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RESUMOS FREQUÊNCIA – HISTÓRIA MODERNA DE PORTUGAL

Época Moderna ou Antigo Regime


A periodização é algo complexo que se deve basear em vários fatores e estruturas,
sendo muitas vezes os fenómenos económicos são os primeiros a tornaram-se
evidentes e depois vêm as questões culturais a “reboque” difíceis de datar e as
mentalidades sempre são mais lentas a sofrer alterações.
No caso português há um consenso de que o fim do período “moderno”
português acaba com a Revolução Liberal de 1820 (ou 1834 quando terminam
os conflitos entre liberais e absolutistas) mas não há unanimidade quanto ao
início deste período.
Sendo assim pode-se considerar que a Modernidade em Portugal situa-se entre os
séculos XV e os finais do século XVIII/inícios do XIX.
Acontecimentos e estruturas que estruturam este período histórico:
➢ Estruturas económicas e sociais:
o Ciclos demográficos de crescimento e decréscimo populacional;
o Ciclos económicos e financeiros envolta do comércio ultramarino, como
os ciclos do outro e das especiarias ou o equilíbrio da balança de
pagamentos;
o Variações dos grupos sociais com revoltas e revoluções,
robustecimento de outros grupos e a consequente afirmação de novas
profissões com estatutos diferenciados dos que teriam na Idade Média;
➢ Estruturas culturais e mentais:
o Movimentos cultuais como o Renascimento ou as Luzes;
o Problemas religiosos – Reforma, Igrejas Reformas vs Igrejas Romanas;
o Reforma no ensino, em Portugal é visível com a fixação da universidade
de Coimbra ou com as reformas de D. José e do Marquês de Pombal.
O Período Moderno é bastante conservador, mas com uma mobilidade social
ascendente e facilitada, no caso português, pelas facilidades dos descobrimentos (na
Ásia, nas praças do Norte, e na América).
No panorama político considera-se que a autoridade do monarca foi um fator muito
forte, mas deve-se ter em conta 3 fatores:
o O termo “Estado” inclui três realidades:
▪ A separação do público do privado, ou seja a distinção dos bens do
monarca dos da coroa;
▪ A autoridade da propriedade, ou seja uma pessoa só detém autoridade
enquanto ocupa o seu cargo político;
▪ A política da economia, em que esta é independente do Estado.
o Deve-se ter em conta o pluralismo que exista no período medieval e ainda
existe no período Moderno, continuando a existir diferenças entre os três
grupos sociais assim como as prorrogativas e individualismos de cada um dos
poderes.
o A autoridade tem de seguir um modelo racional de governo com regras gerais,
promovendo a igualdade dos cidadãos perante o Estado e a lei, mas isto não
acontecia na época moderna, então não pode haver Estado nessa época,
embora se esteja a caminhar nessa direção. Em vez de se usar Estado usa-se
Monarquia mas não se deve dividir este conceito em tipos diferentes consoante
as épocas, o poder do rei nunca é único e está sempre dividido por outros
centros de poder.
Limitações do poder régio em Portugal, por António Manuel Hespanha:

• Apenas 20% dos concelhos tinham juízes de fora, estes eram importantes
para confirmarem que a justiça estava a ser bem aplicada.
• Cerca de 2/3 dos concelhos em Portugal não tinham o rei como senhor
direito. Tinham senhores, que podiam ser leigos ou eclesiásticos, e assim a
justiça régia não era aplicada.
• 1/3 dos concelhos tentavam impedir a entrada dos representantes do rei
(corregedores)
• Funcionalismo administrativo débil – governar por conselhos agravava isto,
intensificou-se com a restauração.
No plano religioso, há uma realidade complexa na europa provocada pela Reforma no
principio do século XVI, que leva a uma rutura da Cristandade.
No plano cultural, temos o Renascimento, em que os próprios intelectuais da época
dizem que se estava a viver novos tempos (século XV-XVI).
No século XVIII é o Século das Luzes, em que se acreditava que a luta contra o
obscurantismo e o primado da razão e da ciência iriam conduzir a um futuro
radioso.
O terramoto de 1755 abala as crenças.
Além das reformas e do renascimento, temos os “Descobrimentos”, ativo na Península
Ibérica, que leva ao alargamento brutal do espaço conhecido pelos ocidentais.
Final da época Moderna: Modificações e progressos técnicos e económicos, e
progresso político.
o Revolução Industrial: progresso técnico de maquinaria, grandes movimentos
migratórios do campo para as cidades, nascimento do proletariado,
especialização do trabalho, etc
o Descontentamento crescente pela desigualdade perante a lei causado pelo
prevalecimento das ideias liberais.
Para perceber a época Moderna em Portugal deve-se ter em conta o Império e a sua
interação com a história europeia.
Século XVI – 1ª Globalização (iniciada por Portugal)

• Crescimento económico e demográfico.


• A carreira da Índia e a ligação do Atlântico ao Índico e ao Pacífico.
• A deslocação das rotas comerciais do mediterrânico para o Atlântico e a
reorganização da economia-mundo.
• A abertura do mundo e ligação dos continentes – O encontro de “Mares” e
povos desconhecidos.
• Conjuntura favorável á mobilidade social
• “cavaleiro-mercador” de Vítor Magalhães Godinho: referir à nova condição
social a que acederam os nobres e outros de condição inferior ligados
essencialmente ao comércio. Com o dinheiro que ganham investem em bens
de luxo. Enquanto que em outros países a nobreza investia, aqui em Portugal
consumia muitos bens de luxo. D. Manuel impôs as leis sumptuárias para
controlar o consumismo.
“Revolução científica” – O movimento do conhecimento – Invenção da imprensa
(fenómeno fundamental na 1ªglobalização).
Os Descobrimentos impulsionados, inicialmente, pelo povo luso e os contacto
com outros povos e culturas assumiu contornos que permitiram uma "revolução
científica"- "o conhecimento decorrente da experiência que foi registado em
obras pelos portugueses teve um papel fundamental na revolução científica".
Importante ter em conta o contributo dos portugueses nesta revolução
científica, sendo que inúmeras obras escritas por autores portugueses
circulavam pelas terras onde estes tinham chegado.
o Começa assim o confronto entre o monopólio do saber dos antigos com
a nova onda de observação e experimentação.
o Exemplo de intelectuais/cientistas portugueses que se afirmaram no
contexto europeu: Pedro Nunes e Damião de Gois.
o A emergência do espírito crítico
o Humanismo e Renascimento
o Confronto de ideias no seio da Igreja: Reforma e Contra reforma
Católica.
Este é um século luminoso, de confronto entre o saber livresco dos antigos e as
inovações dos novos a partir da experiência.
O Império Português durante este século:

• Presença Portuguesa em todo o mundo: Por exemplo: A presença dos


“Bárbaros do sul” no Japão que introduziram as armas de fogo que auxiliaram
a unificação do território.
o Zona da Mina: ouro, marfim, especiarias (principais e mais importantes
produtos comercializados -- O ouro da Mina vai ter um papel de destaque na
economia portuguesa do século XV, papel este semelhante ao que o ouro do
Brasil vai desempenhar no século XVIII.)
o Carreira da Índia: rota seguida pelos portugueses para o Oriente.
o Colombia Exchange: A circulação de mercadorias no século XVI e XVII
entre os produtos do novo mundo (América) e da europa ( e vise-versa).
o Soberania alimentar: Nível de proporção que os países têm para se
alimentarem. Portugal depende 80% do estrangeiro, principalmente
pelos cereais (o pão) que era a base da alimentação. O país era
autossuficiente na produção de vinho e azeite.
o Milho chega à europa no século XVI, provocando uma grande
alteração na alimentação das populações, provocando um aumento
demográfico e um crescimento.

• A circulação das plantas, no século XVI, apresentou-se como símbolo da


primeira globalização visto que favoreceram a conceção de Mundo Global.
• Contributo para a Revolução cientifica.

D. Manuel I (O Venturoso) 1495-1521


• Rei que marcou a histórica portuguesa
• O cultivo e a perpetuação da memória – A leitura nova
o Documentos copiados utilizando pergaminhos com decoração de
iluminuras.
Iluminura com imagem e heráldica de D. Manuel I -Livro 1º Além Douro.
➢ Os símbolos da Leitura Nova são heráldicos e acentuam a
preeminência da pessoa real.
o D. Manuel, durante o século XVI, reúne os documentos fundadores da
nacionalidade portuguesa e copia-os usando um suporte que resistisse
ao tempo, o pergaminho.
o Manda vir da Holanda os melhores técnicos.
o No plano simbólico: Afirmação do poder e da nação.
• Renovação arquitetónica
o Reconstrução de monumentos, remodelação de muitas Igrejas e a
construção de novos monumentos.
• Início da intolerância religiosa em Portugal- surge durante reinado de D.
Manuel I, em 1496 (um ano após o início do seu reinado) foi decretada a
expulsão dos judeus e em 1497 foi adotado o batismo forçado (criação dos
cristãos-novos). D. Manuel I tomou estas decisões pois eram parte das
exigências dos reis católicos para tornar possível o seu casamento com D.
Isabel de Aragão, "princesa das Astúrias". D. Manuel I pediu em 1515 a
instalação da Inquisição, mas somente no reinado de D. João III em 1536 é
que a Inquisição é introduzida em Portugal.
No alvorecer da Modernidade, os Descobrimentos Portugueses influenciaram, como
nenhum outro acontecimento desta época, o interesse alemão em Portugal e no
império português.
Devido à Expansão Portuguesa os contactos luso-alemães aumentaram gradualmente
e atingiram, nas primeiras duas décadas do século XVI, o apogeu.
Esta fase coincide aproximadamente com o reinado de D. Manuel I, o qual contribuiu
decisivamente para a intensificação das relações económicas com os mercadores-
banqueiros de Nuremberga e de Augsburgo, atraindo-os com privilégios muito
favoráveis que conduziram ao estabelecimento de diversas empresas alemãs em
Lisboa e à participação directa dos seus representantes em várias viagens à Índia.
Os Welser, os Fugger e outras grandes casas comerciais da Alta Alemanha
desempenharam um papel fundamental como fornecedores de cobre e prata, dois
metais indispensáveis para efectuar as compras de mercadoria no ultramar português.
Deste modo, os mercadores-banqueiros alemães tornaram-se, temporariamente, os
parceiros comerciais mais relevantes da Coroa portuguesa.
Políticas de D. Manuel:
Empreendeu uma política reformista em grande escala, com destaque para as
reformas dos tribunais e do sistema tributário adaptando-o ao progresso
económico que Portugal vivia, a reorganização da aristocracia portuguesa e a
expansão ultramarina.
Um dos principais objetivos desta reforma, levada a cabo pelo monarca entre
1496 e 1520, foi substituir os “Forais Antigos”, regulamentar a vida económica,
o que implicou também a reforma dos pesos e das medidas, que divergiam de
terra para terra, assim como dar resposta a sucessivas queixas dos povos nas
Cortes, contra os abusos praticados, no que respeita à aplicação da justiça,
cobrança indevida de impostos, opressões às publicações e falsificações ou
interpretação errada dos forais medievais.

Reformas centrais do Estado:

• O reforço do municipalização do território: as juradias.


