as suas linhas gerais continuaram a ser
seguidas e adaptadas no tocante às relações entre autoridades e colonos, de
um lado, e grupos indígenas, do outro.
É certo que as margens do rio Paraíba foram sendo ocupadas pelos colo‑
nos, mas os processos de negociação e de aldeamento dos índios nem sempre
foram bem‑sucedidos. Se alguns grupos indígenas se mostravam receptivos
ao contacto com os Portugueses e aceitavam mesmo a catequização, outros
resistiam e eram, por isso, alvo de ataques de tropas e colonos, com incêndio
de terras e aldeias. Na viragem da centúria, na região das actuais fronteiras
de Minas Gerais e São Paulo, os índios Coroados e Puris, além de outros,
representavam um sério obstáculo à ocupação do chamado «sertão dos índios
bravos»; de igual modo, também no vale do rio Doce existiam «ferozes»
adversários da colonização portuguesa, os índios conhecidos genericamente
como Botocudos29. O rio Doce, cruzando Minas Gerais e Espírito Santo, era
considerado um eixo fluvial privilegiado para unir a região mineira ao mar.
Deste modo, urgia controlar a sua navegação, o que implicava dominar a
floresta e os índios, que impediam a circulação e prejudicavam o comércio
e o povoamento do sertão.
Quando o príncipe regente assinou a carta de 13 de Maio de 1808, respon‑
dendo às solicitações do governador e capitão‑general de Minas Gerais, Pedro
Maria Xavier Ataíde e Melo, alegou pretender acabar com as atrocidades
que os «antropófagos» Botocudos cometiam contra os colonos. Em outra
carta régia, datada de 2 de Dezembro do mesmo ano e endereçada ao mesmo
governador, D. João definiu as traves‑mestras de uma política indígena que
iria prevalecer até 1831 e que serviu de modelo para as demais capitanias.
A «guerra justa» contra os Botocudos e outros povos indígenas representou
uma das faces do longo processo de ocupação dos sertões brasileiros pelos
Europeus. A outra, complementar, manifestou‑se no apoio concedido, directa
e este rompeu com Buenos Aires em Dezembro de 1812. Nos anos seguintes,
a instabilidade e a guerra pautaram o quotidiano dos campos platinos, com
as corridas e os confrontos entre as forças de Artigas, as de Buenos Aires e os
realistas de Montevideu, que caiu nas mãos das tropas artiguistas no início de
1815. O agravamento do cenário conduziu à decisão do governo joanino de
voltar a intervir no Rio da Prata, como se defendia nas páginas do Correio
Braziliense. Em 1816, face à recusa espanhola de devolver Olivença, perdida
em 1801 durante a «Guerra das Laranjas», e à passividade colaborante das
autoridades de Buenos Aires, sede das autodenominadas e independentes
Províncias Unidas da América do Sul, um corpo expedicionário composto por
veteranos da Guerra Peninsular, sob o comando do general Carlos Frederico
Lecor, invadiu a Banda Oriental. Apesar dos protestos que se registaram na
Europa, a ocupação militar efectivou‑se enquanto as negociações se arras‑
tavam em meio de notícias contraditórias. Em 1820, o caudilho Artigas foi
derrotado e entre esse ano e o seguinte as Províncias Unidas da América do
Sul fragmentaram‑se em 13 províncias independentes entre si. Por fim, em
1821, a Banda Oriental foi integrada no Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves, com a designação de Província Cisplatina, respondendo aos interes‑
ses dos grupos mercantis de Montevideu e dos estancieiros luso‑brasileiros.
Contudo, as clivagens entre facções não desapareceram, nem as reivindica‑
ções de soberania sobre a Banda Oriental, o que se tornou manifesto após a
proclamação da independência do Brasil. A Guerra da Cisplatina (1825‑1828)
foi uma herança transmitida ao novo Império do Brasil e a criação da Repú‑
blica Oriental do Uruguai, com a mediação da Grã‑Bretanha, a demonstração
de como os interesses da principal potência militar e naval se projectavam no
Atlântico com a montagem de um império informal que, a partir da Europa,
começava agora a erguer‑se na América do Sul. Ao longo do século xix, a
Grã‑Bretanha não hesitou em afirmar mais de uma vez a tutela que exercia
sobre o governo português.
Sedição e independência
O CICLO AFRICANO
UM IMPÉRIO VACILANTE
(c. 1820‑c. 1870)
O lhando para trás, alguns dos elementos da elite liberal vintista não teriam
provavelmente dificuldade em reconhecer o quão imprudente fora a ten‑
tativa de restaurar ao Brasil o estatuto de colónia que este mantivera até 1815.
Os esforços que despenderam para alcançar esse objectivo fracassaram em
toda a linha e, pior ainda, o desgaste que daí resultou ameaçou fazer romper
os equilíbrios em que se apoiava uma estrutura multissecular, mas instável.
Quando esticaram a corda mais do que seria aconselhável, ignorando as pro‑
fundas alterações verificadas desde a fixação da família real no Rio, em 1808,
a consequência foi a derrocada de uma das partes do sistema imperial, por
sinal a única com a qual as relações comerciais directas com o reino haviam
tido uma expressão verdadeiramente significativa nos últimos séculos.1
Até então, recorde‑se, a flexibilidade fora um atributo decisivo para
a manutenção de uma união entre domínios que se encontravam dispersos
do Atlântico ao mar da China e à Insulíndia. Essa flexibilidade – ditada
pela necessidade de encontrar aliados e colaboradores e tornada possível pela
cultura política da monarquia do Antigo Regime – manifestava‑se de diversas
maneiras: pela aceitação da proeminência granjeada pelas elites crioulas, a
quem frequentemente eram adjudicados os cargos cimeiros da administração
civil, militar e eclesiástica dos territórios; pela delegação de funções e poderes
soberanos a entidades sui generis, como os detentores dos prazos da Coroa
na Zambézia; ou por via de alianças e pactos de vassalagem com chefes de
comunidades nativas que, por diversas razões, achavam vantajoso manterem
‑se ligados a um sistema político e jurisdicional de matriz portuguesa2. A fór‑
mula «vive e deixa viver» era, pois, a estratégia possível para compensar o
muito limitado grau de territorialização da autoridade portuguesa em várias
das suas «conquistas».
A tempestade perfeita
Tudo somado, é até possível que outros desfechos fossem ainda viáveis
em 1820‑1822 – uma reconfiguração do sistema imperial inspirada em linhas
confederais, por exemplo, mantendo‑se a dinastia bragantina como elo de
ligação entre os portugueses de ambos os hemisférios. Mas a mão pesada
dos revolucionários liberais de Lisboa deitou tudo a perder, acelerando uma
dinâmica separatista que até aí não parecia ainda suficientemente amadu‑
recida. A sua impotência seria dramaticamente exposta em 1823, quando
a pequena armada enviada à Baía, com o propósito de esmagar a rebelião
que se fora desenvolvendo na sequência do regresso de D. João VI a Lisboa,
se viu desfeiteada por uma esquadra improvisada por D. Pedro, entretanto
já aclamado como «imperador». A necessidade de concentrar esforços na
defesa do território metropolitano, face a uma possível intervenção francesa
na Península, em nome da Santa Aliança, acabaria por comprometer as hipó‑
teses de uma nova expedição militar à antiga colónia, fracassando também
novas démarches diplomáticas patrocinadas por D. João VI, uma vez dissol‑
vidas as Cortes em Lisboa (tidas como responsáveis por aquilo que muitos
consideravam um mal‑entendido susceptível de ser corrigido). A ruptura
ficaria definitivamente selada em 1824, quando o governo britânico, para
melhor salvaguardar a sua influência política e económica na região, decidiu
avançar para o reconhecimento dos estados sul‑americanos emancipados
das coroas espanhola e portuguesa. Sintomaticamente, seria um diplomata
inglês, sir Charles Stuart, quem, na qualidade de plenipotenciário do governo
de Lisboa, tentaria negociar, com as autoridades brasileiras, as condições
desse mesmo reconhecimento por parte de Portugal – embora o fizesse em
termos bastante distintos dos pretendidos por D. João VI e seus conselheiros,
que ainda não haviam renunciado à ideia de uma união dinástica na figura
de D. Pedro, ou, pelo menos, à obtenção de um estatuto preferencial para
Portugal no tocante às futuras relações comerciais entre os dois estados6.
Embora a comunidade de interesses entre Portugal e a sua antiga colónia
americana se mantivesse muito significativa até finais do século xix7, nada
poderia iludir a severidade das perdas económicas que o país averbou na
sequência de um processo iniciado em 1808 e rematado em 1822‑1825. Essa
derrocada é sobretudo visível a partir de 1819, quando a quebra da reexpor‑
tação dos produtos coloniais brasileiros (açúcar, algodão) através de Portugal
– responsável por perto de cerca de dois terços das exportações nacionais –
atinge valores na ordem dos 90 por cento em relação aos números anteriores
à abertura dos portos da antiga colónia, em 1808. Se a isso somarmos as
penalizações sofridas pelas exportações do reino para o mercado brasileiro
(em especial as mais expostas à concorrência de outras nações europeias,
como os têxteis e outros artigos manufacturados), ficamos com uma ideia
aproximada da dimensão do desastre. Tanto mais porque, à época, a estrutura
fiscal do Estado assentava em boa medida nas receitas geradas pelos direitos
alfandegários, monopólios e outros proventos gerados pelos fluxos mercantis
ultramarinos8. Sem esses recursos, como poderiam ser suportadas as suas
tradicionais funções de soberania, pelo menos no curto prazo? Como se isso
não bastasse, um novo ciclo de disputas políticas internas, a breve trecho
metamorfoseadas numa guerra civil de grande intensidade, iria agravar ainda
mais as condições para a reestruturação de um sistema imperial socavado.
Importa notar, contudo, que não ficava por aqui a possibilidade da débâ‑
cle imperial portuguesa se tornar ainda mais extensa. Muito embora isso
comportasse uma boa dose de especulação, a verdade é que entre 1822 e
1825 a secessão do reino do Brasil ameaçou também abalar os frágeis pila‑
res da soberania portuguesa noutras paragens, nomeadamente em África.
Em virtude da centralidade adquirida pela economia de plantação brasileira
em finais do século xviii (açúcar, algodão, tabaco, cacau), cujo dinamismo
assentava num uso intensivo de mão‑de‑obra escrava, as possessões africanas
eram cruciais para a operação desse sistema – como fornecedoras dessa força
de trabalho, ou como pontos de apoio logístico para o trato transatlântico
(estima‑se que entre 1790 e 1830, 700 mil africanos terão sido vendidos como
escravos no porto do Rio de Janeiro, a maioria deles oriundos de Angola)9.
No quadro do sistema imperial, possessões como Ajudá, São Tomé, e até
Luanda e Benguela, eram acima de tudo satélites do Brasil, sendo que até as
conquistas portuguesas de Moçambique, durante tanto tempo absorvidas
pelos circuitos comerciais do Índico, se haviam entretanto transformado em
bases para o fornecimento de escravos ao Brasil10. Por tudo isto, não admira
que muitos dos agentes implicados nestas permutas que uniam as duas mar‑
gens do Atlântico se interrogassem acerca da melhor maneira de defender os
seus interesses face ao novo cenário criado pela separação dos reinos.
Para alguns dos mercadores com fortunas feitas em Angola (a maior parte
deles baseados em cidades brasileiras), ou para elementos locais endividados
à Fazenda colonial11, a hipótese de trocarem a tutela de Lisboa por uma
integração no novo Estado sul‑americano apresentava várias vantagens, a
mais importante das quais seria uma maior compreensão das autoridades
brasileiras face à continuidade do trato negreiro, o «lubrificante‑chave» do
seu sistema económico. Num contexto de incerteza e de crise de autoridade
da Coroa, as dinâmicas separatistas na periferia imperial pareciam ter um
solo fértil para se desenvolverem.
Especialmente após o «grito do Ipiranga», um ambiente de intriga tomou
conta de cidades como Luanda e Benguela, espalhando alarme entre os
membros da Junta Governativa local, fiel à autoridade das Cortes. Em 1823,
elementos conotados com ideias secessionistas estiveram por detrás de
uma revolta falhada em Luanda, surgindo depois rumores a respeito de uma
Um império no papel
O comércio com o interior estava nas mãos dos povos africanos autóctones e
em vários territórios os negociantes portugueses dependiam de intermediários
locais para estabelecer contacto com as caravanas do sertão. Isto quando não
se encontravam praticamente ausentes, em virtude da preponderância des‑
frutada por outros grupos, como os baneanes, comerciantes hindus oriundos
da Índia. Entre as décadas de 1830 e 1850, o comércio na África Portuguesa
foi em larga medida dominado pelos interesses esclavagistas – embora mais
arriscado, o tráfico de seres humanos havia‑se tornado muito mais rentável
após a sua ilegalização ter sido decretada por Portugal, em 1836. As con‑
sequências da primazia alcançada por este contrabando fizeram‑se sentir a
vários níveis, desde a hemorragia demográfica à negligência a que outras
actividades foram sendo votadas – tudo isto tolerado por uma administração
altamente permeável aos interesses das dinastias locais de negreiros.
Nas possessões da Ásia e Oceânia (se considerarmos que Timor integrava
esse continente, como era entendimento corrente em Oitocentos), a presença
portuguesa apresentava alguns traços semelhantes com a situação vivida nos
domínios africanos – a precariedade das estruturas governativas, a persistên‑
cia de modalidades «arcaizantes» de relacionamento com os poderes locais, a
irrelevância das ligações comerciais com a metrópole. Mas com uma nuance
importante. Nos distritos da Índia, no estabelecimento de Macau e nas «ilhas
de Solor e Timor», a posição portuguesa era essencialmente defensiva e, no
caso de Timor, qualquer avaliação mais racional de custos/benefícios não
poderia senão levar os governantes a questionarem‑se sobre as reais vanta‑
gens de a conservar. Sem muitas vezes gerarem sequer rendimentos suficientes
para custear o funcionalismo local, o seu valor parecia radicar sobretudo na
esfera do simbólico – eram parte integrante do «culto dos antepassados»,
da mitologia nacionalista que tinha nas façanhas da expansão marítima
uma das suas componentes essenciais29. Sobre isso havia consenso, como se
comprova pela reacção ultrajada do parlamento à decisão tomada em 1851
pelo comissário régio e governador de Timor, Lopes de Lima, de promover
uma permuta de ilhas e enclaves com a Holanda, complementada ainda por
uma compensação financeira a favor de Portugal, aparentemente para tornar
a possessão mais «compacta» e fácil de administrar – um caso praticamente
único nos anais do império na era contemporânea30. Na mesma década, a
reacção à Concordata assinada com a Santa Sé em 1857, estipulando uma
redução da jurisdição territorial do padroado português no Oriente, foi
igualmente sintomática deste estado de espírito. Embora se tivesse tornado
patente a incapacidade do Estado português para apoiar a missionação nos
vastos territórios asiáticos que lhe haviam sido adstritos, uma consequência
da ordem de expulsão dada às ordens religiosas em 1834, os reflexos «rega‑
listas» da elite liberal portuguesa falaram mais alto. Se o país aspirava a um
Até à década de 1850, porém, uma sombra pairou sobre todas as ilusões
acerca de um ressurgimento imperial. Essa sombra era a questão do tráfico
de escravos, autêntico «nó górdio» da política ultramarina de Lisboa. Basear
a actividade colonizadora na continuação desse tráfico era cada vez mais
impraticável, devido às pressões internacionais, em especial as que eram
movidas pela Grã‑Bretanha, campeã da causa abolicionista e, simultanea‑
mente, a «tutora» de Portugal na Europa pós‑napoleónica. Mas entre as
elites portuguesas prevalecia uma visão catastrofista das consequências que
poderiam advir de uma supressão abrupta do comércio negreiro. Embora
isso seja impossível de medir com precisão, parecem não restar grandes
dúvidas de que os rendimentos do «infame comércio», nomeadamente sob
a forma de lucros repatriados, terão representado «uma das grandes fontes
de financiamento escondido da economia nacional»34, ao mesmo tempo que
contribuíam para cimentar a ligação pós‑colonial entre Portugal e o Brasil.
A questão tornou‑se mais espinhosa a partir do momento em que a Ingla‑
terra determinou a abolição da escravatura nos seus domínios das Índias
Ocidentais e África (1833) e, respondendo aos apelos de vários movimentos
humanitários, redobrou os seus esforços para garantir que outros estados
seguiriam as suas pisadas. Sendo as feitorias e os portos portugueses de África
os grandes fornecedores de mão‑de‑obra escrava para o Brasil e outros territó‑
rios americanos, a Grã‑Bretanha tirou o máximo partido da sua primazia na
aliança com Portugal para extrair aos seus responsáveis diversas concessões
em relação a uma gradual extinção do «odioso tráfico» no respectivo impé‑
rio. Sem grandes argumentos morais para contrapor à pressão de Londres,
Portugal foi celebrando tratados e convenções que deixavam antever essa
progressiva ilegalização. Quando se dá a independência do Brasil, e o novo
Estado aceita celebrar um tratado com Londres (1826) com vista à abolição
do tráfico no prazo de três anos, alguns governantes portugueses terão pen‑
sado que isso seria meio caminho para estancar uma actividade que ainda se
mantinha relativamente florescente na orla costeira africana não abrangida
pelos tratados luso‑britânicos de 1815‑1817, ou seja, abaixo da linha do
equador. Afinal de contas, Angola e Moçambique (e mesmo Ajudá/Daomé)
distinguiam‑se, precisamente, por se contarem entre as grandes abastecedoras
dos engenhos, plantações e minas brasileiras. Esses cálculos revelaram‑se
infundados e Portugal não saiu da mira dos governantes britânicos.
Apesar dos compromissos assumidos pelo Brasil face à Inglaterra, a escra‑
vatura enquanto instituição não foi suprimida, nem se tomaram medidas para
reconverter a engrenagem económica que dela se alimentava. Por conseguinte,
após uma quebra inicial no rescaldo da ratificação do tratado anglo‑brasileiro
em 1830, o comércio de escravos transatlântico foi retomado através de
toda a espécie de expedientes ilícitos. Com o inevitável aumento do «pré‑
mio de risco» – em virtude da vigilância e fiscalização dos navios da Royal
Navy –, as margens de lucro dos agentes envolvidos nas diversas etapas deste
contrabando aumentaram exponencialmente35. Tais proventos compravam
boas‑vontades e cumplicidades, tanto junto das autoridades brasileiras como
do pessoal consular português, repartições ministeriais em Lisboa e funciona‑
lismo de Angola e Moçambique (até ao nível do governador). A reanimação
do comércio transatlântico de escravos, impulsionada principalmente pela
procura brasileira (o boom do café a isso ajudava) e, em menor medida, pela
de Cuba e Estados Unidos, abrangia até aquelas áreas onde desde 1815‑1817
Um take‑off adiado
movidas pelas forças que lucravam com o tráfico ilícito, mas podiam tam‑
bém resultar da leitura que os responsáveis políticos faziam a respeito das
consequências imputáveis a um fim demasiado abrupto de uma instituição
estruturante do sistema colonial português. Como não é de mais recordar,
essa atmosfera propícia à tergiversação só seria possível tendo em conta as
opiniões dominantes na sociedade portuguesa que, não obstante algumas
gradações e nuances, manifestavam grande tolerância relativamente aos
diferentes avatares da ideologia escravista, ou aos abusos e violências de que
eram vítimas os escravos nos domínios ultramarinos50.
De acordo com o articulado do decreto feito publicar pelo Ministério da
Marinha e Ultramar em 1858, todos os africanos sujeitos à servidão ganha‑
riam a sua liberdade em vinte anos, prevendo‑se que os seus proprietários
pudessem ser indemnizados no termo desse período; no entanto, o diploma
não fazia quaisquer provisões a respeito do mecanismo de compensação que
pudesse recair sobre o Tesouro nacional (a modalidade escolhida pelo parla‑
mento inglês em 1833). Apesar dos protestos de funcionários coloniais, donos
de plantações e mercadores em relação aos prejuízos que inevitavelmente
resultariam de tal medida, a verdade é que a legislação tivera o cuidado de
transferir o ónus económico da emancipação para os africanos, vinculando‑os
à prestação de serviço obrigatório aos seus senhores, o mesmo sucedendo aos
filhos dos primeiros – os «libertos» – até completarem 20 anos de idade. Nas
colónias cuja economia dependia do uso relativamente intenso de mão‑de
‑obra servil (Angola e São Tomé), as próprias autoridades oficiais optaram por
não recorrer a africanos livres para os seus projectos, usando antes escravos
ou libertos. Socorrendo‑se de velhos estereótipos acerca da «preguiça», «boça‑
lidade» e «selvajaria» dos negros, os adversários das medidas abolicionistas
mobilizaram‑se, na imprensa e no parlamento, para revogarem a legislação
emancipalista ou a modificarem a um ponto tal que esta se tornaria inope‑
rante. Defendiam que sem instrumentos firmes para obrigar o africano ao
trabalho – indispensável para o seu processo de «civilização» e regeneração
moral – as colónias dificilmente teriam viabilidade. Apenas uma filantropia
ingénua poderia pretender que Portugal teria possibilidade de rentabilizar
esses territórios sem o recurso a uma mão‑de‑obra barata, abundante e pacata.
A experiência de territórios onde a escravatura fora suprimida décadas antes
demonstrara que a imagem de um negro disciplinado e diligente, disposto a
cumprir as suas obrigações fiscais vendendo a sua força de trabalho a donos
de plantações, não passava, afinal, de uma miragem51. Para além destas
objecções de fundo ao «utopismo abolicionista», o argumento da «neces‑
sidade» também ganhou expressão – uma vez mais, tratava‑se de reclamar
períodos de transição mais dilatados, que supostamente dessem aos agentes
económicos o tempo indispensável para se reorganizarem em «actividades
Por outro lado, é bom não perder de vista o alcance de uma das imagens
mais popularmente associadas a África durante boa parte do século xix:
«o sepulcro do homem branco», expressão que fazia jus às elevadíssimas
taxas de mortalidade entre os europeus que se aventuravam ou cumpriam
missões de serviço no continente negro55. Malária, febre‑amarela (sobretudo
estas duas), varíola, tétano e outras enfermidades próprias dos climas tropi‑
cais eram impiedosas para os organismos vulneráveis dos europeus, reféns
da ausência de estruturas hospitalares de apoio e da própria incapacidade da
ciência médica em dar uma resposta eficaz aos males que os afligiam nessas
paragens. Apenas na segunda metade do século xix, graças à generalização
de uma série de cuidados profilácticos e curativos (em particular o sulfato de
quinino) e medidas higiénicas preventivas sugeridas pela experiência acumu‑
lada, foi possível atenuar esta situação, não obstante a vacina contra a febre
‑amarela apenas ter surgido na década de 193056. Estes progressos, todavia,
foram mais tardios nos territórios portugueses, continuando a haver registo
de elevadíssimas taxas de mortalidade em contingentes militares enviados da
metrópole na segunda metade do século xix.
Para além desta ameaça omnipresente, o sentimento de insegurança que
os colonos experimentavam em África tinha outras razões de ser. Uma delas
era o convívio forçado com antigos presidiários da metrópole enviados para
o ultramar – os degredados. Constituindo a maioria da população branca
de diversas colónias, poucos destes condenados cumpriam o que restava
das respectivas penas em regime de cárcere; estavam em liberdade, muitos
dedicavam‑se ao comércio, outros obtinham empregos no funcionalismo,
mas uma parte significativa reincidia em actividades criminosas. À parte
alguns dissidentes políticos (de Portugal e outros estados europeus), a grande
maioria destes degredados era recrutada nas categorias de delinquentes mais
violentos da metrópole. A sua presença nas ruas de cidades como Luanda
era invariavelmente assinalada em toda a espécie de testemunhos ou relatos
de viajantes, e uma das reclamações recorrentes dos funcionários de topo
da administração e dos colonos mais influentes ia no sentido de evitar que
o ultramar continuasse a ser usado como depósito de criminosos de delito
comum. Porém, o aparente sucesso da colonização da Austrália e outros
domínios britânicos por degredados convenceu os penalistas portugueses a
dar continuidade a esta velha tradição, sem atentarem devidamente nas con‑
dições de fixação de europeus no Novo Mundo – incomparavelmente mais
favoráveis do que nas possessões portuguesas, situadas em climas quentes,
húmidos e repletos de epidemias –, ou no próprio perfil dos condenados
para aí enviados (geralmente indivíduos sem cadastros criminais graves,
e muitas vezes acompanhados das respectivas famílias). Apenas no último
terço do século xix é que se começariam a ponderar novas modalidades de
Colónias ou enclaves?
acções punitivas contra negreiros empreendidas pela Royal Navy. Uma região
particularmente devastada pela seca dos anos de 1820, a Zambézia tornara
‑se o centro nevrálgico dessa actividade (e da do comércio de marfim), que
se encontrava em grande medida nas mãos de potentados afro‑portugueses
(os «muzungos») operando a partir dos antigos prazos da Coroa. Ocupando
áreas muito extensas, alguns destes domínios tinham evoluído para unida‑
des político‑territoriais autónomas, verdadeiros principados guerreiros, ora
«avassalados» à Coroa portuguesa, ora assumindo atitudes de independência
face aos seus agentes. Embora exibindo nomes portugueses (Alves da Silva,
Vaz dos Anjos, Ferrão, Sousa, Caetano Pereira, Cruz), muitos eram de ori‑
gem asiática (goesa ou siamesa); exibiam costumes e maneiras «europeias»,
mas estavam cada vez mais próximos do universo bantu em termos étnicos
e culturais. Quando o governo de Lisboa tentou limitar a sua autonomia,
substituindo o sistema dos prazos por um regime de arrendamento, em
1854, a reacção não se fez esperar. Nas décadas seguintes, toda a região
seria o palco de confrontos violentos entre as débeis companhias militares
enviadas pelos postos de Quelimane, Sena e Tete, e os poderosos exércitos
de chicundas (escravos guerreiros) de alguns dos senhores dos prazos, os
quais, entrincheirados nas suas paliçadas fortificadas (aringas) e devidamente
equipados com armas europeias, colocariam um desafio tão ou mais temível
às autoridades portuguesas do que aquele que fora protagonizado pelos
regulados africanos em épocas anteriores. Algumas figuras, como o senhor
de Massangano, António Vicente da Cruz, dito Bonga, de reputação feroz
(o seu gosto por exibir os crânios dos adversários nas estacas da sua aringa
tornar‑se‑ia lendário), infligiram derrotas humilhantes aos Portugueses. Sem
disporem de tecnologia que lhes permitisse mitigar as suas desvantagens de
partida (pior conhecimento do terreno, maior exposição a doenças), estes
esforçaram‑se por manipular rivalidades alheias e estabelecer alianças com
outros mercenários indígenas, como o afro‑goês Manuel António de Sousa,
que até finais da década de 1880 se tornará num dos mais temíveis condot‑
tieri a operar em Moçambique68. Tão eficaz se revelou esta estratégia nalguns
locais, que o abandono do sistema dos prazos foi momentaneamente posto
de lado, por forma a haver maneira de recompensar os cabos‑de‑guerra fiéis
à Coroa portuguesa69.
Tudo ponderado, e não obstante o impacto (limitado) de medidas como
a abolição do tráfico de escravos na configuração económica de alguns terri‑
tórios, a principal conclusão que se poderá retirar de um balanço ao Império
Português por volta de 1870 é a de que, em termos estruturais, nada de muito
substancial se alterara em meio século. Tirando os arquipélagos atlânticos
e as «conquistas» mais antigas na Ásia e Oceânia, as áreas territoriais sujei‑
tas a uma influência ou domínio efectivo português no continente africano
A FEBRE DA PARTILHA
(c. 1870‑1890)
devidamente enquadrada pelo Estado, era uma das medidas mais insis‑
tentemente reclamadas, nomeadamente através da reforma do seminário
de Cernache do Bonjardim, de onde deveriam sair elementos devidamente
preparados para responder aos novos desafios da penetração imperial (ou
seja, dominando noções de ciências naturais, medicina, agricultura, línguas
nativas), e em particular da concorrência crescente de outras sociedades
missionárias, protestantes e católicas, na África Austral31.
O efeito imediato do «Apelo», porém, foi limitado. O lançamento da subs‑
crição que deveria servir para financiar as «estações civilizadoras» saldou‑se
por um fiasco – quando os sacrifícios eram a doer, os entusiastas do império
tendiam a retrair‑se. No entanto, como teremos oportunidade de ver, as con‑
sequências deste tipo de mobilização não eram inócuas. Amplificadas pela
imprensa, elas introduziam um tom exaltado, e pouco realista, nos debates
em torno da questão colonial (muitas vezes um mero pretexto para a demar‑
cação de campos entre os partidos e facções do regime), ameaçando empurrar
os decisores para posições de difícil sustentação, atendendo ao que eram os
recursos do país e os equilíbrios de força internacionais.
Não fora esse o tom da década anterior, no que à política governamental
diz respeito. Sob a égide do liberalismo pragmático dos executivos de Fontes
Pereira de Melo, os responsáveis portugueses procuraram formas de desen‑
volver o potencial colonial do país em articulação com a Pax Britannica que,
não obstante a emergência do poderio alemão, continuava a prevalecer em
largas regiões do Globo, incluindo aquelas onde se situavam as possessões
ultramarinas lusas. «A aliança inglesa para o meu país é como a fogueira que
o viajante acende no sertão, quando quer dormir tranquilo», declarou Fontes
em 1878 na Câmara dos Deputados32. Apesar dos atritos que continuavam a
surgir entre ambos – de que foram exemplo as disputas em torno da ilha de
Bolama e da baía de Lourenço Marques (ambas resolvidas pela via arbitral,
e com sentenças favoráveis a Portugal, em 1870 e 1875, respectivamente), os
laços de dependência que prendiam Portugal à velha aliada eram demasiado
estreitos para que uma alternativa credível se apresentasse às classes dirigen‑
tes portuguesas. Da parte dos Britânicos, os dividendos estratégicos que as
«negligenciadas» possessões lusas lhes poderiam oferecer eram evidentes (já
para não falar do empenho de Londres em prosseguir com acções de policia‑
mento do tráfico esclavagista, que permanecia florescente em vários pontos
de África, e para o qual a cooperação das autoridades portuguesas não era
despicienda). No Atlântico, o arquipélago de Cabo Verde, e em particular
a ilha de São Vicente, tornou‑se uma importante estação de abastecimento
de carvão para as carreiras dos vapores britânicos que faziam a rota para o
Cabo e a Índia, bem como um ponto de amarração dos cabos submarinos
a partir da década de 186033. No Índico, o interesse britânico pela baía de
com a sua visão reformista, como o envio das primeiras expedições de obras
públicas a Angola e Moçambique (1877); a subsidiação de uma ligação postal
regular entre Lisboa e Moçambique (através de uma companhia britânica);
a criação de um corpo colonial permanente no Exército português (sempre
relutante em fornecer voluntários para as missões no ultramar); a publicação
de pautas mais liberais para Moçambique (1879); e a tentativa de abertura da
colónia do Índico a uma companhia concessionária (a chamada «concessão
Paiva de Andrade», em 1878), decisão fortemente contestada à época mas
bastante «profética» em relação àquilo que viria a ser o futuro modelo de
desenvolvimento da colónia37.
Foi também durante a sua gerência do Ministério do Ultramar, em
1875, que uma iniciativa legislativa de inegável alcance simbólico seria
aprovada pelas Cortes portuguesas – a lei de 29 de Abril de 1875, a qual,
ao fazer cessar o estatuto de «libertos», acabava com os últimos vestígios
legais da escravatura nas possessões portuguesas. Atendendo às sensibili‑
dades europeias nesta matéria, ao impacto dos processos abolicionistas em
países como a Rússia (1861), Holanda (1863) e Estados Unidos (1865),
e às próprias convicções de figuras como Corvo acerca do efeito econo‑
micamente salutar do trabalho livre contratado, as condições pareciam
finalmente maduras para Portugal poder acertar o passo com a marcha
do «progresso humanitário». Em 1869, recorde‑se, um decreto aprovado
por Sá da Bandeira, ao abrigo das disposições do Acto Adicional da Carta,
havia colocado formalmente termo à escravatura no direito português,
mas, na ocasião, o peso dos interesses agrários e mercantis ligados à nas‑
cente economia de plantação de São Tomé e Angola fora suficiente para
garantir a manutenção do estatuto de «liberto», e até para sancionar a
continuação de algumas práticas esclavagistas (como o «resgate», i.e.,
a compra de negros em territórios vizinhos das possessões portuguesas),
assim derrotando as hipóteses de uma transição mais célere para um sistema
económico baseado no trabalho livre (que, aliás, pouca gente defendia em
Portugal de forma incondicional). Com a aproximação da data definida
pelo decreto de 1858, a resistência oferecida por estes sectores tornou‑se
menos encarniçada e políticos como Sá da Bandeira e Corvo perceberam
que seria insensato deixar fugir a oportunidade para sinalizar um virar
de página em termos de política colonial, mesmo se isso implicasse algum
recuo face às intenções primordiais do abolicionismo português (i.e., uma
emancipação mais «à inglesa», que não transferisse o ónus económico da
libertação para os ex‑escravos)38.
Um desses compromissos foi estabelecido em torno da ideia de «tutela».
Esta noção, crescentemente popular ao nível de um certo senso comum,
operava a partir da analogia entre os ex‑escravos e as crianças, que para
dessas incursões aos territórios em disputa foi em tudo análogo ao dos Bri‑
tânicos – uma companhia concessionária. A escolha recaiu na Companhia
de Moçambique, um empreendimento que tivera um arranque complicado
em 1878 mas que, dez anos mais tarde, depois de várias atribulações, se
viu relançada pelo seu fundador, Joaquim Paiva de Andrade, com capitais
franceses. Entre finais de 1886 e 1889, vários militares e agentes portugueses
(Victor Cordon, António M. Cardoso, Tenente Valadim, Paiva de Andrade,
Serpa Pinto) estiveram particularmente activos em regiões que hoje formam
o Leste do Zimbabwe, o Centro e o Norte de Moçambique, o Malawi e o
Sul de Angola. Os resultados que obtiveram foram desiguais – nas terras
dos Mashonas, Andrade e o seu aliado, o goês Manuel António de Sousa,
foram travados pela resistência dos Mtoki (1886)53, mas no Sudeste do lago
Niassa vários régulos seriam «avassalados» pelos militares portugueses. Dois
acontecimentos em 1889 vão ser especialmente ressentidos pelos Britânicos:
a fundação do distrito do Zumbo, já em território mashona; e a celebração
de um acordo entre os Portugueses e o cardeal Charles Lavigerie para a
instalação de uma missão de Padres Brancos no Alto Chire, território que
as missões anglicanas e escocesas aí radicadas estavam determinadas em
salvaguardar de concorrentes «papistas» e da influência «corruptora» das
autoridades portuguesas54.
Finalmente, o terceiro tabuleiro privilegiado por Barros Gomes seria o
europeu, onde procuraria realizar um movimento de aproximação à França
e à Alemanha, duas potências que, assim se julgava em Lisboa, estariam
dispostas a apoiar a política mais atrevida que Portugal se propunha desen‑
volver nas áreas reclamadas pelo imperialismo britânico em África. Dando
sequência a démarches já iniciadas pelo anterior governo regenerador, Bar‑
ros Gomes concluiu uma convenção com a França (18 de Maio de 1886)
em que, a troco da cedência da bacia do rio Casamansa, entre o Senegal e
a Guiné, e da renúncia ao protectorado sobre o Daomé, obtinha um vago
reconhecimento francês das suas pretensões aos territórios que separavam
Angola e Moçambique. Seguidamente (30 de Dezembro de 1886), acertou
com a Alemanha os limites sul de Angola com o Sudoeste Africano, uma das
esferas de influência que os Alemães haviam adquirido recentemente; o trecho
da convenção com a França relativo aos «direitos» portugueses nas regiões
que pretendiam vir a controlar na África Meridional era transposto para a
convenção celebrada com Bismarck. Ambos os documentos incluíam, como
anexo, o mapa em que a referida faixa territorial surgia assinalada a cor‑de
‑rosa. Um passo mais ousado, ou imprevidente, seria dado em 1888, quando
Barros Gomes tomou a iniciativa de tentar promover uma frente antibritâ‑
nica juntando o Transvaal, a Alemanha e, eventualmente, a própria França.
Como era típico da fluidez dos alinhamentos da época, essa manobra corria
UM IMPÉRIO À MEDIDA
DAS POSSIBILIDADES
(c. 1890‑1910)
ultramar. A grande questão que se colocava – uma vez mais – era de saber
como conciliar o «destino manifesto» do país e as novas exigências do direito
colonial internacional (em matéria de ocupação efectiva), por um lado, com
a persistente penúria de meios do Estado, por outro.
A resposta a este dilema começou a ser dada empiricamente pelos governos
da década de 1890, quando deixaram cair as anteriores objecções a uma mais
extensa penetração do capital estrangeiro nos territórios onde uma coloniza‑
ção orientada e financiada pelo Estado se afigurava mais problemática. Essa
cedência seria depois caucionada, em termos doutrinários, por figuras como
António Enes, homem de Letras, antigo deputado progressista e ministro
do Ultramar, depois nomeado comissário régio em Moçambique8, que em
1893 publicaria uma das obras mais decisivas na fase de arranque do ter‑
ceiro império português (Moçambique)9. Nela Enes sintetizava algumas das
assunções correntes acerca das possibilidades e limites do projecto imperial
de Portugal em África. Uma tinha a ver, precisamente, com a necessidade de
se assumir que o país não dispunha de recursos para promover, em tempo
útil, o fomento de alguns territórios; estes deveriam por isso ser abertos ao
comércio, aos capitais e até mesmo à imigração oriunda de outras nações.
Na conjuntura económica depressiva que o país atravessava na época, muito
propícia ao reforço das inclinações proteccionistas que há décadas preva‑
leciam entre as elites dirigentes, tais ideias não seriam, à partida, fáceis de
vender. Mas o estado de necessidade em que o país se encontrava deu‑lhes
uma oportunidade. Como veremos mais adiante, Moçambique ganharia
uma posição única como laboratório de novas combinações entre interesses
públicos e privados, em larga medida estimuladas pela apetência especulativa
do capitalismo europeu de finais de Oitocentos.
O pragmatismo de Enes estendia‑se também à colonização europeia do
ultramar: apenas indivíduos com alguns recursos e instrução deveriam ser
estimulados a aventurar‑se em África, devendo o árduo trabalho manual
ser reservado para os indígenas. Esta posição, que era especialmente atractiva
para governos sem folga financeira (o axioma das colónias auto‑sustentáveis
continuava a ser caro a todos os políticos de sentido mais prático), viria a
requerer a promulgação de novas leis e códigos que estabelecessem, sem mar‑
gem para ambiguidades, a «obrigação moral» de trabalhar dos indivíduos
apontados como «não‑civilizados» ou «indígenas». Gozando de uma larga
aceitação no ambiente intelectual da época, a noção de que o trabalho era
o mecanismo por excelência para promover a elevação cultural dos povos
«semibárbaros» iria perpassar toda a legislação e retórica que sustentava a
«missão civilizacional» do país. O dispositivo jurídico respeitante ao trabalho
nativo que surgiu neste contexto (através da legislação de 1894, relativa ao
trabalho correccional e, muito em especial, no Código do Trabalho de 1899)
África Ocidental como aos que se situavam para lá do cabo da Boa Esperança
só estavam em condições de operar mediante subsídios governamentais.
Na época do scramble, as preocupações com uma dimensão mais «sobe‑
ranista» tornaram o poder político receptivo àqueles que reclamavam um
patrocínio às empresas de bandeira nacional, e foi nesse contexto que vários
negociantes de Lisboa avançaram com os capitais necessários à constituição
da companhia que viria a arrematar o contrato de exploração exclusiva das
rotas da África Ocidental até Moçâmedes (com excepção dos portos da zona
de comércio livre do Congo) – a Empresa Nacional de Navegação (ENN).