• A mobilidade social: o cavaleiro mercador.
• Reformas Legislativas – Criação de instrumentos de carácter estatal
o Publicação das Ordenações Manuelinas: Códigos legislativos de leis,
aplicáveis a todo o país, fizeram esse esforço, tendo em conta que na
Idade Média as leis diferiam de localidade para localidade.
o Reformas Fiscais: Reforma dos Forais e Reforma da Sisa (tributo que
incide sobre a circulação de mercadorias).
▪ Forais, direcionadas para a administração local, e num contexto
de modernização do país e centralização do Estado preconiza a
aplicação de leis gerais e uniformizadoras para todo o país que
estão compiladas nas Ordenações Manuelinas.
▪ A Leitura Nova, reformando os Forais antigos.
• Regimento dos Contadores dos comarcas e do regimento dos contadores de
fazenda
• D. Manuel prezava que todo o território se governasse pelas mesmas leis, não
conseguiu na totalidade. Tentou uma unificação tributária mas igualmente não
conseguida principalmente devido aos tributos forais.
• Reorganização administrativa: Ele sabia que a principal preocupação política
era o Império. Assim preparou o país para o governo do Império.
• Conciliação com o reino
o Em termos políticos celebra cortes Montemor-o-Novo.
▪ Estas cortes eram assembleias com os grandes titulares do
clero, da nobreza e do povo (apenas participavam procuradores
de 100 localidades), sendo que neste período o rei não podia
governar sem ouvir os “tribunais e os conselhos comuns”,
convocar esta assembleia era quase que uma obrigação de
cada monarca.
▪ No entanto o poder régio evitava convocá-las em certas
situações (situações fiscais por exemplo) devido á diversidade
de oposições entre o povo e o poder régio. Mas não podia evitar
quando o assunto envolvia a sucessão régia, o juramento do rei,
o reinado ou a imposição de tributos novos, etc.
▪ As cortes não foram omitidas mas aceitaram continuar como um
“corpo do rei”
o Reestabelece relações com a casa de Bragança.
Aspeto importante da sua política: espírito sábio.
As Políticas de D. João III

• O seu reinado durou 36 anos e caracterizou-se por uma intensa atividade a nível
de política interna, ultramarina e relações diplomáticas com os Estados
Europeus da época.
• Como governante, coube-lhe a gestão de várias crises: crise financeira, ameaça
protestante, perigo turco, concorrência francesa e inglesa no Império, crises no
estado da Índia, peso da vizinhança demasiado forte de Carlos V.
• A forma como agiu face a esta conjuntura teve sempre como base uma grande
dose de sensatez e de realismo que, entre outras coisas, se traduziu na aposta
certeira no Brasil, rapidamente tornado o elemento fundamental do Império
Português, papel que desempenharia durante cerca de dois séculos e meio.
A nível interno:
• Continuou a política centralizadora e absolutista dos seus antecessores.
• Convocou cortes e procurou reestruturar a vida administrativa e judicial.
• Com o surgimento de crises económicas, vê-se obrigado a recorrer a
empréstimos estrangeiros.
• Agrava-se o défice comercial e surgem fomes e epidemias
• D. João III apresenta-se como o responsável pela reforma cultural no século
XVI, transferindo a universidade de Lisboa para Coimbra, dotando-a de bens
do Mosteiro de Santa Cruz.
• O numeramento joanino (1537) é a primeira contagem populacional portuguesa
a residir na metrópole. Ao longo da época moderna os monarcas não tinham
números exatos sobre a população a habitar no reino. O objetivo era levar a
cabo uma reforma administrativa e judicial. Assim, a divisão que antes era em 6
comarcas passa para 14.
• Após andar entre Coimbra e Lisboa durante a Idade Média, D. João III, em
1537 transfere definitivamente a universidade para Coimbra, por considerar
está um sítio mais sossegado para os estudantes. O priorado de Santa Cruz é
também integrado na universidade.

Política Ultramarina:
• Extensão do império era um obstáculo á sua administração e tinha altos custos.
• Nos primeiros anos do seu reinado prossegue-se as explorações no Extremo
Oriente: Chega-se á China e Japão.
• Problemas na India.
• Turcos exercem pressão e ataques ao monopólio comercial português.
• D. João III decide abandonar as praças de Safim, Alcácer Ceguer e Arzilla no
Norte de África, e para contrabalançar estas perdas avança com a exploração
do Brasil, com o primeiro sistema de capitanias.
• A nobreza quando participava em grandes expedições militares (principalmente
para o norte de África- espírito das cruzadas) participava a seu próprio custo.
Muitas vezes os monarcas não tinham recursos e recompensavam está classe
com a atribuição de cargos e títulos.

Em finais de Quinhentos:
O Reino Quinhentista: D. Manuel I (1495-1521); D. Manuel II (1521-1557); D.
Sebastião (1557-1578) – Regência de D. Catarina e Regência do cardeal Rei D.
Henrique.
Na historiografia portuguesa, a ideia de centralização político- -administrativa e,
especialmente, a tese de uma precoce “afirmação de um Estado nacional” estão
desde há muito associadas à interpretação das mudanças na ordem interna do reino
que acompanharam a expansão ultramarina nos séculos xv e XVI.
“no século XV, o elemento monárquico foi gradualmente anulando os elementos
aristocrático e democrático, ou, para falar com mais propriedade, os elementos
feudais e municipal” – Alexandre Herculano.
No plano geral da Europa, a ideia de centralização monárquica também tem sido
usada para interpretar a evolução das grandes unidades políticas do continente nos
primórdios do século XVI.
Apesar da sua reafirmada preeminência, o poder real coexistia ainda com outros
poderes,
dotados de uma esfera de jurisdição própria e irredutível - desde a Igreja e as diversas
jurisdições eclesiásticas, com competências quase exclusivas em matérias como a
família, até aos municípios, passando pelos poderes senhoriais, que de modo nenhum
desapareceram nas convulsões do reinado de D. João II, entre 1481 e 1495.
Os anos finais do século xv e as primeiras décadas do seguinte foram marcados
por uma certa mudança institucional. Porventura mais como resultado do que como
condição da expansão ultramarina, a Coroa dotou nesse período de instrumentos que
lhe permitiram configurar um equilíbrio dos poderes distinto daquele que existia antes
e que, sob muitos aspectos, iria permanecer sem alterações de monta até ao final do
chamado «Antigo Regime», no princípio do século XIX. A publicação das Ordenações
do Reino ( 1512-1514) e dos forais novos (1497-1520), a incorporação na Coroa dos
mestrados das ordens militares de Avis, de Cristo e de Santiago (1551), e, ainda, a
instituição em Portugal do Tribunal do Santo Ofício ( 1536), foram marcos essenciais
deste ciclo de reformas institucionais, sem dúvida, o mais importante até à «revolução
liberal» no século XIX. No entanto, parece certo que aquilo a que se assistiu foi mais a
um processo de uniformização institucional do que propriamente de centralização
política.

• O rei D. Sebastião ficou conhecido pelas suas amplas "aventuras" no Norte de


África, para tal criou o regimento dos Capitães-mores em 1570, criando a base
do que seria um exército nacional. Numa das expedições ao norte de África
acaba por custar sérios problemas ao reino, nomeadamente a morte do próprio
rei, de muitos nobres, sendo que os sobreviventes foram aprisionados em
Alcácer Quibir em 1578. Quem lhe sucedeu foi o seu tio, D. Henrique, no
entanto, em 1581, Filipe II de Espanha é aclamado Rei de Portugal, tornando-
se Filipe I de Portugal. Esta aclamação permitiu unir as coroas ibéricas, uma
dominação que perdurou por quase 60 anos.
• A Batalha de Alcácer Quibir aliado ao sonho de conquista resultou na morte do
rei D. Sebastião e de muitos outros nobres, demonstrando-se como um rude
golpe para Portugal e para a sociedade portuguesa.
• A Batalha de Lepanto, foi uma batalha entre Turcos e Católicos e representou o
fim da expansão islâmica no Mediterrâneo. Esta deu-se a 7 de outubro de 1571
na entrada do Golfo de Patras, na Grécia.
Após a morte do rei D. Sebastião na Batalha de Alcácer Quibir em 1578, Portugal
encontrava-se numa situação de crise dinástica quanto ao seu sucessor. Apesar de
alguns populares apoiarem D. António Prior do Crato, foi Felipe II de Espanha (I de
Portugal) quem acabou por "subir" ao trono em 1581, iniciando o perído denominado
"União Ibérica" (termo criado pelos historiadores modernos), que iria de 1580 a 1640.
A morte prematura do Rei D. Sebastião em Alcácer Quibir no ano de 1578, marcou
profundamente a nação portuguesa, sendo aclamado rei D. Henrique, seu tio. O seu
efémero reinado, marcado por profundas relações com a inquisição e o papado, que
não o permitiram desvincular-se da sua posição eclesiástica. Após a sua morte, por
mais impensável, a dinastia filipina reinou em Portugal, inicialmente marcado por
reformas, mas nos seus anos finais pela decadência, motins e crises. O reinado de
Filipe IV (III de Portugal) elucida bem esta ideia, sob a égide da Casa de Bragança
com forte apoio dos nobres que se mantiveram fiéis a coroa portuguesa, ocorre em
1640 a "Guerra" da Restauração, um conjunto de conflitos armados com o objetivo da
desvinculação da coroa portuguesa do reino espanhol
Segue se a guerra da restauração que dura 28 anos.

D. Filipe II foi apoiado pela nobreza e burguesia portuguesas, que viam vantagens
para si através da união das coroas: sonhavam com o alargamento do território onde
podiam desempenhar serviços e viam facilitado o acesso à "prata vital" para o
comércio com o Oriente. Estes são dois exemplos onde verificamos que tanto a
burguesia como a nobreza não tinham um "espírito patriota/nacionalista", os seus
interesses pessoais sobrepunham-se a estes sentimentos.
O início do século 17 levanta-se com um conjunto de problemas:
o Os Holandeses começam a ocupar o Brasil (exploração do açucar)
o O Brasil não tem meio de defesa para a Holanda
o O tráfico comercial ressente-se.

A União dinástica (1580-1640). Os pretendentes ao trono. Os interesses na nobreza


e da burguesia na subida ao trono de Filipe II.
Candidatos ao trono: Filipe II; António Prior do Crato; Alexandre Farnesi;
Catarina filha de D-Duarte; Catarina de Médicis.
Não havia regras sucessivas para este caso, por qual ponto foi decidido?
Progenitura ou Varonia, eleição nas cortes como o caso dos Avis.
Como atuavam?
o Obter parcelas de juristas sobre os seus direitos
o Pressão, conquistando apoios dentro e fora de Portugal: Filipe II já
desde 1578 tinha agentes em Portugal que prometiam cargos, títulos e
dinheiro para o apoiar.
o Culpavam D. Henrique pelas suas indecisões
Cria-se uma solução provisória á morte do rei: Uma junta de governadores (5),
divididos entre os candidatos, enviam embaixadas na procura de apoio. Em
1580, em Santarém com o apoio popular e D. João de Portugal, o bispo de
Guarda, António Prior do Crato autoproclamou-se rei de Portugal. Foi para
Lisboa e instalou-se no Paço da Ribeira.
Cunhou moeda, reuniu exército, concedeu merces e manda embaixadores
a outros países.
No entanto, dá-se a proclamação de castro marim ( 3 membros da junta dizem
que Felipe II é o rei). Os bragança aceitam e António está ameaçado.
Batalha de Alcântara: António vs Filipe II.
Filipe II afirma “Eu herdei, comprei e conquistei o reino de Portugal”

1. Os compromissos assumidos nas Cortes de Tomar quanto à governação do


reino.

Porque é que o domínio de 60 anos Filipinos foi um triunfo?


o Poder militar
o Políticas de casamento
o Economia
o Segurança do Império

➢ Apoio das elites.


➢ Proximidades culturais: linguística e hábitos.
➢ O Pacto de Tomar em 1581:
o A 16 de Abril de 1581 reúnem-se Cortes em Tomar. Estas
foram o primeiro marco Dinástico, onde Filipe II é
aclamado rei de Portugal (normalmente estas só eram
convocadas para o primogénito). As cortes fizeram
promessas, tais como:
▪ O facto de todos os políticos que exercessem
cargos nos diversos concelhos terem de ser
portugueses, ou seja, o governo de Portugal
nunca podia ser estrangeiro. Governo de Portugal
entregue a governadores.
▪ Os reinos mantêm autonomia e identidade.
▪ O Monarca tem de ouvir vários organismos,
exemplo: Conselhos de Portugal.
▪ Foros da coroa eram mantidas e preservados
▪ Leis, moeda e língua própria.
▪ O rei apenas negou a retirada total das tropas
castelhanas do solo português. Tinha de manter a
soberania.
Portugal manteve-se um reino autónomo, integrado numa monarquia
compósita com um rei estrangeiro que acumulava vários reinos com
políticas externas de autonomia.
No essencial, aquilo que a historiografia designa por «Estatuto de Tomar»
traduzia-se no compromisso de manter a «polissinodia» portuguesa.
Entende-se assim um modelo de governo que repousa numa administração
central constituída por múltiplos conselhos, com competências em matérias
em principio distintas que associavam poder judicial, administrativo,
executivo e legislativo.
Os papéis remetidos para o centro político passavam por esses distintos
conselhos, os quais sobre os mesmos emitiam consultas, resoluções
etc., antes de subirem, quando era o caso, à assinatura final do rei.
O sistema de governo por conselhos, nos quais pontificavam juristas,
mas também eclesiásticos e fidalgos, era comum à generalidade das
monarquias europeias desde finais da Idade Média. Pode reputar-se de
fundamentalmente diverso do modelo de governo que irá caracterizar o
mundo contemporâneo e, dada a sua frequente lentidão, tendia a criar
situações de maior tensão e arrastamento na decisão, o que viria a
justificar posteriormente as tentativas de o substituir por outros modelos
de governo com processos mais expeditos de decisão.
2. Os esforços de modernização legislativa (Ordenações Filipinas, 1603) e de
desenvolvimento económico do país.

A Política de Filipe II:


o Modernização de Portugal: processo de reforma das
Ordenações Filipinas (1603)
Fases da governação filipina.
O reinado de Filipe IV ficou marcado na História por ter sido atribulado. O império
enfrentava um novo poderoso adversário, a Companhia holandesa das Índias
Ocidentais criada em 1621 e a já existente Companhia holandesa das Índias Orientais,
liderada por acionistas capitalistas que possuíam poderosíssimas armadas. O
comércio ultramarino foi seriamente afetado. Os territórios Pernambuco, Angola e Mina
foram ocupados pela Holanda. A crise que já se arrastava desde Filipe III agravou, o
povo passava fome e era esmagado pelos impostos, fatores que levaram a um
crescente descontentamento. O "início do fim" do domínio filipino estava implantado, a
dinastia de Bragança prestes a emergir.