Parcialmente controlada por famílias de comerciantes judaicos radicados
nos Açores (os Bensaúde), a ENN passou a desfrutar de uma situação de
monopólio das rotas imperiais a partir de 1903, altura em que o ministro
Teixeira de Sousa lhe concedeu o exclusivo da navegação para os portos
africanos orientais (os quais, no seguimento da falência da Mala Real, em
1892, vinham sendo servidos por vapores estrangeiros)68.
Um outro sector de actividade onde a fusão entre a política e os negócios
(sobretudo o grande comércio lisboeta) se fazia notar de forma expressiva era
a banca. Aqui império era sinónimo de Banco Nacional Ultramarino (BNU),
que só em 1901 perderia a posição de monopólio bancário nas colónias da
África Ocidental (mas mantendo o privilégio exclusivo de emissão de notas
nos territórios onde operava, incluindo Moçambique). Apesar da sua relu‑
tância em financiar empreendimentos com um maior componente de risco,
o que sempre lhe granjeou críticas amargas por parte daqueles que tinham
uma visão mais voluntariosa da economia colonial, o banco atravessou uma
fase complicada na década de 1890, devido a uma série de insolvências de
plantadores de Angola e Cabo Verde, valendo‑lhe na circunstância a forte
valorização de alguns activos que possuía em São Tomé e Príncipe. Embora
a concessão de crédito à agricultura e a actividades relacionadas com a
colonização tivesse sido a razão de ser da sua criação em 1864, o BNU era
acusado de praticar taxas de juro superiores às estipuladas no contrato com
o Estado, de manipular as taxas de câmbio, de ser demasiado selectivo nos
financiamentos (privilegiando as casas comerciais lisboetas que detinham
propriedades agrícolas nas colónias), e de se concentrar quase exclusivamente
em operações de curto prazo, havendo ainda suspeitas de que desviaria
avultados capitais para o estrangeiro e facilitaria esquemas de angariação de
mão‑de‑obra servil na costa ocidental africana para as roças são‑tomenses.
Em suma, de conduzir uma operação essencialmente especulativa, de costas
voltadas para os empreendedores locais e para uma visão de mais longo prazo
do desenvolvimento dos territórios coloniais69.
Imperialismo em outsourcing
podia afastar mais dos planos de Enes e seus colegas: muitos dos prazos
foram adjudicados a subconcessionários estrangeiros, a quem era conce‑
dido o poder de cobrar impostos como melhor entendessem. Entres estes
sobressaíram potentados como a Sena Sugar Estates, as companhias Boror
e Suabo, e a sociedade do Madal, responsáveis pela introdução de tecno‑
logia e processos de exploração modernos e pelo aumento da capacidade
exportadora da colónia em artigos como o açúcar, coco, sisal e copra75.
A maioria dos concessionários, porém, ter‑se‑á distinguido por uma atitude
predatória implacável, movida por dois objectivos precisos: a cobrança do
imposto de capitação (o chamado mussoco) e a arregimentação forçada de
trabalhadores. Em consequência disso, o ambiente de banditismo e violên‑
cia que há muito prevalecia na região pouco viria a modificar‑se nos anos
seguintes, com as famílias de antigos muzungos a liderarem a resistência
à nova ordem colonial76.
No caso de Angola, o arranque mais tardio da «pacificação», mas também
a ideia de que os seus vastos planaltos férteis poderiam funcionar como o
núcleo de uma «Nova Lusitânia», tornaram as autoridades metropolitanas
mais renitentes em conceder prerrogativas majestáticas a capitalistas estran‑
geiros. A única companhia de alvará aí estabelecida até à década de 1920, a
Companhia de Moçâmedes (1894), de capitais maioritariamente franceses,
não viu inscritas na sua concessão as funções de soberania que algumas das
suas congéneres de Moçambique haviam obtido. Mais a mais, as expecta‑
tivas de uma exploração rentável das minas de ouro de Cassinga nunca se
concretizaram, pelo que a companhia averbaria apenas ganhos limitados em
áreas como o cultivo de algodão e a criação de gado77.
Os historiadores destas instituições «feudo‑capitalistas» fazem geralmente
um balanço severo do seu desempenho e interrogam‑se se a sua instalação
nas colónias terá sido a melhor opção do Estado português. Em termos
de rentabilidade económica, poucos dividendos pagaram a Lisboa (uma
delas, a do Niassa, jamais o faria) e, como notou Newitt, o seu modelo
rentista‑predatório terá mesmo funcionado como um travão à introdução de
genuínos modos de produção capitalista em Moçambique78. No tocante aos
compromissos assumidos perante as autoridades lusas, poucas concretizaram
o investimento produtivo que delas se esperava. As infra‑estruturas erguidas
até à data em que as concessões expiraram (entre as décadas de 1920 e 1940)
foram escassas, nem sempre de boa qualidade e, no caso das vias‑férreas, o
seu traçado havia sido concebido para servir interesses exteriores à própria
colónia. Os muito apregoados benefícios «civilizacionais» – o acesso dos afri‑
canos a uma escolaridade, mesmo que rudimentar, ou à medicina moderna,
por exemplo – conheceram uma difusão mínima. Na realidade, a única
faceta da «modernidade» que as populações nativas puderam conhecer mais
intimamente foi a que lhes foi trazida pelos cobradores de impostos, polícias
e engajadores de mão‑de‑obra.
Os métodos empregues para que a nova ordem colonial associada às
companhias fosse acatada combinavam um elevado grau de eficácia e cruel‑
dade (terror não será uma expressão gratuita neste contexto). O legado de
ressentimento que essas experiências deixaram não deverá ser subestimado
e ajudará a explicar a longa tradição de contestação ao domínio português
em zonas como Cabo Delgado ou a Zambézia, ou, em tempos mais recen‑
tes, a recrudescência do «banditismo social» (o fenómeno da Renamo no
Moçambique pós‑independência79), como rejeição de uma autoridade sentida
como opressiva. Tudo somado, em Moçambique apenas uns 30 por cento
da área total do território, basicamente os distritos de Lourenço Marques, da
fronteira sul‑africana ao Save, e de Moçambique, do rio Lúrio aos prazos
da Companhia da Zambézia, seriam efectivamente controlados pelos agen‑
tes da Coroa portuguesa, e mesmo a nova capital, a cidade de Lourenço Mar‑
ques (1902), integrada na densa malha comercial e ferroviária sul‑africana,
pouco mais seria do que um satélite da economia capitalista que Bóeres e
Britânicos tinham desenvolvido na África do Sul80. Tudo isto é incontroverso.
Mas, uma vez mais, é importante não perder de vista as circunstâncias em
que os poderes públicos em Portugal se viram forçados a recorrer a este
outsourcing de soberania. Para além de ser uma opção em linha com aquilo
que desde 1880 se generalizara noutros espaços coloniais81, as alternativas à
mão dos governantes portugueses para tornar o seu projecto imperial menos
declamatório eram inexistentes. Por muito insatisfatório que possa ter sido
o seu retorno, a presença do capital estrangeiro assegurou aos decisores
portugueses as condições mínimas para, no tocante a Moçambique pelo
menos, repudiarem as até então insistentes acusações de negligência e incúria.
Adicionalmente, Portugal arranjava aliados de peso para, em alguns centros
de poder europeus, dificultar ou travar quaisquer desígnios alimentados em
relação às suas colónias. Os títulos de soberania portugueses internacio‑
nalmente reconhecidos foram assim protegidos e, no final dos contratos, as
autoridades de Lisboa estavam em condições de reassumir o controlo pleno
sobre os territórios (como efectivamente fizeram)82.
Mesmo quando a presença do capital estrangeiro não assumia o figurino
das companhias de alvará, a sua influência insinuava‑se sob outras modalida‑
des. Os mais dispendiosos e complexos investimentos realizados no império
exigiam o seu concurso, tendo em conta as debilidades portuguesas, tanto
em termos financeiros, como de know‑how tecnológico. Isso foi particular
mente evidente num domínio crítico de qualquer construção imperial, o dos
transportes e comunicações. A questão, uma vez mais, é que as prioridades de
potenciais investidores nem sempre coincidiam com as ambições portuguesas
económico era uma pré‑condição; e para que este se tornasse uma realidade,
o contributo dos africanos era imprescindível, nomeadamente sob a forma do
trabalho voluntário ou compelido. Este, sim, era um dos pontos inegociáveis
da mundividência imperial de finais de Oitocentos97.
Apesar das disposições do Código Laboral de 1878 darem cobertura à
arregimentação da força de trabalho africana, os legisladores da viragem do
século perceberam que a intensificação da exploração económica de alguns
territórios exigia que se eliminassem as últimas ambiguidades herdadas
do «momento abolicionista». A tarefa de redefinir o enquadramento legal do
trabalho africano recaiu numa comissão presidida, uma vez mais, por António
Enes. A linguagem utilizada no seu relatório (1893) é instrutiva acerca do
tipo de cambiantes que a cultura política do liberalismo finissecular podia
adquirir quando transposta para o contexto das relações imperiais. Segundo o
relatório, o Estado não deveria sentir‑se inibido de «obrigar, e sendo preciso,
de forçar» (ênfase no original) os indígenas ao trabalho, «a adquirirem pelo
trabalho meios de existência mais feliz, a civilizarem‑se trabalhando, esses
rudes negros de África, esses ignaros párias da Ásia, esses meios selvagens da
Oceânia, a que o mesmo Estado impõe também, até com pena de extermínio,
tantas outras obrigações que lhes aproveitam bem menos e nem sempre são
legitimadas pelos interesses da civilização»98.
Promulgado em Novembro de 1899 (e mantido em vigor até 1928 depois
de uma revisão em 1911), o «Regulamento do Trabalho dos Indígenas» con‑
sagrava a «obrigação moral e legal» do trabalho para todos os africanos logo
no seu primeiro artigo. Essa obrigação seria dada como cumprida se uma das
seguintes condições se verificasse: os visados mostravam ter meios para se
bastarem a si mesmos; exerciam uma actividade profissional comercial; culti‑
vavam um lote de terra ou produziam bens para exportação; ou trabalhavam
durante alguns meses como assalariados (tudo isto segundo critérios definidos
e aprovados pelas autoridades). Estavam isentos desta situação os homens
com idade superior a 60 anos (numa altura em que a esperança média de vida
estaria muito abaixo dessa idade), rapazes com menos de 14 anos, doentes e
inválidos, indivíduos empregues nas forças policiais e de segurança, mulheres
(a partir da revisão à legislação em 1911), assim como sobas e régulos. Estes
últimos, porém, passariam a estar implicados na mobilização para o trabalho
dos africanos que se encontravam sob a sua influência, ao ser‑lhes prevista a
atribuição de uma recompensa monetária por cada nativo que entregassem
às autoridades. Finalmente, existia ainda a hipótese do trabalho correccio‑
nal, reservado para aqueles que as autoridades haviam condenado por um
delito, o qual poderia incluir a categoria de «vadiagem», ou seja, indivíduos
que se tinham recusado a trabalhar sob contrato ou falhado o pagamento
do imposto, podendo a pena ser cumprida tanto em tarefas públicas como
A realpolitik do imperialismo
grande ambição alemã numa barganha com Londres passasse pela obtenção
de novas bases navais, os responsáveis britânicos estavam já conscientes da
ameaça que o recém‑lançado programa naval alemão representaria para a
sua supremacia marítima global. Nesse sentido, procuraram explorar outras
maneiras de comprar a neutralidade de Berlim num possível conflito com os
Bóeres (e também com os franceses, no Sudão).
Cientes da forte apetência de vários sectores da sociedade alemã pela
expansão colonial, vão mostrar abertura a um cenário que diplomatas
alemães começam a ventilar: a partilha do Império Português em esferas
de influência, a distribuir entre ambos. O negócio tornou‑se subitamente
plausível devido à fragilidade financeira de Portugal, que estava já a fazer
contas à mais do que provável exigência de uma avultada compensação
financeira pela expropriação do CF de Lourenço Marques, um encargo
incomportável com a satisfação de outras obrigações internacionais, como o
pagamento de juros a credores externos115. Britânicos e Alemães combinaram
então abordar o governo de D. Carlos para propor‑lhe a concessão de um
empréstimo conjunto; caso Portugal incorresse num novo default financeiro,
então os rendimentos das suas alfândegas coloniais serviriam de «colateral».
Na divisão dos despojos, a Inglaterra ficaria com a tutela sobre uma faixa
central de Angola (entre Luanda e o Centro e Sul de Moçambique, abaixo
do Zambeze); à Alemanha caberia o Norte e o Sul de Angola (do Lobito até
à fronteira com o Sudoeste Africano), os distritos norte de Moçambique e
Timor Oriental.
Celebrado em Agosto de 1898, o convénio não fez, contudo, o pleno dos
círculos de decisão britânicos. Com o seu consumado pragmatismo, os Bri‑
tânicos exploraram então uma outra via para tentarem obter o melhor dos
dois mundos. Através do ministro português em Londres, Luís de Soveral,
fizeram saber a Lisboa da sua não‑oposição à negociação de um empréstimo
em Paris, sendo, no entanto, desejável que este não envolvesse os rendimen‑
tos das alfândegas coloniais como garantias. Os responsáveis portugueses
tomaram boa nota da indicação e depressa encetaram negociações nos meios
financeiros franceses com vista à reestruturação da sua dívida externa e à
obtenção de um crédito mais imediato, para o qual apenas dariam como
garantia as alfândegas do continente (as das «ilhas adjacentes» ficavam
excluídas, dado o receio britânico de isso poder conduzir a um ascendente
francês sobre os Açores)116.
O segundo episódio que conduziu ao cimentar dos laços luso‑britânicos
tendo o império como referência estava também ligado à preparação do
conflito anglo‑bóer. Para o sucesso da sua manobra estratégica, os Britânicos
tinham por essencial a negação de passagem de armamento e munições às
repúblicas africânderes através do porto e do CF de Lourenço Marques (algo
servil – veio revelar até que ponto era falaciosa a transição do sistema escla‑
vagista para as modalidades de trabalho livre nas colónias portuguesas. Após
1878, engajadores de mão‑de‑obra, portugueses e africanos, continuaram a
palmilhar os sertões da África Central em busca de trabalhadores para plan‑
tações que os empregavam em grande quantidade, nomeadamente em São
Tomé e Príncipe. Em teoria, os agora chamados «serviçais» eram despachados
para as ilhas ao abrigo de um «contrato», mas na esmagadora maioria dos
casos estava‑se perante um mero pro forma. Os trabalhadores eram forne‑
cidos por sobas sob coacção, ou voluntariamente, contra a oferta de armas,
munições e outros artigos de consumo. Uma vez nas roças, eram sujeitos a
uma disciplina laboral severa, ficavam impossibilitados de enviar os salários
que auferiam para as suas comunidades e, atendendo à baixa esperança de
vida, raramente eram repatriados. Confrontadas com estas embaraçosas reve‑
lações, as autoridades portuguesas começaram por refutá‑las e só bastante
tarde é que aceitaram aprovar legislação e medidas susceptíveis de corrigir
as situações mais flagrantes de abuso. Valeu‑lhes na circunstância a atitude
benevolente ou, melhor dizendo, ambígua das instâncias governamentais bri‑
tânicas, indisponíveis para alienar um aliado que as estava a ajudar a resolver
uma crise de mão‑de‑obra no Transvaal, através do modus vivendi de 1901,
que assegurava o fornecimento de importantes contingentes de trabalhadores
moçambicanos às explorações mineiras da região (perto de 45 por cento das
necessidades de mão‑de‑obra desse sector). Perante esta demonstração de
solidariedade interimperial, os danos causados a Portugal pelo sobressalto
humanitário acabaram por assumir uma gravidade relativamente limitada119.
UM RENASCIMENTO COLONIAL
FALHADO? A REPÚBLICA E O IMPÉRIO
(1910‑1926)
que, anos mais tarde, viriam a exercer grande influência nos programas de
eugenia dos nazis)25.
Claro está que este paradigma de «imperialismo científico» havia já
feito o seu caminho desde finais de Oitocentos. A criação da SGL em 1885
fora uma das respostas da «sociedade civil» (com forte amparo estatal) aos
reptos que chegavam de fora, mas outras iniciativas demonstram que os
governos monárquicos estavam longe de descurar o assunto. A fundação
da Escola de Medicina Tropical e do Hospital Colonial de Lisboa em 1902
(com poucos anos de atraso em relação a instituições europeias congéneres)26
foi vista como um passo indispensável para que um dos principais obstá‑
culos à fixação dos Europeus na África Subsaariana pudesse ser superado
e, gradualmente, permitiu a Portugal alcançar uma posição de relevo junto
de vários círculos científicos europeus – e, assim, fazer a demonstração de
que se podia relacionar com outras potências europeias numa área em que
a partilha de conhecimentos e experiências era singularmente valorizada.
Embora debatendo‑se com as proverbiais limitações das instituições sub‑
financiadas, a Escola de Medicina Tropical (transformada em Instituto em
1935) foi capaz de realizar um número ainda significativo de missões a
vários territórios ultramarinos, assumindo particular relevo aquelas que se
dedicaram ao estudo da doença do sono (transmitida pela mosca tsé‑tsé),
patologia que por volta de 1914 seria erradicada do arquipélago de São
Tomé e Príncipe27. Uns anos antes, no âmbito da reorganização dos serviços
agrícolas coloniais do Ministério da Marinha e Ultramar (1906), seria tam‑
bém criado um jardim botânico colonial, ao qual deveriam ficar associados
um museu e um laboratório.
Concomitantemente, disciplinas associadas à temática colonial (Direito,
História, Geografia, Antropologia, Economia) passaram a figurar nos curri‑
cula de cursos universitários e de institutos militares. As cadeiras que lida‑
vam mais de perto com os aspectos institucionais da governança imperial
constituíam o núcleo duro da chamada «ciência da administração colonial»
e alguns dos seus titulares (os professores de Direito Marnoco e Sousa, Ruy
Ulrich, Rocha Saraiva) tornaram‑se figuras de primeiro plano na produção
da «doutrina» que servia de referência aos legisladores28. Em 1906, como já
vimos, deu‑se igualmente a criação de uma instituição vocacionada para a
formação de futuros quadros coloniais, a Escola Colonial (elevada a Supe‑
rior em 1927), o sinal de que o poder político interiorizara a necessidade de
operar a transição para uma outra fase da governação do império, na qual
os militares deixariam de ser os principais agentes da soberania portuguesa.
As primeiras décadas do seu funcionamento, porém, seriam decepcionantes,
com uma fraca procura por parte de estudantes, baixíssimas taxas de con‑
clusão de licenciaturas e uma notória incapacidade em dotar a instituição
Um pouco por todo o império onde existissem estratos sociais que pode‑
ríamos associar a uma pequena burguesia letrada – branca ou «assimilada» –,
ou até mesmo a grupos de colonos europeus mais abastados, as notícias da
proclamação da República foram acolhidas com assinalável expectativa, se
não mesmo entusiasmo, atmosfera que as sucessivas levas de deportados
republicanos para as colónias haviam ajudado a criar.
Para uns, o fim da monarquia era equacionado como uma oportunidade
para se corrigir os antagonismos raciais que se tinham vindo a acentuar nas
últimas décadas, se erradicar as modalidades mais cruéis de exploração labo‑
ral e se impulsionar os valores da democracia, igualdade civil e progresso eco‑
nómico e cultural. Clubes, grémios, ligas, associações, centros republicanos,
comissões municipais ou até mesmo partidos políticos – muitas vezes com a
sua imprensa própria – seriam animados por estes elementos nos primeiros
anos de vida da República (tanto na metrópole, onde muitos estudavam, como
em capitais coloniais como Bissau, Luanda ou Lourenço Marques), numa
altura em que o governo de Lisboa ainda não definira as grandes linhas do
novo modelo imperial. Através de várias modalidades de intervenção cívica
e política (imprensa, petições, representações ao governo, manifestações,
mas também manobras de bastidores e intrigas), tentariam bater‑se pela
introdução de reformas que conduzissem a uma modernização das colónias
segundo critérios mais humanos e esclarecidos. A sua luta fundamental era
pela busca de uma melhor posição no sistema imperial, não pela destruição
deste. Estavam sobretudo focados na abolição das discriminações que lhes
dificultavam o acesso a cargos e posições no Exército ou no funcionalismo,
razão pela qual a questão da educação (ou seja, a abertura de estabelecimen‑
tos de ensino nas colónias para que os «filhos do país» pudessem concorrer
em pé de igualdade com os imigrantes da metrópole) assumia uma particular
relevância na sua agenda37.