1. Os impactos da crise comercial e financeira. A concorrência comercial das


companhias holandesas.
2. O progressivo descontentamento dos vários grupos sociais, clero, nobreza
e sobretudo povo.
3. O aumento dos impostos e os motins antifiscais.
4. As circunstâncias precipitantes do movimento anti-flipino: A ofensiva
holandesa, a pressão fiscal, o recrutamento de soldados para a guerra da
Catalunha.
5. O incumprimento do jurado nas cortes do Tomar. O conceito de rei "tirano".

A partir de 1620 surgem problemas na situação financeira. A coroa está muito


individuada.
A crise afeta maior parte dos países da europa. No caso do Império Português e
Espanhol afeta o comércio com o Oriente e o Brasil.
Isto cria as condições necessárias á separação das coroas. Situação que teria de ser
tomada com cuidado pois a nobreza tinha muito a perder.
Revolta da Catalunha foi importante para a separação das coroas.
Clima de descontentamento: A contestação que já a muito se fazia sentir contra o
domínio filipino no reinado de Filipe IV agravou-se com o aumento de motins dos mais
diversos motivos, nomeadamente contra os cristãos-novos, contra a fome, entre
outras, no entanto, o recrutamento de soldados, fidalgos e nobres para a Guerra da
Catalunha, nomeadamente do duque de Bragança e também a ocupação ilegítima dos
holandeses no nordeste brasileiro trouxeram a tona os interesses espanhóis e o
"desrespeito" pelo povo português.
Após um golpe palaciano, o rei tirano cai e os Bragança sobem ao poder. Luís IV não
cumprira as promessas, e assim o Jurista João Pinto Ribeiro fundamenta e legitima a
deposição do rei.
Tem sido muito discutido o cariz deste evento – se é uma revolta ou um golpe – mas
no fundo é a restauração constitucional da prática de governo de Portugal.
A Restauração (1640-1668)
Ocorre a restauração da independência em 1640 com D. João passando a governar.
Perante a conjuntura em que se vivia segue-se a guerra da restauração que dura 28
anos.
Reinado de D. João IV (1640 – 1656)
A. A ascensão ao poder de D. João IV e a Restauração constitucional das
instituições portuguesas.

Quando D. João IV assume o trono, umas das primeiras medidas que tomou foi
exatamente extinguir todos os tributos impostos pelos Filipes. Em seguida, na
mesa das reuniões da corte, o rei consegue aprovar um imposto, a décima,
muito mais abrangente do que os impostos filipinos. Este incidia sobre todos os
grupos sociais e sob todos os rendimentos (trabalho, agricultura, indústria,
artesanato, …). O clero e a nobreza, em negociações conseguiram transformar
o imposto em donativo e assim obterem uma isenção do pagamento de 10%
sob todos os rendimentos. Este imposto surge para financiar a guerra, mas vai
manter-se durante toda a história. A junta dos Três Estados, criada em 1643,
tinha como objetivo organizar e controlar a cobrança da décima por todo o
território.

Reorganização dos organismos centrais na Monarquia:


▪ 1640- conselho de guerra
▪ 1642- conselho ultramarino
▪ 1643- Junta dos Três Estados
▪ 1649- Companhia do comércio do Brasil: com o objetivo de
acompanhar as frotas que vinham do Brasil com o açúcar, que eram
muito atacadas pela pirataria. Tentava-se, assim, proteger os navios
oriundos do Brasil carregados de açúcar e tabaco. Com a
participação de muitos mercadores consegue-se a criação da
companhia. Companhia vai sobreviver com algumas dificuldades,
uma vez que os mercadores mais ricos eram os cristão novos,
afastados pela forte perseguição que a inquisição levava a cabo.
Diz-se que o Açúcar foi o responsável por “pagar” a restauração.

Inicialmente D. Joao IV sentiu necessidade de mostrar a sua legitimidade como Rei e


depois era necessário recolher apoios no exterior, alcançar a paz com os inimigos de
Espanha e reconquistar as colónias perdidas para a Holanda. Era necessário preparar
Portugal para o futuro, para que não volta-se a cair em alçada espanhola.
Para legitimar o seu lugar como rei convocou várias Cortes em 1641,1642,1646,1653,
pois precisava de garantir a sua posição e o apoio do Reino.
o Nas Cortes, o Rei afirma que tinha uma ligação com D. Joao III, de
quem era bisneto, para alem disso usou o argumento da “tirania” e o
facto de que os espanhóis tinham posto em causa o estatuto
autónomo de Portugal.
o Para garantir que não iria perder o seu poder e para dar aparência
de que todos tinham um lugar de decisão, este convoca mais
4(1641, 1642, 1646 e 1653) cortes ao longo do seu reinado;
Portugal era um “recém-nascido”, que precisava de crescer diplomaticamente e
militarmente, criar ligações para sobreviver e manter o seu império se possível.
No plano internacional, D. João IV com a ajuda dos seus diplomatas procurou
firmar a paz, como a Holanda e Inglaterra.
Conseguiu-se ainda uma aliança com a França e a Suécia. Os tratados de paz
e os acordos mais importantes só aconteceram depois da morte do Rei.

• Espanha nunca desistiu de recuperar Portugal e por isso vão existir


imensas escaramuças nas fronteiras ao longo de 30 anos. E para continuar
a Guerra era necessário continuar a cobrar impostos e por isso apesar de
ter sido extinto o “Real d’ Agua” foi criado um novo imposto “a decima”, que
era a cobrança de 10% sobre todos os rendimentos e bens transacionados,
independentemente da condição social (Convocou as cortes em 1641 para
aprovar a décima) para financiamento do exército. Sendo assim em termos
fiscais, pouco mudou. No entanto, foi pela 1ª vez na europa que se criou
um imposto abrangente que insidia sobre todos os rendimentos. O clero e a
nobreza conseguiam negociar e não pagar em rigor toda a décima.

• Os fracassos diplomáticos, a pressão fiscal e a devastação pela guerra


criaram um clima propício para motins e tentativas de assassinato do Rei,
que ocorreram um pouco por todo o mundo.

• A repressão por medo de conspiração foi implacável durante o seu reinado,


apesar de ser uma pessoa amada pela população.

A GUERRA DA RESTAURAÇÃO

Durante a guerra da Restauração (1640-1668), Portugal teve enormes dificuldades no


recrutamento e manutenção dos exércitos, onde a falta de alimentação, vestuário e
armamento foram marcantes. Havia carência de experiência militar das chefias e
preparação técnica, assim como ocorrências de dissidências entre chefias a propósito
de questões hierárquicas.

1. Ponto de Partida
• O 1 de Dezembro foi o típico golpe palaciano levado a cabo pelos 40
restauradores.
• Conspiração levada a cabo por fidalgos e a nobreza da cidade de
Lisboa.
• Grupo de restauradores fica registado como "os 40 da fama", mas
foram, na verdade, cerca de 71 fidalgos e 36 nobres.
• O golpe foi acompanhado por assassínios políticos e a defenestração
que atingiu Miguel de Vasconcelos, símbolo local da administração
espanhola do conde-duque de Olivares.

2. Motivos para a Restauração


• Vontade comum a todos os territórios da monarquia portuguesa à Restauração
- Descontentamento geral.
• Tensões que já se sentiam em Lisboa pela ascensão ao poder, em Madrid, do
valido de Filipe IV, o conde-duque de Olivares. Esta fação de Olivares causa o
descontentamento necessário para a rutura.
• Revoltas anti tributárias que abrangeram, principalmente, o Sul do reino em
1637.
• Supressão do Conselho de Portugal (1639).
• Tentativa de coagir a nobreza portuguesa e o próprio D. João a participar na
guerra da Catalunha.

3. Conde-Duque dos Olivares


• A fação de Olivares causou o descontentamento necessário para a rutura.
• Publica a memória da união de armas o que desagrada a nobreza portuguesa.
• Põe em causa o estatuto do reino reconhecido na carta patente de 1582,
depois das Cortes de Tomar de 1581, que definem o estatuto constitucional de
Portugal.
• Tendo sido, por isso, o Conde-Duque de Olivares um dos maiores
"impulsionadores "da Restauração, com o seu reformismo e com as violações
dos pactos com Portugal.

4. Cortes de 1641
• O Duque de Bragança é reconhecido como Rei e fica definido o discurso da
justificação da Restauração:
o Legitimidade dinástica da Casa de Bragança.
o Duque de Bragança era o "Rei Natural".
o Argumento da tirania relativamente a Habsburgo.

5. A Guerra da Restauração (1640-1668)


• A nova dinastia era vista como expressão de uma vontade divina.
• Foi sendo quase sempre interpretada como um testemunho da precoce
identidade nacional lusa, esmagada pelo domínio filipino.

Visão do Exterior: No exterior, os restauradores foram encarados como rebeldes a um


soberano legítimo. Espanha, até então, era a designação de toda a Península.

6. Habsburgo em Guerra com o exterior


Fatores externos que prejudicaram a causa Espanhola:
• Guerra com os holandeses desde 1621
• Rebelião da Catalunha (prioritário em relação a Portugal)
• Guerra em França em 1653
• Etc

7. “Inovações” da Restauração
• Supressão, por um tempo, do "real-d'água".
• Criação da décima, um novo imposto que pressupunha o pagamento de um
décimo de todos os rendimentos. (Muitos nunca foram pagos, principalmente
por parte do Clero)
• Necessidade de recorrer a outros expedientes financeiros, como a obtenção de
créditos para fazer face às despesas de guerra.
• Outras iniciativas tributárias lançadas pelo novo regime, sem a consulta das
Cortes (1656/1657) o que leva a revoltas.
A Guerra diplomática.
A) As dificuldades de Portugal:
• Extrema debilidade de apoio internacional à Restauração.
• Apesar dos apoios prometidos pela França, os portugueses foram
excluídos dos Tratados de Vestefália (1648) o que acusa falta de
reconhecimento de legitimidade.
• Saídos de uma restauração, Portugal não dispunha de agentes com
experiência internacional, tendo de improvisar um corpo diplomático que
recruta a alta aristocracia (alcançando o reconhecimento internacional da
autonomia de Portugal).
B) Relações com Espanha
Podemos ver 2 momentos:
• Durante a guerra com a Catalunha, foi quase uma guerra defensiva para a
Espanha.
• Na última década entre 1656 e 1668 ofensivas espanholas e vitoriosas
respostas portuguesas.
• Até à viragem para a frente ocidental utilizam duas armas: o bloqueio
comercial e o isolamento diplomático.
• Conflito termina só em 1668.

C) Relações com França


• Rivalidade entre o cardeal Richelieu e o conde-duque de Olivares.
• França procurava incentivar uma rebelião em Portugal para aliviar a
pressão militar que sofria em várias frentes.
• Richelieu oferece apoio naval e socorro regular contra os Espanhóis.

D) Relações com a Holanda


• Tensão permanente entre os objetivos das duas partes no continente e os
que prosseguiam nas colónias, porque os Holandeses tinham avançado
bastante no Antigo Império português.
• Assinam um tratado em 1641 que apenas atendia às pretensões
portuguesas.
• Em 1661 seria acordada a Paz, restituindo o Brasil a Portugal, a troco de
indemnizações e concessões comerciais relevantes.
• Em 1669 há um novo tratado e ficam dois territórios indianos e os
rendimentos do sal de Setúbal como penhor das dívidas portuguesas.
E) A Aliança Inglesa
• Em 1642 assinado um tratado que abria aos ingleses as portas de Portugal
e das suas colónias no Oriente e em África e conferia privilégios aos
negociantes britânicos.
• Em 1654, Cromwell impõe um tratado aos Portugueses (ratificado e, 1656
sob ameaça militar inglesa), no qual lhes concedia muitos privilégios
comerciais como o comércio direto com o Brasil.
• Em 1661 tratado e casamento de D. Catarina de Bragança com Carlos II
que prevê a entrega de Tânger e Bombaim aos Ingleses.
• Foi de Inglaterra que vieram tropas e intermediação para a paz final com
Espanha em 1668.
F) Santa Sé
• Não excomunga o soberano português mas há uma rutura.
• Não reconhecia os vigários diocesanos propostos pelo Rei.
• Só em 1669, depois de firmada a paz com Espanha, é que o Papa aceitou
finalmente receber o embaixador de Portugal em Roma.
A perseguição aos cristãos-novos.
A reconfiguração das casas aristocráticas: a extinção das consideradas não fiéis à
monarquia portuguesa e a integração dos seus bens na Casa do Infantado.

Após a morte do monarca português, entra em cena D. Luísa de Gusmão que fica a
reger Portugal até 1662, ano em que seu filho, Afonso VI, toma o controlo.

Regência de D. Luísa de Gusmão (1656-1662)

• D. Luísa de Gusmão foi nomeada regente do Reino até o seu filho D. Afonso VI
alcançar a maioridade.
• A sua governação é apoiada nos Conselhos (Estado, do Comércio e da
Guerra) e tribunais (Desembargo do Paço e Suplicação de Lisboa) mantendo a
direção política de D. João IV. Rejeita dar o trono a seu sucessor pela sua
postura de débil, o que a levou a uma aposentadoria forçada do reino. A sua
regência foi bastante atribulada:
o Havia um agudizar de tensões entre os diversos partidos da nobreza;
o Havia divisões dentro da própria família real, pois D. Luísa de Gusmão
preferia que fosse o Infante D. Pedro, o rei;
• Em 1662 ocorre um golpe palaciano, devido ao facto de ser uma corte cheia de
intrigas e de diversas fações.
• Entretanto chega a cena o III Conde de Castelo Melhor, que era um ex
conselheiro
do Rei, que manipula D. Afonso VI a assumir o cargo. No entanto, D. Luísa não
lhe entrega o poder de imediato, pois o herdeiro era suposto ser D. Teodósio
que morrera prematuramente aos 18 anos. E sendo assim a regência acabou
por ser entregue a D. Afonso VI.

Reinado de D. Afonso VI (1662 – 1667)


• D. Afonso VI não tinha sido educado para Reinar, pois acreditava-se que seria
D. Teodoro a reinar, no entanto este acaba por falecer. Assim, o trono caía nas
mãos de um despreocupado com comportamentos homossexuais “que se dava
mais com o povo do que com a corte”.
• Fazendo referência ao seu amigo António Conti, que foi um comerciante
genovês, que soube influenciar o rei até se encontrar a viver com este no Paço
Real.
Quando D. Afonso VI sobe ao poder vão existir algumas mudanças na governação:
➢ O III o Conde do Castelo Melhor tornou-se o “válido do Rei” e foi nomeado
o Escrivão da Puridade. Conseguiu ainda controlar e monopolizar o acesso
ao Rei. D. Luís de Vasconcelos e Sousa é o homem chave da governação
de D. Afonso IV, pois é ele que organiza todos os acordos feitos;
➢ Afastou as figuras da governação de sua mãe como é o caso do Duque de
Cadavál;
➢ Passou a existir um próprio cerimonial no Paço, tornado cada vez mais
impossível o contacto com o monarca;
Durante o seu reinado:

• Permanecem os conflitos com Espanha, sendo os mais conhecidos a Batalha


de Montes Claros e a Ameixoeira;
• Em 1666 dá-se o casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca Isabel de
Saboia,
negociando assim uma aliança com França, que é o primeiro casamento que
se realiza
fora de Espanha. A sua relação com o marido é muito tumultuosa, circula na
corte que o casamento não é consumado. A rainha acaba por abandonar o
palácio e passou a ser vista como a cabeça dos interesses franceses em
Portugal e por isso refugia-se num Convento.
O estilo autoritário do Conde de Castelo Melhor fez aumentar o descontentamento
entre aqueles porque não conseguiam ter merces ou influencia sobre o rei. Neste
contexto é possível ainda referir as tentativas de interferência de França e
Inglaterra em Portugal. Cria-se assim um clima propicio a um novo golpe palaciano
e emerge uma nova figura, o Infante D. Pedro, que se mostra com mais
capacidade para reinar e para alem disso circula o rumor de que este tem uma
relação com a cunhada. D. Pedro acusa o Conde de Castelo Melhor de uma
tentativa de envenenamento e por isso o Conde é afastado e o Rei torna-se uma
figura frágil.

Em 1668, são convocadas Cortes, para afastar D. Afonso IV do poder e aclamar D.


Pedro como regente. Para reforçar isto tenta-se mostrar que o casamento nunca
tinha sido consumado, logo o Papa poderia fazer a anulação do casamento. E D.
Pedro poderia casar com D. Maria Francisca, do qual resulta uma filha como o
nome de Isabel Josefa Joana. D. Afonso IV é exilado para os Açores, mas
considerou-se que ele poderia provocar uma revolta e depois volta para Sintra e
viverá em Sintra até à sua morte em 83. D pedro nunca se intitulou rei até à morte
do Rei, mas sim como regente e só se declara rei à morte do Rei em 1683.
Regência e Reinado de D. Pedro II (1668-1706)
• D. Pedro começa, em 1668, a sua atribulada vida política. D. Pedro que ficou
com o cognome de “o pacífico”, pois fora na sua regência, em 1668 que
conseguiu definitivamente cessar com os conflitos com a Espanha (Tratado de
Lisboa) e a Holanda, cessando assim a Guerra da Restauração (1580-1640).
o Inicialmente defrontou-se com a gravíssima situação económica e
financeira do Portugal recém-restaurado e arruinado por vinte e oito
anos de guerra sem tréguas, entre Portugal e Espanha e depois dos
sessenta anos de estragos diretos e indiretos do domínio filipino.
o Tendo em conta a constante e continua guerra com Espanha foram
reformadas uma grande quantidade de fortalezas. Em 1668 chega-se
finalmente a um tratado de paz com Espanha. Também só em em 1668
é que se confirmou a paz definitiva com a Holanda, a custo de uma
avultada indeminização de compensação. Em 1669, um embaixador
português é finalmente aceite pelo vaticano, o que prova a aceitação do
Papa e o reconhecimento de Portugal enquanto reino.
• Portugal era um país de agricultores, mas a agricultura não era uma atividade
que gerava rendimento. A atividade que mais lucro dava à nação era o
comercio colonial,
principalmente do açúcar, pois alimenta o trafico de escravos. Mas a partir dos
anos 70, existe uma maior concorrência por parte da Holanda. Sendo assim o
preço do açúcar começa a baixar. E a rota do Cabo do Oriente também já não
tem os mesmo lucros devido à concorrência dos Ingleses e Holandeses.

Devido à crise vamos assistir algumas medidas para controlar a crise. Sendo assim o
Conde de
Ericeira toma medidas mercantilistas (estilo do Ministro das finanças de D. Luís XIV –
Colbert) , de uma política económica protecionista e incremento das atividades
manufatureiras.
O que é o mercantilismo? “Uma doutrina de política económica, mais do que economia
politica. É propriamente falando um estado de espírito que se anuncia desde o século
XV e reina em plena exclusividade no seculo XVII” J.Morins- Comby.
É uma política economia que pode assumir diferentes expressões de acordo
com as necessidade do Estado.
Terminada a guerra da restauração: Portugal encontra-se numa situação económica
grave – instalou-se uma crise comercial: A crise da prata, açúcar e tabaco.
A economia assentava nestes pontos:
o As minas esgotaram, comprometendo o comércio com o Oriente.
o Franceses e Holandeses ao apreenderem a plantação e laboração do açucar
lançaram um mercado gerando concorrência.
o Armazéns do porto do litoral estavam cheios pois não tinham saído no mercado
internacional.
o Os tributos cobrados pelos portugueses e que incidiam sobre a produção
agrícola e artesanal eram insuficientes.
O que fazer? Diminuir as importações, tentando criar riqueza/produto interno para
pagar as importações.
Sendo assim a política de D. Pedro II era mercantilista.
Quais foram as políticas adotadas para superar a crise?
o Produção de plantas orientais no Brasil: canela, cravo e pimento. A tentativa
de transposição das especiarias para o solo brasileiro não foi bem sucedida
com a tecnologia da época.
o A produção “Industrial”: D. Pedro tenta desenvolver as manufaturas nos
locais onde houvesse experiência manufatureira, tais como a serra da
estrela, covilhã.
o Publicação das pragmáticas.
o Desenvolvimento das manufaturas, principalmente nas regiões de produção
de lã, vidro e ferro.
o Observa-se uma certa dependência do estrangeiro em técnicos
(Italianos, alemão, ingleses). No caso da lã foram contratados
técnicos Ingleses para a Covilhã. Sabotaram a industria.
o Começam a produzir-se produtos de luxo, que são destinados às elites com
poder
económico. E, portanto, as medidas vão no sentido de produzir, mas isso não
chega, era necessário implementar taxas aos produtos estrangeiros;
o Pretendia-se que a elite portuguesa comprasse o que era português e assim
aumentasse a economia nacional. Implementa-se então as Pragmáticas, que
proíbe o uso de determinados produtos estrangeiros, ou seja, as mulheres não
poderiam usar roupa estrangeira. Tudo isto vai no sentido de equilibrar a
balança comercial;
o Assinou-se ainda o Tratado de Methuen,(1703) em que Portugal é obrigado a
comprar os têxteis ingleses e em troca vendíamos o Vinho do Porto. Como é
logico as manufaturas vão sair afetadas e entram em falência. Este tratado é o
resultado do falhanço desta política.
A expansão da dominação portuguesa no Brasil: Colónia do Sacramento na época
da sucessão. A presença portuguesa nos limites meridionais do Brasil tinha como
objetivo recuperar os fluxos de prata do Peru cujo era um metal importante para o
comércio com a China.
Camaras: instituições de governo local.
Em suma: Perante a grave crise comercial ocorrida nos finais do século 17 o país
procura tentar equilibrar a balança comercial diminuindo a importação de tecidos de lá
e aumentando a sua produção na fábrica da Covilhã. Tenta também dinamizar a
economia Brasileira procurando outro e prata.
Normalmente, os esforços de desenvolvimento industrial em Portugal ocorrem em
períodos de crise, e quando esta é superada larga-se esse desenvolvimento. É uma
constante histórica no país.
Isto vai levar a algum desenvolvimento, e muitas das manufaturas foram incentivas
pela Coroa, com por exemplo o monopólio de produção, ou com cotas benéficas e
permite-se que se vá buscar técnicos estrangeiros.
Portugal pretende inicialmente afastar-se ao máximo de conflitos internacionais.
No entanto, D. Pedro acaba por se envolver na Guerra de Sucessão Espanhola.
Há um determinado momento em que há vários pretendentes ao poder, alias até
D. Pedro era um pretendente, mas este não tinha peso. Portugal começa por
apoiar França e depois Inglaterra e as fronteiras portuguesas começam a ser
invadidas.
Como já foi referido, este casou, inicialmente com D. Maria Francisca Isabel de
Saboia, do qual surgiu D. Isabel Luísa Josefa, que ficou conhecida pela “sempre
noiva”. Como a sua mulher morre, e o Rei só tinha uma descendente feminina,
este casou com D. Maria Sofia Isabel de Neubug, uma mulher com enorme peso
no Sacro Imperio Romano. Deste casamento surgem muitos descentes e teve
também muitos descendentes fora do casamento (e estes filhos bastardos acabam
sempre por ter bons destinos).
Estando a dinastia cada vez mais consolidada, convocam-se apenas duas cortes
(1674 e 1679), começa então a existir marcas de um poder mais centralizado, pois
um Rei que não convoca cortes mostra que não necessita da opinião ou apoios.
Em conclusão, D. Pedro II adotou uma política de relativo distanciamento face aos
conflitos continentais, apesar de alguma oscilação nas aproximações em relação à
França e à Inglaterra. Este foi o momento decisivo de consolidação da nova
dinastia, devido à paz externa e ao restabelecimento do domínio das colonias e
também devido aos mecanismos que permitiram estabelecer a sucessão à Coroa.
Para alem disso, pôs se fim à política de merces e adotou-se um modelo de
funcionamento da administração mais central, que levou à perda de influência da
nobreza no seio das Cortes.
Reinado de D. Joao V (1706-1750)

• D. João Francisco António José Bento Bernardo Bragança conhecido como D.


João V governa desde 1706 a 1750. Sendo, portanto, um reinado muito longo e
ficou conhecido pelo reinado de ouro e pelo Convento de Mafra, por ter sido
ainda um grande mecenas e um homem culto que falava várias línguas. Amor
ao luxo e exagero, influenciado pelo monarca francês Luís XIV.

Vetores estruturais do seu reinado:

• A política externa
• A estrutura da corte
• O investimento cultural
• A preponderância económica do território brasileiro e a definitiva decadência da
presença portuguesa a Oriente.
• A afirmação da centralidade régia
• Reestruturação dos órgãos da administração central com a criação das
secretarias de estado.
• Reestruturação do exército.

→ Política externa:
o Portugal tentou a todo o custo manter a sua neutralidade é por isso que não
faz parte da Quádrupla Aliança, mas acabou por participar na Guerra de
Sucessão
Espanhola, o que levou a tropas e generais portugueses a participar numa
ocupação de Madrid. Portugal inicialmente alia-se ao pretendente francês,
mas acaba por mudar de lados e alia-se agora ao candidato austríaco, que
era apoiado por Inglaterra. Em caso de vitória, Portugal ganharia algumas
praças fronteiriças na Estremadura e na Galiza. No entanto os aliados
acabam por ser derrotados e sobe ao poder o Arquiduque Carlos e assim
os aliados acabam por assinar o Tratado de Utreque;
o O envolvimento na Guerra da Sucessão Espanhola levou a algumas
consequências internas: motins populares aumentaram, a agricultura piorou
e o pagamento ás tropas atrasou-se.