Para os colonos europeus, e sem subestimar a adesão de muitos deles
a valores‑chaves do republicanismo, a mudança de regime parece ter sido
encarada, acima de tudo, como uma oportunidade para fazer aprovar uma
descentralização que mais facilmente serviria os seus interesses, mesmo se tal
colidisse com princípios de que a República se pretendia campeã. Por conse‑
guinte, a sua oposição à angariação de «serviçais» ou outros trabalhadores
por engajadores estrangeiros em territórios como Angola, por exemplo, não
deverá ser confundida com qualquer preocupação humanitária, na medida em
que foi desses sectores que partiram algumas das mais veementes críticas às
medidas tendentes à abolição de práticas esclavagistas, à «regulamentação»
dos castigos corporais e à generalização do princípio da livre contratação.
de Lisboa não pôde deixar de aprovar, mas que Norton tentaria manipular44).
No entanto, embora durante o seu primeiro mandato alguns recontros com
vários povos sublevados e os alemães tenham de facto acontecido em finais
de 1914, os conflitos mais desgastantes neste domínio terão sido de natureza
«burocrática», designadamente a má‑vontade que figuras dos meios milita‑
res demonstraram perante a sua estratégia de «pacificação». Através dela,
Norton pretendia que a autoridade portuguesa se apresentasse com uma face
mais justa e humana (e predominantemente civil) perante os indígenas e pro
curasse a colaboração destes para tarefas de manutenção da paz e da ordem.
Enquanto não fosse possível expandir a malha administrativa portuguesa a
todo o território (sistema das circunscrições), as autoridades nativas (sobas
e outros chefes indígenas) deveriam ser incorporadas na administração e as
suas leis e costumes respeitados, conquanto não ferissem certos valores morais
e o direito português45. Para que esta «política de atracção» se revestisse de
alguma credibilidade, moralizar a administração e corrigir os mais egrégios
abusos cometidos contra os africanos era fundamental (no seu juramento
de iniciação maçónica, Norton havia‑se comprometido a empregar os seus
melhor esforços para abolir «efectivamente» a escravatura46). Uma das suas
prioridades ao instalar‑se em Luanda consistiu em aprovar um conjunto de
providências que visavam transformar este estado de coisas. Vários decretos
e circulares seus procuraram banir os castigos corporais, instituir a obriga‑
toriedade dos contratos remunerados (com o respeito pelas tabelas salariais
e folgas semanais), disciplinar a acção dos engajadores de mão‑de‑obra e
limitar ao máximo o envio de «serviçais» para fora do território, ao mesmo
tempo que era criada uma «curadoria de indígenas» incumbida de zelar pelo
seu bem‑estar e protecção, à luz das concepções paternalistas que perfilhava.
Embora obedecendo a imperativos éticos e humanitários, esta preocupa‑
ção de Norton relativamente às condições de vida dos africanos não estava
desligada de uma dimensão mais utilitária. À semelhança de anteriores refor‑
madores coloniais, entendia que a chave para o desenvolvimento de Angola
residiria na emergência de uma vasta classe de agricultores e artesãos nati‑
vos independentes, lado a lado com uma classe de trabalhadores manuais
empregados em empresas agrícolas, mineiras ou industriais47. Com salários
pagos em moeda e devidamente tributados, seriam eles, juntamente com os
cultivadores europeus (a quem estava vedada a contratação de indígenas para
os trabalhos agrícolas48), as grandes molas do desenvolvimento económico
angolano. Numa época em que, na metrópole, a República experimentava
grandes dificuldades em lidar com um operariado urbano mais reivindicativo,
uma sociedade com estas características parecia oferecer alguma garantia em
termos de harmonia social. Impedia a «proletarização» dos africanos e evitava
que os colonos desenvolvessem hábitos e atitudes «parasitárias». Tal não
A sua posição talvez pudesse ter sido melhor acautelada se tivesse forjado
alianças com elementos da burguesia mestiça ou assimilada que depositara
grandes expectativas no advento da República e aproveitara o clima inicial
de alguma abertura para agitar a sua agenda. Sucede, porém, que este sector
estava longe de merecer a sua simpatia – pelo contrário, como vimos, Norton
nutria um desprezo profundo por eles, ou por não os conseguir encaixar na
estrutura social que idealizara para Angola, ou por não lhe agradar a ideia de
ter de lidar com uma classe mais consciente e questionadora da autoridade
colonial52. Assim, embora os choques com os assimilados só viessem a assumir
contornos de maior gravidade após 1920, os primeiros anos da República em
Angola seriam já marcados pela desconfiança com que tanto as autoridades
como os colonos encaravam as suas aspirações. No ambiente de ansiedade
gerado pela eclosão do conflito mundial, várias das figuras e organizações que
falavam em nome dos «filhos do país» foram acusadas de instigar algumas
revoltas tribais entre 1914 e 1918, e sujeitas a toda a espécie de retaliações
(das quais nem escaparia a bem‑comportada Liga Angolana, apodada de
«Associação de Mata‑Brancos» por colonos tomados pelo pânico aquando
da revolta «gentia» de Seles‑Amboim)53.
Em Abril de 1921, na sequência da sua designação como alto‑comissário
da República, Norton regressaria a Angola para um segundo mandato. Como
já observámos, os seus poderes conheceram um acréscimo significativo, dis‑
pondo agora de instrumentos de governação que lhe davam uma capacidade
de iniciativa muito maior, nomeadamente no plano financeiro. Durante três
anos pôde, finalmente, imprimir um ritmo mais intenso ao tipo de moder
nização que tinha em mente, muito baseada em iniciativas de fomento eco‑
nómico lançadas ou facilitadas pelo governo. Em termos concretos, isto
significaria a expansão da rede viária e ferroviária (ligação dos planaltos
centrais à costa), das ligações telefónicas e de radiotelegrafia, a melhoria
dos serviços de navegação, novos incentivos à colonização branca, maiores
facilidades no acesso ao crédito e uma política de atracção de investimentos
estrangeiros, particularmente para aqueles sectores mais capital‑intensivos,
como as indústrias extractivas. Nos centros urbanos em desenvolvimento,
haveria que introduzir toda a espécie de melhoramentos, desde a iluminação
pública à abertura de enfermarias, hospitais e outros serviços.
Os seus arreigados sentimentos nacionalistas não o impediram de celebrar
um contrato para a instalação de uma companhia dedicada à extracção de
diamantes na região das Lundas (uma área de cerca de 52 000 km2), a empresa
Diamang, originalmente constituída em 1917 por capitais portugueses (ban‑
cos Burnay e Nacional Ultramarino), belgas, franceses e norte‑americanos,
concessão que tinha a grande vantagem de proporcionar às depauperadas
finanças da colónia uma entrada de receitas regular e segura54. Em Angola
desejado efeito, tendo a mesma expirado sem que fosse possível melhorar a posi‑
ção dos interesses que desejava proteger (os proprietários a sul do Save). Com
uma diminuição do volume de tráfico sul‑africano pelo corredor de Lourenço
Marques (motivada também por várias greves e paralisações dos operários
ferro‑portuários), a situação financeira da colónia deteriorou‑se rapidamente
e Camacho viu‑se destituído do cargo em finais de 1922. Quatro anos mais
tarde, as dívidas acumuladas pela colónia perfaziam meio milhão de libras
esterlinas – um quadro menos grave do que o que se verificava em Angola (cuja
dívida ascendia a 6 milhões de libras), mas, ainda assim, suficiente para forçar
as autoridades a reverem o braço‑de‑ferro que vinham mantendo com Pretória.
Em 1928 nova convenção seria finalmente assinada, mantendo o essencial dos
termos de acordos anteriores, mas deixando os Portugueses mais tranquilos em
relação às antigas pretensões sul‑africanas relativamente à administração dos
portos e caminhos‑de‑ferro em Moçambique. Seria, até ao fim da soberania
portuguesa, uma das pedras‑de‑toque da administração da colónia do Índico e
um pilar da relação de vizinhança menos desconfiada que a partir de então foi
possível ir construindo com os governos da União Sul‑Africana73.
Tudo somado, o regime de autonomia revelou‑se incapaz de cumprir as
expectativas que os adeptos de um desenvolvimento enérgico e orientado
para a impressão de uma marca mais «portuguesa» em Moçambique nele
depositavam. O território permaneceu tão fragmentado como estava em
1910, a posição dos interesses estrangeiros não foi beliscada e, com a SDN
a servir de grande câmara de ressonância do escrutínio aos últimos vestígios
do trabalho não‑livre em África, também Moçambique voltaria a atrair as
atenções de certos críticos humanitários.
Mesmo junto dos grupos que em 1910 haviam celebrado a sua mensagem
emancipatória, a República desbaratara o seu capital político, em grande
medida por ter defraudado as expectativas que nela haviam sido depositadas
relativamente à contenção das aspirações hegemónicas da comunidade branca.
Em 1926, figuras destacadas dos meios nativistas estavam inclusivamente
dispostas a saudar o movimento militar que derrubara o regime republicano
na metrópole, por esperarem que uma governação mais centralizada os reco‑
nhecesse como cidadãos de parte inteira e os protegesse das prepotências que
sucessivos governadores se tinham abstido de enfrentar desde 191074.
Um balanço contrastado
Acerto de agulhas
provincial. Em teoria, estes últimos seriam mais fiéis executores das instru‑
ções de Lisboa do que agentes dotados de alguma capacidade de iniciativa,
sendo assessorados por conselhos de governo que dificilmente poderiam ser
considerados representativos das «forças vivas» locais (vogais‑natos oficiais
e de nomeação estavam sempre em maioria)12. Esta tendência centralizadora
seria ligeiramente mitigada na arquitectura administrativa desenhada para
os diferentes territórios, onde o princípio da «desconcentração» era con‑
sagrado – uma preocupação ditada pela necessidade de tornar mais densa
e operativa a malha do Estado colonial em locais ainda deficientemente
servidos por sistemas de transportes e redes de comunicação, mas onde já
seria viável estabelecer um aparato administrativo civil. Assim, e em compa‑
ração com épocas anteriores, os quadros intermédios da burocracia imperial
(governadores de província ou intendentes de distrito, administradores de
concelho e de circunscrição, chefes de posto) ganharam uma mais ampla
lista de atribuições e competências. Embora contemplado, o regime munici‑
pal estava seriamente condicionado: apenas municípios com mais de 2000
habitantes (uma raridade) teriam direito a um governo camarário próprio,
sendo os restantes governados por comissões municipais e juntas locais.
Em todos os casos, o presidente era nomeado pelo governador‑geral, o
mesmo sucedendo à maioria dos vogais não‑eleitos (sempre em maioria),
devendo os restantes ser escolhidos em consonância com o princípio da
representação orgânica – ou seja, eram designados a partir das associações
económicas e profissionais do concelho (e, na falta destes, pelos vinte maiores
contribuintes). Em linha com o repúdio das concepções «assimilacionistas»
que há muito se tinha tornado dominante na doutrina colonial lusa, as
reformas do Estado Novo fixavam um regime administrativo especial para
as regiões onde a maioria da população não fosse dada como adaptada
«à civilização ou cultura portuguesas». Na prática, isto significava que
princípios como o da separação de poderes não se aplicavam nessas áreas,
os administradores de circunscrição concentravam em si um vasto leque de
atribuições (judiciais, administrativas, económicas), que depois poderiam
delegar às «autoridades tradicionais»13.
Muito embora as ambiguidades típicas das situações coloniais (o aca‑
tamento selectivo das directrizes emanadas do centro) nos devam incutir
alguma prudência na avaliação do impacto concreto destas reformas, parece
indiscutível que uma mudança qualitativa se terá operado com o advento
do Estado Novo. O progressivo fortalecimento e a autoconfiança do poder
salazarista permitiram‑lhe ser mais exigente na forma como se relacionava
com os poderes locais, e ganhar balanço para encontrar novas modalidades
de penetração e controlo relativamente às sociedades coloniais. A prática
de castigar opositores e dissidentes com deportações para as colónias (ou de
Fantasia lusitana
uma presença limitada dos artigos coloniais nos hábitos de consumo metro‑
politanos, e um recrutamento militar ainda muito orientado para a defesa
das fronteiras europeias (situação apenas alterada nos anos 1950, em virtude
da necessidade de reforçar o dispositivo de defesa do Estado da Índia), o que
significaria afinal o império para grande parte da população portuguesa?
mais oneroso do que uma «taxa pessoal anual»), então é fácil perceber por
que eram raros os candidatos à assimilação nas colónias portuguesas43.
Para além da persistência de certos atavismos ideológicos, um factor muito
tangível encorajava o extremo «gradualismo» desta política de assimilação
selectiva. Tal como noutros contextos imperiais, o sistema de exploração
colonial português continuava a não prescindir do emprego em grande escala
da mão‑de‑obra africana barata, se não mesmo gratuita. Muito embora o
Código Laboral de 1928 possa ser visto como uma resposta às pressões
emanadas de vários meios internacionais (sobretudo os ligados à Organi‑
zação Internacional do Trabalho, OIT), tendo para esse efeito suprimido a
«obrigatoriedade legal» do trabalho para os indígenas para fins privados,
a verdade é que dificilmente ele poderá ser equacionado como um marco no
sentido da «humanização» das condições de vida das populações subme‑
tidas ao indigenato. Como já havia sucedido noutras circunstâncias, tudo
não terá passado de uma mudança semântica. Ao manter uma referência à
«obrigatoriedade moral» de os indígenas procurarem trabalho para cumpri‑
rem os seus deveres fiscais, a lei abria a porta para toda a espécie de novas
servidões. Através de uma rede razoavelmente densa de sipaios e chefes
colaboradores, de instrumentos como a «caderneta indígena» (um registo
das obrigações fiscais e laborais de qualquer adulto africano) e daquilo que
James Duffy designou de um «aparato informal de terror»44, o trabalho
compelido continuava ser um dos esteios dos modos de produção coloniais
e, como alguns autores têm notado, um travão à emergência de uma classe
assalariada proletarizada que pudesse comprometer os «modos de produ‑
ção domésticos» (associados à produção agrícola camponesa), vitais para
a capacidade exportadora de várias colónias45. Isto não obstante a sangria
demográfica que essa pressão acabava por causar, ora por via do encurta‑
mento da esperança de vida dos africanos, ora por via da emigração clan‑
destina para territórios vizinhos – problemas amplamente sublinhados em
relatórios produzidos por funcionários coloniais, como aquele que estaria na
base da cisão de Henrique Galvão com o regime, em finais dos anos 194046.
Aparentemente, nem mesmo a recessão mundial na década de 1930 terá
proporcionado alguma folga aos potenciais recrutas, a fazer fé nalgumas
pesquisas mais recentes47. Durante o segundo conflito mundial, o boom das
cotações de vários artigos coloniais fez com que os engajadores de mão‑de
‑obra batessem de forma sistemática as zonas mais densamente povoadas
de alguns territórios (ao ponto de, em 1942, circulares dos governadores de
Angola e Moçambique terem reintroduzido o trabalho legal obrigatório nas
respectivas colónias)48. Por outro lado, o empenho dos governantes do Estado
Novo em proporcionar matérias‑primas baratas a alguma indústria metro‑
politana, ou a sua fixação em metas de auto‑suficiência alimentar, abriram
Estratégias de adaptação
Seja como for, e por comparação com o sucedido noutros espaços impe‑
riais, o impacto político da segunda guerra foi menos evidente nas colónias
Reformas e impasses
a uma pressão continuada nos primeiros meses de 1961 por alguns aliados
ocidentais, como os EUA e o Reino Unido27, o governo português foi pro
curando corrigir as dimensões mais controversas da sua dominação colonial.
A 2 de Maio de 1961, no âmbito de várias providências adoptadas como
reacção imediata às revoltas camponesas, um decreto pôs termo à cultura
obrigatória do algodão. Depois, a 6 de Setembro, uma fornada de diplomas
sinalizaria um processo de reformas mais ambicioso. Entre essas medidas
destacavam‑se o decreto que revogava o Estatuto dos Indígenas nas províncias
onde este ainda vigorava (Guiné, Angola e Moçambique) e estendia formal‑
mente a cidadania a todos os naturais do ultramar português (sem contudo
suprimir o tradicional princípio da diferenciação jurídica, nomeadamente
quando previa a vigência dos «usos e costumes» dos antigos indígenas, agora
transformados em «vizinhos de regedoria»).
Porventura ainda mais decisiva neste domínio terá sido a introdução de
um novo Código de Trabalho Rural (27 de Abril de 1961), o qual, do ponto
de vista jurídico pelo menos, poderá ser considerado como a machadada
final no elaborado edifício de leis e regulamentos que, desde a abolição legal
da escravatura, davam cobertura legal a toda a espécie de arbitrariedades e
servidões que incidiam sobre a população africana28. O Código consagrava
os princípios da liberdade de trabalho ou de escolha do seu empregador (ou
até o direito ao ócio caso dispusessem de meios para satisfazer as suas obri‑
gações fiscais), bem como a norma do «salário igual para trabalho igual».
Paralelamente, foram criados institutos do trabalho, previdência e acção
social com vista a assegurar o cumprimento da nova legislação.
Embora se deva reconhecer o progresso trazido por estas reformas para a
dignidade e o bem‑estar das populações autóctones, uma nota de prudência
é indispensável. A concessão da cidadania, por exemplo, era feita no âmbito
de um regime de cariz policial e autoritário que fazia tábua rasa das mais
elementares liberdades civis e democráticas, ao passo que resquícios do ante‑
rior sistema, como as cadernetas e passes, ainda demoraram algum tempo a
ser suprimidos. Por outro lado, a revogação das normas que fixavam formas
de discriminação cultural (e, na prática, racial) teria de ser acompanhada de
avanços notórios em áreas como a educação para que uma genuína igualdade
de oportunidades se pudesse começar a afirmar (o que nunca aconteceu).
E como já foi notado, o alcance de um certo número de disposições terá
sido potencialmente mitigado pela ausência de uma fiscalização eficaz e pela
persistência de uma burocracia mal paga e, como tal, vulnerável ao assédio
de empregadores inconformados com as mudanças29.
Olhadas com suspeição por alguns sectores mais retrógrados do regime,
estas reformas foram também recebidas de forma céptica pela generali‑
dade dos meios de opinião internacionais e governos ocidentais (sobretudo
poderá ter reunido qualquer coisa como meio milhão de pessoas nas ruas da
Baixa de Lisboa e no Terreiro do Paço. A sua realização fora precedida por
rumores de que o presidente do Conselho estaria a ponderar a hipótese de
promover um «plebiscito» (em condições nunca esclarecidas) à continuidade
da sua política ultramarina. Face à mobilização atingida, Salazar decidiu dar
a nação por «consultada» e, algumas semanas volvidas, colocou um ponto
final nas dúvidas que ainda pudessem subsistir quanto à prossecução do
rumo definido desde 196143.
que até certa altura também procuraram soluções militares para o desafio das
forças anticoloniais, os governos portugueses estavam poupados ao escrutínio
de uma opinião pública livre e informada, de um parlamento democrático
ou de uma magistratura independente. Mas mesmo um regime repressivo e
autoritário como o Estado Novo não podia alhear‑se do desgaste que, ine‑
vitavelmente, resultaria do esforço de recrutamento e dos elevados custos
associados à manutenção de substanciais contingentes militares em África.
Nesse sentido, procurou‑se, na maior parte do tempo, seguir uma estratégia
de baixa intensidade, com uma gestão apertada dos recursos disponíveis e
alguma partilha do fardo com as colónias64. Embora a partir de 1968 se
começasse a verificar um esgotamento do potencial humano metropolitano
para as Forças Armadas, foi possível mitigar esse problema através de um
incremento do recrutamento local (entre 1968 e 1973, o número de tropas
recrutadas localmente nos três teatros operacionais passou de 37 861 para
61 816, o que correspondeu a um aumento percentual de quase 10 por cento
em relação ao seu contributo para o esforço global)65. A circunstância de o
ciclo de conflitos no ultramar português ter tido lugar imediatamente após
as guerras de descolonização de Franceses e Britânicos forneceu também ao
Exército português um repertório de ensinamentos que seria depois vertido
numa doutrina de contra‑insurreição aplicada de forma consistente. Essa
doutrina privilegiava o emprego de unidades de Infantaria ligeiras, uma
ocupação tão densa quanto possível das regiões mais expostas à «subversão»
(o sistema da quadrícula), a conquista da confiança das populações (através
da prestação de vários serviços sociais e da «acção psicológica»), bem como
o seu eventual reassentamento e concentração em aldeamentos fortificados
protegidos por milícias de autodefesa66. Grande ênfase foi igualmente colo‑
cada no entrosamento entre Forças Armadas e os serviços de informações,
bem como na constituição de unidades de forças especiais (muitas vezes
usando «arrependidos» dos movimentos de libertação), ou até no emprego
de dissidentes de países africanos vizinhos (Catangueses e Zambianos em
Angola, por exemplo)67.
Evitar que a mensagem dos insurgentes pudesse encontrar eco entre
as populações era geralmente visto como a chave para o êxito neste tipo
de conflitos – pelo menos, era essa a lição da Malásia, onde os Britânicos
conduziram uma longa (e em muitos aspectos impiedosa) campanha para
isolar e neutralizar as guerrilhas comunistas locais. Neste capítulo, apenas
parcialmente os Portugueses terão sido bem‑sucedidos, pois nem sempre
foi possível aos militares e civis mais implicados nos programas de contra
‑insurgência convencer os colonos a aceitar certas iniciativas orientadas para
o bem‑estar do campesinato africano68. Por outro lado, embora as Forças
Armadas e outros técnicos se tivessem empenhado seriamente na prestação
Requiem imperial
1
UM PAÍS PERIFÉRICO, CRISTÃO, MARÍTIMO
2
CEUTA, A CHAVE DO MEDITERRÂNEO (1415-1443)
3
A POSSE DO MAR OCEANO (1422-1460)
1. Para este capítulo baseamo‑nos principalmente em João Paulo Oliveira e Costa,
2009, pp. 268‑311, e em Damião Peres, 1983, pp. 79‑168.
2. Dentre as inúmeras obras de referência sobre o Renascimento, veja‑se, por todas,
Jean Delumeau, 1984, e Roger Chaix, 2002.
3. Ásia, I, I, 4.
4. Gomes Eanes de Zurara, Crónica da Guiné, cap. vii.
4
A AFIRMAÇÃO DE UMA POTÊNCIA MARÍTIMA (1455-1494)
1. Neste capítulo seguimos especialmente João Paulo Oliveira e Costa, 2013,
pp. 25‑144.
2. Cf. Rui de Pina, Crónica do Senhor Rei D. Afonso V, caps. xlix‑l.
3. Para esta crise política veja‑se Humberto Baquero Moreno, 1979‑1980, pp. 241‑512;
Saul António Gomes, 2009, pp. 57‑101; João Paulo Oliveira e Costa, 2009, pp. 313‑323.
4. Ver especialmente João Paulo Oliveira e Costa, 2013, pp. 93‑125.
5. Cf. Ásia, I, II, 1.
6. Cf. Rui de Pina, Crónica do Senhor Rei D. Afonso V, cap. cxliv; Duarte Pacheco
Pereira, Esmeraldo de Situ Orbis, pp. 110‑129.
7. Cf. Portugaliae Monumenta Africana, vol. 1, pp. 193‑194.
8. Cf. Portugaliae Monumenta Africana, vol. 1, pp. 161‑162.
9. Cf. João Paulo Oliveira e Costa, 2009, pp. 368‑369.
10. Cf. J. Bato’ora Ballong‑wen Mewuda, 1993.
11. Além da bibliografia sobre os arquipélagos insulares, veja‑se João Paulo Oliveira
e Costa, 2007, pp. 60‑70.
12. Cf. Portugaliae Monumenta Africana, vol. 1, pp. 243‑247.
13. Sobre este assunto seguimos também Luís Filipe Thomaz, 1994, pp. 149‑168.
14. Cf. Luís Filipe Thomaz, 1994, p. 161.
15. Cf. Consuelo Varela, 1992.
16. Cf. Rui de Pina, Crónica d’el‑rei D. João II, cap. vii.
5
A PERCEPÇÃO DO IMPÉRIO (1481-1502)
1. Neste capítulo seguimos basicamente Luís Adão da Fonseca, 2007; João Paulo
Oliveira e Costa, 2007.
2. Para a dimensão religiosa da Expansão Portuguesa, seguimos João Paulo Oliveira
e Costa, 2000.
3. Ásia, I, III, 12.
4. Cf. Ásia, I, III, 7‑8.
5. Cf. Ásia, I, III, 9.
6. Cf. António Brásio, 1973.
7. Cf. António Marques de Almeida, 1993, pp. 99‑120.
8. Sobre Vasco da Gama vide Luís Adão da Fonseca, 1998; Sanjay Subrahmanyam,
1998; Geneviève Bouchon, 1998.
9. Cf. João Paulo Oliveira e Costa, 2013, pp. 145‑163.
10. Citado em José Manuel Garcia, 1983, p. 186.
11. Além da bibliografia básica citada, seguimos Luís Filipe Thomaz, 1990.
12. Sobre a armada de 1500, sua composição, protagonistas e incidências da viagem
veja‑se João Paulo Oliveira e Costa (coord.), 2000a.
13. Para a História do Estado Português da Índia nos séculos XVI e XVII, seguimos
Sanjay Subrahmanyam, 1996.
14. Cf. Sanjay Subrahmanyam, 2007.
15. Cf. Carmen Radulet e Luís Filipe Thomaz, 2002.
16. Cf. Geneviève Bouchon, 1999, pp. 95‑132.
17. Sobre este tema vide Alexandra Pelúcia, 2010.
18. Cf. Jurgen Pohle (no prelo).
19. Sobre o sigilo em torno da descoberta do Brasil veja‑se também Jorge Couto,
1995, pp. 160‑182.
20. Cf. Ivone Correia Alves, Jorge Custódio e Margarida Marques, 2012.
21. Cf. Francisco Contente Domingues, 2011.
22. Sobre os primórdios da presença portuguesa no Brasil, além da obra citada de
Jorge Couto seguimos Harold Johnson e Maria Beatriz Nizza da Silva (coord.), 1992 –
vol. vi da Nova História da Expansão Portuguesa.
23. Sobre a propagação das notícias dos Descobrimentos pela Europa veja‑se António
Alberto Banha de Andrade, 1972, e Randles, 2000. Os principais mapas produzidos pelos
Portugueses neste período estão compilados nos Portugaliae Monumenta Cartographica.
24. Cf. Randles, 2000, n.º xvi; João Paulo Oliveira e Costa, 2007, pp. 309‑317.
25. Cf. José Manuel Garcia, 1983, p. 130.
26. Cf. Joaquim Oliveira Caetano, 2014.
27. Cf. Peter Mark, 2007.
28. Cf. Cristina Brito, 2009.
29. Duarte Pacheco Pereira, Esmeraldo de Situ Orbis, p. 82.
30. Cf. Annemarie Jordan Geschwend, 1996; idem e Almudena Pérez de Tudela, 2003.
31. Cf. Abel Fontoura da Costa, 1937.
32. Citado in Jaime Cortesão, 1994, p. 181.
33. Cf. João Paulo Oliveira e Costa, 2007, pp. 287‑295; Hans Belting, 2002.
PARTE II
O IMPÉRIO MARÍTIMO
6
O DESLUMBRAMENTO MANUELINO (1495-1521)
1. Este capítulo baseia‑se genericamente em João Paulo Oliveira e Costa, 2007.
2. Sobre este tema, é fundamental Luís Filipe Thomaz, 1990.
3. Cf. Vítor Luís Gaspar Rodrigues, 1998.
4. Cf. C. S. Knighton e D. M. Loades, 2000.
5. Sobre os sucessos desta armada veja‑se Jean Aubin, 1996‑2000, vol. i, pp. 49‑110.
6. Sobre os sucessos desta expedição veja‑se Geneviève Bouchon, 1999, pp. 133‑158.
7. Cf. André Murteira, in João Paulo Oliveira e Costa (coord.), 2000a, pp. 299‑329.
8. Cf. António Alberto Banha de Andrade, 1974.
9. Sobre a construção das naus da Índia, vide Leonor Freire Costa, 1997.
10. Cf. João Paulo Oliveira e Costa, 2013, pp. 341‑377.
11. Cf. Teresa Lacerda, in João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues
(coord.), 2004, pp. 75‑100.
12. Cf. Alexandra Pelúcia, in João Paulo Oliveira e Costa (coord.), 2000a, pp. 278
‑297.
13. Cf. João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues, 2010.
14. Cf. João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues, 2012.
15. Cf. Dejanirah Couto e Rui Loureiro, 2007.
16. Cf. João Paulo Oliveira e Costa, 1996. Sobre os primórdios das relações luso
‑chinesas seguimos também Rui Loureiro, 2000.
17. Duarte Pacheco Pereira, Esmeraldo de Situ Orbis, p. 18.
18. Cf. Randles, 1990.
19. Cf. Paulo Lopes, 2013, pp. 177‑207.
20. Documentos referentes a las relaciones com Portugal durante el reinado de los
Reyes Catolicos, vol. iii, pp. 82‑83.
21. Cf. André Teixeira, in João Paulo Oliveira e Costa (coord.), 2000b, pp. 159‑206.
22. Cf. João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues, 2007.
23. Cf. Luís Filipe Thomaz, 1994, pp. 207‑243.
7
O REALISMO JOANINO (1521-1557)
1. Neste capítulo seguimos basicamente João Paulo Oliveira e Costa, 2013,
pp. 165‑208. Para a biografia de D. João III seguimos Ana Isabel Buescu, 2008.
2. Cf. Maria Manuel Torrão, in Luís de Albuquerque e Maria Emília Madeira Santos
(coord.), 1991.
3. Cf. Jurgen Pohle (no prelo).
4. Sobre Goa no século xvi, o estudo fundamental é de Catarina Madeira Santos,
1999.
5. Cf. Jorge Flores, 1998.
6. Cf. Olof Lidin, 2002.
7. Cf. João Paulo Oliveira e Costa, 1995.
8
AS CONTRADIÇÕES DE UM IMPÉRIO
PLURICONTINENTAL PUJANTE (1549-1580)
9
CRISE E RECONFIGURAÇÃO (1580-1640)
10
A FIDELIDADE À COROA PORTUGUESA (1640-1668)
PARTE III
O IMPÉRIO TERRITORIAL
11
EM BUSCA DA CONSOLIDAÇÃO (c. 1650‑c. 1700)
1. Amândio Jorge Morais Barros, 2011, pp. 109‑110; Sanjay Subrahmanyam, 1995,
pp. 333‑335.
2. António Filipe Pereira Caetano, 2003, 2009.
3. Leonor Freire Costa, Pedro Lains e Susana Münch Miranda, pp. 151‑160.
4. Eduardo Brazão, 1979, pp. 46‑51, 99‑109 e 131‑132.
5. José Damião Rodrigues, 1994, p. 116; Charles Ralph Boxer, 1965, p. 114; Letícia
dos Santos Ferreira, 2010.
6. Philip J. Stern, 2011, pp. 22‑23 e 38.
7. Evaldo Cabral de Mello, 2001.
8. Padre Manuel Godinho, 1974, pp. 17 e 23; padre António Vieira, 1997, tomo ii,
pp. 102‑104, maxime p. 104.
9. British Library (BL), Manuscripts (MS), Additional (Add.) 20 903‑20 905, livros
de correspondência trocada entre D. Pedro II e o conde de Vila Verde, vice‑rei da Índia,
maxime Add. MS 20 903, fl. 26.
10. Paula Marçal Lourenço, 2007, pp. 242‑248.
11. João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues, 2010.
12. Edval de Souza Barros, 2008.
13. Sanjay Subrahmanyam, 1995; Glenn Joseph Ames, 2000; e Ernestina Carreira,
2006, pp. 17‑122.
14. Alexandre Lobato, 1965; Manuel Lobato, 2004.
15. Vida, e Acçõens do Famoso, e Felicissimo Sevagy, da India Oriental. Escrita por
Cosme da Guarda, Natural de Murmugaõ, Dedicada ao Excellentissimo Senhor Duque
Estribeiro Mor, 1730.
16. Sanjay Subrahmanyam, 1995, p. 298; Maria da Conceição Flores, 2002; Stefan
Halikowski‑Smith, 2006.
17. Sanjay Subrahmanyam, 1995, pp. 316‑320.
18. BL, Add. MS 20 903, fls. 24 (Lisboa, 18 de Março de 1693) e 25 (2 de Novembro
de 1694) e Add. MS 20 904, fls. 139 (Lisboa, 16 de Março de 1695) e 140 (Goa, 12 de
Dezembro de 1695).
19. Vitorino Magalhães Godinho, 1980, pp. 369‑370.
20. Glenn Joseph Ames, 2000, pp. 97‑100; Jorge M. Pedreira, 2010, pp. 68‑69.
21. Luís Frederico Dias Antunes, 2001, pp. 82‑107; BL, Add. MS 20 903‑20 905, passim.
22. Artur Teodoro de Matos, 2010.
23. Malyn Newitt, 1973, 1997; Luís Frederico Dias Antunes, 2006.
24. Alexandre Lobato, 1962; Allen Isaacman, 1972; Eugénia Rodrigues, 2013.
25. BL, Add. MS 20 903, fls. 45 (Lisboa, 24 de Março de 1694), 46 (Goa, 28 de
Outubro de 1694) e 231 (Goa, 19 de Novembro de 1694).
26. BL, Add. MS 20 903, fls. 91 (Lisboa, 10 de Novembro de 1693), 92 (Goa, 19
de Outubro de 1694), fl. 207 (Goa, 3 de Novembro de 1694); Add. MS 20 904, fls. 123
(Lisboa, 26 de Janeiro de 1695), 124‑129 (Macau, 9 de Dezembro de 1692, manifesto
que o senado da câmara da cidade de Macau fez para ser apresentado ao rei pelo seu
secretário da Puridade); Add. MS 20 905, fl. 58 (Lisboa, 1 de Março de 1698).
27. Sanjay Subrahmanyam, 1995, p. 299; Maria da Conceição Flores, 2002, p. 358,
nota 10.
28. Charles Ralph Boxer, 1965, pp. 42‑71.
29. Artur Teodoro de Matos, 1974, pp. 83‑84 e 113‑115; Leonard Y. Andaya, 2010,
p. 613; Romain Bertrand, 2007, p. 88.
30. Radhika Seshan, 2012, pp. 77‑78.
66. Arquivos de Angola, Luanda, 1.ª série, vol. i, n.º 5, Março de 1936, sem nume‑
ração de páginas.
67. Maria Emília Madeira Santos, 1988.
68. António Brásio, 1981, pp. 179‑180 e 278‑279.
69. António de Oliveira de Cadornega, 1972, tomo iii, p. 303; padre António Brásio,
1985, p. 305.
70. António de Oliveira de Cadornega era natural de Vila Viçosa e chegara a Angola
em 1639, lá vivendo até morrer. Serviu como praça e capitão em Massangano e foi depois
oficial da câmara local, antes de se mudar para Luanda, tendo também integrado o elenco
camarário da cidade.
71. Orlando Ribeiro, 1981, p. 325.
72. Charles Ralph Boxer, 1965, pp. 114‑118; Maria de Fátima Silva Gouvêa, 2005.
12
SOB O SIGNO DO OURO (c. 1695‑1750)
18. Archivo Historico Nacional (AHN), Madrid, Sección de Estado, leg. 1773, n.º 5,
com despacho de 18 de Janeiro de 1717.
19. Idem, leg. 1791, n.º 11, de Madrid, 8 de Agosto de 1716; n.º 23, de Madrid, 6 de
Outubro de 1716; n.º 50, de Madrid, 22 de Dezembro de 1716; n.º 53, do Retiro, 28 de
Agosto e 1 de Setembro de 1716.
20. André Ferrand de Almeida, 2001, pp. 66‑72.
21. Arquivo dos Açores, 2.ª série, vol. ii, 2001, doc. 31, pp. 184‑186.
22. Arquivo dos Açores, 2.ª série, vol. ii, 2001, pp. 184‑223 e 254‑258; Avelino de
Freitas de Meneses, 1997, p. 1999.
23. Jaime Cortesão, 2006, tomo i, pp. 303‑308.
24. Jaime Cortesão, 2006, tomo ii, pp. 27‑81; Luís Ferrand de Almeida, 1990,
pp. 17‑25; Antonio de Béthencourt Massieu, 1998, pp. 377‑398.
25. Maria Fernanda Bicalho, 2007, pp. 54‑55.
26. Artur Cezar Ferreira Reis, 1981; Guy Martinière, 1991, pp. 162‑163; Marlon
Salomon, 2004, pp. 79‑92.
27. John Lynch, 1993, p. 92; Juan Marchena Fernández, 2009, pp. 62‑64.
28. Leonor Freire Costa, Maria Manuela Rocha e Rita Martins de Sousa, 2013.
29. Rita Martins de Sousa, 2006.
30. Eulalia Maria Lahmeyer Lobo, 1967; Michel Morineau, 1985, pp. 199‑214 e
200‑206; Leonor Freire Costa, Maria Manuela Rocha e Rita Martins de Sousa, 2013,
pp. 60‑62.
31. Antonio Carlos Jucá de Sampaio, 2003, pp. 155‑159.
32. Gustavo Acioli Lopes, 2008.
33. António Delgado da Silva, 1829, pp. 221‑222 e 222‑223.
34. Virgílio Noya Pinto, 1979, pp. 297‑315.
35. Idem, pp. 312‑313; François M. Crouzet, 1990.
36. D. António Caetano de Sousa, 1951, p. 70.
37. François Froger, 1698, pp. 80‑82; Laura de Mello e Souza, 2006, pp. 109‑147.
38. Laura de Mello e Souza e Maria Fernanda Baptista Bicalho, 2000, p. 32.
39. Diogo Ramada Curto, 2010, pp. 349‑353.
40. Evaldo Cabral de Mello, 1995; George F. Cabral de Souza, 2012.
41. André Alexandre da Silva Costa, 2013.
42. Gefferson Ramos Rodrigues, 2009; Alexandre Rodrigues de Souza, 2011.
43. Mónica da Silva Ribeiro, 2010.
44. Nuno Gonçalo Monteiro, 2006, pp. 43‑44 e 51‑55.
45. Maria Beatriz Nizza da Silva, 2007; Joaquim Romero Magalhães, 2009; Gefferson
Ramos Rodrigues, 2009, pp. 111‑173.
46. João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, 2011, pp. 218
‑219.
47. Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, 2000; Stuart Schwartz, 2010, p. 39.
48. Carlos Leonardo Kelmer Mathias, 2007; Simone Cristina de Faria, 2010.
49. Laura de Mello e Souza, 2006, pp. 284‑326; Nauk Maria de Jesus, 2009.
50. Jaime Cortesão 2006, tomo i, pp. 234‑236 e 273‑291.
51. Isabel Cluny, 1999, p. 125. Sobre a relação entre D. Luís da Cunha e D’Anville,
ver Júnia Ferreira Furtado, 2012.
79. Gazeta de Lisboa Occidental, n.º 30, quinta‑feira, 29 de Julho de 1723, p. 258
para notícias da Índia.
80. João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, 2002, pp. 164
‑165, 167, 173 e 188; 2005, pp. 52, 75, 77 e 80.
81. Alexandre Lobato, 1965, pp. 100‑126.
82. Teddy Sim, Y. H., 2011, pp. 101‑104.
83. Nuno Gonçalo Monteiro, 2001; 2003, p. 107.
84. João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, 2011, pp. 269
e 353.
85. Eduardo Brazão, 1976; José Subtil, 1998, pp. 416‑417; Nuno Gonçalo Monteiro,
2006, pp. 35‑36; João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival,
2011, p. 223.
86. Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada (BPARPD), Livraria José
do Canto (LJC), JC/A Misc. 628/3 RES, Relaçaõ do Lamentavel sucesso, e decadencia do
Dominio Portuguez no Estado Da India, Sendo Vice‑Rey D. Pedro Mascarenhas Conde
de Sandomil […], 1741, mss. A relação tem a data de 31 de Dezembro de 1739 (fl. 15)
e um «Suplemento».