→ A partir do momento que Portugal se alia à Inglaterra cria-se uma ligação


que
se vai consolidando ao longo dos tempos. Acaba-se por assinar o Tratado
Comercial de Methuen – que põe fim ao desconforto que o país passava mas
que iria trazer graves consequências para Portugal. Dá-se o início da
dependência face à Grã-Bretanha, a aliança é acionada quando Portugal
necessita de apoio militar, mas estas tinham exigências;
Também se assinam tratados de paz com França em 1713 e com Espanha em
1715.
Com a assinatura do Tratado de Metheun houve o abandono da política
protecionista das manufaturas. No entanto, o trabalho de oficina e doméstico
não diminuiu.

→ Essa estratégia de consolidar a imagem de Portugal no estrangeiro é feito


por
embaixadas à China, à Santa Sé, à Áustria, à França, em que se lançavam
moedas de ouro. Foram enviados imensos portugueses à cortes europeias,
apesar de nem sempre as relações serem as melhores.
Como é o caso da França em que as relações estiveram cortadas entre
1722 e 1730. Ou como é o caso da
Espanha, em que se tentou restabelecer as relações com alianças
matrimoniais, como é o caso do casamento entre D. José e D. Maria
Ana Vitória e de D. Fernando de Espanha com a Infanta D. Maria
Barbara, mas apesar de tudo chegou-se mesmo a declarar estado de
guerra entre os dois países.

→ O rei pretendia apostar agora no reconhecimento da importância de Portugal


na
cristandade. As preocupações diplomáticas eram também a afirmação da
Santa
Sé. Isto porque para as monarquias católicas este era o poder decisivo. O
objetivo era equiparar Portugal com as grandes monarquias católica. Houve
inicialmente uma rutura de relações.

O rei pretendia o título de “Rei Fidelíssimo” e a elevação da Capela Real à


dignidade de Igreja e Basílica Patriarcal e ainda queria poder ter papel de
decisão sobre a escolha dos bispos.

Objetivos de D. João V:
o Neutralidade dos conflitos europeus
o Defesa dos interesses coloniais portugueses
o Aumento do prestígio da Coroa ao nível das grandes potências
europeias.
o Reforço da autoridade régia.

• Casamento: O Magnânimo casou-se com a sua prima direita, D. Maria Ana de


Áustria,
teve seis descendentes legítimos, entre os quais Maria Bárbara (mulher do
futuro
Fernando VI de Espanha), José (futuro D. José, seu sucessor no trono
português). D. João V manteve múltiplos casos amorosos extramatrimoniais,
como aconteceu com a Madre Paula, de quem teve filhos ilegítimos, como os
três Meninos de Palhavã.

• Centralização do poder: A reunião de Cortes foi se tornando cada vez mais


escassa, o
Conselho de Estado, antes o centro de decisão política, parece ter deixado de
se reunir
desde 1720. Deu-se então uma reforma nas secretárias de Estado, passando
então a existir uma Secretaria de Estado do Reino, uma outra da Guerra, de
Negócios Estrangeiros e da Marinha e Ultramar. Segundo se sabe D. João V e
o Cardeal João Mota ocuparam-se pessoalmente de quase todos os assuntos
e conhecia-os com surpreendente pormenor.

• Reforçou-se ainda mais a administração periférica com a nomeação de mais


juízes de fora. Isto permitia que o poder do Rei se fizesse sentir em todas as
partes do Reino. No entanto, nos últimos anos da sua vida, com a morte do
cardeal e a doença de D. João V, a administração central começa a decair.

• A vida na Corte: O rei tem o poder e assume posição central. Viviam por esta
altura
muitas pessoas na Corte, que tinham como tarefas vestir e alimentar o Rei. As
pessoas
que tinham estas tarefas eram por norma duques e Condes. A corte tornou-se
num
instrumento político de domesticação da aristocracia, pois o rei faz isto para os
poder
controlar e para garantir a sua lealdade. O mordomo mor ocupava o primeiro
lugar na
hierarquia e era responsável por todos, o camareiro mor tinha a intendência
sobre a
camara do Rei, ou seja, o seu quarto e o seu vestuário. Copeiro mor
responsável pela
bebida do rei, o Vedor, administrava o serviço da mesa do rei, governava a
cozinha,
mestre-sala, que dava a ordem das cerimónias e assistia nas audiências.
o Surge também a Lei dos Tratamentos (1739), que tinha como objetivo
implementar regras de como alguém se deveria dirigir as pessoas em
contexto da corte.
• Reinado do Ouro: O Reinado de D. João V começou na penúria devido à crise
do açúcar.
Nesta altura, também ocorreram diversos conflitos no Oriente, onde há um
ataque as
posições portuguesas e neste contexto perde-se Goa. Entretanto a grande
prioridade deste reinado passa a ser o Brasil, pois este registava um aumento
de prosperidade económica e era fundamental para o equilíbrio financeiro da
monarquia.

Entretanto surge as incursões dos bandeirantes para o interior de São Paulo,


onde finalmente se descobre materiais preciosos e ouro. A notícia espalhou-se
rapidamente, o que fez com que houvesse um maior fluxo migratório para a
região, o que levou à Guerra dos Emboabas.
A coroa em resposta ao aparecimento de ouro lança um novo imposto, que
ficou
conhecido como o “Quinto”, que representou uma importante fonte de
rendimento para a coroa portuguesa. Só ao final do seu reinado é que as
remessas de ouro vão começar a descer. É importante referir que a região do
Rio da Prata era uma zona fronteiriça entre os dois impérios e, portanto, foi
necessário estabelecer novas fronteiras. E é assim que surge o Tratado de
Madrid, que refletia a realidade da ocupação. E com isto Portugal tinha que
entregar a colonia de Sacramento e em troca recebia o território dos Sete
Povos das Missões.

• Investimento cultural: Outra forma de mostrar a sua superioridade foi através


do
investimento cultural, que por vezes só aconteceu devido ao ouro do Brasil:

→ Criação da Real Academia da História em 1720;

→ A construção do Convento de Mafra, pois tinham pedido uma


promessa
aos franciscanos, pois os reis estavam com dificuldade em conceber. O
rei foi buscar os melhores arquitetos estrangeiros;

→ Construiu também a Biblioteca Joanina, o rei fez uma constante


doação
de livros para apetrechar a biblioteca. O edifício alberga cerca de 200
mil volumes. A biblioteca foi feita pelas rendas da universidade e não
pelo
ouro do Brasil;

→ Foram também construídas obras mais praticas como o Aqueduto


das
Águas Livres e a Criação da Capela de São João Batista, Igreja de São
Roque em Lisboa;

→ Na corte existiam ainda muitos músicos, pintores, arquitetos,


cientistas
e outro tipo de génios estrangeiros, criando-se ligações com França e
Itália. É também uma época de grande circulação de livros e periódicos,
por exemplo a Gazeta de Lisboa e o Mercúrio Político.

• Investimento das manufaturas: Foi iniciada uma política de investimento nas


manufaturas no reinado anterior, mas é neste reinado que se pode verificar a
criação de novas manufaturas como é o caso da Fábrica de Papel da Lousa,
Fábrica de Vidros da Coina e as fabricas da pólvora, fábrica de sedas de
Lisboa. Promulgou-se também várias pragmáticas (em 1708, quando o ouro
ainda não tinha chegado e 1759, quando já praticamente não havia ouro).
D. João V morre em 1750 de causas naturais, apesar dos seus vários ataques
e paralisias. O reino que este deixa é completamente diferente dos anos de
ouro do seu reinado, o final do seu reinado dá indícios que os tempos difíceis
iriam voltar.
CONTÉUDOS:
No tempo do marquês de Pombal: contexto e políticas.

• Sebastião de Carvalho e Melo: percurso político e ascensão social.


• "A cultura das luzes". A consciência do atraso da sociedade portuguesa.
• Terramoto de 1755; Impactos patrimoniais nos edifícios da Coroa, Solares da
nobreza, igrejas e casas particulares.
• Fenómeno natural ou castigo de Deus: o confronto entre a ciência e a religião.
• O Regicídio? (1758); as casas senhoriais que foram acusadas do atentado e que
sofreram exemplares castigos (Caso dos Alorna, dos duques de Aveiro e outros).
• A afirmação do “regalismo”; A expulsão dos Jesuítas1759); Criação da
Intendência Geral da Polícia (1760; O controlo da Inquisição.
• Criação da Real Mesa Censória com atribuição da censura dos livros (1768).
• A repressão brutal do motim no Porto.
Bibliografia: Nuno Monteiro, ob.cit, pp. 357-377. Francisco Ribeiro da
Silva, Absolutismo esclarecido e intervenção popular. Os motins do Porto de 1757.
Margarida Sobral Neto “Poder central e poderes locais na época pombalina”. In
Revista Século XVIII. Lisboa. Vol. X, t. X (2000), pp. 177 – 182
Afirmação do poder pessoal de Pombal.

• Valorização do conselho de Estado.


• Afirmação das Secretarias de Estado como centros de decisão política.
• Intervenção reformadora e autoritária do Estado em vários domínios.
Bibliografia: Nuno Monteiro, ob.cit, pp. 357-377.
A política económica pombalina: a tentativa de aplicação das ideias
mercantilistas.

• A crise agrária e comercial. A diminuição do afluxo do ouro.


• A criação de companhias monopolistas.
Bibliografia: Nuno Monteiro, ob.cit, pp. 357
O reinado de D. Maria I e regência de D. João VI
Os poderes que organizam o território na Época Moderna.

• A Coroa, os senhorios, os concelhos, as companhias de ordenança e a igreja


(dioceses e paróquias).
O poder concelhio na época moderna.

• Enquadramento normativo;
• Tipologia de concelhos;
• composição e perfil social das vereações;
• funcionários das câmaras e prestadores de serviços externos;
• atribuições dos concelhos.
Bibliografia: consultar sumário desenvolvido e, em particular, a obra de Maria Helena
da Cruz Coelho e Joaquim Romero Magalhães intitulada "O Poder concelhio", pp.
45-76
A população portuguesa na época moderna.

• Modelo demográfico de Antigo regime. Fatores estruturais e conjunturais


explicativos do crescimento lento da população.
• Contagens populacionais: os censos de 1527/32 e 1801. Outras contagens.
• Fatores propiciadores de mortalidades excessivas e formas de atuação perante
a doença e as epidemias.
A Sociedade portuguesa de Antigo Regime.

Contexto geral:

Cultura das Luzes: Ideias que fizeram parte da matriz europeia, que vinham já dos gregos.
Esta era a cultura dos intelectuais dos finais do seculo 18, consideravam que era esta que
deveria guiar a humanidade.

O Iluminismo é uma corrente de origem humanista que vai no século XX convergir com os
direitos humanos. Caracterizou-se pela "pluralidade de movimentos nacionais e regionalmente
heterogéneos" inspirado nas ideias de pensadores reformistas que criticavam a "ignorância e o
obscurantismo". Em Portugal, os iluminados, nome dado aos pensadores desta corrente,
tinham a consciência do atraso económico e cultural que tanto atingia o país.

Tais situações em Portugal não aconteceram com o mesmo vigor que em outros países,
estrangeiros e estrangeirados sentiram e tomaram consciência deste atraso, surge a vontade
de introduzir reformas na economia, na sociedade, na cultura e na educação.

• Forte componente humanista e assume uma diversidade de expressões (depende


muito dos autores que refletem sobre estas matérias).
• Os pensadores são reformistas que lutam contra a ignorância e o obscurantismo (Idade
Média/idade das trevas).
• Alguns autores autodenominavam-se os estrangeirados: ou seja, os intelectuais que
viveram no estrangeiro, embaixadores que frequentavam as cortes europeias.
• Em oposição a estes, existia os castiços (de forma pejorativa) aqueles que nunca
tinham passado a fronteira.

NO TEMPO DE POMBAL (Contextos e Políticas)

Século XVIII (em particular 1750-1800).

• Na europa viveu-se um tempo de profundas mudanças económicas e políticas.