87. Cf. Patrícia Catarina Sanches de Carvalho, 2008.
88. Nuno Gonçalo Monteiro, 1998, pp. 537‑539.
89. Teddy Sim, Y. H., 2011, pp. 165‑174.
90. Júlio Firmino Júdice Biker, 1885, pp. 243‑262.
91. Arquivo das Colónias, Lisboa, vol. v, n.º 28, Fevereiro de 1930, pp. 10‑21.
92. Filipe do Carmo Francisco, 2010, pp. 96 e 98.
93. Júlio Firmino Júdice Biker, 1885, pp. 298‑347; Diogo Ramada Curto, 2010,
pp. 353‑357.
94. Ivo Carneiro de Sousa, 1997.
95. Nuno Gonçalo Monteiro, 2006, pp. 46, 113 e 184.
96. Joaquim Romero Magalhães, 1998c, p. 60.
97. A. J. R. Russell‑Wood, 1992, p. 189.
98. António Correia e Silva, 2002; Ilídio Baleno, 2002.
99. Johannes Postma e Stuart B. Schwartz, 1995.
100. Carlos Agostinho das Neves, 1989, pp. 112 e 203.
101. Luiz Felipe de Alencastro, 2000, pp. 187 e 251; Ralph Delgado, s. d., pp. 264‑265;
António Carreira, 1983c, pp. 49 e 99‑100.
102. José Carlos Venâncio, 1996, pp. 159‑160.
103. João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, 2002, p. 65.
13
UM TEMPO DE RUPTURA? (1750‑1778)
5. José Francisco da Rocha Pombo, s. d., pp. 457‑492; Jaime Cortesão, 2006; Luís
Ferrand de Almeida, 1990; Maria Helena Carvalho dos Santos, 1997; Joaquim Romero
Magalhães, 1998a, pp. 10‑14 e 29‑34. Para consulta do texto do tratado, ver Tratado de
Limites das Conquistas entre Os muito Altos, e Poderosos Senhores D. Joaõ V. Rey de
Portugal, e D. Fernando VI. Rey de Espanha, Pelo qual Abolida a demarcaçaõ da Linha
Meridiana, ajustada no Tratado de Tordesillas de 7. de Junho de 1494., se determina
individualmente a Raya dos Dominios de huma e outra Corôa na America Meridional.
[…], Lisboa, na Oficina de José da Costa Coimbra, 1750.
6. Nuno Gonçalo Monteiro e Pedro Cardim, 2013.
7. Manuel Tavares de Sequeira e Sá, Jubilos da America, Na Gloriosa Exaltaçaõ,
e Promoçaõ do Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Gomes Freire de Andrada, […],
Lisboa, na Oficina do Dr. Manuel Álvares Solano, 1754, p. 87.
8. Fabiano Vilaça dos Santos, 2008; Mónica da Silva Ribeiro 2010.
9. Visconde de Carnaxide, 1979, pp. 105‑124; Wilhelm Kratz, S. I., 1954.
10. Marcos Carneiro de Mendonça, s. d., 1.º tomo, pp. 143‑148; Joaquim Romero
Magalhães, 2004b, pp. 190 e 197; Nuno Gonçalo Monteiro, 2006, p. 72.
11. José Eduardo Franco, 2000; Kenneth Maxwell, 2003.
12. Eduardo Neumann, 2004.
13. Arno Alvarez Kern, 1982; William S. Maltby, 2011, pp. 206‑207.
14. Marcos Carneiro de Mendonça, s. d., 2.º tomo, pp. 615‑631.
15. Joaquim Romero Magalhães, 2004b, p. 196.
16. Ângela Domingues, 2000, pp. 66 e 67‑76 para o Directório.
17. Fabricio Lyrio Santos, 2007; Elisa Frühauf Garcia, 2009.
18. Marcos Carneiro de Mendonça, s. d., 1.º tomo, pp. 413‑414; Laurent Vidal, 2005.
19. João Lúcio de Azevedo, 1893, p. 142.
20. Joaquim Romero Magalhães, 2004b, p. 209; Nuno Gonçalo Monteiro, 2006,
pp. 35‑36, 140‑141 e 147‑148.
21. Estevão de Rezende Martins, 1999.
22. Marcos Carneiro de Mendonça, 1963, pp. 54‑55.
23. Izabela Gomes Gonçalves, 2010; visconde de Carnaxide, 1979; Laura de Mello
e Souza, 2006, pp. 327‑402; Jorge M. Pedreira, 2010, pp. 74‑75.
24. Heloísa Liberalli Bellotto, 2007; Maria Fernanda Derntl, 2010, pp. 71, 94, 119
‑133 e 148‑150; Francismar Alex Lopes de Carvalho, 2012, vol. 1, pp. 52 e 126, e vol. 2,
pp. 435 e 486‑488.
25. Fabiano Vilaça dos Santos, 2008, pp. 91‑311; Stuart Schwartz, 1998, pp. 93‑94.
26. Luiz Geraldo Silva, Fernando Prestes de Souza e Leandro Francisco de Paula,
2009; José Damião Rodrigues e Artur Boavida Madeira, 2001.
27. AHU, CU, Brasil‑Rio de Janeiro, cx. 110, doc. 54, de 27 de Novembro de 1776.
28. Guillermo Céspedes del Castillo, 2009, pp. 374‑375; William S. Maltby, 2011,
p. 212.
29. BL, Add. 20 896, «Copia das Cartas, Provizoens e Alvaras. […]», fls. 113‑119;
Arlindo Manuel Caldeira, 2010.
30. Joaquim Romero Magalhães, 1998a, pp. 34‑35; Tiago Gil, 2007.
31. Luciano de Castro, 1940.
32. José Luís Cardoso, 2005, p. 359; Francisco José Calazans Falcon, 2005.
33. Marcos Carneiro de Mendonça, s. d., 1.º tomo, pp. 26‑38, maxime p. 29; Joa‑
quim Romero Magalhães, 2004b, pp. 189, 196 e 209; Nuno Gonçalo Monteiro, 2006,
p. 78. Sobre estas companhias, Manuel Nunes Dias, 1970; António Carreira, 1983a,
1983d.
34. Marcos Carneiro de Mendonça, s. d., 3.º tomo, p. 872.
35. Fabiano Vilaça dos Santos, 2008, pp. 64‑66 e 331‑332.
36. Luiz Felipe de Alencastro, 2010, p. 136.
37. António Carreira, 1983a, pp. 43‑45, 252‑271 e 272‑277; Ilídio Baleno, 2002.
38. António Carreira, 1983a, pp. 52‑56, 1983c, 64; Fernando Amaro Monteiro
e Teresa Vázquez Rocha, 2004 [2005], pp. 104‑105.
39. António Carreira, 1983d, pp. 72‑74, 77 e 85.
40. António Carreira, 1983a, pp. 86‑87, 222‑224 e 281‑302.
41. António Carreira, 1983d, pp. 71, 74 e 83.
42. José Carlos Venâncio, 1996, pp. 172‑173.
43. Manuel Nunes Dias, 1965, pp. 52‑54.
44. Idem, pp. 57‑74; Stuart Schwartz, 1998, pp. 93‑94.
45. Elias Alexandre da Silva Correia, 1937, vol. ii, pp. 7‑44.
46. Carlos Couto, 1972, pp. 310‑317.
47. Joseph C. Miller, 1988, p. 596.
48. Elias Alexandre da Silva Correia, 1937, vol. ii, p. 9; Catarina Madeira Santos,
2005, pp. 77‑81.
49. Catarina Madeira Santos, 2005, pp. 44‑66 e 135‑183.
50. António da Silva Rego, 1970, pp. 163.
51. Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 2002, vol. i, p. 33.
52. Ralph Delgado, 1960, 1961, 1962; Jaime Cortesão, 1971, pp. 291‑299.
53. José Carlos Venâncio, 1996, pp. 63‑67.
54. Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 2002, vol. i, pp. 35 e 316‑317.
55. Catarina Madeira Santos, 2005, pp. 24‑43 e 67‑77; Joaquim Romero Magalhães,
2005, pp. 310.
56. René Pélissier, 1977, p. 85.
57. José Carlos Venâncio, 1984.
58. Malyn Newitt, 1997, pp. 153‑155, 211‑212 e 228‑229; Luís Frederico Dias
Antunes, 2001, pp. 123‑130; José Capela, 2002, pp. 31‑48.
59. João Luís Lisboa, Tiago C. P. dos Reis Miranda e Fernanda Olival, 2011, p. 272.
60. Marcos Carneiro de Mendonça, s. d., 1.º tomo, p. 241.
61. Anais. Estudos de História da Geografia da Expansão Portuguesa, vol. ix, tomo i,
1954, pp. 151‑170; Ana Paula Wagner, 2009a, pp. 24, 27, 91 e 96‑97; Ana Paula Wagner,
2009b, p. 407, nota 5.
62. Malyn Newitt, 1997, pp. 122‑139; A. R. Disney, 2009, p. 357.
63. António Delgado da Silva, 1830, pp. 394‑395 e 797‑798; José Capela,
2002, pp. 37‑40 e 138‑140; Tiago C. P. dos Reis Miranda, 2007; A. R. Disney, 2009,
p. 308.
64. Anthony John R. Russell‑Wood, 2001, pp. 24‑26.
65. Luís Frederico Dias Antunes, 2001, pp. 141‑142.
66. Paul Butel, 1996, pp. 24 e 39‑44.
67. António Delgado da Silva, 1829, pp. 601‑602; José Roberto Monteiro de Campos
Coelho e Sousa, 1783, pp. 131‑132; Jorge Borges de Macedo, 1989, pp. 103‑105 e 122
‑123; José Capela, 2002, pp. 66‑69, 73‑74 e 166‑168.
68. Luís Frederico Dias Antunes, 2001, pp. 142‑151.
69. José Capela, 2002, p. 47.
70. Philip J. Stern, 2011, pp. 205‑207.
71. Ernestina Carreira, 2006, p. 91.
72. Maria de Jesus dos Mártires Lopes, 1996, pp. 28‑39 e 76‑134; Ernestina Carreira,
2006, pp. 91‑100; A. R. Disney, 2009, pp. 320‑322; Paul Axelrod, 2008.
73. BNP, Cartografia, D. 167 R, Planta Ignographica e scenographica de huma parte
das terrras do rey Sunda […] feito no dia 4 de Fevereyro de 1753; Francisco Raimundo de
Morais Pereira, Annal Indico‑Lusitano dos Successos Mais Memoraveis, e das acçoens mais
particulares do primeiro anno do felicissimo Governo do Illustrissimo, e Excellentissimo
Senhor Francisco de Assis de Tavora, […], Lisboa, na Oficina de Francisco Luís Ameno,
1753; Nuno Gonçalo Monteiro, 2006, pp. 108‑116.
74. Celsa Pinto, 1994, p. 54.
75. João Manuel Teles da Cunha, 2006, pp. 318‑319.
76. António Vasconcelos de Saldanha, 1989; Maria de Jesus dos Mártires Lopes,
1996, pp. 30‑31, 49, 56‑58, 61‑62, 122‑123 e 127‑128.
77. Artur Teodoro de Matos, 1974, pp. 98‑99 e 128.
78. Cláudio Lagrange Monteiro de Barbuda, 1903.
79. Mafalda Soares da Cunha e Nuno Gonçalo Monteiro, 2001, pp. 108‑109 e 115.
80. Cláudio Lagrange Monteiro de Barbuda, 1903, p. 3.
81. António Delgado da Silva, 1844, pp. 313‑329 (alvará com força de lei de 15 de
Janeiro de 1774), 329‑330 (alvará de 16 de Janeiro de 1774), 331‑380 (Regimento da
Alfândega de Goa de 20 de Janeiro de 1774) e 381‑382; Cláudio Lagrange Monteiro de
Barbuda, 1903, terceira parte, pp. 13‑15.
82. Josep M. Delgado Ribas, 2007, pp. 21‑22, 32 e 36‑37; Nuno Gonçalo Monteiro,
2012.
83. Artur Teodoro de Matos, 2006, pp. 127‑131; Eugénia Rodrigues, 2006, pp. 479
‑495.
84. Maria de Jesus dos Mártires Lopes, 1996, pp. 177‑182.
85. Idem, pp. 161‑162.
86. António Delgado da Silva, 1829, pp. 749‑750.
87. Maria de Jesus dos Mártires Lopes, 1996, pp. 39‑42.
88. Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 2002, vol. i, p. 364.
89. Leonor Freire Costa, Pedro Lains e Susana Münch Miranda, 2011, pp. 276‑278.
14
CONTINUIDADES E PROJECTOS REFORMISTAS (1777‑1807)
1. Caetano Beirão, 1934; Luís de Oliveira Ramos, 2006; Jorge Pedreira e Fernando
Dores Costa, 2006.
2. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, p. 30.
30. Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, 1875; Maria de Jesus dos Mártires Lopes,
1996, pp. 293‑308.
31. Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, 1875, p. 18.
32. Maria de Jesus dos Mártires Lopes, 1996, p. 306.
33. Jean‑Paul Zuniga, 2007, pp. 66‑68.
34. Carlos Guilherme Mota, 1996, p. 38.
35. Kenneth Maxwell e Maria Beatriz Nizza da Silva, 1986, pp. 342‑359; István
Jancsó, 1997, p. 389; Kenneth Maxwell, 1998; Roberta Giannubilo Stumpf, 2010, p. 20.
36. José Murilo de Carvalho, 2008; Nuno Gonçalo Monteiro, 2009.
37. John Shy, 1998, p. 308.
38. Tarcísio de Souza Gaspar, 2008.
39. Idem, p. 417.
40. István Jancsó, 1996; 1997, pp. 428 e 431‑432.
41. István Jancsó, 1996, pp. 157‑201.
42. Guilherme Pereira das Neves, 1999.
43. István Jancsó, 1996, p. 211.
44. Jacques Godechot, 1965, p. 145.
45. Ana Rosa Cloclet da Silva, 2004, pp. 106‑119; Jorge Pedreira e Fernando Dores
Costa, 2006, pp. 71‑74.
46. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, p. 72.
47. D. Rodrigo de Souza Coutinho, «Memória sobre o melhoramento dos domínios
de Sua Majestade na América (1797 ou 1798)», in D. Rodrigo de Souza Coutinho, Textos
Políticos, Económicos e Financeiros (1783‑1811), tomo ii, pp. 47‑66; Guilherme Pereira
das Neves, 1995; Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 2006, vol. ii, p. 67.
48. Ângela Domingues, 2012, pp. 77‑90.
49. Richard Bonney, 1995, p. 340; Jorge Miguel Viana Pedreira, 1994, pp. 266‑269;
Jorge Borges de Macedo, 1982, p. 235.
50. Visconde de Carnaxide, 1979, pp. 213‑273, esp. 256‑264. Este documento é o
relatório do vice‑rei do Brasil, marquês de Lavradio, para o seu sucessor, datado de 19 de
Junho de 1779.
51. José Jobson de Andrade Arruda, 1986; Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 1987, pp. 277
‑335; Stuart Schwartz, 1998, pp. 96‑97.
52. Baltasar da Silva Lisboa, Discurso Historico, Politico, e Economico dos progressos,
e estado actual da Filozofia Natural Portugueza, acompanhado de algumas reflexoens
sobre o estado do Brazil. Offerecido a Sua Alteza Real o Serenissimo Principe Nosso
Senhor Pelo seu muito humilde vassallo Balthezar da Silva Lisboa Doutor em Leis pela
Universidade de Coimbra, e Oppozitor aos lugares de Letras, Lisboa, na Officina de
António Gomes, 1786, pp. 67‑68.
53. Joaquim Romero Magalhães, 2012, pp. 63‑67 e 71.
54. Valentim Alexandre, 1993, p. 62.
55. Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 1987, pp. 333‑335; António Alves Caetano, 2008,
pp. 11‑47 e 51‑87.
56. Maria Goretti Leal Soares, 2004, pp. 483‑484.
57. Caetano Beirão, 1934, pp. 335‑340.
58. Elias Alexandre da Silva Correia, 1937, vol. i, pp. 17‑18, 27‑32 e 33‑57.
15
A MONARQUIA LUSO‑BRASILEIRA (1808‑1822)
1. Valentim Alexandre, 1993, pp. 167‑285 e 767‑792; Jorge Miguel Viana Pedreira,
1994, pp. 317‑340; Luís Valente de Oliveira e Rubens Ricupero (org.), 2007; Jorge Couto
(dir.), 2010; Leonor Freire Costa, Pedro Lains e Susana Münch Miranda, 2011, pp. 290
‑300. Para uma síntese do período, Andréa Slemian e João Paulo G. Pimenta, 2008.
2. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, p. 165; José Luís Cardoso, 2010,
p. 119.
3. Valentim Alexandre, 1998, p. 46.
4. Isabel Nobre Vargues, 1993, p. 57; Patrick Wilcken, 2005, p. 260.
5. João Paulo G. Pimenta, 2002.
6. Valentim Alexandre, 1998, p. 60.
7. Jorge Borges de Macedo, 1990, pp. 111‑112; Leonor Freire Costa, Pedro Lains e
Susana Münch Miranda, 2011, pp. 292.
8. Valentim Alexandre, 1993; Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, pp. 179
‑185; Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 2006, vol. ii, pp. 286‑301.
9. Rui Ramos, 2009, p. 449.
10. Ilmar R. de Mattos, 2008; Sérgio Barra, 2008, pp. 120‑135; Maria Beatriz Nizza
da Silva, 2008, pp. 65‑71.
11. Maria Beatriz Nizza da Silva, 2010, pp. 245‑247; Jorge Pedreira e Fernando
Dores Costa, 2006, pp. 149.
12. Kirsten Schultz, 2008, p. 7.
13. Paulo de Assunção, 2008, pp. 95‑96 e 106‑107.
14. Vera Lúcia Bottrel Tostes, 2010, p. 236.
15. Gabriel B. Paquette, 2013, p. 104.
16. Kirsten Schultz, 2008, pp. 15‑16; Maria Beatriz Nizza da Silva, 2010, p. 247.
17. Maria Beatriz Nizza da Silva, 2010, pp. 249‑255; José Manuel Fernandes, 2010.
18. Andréa Slemian, 2006, pp. 51‑77. Sobre Paulo Fernandes Viana, ver Nathalia
Gama Lemos, 2008, 2012.
19. Ângela Domingues, 2007, p. 126.
20. Dilma Cabral (org.) e Angélica Ricci Camargo, 2010.
21. Universidade dos Açores (UAc), Serviços de Documentação (SD), Arquivo Raposo
do Amaral (ARA), Avulsos, «Caupers, Pedro José», 7102, Rio de Janeiro, 12 de Abril de
1813. Sobre Pedro José Caupers, ver José Damião Rodrigues, 2012.
22. Gabriel B. Paquette, 2013, p. 100.
23. Luís Joaquim dos Santos Marrocos, 2008, passim; Manoel de Oliveira Lima,
2006, passim; Patrick Wilcken, 2005, pp. 171‑183; Paulo de Assunção, 2008, pp. 120
‑121, 124‑127 e 134‑137.
24. Valentim Alexandre, 1998, p. 16.
25. Luís Joaquim dos Santos Marrocos, 2008, pp. 257‑259 e 260‑263.
26. Ângelo Pereira, 1956, pp. 221‑229; Paulo de Assunção, 2008, pp. 133‑134 e 137
‑151; Maria Beatriz Nizza da Silva, 2008, pp. 71‑73; Jorge Pedreira e Fernando Dores
Costa, 2006, pp. 237‑239 e 262‑263.
27. John Hemming, 1987, pp. 93 e 112‑113; Hal Langfur, 2002; Maria Regina Celes‑
tino de Almeida, 2008; Ângela Domingues, 2010, pp. 255‑260.
28. Manuela Carneiro da Cunha, 1992, p. 152.
29. Francieli Aparecida Marinato, 2007.
30. Nelson Rodrigues Sanjad, 2001; Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006,
pp. 171‑175.
31. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, pp. 185‑208 e 232‑237; João Paulo
G. Pimenta e Adriana Salay Leme, 2008; Fabrício Prado, 2010; Francisca Nogueira de
Azevedo, 2010; Jorge Couto, 2010.
32. João Paulo G. Pimenta e Adriana Salay Leme, 2008, pp. 36‑37 e 39.
33. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, pp. 186‑204.
34. Helen Osório, 2010, pp. 325‑326.
35. Débora Cristina Alexandre Bastos e Monteiro de Carvalho, 2012.
36. A. da Silva Rego, 1965; Ângela Guimarães, 1996, pp. 78‑84 e 91‑108; Jorge
Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, pp. 128, 135‑136 e 159.
37. Leonor Freire Costa, Pedro Lains e Susana Münch Miranda, 2011, pp. 290‑300.
38. Jorge Pedreira e Fernando Dores Costa, 2006, pp. 163‑166.
39. Manoel de Oliveira Lima, 2006, p. 249.
40. Valentim Alexandre, 2000, p. 15.
41. Na terminologia utilizada no comércio de escravos para designar as diferentes
peças, a expressão «crias de pé» designava as crianças que já conseguiam andar pelo seu
pé, distinguindo‑as assim das «crias de peito», as que ainda mamavam. António Carreira,
1983a, p. 90.
42. Corcino Medeiros dos Santos, 1993, pp. 154‑169 e 208‑212; Jorge Caldeira,
2011, p. 167.
43. Herbert S. Klein, 1973.
44. Ângela Guimarães, 2000, p. 20.
45. Jorge dos Santos Alves, 1998; Andrée Mansuy‑Diniz Silva, 2008.
PARTE IV
O CICLO AFRICANO
16
UM IMPÉRIO VACILANTE (c. 1820‑1870)
1. Sobre este processo, veja‑se o capítulo anterior e a bibliografia aí citada, e também
as sínteses recentes em Jorge M. Pedreira e Nuno Gonçalo Monteiro, 2013.
2. Sobre as configurações do poder imperial português em épocas anteriores ao
século xix, veja‑se, entre outros, Malyn Newitt, 2000 e Francisco Bethencourt, 2007.
3. Stuart B. Schwartz, 2003, capítulo 6.
4. Cf. Rui Ramos, 2009, pp. 470‑471, e Valentim Alexandre, 1998c, p. 35.
5. Sobre a transferência da Biblioteca Real, cf. Lilia Moritz Schwarcz, 2007.
6. Sobre todo este processo, cf. Valentim Alexandre, 1993c e 1998c. Para um enqua‑
dramento ao tratado luso‑brasileiro de 29 de Agosto de 1825, pelo qual D. João VI
transferia a soberania do império do Brasil para o seu filho D. Pedro, cf. Zília Osório de
Castro, 2006.
7. Ver em especial Gabriel Paquette, 2013, capítulo 5.
8. Sobre a dimensão económica da derrocada, cf. Valentim Alexandre, 1993c e Jorge
M. Pedreira, 2013, capítulo «O processo económico».
46. Valentim Alexandre, 1998d, p. 67. Cf. também a síntese geral do mesmo autor
em Valentim Alexandre, 2004.
47. Valentim Alexandre, 1998a, p. 95.
48. Nuno da Silva Gonçalves, 2000, p. 361.
49. Cf. João Pedro Marques, 2008, p. 78, e Arlindo Manuel Caldeira, 2013, pp. 229
‑249.
50. João Pedro Marques, 2008, pp. 82‑84.
51. Cf. Seymour Drescher, 2009, pp. 277‑283 e João Pedro Marques, 2008, pp. 87‑94.
52. Cf. João Pedro Marques, 1999, pp. 347‑355, e René Pélissier, 2000, pp. 60‑63.
53. Cf. João Pedro Marques, 1999, capítulo 6.
54. Sobre esta conjuntura, cf. Jorge M. Pedreira, 1998a, pp. 243‑266.
55. Cf. Philip Curtin, 1961.
56. Bouda Etemad, 2007, pp. 31‑36.
57. Cf. Gerald J. Bender, 2004 e Anabela Nascimento Cunha, 2004.
58. Cf. René Pélissier, 1989.
59. René Pélissier, 2006, p. 105 e Ricardo Roque, 2011, pp. 91‑110.
60. Joel Frederico Silveira, 1998, pp. 250‑253.
61. René Pélissier, 1997, p. 52.
62. Valentim Alexandre, 1998e, p. 161.
63. Douglas Wheeler e René Pélissier, 2009, p. 95.
64. Cf. Jill Dias, 1998, pp. 379‑471.
65. Alan K. Smith e W. Gervase Clarence‑Smith, 1985, pp. 497‑498.
66. René Pélissier, 2000, pp. 43‑54.
67. Malyn Newitt, 1998, p. 636.
68. Veja‑se síntese em René Pélissier, 2006, p. 69.
69. Cf. Allen F. Isaacman, 1972.
70. Valentim Alexandre, 1998e, p. 161.
17
A FEBRE DA PARTILHA (c. 1870‑1890)
13. Para uma discussão desta problemática, cf. Eric J. Hobsbawm, 1990, pp. 77‑111
e Andrew Porter, 2011.
14. Uma tese cara a Ronald Robinson e John Gallagher, 1961.
15. Hipótese formulada originalmente por Joseph Schumpeter no seu ensaio The
Sociology of Imperialism (1918).
16. Citado por Henri L. Wesseling, 2004, p. 242.
17. Carneiro de Moura, na Câmara dos Deputados, cit. em Rui Ramos, 2000, p. 143.
18. Crawford Young, 1994, p. 85.
19. Veja‑se Miguel Bandeira Jerónimo, 2012b.
20. Cf. Jennifer Pitts, 2005.
21. Valentim Alexandre, 1998d, p. 112.
22. Para exemplos destes tratados, cf. João Freire, 2011, pp. 23‑42.
23. Malyn Newitt, 1981, p. 28.
24. Valentim Alexandre, 1998a, p. 115.
25. Charles E. Nowell, 1982, pp. 19‑31 e 33‑53.
26. Sobre a sua passagem pela pasta do Ultramar, cf. António Pedro Barbas Homem,
2008, pp. 63‑67.
27. Cf. Miguel Bandeira Jerónimo, 2012b.
28. Cf. Nuno da Silva Gonçalves, 2000, pp. 360‑364 e Luís Filipe Thomaz, 2000,
pp. 217‑218.
29. Miguel Bandeira Jerónimo e Hugo Gonçalves Dores, 2012c, pp. 140‑143.
30. Ângela Guimarães, 1984, pp. 36‑42.
31. Luciano Cordeiro, (s. d.), pp. 47‑49. O apelo ao apoio estatal à reactivação da
actividade missionária é formulado numa «Representação» ao governo pela SGL (10 de
Julho de 1880).
32. Valentim Alexandre, 2008, p. 144.
33. Malyn Newitt, 2009, pp. 175‑178.
34. João Andrade Corvo, 1883, vol. 2, p. 125.
35. João Andrade Corvo, 1883, vol. 2, p. 245.
36. Cf. Giuseppe Papagno, 1980.
37. Cf. Valentim Alexandre, 1998d e Richard J. Hammond, 1966, p. 80.
38. Sobre todo este processo, cf. João Pedro Marques, 2008.
39. João Crisóstomo, in Diário da Câmara dos Deputados, sessão de 5 de Maio de
1865, cit. por João Pedro Marques, 2008, pp. 108‑109.
40. Cf. Suzanne Miers e Richard Roberts (eds.), pp. 10‑15.
41. Cf. João Andrade Corvo, 1870.
42. Cf. Valentim Alexandre, 1998a e Eric Axelson, 1967.
43. Cf. António José Telo, 1991.
44. Sobre a Conferência de Berlim, cf., entre outros, Henri Brunschwig, 1971 e Henri
L. Wesseling, 1996.
45. Richard J. Hammond, 1966, p. 102.
46. Veja‑se João Pedro Marques, 1999, capítulo 6.
47. Cf. Maria de Fátima Bonifácio, 2010, pp. 89‑111. Para o reinado de D. Luís,
cf. Luís Espinha da Silveira e Paulo Jorge Fernandes, 2009, capítulo 4. Para o reinado de
D. Carlos, cf. Rui Ramos, 2008.
18
UM IMPÉRIO À MEDIDA DAS POSSIBILIDADES (c. 1890‑1910)
1. Áreas retiradas de Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcelos, 1921 e, para o Estado
da Índia, de Ernestina Carreira, 1998, p. 659.
2. Cf. Roger A. Butlin, 2008, p. 50. Para uma visão comparativa destas ordens de
grandeza, cf. Bouda Etemad, 2007, pp. 165‑187.
3. Cf. Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcelos, 1896, p. 7.
4. Dados em Bouda Etemad, 2007, pp. 174 e 178, que toma como referência o ano
de 1913.
5. Pedro Tavares de Almeida e Paulo Silveira e Sousa, 2006, p. 26.
6. Sobre essas argumentações, ver, por todos, João Pedro Marques, 1999.
7. Oliveira Martins, 1978.
8. Sobre a acção de Enes em Moçambique, e não obstante o tom panegírico, veja‑se
Marcello Caetano, 1948.
9. António Enes, 1893.
10. Cf. Cristina Nogueira da Silva, 2009a, pp. 405‑423.
19
UM RENASCIMENTO COLONIAL FALHADO?
A REPÚBLICA E O IMPÉRIO (1910‑1926)
79. Aida Freudenthal, 2001, p. 358, citando Norton de Matos; e Olga Iglésias, 2001,
p. 553.
80. Cf. Philip J. Havik, 2010.
81. Sobre a actuação de Afonso Costa, cf. Duarte Ivo Cruz, 2009 e Filipe Ribeiro
de Meneses, 2010. Sobre o scramble em 1919, cf. William Roger Louis, 2006, maxime
pp. 205‑224.
82. Cf. Pedro Aires Oliveira, 2011.
83. Cf. Cláudia Castelo, 2007, pp. 80‑84.
84. Cormac Ó Gráda, 2009, p. 22.
85. Helena Pinto Janeiro, 2013.
86. Manuel Ennes Ferreira, 2010, p. 125.
87. W. Gervase Clarence‑Smith, 1990, p. 128.
88. Aida Freudenthal, 2001, p. 309.
89. Números a partir de Castelo, 2007, pp. 59 e 97 e Anuário Estatístico de Moçam‑
bique de 1928.
90. Cf. João Medina e Joel Barromi, 1987‑1988.
91. Douglas Wheeler, 2000, p. 152.
92. Miguel Bandeira Jerónimo, 2010, p. 223.
20
UM IMPÉRIO PARA ENCHER O OLHO? (1926‑1961)
21
UMA DESCOLONIZAÇÃO FORA DE HORAS (1961‑1975)
19. Fernando Tavares Pimenta, 2008, capítulo 4. Para uma abordagem problema‑
tizante à questão dos nacionalismos na África lusófona colonial (e pós‑colonial), cf. os
ensaios reunidos em Eric Morier‑Genoud (ed.), 2012.
20. Douglas Wheeler e René Pélissier, 2009, pp. 249‑260.
21. Pedro Aires Oliveira, 2007, pp. 220‑226.
22. Cf. Fernando Andresen Guimarães, 2001, pp. 42‑43, e Álvaro Mateus e Dalila
Cabrita Mateus, 2011, capítulo 2.
23. Douglas Wheeler e René Pélissier, 2009, p. 273.
24. Para além de Luís Nuno Rodrigues, 2013, cf. ainda José Freire Antunes, 1991 e
Luís Nuno Rodrigues, 2002.
25. José Freire Antunes, 1995, vol. 1, p. 26.
26. Cf. Miguel Bandeira Jerónimo e José Pedro Monteiro, 2014, pp. 35‑47.
27. Cf. Pedro Aires Oliveira e Luís Nuno Rodrigues, 2001.
28. Várias investigações têm chamado a atenção para a persistência de situações de
trabalho coercivo para lá de 1962, sendo o caso dos africanos empregues pela Diamang,
segundo o velho regime do «contrato», um dos apontados. Cf. Todd Cleveland, 2008,
pp. 229‑232.
29. W. Gervase Clarence‑Smith, 1990, p. 226.
30. Para as reações dos Britânicos e Norte‑americanos, cf. Pedro Aires Oliveira e Luís
Nuno Rodrigues, 2001.
31. Cláudia Castelo, 2007, p. 84.
32. Cf. Joana Pereira Leite, 1999.
33. Manuel Ennes Ferreira, 1996, p. 314.
34. Joana Pereira Leite, 1999, p. 358.
35. Fernando Tavares Pimenta, 2008, pp. 239‑241.
36. Fernando Tavares Pimenta, 2008, capítulo 5.
37. Sobre o plenário, veja‑se A. E. Duarte Silva, 2010, capítulo 2, e a versão do próprio
Moreira em Adriano Moreira, 1996, pp. 28‑74.
38. A. E. Duarte Silva, 2010, p. 57.
39. Memorial reproduzido em João Paulo Guerra, 1994, p. 333.
40. Fernando Tavares Pimenta, 2008, p. 302.
41. Cf. Duncan Simpson, 2014, maxime pp. 97‑103 e capítulo 5.
42. Cf. Riccardo Marchi, 2009.
43. Cf. Fernando Martins, 2010.
44. Cf. Maria Manuel Stocker, 2011.
45. Sobre todo o episódio, cf. Moisés Silva Fernandes, 2006 e José Pedro Castanheira,
1999.
46. Cf. João de Pina Cabral, 2000, p. 403.
47. Para uma visão geral desta evolução, cf. António Costa Pinto, 2001 e os artigos
reunidos em Miguel Bandeira Jerónimo e António Costa Pinto, 2014.
48. Luís Nuno Rodrigues, 2002.
49. Cf. Memorial de George Ball em Diogo Freitas do Amaral, 1994, pp. 69‑83.
50. Luís Nuno Rodrigues, 2004.
51. Cf. José Freire Antunes, 1992 e Witney W. Schneidmann, 2004, capítulos 2 e 3.
52. Cf. Franco Nogueira, 1988, pp. 74‑77.
92. Cf. António Rita‑Ferreira, 1988 e Omar Ribeiro Thomaz e Sebastião Nascimento,
2012.
93. Sobre estas intenções de Spínola, cf. Fernando Tavares Pimenta, 2008, capítulo 6
e Luís Nuno Rodrigues, 2010, capítulo 6.
94. Sobre a crise do MPLA em 1974, cf. Jean‑Michel Mabeko Tali, 2001. Para uma
visão mais benigna da acção de Rosa Coutinho, cf. Pedro Pezarat Correia, 1991, capítulo 4.
95. Maria Inácia Rezola, 2012, pp. 386‑410.
96. Rui Pena Pires, 1998, p. 182.
97. Cf. João Paulo Borges Coelho, 2002 e Fátima da Cruz Rodrigues, 2013.
98. Manuel Ennes Ferreira, 2008, pp. 354‑368.
99. João de Pina Cabral, 2000, pp. 402‑403.
100. João de Pina Cabral, 1998, p. 276.
101. Sobre a transição de Macau, cf. Fernando Lima, 1999, Kenneth Maxwell, 1999
‑2000 e Francisco Gonçalves Pereira, 2013.