• Em Portugal houve a consciência do atraso do país, expresso por estrangeiros e sentido
por intelectuais portugueses (denominados estrangeirados) e a vontade de introduzir
reformas na economia, na sociedade, na cultura, na educação.
o Os viajantes, era algo comum no seculo XVIII que escreviam relatórios do que
viam de cada país. Estes intelectuais de várias nacionalidades davam uma
imagem de Portugal pouco positiva. exemplo: estradas intransitáveis.
o Os viajantes eram pessoas que viajavam pelo mundo e durante o século XVIII o
fenómeno dos viajantes começa a intensificar-se. escreviam nos seus relatórios
aquilo que viam e viviam. Passavam uma imagem muito negativa de Portugal...
diziam que as estradas eram intransitáveis. Um autor italiano, Goren, fica
indignado ao ver uma mulher carregar um molho de lã com a sua cabeça (esta
era uma atitude que não se compreendia- mulheres terem de carregar algo
pesado). Os portugueses liam o que se escrevia e, cada vez mais, começavam a
notar o evidente atraso.
▪ Os “reformistas" duvidavam das vantagens do tratado de Metheu com
a Inglaterra e defendiam a promoção de manufaturas no reino.
▪ Consideravam excessivo o peso das ordens religiosas.
▪ Perceção negativa das estruturas agrárias.
▪ Criticavam a atuação da inquisição.
▪ Gostavam de mudar os métodos de ensino.
▪ Denunciavam o "puritanismo" de algumas famílias da alta nobreza"

Durante D. José I (Sebastião de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal)- Acontecimentos


significativos:

• Terramoto de 1755.
• Regicídio (1758) e afirmação do "regalismo".
• Expulsão dos Jesuítas (1759).
• Criação da Intendência Geral da Polícia (sendo este conceito mais abrangente do que o
conceito atual) 1760.

Contexto político e ascensão social:

• O grande objetivo era ser considerado de 1ªnobreza. Acontece a sua ascendência


nobre, mas não de 1ª nobreza.
• Ingressou na academia real da história 1733.
• Diplomata em Londres e em Viena.
• Secretário de Estado dos Negócios e da Guerra e a partir de 1756 Secretário de
Estado do Reino.
• 1759- Recebe o título de Conde de Oeiras.
• 1770- Recebe então o título de marquês de Pombal.
• 1777- Demissão do marquês de Pombal dos cargos que exercia.

Teve uma carreira política intensa e publicou muitas leis sobre uma multiplicidade de assuntos.
Voluntarismo político dava-lhe força para mudar a organização económica e social.

A época moderna (século 16 aos inicos do seculo 19) caracteriza-se pelo respeito pela tradição.
A nível jurídico os tribunais tendiam a manter a tradição, iam ver as decisões tomadas em
certos assuntos em épocas anteriores como pontos orientadores.
Impactos do Terramoto a nível nacional e internacional.

• 25 a 30 mil mortos
• 20 mil casas destruídas.
• Edifícios das principais instituições destruídos (Rei e nobreza passam a viver em
tendas).
• Desorganização total do governo.
• Confrontos entre a Religião e Ciência.
• Terramoto como castigo de Deus.

O terramoto de 1755 em Lisboa, foi um dos acontecimentos mais marcantes do seculo XVIII,
quer a nível interno quer a nível internacional pelos interesses que trouxe a lisboa (cientistas de
várias partes do mundo). O terramoto teve um grande impacto nas perdas de vidas humanas,
em edifícios destruídos (desde os edifícios do governo aos solares da nobreza portuguesa), o rei
e a nobreza chegam a passar muito tempo a viver em tendas porque ficaram tão assustados que
temiam as replicas do terramoto. Um dos aspetos importantes sobre o terramoto é o confronto
entre religião e ciência. É natural que as conceções providencialistas eram maioritárias (pessoas
acreditavam que Deus intervinha na sociedade) e reforçadas através de membros políticos que
diziam que o terramoto tinha sido um castigo de Deus. Um dos maiores defensores desta ideia
foi o jesuíta Malagrida.

Organização do espaço na Lisboa Pombalina através do 'Racionalismo' arquitetónico, patente


nas ruas traçadas geometricamente.

Mudanças institucionais:

• A afirmação da supremacia da realeza face a outros poderes.


• Reativação do conselho de Estado.
• Afirmação das secretarias de estado (centro da decisão política)
• Vasta legislação.
• Destaca-se a lei da Boa Razão. Leis régias portuguesas tinham supremacia sobre outras
fontes de direito incluindo o romano.
• Reforma (mas não supressão da Inquisição)

O "Terramoto social, político e institucional".

• Repressão dos culpados de intentarem contra a vida do rei.


o Prisão, confisco de bens e posterior execução de membros de algumas famílias
da nobreza.
o Expulsão dos jesuítas do país.
o Controlo do povo: Repressão brutal dos motins do Porto contra a companhia
dos vinhos do Alto Douro. Dissuadir a desobediência do povo.
• Tentativa de controlo de diversos grupos sociais
o Controlo dos bens e privilégios usufruídos pela nobreza e pelo clero.
o Criação da intendência geral da polícia: controlo e proteção social das pessoas
consideradas “marginais”.
o Inquisição passa para tutela régia.
o Criação de uma instituição de censura de livros (Real Mesa Censória)
o Controlo da nobreza e do clero: Criação da Junta das Confirmações em 1769,
com o objetivo de verificar a autenticidade de documentos que legitimavam
títulos de propriedade e privilégios. Não foi levado a cabo pela falta de
recursos e pela dificuldade.
• Oportunidades para a burguesia:
o Concedida á burguesia de vincular terras em morgadio
o Supressão dos atestados de limpeza de sangue (abolição da distinção entre
cristãos velhos e novos)
• Política económica
o Reorganização do comércio de acordo com ideias mercantilistas
o Criação de companhias monopolistas
o A companhia geral da agricultura e dos vinhos do Alto Douro.
o A criação da primeira região demarcado do mundo.
▪ Contestação dos produtores e dos taberneiros

Mudanças nos organismos estatais:

• Reativação do conselho de estado.


• Reforma do Erário Régio em 1761.
• Criação da Intendência Geral da Polícia da Corte e Reino em 1760.
• Criação da Real Mesa Censória e atribuição da censura dos livros (1768).
• Todos os livros que iam ser publicados teriam de passar pela inquisição - pela real mesa
censória. Muitos dos livros só circulavam clandestinamente, ainda que as instituições
possuíssem os livros. (???)
• Inquisição passa para a tutela régia.

Impactos do Regicídio (1758).

• Prisão dos membros das casas dos duques de Aveiro, marqueses de Távora, condes de
Atouguia e outros fidalgos (1758).
• Prisão de Jesuítas (Gabriel Malagrida 1759).
• Execução da sentença de pena capital aos 3º marqueses de Távora, a seus filhos (o 4º
marquês), ao conde Atouguia, ao duque de Aveiro e a criados destes titulares (1759).
• Confisco dos seus bens.
• Acusações feitas ao Jesuítas (Argumentos invocados)

Marca iluminista:

• Estatutos da Universidade de Coimbra inspirados no direito natural.


• Inspiração num humanismo católico.
• “Pombal não era um filho das luzes” (Monteiro)

Atuação dos Jesuítas no Brasil.

• Informações fornecidas por Gomes Freire- atuação dos jesuítas no Sul do Brasil.
• Informações fornecidas por Francisco xavier de Mendonça Furtado (governador do
Pará e Maranhão)
Atuação no Reino.

• Eventual participação no atentado contra D. José


• Controlo do Ensino.

Os jesuítas no Japão começaram a criar clero local, traduções do latim para o japonês,
tinham uma relação mais amigável.

Modelo político: Regalismo


Obra doutrinária

Práticas de Poder:

• Afirmação do poder pessoal do monarca, na prática de Pombal.


• Afirmação das Secretarias de estado como centros de decisão política.
• Intervenção reformadora e autoritária do Estado em vários domínios.

Intensa atividade de Legislação - bom indicador daquilo que Pombal pretendia atingir:

• Lei que proíbe a consolidação de bens eclesiásticos em 1768.


• Lei da Boa razão 1769: lei que determina o uso do direito pátrio como direito
subsidiário.
• Lei testamentária (1769).
• Lei sobre o morgado (1770).
• Lei que proíbe o transporte para Portugal de escravos vindos da África, Brasil e Ásia.
• Abolição do tráfego da escravatura na metrópole: são libertos e forros os escravos que
entrarem em Portugal.
• Lei que determina a supressão dos atestados de limpeza de Sangue (abolição da
distinção entre cristãos-velhos e novos)

O que mudou com Pombal?

• Reconstrução de Lisboa
• Criou a Companhia das vinhas do alto-douro
• Aboliu a distinção entre cristãos-novos e velhos.
• Extinguiu o estatuto de escravo para filhos de escravas nascidos em Portugal.
• Manteve a primeira nobreza.
• Criou condições para a ascensão de estratos superiores da burguesia ao poder

O problema da centralização do poder e do absolutismo


Poder Hando

• Centralização do poder e Absolutismo não são a mesma coisa.

Alexandre Herculano era um defensor do municipalismo e considerava que a partir de D. João


(que se dizia monarca absoluto e centralizador), com a progressiva centralização do poder, o
país tinha estagnado.
O esforço de centralização do poder tinha asfixiado o poder do povo. O caminho que levava o
processo liberal no sentido da centralização do poder, com a criação de uma instância
intermédia: distritos e governos civis. Pela primeira vez na história portuguesa houve uma
instância de poder entre a coroa e os municípios.
Investigação liberal - é quando se dão passos significativos na centralização do poder.

No plano teórico, a criação dos municípios e a atribuição de um conjunto de funções tornava


mais fácil a aplicação (nos municípios) das ordens do poder central. Já no plano prático, os
instrumentos que o poder central dispunha, na época moderna, para exercer o poder
efetivamente e os cargos e instituições que tinham capacidade para executar ordens régias
incluía essencialmente:

• Juízes de fora: magistrados formados pela universidade de Coimbra, atuavam ao nivel


do município e nas câmaras. Eram também os corregedores que verificavam o exercício
da justiça através de uma inspeção anual aos municípios onde verificavam se os
processos judiciais estavam conforme o pressuposto na lei.
• Estrutura que seria eficaz se houvesse, em Portugal, um juiz de fora para cada
município. No século 17 só 20% do território é que tinham juiz de fora. Por sua vez, o
corregedor ia apenas uma vez ao conselho e por vezes não ia a todos os conselhos
(pedia para que lhe levassem a documentação).
Sendo assim, a burocracia régia era insuficiente.
Vicens Vives, historiador, afirmava que era necessário distinguir o poder do mando, ou
seja distinguir o poder do exercício efetivo desse poder.

Os órgãos centrais do poder não tinham informações sobre o território nacional.


Os monarcas diziam-se absolutos, mas a sua ação era condicionada pela falta de
informação.

O conceito de poder e mando são importantes para perceber o exercício prático do


poder.

Crise comercial - a partir de finais da década de 60.


• Pombal governou numa época de crise comercial, decorrida da diminuição progressiva
das remessas de ouro vindas do Brasil.

Maus anos agrícolas + ano chuvoso que destruiu as colheitas. = crise na agricultura,
que O estudo do reino não pode ser desligado das vicissitudes do Império.

A crise agrícola tem reflexos nos preços e rendimentos, assim como nos rendimentos
das casas senhoriais.

Incapacidade das pessoas que trabalham nas terras, de pagar renda aos senhores.

A resposta á crise comercial: A Política do fomento industrial.


• Vitorino Magalhães Godinho refere uma nova depressão culminando em crise em
1768-1771 (anos difíceis). è uma crise mercantil e atlântica tendo haver sobretudo
sobre o Brasil, que conduz á segunda fase do despotismo esclarecido que é a
política industrializadora.
• Corelação entre crise comercial e política industrializadora.
• Mais uma vez o Estado português tenta industrializar o país, perante a escassez de
produtos.
• Em Portugal existia uma rede artesanal dispersa por todo o território, que servia as
pessoas que tinham menos rendimentos e com estatuto social mais baixo.

Surtos industriais (Pombal)


• "Técnica tradicional em oficinas dispersas pelas zonas rurais e centros urbanos, concentradas
por sua vez nas melhores regiões de matérias-primas ou tradicionalmente ligadas a
determinada atividade artesanal: assim era a maior parte da indústria no tempo de Pombal"
Borges de Macedo.

D. Maria I (1777-1816)

Reinado da "Viradeira".

• Tempo de reposição de equilíbrios.


• Tempo de tentativa de reparação dos excessos pombalinos.

Atualmente, tem-se que esta monarca e o futuro D. João VI foram os mais prudentes e
reformistas.

Pombal, com o seu voluntarismo político, quis mudar tudo, tendo sido o período em que se
publicaram mais leis: Explosão legislativa pombalina (Nuno Monteiro).
Estas leis tiveram efeitos perversos, com um determinado objetivo que depois, a sociedade e
particularmente os juristas, utilizaram-nas noutros sentidos. Exemplo: A legislação agrária.

O Reinado de D. Maria I foi então um tempo de equilibrar e averiguar depois de um tempo de


explosão de leis.
Isto não quer dizer que a atmosfera criada por Pombal não tenha tido aspetos positivos, até
porque muitos aspetos foram retomados no reinado da "Viradeira", no entanto, não houve a
prudência necessária.

A seguir á demissão de Pombal houve:

• A libertação dos presos políticos.


• Iniciou-se a revisão dos processos dos Távoras.
• Devolução às casas nobres de privilégios e mercês não renovados.
• Em relação á política manufatureira, perde-se o incentivo, embora houvesse sementes
deixadas por Pombal que tinham germinado, tal como a indústria de vidro da marinha
grande. A prudência falou mais alto, pois Portugal só poderia exportar produtos de
elevada qualidade e que tivessem aceitação no mercado internacional, caso contrário
sem acolhimento nesse mercado igualmente não teriam acolhimento no nacional. As
pequenas manufaturas já satisfaziam as necessidades nacionais, não era necessário
investir.
• Neste campo da política económica, surge pela primeira vez um esforço no sentido do
desenvolvimento da agricultura. Esta campo não satisfazia as necessidades do país,
nomeadamente em cereais que eram a base da alimentação da grande maioria da
população, portanto, há toda uma política de virada no âmbito da conceção liberal da
economia adotando medidas, não mercantilistas, mas fisiocratas (em que se considera
que a verdadeira riqueza do país vem da agricultura).
• Principal apoio da Academia das ciências de Lisboa de 1779, que se dedica aos
problemas agrícolas. Relevo dado às ciências naturais.
Bartolomeu qualquer coisa fala sobre a situação do país, nomeadamente no âmbito da
agricultura. Ora, não se conhece o país, principalmente ao nível da sua capacidade
agricultura, sendo desconhecido o que se poderia produzir, por exemplo, no Algarve.
Não havia nenhum método para dar a conhecer as potencialidades não só do país como
do Império, e assim a Academia encarrega os corregedores de fazer relatórios dos vários
territórios e começavam-se a preparar as "Viagens filosóficas", que eram viagens
científicas, na área da botânica, geologia, desenhistas, etc para elaborar relatórios as
potencialidades das colónias do Brasil. O objetivo era encontrar outros recursos que
pudessem ser aproveitados no Brasil.
• Há um grande esforço para conhecer as potencialidades ainda não aproveitadas do
território nacional e do Império.

D. Maria I e os seus conselheiros tomam duas iniciativas nesta área:

1. Ordena aos corregedores que, durante as correções, promovessem o cultivo da


batata e da criação dos bichos-da-seda.
2. "Obrigar" as pessoas que possuíam terras incultas a cultivá-las, sendo que na altura
os terrenos incultos eram considerados produtivos. Estas iniciativas vieram do
sentido de dinamizar a agricultura, que era pouco explorada e pouco se sabia
cientificamente. D. Maria também vai legislar o campo da justiça.
3. Tentativa de reorganização judicial do território.
4. Ela cria as condições para um debate que dará fruto no liberalismo, no que diz
respeito ao conhecimento do território, às potencialidades económicas
nomeadamente agrícolas, á rede fabril, ao conhecimento pela população, etc.

D. João VI (1816-26)

• O reconhecimento forçado da independência do Brasil.


• A monarquia constitucional

Os poderes que organizam o território na Época Moderna.

A Coroa, os senhorios, os concelhos, as companhias de ordenança e a igreja (dioceses e


paróquias).

Circunscrições administrativas/judiciais, militares e eclesiásticas.


• O poder materializa-se no território e no domínio sobre os recursos e sobre os
homens. Para ascender na carreira necessitava de ter rendimentos provenientes da
terra, portanto tinha de ter um domínio sobre um território.

Os poderes que organizavam o território na época moderna até ao século XIX:

• Coroa
• Senhorios
• Concelho
• Igreja

Circunscrição do poder.

• Províncias:
o Mapa das províncias coincide em parte com o das comarcas.
o As províncias não têm expressão institucional.
o Referências de organização do território.
o Espaços de identidade
• Comarca:
o
• circunscrição administrativa e judicial
• o aumento de comarca é uma tentativa de centralização régia
• ver pp
• Ouvidorias: supervisionadas por um ouvidor escolhido pela casa senhorial. Espaço de
jurisdições (...)
• Provedorias: áreas de exercício do provedor. Circunscrições administrativas e fiscais.

Poder e espaço.

• Senhorios: unidades de domínio territorial e ou jurisdicional de entidades nobres,


eclesiásticas ou ordens militares.
• Tipos de senhorios: Jurisdicionais: territórios onde os senhores exerciam diretos
delegados pelo monarca: exercício da justiça de segunda instância, tutela sobre as
câmaras. Territoriais.
• Concelhos.
• Companhias de ordenança: Já existiam no reinado de D. Sebastião, cujo ordenou o
regimento das ordenanças, objeto de alteração ao longo do tempo. circunscrições de
recrutamento e treino miliciar. Extintas no liberalismo. Recrutadas em tempo de guerra
tinham treino regular. Organizavam-se numa cadeia hierárquica formada por capitães-
mores, capitães e sargentos. Finais do século XVIII- 442 capitais mores e 2650
capitanias.
• Em períodos de instabilidade social, eram responsáveis também pela cobrança de
renda.

Organização eclesiástica:

• Arcebispos (Évora, lisboa, braga).


• Dioceses.
• Comarcas, distritos, arciprestados
• Paróquias: comunidades de fiéis congregados á volta de um pároco e de uma igreja
sob o patrocínio de um santo padroeiro. Era o poder mais sentido pelas
populações. A cobertura do território permite compreender que muitas vezes o
Estado recorria às paroquias. Manteve-se durante o Estado Novo, com o
liberalismo houve indecisões sobre o estatuto das paróquias, que mantinha
eclesiástico ou eclesiástico w civil, até que se decidiu que cada concelho teria
paróquias á sua volta.

O poder concelhio na época moderna

CONCELHOS: A vida municipal portuguesa: alguns traços estruturantes.

Tema que sai na frequência: relembrar ideias principais.

• Os concelhos são a principal estrutura de enquadramento das comunidades no Antigo


Regime, no plano secular, sendo que no plano religioso eram as paróquias (4mil
paroquias). Não temos um número definitivo, mas andariam entre 900 concelhos.

• Têm origem na época medieval, no período da reconquista, continuam na época


moderna, e reorganizam-se administrativamente na época contemporânea.

• Em termos de classificação: Concelhos urbanos e rurais; e os régios (dependentes do


rei) e os senhoriais (dependentes dos senhores, como casas das nobrezas, casas do
clero e das ordens militares). Ainda, no que respeita ao tipo de juiz que exercia funções
nos concelhos, temos o juiz de fora (formados pela universidade de Coimbra e depois
tinham de passar pelo tribunal superior da coroa para exercer a função, juiz ordinário
(na maioria dos concelhos), juízes pedâneos.

• Também há concelhos com e sem termo: Ou seja, conjunto do que hoje são
“freguesias" dependentes de uma sede. A grande maioria dos concelhos tinham termo.
O concelho de Coimbra tinha 100 concelhos, com estatutos diferentes.

• Quadro normativo: as leis que regulavam o funcionamento dos concelhos, neste caso
era o livro primeiro das ordenações filipinas.

• Composição social (do governo municipal): Vereação ou senado, integrava os juízes de


fora ou os juízes ordinários, vereadores, ou procurados do concelho ou do povo ou
Almotacés. Muitos vereados não sabiam ler nem escrever, exceto os das elites, mas
mesmo assim não tinham formação universitária, e assim os mandatos eram de apenas
um ano, ainda que os vereadores poderiam depois, passados 3 anos, voltar ao
exercício da vereação. Os almotacés eram os que verificavam se a legislação municipal
estava a ser ou não cumprida e aplicada.
• Oficiais de justiça: Juiz de fora, ordinários, (juiz do cível, juiz do crime) vereadores mais
velhos, juiz pedâneo, alcaides, quadrilheiro carcereiro.

• Conjunto de funcionários municipais: Alcaide (terras de ...); carcereiro (oficial que


exercia um ofício pouco agradável, sendo que convivia com a pobreza e fome. Na
época moderna o Estado não alimentava os presos - estes eram alimentados ou pela
misericórdia ou pela família - até porque as cadeias portuguesas não estavam boas e os
presos fugiam facilmente, e assim o Quadrilheiro levava com as culpas). Este
quadrilheiro é um termo que com o tempo assumiu uma conotação negativa, ele tinha
definido uma quadrilha que eram por norma comunidades com 80 a 1000 habitantes
onde ele deveria fiscalizar e verificar os crimes e assim levá-los para a prisão, era uma
atividade exercida por pessoas de baixa condição social; Porteiro e outros oficiais como
aferidor e caminheiros.

• Outros servidores: Depositários de sisas, décimas, subsídio literário, real de água e


almotaçaria.
Cobranças de tributos feita através de um conjunto de mercadores que faziam tratados
com as câmaras. Isto dava origem á formação de uma rede clientelar, tinham várias
formas de conseguir obter informação antes dos leilões e dar alguma recompensas aos
vereadores que não tinham salário (recebiam alguns montantes em dinheiro pela
participação em procissões).

Composição social e funções das vereações camarárias.

Apresentar as múltiplas áreas de intervenção das câmaras, no exercício de competências


próprias ou delegadas do poder central, demonstrando, assim, a abrangência de competências
exercidas pela gente nobre da governança local.

• Tinham várias instâncias na Justiça. A primeira era do juiz ordinários e de fora, a


segunda do corregedor, era ainda possível apelar para o desembargo do paço e nessa
medida fazer chegar o processo ao monarca. A justiça era atividade mais honrosa da
época moderna.
o As câmaras eram, na época moderna, as máquinas mais eficientes de cobrança
de impostos, municipais e régios. A delegação régia nas câmaras da cobrança de
impostos é um indicador da cooperação entre poder local e poder central.
o Para alguns autores, a primeira e a principal competência das câmaras era o
exercício da justiça, ao nível da primeira instância, atribuição minuciosamente
regulada no texto das Ordenações.
o Papel dos vereadores no exercício das atividades de julgar, nomeadamente a
possibilidade de os juízes, ordinários e de fora, substituírem vereadores mais
velhos. Importando, igualmente, destacar o papel dos corregedores e ouvidores
no controle da aplicação da justiça.
• Boa gestão do património concelhio.
o Ordenamento do espaço urbano e rural, em termos de construção e reparação
de edifícios e infraestruturas: fontes, caminhos. A referência a esta atribuição
camarária exercida, em muitos casos com a colaboração, ainda que forçada,
dos “munícipes não privilegiados”, pode ser articulada com a problemática das
finanças camarárias e, noutro registo, com o papel das câmaras no
ordenamento paisagístico e patrimonial do território.
• Abastecimento: por exemplo, as padeiras forneciam o pão e os almocreves
transportavam as mercadorias (havia almocreves de instituições, como das
universidades, que estabeleciam ligação com os familiares dos estudantes). Estes dois
abasteciam a cidade ou vila com determinados produtos em datas especificas. Na
época moderna, quando havia escassez de alimento (pão e carne) e os fornecedores
destes produtos não iam aos leilões onde se solicitavam estes contratos, as camaras
poderiam obrigar as padeiras, peixeiras e almocreves a exercer os seus ofícios por um
determinado montante (os "obrigados"). Por exemplo, com a grande necessidade de
carne na guerra da restauração, vemos a circulação de muitos "obrigados".
• Abastecimento (objetivos) em géneros essenciais alimentares e manufaturados
(calçado e vestuário). Os requisitos eram essencialmente quantidade,
qualidade e "preço justo".
• Abastecimento (política). A política municipal em termos de fornecimento de
bens, era um politica virada para o consumidor.
• Os forais manuelinos referem os diversos produtos que tinham em circulação no
país e os preços nos inícios do seculo XVI.
• Ainda na política de abastecimento temos o controlo da produção agrícola,
pecuária e artesanal; Atribuição do fornecimento de alguns produtos a agentes
comerciais (pão e carne) - os "obrigados"
• Organização dos celeiros municipais.

Transformação dos produtos:

• Controlo da produção de moinhos e lagares (escondiam muitas vezes os produtos).

Produção artesanal e manufatureira.

• concessão de licenças para o exercício dos ofícios.


• definição de normas de fabrico e preço dos produtos.

Abastecimento de água:

• Construção e reparação de fontes.


• Definição de normas de utilização da água das fontes e dos rios.

Obras públicas:

• As câmaras tinham e dar licença para construir de raiz ou melhorar edifícios


• Construção e reparação de edifícios camarários (raros os que se preservaram).
• Construção e reparação de estradas, caminhos e pontes.
• Concessão de licenças para a realização de obras particulares.
• Fiscalização de obras.
A população portuguesa na época moderna

Modelo demográfico de Antigo Regime europeu e português:

• Altas taxas de natalidade.


• Altas taxas de mortalidade:
o Índices de mortalidade global 30 a 40‰.
o Mortalidade infantil: 1/3 morria no 1º ano de vida; só 50% completava 7 anos.
o Mortalidade elevada de mulheres no parto.
o Probabilidade de morte subia exponencialmente a partir dos 50 anos.