102. Cf. Pedro Aires Oliveira, 2007, pp. 466‑468.
103. Cf. Brad Simpson, 2005.
104. Cf. Fernando Lima, 2002, capítulos 9 e 10.
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Almeida, António José de, presidente da Áustria, D. Maria Ana de, rainha de
República (1919‑1923) 449 Portugal (1683‑1754) 237
Almeida, D. Francisco de, vice‑rei da Aydar Aly Khan, nababo 317
Índia 107, 108, 110, 137 Azambuja, Diogo de 82, 83
Almeida, Francisco José de Lacerda e Azevedo, António Araújo de, conde da
316 Barca 310
Almeida, Januário Agostinho de 335 Azevedo, Frei Luís da Anunciação e 314
Almeida, João 417, 447
Almeida, D. Lourenço de 108 Baeza, Padre Juan Batista 179
Alorna, marquês de, D. Pedro Miguel de Ball, George 528
Almeida e Portugal, vice‑rei da Índia Bandeira, (marquês, depois visconde) Sá
253, 259 da 359, 361, 362, 364, 365, 366, 367,
Álvares, Padre Vicente 304 369, 376, 390, 392
Alvor, 3.º conde de, ver Távora, 3.º Baptista, Pedro João 316
marquês de 213, 289 Barba, João Pereira da Silva, governador
Amaral, José Rodrigues Coelho do 373 de Moçambique 285
Amorim, Pedro Massano de 447 Barbacena, visconde de, Luís António
Andrade, Padre António de 178 Furtado de Castro do Rio de
Andrade, Bernardino Freire de 228 Mendonça e Faro, governador de
Andrade, Gomes Freire de, governador e Minas Gerais 308
capitão‑general das capitanias do Rio Barbosa, Duarte 114
de Janeiro, de Minas Gerais e de São Barbot, Jean 227
Paulo 241, 245, 247, 250, 251, 266, Barca, conde da, António Araújo de
267, 271, 272 Azevedo 310 (ver Azevedo, António
Andrade, Joaquim Paiva de 387, 392, Araújo de)
401, 402, 406, 428 Baring Brothers 407
Andrade, Simão de 109 Barreto, Fernando Bissaya 495
Angeja, marquês de, D. Pedro António de Barreto, Honório Pereira 361
Noronha de Albuquerque, vice‑rei do Barreto, D. João Nunes, Patriarca da
Brasil (ver Vila Verde, 2.º conde de) Etiópia 155
247 Barreto, Roque da Costa, governador
Anjou, René d’157 ‑geral do Brasil 224, 231
António, D., Prior do Crato 110, 169, Barros, João de 48, 69, 84, 85, 143
171 Beatriz, infanta D. (1429‑1506) 71
Argelejo, conde de 275 Belo, João, ministro das Colónias 481
Arriaga, Miguel de, presidente da Bemoim, D. João de 85
República (1911‑1915) 335 Bento XII, Papa (1334‑1342) 27
Artigas, José Gervásio 331, 332 Berengária, infanta D., rainha da
Assumar, conde de, governador da Dinamarca (c. 1190‑1221) 24
capitania de São Paulo e Minas do Beresford, William 349
Ouro 245, 259 Bismarck, Otto von 396, 401
Ataíde, D. Luís de, vice‑rei da Índia 150 Bobadela, conde de, Gomes Freire de
Ataíde, Nuno Fernandes de 116, 119 Andrade 271
Aurangzeb, imperador mogol (r. 1658 Bocage, José Vicente Barbosa du,
‑1707) 210, 211, 253 primeiro‑ministro 398
Sancho I, D., rei de Portugal (r. 1185 Soares, Mário, ministro dos Negócios
‑1211) 23 Estrangeiros 539
Sancho II, D., rei de Portugal (r. 1223 Soleimão, o Magnífico, sultão do Império
‑1248) 24, 28 Otomano (r. 1520‑1566) 165
Sancho IV, rei de Castela (r. 1284‑1295) Solis, Duarte Gomes 219
25 Somashker Nayaka, rei de Ikkeri (r. 1660
Sande, António Paes de, governador da ‑1671) 212
Índia 212 Sotomaior, Filipe de Valadares,
Sandomil, conde de, D. Pedro governador interino da Índia 290
Mascarenhas, vice‑rei da Índia 257, Sousa, D. António Caetano de 235, 243
298 Sousa, D. António Luís de, 2.º marquês de
Santa Catarina, frei Manuel de 305 Minas 223
Santa Teresa, D. Inácio de 256 Sousa, António Teixeira de, primeiro
Santos, Marcelino dos 501 ‑ministro 419
São José de Porto Alegre, 1.º barão de Sousa, José Marnoco e 457
335 Sousa, Leonel de 151
Saraiva, Alberto Rocha 457 Sousa, Manuel António de 375, 401, 402,
Sebastião, D., rei de Portugal (r. 1557 406, 430
‑1578) 141, 142, 145, 149, 155, 160, Sousa, D. Manuel Caetano de 248, 301
162, 163, 164, 165, 166, 169 Sousa, Martim Afonso de, governador da
Sequeira, Diogo Lopes de, governador da Índia 135, 140
Índia 109, 121, 130 Sousa, Tomé de, governador do Brasil
Serpa, António de, primeiro‑ministro 136, 146
405 Spínola, António de, presidente da
Shahu, rei marata (r. 1708‑1749) 253 República (1974) 532, 536, 537, 538,
Shivaji, rei marata (r. 1674‑1680) 210 539, 541
Sierra y Mariscal, Francisco de 337 Strangford, Lord 331
Silva, António Teles da, governador‑geral Stanley, Henry Morton 397
do Brasil 229 Stuart, Sir Charles 350
Silva, Francisco Xavier da 252
Silva, D. João da Mota e, cardeal da Távora, 3.º marquês de, D. Francisco de
Mota, secretário de Estado 258 Assis de Távora, vice‑rei da Índia 289
Silva, José Celestino da 418, 473 Távora, D. Leonor Tomásia de, marquesa
Silva, padre José da 254 de Távora 289
Silva, José Soares da 238 Távora, D. Teresa 289
Silva, Manuel António Vassalo e 526 Teixeira, Alexandre da Silva 316
Silveira, D. António Taveira de Neiva Telo, D. João da Silva, vice‑rei da Índia
Brum da 289, 293 190
Silveira, José Xavier Mouzinho da 356 Teodósio, príncipe D. (1634‑1653) 189
Smith, Adam 297, 302 Teodósio, D., 5.º duque de Bragança 150,
Smith, Sidney 331 158
Smuts, Jan Christiaan 469 Teodósio, D., 7.º duque de Bragança,
Soares, padre Diogo 250 príncipe 189
Soares, João Lopes, ministro das Colónias Teresa, infanta D., condessa da Flandres
455 23
Gado 128, 222, 225, 231, 249, 312, 416, Ministério dos Negócios Estrangeiros
431, 443, 468, 472, 477 403
General Agreement on Tariffs and Trade Misericórdia(s) 212
(GATT) 521 Mocidade Portuguesa 494, 501
Gengibre 199, 219, 226 Movimento das Forças Armadas (MFA)
Grupo BPA/Cupertino de Miranda 491 538, 539, 540
Grupo Espírito Santo 491 Movimento de Libertação da Guiné 513
Guerra do Emboabas 243 Movimento de Libertação de São Tomé
Guerra dos Mascates 244 e Príncipe 540
Gulf Oil 530 Movimento para a Defesa das Colónias
Hospital Colonial de Lisboa 457 459
Museu de História Natural e Jardim
Inquisição 142, 156, 292, 356 Botânico 301
Instituto de Missões Coloniais 454
North Atlantic Treaty Organization
Junta Consultiva do Ultramar 458 (NATO) 510, 513, 527, 528, 529
Junta da Administração da Companhia Noz‑moscada 219
Geral do Grão‑Pará e Maranhão 277
Junta da Administração do Tabaco 222 Ópio 197, 318, 335, 354, 365, 380, 474
Junta da Real Fazenda do Estado da Orange, casa de 209
Índia 293 Organização Internacional do Trabalho
Junta de Comércio de Moçambique 284 (OIT) 499, 519
Junta de Comércio na Índia 223 Organização das Nações Unidas (ONU)
Junta do Comércio 215, 284, 301 506, 511, 519, 526, 527, 539
Junta Suprema Central de Espanha 331 Organização Territorial Judaica 477
Junta(s) das Missões 221 Otomanos 46, 64, 120, 121, 123, 131,
juntas Provinciais de Povoamento 521 136, 149, 154, 165, 166, 170
Juntas de governo (América espanhola) Ouro 21, 38, 50, 52, 54, 55, 62, 70, 72,
331 74, 77, 78, 82, 87, 88, 102, 107, 111,
juntas da Real Fazenda 293, 325 114, 120, 125, 133, 138, 142, 143,
160, 169, 205, 215, 225, 228, 229,
Kuomintang 527 235, 236, 238, 241, 242, 243, 249,
250, 259, 262, 306, 316, 318, 377,
Laca 139 390, 391, 398, 399, 407, 431, 530,
Liga Nacional Africana 500, 514 547
Açores 40, 41, 46, 57, 58, 59, 67, 71, 80, 474475, 476, 477, 478, 481, 483,
86, 87, 90, 118, 124, 138, 142, 173, 485, 487, 490, 491, 492, 493, 496,
188, 189, 208, 219, 239, 240, 243, 497, 498, 499, 500, 501, 509, 512,
251, 252, 271, 277, 427, 444, 528 513, 514, 515, 516, 517, 518, 519,
Adém 112, 126 520, 522, 523, 524, 531, 532, 533,
África do Sul 390, 442, 450, 462, 471 534, 535, 539, 541, 542, 543, 544
Alcácer‑Ceguer 51, 64, 65, 116, 132 Angra (Ilha Terceira) 93, 118, 154, 155,
Alemanha 126, 394, 399, 401, 403, 410, 189
419, 443, 444, 469, 474, 478, 529 Arábia 83, 89, 91, 110, 120, 149
Alexandria 92 Aragão 22, 23, 25, 26, 32, 45, 64, 72, 78,
Amazonas, rio 146, 183, 184, 219, 220, 109, 115, 129, 168
239, 267 Arguim 67, 81, 82, 184, 186
Ambaca 315, 380, 433 Arzila 65, 75, 85, 116, 125, 126, 127,
Angola 102, 147, 181, 192, 204, 205, 132, 165
229, 230, 231, 232, 233, 250, 253, Austrália 134, 365, 371
254, 258, 261, 262, 263, 266, 277, Azamor 75, 115, 117, 132
278, 279, 280, 281, 282, 283, 287,
294, 301, 313, 314, 315, 316, 334, Baçaim 135, 194, 206, 214, 256, 258,
351, 352, 353, 357, 359, 360, 362, 259
363, 364, 365, 368, 370, 373, 374, Baía 186, 189, 209, 213, 219, 221, 222,
380, 381, 385, 386, 387, 388, 392, 223, 224, 229, 236, 238, 242, 244,
395, 397, 398, 401, 405, 406, 409, 246, 258, 261, 262, 271, 272, 279,
410, 414, 415, 416, 417, 419, 421, 286, 293, 306, 307, 308, 309, 312,
422, 423, 424, 425, 426, 427, 431, 321, 330, 334, 336, 338, 350, 352
433, 434, 435, 436, 439, 440, 441, Barcelor 150, 212
442, 443, 444, 447, 448, 449, 451, Bardez 135, 210, 257, 259, 288, 304
452, 454, 458, 459, 460, 461, 462, Bardez 135, 210, 257, 259, 288, 304
463, 464, 465, 468, 471, 472, 473, Beira 406, 433, 529
Belém do Pará 183, 221, 265, 269, 271, 384, 407, 424, 435, 448, 459, 462,
274, 277, 329, 495 470, 483, 493, 536, 547
Benguela 182, 231, 232, 233, 234, 237, Buenos Aires 190, 225, 272, 275, 322,
262, 263, 277, 278, 279, 281, 282, 330, 331, 332
313, 315, 316, 334, 351, 352, 386,
424, 434, 436, 452, 461, 474, 493, Cabinda 263, 313, 334, 373, 398, 530
Benguela 182, 231, 232, 233, 234, 237, Cabo Verde 41, 57, 67, 68, 69, 72, 80, 86,
262, 263, 277, 278, 279, 281, 282, 87, 90, 119, 124, 138, 154, 159, 173,
313, 315, 316, 334, 351, 352, 386, 181, 185, 188, 205, 226, 227, 237,
424, 434, 436, 452, 461, 474, 261, 277, 278, 280, 301, 315, 352,
493 357, 359, 361, 365, 389, 404, 409,
Bijapur 211 425, 426, 427, 475, 487, 496, 523,
Bissau 227, 277, 334, 372, 410, 417, 460, 539, 540
514, 540 Cacheu 182, 190, 227, 277, 334, 410,
Bissau 227, 277, 334, 410, 417, 460 417
Boa Esperança, Cabo da 75, 79, 80, 110, Caconda 231, 316
154, 176, 189, 206, 260, 316, 381, Calicute 88, 90, 91, 92, 106, 107, 110,
427 124, 150, 176, 255, 256
Bojador, Cabo 18, 22, 48, 52, 55, 57, 59, Camboja 180, 196
60, 67, 72, 81, 84 Cananor 90, 91, 92, 108, 194, 209
Bolama 372, 384, 409 Castela 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30, 33, 36,
Bombaim 195, 207, 211, 218, 257, 318 38, 39, 40, 41, 42, 43, 45, 47, 49, 53,
Bombaim 195, 207, 211, 218, 257, 318 61, 62, 63, 70, 71, 72, 73, 75, 78, 79,
Bonsuló 259, 260, 289, 290, 317, 318 80, 92, 94, 102, 109, 115, 119, 122,
Borgonha 29, 50, 58, 129 129, 133, 134, 138, 140, 146, 153,
Brasil 11, 12, 13, 69, 80, 87, 94, 97, 101, 154, 159, 168, 169, 171, 185, 190,
102, 118, 120, 130, 133, 134, 135, 206
136, 137, 138, 141, 146, 147, 150, Ceará 183, 184, 192, 221, 222, 339
154, 155, 158, 159, 161, 162, 163, Ceilão 108, 135, 136, 150, 163, 169, 176,
169, 171, 178, 182, 183, 184, 185, 177, 180, 182, 193, 194, 206, 216,
186, 189, 191, 192, 199, 203, 204, 218
205, 206, 208, 218, 223, 224, 225, Ceuta 11, 17, 18, 25, 28, 30, 32, 33, 35,
229, 230, 231, 232, 235, 236, 237, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45,
238, 239, 240, 241, 243, 244, 246, 46, 58, 59, 64, 65, 83, 116, 117, 119,
247, 249, 250, 251, 252, 256, 257, 124, 124, 126, 127, 132, 138, 145,
258, 261, 262, 263, 266, 267, 272, 165, 169, 188, 189, 547
275, 276, 277, 278, 279, 280, 281, Chaul 108, 212
282, 285, 287, 291, 297, 299, 300, China 11, 20, 111, 112, 118, 122, 123,
301, 302, 306, 310, 311, 312, 313, 125, 127, 135, 136, 139, 140, 150,
317, 318, 320, 321, 322, 323, 324, 151, 154, 158, 162, 169, 171, 177,
325, 326, 327, 329, 330, 331, 332, 178, 179, 180, 197, 198, 211, 215,
333, 334, 335, 336, 337, 338, 339, 216, 253, 254, 319, 347, 353, 503,
347, 348, 349, 351, 353, 356, 360, 504, 526, 527, 543, 549
363, 364, 366, 369, 370, 373, 382, Chipre 165
Cochim 90, 91, 92, 107, 108, 111, 121, Estado do Brasil 205, 218, 224, 236, 237,
154, 155, 194, 208, 209, 305 240, 243, 247, 249, 266, 269, 271,
Colombo 75, 78, 79, 80, 88, 89, 150, 272, 273, 324, 336, 339
206 Estado do Grão‑Pará e Maranhão 265,
Congo 85, 86, 96, 122, 181, 230, 231, 267, 268, 269, 271, 274, 276, 277,
232, 254, 262, 314, 315, 373, 380, 297
384, 385, 387, 388, 391, 395, 396, Estado do Grão‑Pará e Rio Negro 274,
397, 398, 399, 407, 425, 427, 433, 311
445, 468, 509, 512, 513, 514, 516 Estado do Maranhão 183, 218, 219,
Coromandel, Costa do 217, 319 249
Corvo, Ilha do 114 Estado do Maranhão e Piauí 274
Coulão 108, 194 Estado Livre do Congo 384, 396, 397,
Cuango, rio 231, 232, 281, 316, 386 407, 445
Cuanza, rio 102, 147, 159, 182, 192, Estados Gerais das Províncias Unidas
230 206, 208, 209
Cuiabá 235, 247, 249, 269, 294
Cunene, rio 231, 263, 316, 500 Faial, ilha do 58, 208, 219
Fez, reino de 17, 25, 27, 35, 36, 38, 42,
Damão 135, 150, 257, 259, 283, 317, 43, 45, 46, 64, 65, 74, 77, 83, 86, 88,
318, 319, 409 114, 115, 119, 131, 132, 165
Diu 108, 132, 135, 149, 194, 211, 213, Flores, Ilha das 114, 196, 529
259, 283, 287, 318, 319, 409 Fogo, Ilha do 226
França 22, 28, 29, 78, 92, 133, 146, 147,
Egipto 76, 91, 119, 120, 131, 377, 399, 148, 165, 188, 206, 219, 237, 248,
510 250, 272, 286, 310, 317, 319, 320,
Espanha 165, 171, 188, 190, 191, 192, 329, 330, 333, 352, 357, 365, 369,
193, 198, 203, 209, 220, 223, 237, 378, 396, 401, 403, 410, 424, 452,
239, 240, 241, 245, 250, 252, 253, 501, 523, 529, 532
267, 272, 275, 319, 320, 322, 330, Funchal 41, 121, 148, 153, 155, 188
331, 332, 527
Estado da Índia 76, 107, 108, 109, 110, Gâmbia, rio 227
111, 112, 114, 117, 118, 119, 121, Goa 109, 111, 112, 126, 134, 135, 139,
123, 125, 126, 127, 130, 131, 133, 140, 141, 149, 150, 152, 154, 155,
134, 135, 137, 140, 143, 149, 150, 156, 157, 158, 159, 161, 163, 170,
151, 152, 154, 156, 163, 169, 170, 174, 175, 176, 177, 180, 181, 182,
174, 175, 176, 177, 178, 182, 184, 189, 194, 195, 196, 206, 207, 210,
186, 189, 191, 193, 194, 195, 196, 211, 212, 213, 214, 215, 216, 217,
199, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 259,
210, 211, 212, 213, 214, 215, 216, 284, 288, 289, 291, 293, 298, 301,
218, 224, 230, 236, 247, 250, 253, 304, 305, 307, 317, 318, 319, 333,
254, 255, 256, 257, 259, 260, 261, 335, 353, 374, 409, 417, 426, 440,
264, 284, 285, 286, 288, 289, 290, 502, 503, 518, 526, 544
291, 292, 293, 297, 298, 304, 305, Goiás 235, 242, 247, 249, 250, 269, 312,
317, 318, 354, 357, 414, 496, 502, 327
503, 513, 525 Golconda 194, 211
Guiné 21, 48, 49, 50, 53, 55, 56, 57, 59, 404, 405, 407, 409, 410, 424, 428,
60, 64, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 433, 443, 444, 445, 448, 505, 529,
73, 74, 78, 79, 82, 83, 84, 85, 87, 88, 537, 547
101, 119, 125, 126, 127, 132, 133, Inhambane 283, 284, 369
148, 157, 171, 181, 182, 185, 189,
226, 227, 228, 229, 261, 262, 275, Japão 11, 20, 78, 136, 139, 140, 151,
277, 277, 278, 279, 292, 334, 344, 152, 153, 154, 156, 157, 163, 169,
352, 357, 361, 365, 372, 401, 409, 171, 173, 175, 176, 177, 178, 179,
410, 411, 416, 417, 425, 439, 440, 180, 190, 193, 196, 197, 218, 510,
443, 447, 472, 473, 487, 496, 500, 549
507, 512, 513, 514, 516, 520, 523, Jerusalém 21, 78, 91, 105, 107, 108, 109,
524, 531, 532, 536, 537, 539, 540 114
Lourenço Marques 215, 284, 316, 334, Manica 215, 263, 284, 400, 403, 405,
352, 374, 380, 389,390, 394, 395, 406, 428, 429, 538
399, 400, 404, 415, 416, 426, 432, Maranhão 183, 184, 186, 192, 219, 220,
433, 441, 442, 444, 452, 460, 461, 221, 222, 243, 249, 258, 262, 265,
468, 470, 471, 475, 478, 482, 279, 280, 327, 339
540 Mariana 244, 245, 247, 308
Luanda 147, 152, 182, 184, 185, 186, Marraquexe 116, 117, 132
189, 193, 229, 230, 231, 232, 233, Mascate 177, 194, 211, 215, 244, 255,
234, 262, 263, 279, 280, 281, 282, 352
283, 287, 313, 314, 315, 316, 334, Massangano 192, 231, 375, 402
351, 352, 365, 371, 373, 380, 423, Mato Grosso 242, 249, 267, 312
433, 440, 444, 452, 460, 463, 475, Mazagão 125, 132, 145, 188, 271
483, 515, 517, 541 Meca 91, 92, 121, 127, 152, 212
Luanda 147, 152, 182, 184, 185, 186, Meliapor 194
189, 193, 229, 230, 231, 232, 233, Melinde 90, 107
234, 262, 263, 279, 280, 281, 282, Mina, São Jorge da 82, 83, 132
283, 287, 313, 314, 315, 316, 334, Minas Gerais 226, 235, 242, 243, 245,
351, 352, 365, 371, 373, 380, 423, 246, 266, 267, 273, 306, 307, 308,
433, 440, 444, 452, 460, 463, 475, 312, 327, 328, 337, 338
483, 515, 517, 541 Moçambique 90, 107, 108, 147, 163,
Lusaca 539, 540 182, 189, 195, 204, 211, 213, 215,
250, 259, 263, 281, 283, 284, 285,
Macau 137, 139, 141, 151, 152, 154, 286, 288, 292, 301, 316, 318, 319,
155, 159, 175, 176, 177, 179, 180, 334, 351, 352, 354, 357, 359, 360,
189, 190, 195, 196, 197, 198, 211, 362, 363, 364, 365, 369, 374, 375,
213, 215, 216, 254, 256, 294, 318, 380, 381, 385, 386, 387, 388, 390,
319, 333, 335, 336, 354, 355, 357, 391, 392, 395, 398, 400, 401, 402,
358, 409, 474, 496, 503, 504, 513, 403, 404, 406, 409, 410, 411, 412,
526, 527, 535, 543 414, 415, 416, 417, 418, 419, 420,
Madagáscar 123, 215, 502 421, 425, 426, 427, 428, 429, 430,
Madeira 28, 29, 39, 41, 46, 47, 57, 58, 431, 432, 433, 435, 439, 440, 441,
59, 67, 71, 86, 87, 88, 114, 119, 138, 442, 443, 444, 448, 451, 452, 453,
165, 188, 208, 219, 220, 221, 243, 454, 458, 461, 466, 467, 468, 469,
249, 277, 289, 333, 404 470, 471, 472, 473, 474, 475, 476,
Malabar 91, 111, 175, 180, 194, 208, 478, 481, 482, 487, 491, 492, 496,
218, 319 499, 500, 512, 514, 516, 520, 523,
Malaca 89, 110, 111, 113, 122, 126, 134, 529, 531, 532, 534, 536, 537, 539,
135, 140, 149, 150, 151, 154, 155, 540, 541, 542
163, 175, 178, 186, 190, 196, 216, Moçambique, Ilha de 107, 182, 189, 195,
218 283, 284, 285, 286
Malásia 112, 113, 175, 424, 502, 507, Moçâmedes 313, 315, 365, 370, 427,
510, 533 431, 474
Malawi 401, 402, 403 Mombaça 211, 255
Mamora 118, 119, 127, 166
Mangalor 150, 212 Nagasaki 141, 151, 152, 153, 179, 180
Sofala 21, 102, 107, 108, 147, 195, 215, Ugolim 151
284, 288, 429, 538 União Indiana 502, 518, 525, 526, 529,
Solor 216, 259, 358 544
Suazilândia 433
Vietname 180, 544
Tânger 43, 44, 50, 64, 65, 116, 123, 126,
127, 130, 132, 145, 164, 165, 188, Washington 505, 510, 511, 512, 528,
189, 195, 207 530
Tanzânia 512
Terceira, Ilha 58, 118, 169, 208, 237 Zaire, rio 232, 313, 385, 386, 388
Tete 214, 284, 316, 375, 406, 537 Zambeze, rio 102, 135, 148, 159, 169,
Tetuão 36, 66, 116 182, 214, 215, 255, 283, 294, 316,
Timor 151, 175, 195, 196, 197, 216, 217, 374, 385, 386, 387, 394, 400, 405,
221, 255, 256, 259, 260, 290, 344, 406, 429, 430, 444, 529
357, 358, 372, 409, 410, 416, 418, Zâmbia 403, 498, 536
439, 444, 455, 456, 472, 473, 475, Zimbabwe 401
481, 496, 513, 526, 543, 544 Zumbo 263, 284, 316, 401, 405, 406