• Tipos de mortalidade:

o Estrutural

o Conjuntural ou de crise: surtos de mortalidade provocados por doenças,


acompanhadas ou não de crises de subsistência.

Crescimento muito lento da população: causas sociais

• Crises de subsistência: carências alimentares: baixa imunidade.


• Pobreza
• Abandono de crianças (expostos).
• Crises de subsistência: carências alimentares: baixa imunidade.
• Pobreza
• Abandono de crianças (expostos).

Evolução da população:

• “Entre finais do século XV e meados do século XVIII a população portuguesa não chegou
a duplicar. O aumento demográfico do Portugal moderno pautou-se por ritmos
moderados em ciclos de média e curta duração, a que correspondem avanços e recuos
pontuais do número de almas. Os seus efeitos contraditórios permitem compreender a
lentidão de crescimento populacional como um todo, bem como as assimetrias regionais
com que se processa, o que só pontualmente difere da dinâmica que caracteriza a
maioria dos Estados europeus contemporâneos” (Teresa Rodrigues, 1).

Donde provém o conhecimento sobre as dinâmicas da população?

• Fonte mais fidedigna e abrangente:


o Registos paroquiais.
o Batismo
o Casamento
o Óbito

o Censos

▪ Numeramento (1527/32)
▪ Recenseamento Geral do Reino
1801.

o Contagens

▪ Fins militares

▪ Fins fiscais

▪ Religiosas (róis de confessados)

o Outras fontes: informações paroquiais corografias (Padre Carvalho da Costa)


1706-1712.

Contagens populacionais – problemas

• Não abrangem a totalidade de indivíduos de uma comunidade:


• Excluídos: (clero regular, estudantes, expostos, criados, presos, população flutuante e
marginais).
• Diversas unidades de cômputo: fogos, almas de confissão, almas de comunhão;
contribuintes e recrutas.
• Pouco rigor dos registos (números redondos)
• O problema do multiplicador de agregado populacional (fogo, vizinho, morador) (de 3,8
a 5).

Significado dos quantitativos populacionais:

• Onde houver muita gente haverá muita agricultura, arte, comércio e soldados e assim
se fazia a “felicidade” de um reino. Sendo assim, tanto as doutrinas mercantilistas como
as fisiocráticas são defensoras de políticas que fomentassem o aumento da população.

Sendo assim os monarcas portugueses tinham um conhecimento populacional muito deficiente


(Numeramento joanino; Recenseamento de 1801-1802; Contagens militares e fiscias). Como é
que é possível estruturar uma política de desenvolvimento do país sem se conhecer o número
de habitantes?

Demografia histórica:

• Uma das áreas estruturantes da investigação histórica no século XX foi a demografia


histórica. A ela se dedicaram várias equipas de investigação que trabalhavam com
metodologias definidas pelas escolas francesa e inglesa de demografia histórica.
• Um conhecimento profundo da sociedade portuguesa, globalmente considerada, tem
necessariamente que assentar sobre estudos da população (quantitativos,
comportamentos demográficos, tendências de evolução, estruturas da família) que
deveriam cobrir todo o território português.
• Os estudos de população foram introduzidos nas Faculdades de Letras na década de 60
como tema de teses de licenciatura. (cf. Guilhermina Mota, “Teses apresentadas à
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Estudos de População”. População e
Sociedade, nº3, 1997).
• A investigação na área demográfica progrediu ao longo da Segunda metade do século
XX. O numeramento de 1527 e o censo de 1801 constituíram a base das teses de
doutoramento de João Alves Dias Gentes e espaços, Lisboa, 1996 e da de Fernando de
Sousa A população portuguesa nos inícios do século XIX, Porto, 1980).
• Para além disso prosseguiu a elaboração de monografias de freguesias urbanas e rurais
no âmbito de mestrados e doutoramentos. Os comportamentos demográficos, a
estrutura da família, mas também as estratégias de herança são alguns dos temas
construídos com base em registos paroquiais, listas nominativas (nomeadamente róis de
confessados) e registos notariais.

Em relação aos estrangeiros:

• GALEGOS
o Finais do séc. XVIII – 50 ou 60 mil
o Locais de residência:
▪ Lisboa (40 mil)
▪ Entre Douro e Minho
▪ Trás-os-Montes
o Ocupações: criados, jornaleiros, pedreiros …
• INGLESES
o Comerciantes
▪ Vinho do Porto.
o Militares
o Alguns números:
▪ Lisboa (1755) – 900 pessoas
▪ Porto (1750-1787) – batizadas 183 crianças.
• FRANCESES
o Comerciantes
o Militares
o Técnicos (ind. Têxtil e minas).
o 1745 – 1000 pessoas
o 1785 – 8000 pessoas

Meios de circulação da informação sobre doenças contagiosas:

• Meios credíveis:
o Correspondência de mercadores, embaixadores e médicos.
o Correspondência entre a coroa e os municípios.
• Meios menos credíveis:
o Gazeta de Lisboa (nem sempre difundiam notícias sobre doenças para evitar
alarmismos entre nacionais e estrangeiros.
o boatos, panfletos.
A trilogogia mortífera: a fome, a peste e a guerra.

• Mortalidade
o Por doença, infantil e mortalidade feminina no parto.
o Violência dos agentes patogénicos (bactérias, vírus ..), atraso da medicina, más
condições higiénicas, carências alimentares.
• Mortalidades excessivas:
o Decorrentes de crises de subsistência (escassez alimentar)
o Doenças: epidemias
o Guerra

A sasonalidade das doenças:

• Doenças de inverno: gripes, pneumonias


• Doenças de verão: gastrointestinais e outras (febre amarela)
• Impactos socialmente desiguais.

Quem eram os portadores das doenças:

• Pessoas e animais (pulga, mosquito) que chegavam aos portos marítimos (“a morte
que vinha do mar”).
o Mercadores.
o Pessoas que trabalhavam nos navios.
• Pessoas atravessavam a fronteira terrestre: (trabalhadores sasonais e outros viajantes.
• Correspondência vinda do exterior (higienização nas fronteiras terrestres e marítimas)

Terapêuticas: o desconhecimento das doenças

• Pessoas e animais (pulga, mosquito) que chegavam aos portos marítimos (“a morte
que vinha do mar”).
• Mercadores.
• Pessoas que trabalhavam nos navios.
• Pessoas atravessavam a fronteira terrestre: (trabalhadores sasonais e outros viajantes.
• Correspondência vinda do exterior (higienização nas fronteiras terrestres e marítimas)

Comportamentos em tempos de epidemia

• Pessoas e animais (pulga, mosquito) que chegavam aos portos marítimos (“a morte
que vinha do mar”).
• Mercadores.
• Pessoas que trabalhavam nos navios.
• Pessoas atravessavam a fronteira terrestre: (trabalhadores sasonais e outros viajantes.
• Correspondência vinda do exterior (higienização nas fronteiras terrestres e marítimas)

Intervenções das autoridades

• Controlo de viandantes (mendigos)


• Quarentenas e confinamento, em casa, nos lazaretos e nas “instituições de saúde”).
• Limpeza de ruas nos meios urbanos e rurais.
• Controlo da qualidade e quantidade do abastecimento em produtos alimentares.
• Cordões sanitários organizados pelas câmaras sob supervisão dos guarda-mores da
saúde nomeados pelas câmaras
• Cordões sanitários de fronteira organizados pelo estado e compostos por militares
(sobretudo no século XIX)

Mortalidade diferencial

• Os mais afetados:
o Trabalhadores agrícolas, artesanais e do comércio.
o Criados e criadas sem trabalho
o Pessoas que abasteciam as cidades.
o Pobres que viviam em casas e ruas insalubres.
o Mendigos e vagabundos.

A pastoral do medo: O culto de S. Sebastião e S. Roque

• Receita universal ou breve notícia dos santos especiais advogados contra os achaques,
doenças, perigos e infortúnios.

Os espantosos tempos: Na doutrina da Igreja pós-conciliar a doença aparecia como um castigo


de Deus aos pecados dos homens, castigo individual, mas que se podia tomar coletivo no caso
de grandes epidemias. E era também um aviso ou advertência a lembrar a necessidade de
preparação para a morte, então uma permanente ameaça em todos os momentos da vida.

A Sociedade portuguesa de Antigo Regime.

A sociedade portuguesa da Época Moderna: composição e padrões culturais e organizativos.

Objetivos: compreender a organização e os critérios hierarquizadores das Sociedades


de Antigo Regime, sociedade que se hieraquizava nos privilégios.

Conhecer, de forma particular, a organização e as funções da nobreza.

Com a citação de um extrato das Ordenações Filipinas que nos remete para uma sociedade em
que a desigualdade de direitos e de deveres tinha uma fundamentação jurídica,
particularmente visível no campo do direito penal, um poderoso instrumento de diferenciação
social e de construção de uma representação diferenciadora e hierarquizada da sociedade.

Esta sociedade de Antigo Regime organizava-se e auto representava-se em Estados ou ordens.

A sociedade organizava-se de acordo com um modelo funcional, isto é, o critério que presidia à
hierarquização social era a função desempenhada, hierarquizando-se as funções (vida religiosa,
vida militar, vida económica) segundo a honra ou a dignidade que a sociedade atribuía a cada
uma das funções.
1ª ordem – Clero

• Intermediação com o divino

2ª ordem – nobreza

• A defesa do Reino (serviço militar)

3ª ordem - Povo

• Produção, transformação e transporte de bens materiais

A sociedade de Antigo Regime registou mobilidade social, mobilidade que não era de grupo
mas individual. Constituíram-se como factores de mobilidade social os rendimentos
nobilitantes, como eram os de natureza fundiária.

De modo diverso de uma sociedade de ordens, na de classes era o papel desempenhado na


produção de bens materiais, e o capital ganho desse modo, que influenciavam decisivamente a
posição ocupada na hierarquia social.

A sociedade portuguesa, na época moderna, foi integrando progressivamente como critério


hierarquizador componentes de uma sociedade de classes. De notar ainda que proventos de
natureza material auferidos na agricultura, e sobretudo no comércio do grosso trato,
permitiram a aquisição de símbolos sociais nobres (viver à lei da nobreza, adquirir morgadios),
o que proporcionou, por exemplo, uma renovação da nobreza no reinado de D. José.

Características de uma sociedade de ordens.

• Uma sociedade de privilégios e que se hierarquizava em função dos privilégios:


o Privilégio era “uma ley, em favor de hum homem privado, & particular”; “uma
graça, ou prerrogativa, que o Superior concede ao inferior, ou o Soberano ao
subdito, da qual os mais não gozaõ” (Bluteau).
o Concedidos pelo rei, geralmente para premiar serviços, traduziam-se em
vantagens de ordem jurídica, social, económica ou honorífica que colocavam
os que os possuíam em situação favorecida em relação a outros.
o Os privilégios eram, no entanto, transversais aos vários grupos sociais
usufruindo o povo de alguns direitos particulares decorrentes de estarem ao
serviço de outros privilegiados (ex: enfiteutas das casas senhoriais, criados de
estudantes universitários).

NOBREZA

Conceito:

• Nobre era “aquelle que por sangue ou por Alvará de Principe se diferença em honras e
estimação dos plebeus e mecânicos”.
• “Os reis por acrescentar/ as pessoas em valia, /por lhes serviço pagar,/ vimos a uns o
dom dar/e a outros fidalguia” (Garcia de Resende)

A nobreza organizava-se em dois grupos:

1. a hereditária, também chamada de sangue,


2. e a política ou civil, a adquirida em reconhecimento de serviços prestados ao reino ou
de desempenhos nobilitantes.

Constituíam vias de acesso à Nobreza Política ou Civil as seguintes:

• Exercício de cargos militares no reino ou no império.


• Exercício de cargos administrativos e judiciais.
• Desembargo do Paço, Mesa da Consciência, Casa da Suplicação.
• Obtenção de um grau universitário: bacharel, licenciado ou Doutor.
• Aquisição de um hábito de uma ordem militar.
• Exercício de cargos nas vereações municipais

A nobreza era um grupo hierarquizado, sendo a designação dos vários graus de nobreza
particularmente difícil de destrinçar. As Ordenações Filipinas distinguem três categorias:
Fidalgos, Cavaleiros e Escudeiros.

A categoria de fidalgo titular - duques, marqueses, condes, viscondes e barões – é aquela que
tem uma configuração mais clara.

Abaixo desta categoria situavam-se os fidalgos não titulares e um grupo de nobres muito
heterogéneo; alguns distinguiam-se dos plebeus por viveram “à lei da nobreza”, por
ostentarem um conjunto de símbolos sociais que os podiam catapultar à obtenção de nobreza
formal.

• Viver de modo diferente dos plebeus permitia a aquisição de reconhecimento


e de estima social necessários, por exemplo, ao exercício da autoridade de que
muitos nobres estavam investidos no exercício de vários cargos de governo
central, imperial ou local.
• Alguns plebeus/nobres em transição situavam-se no “estado meio”,

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